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1 TERAPIAS MEDICAMENTOSAS INFUSIONAIS EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA: SEDAÇÃO, ANALGESIA, FÁRMACOS VASOATIVOS, REPOSIÇÃO ELETROLÍTICA E REPOSIÇÃO NUTRICIONAL 1 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3 2. O QUE É UMA UTI ............................................................................................... 4 2.1 Como Funciona uma UTI ............................................................................... 5 3. TRATAMENTO DA DOR E DA SEDAÇÃO .......................................................... 7 3.1 Medicamentos e Técnicas Para Analgesia e Sedação .................................. 8 3.1.1 Anti-Inflamatórios, Paracetamol e Dipirona ............................................. 8 4. DROGAS VASOATIVAS: PRINCIPAIS MEDICAÇÕES UTILIZADAS EM UTI ... 14 4.1 Tipos de Medicamentos Vasoativos ............................................................. 15 5. REPOSIÇÃO ELETRÓLITOS ............................................................................. 21 5.1 A Importância da Reposição de Eletrólitos ................................................... 23 6. TERAPIA DE NUTRIÇÃO ENTERAL (TNE) ....................................................... 26 6.1 Qual a Importância da Nutrição Hospitalar na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) ............................................................................................................... 29 6.2 Importância da Nutrição Hospitalar na UTI e da multidisciplinaridade na terapia nutricional ................................................................................................... 31 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 33 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 INTRODUÇÃO UTI é a sigla para Unidade de Terapia Intensiva ou Unidade de Tratamento Intenso (UTI) de um hospital. Normalmente, as UTI’s são dotadas de sistema de monitorização contínua, que atende pacientes em estado potencialmente grave ou com descompensação de um ou mais sistemas orgânicos. Nestes casos, um tratamento intensivo seria única solução para que o paciente tenha a capacidade de se recuperar. A UTI surgiu através da necessidade de oferecer um suporte maior para pacientes agudamente doentes, é um ambiente reservado e único no ambiente hospitalar que oferece monitoria e vigilância 24 horas. Existem diversas doenças e casos que podem levar um paciente para ir para UTI, mas geralmente são doenças de coração, como infarto, doenças respiratórias, complicações cerebrais, como um AVC (Acidente Vascular Cerebral) ou então uma hipotensão arterial. Principais Terapias Medicamentosas Infusionais em Unidade de Terapia Intensiva: Sedação, Analgesia, Fármacos Vasoativos, Reposição Eletrolítica e Reposição Nutricional. 4h: Cateteres Venosos Centrais, Sondas Enterais e Gástricas e Dispositivo Inalatório para Ventilação Mecânica: 4h: Interpretação e Monitoramento de Exames Laboratoriais. 24h 4 O QUE É UMA UTI Figura 1 Fonte: Google UTI significa Unidade de Terapia Intensiva e é uma área restrita dentro do hospital voltada ao atendimento de pacientes que necessitam de maiores cuidados e monitoramento 24 horas por dia. A UTI oferece suporte avançado à vida, por isso é dotada de tecnologia, profissionais de diferentes especialidades e com condições para atuar imediatamente frente à complicações e ocorrências indesejadas. Em uma UTI, além de pacientes com quadros graves, também são assistidos aqueles que passaram por grandes cirurgias e estão sob risco elevado de complicações e que, por isso, necessitam de vigilância constante. Assim como pessoas em fase pós-operatória de cirurgias menores, mas que, por enfermidades associadas, como por exemplo diabetes e hipertensão, podem sofrer algum tipo de complicação. Por dispor de mais recursos do que enfermarias e apartamentos, bem como de profissionais capacitados em diversas áreas, a UTI é considerada uma etapa fundamental no tratamento de casos mais graves ou mais complexos. 5 o Como Funciona uma UTI Figura 2 Fonte: Google As UTIs são classificadas de acordo com a idade do paciente (Neonatal, Pediátrica e Adulta) e com a especialidade médica (Cardiológica ou Coronariana, Cirúrgica, Neurológica, Transplante, dentre outras). A equipe de uma UTI é composta por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistente social, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, farmacêuticos e técnicos em enfermagem que prestam assistência aos pacientes. Diariamente, os pacientes são submetidos a exames e avaliações clínicas para que se possa analisar a resposta ao tratamento. E assim, cada paciente recebe uma terapia personalizada, conforme seu caso e sua evolução. Os pacientes também ficam conectados a aparelhos capazes de reproduzir ou monitorar as funções essenciais à vida, como respiração, circulação, alimentação e etc. Por isso, respiradores, monitores cardíacos, sondas, bombas infusoras e diversos outros aparelhos são usados na unidade. Embora a UTI seja um ambiente restrito, as visitas são permitidas diariamente em determinados horários, conforme os padrões de cada hospital e de maneira que não interfira na segurança dos pacientes. Os visitantes precisam ser previamente autorizados, bem como passar pelo processo de higienização para evitar 6 contaminações – há casos específicos em que o visitante precisa usar luvas, toucas e outras itens de proteção. Os visitantes recebem informações sobre o quadro clínico, tiram dúvidas e o mais importante: estabelecem contato com o paciente, o que ajuda a reduzir stress e ansiedade, contribuindo para uma melhor resposta ao tratamento. 7 TRATAMENTO DA DOR E DA SEDAÇÃO Figura 3 Fonte: Google Os métodos de analgesia podem agir em diferentes pontos das vias da dor, reduzindo a ativação de nociceptores ou passagem do estímulo, ativando as vias inibitórias e alterando a percepção da dor. Para aliviar a dor e a ansiedade são administrados analgésicos e sedativos. Um estudo revela os diferentes protocolos adotados para analgesia e sedação em UTI. Existe disparidade entre a necessidade de sedação e a forma como é feita . Opioides, benzodiazepínicos e propofol são os medicamentos básicos para dar conforto ao paciente e facilitar a ventilação mecânica. A maioria usa opioide associado com agonista GABA . Nenhum medicamento apresenta todas as características de analgésico ou sedativo ideal.Para a otimização, o médico deve conhecer as diferenças farmacocinéticas e farmacodinâmicas que possam afetar a segurança e a eficácia de analgésicos e sedativos. Modificação na farmacocinética e farmacodinâmica com administração prolongada, alteração da ligação proteica e da volemia e disfunção de órgãos provocam resultados variáveis. Para o tratamento da dor é essencial conhecer os mecanismos de ação, da farmacocinética, da latência e da duração da analgesia e dos efeitos colaterais. Os analgésicos corretos devem ser administrados na dose 8 adequada para determinado paciente no momento correto. É importante saber quais as alterações clínicas que o paciente apresenta, e os medicamentos que usa, pois é possível haver interação com os analgésicos. A maneira de sedação dos pacientes de UTI tem evoluído e depende do paciente e do fármaco disponível no local. O nível de sedação ideal é controverso. No passado, usava-se sedação profunda, porém a recuperação é influenciada pela escolha do agente, de sedação insuficiente ou excessiva e do controle inadequado da dor. A sedação inadequada resulta em dor, ansiedade, agitação, autoextubação, retirada de cateteres, isquemia miocárdica e hipoxemia. A sedação excessiva ou prolongada causa escaras, compressão de nervo, delírio e ventilação mecânica prolongada. 1.1 Medicamentos e Técnicas Para Analgesia e Sedação Figura 4 Fonte: Google 1.1.1 Anti-Inflamatórios, Paracetamol e Dipirona Os anti-inflamatórios apresentam grande ligação a proteínas, com aumento dos efeitos colaterais em pacientes com hipoalbuminemia. Raramente são indicados na UTI, pois podem precipitar insuficiência renal. Os fatores predisponentes são: 9 alteração renal prévia, hipovolemia, hipotensão arterial, hipertensão arterial, idade avançada, ascite, insuficiência cardíaca congestiva, cirrose hepática e uso concomitante de outras medicações que causam lesão renal . Os efeitos colaterais gastrintestinais também são mais frequentes na UTI. São fatores de risco gastrintestinal: uso de múltiplos antiinflamatórios concomitantes, história de úlcera ou queixa digestiva, antecedente de sangramento do trato digestivo alto, presença de doenças cardiovasculares, uso concomitante de corticosteroide ou de anticoagulantes e idade avançada. O paracetamol pode ser usado na dose de 1g.6h-. A dipirona é usada na dose de 1g.4h-. Opioides Figura 5 Fonte: Google Os analgésicos mais usados são a morfina e o fentanil e a preferência por um deles varia nos países. Outros opioides empregados são remifentanil, sufentanil e codeína. Não há dados para apoiar o uso de um analgésico sobre outro. Pode ocorrer desenvolvimento rápido de tolerância a opioide, havendo necessidade de aumento da dose, que facilita a hiperalgesia induzida por opioide. A morfina pode ser usada por via subcutânea na dose de 5-10 mg.4-6h- ou infusão por via venosa na dose de 30-50 mg.d-. Para procedimento, pode-se adicionar bolo de 5-10 mg de morfina. Esse opioide forma um metabólito ativo e tem cinética 10 imprevisível para paciente com disfunção de órgão. Na insuficiência hepática, há diminuição do metabolismo da morfina, enquanto na insuficiência renal há acúmulo de metabólito (morfina-6 glicuronídeo). No choque, a eliminação é mais lenta . O risco de depressão respiratória é maior em recémnascidos, em pacientes com alteração cognitiva, hemodinamicamente instáveis, com história de apneia e doença respiratória. A morfina pode provocar hipotensão arterial. O fentanil é usado por via venosa na dose de 300-700 µg.h-1. Seu metabólito é inativo e excretado pela urina e bile. O fentanil não causa alteração hemodinâmica, sendo indicado para paciente com comprometimento cardiovascular. Em pacientes com insuficiência renal, é mais indicado que a morfina. O remifentanil tem início de ação rápido e, igualmente, recuperação rápida. Seu metabolismo é independente do fígado. Pode ser usado em pacientes que necessitam de avaliação neurológica frequente. A dose usada é de 6-60 µg.kg-1.h-1. A codeína é um opioide fraco, que age após transformação em morfina. A metadona tem meia-vida longa, ocorrendo acúmulo com administração continuada. A meperidina não deve ser usada, pois é metabolizada, formando normeperidina, que causa convulsão. Na disfunção hepática e na insuficiência renal, aumenta o tempo de eliminação . A meperidina tem efeito inotrópico negativo, apresenta atividade anticolinérgica e pode provocar taquicardia. Tramadol Figura 6 Fonte: Google O tramadol é o análogo sintético da codeína, com efeito analgésico por ação em receptores mu e inibição da recaptação da serotonina e noradrenalina. 11 Analgesia Controlada pelo Paciente (PCA) A PCA é uma técnica adotada para reduzir o intervalo entre a queixa de dor e seu alívio. Pode ser utilizada em pacientes com capacidade de acionar o aparelho para liberação do opioide. A medicação empregada geralmente é a morfina por via venosa e fentanil por via peridural . Agonistas do ácido gama amino butírico (GABA) Os agonistas GABA usados são os benzodiazepínicos (midazolam, lorazepam e flunitrazepam) e o propofol. O midazolam, o lorazepam e o propofol são os medicamentos mais usados para sedação em UTI. A escolha de um desses fármacos varia nos diferentes países. A sedação com midazolam e propofol foi uma inovação para evitar a sedação prolongada . O midazolam é mais titulável . A ação é rápida e a duração curta, com uma dose. É medicamente indicado para sedação de curta duração . A administração prolongada resulta em acúmulo do fármaco e do metabólito ativo (alfa- hidroximidazolam), especialmente em pacientes obesos, com baixa concentração de albumina ou insuficiência renal. Alguns medicamentos que usam a mesma enzima para metabolismo (fentanil e propofol) aumentam a duração. Usado na dose de 25 mg.h-1 o midazolam pode provocar hipotensão arterial. O lorazepam é pouco usado na Europa e muito usado nos Estados Unidos. O lorazepam tem vantagem em relação ao diazepam de longa duração. Esse medicamento causa mais sedação excessiva que midazolam. Indicado para sedação de longa duração (> 24h) . Por via parenteral pode causar toxicidade pelo propilenoglicol, principalmente com uso doses muito grandes (15-25 mg.h-1). Com uso de pequena dose (1 mg.kg-1.d-1) podem ocorrer efeitos adversos, como lesão renal aguda e acidose metabólica. O desenvolvimento de tolerância ocorre rapidamente com o uso de benzodiazepínico por via venosa. Os benzodiazepínicos podem provocar delírio. O propofol tem ação e eliminação rápidas. É indicado para sedação de curta duração. O propofol pode causar hipotensão arterial, depressão respiratória, hipertrigliceridemia, pancreatite e síndrome da infusão do propofol. Este é o evento mais grave e os possíveis mecanismos incluem: inibição enzimática de mitocôndria, impedimento da oxidação ácida gordurosa e alteração metabólica de carboidrato em substrato gorduroso. Ocorrem aumento de triglicérides, hipotensão, arritmia, insuficiência renal, hipercalemia, rabdomiólise e disfunção hepática. Embora 12 associados ao uso prolongado de grande dose (> 70 µg.kg-1.min-1), muitos relatos citam dose menor e duração curta. Agonistas adrenérgicos alfa-2 Agonistas adrenérgicos alfa-2 (clonidina e dexmedetomidina) são alternativas para benzodiazepínicos. A dexmedetomidina promove diminuição da atividade motora, estabilidade mental, possibilitando melhor cuidado pelo médico, enfermeiro e fisioterapeuta. Seus metabólitos são inativos e a eliminação é urinária e fecal. A analgesia e a sedação estão relacionadas à ligação aos receptores noradrenérgicos centrai. Pode modular a inibição descendente a partir do locus coeruleus, com liberação de noradrenalina. Dexmedetomidina reduz a incidência de delírio e a duraçãoda ventilação mecânica . Provoca pouca depressão respiratória. É administrado na dose de 1 µg.kg-1, seguida de infusão de 0,1-0,7 µg.kg-1.h-1 para analgesia e sedação, titulando-se a dose. Os efeitos colaterais são hipertensão e bradicardia com dose inicial por estímulo de receptores alfa-2B. Com infusão, ocorrem hipotensão por efeito simpatolítico central e diminuição de noradrenalina. O efeito simpatolítico pode ser benéfico por reduzir a taquicardia e a hipertensão arterial, ou indesejável por causar hipotensão e bradicardia. Outras complicações são: bloqueio cardíaco, parada sinusal, fibrilação atrial. Pode ocorrer efeito hipertensivo após término de ação agonista alfa-2 central. A clonidina pode ser usada para sedação de curta e longa duração. Etomidato O etomidato foi usado em infusão até se reconhecer que esse medicamento não é tão seguro . Atualmente, não é usado para sedação. Bloqueadores neuromusculares No passado, foram usados com frequência para sedação profunda.Surgiram relatos de disfunção neuromuscular após administração prolongada de bloqueadores neuromusculares. Atualmente, as indicações para uso de bloqueadores neuromusculares são: intubação do paciente, assincronia com ventilador, hipercapnia, ventilação não convencional, aumento da pressão intracraniana e realização de um procedimento . Os mais usados são: pancurônio, rocurônio, vecurônio e cisatracúrio. Os fatores para escolha são: experiência do médico, duração de ação, meia-vida, mecanismos de eliminação e fatores individuais de cada paciente. 13 Outros fármacos Outros medicamentos são usados como adjuvantes para analgesia na UTI. Antidepressivos, anticonvulsivantes, neurolépticos bloquea dores neuromusculares são usados com menor frequência para pacientes de UTI. Analgesia regional São empregados, com mais frequência, para analgesia regional: opioides, anestésicos locais e clonidina. Os opioides são os mais utilizados por via espinal. Como a medicação é injetada no local de ação, não havendo necessidade da passagem através de barreiras, pequenas doses de opioides são suficientes para o efeito analgésico, particularmente com um opioide hidrofílico como a morfina. O efeito é principalmente sobre fibras C e em pequeno grau sobre fibras A-delta, não ocorrendo alterações das fibras autonômicas, motoras, do tato à propriocepção. Em geral, os opioides são associados aos anestésicos locais para se ter uma analgesia de melhor qualidade com redução dos efeitos colaterais. Por terem mecanismos de ação diferentes, a associação de doses pequenas das medicações tem efeito sinérgico. Os opioides por via espinal são indicados para analgesia pósoperatória, traumatismo (fratura de arcos costais e ossos de membros inferiores), queimadura e dor da isquemia de membros inferiores. Essa técnica pode ser utilizada em pacientes com alterações em diferentes órgãos. Esse método proporciona analgesia intensa, com menos sedação em relação ao opioide sistêmico. São efeitos colaterais frequentes se usados para dor aguda: prurido, náusea, vômito e retenção urinária. Princípios para analgesia e sedação: • Estabelecer alvos • Reavaliar com frequência • Medir a intensidade da dor e da sedação com escalas validadas • Selecionar medicamentos baseados em características importantes e evidências • Selecionar fármacos seguros para a população de risco • Evitar sedação excessiva • Controlar dor e agitação • Tratamento multidisciplinar • Escolher técnicas de fácil uso • Utilizar protocolos, algoritmos e guias 14 DROGAS VASOATIVAS: PRINCIPAIS MEDICAÇÕES UTILIZADAS EM UTI Figura 7 Fonte: Google Comumente empregadas nos pacientes graves, as drogas vasoativas são de uso corriqueiro nas unidades de terapia intensiva e o conhecimento exato da sua farmacocinética e farmacodinâmica é de vital importância para o intensivista, pois daí decorre o sucesso ou mesmo o insucesso de sua utilização. O termo droga vasoativa é atribuído às substâncias que apresentam efeitos vasculares periféricos, pulmonares ou cardíacos, sejam eles diretos ou indiretos, atuando em pequenas doses e com respostas dose dependente de efeito rápido e curto, através de receptores situados no endotélio vascular. Então, na maioria das vezes, é necessário o uso da monitorização hemodinâmica, invasiva, quando da utilização dessas substâncias, pois suas potentes ações determinam mudanças drásticas tanto em parâmetros circulatórios como respiratórios, podendo, do seu uso inadequado, advirem efeitos colaterais indesejáveis, graves e deletérios, que obrigam sua suspensão. As drogas vasoativas mais empregadas são as catecolaminas, também denominadas aminas vasoativas ou drogas simpatomiméticas. Dentre elas, destacam- se a noradrenalina (NA), a adrenalina, a dopamina, a dopexamina, a dobutamina e o isoproterenol. https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem/drogas-vasoativas-principais-medicacoes-utilizadas-em-uti/42046 15 o Tipos de Medicamentos Vasoativos Figura 8 Fonte: Google Dopamina A dopamina é um importante neurotransmissor do sistema nervoso central e periférico. A ativação dos receptores dopaminérgicos resulta em vasodilatação de artérias renais, mesentéricas, coronárias e cerebrais. A Dopamina na dose de 0,2 a 3,0 mg/kg/ min é frequentemente utilizada para aumento do fluxo sanguíneo renal e aumento do volume urinário, podendo ser utilizada em períodos de "stress" renal. Na dose de 3,0 a 10,0 mg/kg/min predomina os efeitos beta-adrenérgicos ocorrendo taquicardia, aumento do retorno venoso e queda da resistência vascular sistêmica. Parte da resposta inotrópica da dopamina depende da liberação endógena de noradrenalina o que limita sua eficiência em estados de depleção de catecolaminas, como ocorre na insuficiência cardíaca crônica. Doses superiores a 10,0 mg/kg/min produzem efeitos predominantes alfa-adrenérgicos com vasoconstricção sistêmica, aumento da pressão arterial e abolição dos efeitos vasodilatadores renais e mesentéricos. A dopamina pode ser utilizada em baixas doses, associada ao uso de dobutamina e/ou noradrenalina no tratamento do choque cardiogênico e do choque séptico, com o objetivo de aumentar o fluxo hepático, esplâncnico e renal. Também pode ser utilizada em pacientes oligúricos não hipovolêmicos, com o propósito de incremento do fluxo sanguíneo renal e aumento do volume urinário. 16 Dobutamina Dobutamina, é uma catecolamina sintética, formulada como uma mistura racêmica com isômeros (-) alfa-agonistas e (+) beta-agonistas, que exerce efeito predominante em receptores beta-adrenérgicos, promovendo aumento do débito cardíaco e redução nas pressões de enchimento ventricular, no modelo dose- dependente. Até a dose de 15 mg/kg/min promove aumento da contratilidade miocárdica sem elevação significativa da frequência cardíaca. Também ocorre diminuição das pressões venosa central e capilar pulmonar devido à melhor performance do coração, sem haver, contudo, alteração da resistência vascular pulmonar. Em doses superiores a 30 mg/kg/ min, pode provocar o aparecimento de arritmias ventriculares e aumento da pressão arterial. Importante ressaltar que a dobutamina pode promover diminuição da resistência vascular sistêmica devido à sua interação com receptores beta-adrenérgicos vasculares. A dobutamina está indicada para pacientes, nos quais o tratamento baseia-se no aumento da contratilidade miocárdica sem interferir na resistência vascular sistêmica. Pode ser utilizada no tratamento da insuficiência ventricular esquerda aguda ou crônica e pode ser utilizada isoladamente ou em associação à dopamina e/ou noradrenalina, no tratamento do choque cardiogênico de qualquer etiologia, ou no choque séptico. Também está indicado seu uso no pós-operatório de cirurgia cardíaca de maneirageral, assim como, na fase pré-operatória do transplante cardíaco. Noradrenalina A noradrenalina, precursor endógeno da adrenalina, interage predominantemente com receptores alfa-adrenérgicos, exercendo de maneira significativa um efeito vasopressor. Também apresenta efeito inotrópico positivo, em decorrência da estimulação beta-adrenérgica, contudo, apresenta taquicardia menos pronunciada. Em baixas doses, promove aumento da pressão arterial, do índice de trabalho do ventrículo esquerdo, do débito urinário e do índice cardíaco 9 10. Em doses superiores a 2 mg/min, ocorre incremento da vasoconstricção periférica com aumento da resistência vascular sistêmica e diminuição da perfusão renal, esplâncnica, pulmonar e musculatura esquelética. É utilizada como droga vasopressora no tratamento do choque séptico, na síndrome da resposta inflamatória sistêmica, e na síndrome inflamatória pós-circulação extra corpórea em pós-operatório de cirurgia cardíaca. Também pode ser utilizada no choque cardiogênico, principalmente como decorrência do infarto agudo do miocárdio assim como no 17 tratamento inicial do choque hipovolêmico grave, até que ocorra o restabelecimento da volemia, com a terapia de reposição de fluidos. Adrenalina Catecolamina que interage com receptores a, p2, e P1, no modelo dose- dependente, com características vasopressoras, e estimulando a liberação de noradrenalina. Induz aumento da frequência cardíaca e do volume sistólico mediado por efeito beta-adrenérgico, e aumenta de forma significativa a resistência vascular periférica por estimulação alfa-adrenérgica, quando administrada em dose superior a 0,1 mg/kg/min. É uma droga de fundamental importância na parada cardio-respiratória e é frequentemente utilizada em cirurgia cardíaca, na saída de circulação extra corpórea, com o objetivo de melhorar o desempenho do miocárdio reperfundido 6, ou após o reparo de comunicação interventricular 7. Também pode ser utilizada no choque séptico refratário, mas o seu uso rotineiro não é recomendado devido à intensa redução do fluxo sanguíneo esplâncnico. Constitui ainda uma indicação absoluta no tratamento do choque anafilático. Isoproterenol O isoproterenol é uma catecolamina sintética, agonista não-seletivo com potente ação em receptores beta-adrenérgicos, e desprovido de ação alfa- adrenérgica. Promove importante aumento do cronotropismo, vasodilatação renal, pulmonar, mesentérica e músculo esquelética, com redução da pressão arterial diastólica. Seu marcante efeito cronotrópico combinado a sua propriedade de diminuir a pressão de perfusão coronária, limita seu uso em pacientes com coronariopatia, e não apresenta indicação específica para sua utilização no choque circulatório. É utilizado no tratamento de bradiarritmia, hipertensão pulmonar, insuficiência ventricular direita e insuficiência cardíaca em pós-operatório de cirurgia cardíaca pediátrica 8. Entretanto, não apresenta bom resultado no tratamento da hipertensão pulmonar aguda secundária a embolia pulmonar 11, pois a isquemia e a falência ventricular direita aguda, requer uma pressão de perfusão coronária maior, o que pode ser obtido com a noradrenalina. Dopexamina A Dopexamina é uma catecolamina sintética, análoga da dopamina, com ação dopaminérgica e p2-agonista com mínima atividade em receptores p1, assim como não apresenta atividade alfa-adrenérgica. A estimulação dos receptores p determina um aumento do débito cardíaco, diminuição da resistência vascular periférica e 18 aumento do volume urinário, da mesma forma que ocorre aumento da excreção de sódio por estimulação de receptores dopaminérgicos. A dopexamina pode ser particularmente benéfica em pacientes que apresentam deterioração da função renal devido à diminuição do débito cardíaco, entretanto não é comercializada no Brasil. Inibidores da Fosfodiesterase A inibição da enzima fosfodiesterase diminui a metabolização do AMPc, com consequente aumento da contratilidade miocárdica. Os inibidores da fosfodiesterase também aumentam a sensibilidade de proteínas contráteis ao cálcio, aumentam o influxo de cálcio através do mecanismo de troca Na/Ca, e antagonizam a adenosina. Os inibidores da fosfodiesterase constituem uma alternativa às catecolaminas em pacientes com diminuição de receptores beta-adrenérgicos (downregulation), como ocorre na insuficiência cardíaca crônica. Existem duas drogas, amrinona e milrinona, que apresentam estas características, e são utilizadas na prática clínica. A amrinona é ao menos, tão efetiva quanto a dobutamina, no manuseio da insuficiência cardíaca congestiva, a curto prazo, devido à miocardiopatia dilatada. Existem relatos que a associação de amrinona e dobutamina, em pacientes com insuficiência cardíaca grave, promove um volume sistólico maior do que o uso isolado de ambas drogas 12. A milrinona apresenta atividade inotrópica e vasodilatadora semelhante à amrinona, sendo 15 vezes mais potente, e com incidência de plaquetopenia 6 vezes menor. Esta promove aumento do índice cardíaco e da oferta de oxigênio (DO2), do tipo dose- dependente, em pacientes com insuficiência cardíaca e outras situações críticas. Ambas podem ser utilizadas no tratamento do choque circulatório, em pacientes refratários aos agonistas adrenérgicos. Vasodilatadores Os vasodilatadores aumentam o diâmetro dos vasos sanguíneos, ou seja, induzem a vasodilatação arterial e/ou venosa, com consequente aumento do débito cardíaco e redução das pressões de enchimento. Estes apresentam mecanismos de ação diversos: (a) relaxamento do músculo liso vascular por ação direta; (b) inibição do sistema renina-angiotensina; (c) bloqueio da estimulação simpática; e (d) inibição do influxo de cálcio na célula do músculo liso vascular. Entretanto, os efeitos destes agentes dependem de numerosos parâmetros clínicos, incluindo o status volêmico do paciente, que em decorrência da diminuição da pré e/ou pós-carga, apresentam como 19 efeito marcante, a hipotensão arterial, o que limita seu uso na terapia do choque circulatório. Cabe ressaltar a importância do nitroprussiato de sódio e da nitroglicerina, que são vasodilatadores potentes de ação direta com início de ação imediato e meia-vida curta. O mecanismo de ação em nível celular consiste na decomposição de sua molécula em um metabólico ativo, óxido nítrico (NO), que estimula a guanilato-ciclase presente no músculo liso vascular, aumentando os níveis de GMP cíclico, que exerce ação vasodilatadora. O nitroprussiato de sódio, que apresenta ação balanceada, promove uma diminuição da pré e pós-cargas e aumento do débito cardíaco na insuficiência cardíaca severa, e também provoca queda do consumo miocárdico de oxigênio no infarto agudo do miocárdio. Portanto, o nitroprussiato de sódio pode ser útil no tratamento do choque cardiogênico, pois determina redução das pressões de enchimento ventricular, e aumento do débito cardíaco, desde que associado a agente inotrópico positivo, tendo como fator limitante, a hipotensão arterial. A nitroglicerina é um vasodilatador de ação venosa predominante, que determina uma redução das pressões de enchimento (pressão venosa central e pressão de oclusão de artéria pulmonar), e não reduz de modo significativo a pressão arterial e o débito cardíaco. Seus efeitos são particularmente úteis no tratamento da isquemia miocárdica e no infarto agudo do miocárdio, estando relacionada à diminuição da extensão da área infartada e melhora da função ventricular. Pode ser utilizada para controle da hipertensão arterial, e também é utilizada frequentemente em per e pós-operatório de cirurgia cardíaca devido à melhora do fluxo sanguíneo através da mamária interna esquerda. 20 Figura 9 Fonte: Google 21 REPOSIÇÃO ELETRÓLITOS Figura 10 Fonte: Google O que são e onde atuam os eletrólitos Eletrólitos são minerais responsáveis pelo transporte de água para dentro das nossas células e também pelos impulsos elétricos do nosso corpo, que por sua vez são importantes para os movimentos musculares, para o funcionamento de órgãos vitais e também para uma hidratação eficiente, por exemplo. Assim, é possível chegar à desidratação mesmo bebendo água. Isso ocorre por uma combinação de fatores: baixa concentração de sódio (eliminado pelo suor e pela urina) e grande ingestão de água. Essa combinação dilui a concentração de sódio. A reação automática do organismo é eliminar água através da urina e suor, para voltar ao equilíbrio na concentração de sódio. Já a carência de potássio dentro das células gera outra consequência. E ela também leva à desidratação. Acontece que, para que a concentração de potássio volte ao equilíbrio, a água sai de dentro das células. Com menos água, as células têm 22 suas funções prejudicadas. Quando reposto, o potássio funciona como uma espécie de “chave”, permitindo a entrada de água no interior das células. Além do sódio e do potássio, eletrólitos como magnésio, fósforo, cálcio e cloreto têm grande importância. Eles atuam no gerenciamento da pressão arterial e de pH do sangue, na reconstrução de tecidos danificados, na contração dos músculos, na hidratação, na prevenção de câimbras e na produção de energia. Assim, a presença harmônica destes seis minerais é fundamental para o bom funcionamento do corpo. Carência de eletrólitos Os eletrólitos chegam ao nosso corpo pela alimentação. Assim, uma dieta pobre em alimentos como banana, leite ou água de coco, por exemplo, pode reduzir a presença de eletrólitos em nosso corpo. Mas o principal causador de desequilíbrio no nível de eletrólitos é a eliminação excessiva de minerais pelo suor ou urina. Esse problema ocorre principalmente com atletas, pessoas que consomem bebidas alcoólicas e idosos com mau funcionamento dos rins, entre outros. Também pode haver perda excessiva de eletrólitos por parte de pessoas acometidas por diarreia ou vômito. Como repor os eletrólitos A reposição desses elementos tão importantes pode ser feita por alimentos. A pessoa com carência de minerais deve se alimentar de forma balanceada com fontes de eletrólitos, reequilibrando sua presença no corpo. Há também a opção de reposição via suplementos. Estes podem trazer maior variedade (incluindo zinco, cromo, manganês, selênio, molibdênio) e equilíbrio de minerais , de acordo com a necessidade do corpo. São mais práticos para o dia a dia e são mais facilmente absorvidos. Podem ainda incluir outros ingredientes importantes, como a vitamina C. O que se deve evitar, no entanto, é o consumo de suplementos que trazem pouca variedade de eletrólitos. Ou que contenham corantes ou adoçantes artificiais. 23 o A Importância da Reposição de Eletrólitos Figura 11 Fonte: Google Surgem táticas nutricionais a todo o momento procurando otimizar a performance atlética ou a aquisição de uma melhor aparência física. Devo lembrar que muito dos métodos tidos como funcionais, não são aplicados a todos os indivíduos e, nem tampouco são realmente saudáveis. Algum tempo atrás, um cliente me abordou na academia comentando que não comia mais certo tipo de verdura devido à alta quantidade de sódio existente no alimento em questão. E como ele estava objetivando uma maior "definição" muscular, estava limitando a ingestão de líquidos (na verdade, intercalando em alguns dias da semana, a ingestão de água potável com a de água destilada, aquela que utilizamos no radiador dos nossos carros) e evitando a todo custo a utilização do sal de cozinha. Relatou ainda, que além de ter adotado tais medidas, ainda estava pensando em recorrer aos diuréticos, medicamentos que a ciência já provou propiciar um aumento excessivo na formação e excreção de urina, conseqüentemente, aumentando também a perda de eletrólitos (substâncias 24 inorgânicas conhecidas como minerais que são especiais para as funções celulares normais), principalmente o potássio. Como vocês podem observar acima, um erro no quesito hidratação pode acarretar em um desequilíbrio eletrolítico e afetar a performance e a saúde do indivíduo. No texto abaixo, será comentada a função dos principais eletrólitos relacionados à fisilogia muscular: SÓDIO: é o principal eletrólito no LEC (líquido extracelular). Possui função especial na manutenção do volume circulante e da circulação e é essencial para a absorção da glicose e pelo transporte de várias substâncias pelo intestino. Não é produzido pelo organismo, sendo adquirido através dos alimentos e, devido a padrões culturais, sua ingestão é variada, geralmente podendo ser isolada ou associada com temperos para adequar os sabores dos alimentos (Oliveira & Marchini, 2000). Mesmo sabendo que a sudorese aumenta a perda de sódio, não é preciso suplementá-lo: uma média saudável seria a ingestão de 500 - 2.400 mg/dia, aproximadamente, ¼ de colher de chá de sal. Quando o esforço for prolongado (+ 04 horas de duração) competições intermitentes (artes marciais), é sugerido consumir a cada 15 minutos uma quantia em volta de 150 ml de bebida esportiva contendo 0,5 - 0,7 g de sódio / litro para repor as necessidades orgânicas (Kleiner & Robinson, 2002); POTÁSSIO: é o principal eletrólito no LIC (líquido intracelular). É responsável por várias reações orgânicas: transporte de O2, facilitação da conversão da glicose em glicogênio pelo fígado, auxílio na contração muscular, regulação da pressão arterial e do equilíbrio hídrico, dentre outras (Kleiner & Robinson, 2002 e Oliveira & Marchini, 2000). Também não é produzido no organismo e deve ser adquirido através de alimentos ricos em potássio (principalmente as frutas, geralmente abolidas pelos fisiculturistas, devido ao alto índice glicêmico conforme Bompa, 2000). Aproximadamente, 1.600 - 2.000 mg/dia é o recomendado (Kleiner & Robinson, 2002); CLORETO: é controlado metabolicamente como o sódio e sua regulação depende principalmente da função renal. É predominante no compartimento extracelular, mas, devido sua difusibilidade, pode difundir-se rapidamente entre os compartimentos intra e extracelular, contribuindo na regulação da pressão osmótica corporal (pressão exercida na água, forçando-a a atravessar a membrana celular), no transporte de gases e na regulação ácido-básica. O cloreto de sódio (sal de cozinha) 25 é a única fonte de cloreto sanguíneo, pois o sódio sanguíneo é obtido através do cloreto ou bicarbonato de sódio, explicando o porquê da menor concentração de cloreto em relação à de sódio (Oliveira & Marchini, 2000). 26 TERAPIA DE NUTRIÇÃO ENTERAL (TNE) Figura 12 Fonte: Google A TNE faz parte da rotina de tratamento intensivo em pacientes impossibilitados de utilizar a via oral para alimentação que possam utilizar o trato gastrintestinal (TGI). O uso da nutrição enteral (NE) está associado a redução no número de complicações infecciosas, manutenção da integridade da barreira mucosa intestinal e redução da translocação bacteriana. Quanto ao posicionamento da sonda, o uso de alimentação pós-pilórica quando comparado á infusão gástrica reduz a prevalência de regurgitação, pneumonia associada à aspiração e aumento da quantidade ingerida de nutrição enteral, mas não há diferença entre os dois métodos com relação à redução da mortalidade e do tempo de internação. Recomenda-se sempre verificar o posicionamento da sonda no trato digestivo. Em unidades em que há dificuldade de acesso, a NE pós-pilórica deve ser considerada em pacientes com alto risco de intolerânciaà NE (uso de inotrópicos, sedativos, drenagem nasogástrica), ou quando há risco de regurgitação e aspiração. Em unidades em que não é possível obter o acesso intestinal, considerar a alimentação pós-pilórica estritamente para pacientes que apresentam repetidamente alto resíduo gástrico, e que não toleram quantidades adequadas de NE no estômago. Muitos pacientes críticos após lesão ou em pós-operatório desenvolvem gastroparesia, o que limita a tolerância à alimentação gástrica. Contudo, a diminuição ou ausência de ruídos intestinais são geralmente interpretados como indicativos de que o intestino delgado não está funcionando. Já é reconhecido que a função do intestino delgado e a habilidade de absorver os nutrientes permanece intacta, 27 independente do estado crítico, presença de gastroparesia e ausência de ruídos intestinais. Estas características do paciente crítico erroneamente retardam a instituição da nutrição enteral, contribuindo para balanço nitrogenado negativo e conseqüente perda de peso. A presença de distensão abdominal, em qualquer caso, é um sinal de alerta que, provavelmente indica incapacidade do tubo digestivo para processar os substratos, devendo-se suspender a dieta e avaliar o paciente. A dieta poderá ser reinstituída após se descartar alterações significativas. A aspiração pulmonar é uma complicação temida em pacientes em UTI. Muitas estratégias são utilizadas para prevenir a aspiração, como assepsia oral, posição supina, uso de sondas de fino calibre, elevação da cabeceira em 45º e cuidados de enfermagem. Nos pacientes incapazes de tolerar a alimentação gástrica (resíduo gástrico >150 mL) o risco de aspiração é alto, devendo ser obtido acesso ao intestino delgado durante o ato cirúrgico, por via endoscópica ou percutânea e descompressão gástrica simultânea, o que proporciona NE efetiva. O uso de NE precoce, isto é, com início em 24-48 horas após a admissão em UTI está relacionada a melhora do balanço nitrogenado, manutenção da função intestinal, melhora da imunidade, melhor capacidade antioxidante celular e diminuição da resposta hipermetabólica. Embora seja recomendada para manter a perfusão e a integridade da mucosa intestinal e seja bem tolerada na maioria dos pacientes, a NE precoce pode causar isquemia e necrose, principalmente em paciente pós-choque. Esta necrose isquêmica não envolve oclusão de vasos, e tem sido chamada de necrose intestinal não-oclusiva. Os mecanismos de ação propostos incluem o aumento da demanda metabólica da mucosa intestinal pela presença de nutrientes no lúmen, com diminuição da perfusão mucosa. A hipótese é que a distensão intestinal contribua para esta isquemia mucosa, e que a estase intestinal permita o acúmulo de toxinas bacterianas. Para pacientes que apresentam risco para esta complicação, a NE deve ser evitada até que o paciente esteja clinicamente estável. Diversos fatores podem impedir o fornecimento do total de calorias exigido para o paciente critico. A quantidade de dieta oferecida pode ser limitada por intolerância à dieta e a freqüentes procedimentos realizados na UTI (banho, fisioterapia, extubação, etc.). Estudos apontam um oferecimento energético abaixo do necessário em muitos 28 pacientes, podendo piorar a desnutrição e agravar o quadro clinico. Protocolos de NE parecem ajudar a efetivar as praticas de alimentação e limitar interrupções desnecessárias. Recomenda-se iniciar a terapia nutricional com fórmulas com proteína intacta (polimérica). Fórmulas à base de peptídeos podem beneficiar pacientes com complicações gastrintestinais (síndrome do intestino curto, pancreatite, etc.), sendo necessários mais estudos para definir a sua recomendação. A instalação de traqueostomia é uma oportunidade para iniciar a dieta via oral em pacientes dependentes de ventilação mecânica (VM). Porém, muitos pacientes que permanecem longos períodos ventilados por traqueostomia apresentam disfagia, pois os tubos fixados na laringe impedem a coordenação do movimento de deglutição, alterando o fechamento da glote. O ideal é avaliar e tratar a disfagia com um protocolo e um fonoaudiólogo, durante a reintrodução da dieta por via oral. 29 o Qual a Importância da Nutrição Hospitalar na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Figura 13 Fonte: Google Para que o nutricionista possa atuar de forma eficiente no ambiente multidisciplinar dos hospitais, é necessário saber a fundo a condição de saúde do paciente. Por isso, vou abordar neste texto o estado nutricional de pacientes na Unidade de Terapia Intensiva, fator que justifica a presença de um profissional especializado em Nutrição Hospitalar na UTI. Segundo a IBRANUTRI, mais de 48% dos pacientes hospitalizados apresentam algum grau de desnutrição que, por sua vez, é associado ao maior tempo de internação, maior comorbidade e maior taxa de mortalidade. Nos paciente críticos em UTIs a situação é mais grave ainda: algumas literaturas apontam até 70% de desnutrição e, segundo os autores do livro Terapia Nutricional em UTI, Dr. Livio Toledo e Dra. Melina Castro, dependendo do tipo de especialidade da instituição, a desnutrição pode chegar até a 100 %. 30 Figura 14 Fonte: Google A condição clinica desses pacientes inclui alto grau de catabolismo e eles são acometidos por diferentes tipos de alterações metabólicas, processos inflamatórios, fisiológicos, anatômicos e infecciosos. E esses problemas podem ser acentuados pela falta de condição clinica adequada para o acesso da dieta oral. A alternativa é nutrir esses pacientes por via enteral ou parenteral, procedimentos mais complexos e que também podem trazer complicações específicas relativas à TN (Terapia Nutricional). Confira o post sobre a dieta enteral e suas complicações da minha colega, a nutricionista Cláudia Assis, para mais informações sobre esse atendimento. Dessa forma, inúmeras barreiras são frequentes nesse ambiente hospitalar e agravam o estado nutricional dos pacientes, como: a sub oferta nutricional frente às estimativas nutricionais, Síndrome de resposta inflamatória sistêmica, alterações hormonais e resistência à insulina, perda da função neurônio motor, disfunção mitocondrial, imobilidade e inatividade física, nutrição inadequada por falta de início precoce da terapia nutricional, distensão abdominal, diarreia, vômitos, intolerância metabólica, paresia intestinal e outros. Todos esses fatores, somados à caquexia, levam o paciente a um quadro de desnutrição grave a sarcopenia que, por sua vez, é altamente associado à mortalidade, processo infeccioso e maior comorbidade. O trabalho dos nutricionistas especializados monitora de maneira rotineira a evolução clínica e nutricional e essa avaliação deve garantir o acesso ao melhor que a terapia pode lhe oferecer, objetivando a recuperação clínica nutricional ou 31 diminuição das injúrias nutricionais. Com a aplicação de indicadores de qualidade, pode-se garantir a eficiência nas rotinas diárias e no processo de assistência nutricional. o Importância da Nutrição Hospitalar na UTI e da multidisciplinaridade na terapia nutricional Figura 15 Fonte: Google A necessidade de um nutricionista na UTI fica clara nas definições da ONA (Organização Nacional de Acreditação) que em seu Manual considera a assistência nutricional como: “Atividade voltada para atender as necessidades nutricionais especificas dos pacientes, permitindo criar oferta de produtos ou programas para assegurar a promoção, prevenção e recuperação nutricional“. Também indica que, por ser uma unidade destinada à internação de pacientes graves, a UTI requer atenção profissional especializada e constante, além de materiais específicos e tecnologias necessárias ao diagnóstico, monitorização e terapia.E a ANS (Agência Nacional de Saúde Complementar) deu mais força para essa necessidade do nutricionista na assistência nutricional através da resolução normativa RN 262 de 01 de junho de 2011. Nela, deu obrigatoriedade de cobertura da assistência nutricional nos hospitais, definindo as “consultas, visitas hospitalares ou acompanhamento de pacientes” como procedimentos a serem realizados por esse profissional. 32 Figura 16 Fonte: Google Diante da complexidade do estado de saúde do paciente na UTI, a multidisciplinaridade também é um aspecto muito importante. Isso porque as pessoas que são atendidas nesse espaço, além de debilitadas pela idade (a maioria tem mais de 60 anos), sofrem de variadas doenças: infecciosas, neurológicas, metabólicas, respiratórias ou neoplásicas. Além disso, os pacientes são submetidos a procedimentos constantes em razão do tratamento e podem adquirir mais comorbidades durante a internação, como infecções hospitalares e desnutrição grave. A ANVISA, em reconhecimento da necessidade de assistência multidisciplinar da terapia nutricional, determinou através da Resolução da Diretoria Colegiada – RCD N° 63, de 6 de julho de 2000 a obrigatoriedade da equipe multidisciplinar de terapia nutricional, sendo um dos membros obrigatórios dessa equipe o nutricionista capacitado e treinado para essa assistência. 33 1. REFERÊNCIAS BERGERON, M. F. Sódio: o nutriente esquecido. Gatorade Sports Science Institute. Número 29, 2001; BOMPA, T & CORNACHIA, L. Treinamento de força consciente. Phorte Editora. 2000; KLEINER, S. 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