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A grandeza do Barroco e a 
riqueza da colônia
O Barroco no Brasil sugere um momento de transição, espécie de divisor de águas entre o fim de 
um Renascimento promissor e a grave crise que se instaura no pensamento do homem europeu a partir 
do movimento Reforma versus Contrarreforma. Imaginemos que a Europa medieval, sob o primado do 
pensamento teocêntrico de afirmação de Deus acima dos desígnios humanos, ofereça uma previsibili-
dade da vida a que o homem segue sem maiores conflitos. Imaginemos ainda um universo de pessoas 
de certo modo confiantes, convictas de seu destino na terra. Em Deus reside a grande promessa e a res-
posta para todas as questões. Assim sendo, não há porque o homem se importar ou temer por mudan-
ças que não vêm. Os ricos continuam ricos e os pobres resignadamente pobres. Não há, portanto, nos 
setores baixos da sociedade medieval, o desejo de crescimento ou a ambição material que passa a ter 
lugar com a ascensão dos burgueses na economia do final da Idade Média. Com isso, em seguida, já no 
final do século XVI, à euforia do Renascimento é acrescida a crise que origina o Barroco. As aspirações do 
homem, portanto, são debalde. A oscilação entre classes sociais, representadas pelo declínio de setores 
da nobreza e pela subida ao poder de camadas baixas, é responsável pelo clima de inquietação que se 
apodera do homem seiscentista.
Na Bahia, capital da colônia, o açúcar representa o principal veículo de ligação com a metrópole. 
Salvador, nesse tempo, é considerada como a pérola do Atlântico. De seu porto saem levas do produto 
que adoça o paladar europeu. É nesse clima que o Barroco se impõe como modelo de uma alegoria do 
contraste entre a riqueza e a pobreza, como alerta o poeta Gregório de Matos (2000, p. 40) em “À Cidade 
da Bahia”, poema que serve como exemplo claro da relação da colônia com a metrópole no que se refe-
re à exploração e à troca desigual:
Triste Bahia! ó quão dessemelhante
Estais e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vejo eu já, tu a mi abundante.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
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22 | A grandeza do Barroco e a riqueza da colônia
A ti tocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio, e tanto negociante.
Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.
Oh se quisera Deus, que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote.
O açúcar excelente é trocado pelas drogas inúteis do Brichote – corruptela de British –, como é 
chamado pejorativamente o inglês, mercador dos mares que aporta no Brasil. A dessemelhança pre-
sente nos faz indagar sobre a relação conflituosa trazida à tona no poema. A colônia e, especificamente, 
a Bahia, é o ponto de atração para onde converge o negociante em busca de um bom negócio. A má-
quina mercante é movida pela troca de bens úteis por bens inúteis; na larga barra da Baía de Todos os 
Santos, onde se situa a capital da colônia, são movimentadas essas mercadorias.
A Bahia de Gregório de Matos é a terra da eloquência de um discurso barroco com ênfase nos tor-
neios de linguagem, os quais reforçam as contradições de um sistema que, após a restauração, vem a 
ter por sorte a descoberta dadivosa do ouro de Minas Gerais. Gregório de Matos é a voz dissonante de 
um poeta que se vê no centro nervoso de uma cidade rica que, paulatinamente, empobrece. O “Boca do 
Inferno” lança mão de sua verve ferina para tratar da crise moral e econômica da colônia.
Assim, diante da crise do açúcar baiano, Gregório de Matos trata de falar o que sente, condenan-
do o roubo e os desmandos que tornam cada vez mais triste e lamentável a sua Bahia. A sátira do vate 
baiano é a ponta de lança afiada que visa atingir o âmago de uma estrutura de poder que acaba por 
condená-lo ao degredo em Angola. Portugal e Brasil são, desse modo, as duas pontas de um novelo a 
que o poeta desenrola. O modelo de uma sátira lusitana se insere na crítica à burguesia colonial de no-
vos-ricos que aspiram a nobreza e decaem às profundezas da crise que os empobrece.
Ao trânsito de um ideário barroco que se insere na relação da metrópole com a colônia, no ou-
tro extremo da questão comum ao Brasil, coloca-se a figura do padre Antônio Vieira, exemplo máximo 
da retórica barroca. Orador de grande erudição e pensamento, notável por sua percepção e capacida-
de crítica, o famoso jesuíta é alguém que alia à oratória religiosa o discurso político, seja denunciando a 
ganância dos colonos na forma violenta de escravizar, ou ainda alertando para o perigo do protestantis-
mo, remediado apenas pelos efeitos da semeadura da palavra de Deus.
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23|A grandeza do Barroco e a riqueza da colônia
A engenharia retórica de seu discurso atende a um tipo especial de inteligência, que aborda as 
contradições do sistema, do qual vem a ser um crítico feroz. Instado a responder por crime de heresia, 
diante de um tribunal do Santo Ofício, acusado por conta da leitura das “Trovas”, de Bandarra, o proféti-
co sapateiro de Trancoso, e a alusão à fundação do Quinto Império, o padre Antônio Vieira defende-se 
num longo manuscrito, com cerca de 900 folhas, utilizando-se de uma forma peculiar de esgrima com 
as nuances do discurso conceptista, sobre o qual exerce absoluto domínio retórico e persuasivo. Por fim, 
diante dessa penosa demanda que lhe confina ao cárcere, mas não lhe priva das ideias, afirma seu de-
sejo por um reino de justiça a ter efeito aqui na terra, neste mundo e nesta vida, não podendo esperar 
que a morte nos dê essa ventura.
Sua obra, entre outras questões, aponta para a divergência entre os propósitos da colonização e 
da evangelização. O padre Antônio Vieira é responsável pelo enfrentamento desse conflito. No “Sermão 
da Sexagésima”, trata do fruto da palavra de Deus no coração do homem, querendo parecer ser de res-
ponsabilidade do pregador o mau fruto da pregação:
[...] Que coisa é a conversão de uma alma, senão entrar um homem dentro de si e ver-se a si mesmo? Para esta vista são 
necessários olhos, é necessária luz e é necessário espelho. O pregador concorre com o espelho, que é a doutrina; Deus 
concorre com a luz, que é a graça; o homem concorre com os olhos, que é o conhecimento. Ora suposto que a conver-
são das almas por meio da pregação depende desses três concursos: de Deus, do pregador e do ouvinte, por qual deles 
devemos entender que falta? Por parte do ouvinte, por parte do pregador, ou por parte de Deus? (VIEIRA, [s.d.], p. 47)
Assim, o padre Antônio Vieira, na condição de conselheiro do rei D. João IV, suscita a criação da 
Companhia das Índias Ocidentais, estabelecendo a relação direta entre o porto de Lisboa e os portos da 
Bahia e do Rio de Janeiro, tendo a empresa fundado o monopólio de certos produtos como o vinho, o 
azeite, a farinha e o bacalhau em troca da escolta das frotas que levam para a metrópole o açúcar e o ta-
baco, sob a ameaça de serem saqueadas.
A grande contradição de seu discurso reside no fato de que o negócio da Companhia das Índias 
Ocidentais tem como financiadores os cristãos-novos, ameaçados pela Inquisição. Do outro lado da 
questão, seus sermões, a exemplo do “Sermão da Sexagésima”, ao denunciar a falta de fé, e do “Sermão 
de Santo Antônio”, ao se indispor contra a ganância e a corrupção, parecem contrariar sua atitude ao 
defender os cristãos-novos e ser a favor do comércio marítimo ao modelo de países como a Inglaterra 
e a Holanda. 
Assim, Alfredo Bosi (1993, p. 120) esclarece sobre o desempenho do religioso:
Vieira, ao contrário do poeta saudoso do “Antigo Estado”, sabia que a máquina mercante viera para ficar, irreversível, ine-
xorável. E que, sendo inútil lastimar a sua intrusão nos portos da colônia, importava dominá-la imitando seus mecanis-
mose criando, na esfera do poder monárquico luso, uma estrutura similar que pudesse vencê-la na concorrência entre 
os impérios.
No quadro geral do colonialismo, tanto o xadrez de palavras da poesia de Gregório de Matos, as-
sim como o jogo de ideias dos sermões do padre Antônio Vieira situam a Bahia, capital da colônia, no 
centro de irradiação da grande literatura barroca. É interessante ressaltar o debate de ideias a partir do 
qual Antonio Candido e Haroldo de Campos, críticos do século XX, vão situar a questão. Para o primei-
ro, a poesia de Gregório de Matos não representa o início de uma literatura brasileira, na medida em 
que nesse tempo não existe no Brasil qualquer indício de vida cultural como bibliotecas, universidades, 
imprensa, livrarias, que constitua um “sistema literário”, não existindo, tampouco, público, crítica e obra 
(CANDIDO, 1993). A argumentação de Haroldo de Campos (1989) diz ter havido o que chama de “se-
questro do Barroco”, querendo crer no fato de obras poderem existir mesmo na ausência de meios.
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24 | A grandeza do Barroco e a riqueza da colônia
Já no alvorecer do século XVII, em 1711, o padre jesuíta João Antônio Andreoni, italiano que vem ao 
Brasil a convite do padre Antônio Vieira, já estabelecido como reitor do Colégio dos Jesuítas na Bahia, tem 
a edição de sua obra Cultura e Opulência do Brasil1, publicada em Portugal, queimada pela Ordem Régia, já 
que o governo português de D. João V se opõe à divulgação na Europa das riquezas brasileiras, sobretudo 
o ouro. O padre André João Antonil – anagrama que adota – aborda a exploração de bens como o açúcar, 
o ouro e o tabaco, além da atividade pecuária. Sobre o ouro, este bem constitui uma realidade presente. 
Se nos documentos de informação do século XVI há uma visível intenção em difundir a possibilidade da 
existência de ouro no Brasil agora, no século XVIII, o ouro explorado deve ter sua propaganda evitada 
por conta da cobiça de outras nações.
O ouro descoberto no Brasil contribui para que o esplendor do Barroco se manifeste, ganhando 
em requinte e opulência. Ainda que em grande parte exportado, sua produção contribui para o enri-
quecimento da arte sacra, sobretudo na Bahia e em Minas Gerais, ponto central da produção aurífera 
para onde se deslocam os interesses da metrópole. Minas passa à condição de polo de atração da vida 
brasileira, sendo a arte sacra barroca a tradução de um momento de grandeza. Os reflexos do Barroco 
europeu conciliam-se à exaltação cristã refletida na arquitetura colonial. Na falta de uma tradição pre-
cedente, prevalece uma arquitetura europeia transplantada para a colônia.
A colônia e a metrópole: conflitos do século XVIII
A expansão das riquezas brasileiras tem como resultado as primeiras levas de ouro para Portugal. 
Depois de uma espera de cerca de um século e meio, no final do século XVIII o metal precioso se con-
solida em sua existência. Na região denominada como Minas Gerais, a cerca de quatrocentos quilôme-
tros da costa litorânea, surge em quantidade o ouro de aluvião. Isso significa que uma verdadeira febre 
toma conta do território por cerca de meio século ou um pouco mais. Nesse período, a terra explorada 
se converte em centro de atração da atividade econômica da colônia, obrigando, mais tarde, em 1763, 
a mudança da capital da Bahia para o Rio de Janeiro.
Do ponto de vista de sua exploração e comércio, o ouro fica nas mãos da iniciativa privada, haven-
do por parte da Coroa portuguesa a cobrança de 20% de cada parte explorada, daí justificar-se à época 
a expressão “quintos do Brasil”. O não cumprimento à cobrança desse imposto dá margem à sonegação 
seguida de contrabando. Como uma parte desse ouro tende a ficar no Brasil, isso contribui para a gran-
deza do Barroco como estilo, além de dar origem a uma classe média esclarecida quanto ao seu lugar e, 
portanto, portadora de um sentimento de liberdade da colônia ante o jugo da metrópole. Essa riqueza 
acaba por definir as classes sociais no Brasil. Não somente a descoberta do ouro, mas também dos dia-
mantes fazem de Minas Gerais o grande centro explorador desses bens.
Com o retorno a um mundo de opulência, como no período anterior ao domínio espanhol, o ouro 
e os diamantes do Brasil constituem um ciclo representado pelo reinado de D. João V, que correspon-
de à primeira metade do século XVIII. Por sua vez, a falta de uma estrutura empresarial e administrativa 
promove a diluição desse patrimônio, que serve à manutenção de um mundo de grandeza, pagando as 
despesas dos produtos consumidos comprados à França e à Inglaterra, principalmente.
1 ANTONIL, André João. Cultura e Opulência do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1982.
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25|A grandeza do Barroco e a riqueza da colônia
Nesse período de apogeu, representado pelo ouro brasileiro, Portugal busca recuperar o seu 
prestígio internacional, ofuscado pelo período do domínio espanhol. Após ter interferido em questões 
como a Guerra da Sucessão espanhola ou ter entrado em conflito com o Vaticano, Portugal obtém ex-
pressivo êxito com a assinatura do Tratado de Madrid, colocando um ponto final à situação das fron-
teiras do Brasil. Por conta da cessão da colônia de Sacramento, ao sul, as fronteiras do norte e do oeste, 
onde se inclui a Amazônia, de propriedade da Espanha pelo Tratado de Tordesilhas, de 1494, passam a 
pertencer a Portugal. 
Com tudo isso, além dos ecos do Iluminismo francês, ocorrem transformações na concepção de 
vida das elites, agora interessadas em cultura. O que constitui o saber letrado, em poder da Companhia 
de Jesus desde o século XVI, passa a ser questionado, ainda que a Inquisição exerça sua força contra o 
que representam os novos ideais de integração de Portugal a uma modernização nos moldes de outros 
países da Europa. Existem vários exilados por motivos religiosos e diplomáticos que buscam adequar a 
vida portuguesa aos novos encaminhamentos legados pelo mundo do esclarecimento. Entre eles pon-
tifica a figura do diplomata Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, como fica conhe-
cido pelo título que lhe é dado pelo rei D. João V.
Homem de forte personalidade, levado pelos ideais do absolutismo esclarecido, o Marquês de 
Pombal exerce um papel relevante junto ao rei, assumindo poderes irrestritos. Assim, com o funesto epi-
sódio do terremoto que destrói boa parte de Lisboa, em 1755, toma a postura inusitada de não reparar 
os edifícios parcialmente danificados, ordenando a demolição destes para a construção de uma nova 
cidade. Influenciado pelos feitos da burguesia comercial na Inglaterra, ordena que a reconstrução da ci-
dade seja feita de modo a não revelar qualquer situação de superioridade social e econômica, alinhan-
do as igrejas à altura das demais construções.
Em seguida, depois de acusar a Companhia de Jesus pelo atentado ao rei D. José, expulsa os 
inacianos de Portugal, tendo-lhes confiscado os bens. A censura da Inquisição perde seu poder, pas-
sando à competência do Estado. Mas o grande feito pombalino é a reorganização do comércio, consi-
derada atribuição da iniciativa privada, mas sob o aval do Estado, sendo ainda criada a primeira Escola 
de Ensino Superior dedicada ao estudo da atividade comercial. Ainda no âmbito das reformas, com a 
expulsão dos jesuítas o ensino passa a ser de responsabilidade pública, sendo construídas escolas de 
Ensino Primário e Secundário, além da reforma da universidade, considerada inovadora para os padrões 
da época. Depois de 27 anos no exercício do poder absolutista, o Marquês de Pombal consegue trans-
formar a antiga monarquia semifeudal em um Estado moderno, em que prevalece o poder da alta bur-
guesia. 
No âmbito do Brasil Colônia, as reformas empreendidas pelo Marquês de Pombal interferem de 
modo a despertar uma nova concepção que ganha relevona criação cultural e artística. Com o esgo-
tamento do modelo colonial e o crescimento da insatisfação de setores emergentes da sociedade, a si-
tuação no Brasil tende a seguir os rumos da arte e da política, havendo imbricações entre estas. Daí o 
fomento à atividade científica e cultural no Brasil, com a criação de instituições em várias partes tais 
como a Academia dos Seletos, em 1752, Academia Brasílica dos Acadêmicos Renascidos, em 1759, a 
Colônia Ultramarina, em 1764, a Sociedade Literária do Rio de Janeiro, em 1768, ou ainda a Academia 
Científica do Rio de Janeiro, em 1772. Em Minas Gerais, a cidade de Vila Rica, atual Ouro Preto, concentra 
a atividade dos poetas árcades ligados ao movimento por independência que fica conhecido como 
Conjuração Mineira.
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26 | A grandeza do Barroco e a riqueza da colônia
A poesia árcade recorre ao encontro da natureza com a tradição clássica. A crítica burguesa está 
na ordem do pensamento contrário ao prolongamento de um modelo colonial em franca decadência. 
O conceito de verossimilhança, herdado da tradição clássica, encontra no Arcadismo brasileiro o lugar 
ideal à incorporação de um discurso mimético de valorização do natural. Assim sendo, nada melhor se 
presta à definição de uma Arcádia nos trópicos que as alterosas mineiras, para onde convergem os inte-
resses econômicos, transformada em cenário de ação da poesia.
Nessa conjuntura, a influência dos filósofos do Iluminismo francês como Voltaire e Rousseau nas 
Cartas Chilenas, de Tomás Antônio Gonzaga, tomados de contrabando no Brasil, incita o debate de 
ideias que se contrapõe ao pensamento pombalino contido na epopeia O Uraguai, de Basílio da Gama. 
Num modelo mais pleno de nosso Arcadismo, os mitos gregos encontram no real da natureza brasilei-
ra o plano de beleza e simplicidade como essência de vida. Assim recorremos ao exemplo do poema 
“Marília de Dirceu”, de Tomás Antônio Gonzaga de onde citamos um trecho:
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado,
De tosco trato, de expressões grosseiro, 
Dos frios gelos e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.
 Graças, Marília bela,
 Graças à minha Estrela!
Eu vi o meu semblante numa fonte,
Dos anos inda não está cortado;
Os Pastores, que habitam este monte,
Respeitam o poder do meu cajado.
Com tal destreza toco a sanfoninha,
Que inveja até me tem o próprio Alceste.
Ao som dela concerto a voz celeste
Nem canto letra, que não seja minha.
 Graças, Marília bela,
 Graças à minha Estrela!
Mas tendo tantos dotes da ventura,
Só apreço lhes dou, gentil Pastora,
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27|A grandeza do Barroco e a riqueza da colônia
Depois que o teu afeto me segura
Que queres do que tenho ser Senhora.
É bom, minha Marília, é bom ser dono
De um rebanho, que cubra monte e prado;
Porém, gentil pastora, o teu agrado
Vale mais que um rebanho, e mais que um trono.
 Graças, Marília minha,
 Graças à minha Estrela!
(A Poesia dos Inconfidentes. COSTA, Cláudio Manuel da; GONZAGA, Tomás Antônio; PEIXOTO, Alvarenga. 
 Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996, p. 573.)
A paisagem mineira é idealizada nos moldes de uma simplicidade que remete à Antiguidade atra-
vés de um locus amoenus que vê na existência humana um estado de perfeição adequado à natureza.
Tomás Antônio Gonzaga compõe também a sátira Cartas Chilenas, na qual discorre sobre a situ-
ação social e política do Brasil diante da dominação metropolitana, transpondo para a capital chilena, 
Santiago, a situação de crise vivida em Vila Rica. Desse modo, as cartas de Critilo endereçadas a Doroteu 
atingem ao Governador-Geral Luís da Cunha Menezes, o Fanfarrão Minésio, e seus desmandos à frente 
do poder, acusando-o por seus atos de corrupção e desrespeito ao interesse público, como no trecho 
que se segue:
Agora, Fanfarrão, agora falo
contigo, e só contigo. Por que causa
ordenas que se faça uma cobrança
tão rápida e tão forte contra aqueles
que ao Erário só devem tênues somas?
Não tens contratadores, que ao rei devem
de mil cruzados centos e mais centos?
Uma só quinta parte que esses dessem,
não matava do Erário o grande empenho?
O pobre, porque é pobre, pague tudo,
e o rico, porque é rico, vai pagando
sem soldados à porta, com sossego!
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28 | A grandeza do Barroco e a riqueza da colônia
Não era menos torpe, e mais prudente,
que os devedores todos se igualassem?
Que, sem haver respeito ao pobre ou rico,
metessem no Erário um tanto certo,
à proporção das somas que devessem?
Indigno, indigno chefe! Tu não buscas
o público interesse. Tu só queres
mostrar ao sábio augusto um falso zelo,
poupando, ao mesmo tempo, os devedores,
os grossos devedores, que repartem
contigo os cabedais, que são do reino.
(A Poesia dos Inconfidentes. COSTA, Cláudio Manuel da; GONZAGA, Tomás Antônio; PEIXOTO, Alvarenga. 
 Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996, p. 856.)
O movimento decorrente do encontro de ideias entre os poetas e intelectuais da segunda me-
tade do século XVIII, em Minas Gerais, dá lugar à conspiração contra a Coroa portuguesa, cujos resulta-
dos são a prisão de seus membros e a condenação à morte por enforcamento de Joaquim José da Silva 
Xavier, o Tiradentes. Cláudio Manuel da Costa enforca-se na prisão e Tomás Antônio Gonzaga é conde-
nado ao degredo de dez anos em Moçambique. Desse modo, tem fim um momento que representa 
uma profunda exaltação do sentimento de liberdade em nosso país.
Transição da colônia ao império
Com o fim do período dominado pelo Marquês de Pombal, ocorre um processo de profunda li-
beralização e abertura do pensamento. Assim, é fundada a Academia de Ciências de Lisboa, em 1779, 
com o propósito de fomentar a investigação científica a serviço de Portugal. Além disso, é construído o 
teatro São Carlos, em Lisboa, dedicado à ópera. Do ponto de vista econômico, o país apresenta uma ba-
lança comercial cujo saldo é extremamente favorável. Tudo leva a crer no sopro de bons ventos, condu-
zindo o país a um tempo de bonança. 
Ocorre, porém, a crise que tem início em 1793, em decorrência da Revolução Francesa. Com a 
morte de Luís XVI, as antigas monarquias, ameaçadas pelos novos tempos, unem-se contra a França re-
publicana. A Europa, dividida em dois grupos distintos, tem de um lado a França, e de outro, a Inglaterra. 
Aliar-se à França representa para Portugal entrar em conflito com a Inglaterra, que patrulha o Atlântico 
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29|A grandeza do Barroco e a riqueza da colônia
e garante a manutenção do negócio rentável representado pela riqueza advinda do Brasil. Mantida a 
aliança com os ingleses, é assegurada a atividade marítima com a colônia, em vista da ameaça represen-
tada pela pirataria aos navios portugueses, de quem os ingleses são os principais defensores. Há tam-
bém a ameaça de invasão pelos vizinhos espanhóis, aliados dos franceses. A questão está posta entre a 
asfixia econômica ou a invasão militar.
Ante a tentativa de neutralidade da diplomacia portuguesa, verifica-se a inviabilidade desta. A 
França concorda com a posição de neutralidade dos portugueses, desde que esta seja por completo, 
implicando o fechamento dos portos que servem à armada inglesa, que lhes faz guerra. A entrada e saí-
da de navios ingleses nos portos de Portugal são franqueadas, sem que haja qualquer obstáculo. Assim, 
a invasão francesa a Portugal é adiada a custos elevados, a partir da doação de riquezas como os dia-
mantes do Brasil, oferecidos em troca da não beligerância. A situação de paz é mantida a duras penas. 
Contudo, em 1806,Napoleão decreta o ataque à Inglaterra, tendo início o que chamamos de “bloqueio 
continental”, dando ordem expressa para que Portugal feche seus portos e declare guerra aos ingleses.
No final de 1807, ocorre a invasão a Portugal, comandada pelo general Junot. Assim, a corte por-
tuguesa parte para o Brasil. Toda a armada disponível no Tejo serve ao transporte da família real, que 
se desloca para a colônia com cerca de dez mil pessoas, incluindo funcionários e militares. Os franceses 
entram em Lisboa enquanto a esquadra inglesa serve de escolta à família real que ruma ao Brasil. Assim 
sendo, a corte portuguesa passa a viver no Brasil, sem os problemas enfrentados na Europa combali-
da por um clima de guerra. Com a fixação da corte no Brasil, é decretada a abertura dos portos brasilei-
ros ao comércio com os demais países, o que significa a passagem obrigatória dos navios ingleses por 
nossas águas, na medida em que a Inglaterra é a grande empresa mercantil desse tempo. Mais ainda, a 
vinda da família real implica a criação de mecanismos institucionais que lentamente vão apagando os 
sinais do atraso que caracteriza os séculos precedentes do colonialismo em vigor. Desse modo, são cria-
das a Casa da Moeda e o Banco do Brasil, instituições que ajudam a consolidar a presença da corte, bem 
como contribuir para que o Brasil passe a gozar de certa autonomia em relação à antiga situação. Em 
1815, o Brasil é declarado como reino e o Rio de Janeiro passa à condição de capital de Portugal.
A esse respeito, Sérgio Buarque de Holanda (2003, p. 205-206) acrescenta:
A vinda da corte portuguesa para o Brasil e a abertura dos portos, em 1808, consequência das condições da política in-
ternacional, aceleraram o progresso dessa transformação. Fundam-se escolas; de medicina, de marinha, de guerra, de 
comércio; uma Imprensa Régia, que sempre nos fora recusada; em 1814, uma livraria, que seria o núcleo de nossa bi-
blioteca nacional; o Museu; o Jardim Botânico. Criava-se tudo quanto até então nos havia sido recusado, tudo o que nos 
faltara, principalmente os utensílios, os instrumentos capazes de engendrar progressos no domínio da cultura intelec-
tual. Era como se o Brasil despertasse de um prolongado sono e se pusesse a caminho de sua libertação.
A vida cultural brasileira é incrementada, o que viabiliza o prenúncio de uma atividade artística e 
literária que se consolida mais tarde com o Romantismo. É claro que, com o impacto causado pelo des-
locamento da família real para o Brasil, vivemos um momento de transição em nossas letras. Não obs-
tante, com grande dose de entusiasmo nossa atividade cultural se configura com o século XIX. Esta é, 
portanto, a Época das Luzes brasileira, quando a literatura pontifica e para a qual surge um público con-
sumidor. Na prática, há um tipo de entendimento da parte dos intelectuais sobre o papel ideológico re-
presentado pela corte no Rio de Janeiro. Do lado português, a metrópole, equiparada à colônia com a 
abertura dos portos, preserva um sentido de desigualdade. De certo modo, no Brasil, há um entusias-
mo, que contamina a produção literária, baseado nas promessas e esperanças contidas na vinda da fa-
mília real. 
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30 | A grandeza do Barroco e a riqueza da colônia
Surge daí o esboço de um desejo de consolidar o que seja uma literatura nacional. O Rio de 
Janeiro, desse modo, converte-se no espaço propício à difusão de ideais científicos e literários, contri-
buindo para que seja difundido o papel social e intelectual do escritor. O progresso científico dá mostras 
de sua presença com a criação de instituições de Ensino Superior, o que concorre para que a formação 
intelectual prescinda da carreira religiosa. A Imprensa Régia, por seu turno, fomenta o surgimento de 
várias tipografias que publicam trabalhos oficiais e ligados à educação, sendo que a literatura acompa-
nha o rastro dessa ampliação do mercado de impressão gráfica. As bibliotecas e livrarias, em que pese 
a ausência de escolas públicas e a insuficiência de escolas privadas, ajudam a ampliar a vida cultural no 
Brasil no início do século XIX.
Com o advento da abertura dos portos, há um significativo aumento da entrada de livros euro-
peus no Brasil, antes em boa parte clandestina. A atividade intelectual, por sua vez, está associada à 
classe funcional, para a qual são recrutados, na falta de material humano de boa qualificação entre os 
circunstantes. A ausência precedente de instituições numa colônia habitada por escravos e gente sem 
formação letrada tende a destacar a valorização dos poucos intelectuais da terra. Passam a ter desta-
que, portanto, figuras como o jornalista, o orador, o professor, o publicista, o pregador, que ganham re-
levo entre os demais.
Por sua vez, como feito inusitado, por iniciativa da corte, chega ao Brasil, em 1816, a missão ar-
tística francesa, em cujo corpo artístico, composto de pintores e arquitetos, destaca-se o pintor Jean 
Baptiste Debret, que reproduz em pintura aspectos da vida brasileira, o que constitui destacado mate-
rial iconográfico. Debret tem papel preponderante no fomento às artes no Brasil, sendo o fundador da 
escola de pintura da Academia de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Do conjunto de sua obra, organiza-se 
a coletânea intitulada A Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, retrato de sua permanência em terras bra-
sileiras até 1831, quando retorna à França.
Sobre a presença da missão artística francesa no Brasil, Alfredo Bosi (1993, p. 58) nos acrescenta:
Repare-se, por duas vezes, a ideia de substituição operada pela nova escola trazida por D. João VI. Do barroco religioso 
e popular (os santeiros) pelo neoclássico leigo e modernizante. E, como se sabe, muito de nossa arquitetura civil, prin-
cipalmente no Rio de Janeiro oitocentista, iria conformar-se com este padrão.
No período colonial, a atividade cultural e artística é constituída por religiosos e bacharéis, ha-
vendo, com o prenúncio da independência, uma modificação desses quadros. Agora, o intelectual bra-
sileiro não só estuda em universidades portuguesas, mas também em instituições de ensino de outros 
países europeus, sobretudo da França. Dessa maneira, há um crescente arejamento com relação ao an-
tigo ensino jesuíta, passando-se agora à mentalidade progressista dos ideais liberais. Por conta disso, 
o descompasso entre a metrópole e a colônia é entendido de modo a formar uma posição política bra-
sileira. Um verdadeiro culto ao saber vai caracterizar a atuação de intelectuais como José Bonifácio e 
Azeredo Coutinho, entre outros. A forte presença do pensamento maçônico tem lugar preponderante 
nos desdobramentos de nossa vida pública. Assim sendo, com o retorno de D. João VI a Portugal, em 
1820, em decorrência da revolução que eclode na cidade do Porto e a Independência, em 1822, pas-
sa a ter efeito um sentimento de hostilidade a Portugal conhecido como lusofobia, que predomina por 
muitos anos.
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Texto complementar 
As condições do meio
(CANDIDO, 1993)
Muitas das aspirações mais caras aos intelectuais brasileiros da segunda metade do século XVIII 
foram aqui realizadas nos primeiros anos do século XIX com apoio do próprio governo que as com-
batera – tanto é certo que as ideias básicas duma fase nova “foram subversivas antes de serem tute-
lares” (Anatole France). Imprensa, periódicos, escolas superiores, debate intelectual, grandes obras 
públicas, contacto livre com o mundo (numa palavra: a promoção das luzes) assinalam o reinado 
americano de D. João VI, obrigado a criar na colônia pontos de apoio para o funcionamento das ins-
tituições. Foi nossa Época das Luzes, acarretando algumas consequências importantes para o desen-
volvimento da cultura intelectual e artística, da literatura em particular. Posta a cavalheiro entreum 
passado tacteante e o século novo, que se abria triunfal com a Independência, viu o aparecimen-
to dos primeiros públicos consumidores regulares de arte e literatura; a definição da posição social 
do intelectual; a aquisição, por parte dele, de hábitos e características mentais que o marcariam até 
quase os nossos dias. Momento decisivo, já se vê, que despertou nos contemporâneos os maiores 
entusiasmos, as mais rasgadas esperanças. E que se tentará delinear nas páginas seguintes. Os so-
nhos dos homens cultos parecem realizar-se e a adulação se fazia indiscernível da sinceridade, no 
vasto movimento de gratidão ao simpático trânsfuga real, que abria para o país a era do progresso.
Comecemos, pois, registrando a produção literária que abundou neste sentido e foi, sob mui-
tos aspectos, típico movimento de compensação ideológica, visando encobrir o que houvesse de 
menos viril na migração da corte. Para os brasileiros, exultantes, sublinhava-se a magnanimidade, a 
solicitude paternal com que o regente, depois rei, incorporava o Brasil à civilização, elegendo-o no 
seu carinho. Para a metrópole descontente, prejudicada pela abertura dos portos, equiparada admi-
nistrativamente à colônia, apresentava-se a fuga como um ato de finura e mesmo coragem, graças 
ao qual ficaram preservadas a independência e a dignidade da Coroa.
Literariamente, a máxima expressão desse disfarce aparece em dois longos, incríveis poemas 
épicos: a Brasilíada, de Tomás Antônio dos Santos e Silva (12 cantos verso branco), e a Alfonsíada, 
de Antônio José Osório de Pina Leitão (dez cantos em oitava rima). O primeiro celebra a fuga para o 
Brasil como feito comparável aos celebrados por Camões; o segundo, dedicado à fundação da mo-
narquia, compara Afonso Henriques, fundador, a D. João VI, salvador.
[...]
Houve, pois, um ciclo literário de preito ao Rei, onde se espelha o entusiasmo ante a reviravolta 
desencadeada pela transferência da família real, que foi efetivamente, sob vários aspectos, o acon-
tecimento mais importante da nossa história intelectual e política. E se os brasileiros, daqui, menos 
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experientes do mundo, tendiam a engrossar o caudal de adulação – deslumbrados por tanta no-
vidade – os homens de maior trato com a Europa encaravam os fatos com realismo. Ao longo dos 
volumes do Correio Brasiliense, Hipólito da Costa não cessa de mostrar que as medidas decorriam 
das necessidades de funcionamento administrativo; que em muitos casos sancionavam situações 
de fato; que as condições do meio as propiciavam; e, sobretudo, que o governo real estava muito 
aquém das medidas realmente necessárias e completas. Há mesmo um diálogo Hipólito-Silva Lis-
boa, em que, a propósito das obras deste, ia aquele denunciando a pseudobeneficência joanina, 
procurando despertar nos brasileiros a noção das reformas que corresponderiam de fato às exigên-
cias do momento e do Brasil.
Em todo caso, objetiva ou lisonjeira, toda essa produção em verso e prosa exprime um novo 
estado de espírito e de coisas; por isso é lembrada neste passo, em que se vai falar da literatura vin-
culada à coisa pública. Exprime, com efeito, não só a grande esperança de liberdade e cultura que 
então percorreu o Brasil, como a ocorrência efetiva de reformas que mudaram o seu panorama e 
condicionaram novos rumos nas letras, artes e ciências. A vontade consciente de ter uma literatu-
ra nacional e o empenho em defini-la decorrem, em boa parte, do sentimento de confiança adqui-
rido pelos intelectuais brasileiros durante a fase joanina, quando se estabeleceu realmente no país 
uma capital científica e literária, ao consolidar-se a preeminência do Rio de Janeiro, esboçada antes, 
mas ainda não efetivada e reconhecida. A partir de então, vivem nele, ou dependem da sua sanção, 
os escritores de mais-valia. Mesmo porque os acontecimentos sociais e intelectuais nele ocorridos 
contribuirão para configurar o papel social do escritor, atribuindo-lhe posição nova na sociedade e 
modificando as condições de sua produção.
Estudos literários
1. No poema “A cidade da Bahia”, Gregório de Matos vê com os olhos da tristeza e do lamento a situ-
ação econômica da colônia. A que se refere o poema?
2. No “Sermão da Sexagésima”, o padre Antônio Vieira discorre sobre o fruto da palavra de Deus no 
coração do homem. Como isso se dá?
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