Prévia do material em texto
N O Ç Õ ES D E A R Q U IV O LO G IA 461 z Emitir folha líder z Ordenar os documentos z Numerar as folhas z Colar os documentos z Inutilizar os espaços em branco z Conferir o registro e a numeração de folhas z Encaminhar o processo CLASSIFICAÇÃO Já falamos muito dela e cá a classificação aparece de novo. Mas agora vamos focar nas rotinas de classi- ficação. Segundo (CONARQ, 2004), a classificação deve ser feita da seguinte forma: z Receber o documento para classificação; z Ler o documento, identificando o assunto princi- pal e o(s) secundário(s) de acordo com seu conteú- do, inclusive os seus anexos; z Localizar o(s) assunto(s) no Código de Classifica- ção de Documentos de Arquivo, utilizando o índi- ce, quando necessário; z Anotar o código na primeira folha do documento; z Preencher a(s) folha(s) de referência para os assuntos secundários. OBS.: Quando o documento possuir anexo(s), este(s) deverá(ão) receber a anotação do(s) código(s) correspondente(s). Lembre-se que a classificação pode ser dividida em duas operações: Estudo: consiste na leitura de cada documento, a fim de verificar sob que assunto deverá ser classifica- do e quais as referências cruzadas que lhe correspon- derão. A referência cruzada é um mecanismo adotado quando o conteúdo do documento se refere a dois ou mais assuntos. Codificação: consiste na atribuição do código cor- respondente ao assunto de que trata o documento. EXPEDIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE DOCUMENTOS Depois do documento ser recebido, registrado, autuado e classificado, finalmente ele pode ser envia- do ao seu destinatário, justamente a expedição e distribuição. Distribuição: “primeira tramitação do documen- to, avulso ou processo, para o destinatário, que ocorre dentro do órgão ou entidade” (BRASIL, 2015). Expedição: tramitação do documento, avulso ou pro- cesso, para o destinatário, que ocorre para outros órgãos. Conseguiu captar a diferença? Se eu mando um documento da Polícia Federal ao IBAMA, é uma expedição (envio para outros órgãos). Se eu mando um documento do setor de Recursos Humanos do STJ para a Ouvidoria do STJ é uma distri- buição (entrega no próprio órgão). Os documentos poderão ser expedidos ou distri- buídos por mensageiro ou correio: z “Mensageiro: os documentos serão entregues por servidor/funcionário do órgão/entidade ou por empresa contratada para prestar este serviço; z Correio: os documentos serão enviados por meio dos serviços prestados pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – EBCT (Sedex®, carta, malote, telegrama, encomenda etc.)” (SÃO PAULO, 2013). Importante! A expedição e a distribuição são tarefas exclusi- vas do protocolo! Qualquer documento pode ser expedido, não importa o suporte, gênero ou espécie! CONTROLE DE TRAMITAÇÃO (MOVIMENTAÇÃO) Antes de saber o que é o controle da tramitação, devemos saber o que é a tramitação. Tramitação: z “Curso do documento desde a sua produção ou recepção até o cumprimento de sua função adminis- trativa. Também chamado movimentação ou trâmi- te” (DBTA, 2005). z “É a movimentação de documentos pelas unida- des do próprio órgão/entidade ou entre unidades de órgãos/entidades distintos, para dar conhecimento, bem como para acolher manifestações, instruções e informações necessárias à tomada de decisões. As unidades (Coordenadorias, Conselhos, Departa- mentos, Divisões, Núcleos, Setores etc.) por onde cir- culam os documentos são denominadas “pontos” ou “locais de tramitação”. Na tramitação podem ser movimentados docu- mentos simples (ofício, memorando etc.) ou compos- tos (processos e expedientes)” (SÃO PAULO, 2013). Portanto, a tramitação é o caminho do documento desde a sua produção até quando ele cumpre a função pela qual foi criado. A movimentação (tramitação) funciona como um centro de distribuição e redistri- buição de documentos (PAES, 2004). O controle da tramitação é justamente ver se o documento chegou onde devia e cumpriu suas funções. TIPOLOGIAS DOCUMENTAIS E SUPORTES FÍSICOS Antes de entrarmos nas tipologias e suportes pro- priamente ditos, você precisa saber o que é uma espé- cie e um tipo documental. z Espécie Documental: “divisão de gênero docu- mental: que reúne tipos documentais por seu formato. São exemplos de espécies documentais: ata, carta, decreto, disco, filme, folheto, fotogra- fia, memorando, ofício, planta, relatório” (DBTA, 2005). z Tipo Documental: “divisão de espécie documen- tal que reúne documentos por suas características comuns no que diz respeito à fórmula diplomáti- ca, natureza de conteúdo ou técnica do registro. São exemplos de tipos documentais: cartas pre- catórias, cartas régias, cartas-patentes, decretos sem número, decretos-leis, decretos legislativos, daguerreótipos, litogravuras, serigrafias, xilogra- vuras” (DBTA, 2005). 462 A fórmula do tipo documental é: Tipo = Espécie + Atividade Ex.: Contrato (espécie) + de aluguel (atividade) = Contrato de aluguel (tipo) Carta (espécie) + precatória (atividade) = Carta pre- catória (tipo) Plano (espécie) + de ação (atividade) = Plano de Ação (tipo) EXERCÍCIOS COMENTADOS 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Ata, correspondência e portaria são exemplos de espécies documentais. ( ) CERTO ( ) ERRADO Como vimos, a espécie é justamente a configuração que o documento assume de acordo com a dispo- sição e a natureza de sua informação. Resposta: Certo. 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Entre os tipos documen- tais, inclui-se a portaria de instauração de inquérito. ( ) CERTO ( ) ERRADO A fórmula do tipo documental é: TIPO = ESPÉCIE + ATIVIDADE. Portaria (espécie) + de instauração de inquérito (atividade) = tipo documental. Resposta: Certo. MICROFILMAGEM A microfilmagem é um assunto pouco cobrado nas provas mais recentes, mas sempre que cai, é de forma bem simples. No Brasil, ela é regulamentada pela Lei N° 5.433, de 8 de maio de 1968 e o Decreto Nº 1.799, de 30 de janeiro de 1996 (que serão as bases da nossa aula). O microfilme é como se fossem tiradas várias fotos das páginas de um documento e colocado em um rolo, por exemplo. Para melhor compreensão, observe o esquema abaixo do processo de microfilmagem de (REIS & SANTOS, 2015): Arquivo em suporte de papel, por exemplo Consultas dos microfilmes em máquinas Máquina microfilmadora Produto: rolos de microfilme Fonte: REIS & SANTOS, 2015, p.111. A microfilmagem é: “Resultado do processo de reprodução em filme, de documentos, dados e imagens, por meios fotográfi- cos ou eletrônicos, em diferentes graus de redução” (BRASIL, 1996). A banca pode cobrar também esse outro conceito de microfilmagem: “Produção de imagens fotográficas de um docu- mento em formato altamente reduzido” (DBTA, 2005). Importante! O microfilme não é um documento digital! A microfilmagem pode ser de: Substituição: “microfilme que serve à preserva- ção das informações contidas em documentos que são eliminados, tendo em vista a racionalização e o apro- veitamento de espaço” (DBTA, 2005). Quando se quer economizar espaço, esse tipo de microfilmagem é fei- to a fim de que os documentos que já foram microfil- mados possam ser eliminados. É aplicada geralmente nos arquivos correntes e intermediários. Preservação: “microfilme que serve à preserva- ção de documentos, protegendo-os do uso e manuseio constantes” (DBTA, 2005). Ou seja, é quando um docu- mento é muito utilizado e não se quer desgastá-lo. Um dos propósitos da microfilmagem para preserva- ção é fornecer cópias de itens a outras instituições e pesquisadores. É aplicada geralmente nos arquivos permanentes. Segurança: “microfilme que serve de cópia de segurança, devendo ser armazenado em local distinto daquele dos originais, de preferência em câmara de segurança” (DBTA, 2005). Geralmente é utilizado para documentos importantes. É utilizada nas três ida- des documentais. As principais características da microfilmagem são: z É mais indicada para grandes conjuntos documentais com longo prazo de guarda.z Ela adota a sinalética (recurso de comunicação uti- lizado em microfilmagem, contendo informações pertinentes ao conteúdo da microforma). z Um dos principais elementos de um programa de microfilmagem é a seleção, identificação, organi- zação, higienização dos materiais. z Ela pode ser feita em qualquer microforma e grau de redução, garantida a legibilidade e a qualidade de reprodução. z Pode ser feita em documentos que ainda estão em trâmite. z Não pode ser feita em filmes atualizáveis. z A microfilmagem, de qualquer espécie, será feita sempre em filme original, com o mínimo de 180 linhas por milímetro de definição, garantida a segurança e qualidade de imagem e de reprodução. z As certidões e cópias em papel de documentos microfilmados necessitam de autenticação para surtir efeitos legais. z Os documentos de guarda permanente microfil- mados não poderão ser eliminados. z Os documentos microfilmados poderão ser elimi- nados por incineração, destruição mecânica ou por qualquer outro processo que assegure a sua desintegração. z A técnica da microfilmagem tem como limitação a dificuldade de acesso múltiplo, uma das vantagens da digitalização de documentos. N O Ç Õ ES D E A R Q U IV O LO G IA 463 AUTOMAÇÃO Com o avanço da tecnologia da informação e, consequentemente, a organização da sociedade em “redes”, surgem diversos instrumentos que possibili- tam a gestão documental, a democratização da infor- mação e o acesso à cultura. Os arquivos e suas formas de gestão e de disponibilização de informação devem evoluir em rede, concomitante à sociedade, entrela- çando todos em volta do conhecimento que uma ins- tituição arquivística pode proporcionar. Muitas vezes, pelo seu alto custo, a implementação de ambientes digitais é difícil. Algumas formas de automação da informação são: z GED (Gestão Eletrônica de Documentos): “con- junto de tecnologias utilizadas para organização da informação não estruturada de um órgão ou entidade, que pode ser dividido nas seguintes fun- cionalidades: captura, gerenciamento, armazena- mento e distribuição. Entende-se por informação não estruturada aquela que não está armazenada em banco de dados, como mensagem de correio eletrônico, arquivo de texto, imagem ou som, pla- nilha” (CONARQ, 2009). z GED é a tecnologia que provê um meio de facilmen- te armazenar, localizar e recuperar informações existentes em documentos e dados eletrônicos, durante o início do ciclo de vida documental. z O GED não acompanha todo o ciclo vital do documento! z O GED não se preocupa em manter a organicida- de do documento, trata os documentos de maneira compartimentada! z O GED é um conjunto de tecnologias! z O GED não segue necessariamente os princípios arquivísticos! z Pode ser usado em documentos digitais ou em suportes convencionais (sistemas híbridos)! z SIGAD (Sistema informatizado de gestão arqui- vística de documentos): “é um conjunto de pro- cedimentos e operações técnicas que visam o controle do ciclo de vida dos documentos, des- de a produção até a destinação final, seguindo os princípios da gestão arquivística de documentos e apoiado em um sistema informatizado” (CONARQ, 2009). Os requisitos básicos de um SIGAD são: z Captura, armazenamento, indexação e recupera- ção de todos os tipos de documentos arquivísticos; z Captura, armazenamento, indexação e recupera- ção de todos os componentes digitais do documen- to arquivístico como uma unidade complexa; z Gestão dos documentos a partir do plano de clas- sificação para manter a relação orgânica entre os documentos; z Implementação de metadados associados aos documentos para descrever os contextos desses mesmos documentos (jurídico-administrativo, de proveniência, de procedimentos, documental e tecnológico); z Integração entre documentos digitais e convencionais; z Foco na manutenção da autenticidade dos documentos; z Avaliação e seleção dos documentos para recolhi- mento e preservação daqueles considerados de valor permanente; z Aplicação de tabela de temporalidade e destinação de documentos; z Transferência e recolhimento dos documentos por meio de uma função de exportação; z Gestão de preservação dos documentos” (CONARQ, 2009). z O SIGAD é um sistema de apoio à gestão documental! z O SIGAD tem que ser capaz de manter a relação orgânica entre os documentos e de garantir a con- fiabilidade, a autenticidade e o acesso. z Pode ser usado em documentos digitais ou em suportes convencionais (sistemas híbridos)! z Um SIGAD inclui operações como: captura de documentos, aplicação do plano de classificação, controle de versões, controle sobre os prazos de guarda e destinação, armazenamento seguro e procedimentos que garantam o acesso e a pre- servação a médio e longo prazo de documentos arquivísticos digitais e não digitais confiáveis e autênticos. Deve abranger todos os documentos de uma instituição! z Um SIGAD tem que se dar a partir da implemen- tação de uma política arquivística no órgão ou entidade. z Um SIGAD sempre acompanha todo o ciclo vital do documento! z Um SIGAD é um conjunto de procedimentos e ope- rações técnicas. Como vimos, o SIGAD é um instrumento de ges- tão arquivística com requisitos específicos, enquanto o GED é um conjunto de tecnologias que não segue critérios específicos. O conceito de documento que aprendemos não muda porque ele mudou para um ambiente digital. O documento continua tendo que passar pelos mesmos processos de classificação, ava- liação, arquivamento, protocolo, uso, destinação, o que muda é o ambiente no qual é feito. PRESERVAÇÃO, CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DE DOCUMENTOS Conservação Esse é um dos conteúdos mais temidos em Arqui- vologia, pois é um assunto abrangente e muitas vezes, difícil. Fiz um mapeamento do que as bancas mais cobram para vermos a seguir: Aqui temos uma fórmula que as bancas adoram cobrar: Conservação = Preservação + Restauração Agora vamos destrinchar cada elemento dessa fórmula! Conservação: z “Promoção da preservação e da restauração dos documentos” (DBTA, 2005). z “É um conjunto de ações estabilizadoras que visam desacelerar o processo de degradação de docu- mentos ou objetos, por meio de controle ambien- tal e de tratamentos específicos (higienização, reparos e acondicionamento)” (CASSARES, 2000). 464 A conservação ainda pode se dividir em três tipos: Conservação Preventiva: “é um conjunto de medi- das e estratégias administrativas, políticas e operacio- nais que contribuem direta ou indiretamente para a conservação da integridade dos acervos e dos pré- dios que os abrigam. São ações para adequar o meio ambiente, os modos de acondicionamento e de acesso, visando prevenir e retardar a degradação” (SPINELLI, BRANDÃO & FRANÇA, 2011). Conservação Reparadora: “trata-se de toda inter- venção na estrutura dos materiais que compõem os documentos, visando melhorar o seu estado físico” (SPINELLI, BRANDÃO & FRANÇA, 2011). Conservação Curativa: “todas aquelas ações apli- cadas de maneira direta sobre um bem ou um grupo de bens culturais que tenham como objetivo deter os processos danosos presentes ou reforçar a sua estrutu- ra. Estas ações somente se realizam quando os bens se encontram em um estado de fragilidade adiantada ou estão se deteriorando a um ritmo elevado, de tal forma que poderiam perder-se em um tempo relativa- mente curto. Estas ações às vezes modificam o aspecto dos bens” (ABRACOR, 2010). Importante! A conservação é um conjunto de medidas que contribuem para preservar ou diminuir a deterio- ração dos documentos. A conservação vai des- de a estrutura do prédio (controle ambiental) que guarda os documentos até a higienização dos documentos (tratamentos específicos). Perceba as diferenças entre os diferentes tipos de conservação: z Conservação Preventiva: ela ocorre como medi- da de prevenção, ou seja, antes dos danos ocor- rerem, ela tenta evitar que eles aconteçam. Por exemplo, escolherabrigar os documentos em um prédio que seja longe de lugares úmidos, é uma medida de conservação preventiva. Porque esco- lher abrigar os documentos em condições boas de umidade é uma tentativa de prevenir que o docu- mento se deteriore. z Conservação Reparadora: ela ocorre depois, ou seja, quando o documento já foi danificado. Então, quando se coloca uma nova capa em um livro que estava com a capa toda rasgada, é uma medida reparadora. z Conservação Curativa: a conservação curativa está associada à Museologia, portanto, ela não se preocupa em manter a organicidade, integrida- de ou caráter histórico do documento. Segundo PAES (2004), as operações de conservação são: Lembre-se que conservar é lidar (LDAR)! Limpeza (higienização) Desinfestação Alisamento Restauração (reparo) Desinfestação feita por fumigação Fonte: Google. z Desinfestação: “Processo de destruição ou inibi- ção da atividade de insetos” (DBTA, 2005). A prin- cipal forma de fazer a desinfestação é por meio da fumigação. Ela acontece quando se expõe documentos a vapores químicos, geralmente em câmaras especiais, a vácuo ou não, para destruição de insetos, fungos e outros micro-organismos. Limpeza de um documento com escova Fonte: Google. z Limpeza: é a fase posterior à fumigação (matar insetos por vapores químicos), feita com um pano macio, uma escova ou aspirador de pó. z Higienização (limpeza): “retirada, por meio de técnicas apropriadas, de poeira e outros resíduos, com vistas à preservação dos documentos” (DBTA, 2005). A higienização pode ser feita com diversos materiais, como: z Pincéis: são muitos os tipos de pincéis utilizados na limpeza mecânica, de diferentes formas, tama- nhos, qualidade e tipos de cerdas (podem ser usa- dos com carga estática atritando as cerdas contra o nylon, material sintético ou lã); z Flanela: serve para remover sujidade de encader- nações, por exemplo; z Aspirador de pó: sempre com proteção de bocal e com potência de sucção controlada; z Outros materiais usados para a limpeza: bisturi, pin- ça, espátula, agulha, cotonete; (CASSARES, 2000).