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CENTRO UNIVERSITÁRIO DOUTOR LEÃO SAMPAIO – UNILEÃO 
CURSO DE BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
EMANUELA RODRIGUES SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O SERVIÇO SOCIAL E A ASSISTÊNCIA SOCIAL: uma análise da 
construção dos Estudos Socioeconômicos do Centro de Referência de 
Assistência Social do Bairro Aeroporto em Juazeiro do Norte/CE. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Juazeiro do Norte/ CE 
2018 
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EMANUELA RODRIGUES SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O SERVIÇO SOCIAL E A ASSISTÊNCIA SOCIAL: uma análise da 
construção dos Estudos Socioeconômicos do Centro de Referência de 
Assistência Social do Bairro Aeroporto em Juazeiro do Norte/CE. 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como 
pré-requisito para aprovação na disciplina de Estágio 
Supervisionado II, no Centro Universitário Doutor 
Leão Sampaio – Unileão. 
 
Orientadora: Profª. Ms. Márcia de Sousa Figueiredo 
Teotônio. 
 
 
 
 
 
Juazeiro do Norte/ CE 
2018 
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EMANUELA RODRIGUES SILVA 
 
 
 
O SERVIÇO SOCIAL E A ASSISTÊNCIA SOCIAL: uma análise da 
construção dos Estudos Socioeconômicos do Centro de Referência de 
Assistência Social do Bairro Aeroporto em Juazeiro do Norte/CE. 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como 
pré-requisito para aprovação na disciplina de Estágio 
Supervisionado II, no Centro Universitário Doutor 
Leão Sampaio – Unileão. 
 
Orientadora: Profª. Ms. Márcia de Sousa Figueiredo 
Teotônio. 
 
Data de aprovação:___/___/___ 
 
Banca Examinadora 
 
_______________________________________________________ 
Prof.ª. Ms. Márcia de Sousa Figueiredo Teotônio 
Orientadora 
 
_______________________________________________________ 
Prof.ª. Esp. Francisca Helaide Mendonça Leite 
Examinadora 1 
 
_______________________________________________________ 
Prof. Esp. Pedro Adjedan Davi de Sousa 
Examinadora 2 
 
 
 
 
 
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Este trabalho é dedicado à Deus, à meus amados 
Maria de Lourdes (in memoriam), Expedito (in 
memorian), Bernardo e Mário. 
 
 
 
 
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“Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, 
humanamente diferentes e totalmente livres”. 
Rosa Luxemburgo 
 
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AGRADECIMENTOS 
 
Posteriormente a tanta luta e a um longo caminho para concluir essa etapa da minha 
vida, necessito expressar meus agradecimentos àqueles e àquelas que foram rochas nas quais 
eu me apoiei e a força e amor quando as dificuldades se abateram sobre mim, pois sem ambos 
talvez eu não teria conseguido. 
Gostaria de agradecer primeiramente ao Senhor Deus, pelo dom da vida e pela 
oportunidade que tenho de vivenciar tudo que tenho vivido, por todo amor, fortaleza, 
compaixão e misericórdia. 
Agradeço de forma especial e carregada de amor aos meus pais amados, Maria de 
Lourdes e Expedito, que não se encontram mais entre nós, mas que permanecem vivos em 
meu coração intensamente. Sou-lhes grata por absolutamente tudo, pela mulher que me tornei 
e por cada segundo de dedicação e amor que eles me direcionaram. 
Rendo agradecimentos do mesmo modo ao meu esposo Mário, que tem sido um bom 
companheiro e ao meu amado filho Bernardo, que desde o ventre me presenteou com uma 
nova e mais ampla visão da vida e me ensina a cada respiração o quanto o amor é imenso. 
Agradeço à minha orientadora, Márcia Teotônio, pela paciência e empenho em prol 
da minha carreira acadêmica e à todos e todas do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio 
por cada contribuição durante essa minha caminhada. 
Minha sincera gratidão a todos vocês! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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RESUMO 
 
Esta pesquisa objetiva identificar as fundamentações teóricas que norteiam os estudos 
socioeconômicos construídos por assistentes sociais. Destarte, as discussões transcorreram 
doravante memórias históricas da Assistência Social no Brasil do assistencialismo ao direito 
abordando-se os elos e historicidade dessa política com o Serviço Social (Capítulo 1), bem 
como em referência ao significado dos estudos socioeconômicos para o Serviço Social, sua 
Instrumentalidade e processo de trabalho (Capítulo 2), finalizando-se na análise e discussão 
sobre dados levantados sobre as bases teóricas e construção dos estudos socioeconômicos 
enquanto estratégia interventiva para assistentes sociais (Capítulo 3). A metodologia 
empregada contemplou a abordagem qualitativa, as pesquisas dos tipos bibliográfica, estudo 
de campo, explicativa e descritiva, sendo os dados coletados através da aplicação de entrevista 
semi-estruturada junto a duas assistentes sociais do CRAS Aeroporto em Juazeiro do Norte/ 
CE, em 09 e 12 de outubro de 2018, sendo a análise dos dados realizada pautando-se no 
método dialético. Assim, obteve-se: foram explicitadas nesta pesquisa apenas alusões 
fornecidas pelas participantes sobre o que alguns autores compreendem como sendo a 
Instrumentalidade do Serviço Social; os estudos socioeconômicos podem ser concebidos 
como elementos contributivos para os processos de trabalho dos assistentes sociais e como 
mecanismos estratégicos para as intervenções; a apreensão obtida acerca da elaboração dos 
estudos socioeconômicos direcionam-se para a articulação das competências, capacidades e os 
instrumentos que os assistentes sociais dispõem, imbuídos de ética e inteligência; enquanto 
desafios mencionaram-se principalmente a falta de recursos e a precarização das políticas 
sociais; foi evidenciada a falta de clareza das assistentes sociais pesquisadas a respeito da 
corrente teórica que deve ser base para a elaboração de estudos socioeconômicos; e 
evidenciou-se que os mesmos podem ser vistos como instrumentais estratégicos e 
significativos para o Serviço Social e para a materialização do seu Projeto Ético-Político. 
 
Palavras-chave: Serviço Social. Estudos Socioeconômicos. Correntes Téoricas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
ABSTRACT 
 
This research aims to identify the theoretical foundations that guide the socioeconomic studies 
built by social workers. From this point on, the discussions have since passed from the history 
of Social Assistance in Brazil to legal assistance dealing with the links and historicity of this 
policy with Social Service (Chapter 1), as well as with reference to the meaning of 
socioeconomic studies for Social Work, its Instrumentality and work process (Chapter 2), 
finalizing itself in the analysis and discussion of data collected on the theoretical bases and 
construction of socioeconomic studies as an intervention strategy for social workers (Chapter 
3). The methodology used included the qualitative approach, bibliographic type research, field 
study, explanatory and descriptive, and the data were collected through the application of a 
semi-structured interview with two social workers of CRAS Airport in Juazeiro do Norte / 
CE, in 09 and 12 of October of 2018, being the data analysis carried out according to the 
dialectical method. Thus, it was obtained: only the references provided by the participants 
about what some authors understand as the Instrumentality of Social Work were explained in 
this research; socioeconomic studies can be conceived as contributory elements for the work 
processes of social workers and as strategic mechanisms for interventions; the apprehension 
about the elaboration of the socioeconomic studies is directed towards the articulation of the 
competences, capacities and the instruments that the social workers have, imbued with ethics 
and intelligence; while challenges were mainly the lack of resources and the precariousness of 
social policies; it was evidenced the lack of clarity of the social workers surveyed regarding 
the theoretical current that should be the basis for the elaboration of socioeconomictem sido se dá pelo fato de que esta tem 
sido confundida como um âmbito meramente do uso de instrumentais, da execução ou 
aplicação de entrevistas, visitas domiciliares e técnicas que aparentemente são tidas como 
mecanismos de trabalho desconectados de teorias, ética e outras capacidades inerentes à 
formação dos assistentes sociais e como intervenções desprovidas de criticidade ou que 
dispensam o devido preparo profissional. Não obstante, os estudos socioeconômicos não 
distanciam-se dessa leitura errônea sobre tudo que faz parte da dimensão técnico-operativa. 
No interior do Serviço Social os estudos socioeconômicos assumem caráter de 
competência profissional dos assistentes sociais de acordo com o disposto no artigo 4º da Lei 
nº 8.662/93, Código de Ética dos/as assistentes sociais, em seu item XI que preconiza como 
competência ―realizar estudos sócio-econômicos com usuários para fins de benefícios e 
serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e 
outras entidades‖ (CFESS, 2012). É cabível analisar que por fazerem parte do rol de 
competências e não de atribuições privativas o significado dos estudos socioeconômicos para 
o Serviço Social tem sido confundido como se ele fosse um mero instrumental, porém trata-se 
de um elemento que faz parte do conjunto de estratégias para a garantia dos direitos dos 
cidadãos. 
As possibilidades de intervenção que os estudos socioeconômicos oferecem ao 
Serviço Social devem ser levadas em consideração ao se perceber que eles são ações 
profissionais que demonstram o quanto as três dimensões desta profissão devem estar 
conectadas e utilizadas de forma simultânea. 
33 
 
 
 
Abordar o tema – estudos socioeconômicos – no âmbito do Serviço Social, remete a 
pensá-lo, inicialmente, enquanto parte intrínseca das ações profissionais dos 
assistentes sociais. Afinal de contas o desenvolvimento das ações profissionais 
pressupõe o conhecimento acurado das condições sociais em que vivem os sujeitos 
aos quais elas se destinam, sejam indivíduos, grupos ou populações. (MIOTO, 2009, 
p. 482) 
 
 
Mediante o supracitado observa-se que desvelar a realidade é um produto central que 
pode ser obtido através dos estudos socioeconômicos, uma vez que em meio à sociedade 
capitalista conseguir enxergar de forma aprofundada e desalienada os determinantes sociais e 
econômicos que interferem de forma intensa sobre as vidas dos sujeitos é fundamental para 
que se possa traçar alternativas para que os sujeitos possam construir formas para enfrentar e 
superar as expressões da questão social que vivenciam. 
Sequencialmente à reflexão sobre os estudos socioeconômicos é indispensável 
apresentar concepções sobre os estudos socioeconômicos. Assim, do ponto de vista conceitual 
enfatiza-se que 
 
 
Os estudos socioeconômicos/estudos sociais, como toda ação profissional, consistem 
num conjunto de procedimentos, atos, atividades realizados de forma responsável e 
consciente. Contêm tanto uma dimensão operativa quanto uma dimensão ética e 
expressa, no momento em que se realiza a apropriação pelos assistentes sociais dos 
fundamentos teórico-metodológico e ético-políticos da profissão em determinado 
momento histórico. (MIOTO, 2009, p. 9) 
 
 
Esse entendimento desenvolvido pela autora mencionada reitera o prisma de que os 
estudos socioeconômicos são exemplos de ações profissionais que unem as dimensões 
profissionais e que superam a lógica de uso desse aparato como tão somente técnico-
operativo, apontando-o como um mecanismo que articula a mesma às orientações teórico-
metodológica e ético-política. 
Com a adesão à teoria social de Karl Marx os estudos socioeconômicos passaram a 
ser desenvolvidos sobre uma ótica diferente daquelas em razão do Serviço Social de caso, o 
que foi possível com os avanços dos debates no interior da profissão que ampliaram a 
estrutura basilar da dimensão teórico-metodológica e contribuíram para a construção do 
Projeto Ético Político. Com isso, esses estudos passaram a ser ações importantes no processo 
de enfrentamento das expressões da questão social e de efetivação dos direitos dos sujeitos 
tornando-se parte do novo olhar que o Serviço Social passou a contemplar. (MIOTO, 2009) 
Ao fazer parte de uma nova forma de pensar e concretizar as ações do Serviço Social 
os estudos dos aspectos sociais e econômicos tornaram-se uma importante ponte para o 
34 
 
desvelamento da realidade dos sujeitos e como uma forma de diagnosticar os desdobramentos 
que o sistema capitalista impõe sobre a realidade e os acontecimentos cotidiano na vida dos 
sujeitos e como as expressões da questão social têm sido agravadas com o passar dos tempos 
e com as ocorrentes crises e estratégias de superação das crises capitalistas. 
Em contrapartida, frente à necessidade de dar respostas imediatas às requisições 
postas pelo capitalismo e pelas exigências institucionais, os instrumentais do Serviço Social 
acabam sendo empregados contemplando ações de configurações imediatistas que com muita 
frequência são tidas como formas de intervenções a serviço do capital. 
 
 
Se muitas das requisições da profissão são de ordem instrumental (em nível de 
responder às demandas — contraditórias— do capital e do trabalho e em nível de 
operar modificações imediatas no contexto empírico), exigindo respostas 
instrumentais, o exercício profissional não se restringe à elas. Com isso queremos 
afirmar que reconhecer e atender às requisições técnico-instrumentais da profissão 
não significa ser funcional à manutenção da ordem ou ao projeto burguês. Isto pode 
vir a ocorrer quando se reduz a intervenção profissional à sua dimensão 
instrumental. Esta é necessária para garantir a eficácia e eficiência operatória da 
profissão. Porém, reduzir o fazer profissional à sua dimensão técnico-instrumental 
significa tornar o Serviço Social meio para o alcance de qualquer finalidade. 
(GUERRA, 2007, p. 11) 
 
 
O Serviço Social é uma profissão que possui objetivos determinados com clareza no 
âmbito legal e no ideológico, porém como uma profissão que faz parte do interior da divisão 
do mundo do trabalho, responder mesmo que parcialmente às requisições capitalistas tornou-
se uma rota que possibilita a sobrevivência da profissão ao operar as políticas sociais embora 
que as intervenções devam ser estratégicas, pois mesmo que a profissão tenha metas 
estabelecidas é indispensável e essencial que os profissionais tenham clareza e se 
comprometam a alcançar esses objetivos mesmo sendo necessário ser bastante estratégico e 
extrapolar os limites impostos pelo Estado e pelo capital que tem apresentado cada vez mais 
desafios para os assistentes sociais atuarem na perspectiva dos direitos dos quais é possível 
elencar a escassez de recursos, o sucateamento e a seletividade das políticas sociais, o 
apadrinhamento ainda muito latente para o emprego dos profissionais, exigências instituições 
que não correspondem às competências e atribuições profissionais, entre outras. 
Com as requisições do capitalismo e das instituições novas exigências foram postas 
para a qualificação profissional dos assistentes sociais devido à demanda urgente de que os 
espaços sócio ocupacionais possam ser ocupados por profissionais devidamente capacitados. 
Assim, exige-se desses profissionais capacidades como: 
 
 
35 
 
[...] o domínio de conhecimento para realizar diagnósticos socioeconômicos de 
municípios, para leitura e análise dos orçamentos públicos, identificando seus alvos 
e compromissos, bem como recursos disponíveis para projetar ações; domínio do 
processo de planejamento; competência no gerenciamento e avaliação de programas 
e projetos sociais; capacidade de negociação; assessoria e consultoria em 
determinadas áreas de trabalho; pesquisas, entre outras funções (AMADOR, 2011, 
p. 351). 
 
 
Para atuar de forma a intervir de forma concreta na vida dossujeitos e superar os 
desafios postos para os processos de trabalho dos assistentes sociais faz-se necessário ser um 
profissional capaz de encontrar alternativas para enfrentá-los e para intervir de maneira a 
contribuir para que a vida das pessoas possa ter possibilidades de desenvolvimento e 
superação das problemáticas enfrentadas, uma vez que desvendar a realidade é uma tarefa 
complexa e que exige muito dos assistentes sociais. 
Mesmo assimilando que o Serviço Social pode contribuir com a práxis social a 
própria realidade impõe para seus profissionais uma questão central que torna-se decisiva para 
que os assistentes sociais consigam compreender a realidade mesmo com a sua complexidade, 
que é entender sob quais condições existe possibilidade para que se possa construir maneiras 
de acessos às informações sociais e culturais e aos recursos levando-se em consideração um 
outro projeto societário. O que por sua vez torna essencial que os assistentes sociais superem 
as ações paliativas impostas pelo capitalismo (VASCONCELOS, 2002). 
Essa prerrogativa essencial para o Serviço Social se expressa nos estudos 
socioeconômicos, embora os mesmos direcionem-se para um outro desafio: apreender a 
realidade de todos os sujeitos que demandam os serviços dos assistentes sociais em cada 
instituição que possuem poucos profissionais e um grande número de usuários a serem 
atendidos. Assim, realizar estudos socioeconômicos para desvendar a realidade de todos os 
sujeitos atendidos muitas vezes torna-se uma competência que sobrecarrega os assistentes 
sociais e incide diretamente na seletividade e precarização das políticas sociais e dos direitos. 
Sendo assim, os estudos socioeconômicos podem ser entendidos como estratégias 
para o processo de construção de possibilidades para a materialização do Projeto Ético 
Político do Serviço Social ao passo que é um elemento que torna cabível para os assistentes 
sociais desvelarem a realidade dos sujeitos estudados e se terem a oportunidade de contribuir 
para que estes desenvolvam sua autonomia e consigam desenvolver alternativas de superação 
das expressões da questão social. 
É relevante para este estudo conceber que os projetos profissionais estão intimamente 
ligados ―às alterações no sistema de necessidades sociais sobre o qual a profissão opera, às 
transformações econômicas, históricas e culturais, ao desenvolvimento teórico e prático da 
36 
 
própria profissão e, ainda, às mudanças na composição social da categoria‖. (NETTO, 1995, 
p. 95). Além disso é mister reconhecer que o Projeto Ético Político do Serviço Social é 
essencialmente político e que 
 
 
A dimensão política do projeto é claramente enunciada: ele se posiciona a favor da 
equidade e da justiça social, na perspectiva da universalização do acesso a bens e a 
serviços relativos às políticas e programas sociais; a ampliação e a consolidação da 
cidadania são explicitamente postas como garantia dos direitos civis, políticos e 
sociais das classes trabalhadoras. Do ponto de vista estritamente profissional, o 
projeto implica o compromisso com a competência, que só pode ter como base o 
aperfeiçoamento intelectual do assistente social. Em especial, o projeto prioriza uma 
nova relação com os usuários dos serviços oferecidos pelos assistentes sociais: é seu 
componente elementar o compromisso com a qualidade dos serviços prestados à 
população. (NETTO, 2006, p. 145) 
 
 
Nesse sentido, ao realizar estudos socioeconômicos de forma comprometida com a 
viabilização de direitos, considerando a ética, as teorias e as técnicas necessárias, os 
assistentes sociais inserem-se em ações cotidianas do seu processo de trabalho que favorecem 
a materialização do Projeto Ético Político e da própria Instrumentalidade. Compreendendo o 
estudo socioeconômico como um instrumento que tem por finalidade conhecer com 
profundidade e de forma crítica uma determinada situação ou expressão da questão social, 
objeto de intervenção profissional especialmente nos seus aspectos socioeconômicos e 
culturais, a articulação da vida dos indivíduos singulares com as dimensões estruturais e 
conjunturais, uma vez que são estas que conformam, se torna possível pelo embasamento 
teórico que se abre para a totalidade das relações sociais imperantes na sociedade, tornando-se 
importante a compreensão dos fundamentos que sustentam os estudos socioeconômicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
CAPÍTULO 3 - ROTAS E MÉTODOS EM UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE A 
CONSTRUÇÃO DOS ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS PELOS ASSISTENTES 
SOCIAIS 
 
Este capítulo tem por intuito apresentar, em um primeiro momento, o percurso 
metodológico empregado na realização desta pesquisa de modo a elencar as etapas que deram 
subsídios a cada fase deste estudo enunciando conceitos, vantagens para o uso e possíveis 
percalços enfrentados durante a construção do mesmo. 
Em seguida, evidenciam-se características referentes ao Centro de Referência da 
Assistência Social Aeroporto como forma de aprofundar conhecimentos a respeito do local 
onde a pesquisa foi realizada e do contexto da instituição em que a população pesquisada está 
inserida. 
Destarte busca-se refletir acerca das bases teóricas e sobre a construção dos estudos 
socioeconômicos enquanto estratégias de intervenções empregadas pelos assistentes sociais 
partindo-se da prerrogativa de que esse instrumental não faz parte do conjunto de atribuições 
privativas dos assistentes sociais, mas que é uma competência profissional que pode ser 
empregada de forma contributiva para o exercício profissional e para a concretização das 
intencionalidades do Serviço Social junto aos seus usuários. 
 
 
3.1. TRAJETÓRIA METODOLÓGICA CONSTITUTIVA DA PESQUISA 
 
Primordialmente é imprescindível mencionar que o processo metodológico é parti 
integrante e essencial na realização de pesquisas científicas e por esse motivo faz parte do 
corpo deste trabalho. Assim, discorre-se sobre suas rotas e métodos empregados. 
Elucida-se que foi utilizada a abordagem qualitativa que para Minayo (2001), 
trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o 
que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que 
não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. Assim, volta-se para os ―aspectos 
da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da 
dinâmica das relações sociais‖. (GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 32). Esse tipo de 
abordagem qualitativa tem como vantagens o fato de tornar intuir apreender a totalidade do 
fenômeno social, além mais do que focalizar conceitos específicos, ela dá maior ênfase à 
interpretação do objeto, possibilita ao pesquisador ter uma maior aproximação dos fenômenos 
38 
 
estudados e não está voltada para o controle do contexto da pesquisa e sim na sua 
compreensão. (FONSECA, 2002) 
No tocante aos objetivos metodológicos traçados, foram utilizadas as pesquisas dos 
tipos descritiva e explicativa. A descritiva é tipificada como aquela que realiza a abordagem 
dos amplos aspectos que abrange uma sociedade e que tomam por base seguimento como a 
comunidade, um grupo, uma população, acerca de alguns comportamentos ligados a esses 
grupos. A pesquisa explicativa explica o porquê das coisas através dos resultados oferecidos e 
pode ser a continuação de outra descritiva, posto que a identificação de fatores que 
determinam um fenômeno exige que este esteja suficientemente descrito e detalhado. (GIL, 
2007) 
No que diz respeito aos procedimentos implementados durante a pesquisa, estes 
foram os tipos de pesquisa bibliográfica e de campo. Fonseca (2002, p. 32), concebe que ―a 
pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e 
publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web 
sites‖. Trata-se de umaforma de pesquisar de estudos já realizados e publicados para 
subsidiar a pesquisa em construção em busca de validar as análises e conhecimentos 
interiorizados nela. Já a pesquisa de campo, em consonância às concepções de Gonsalves 
(2001, p. 67), tem por objetivo primordial a ―informação diretamente com a população 
pesquisada. Ela exige do pesquisador um encontro mais direto. Nesse caso, o pesquisador 
precisa ir ao espaço onde o fenômeno ocorre, ou ocorreu e reunir um conjunto de informações 
a serem documentadas‖. 
O instrumento de coletas usado foi entrevista semiestruturada, que foi realizada nos 
dias 09 e 12 de outubro do ano corrente, com uma população de duas assistentes sociais 
atuantes no Centro de Referência da Assistência Social Aeroporto. É importante mencionar 
que a referida instituição possui em sua equipe do Serviço Social três assistentes sociais, 
todavia não foi possível realizar a entrevista com uma delas devido a motivos de força maior. 
Assim, as entrevistas deram-se a partir de um roteiro com seis perguntas abertas pertinentes 
ao assunto cerne deste estudo. 
De acordo com Triviños (1987), a entrevista semiestruturada é uma técnica para 
coleta de informações que se baseia em questionamentos básicos que estão vinculados às 
teorias e às hipóteses que o investigador levanta e ligam-se ao assunto central. Para Tomar 
(2007), as principais vantagens das entrevistas semiestruturadas são as seguintes: 
possibilidade de acesso a informação além do que se listou; esclarecer aspectos da entrevista; 
39 
 
gera de pontos de vista, orientações e hipóteses para o aprofundamento da investigação e 
define novas estratégias e outros instrumentos. 
Sequencialmente realizou-se a análise dos dados coletados a fim de promover a 
discussão e pormenorizar os resultados. Destaca-se que a mesma deu-se baseada no método 
dialético, advinda da Teria Social Crítica ou Materialismo Histórico e Dialético de Karl Marx. 
 
 
A dialética fornece as bases para uma interpretação dinâmica e totalizante da 
realidade, já que estabelece que os fatos sociais não podem ser entendidos quando 
considerados isoladamente, abstraídos de suas influências políticas, econômicas, 
culturais etc. Por outro lado, como a dialética privilegia as mudanças qualitativas. 
(GIL, 2007, p. 14) 
 
 
De maneira a finalizar os estudos empreendidos, em um último momento da pesquisa 
foi realizado o desenvolvimento das considerações finais sobre os resultantes da pesquisa, que 
fora realizada em observância aos preceitos éticos da pesquisa tendo sido assinado por todos 
os participantes um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. 
 
3.2. CARACTERIZANDO O CENTRO DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL 
AEROPORTO EM JUAZEIRO DO NORTE/CE 
 
O Centro de Referência da Assistência Social Aeroporto (CRAS Raimunda Lopes de 
Araújo) é um equipamento pertencente à Secretaria de Assistência Social de Juazeiro do 
Norte/ CE e localiza-se na rua Joaquim da Cruz, Vila São Francisco no bairro Aeroporto da 
referida cidade. 
Trata-se de uma instituição que faz parte da Coordenação de Proteção Básica do 
munícipio que tem em sua composição um profissional que assume a coordenação do CRAS 
juntamente com outros profissionais técnico, a saber, educador social, facilitador social, 
educadora física, assistente social, psicóloga, vigia e auxiliar de serviços gerais. 
Os objetivos do CRAS são respectivamente: o atendimento para pessoas através da 
busca ativa; acolhida; diagnóstico da situação; plano de atendimento; visitas domiciliares; 
acompanhamento psicossocial e articulação intersetorial; bem como mobilização da sociedade 
para enfrentamento das situações de violação de direitos. 
Em relação aos serviços oferecidos, estes são: Acolhimento; Atendimento familiar; 
Grupos socioeducativos; Oficinas de Inclusão Produtiva; Visitas Domiciliares; 
Encaminhamentos; Grupos de Convivência; Acompanhamento, orientação e inserção a 
benefício do BPC Benefício de Proteção Continuada. 
40 
 
Para que se possa vislumbrar a estrutura física da instituição em questão apresenta-se 
abaixo uma figura desse CRAS. 
 
Figura 01 – CRAS Raimunda Lopes de Araújo - Aeroporto 
 
Fonte: Google Imagens, 2018.
3
 
 
O CRAS Aeroporto realiza atividades, as quais elencam-se atividades e palestras 
com o grupo de gestantes para orientar como as mães devem agir com o bebê que está para 
chegar, como também oferece oficinas; Programa Famílias Fortes (PFF), cujo objetivo é 
reduzir os fatores de risco ao uso e abuso de substâncias por adolescentes e construir ou 
fortalecer os vínculos familiares, entendidos como fatores de proteção contra o uso e abuso de 
álcool, tabaco e outras drogas; oficinas de cunho educativo e fortalecedor dos vínculos 
familiares com crianças; Grupo de Mulheres, com o objetivo de oportunizar uma melhor 
qualidade de vida, através de ações de enfrentamento e estratégias (dinâmicas, grupos de 
reflexões, roda de conversa, ações sobre o cuidado do corpo e de si mesma, trabalhos com 
artes e jogos); Grupo de idosos tem como objetivo proporcionar atividades em grupos de 
convivência às pessoas com 60 anos ou mais, visando à integração a comunidade e evitando o 
isolamento social e a discriminação. 
 
3
 Disponível em: 
https://www.google.com/search?q=CRAS+AEROPORTO+EM+JUAZEIRO+DO+NORTE&client=firefox-
b&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwiE_e3dtfzeAhVHf5AKHagVBKgQ_AUIECgD&biw=1366
&bih=613#imgrc=loToFWyFF8kE3M: 
41 
 
3.3. OS ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS: BASES TEÓRICAS E CONSTRUÇÃO 
ENQUANTO ESTRATÉGIA INTERVENTIVA DO ASSISTENTE SOCIAL. 
 
O Serviço Social é uma profissão inserida no mundo do trabalho da sociedade 
capitalista que atua nas expressões da questão social que são oriundas das contradições que 
emergem das relações sociais decorrentes desse modo de produção e de sociabilização. Para 
intervir na realidade dos cidadãos que vivenciam essas problemáticas e atuar na garantia dos 
direitos dos mesmos, os assistentes sociais contam com uma gama de elementos que 
constituem a Instrumentalidade da profissão e que norteiam as direções para que as 
intencionalidades presentes no seu Código de Ética e no seu Projeto Ético-Político. As três 
principais dimensões que norteiam a formação e o fazer profissional dos assistentes sociais 
são a teórico-metodológica, a técnico-operativa e a ético-política. 
Esta pesquisa debruça-se sobre um instrumental integrado à dimensão técnico-
operativa, mas que insere-se do mesmo modo nas demais dimensões – que devem ser 
articuladas e não dissociadas -, os Estudos Socioeconômicos, que constituem-se como uma 
competência dos assistentes sociais e que podem representar-se como estratégico para o 
exercício profissional dos assistentes sociais. 
Assim, esta pesquisa foi desenvolvida através da realização de entrevistas com duas 
assistentes sociais do CRAS Aeroporto, nos dias 09 e 12 de novembro do ano corrente, sendo 
empregado um roteiro de entrevista semiestruturada contendo 6 perguntas abertas para as 
participantes pertinentes ao assunto central neste estudo. Destaca-se que em consonância aos 
preceitos éticos estabelecidos na divulgação de informações relacionadas às entrevistas, 
utilizam-se as siglas A.S.C.1 e A.S.C.2 para referenciar as falas da primeira assistente social 
inquerida e da segunda, respectivamente. 
Inicialmente foi contextualizado com as participantes sobre o fato de o Serviço 
Social ser uma profissão cuja história desde as protoformas até a institucionalização tem 
perpassado o ideal caritativo até o reconhecimento das pessoas como sujeitos de direitos que 
devem ter suas demandas respondidas pelo Estado e em seguida foi questionado sobre como 
as mesmas percebem que se encontra o Serviço Social nos dias atuais, ao que obteve-se como 
percepções que 
 
 
“Percebo que nos dias atuais a atuação profissional é colocada sobreas exigências 
das contradições da sociedade capitalista. O Serviço Social está inserido em uma 
realidade contraditória encontrando em sua prática limites para uma atuação”. 
(A.S.C.1) 
42 
 
 
 
“As pessoas ainda interpretam o Serviço Social como uma forma caritativa. A gente 
tem trabalhado muito isso, essa questão da caridade no caso do CRAS que faz as 
pessoas interpretarem dessa forma. Os benefícios eventuais, quando a gente 
trabalha com os benefícios eventuais eles interpretam como uma doação e não 
como se nós estivéssemos de alguma forma trazendo a eles o que é de direito 
realmente [...] quando você libera um benefício eventual, a própria pessoa entende 
como se a gente estivesse fazendo uma doação, como se estivéssemos dando e 
voltam para procurar a gente perguntando pela assistente social, „aquela que dá a 
cesta básica‟. Assim, ela continua quer queira, quer não, com essa interpretação 
[...] Respondendo a sua pergunta, o Serviço Social está vivenciando um momento de 
retrocesso”. (A.S.C.2) 
 
 
Identifica-se nas falas das entrevistadas o entendimento de que o Serviço Social 
vivencia na contemporaneidade um processo de retrocesso da profissão, de exigência e de 
imposição de limites para a atuação profissional. 
 
 
O aumento da demanda e a escassez de verbas levam os profissionais a desempenhar 
a tarefa de selecionar aqueles que terão acesso ao serviço, através do levantamento 
de informações sobre a vida dos usuários. Assim coloca-se uma contradição, ainda 
que os profissionais procuram socializar as informações na perspectiva da 
universalidade dos Serviços Sociais, na hora de repassar o recurso material, sua ação 
se pauta num processo de seletividade dos serviços [...] Isso mostra que o 
direcionamento do discurso profissional não é suficiente para romper a lógica 
fragmentária dos serviços assistenciais. A perspectiva dos direitos sociais, ainda que 
seja enfatizada no discurso do profissional que repassa o recurso, é atropelada pela 
seletividade13 imposta pela instituição (TRINDADE, 2012, p.75). 
 
 
Em contrapartida ao pensamento supramencionado, Piana (2009, p. 102), entende 
que o contexto atual do processo de trabalho do Serviço Social – voltado para a 
materialização do Projeto Ético-Político vigente - ―exige que os profissionais, cada vez mais, 
recriem seu perfil profissional e sua identidade, ultrapassem limites institucionais e superem a 
ideologia do assistencialismo e avancem nas lutas pelos direitos e pela cidadania‖. 
O Serviço Social lida nos dias atuais com a realidade posta pela agenda neoliberal e 
por seus desdobramentos que incidem na precarização das politicas sociais e na recessão de 
direitos, que interfere diretamente no fazer dos assistentes sociais. Não obstante, ―pensar o 
Serviço Social na contemporaneidade requer os olhos abertos para o mundo contemporâneo 
para decifrá-lo e participar de sua recriação‖ (IAMAMOTO, 2010, p. 19), pois enquanto o 
capitalismo perdurar na sociedade, suas crises e sua lógica pautados na exploração da classe 
trabalhadora continuarão dando intensificando as expressões da questão social e impondo 
desafios para que as intervenções dos assistentes sociais sejam voltadas para a garantia de 
direitos. Isto posto, a urgência de que os assistentes sociais tenham clareza quanto às suas 
intencionalidades e quanto aos objetivos da profissão se faz indispensável, principalmente 
43 
 
como forma própria de resistência da categoria aos avanços capitalistas e no desenvolvimento 
de mecanismos de emancipação dos sujeitos e de estratégias para superação das recessões. 
Logo em seguida, inqueriu-se a respeito da compreensão das mesmas sobre a 
Instrumentalidade do Serviço Social. 
 
 
“Podemos dizer que é um conjunto de instrumentos técnicos que permite ao 
profissional exercer ações abrangendo as técnicas do conhecimento e possibilitando 
o atendimento das demandas e dos serviços junto aos órgãos responsáveis”. 
(A.S.C.1) 
 
 
“Primeiro, para você ser um profissional, para estar na área profissional você 
precisa ter em mãos a instrumentalidade. Se não tiver os instrumentais em mãos, 
você não consegue fazer nada porque são esses instrumentais que vão te dar um 
norte. Se você vai fazer uma visita domiciliar para diagnosticar de vulnerabilidade 
da família, os riscos e quando você chega lá como é que você vai recordar para 
você traçar um planejamento, o atendimento, tudo que você viu lá, se você não tem 
um instrumental?”. (A.S.C.2) 
 
 
Percebe-se nos posicionamentos supracitados apenas alusões ao que alguns autores 
compreendem como sendo a Instrumentalidade do Serviço Social. 
Os instrumentos podem ser vistos como técnicas-operacionais necessárias que os 
assistentes sociais possam realizar suas ações profissionais, objetivando intervir na realidade 
dos cidadãos. Todavia, o exercício da profissão não se restringe a isto, pois a 
instrumentalidade também compreende as habilidades e competências que os assistentes 
sociais adquirem na formação e na prática cotidiana, qualificando os conhecimentos de 
maneira a torná-los capazes de modificar e transformar a realidade social do sujeito. 
(BAVARESCO; GOIN, 2016) 
Reitera-se assim, o dito no capítulo anterior sobre a questão de que ―ao longo do 
tempo, têm sido observados equívocos no tratamento da dimensão técnico operativa, tanto no 
que tange à formação quanto no que tange ao exercício profissional‖ (SANTOS; BACKX; 
GUERRA, 2012, p. 11), pois muitos profissionais ainda não conseguem contemplar a 
magnitude da Instrumentalidade para além de uma das principais dimensões norteadores. 
É imprescindível que os assistentes sociais tenham clareza quanto à amplitude na 
qual a Instrumentalidade do Serviço Social se solidifica para que não a direcionem 
unilateralmente para seus instrumentais, posto que a mesma se alicerça no conjunto das 
intencionalidades da profissão e nas dimensões determinadas como meios para alcançar os 
objetivos profissionais. Sendo assim, mais que utilizar os instrumentais, o emprego da 
Instrumentalidade do Serviço Social deve alinhar as dimensões teórico-metodológica, ético-
44 
 
política e técnico-operativa à capacidade de leitura da realidade e de uso pautado na 
autonomia e na consciência crítica dos assistentes sociais, mais ainda, associando estas à 
capacidade que estes profissionais podem ter de serem estratégicos, de se pautarem em seus 
conhecimentos e habilidades, terem atitude para concretizar as ações no campo da mediação. 
Afinal, esta categoria profissional tem seu posicionamento político hegemônico instituído em 
seu Código de Ética e no Projeto Ético Político, mas por outro lado, por ser uma profissão 
inserida no mundo do trabalho capitalista como dito anteriormente, é posta sobre as 
exigências capitalistas institucionais e precisa ser reflexiva e estratégica para mediar os 
conflitos de interesses, sempre comprometida com a garantia dos direitos. 
Sequencialmente, as entrevistadas foram questionadas sobre a importância que os 
estudos socioeconômicos possuem no seu processo de trabalho de ambas enquanto assistente 
social. 
 
 
“Enquanto profissional de direito, podemos entender que o Serviço Social é uma 
profissão demandada pela sociedade capitalista. É um trabalhador assalariado, 
onde estamos vivenciando grandes desafios frente aos valores, onde a precarização 
atinge também o trabalho do assistente social nos diferentes espaços 
ocupacionais”. (A.S.C.1) 
 
 
“No caso do CRAS ele é essencial porque ao fazer relatórios o lado socioeconômico 
é fundamental, principalmente na Assistência que é para quem dela necessita, o que 
é diferente no SUS que é para todos. Então, se viu que se precisa automaticamente a 
gente tem que trabalhar e fazer um estudo socioeconômico da família para 
justamente buscar algo que dê melhorias à família ou ao indivíduo”. (A.S.C.2) 
 
 
É cabível denotar sobre a relevância dos estudossocioeconômicos por eles terem 
―por finalidade conhecer com profundidade, e de forma crítica uma determinada situação ou 
expressão da questão social, objeto da intervenção profissional especialmente nos seus 
aspectos sócio-econômicos e culturais‖ (FÁVERO, 2004, p. 42), se constituem enquanto um 
dispositivo benéfico para as intervenções profissionais dos assistentes sociais. 
É de grande valia ressaltar que os estudos socioeconômicos enquanto instrumental 
utilizado por assistentes sociais podem ser mecanismos estratégicos e muito contributivos 
para as intervenções em prol da garantia dos direitos dos cidadãos, mas que os profissionais 
devem ter muita atenção ao utilizá-los de modo a evitar que estes se tornem práticas 
puramente instrumentais e desprovidas da visão teleológica e da criticidade na busca pela 
compreensão da realidade dos sujeitos, pois 
 
 
45 
 
Ações instrumentais são as ações pragmáticas, imediatistas, que visam a eficácia e 
eficiência a despeito dos valores e princípios. Nestas ações, muitas vezes, impera a 
repetição, o espontaneísmo, considerando a necessidade de responder imediatamente 
às situações existentes. São ações isentas de conteúdo valorativo, na qual a 
preocupação restringe-se à eficácia dos fins. Estes subsumem a preocupação com a 
correção dos meios (valores e princípios ético-políticos e civilizatórios). São ações 
necessárias para responder a um nível da realidade (o do cotidiano) mas são 
insuficientes para responder as complexas demandas do exercício profissional. 
(GUERRA, 2007, p. 10) 
 
Assim, evidencia-se que no âmbito das políticas sociais e no fazer profissional dos 
assistentes sociais os estudos socioeconômicos possuem significativa relevância tanto por 
permitirem o aprofundamento dos conhecimentos sobre a realidade dos sujeitos, quanto pela 
possibilidade de fundamentar documentos que podem ser empregados como meios de 
viabilização dos direitos dos cidadãos. 
Destarte, indagou-se às assistentes sociais participantes sobre a forma como ambas 
constroem os estudos socioeconômicos que realizam e sobre os principais desafios 
enfrentados para construí-los. 
 
 
“A construção dos estudos socioeconômicos se dá nas ações profissionais, nas 
atividades que realizamos, faz parte do nosso cotidiano, do exercício profissional. 
Grandes desafios são encontrados, principalmente nas redes assistenciais, onde 
muitas vezes não conseguimos efetivar o direito do usuário”. (A.S.C.1) 
 
 
“A gente constrói a partir de visitas domiciliares, de entrevistas, de diálogos, de 
observações. Essas são as formas que a gente vai construindo esse estudo 
socioeconômico. Já na questão dos entraves, dos desafios que a gente encontra, é 
justamente nos próprios programas que são falhos, as políticas sociais que são 
falhas. Então, quando elas são falhas, automaticamente elas acabam dando entrave 
e aí a gente não consegue prosseguir”. (A.S.C.2) 
 
 
Elucida-se que os estudos socioeconômicos são estruturados a partir dos sujeitos e da 
essência da ação a que eles serão direcionados, tendo formas de abordagens desses sujeitos e 
instrumentos técnico-operativo que podem ser utilizados. Geralmente são empregados em sua 
construção abordagens individuais e coletivas (em grupos) ―realizadas através de 
instrumentos tradicionalmente definidos pela profissão: a entrevista, a observação, a reunião, 
a visita domiciliar e a análise de documentos referentes à situação‖. (MIOTO, 2009, p. 09) 
Cabe enfatizar que não se deve definir uma única forma para construção dos estudos 
socioeconômicos e que os assistentes sociais devem usar a autonomia que lhes compete – de 
forma comprometida com a defesa e viabilização de direitos – para escolher o melhor 
caminho para fazê-lo, posto que a própria construção dos instrumentais deve ser pautado na 
dialética das relações profissional-usuário, pois ―o instrumental é percebido como um 
46 
 
conjunto articulado de instrumentos e técnicas, não podendo serem vistos isoladamente, por si 
sós, de maneira autonomizada, mas como uma unidade dialética‖. (SANTOS; NORONHA, 
2010, p. 57) 
A elaboração dos estudos socioeconômicos deve ser derivada da articulação das 
competências, capacidades e dos instrumentos que os assistentes sociais dispõem de maneira 
ética e inteligente, para fomentar a materialização dos direitos dos sujeitos. É inegável que o 
contexto e a conjuntura histórica atual em que a sociedade se encontra apresentam desafios 
que permeiam a falta de recursos, a precarização das políticas sociais, a exigência de atuações 
que não correspondem a competências ou atribuições privativas dos assistentes sociais, a 
grande demanda para poucos profissionais, entre outros. Além disso, considera-se como um 
empecilho considerável para a construção dos mesmos, a falta de clareza que muitos 
assistentes sociais no que diz respeito ao uso da capacidade de atrelar a teoria à prática e 
fundamentá-los em uma concepção que entende os fenômenos sociais pautando-se na 
totalidade, na dialética e na historicidade dos sujeitos. 
Ao passo que as questões das entrevistas foram sequenciadas, as assistentes sociais 
pesquisadas foram indagadas sobre qual (s) a (s) corrente (s) teórica (s) utilizam para construir 
os estudos socioeconômicos que realizam no seu cotidiano profissional. 
 
 
“É a corrente da estratégia, é o referencial teórico onde me norteio. Hoje vimos 
coisas bonitas, mas nem sempre na prática a gente consegue efetivar o que a teoria 
fala”. (A.S.C.1) 
 
“Geralmente a gente utiliza muito a questão de livros, de cartilhas do próprio 
programa. Depende muito da necessidade. Por exemplo, eu vou fazer um estudo 
socioeconômico para o INSS, então a base que vou utilizar é a base do INSS”. 
(A.S.C.2) 
 
 
Desde a implementação do Movimento de Reconceituação
4
 do Serviço Social 
doravante as décadas de 1950 até a contemporaneidade – ao se considerar que este processo 
não foi interrompido na categoria profissional – algumas correntes teóricas são pertencentes à 
categoria que posteriormente a esse fenômeno passou a conceber o pluralismo
5
 em seu 
 
4
 Admite-se a concepção de Reconceituação de acordo com Netto (2001, p. 131), como ―o conjunto de 
características novas que, no marco das condições da autocracia burguesa, o Serviço Social articulou, à 
base do rearranjo de suas tradições e da assunção do contributo de tendência do pensamento social 
contemporâneo, procurando investir-se como instituição de natureza profissional dotada de legitimação prática, 
através de respostas a demandas sociais‖. 
5
 Conforme Netto (1999, p.102), ―o pluralismo é um elemento factual da vida social e da própria profissão, que 
deve ser respeitado. Mas este respeito, que não deve ser confundido com uma tolerância liberal para com o 
ecletismo, não pode inibir a luta de ideias. Pelo contrário, o verdadeiro debate de ideias só pode ter como terreno 
adequado o pluralismo que, por sua vez, supõe também o respeito às hegemonias legitimamente conquistada‖. 
47 
 
interior apesar de ter o marxismo como corrente teórica norteadora e predominante, mas 
apreende-se que ―se confrontaram diferentes tendências para a profissão, quer do ponto de 
vista de seus fundamentos teórico-metodológicos, quer do ponto de vista de sua intervenção 
social‖. (YAZBEK, 2009, p. 145). 
Mesmo nos dias atuais o Serviço Social, assim como seu Projeto Ético-Político está 
alicerçado no desvelamento da realidade através do Materialismo Histórico e Dialético de 
Karl Marx ou Teoria Social Crítica, que é considerada revolucionária por permitir à esta 
categoria considerar que para que as expressões da questão social sejam totalmente superadas 
e deixem de existir, o próprio sistema capitalista deveria ser superado e que a realidade 
singular e particular de cada sujeito insere na totalidade das relações/reproduções sociais 
capitalistas no movimento dialético da história, e não encerra-se somente nisso. Sendo 
importante ressalvar que essa corrente teórica 
 
 
[...] Não é um conjunto de regras formais que se ―aplicam‖ a um objeto que foi 
recortado para uma investigação determinada nem, menos ainda, um conjunto de 
regras que o sujeito que pesquisa escolhe, conforme a sua vontade, para ―enquadrar‖ 
o seu objeto de investigação (NETTO, 2009, p. 684) 
 
 
Recorta-se que nenhuma corrente teórica em si foi mencionada nas falas das 
entrevistadas para a construção dos estudos socioeconômicos, o que pode ser considerado 
como uma demonstração de que nem todos os profissionais possuem clareza sobre as teorias 
que norteiaram e ainda permanecem sendo parte do Serviço Social, tampouco daquela que é 
hegemônica na profissão, mesmo que estes profissionais expressem o intuito de compreender 
a realidade dos usuários de maneira aprofundada. O que por sua vez aponta que é mister que 
os assistentes sociais – mesmo aqueles já formados, considerando-se que a própria formação e 
capacitação são processos contínuos para profissionais que atuam frente aos fenômenos 
sociais pautados no Materialismo Dialético e Histórico – busquem dominar as teorias em que 
se baseiam o Serviço Social, pois mesmo que muitos profissionais consideram a falácia de 
que teoria e prática são impermeáveis, as mesmas são indissociáveis uma da outra. 
Finalmente, as assistentes sociais foram indagadas se ambas consideram que os 
estudos socioeconômicos são instrumentais que contribuem para a materialização do Projeto 
Ético Político do Serviço Social. 
 
 
“O assistente social pode estabelecer um plano de trabalho construído pelo próprio 
profissional e pode considerar valores expressos no nosso projeto ético político. 
Enfim, o assistente social deve estar levando propostas de trabalho, sendo criativo 
pra a realização do direito da população”. (A.S.C.1) 
48 
 
 
“Sim, com certeza. Os instrumentais são sim. E esses estudos são também, porque 
se você não consegue fazer todo esse processo automaticamente você não consegue 
um Projeto Ético-Político social jamais”. (A.S.C. 2) 
 
Os estudos socioeconômicos são contributivos para a materialização do Projeto 
Ético-Político do Serviço Social à medida que ele concretiza as intenções alicerçadas pela 
profissão no processo de trabalho cotidiano. 
 
 
O que merece destaque é que o projeto profissional não foi construído numa 
perspectiva meramente corporativa [...] Ainda que abarque a defesa das 
prerrogativas profissionais e dos trabalhadores especializados, o projeto profissional 
os ultrapassa, porque é histórico e dotado de caráter ético-político, que eleva esse 
projeto a uma dimensão de universalidade, a qual subordina, ainda que não embace 
a dimensão técnico-profissional. Isto porque ele estabelece um norte, quanto a forma 
de operar o trabalho cotidiano, impregnando-o de interesses da coletividade ou da 
―grande política‖, como momento de afirmação da teleologia e da liberdade da 
práxis social (IAMAMOTO, 2012, p. 227) 
 
Como competência profissional dos assistentes sociais os estudos socioeconômicos 
podem ser vistos como mecanismo de materialização do Serviço Social, posto que o referido 
projeto profissional toma como base primordialmente os princípios do Código de Ética do/a 
assistente social e do projeto de formação da ABEPSS embute em si de forma explicita a 
Teoria Social Crítica marxista que inclui a compreensão da realidade baseando-se na 
totalidade em busca da emancipação humana. (VASCONCELOS, 2015) 
Diante de todo o exposto, percebe-se que os estudos socioeconômicos relevam 
considerável significação para o Serviço Social e que faz parte do processo de trabalho de 
assistentes sociais, inclusive daqueles inseridos em equipamentos da política de Assistência 
Social e que mesmo que os profissionais não tenham o devido entendimento sobre correntes 
teóricas que possam embasar a construção dos mesmos, essas ações devem fazer parte do 
fazer profissional na busca do desvelamento da realidade dos sujeitos para a materialização 
dos seus direitos. 
 
 
 
 
 
 
 
49 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Mediante todo o exposto no decorrer deste estudo foi possível denotar que o Serviço 
Social vivencia na contemporaneidade um processo de retrocesso da profissão, de exigência e 
de imposição de limites para a atuação profissional decorrentes dos ditames do capitalismo 
que tem engendrado sob a sociedade sua lógica de exploração do trabalho e extração de lucro 
que ocasionam o desequilíbrio da distribuição da riqueza socialmente produzida e 
consequentemente a intensificação das expressões da questão social e a precarização das 
políticas sociais e do sistema de garantia de direitos. 
Percebe-se que ainda existem na categoria profissional indícios de que alguns 
profissionais ainda não dominam totalmente tudo que diz respeito à Instrumentalidade do 
Serviço Social, sendo explicitadas nesta pesquisa apenas alusões fornecidas pelas 
participantes sobre o que alguns autores compreendem como sendo a Instrumentalidade do 
Serviço Social. Observa-se a imperiosidade de que os assistentes sociais tenham mais clareza 
em relação à amplitude na qual a Instrumentalidade do Serviço Social se alicerça para os 
assistentes sociais não a simplifiquem unilateralmente aos seus instrumentais. 
Enfatiza-se que foi possível apreender que os estudos socioeconômicos podem ser 
concebidos como elementos contributivos para os processos de trabalho dos assistentes 
sociais e que podem ser mecanismos estratégicos para as intervenções em prol da garantia dos 
direitos dos cidadãos, isto porque corroboram para o aprofundamento dos conhecimentos 
sobre a realidade dos usuários, bem como fundamentam legalmente documentos utilizados 
nos processos de viabilização desses direitos. 
Destarte, salienta-se a apreensão obtida acerca da elaboração dos estudos 
socioeconômicos que devem articular as competências, capacidades e os instrumentos que os 
assistentes sociais dispõem, do mesmo modo sendo imbuídos de ética e inteligência por parte 
dos assistentes sociais. Enquanto desafios vivenciados no processo de construção desses 
instrumentais derivaram-se elementos inerentes ao contexto social, econômico, político e 
cultural atual do país, a saber: a falta de recursos; a precarização das políticas sociais; a 
exigência de atuações que não correspondem a competências ou atribuições privativas dos 
assistentes sociais; a grande demanda para poucos profissionais; e a falta de clareza que 
muitos assistentes sociais apresentam no tocante à capacidade de associar teoria à prática e 
fundamentar os estudos socioeconômicos em uma perspectiva de totalidade pautada na 
dialética e na historicidade dos sujeitos. 
50 
 
Averigua-se que embora seja considerado imprescindível que os profissionais do 
Serviço Social consigam discernir sobre a corrente teórica que deve nortear a produção dos 
estudos socioeconômicos construídos pelos mesmos, foi evidenciada a falta de clareza das 
assistentes sociais pesquisadas a respeito desse assunto específico, tendo sido percebido que 
as mesmas entendem alguns elementos bases para tal elaboração, mas não nomeiam teorias 
para tanto. 
Isto posto, assimila-se que os estudos socioeconômicos evidenciam-se como 
instrumentais estratégicos e significativos para o Serviço Social e para a materialização do seu 
Projeto Ético-Político, não somente por fazerem parte do processo de trabalho de assistentes 
sociais, mas por proporcionarem o desvelamento da realidade dos cidadãos usuários que por 
sua vez incidem na abertura de possibilidades de intervenções para o enfrentamento/ 
superação das expressões sociais que os mesmos vivenciam e assim proporcionar a ambos 
autonomia sob suas vidas e a opção de serem sujeitos emancipados. 
Conclui-se que a matriz teórica que sustenta o projeto profissionaldo Serviço Social 
deve orientar a construção dos estudos socioeconômicos que podem se desdobrar em 
possibilidades para seus demandantes, posto que o uso deste instrumental vai além do 
atendimento de questões imediatas e ações pragmáticas, ao fazer uso de categorias 
ontológicas como a mediação e a teleologia que permite uma análise de totalidade da 
realidade social buscando-se compreender as singularidades individuais através da 
universalidade sócio-histórica e das particularidades das intervenções, elucidando o real 
vivenciado no cotidiano dos sujeitos. Ressalta-se que este instrumental se configura como um 
instrumento de poder que se concretiza a partir do conhecimento científico de uma categoria 
profissional empenhada na transformação da sociedade juntamente com toda a classe 
trabalhadora. 
Assim, reitera-se a relevância deste estudo para os assistentes sociais, comunidade 
acadêmica e para a sociedade. Frisa-se como percalços para a realização desta pesquisa o 
empecilho de realizar uma pesquisa como uma amostra maior de profissionais tendo em vista 
ao espaço de tempo relativamente curto para a produção do trabalho e a indisponibilidade de 
alguns profissionais, bem como o desafio de abordar de forma o máximo abrangente o assunto 
central compreendendo-se que este estudo não encerra as questões em torno dos estudos 
socioeconômicos para os assistentes sociais, mas possui suas contribuições para o 
aprofundamento dos conhecimentos sobre o emprego destes no processo de trabalho cotidiano 
dos assistentes sociais atuantes nas políticas sociais na contemporaneidade. 
 
51 
 
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55 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APÊNDICE (S) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
56 
 
APÊNDICE A 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DOUTOR LEÃO SAMPAIO 
CURSO DE BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL 
 
ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA 
 
01 – O Serviço Social é uma profissão cuja história desde as protoformas até a 
institucionalização tem perpassado o ideal caritativo até o reconhecimento das pessoas como 
sujeitos de direitos que devem ter suas demandas respondidas pelo Estado. Como você 
percebe que se encontra o Serviço Social nos dias atuais? 
 
02 – A respeito da Instrumentalidade do Serviço Social, como você a compreende? 
 
03 – Sobre os estudos socioeconômicos, qual a importância que eles possuem no seu processo 
de trabalho enquanto assistente social? 
 
04 – Como se dá a construção dos estudos socioeconômicos que você realiza e quais são os 
principais desafios enfrentados para construí-los? 
 
05 – Qual (s) a (s) corrente (s) teórica (s) que você utiliza para construir os estudos 
econômicos que realiza no seu cotidiano profissional? 
 
06 – Você considera que os estudos socioeconômicos são instrumentais que contribuem ara a 
materialização do Projeto Ético Político do Serviço Social? 
 
 
Juazeiro do Norte/CE, ________ de _____________________de_______________. 
 
 
_____________________________________ _____________________________________ 
Entrevistado (a) Entrevistador (a) 
 
 
57 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO (S) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
58 
 
ANEXO A 
 
 
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 
 
Prezado Sr.(a) 
 
A acadêmica do Curso de Graduação em Serviço Social EMANUELA RODRIGUES SILVA, 
Instituição de ensino CENTRO UNIVERSITÁRIO Dr. LEAO SAMPAIO está realizando a pesquisa 
intitulada ―O SERVIÇO SOCIAL E A ASSISTÊNCIA SOCIAL: uma análise da construção dos 
Estudos Socioeconômicos do Centro de Referência de Assistência Social do Bairro Aeroporto em Juazeiro 
do Norte/CE‖, que tem como objetivo IDENTIFICAR AS FUNDAMENTAÇÕES TEÓRICAS 
QUE NORTEIAM OS ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS CONSTRUÍDOS POR 
ASSISTENTES SOCIAIS. Para isso, está desenvolvendo um estudo que consta as seguintes etapas: 
será realizada uma coleta de dados, a mesma ocorrera através da aplicação de uma entrevista semi-
estruturada, mantendo a ética e integridade física e moral do participante. 
 A participação na pesquisa será realizada de forma voluntaria e caberá ao Senhor/ Senhora 
responder as perguntas do questionário. 
 Sua participação consistirá em responder a uma entrevista contendo 06 perguntas sobre o tema 
proposto. Toda informação que o(a) Sr.(a) nos fornecer será utilizada somente para esta pesquisa. AS 
RESPOSTAS DAS PERGUNTAS REALIZADAS DURANTE A ENTREVISTA serão confidenciais e o 
nome do usuário não aparecerá nas CITAÇÕES, FICHAS DE AVALIAÇÃO, ETC, inclusive quando os 
resultados forem apresentados. 
 Se tiver alguma dúvida a respeito dos objetivos da pesquisa e/ou dos métodos utilizados na 
mesma, pode procurar; EMANUELA RODRIGUES SILVA ou ligar para :(88) 8845-8055. 
Se desejar obter informações sobre os seus direitos e os aspectos éticos envolvidos na pesquisa 
poderá consultar o Comitê de Ética em Pesquisa – UNILEAO CEP 63041-1140 Telefone (2101-1000 e 
2101- 1001 ) , Cidade Juazeiro do Norte. 
Caso esteja de acordo em participar da pesquisa, deve preencher e assinar o Termo de 
Consentimento Pós-Esclarecido que se segue, recebendo uma cópia do mesmo. 
 
Juazeiro do Norte-CE., _______ de ________________ de _____. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
59 
 
ANEXO B 
 
TERMO DE CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO 
 
 
 Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o 
Sr.(a)___________________________________________________, declara que, após 
leitura minuciosa do TCLE, teve oportunidade de fazer perguntas, esclarecer dúvidas que 
foram devidamente explicadas pelo pesquisador, ciente dos procedimentos aos quais será 
submetido e, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e explicado, firma seu 
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO em participar voluntariamente desta 
pesquisa. 
E, por estar de acordo, assina o presente termo. 
 
Juazeiro do Norte-CE., _______ de ________________ de _____. 
 
 
 
 
_____________________________________________ 
Assinatura do participante 
 
________________________________________ 
 
Assinatura do Pesquisador 
 
 
 
________________________________________ 
Assinatura do Representante legalstudies; 
and it was evidenced that they can be seen as strategic and significant tools for Social Service 
and for the materialization of its Ethical-Political Project. 
 
Keywords: Social Service. Socioeconomic Studies. Theories Currents. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................10 
CAPÍTULO 1 - MEMÓRIAS SOBRE O SERVIÇO SOCIAL E A ASSISTÊNCIA 
SOCIAL NO BRASIL............................................................................................................12 
1.1. A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL: AS ENTRELINHAS ENTRE O 
ASSISTENCIALISMO E O DIREITO....................................................................................12 
1.2. O SERVIÇO SOCIAL NA ASSISTÊNCIA SOCIAL: ORIGENS, CONEXÕES E 
POSSIBILIDADES...................................................................................................................18 
CAPÍTULO 2 - A ALIANÇA ENTRE O SERVIÇO SOCIAL E OS ESTUDOS 
SOCIOECONÔMICOS..........................................................................................................24 
2.1. DESVELAR A REALIDADE PARA MEDIAR: A INSTRUMENTALIDADE DO 
SERVIÇO SOCIAL..................................................................................................................24 
2.2. OS ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS COMO INSTRUMENTO DE TRABALHO 
DOS ASSISTENTES SOCIAIS E O PROJETO ÉTICO POLÍTICO DO SERVIÇO 
SOCIAL....................................................................................................................................31
CAPÍTULO 3 - ROTAS E MÉTODOS EM UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE A 
CONSTRUÇÃO DOS ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS PELOS ASSISTENTES 
SOCIAIS..................................................................................................................................37 
3.1. TRAJETÓRIA METODOLÓGICA CONSTITUTIVA DA PESQUISA....................37 
3.2. CARACTERIZANDO O CENTRO DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL 
AEROPORTO EM JUAZEIRO DO NORTE/CE....................................................................39 
3.3. OS ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS: BASES TEÓRICAS E CONSTRUÇÃO 
ENQUANTO ESTRATÉGIA INTERVENTIVA DO ASSISTENTE SOCIAL.....................41 
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................49 
REFERÊNCIAS......................................................................................................................51
APÊNDICES............................................................................................................................55
ANEXOS..................................................................................................................................57 
 
 
 
 
 
 
10 
 
INTRODUÇÃO 
 
Os estudos socioeconômicos são instrumentais que fazem parte do arcabouço da 
Instrumentalidade do Serviço Social enquanto profissão que atua no enfrentamento das 
expressões da Questão Social emergentes das contradições entre as classes fundamentais da 
sociedade capitalista. Os mesmos estão inseridos no âmbito das competências profissionais 
prescritas no Código de Ética dos/ as assistentes sociais. 
Dada à possibilidade contributiva que os estudos socioeconômicos assumem ao 
serem utilizados pelos assistentes sociais na busca pela compreensão da vida dos usuários e 
mediante o fato de que este é um dispositivo legal que valida o acesso dos cidadãos a serviços 
públicos das políticas sociais, benefícios e programas, investigar as correntes teóricas nas 
quais esses profissionais têm se baseado para realizar a construção desses instrumentais 
apresenta-se como algo imperioso para esta categoria profissional. 
Diante disso este estudo objetiva identificar as fundamentações teóricas que norteiam 
os estudos socioeconômicos construídos por assistentes sociais, para tanto busca-se apresentar 
a trajetória do Serviço Social na Assistência Social no Brasil, compreender o Estudo 
socioeconômico como um instrumento do processo de trabalho articulado ao Projeto Ético-
Político dos/as assistentes sociais e analisar as bases teóricas de construção dos Estudos 
Socioeconômicos como estratégia interventiva assistente social. 
Escolheu-se esta temática a partir da disciplina de Metodologia do Trabalho Social, 
componente do curso de Serviço Social, onde foi discutido o conceito, a construção e a 
utilização dos instrumentais que fazem parte das ações profissionais do/a assistentes sociais e 
que devem ser manuseados sob o enfoque do Projeto Ético-Político da profissão. 
Compreendendo o estudo socioeconômico como um instrumento que tem por finalidade 
conhecer com profundidade e de forma crítica uma determinada situação ou expressão da 
questão social, objeto de intervenção profissional especialmente nos seus aspectos 
socioeconômicos e culturais. A articulação da vida dos indivíduos singulares com as 
dimensões estruturais e conjunturais, uma vez que são estas que conformam, se torna possível 
pelo embasamento teórico que se abre a totalidade das relações sociais imperantes na 
sociedade, tornando-se importante a compreensão dos fundamentos que sustentam os estudos 
socioeconômicos. 
A metodologia empregada nesta investigação deu-se sob a abordagem qualitativa, 
utilizando as pesquisas dos tipos bibliográfica, estudo de campo, explicativa e descritiva. Para 
a coleta de dados empregou-se a entrevista semi-estruturada junto a duas assistentes sociais do 
11 
 
referido equipamento de Assistência Social na data 09 e 12 de outubro de 2018. 
Posteriormente à coleta de dados foi realizada a análise dos dados pautando-se no método 
dialético para compreensão e discussão sobre os resultados levantados. 
No primeiro capítulo almeja-se elucidar memórias históricas sobre a constituição da 
Política de Assistência Social no Brasil desde seus primórdios enquanto prática 
assistencialista e filantrópica até a conjuntura em que a mesma é instituída enquanto política 
social e direito daqueles que dela necessitarem. Não obstante, resgata-se as ligações existentes 
entre o Serviço Social e a Assistência Social, sendo o Serviço Social uma profissão que 
emerge em um contexto semelhante às origens da Assistência Social e que resguarda elos e 
possibilidades de intervenção na referida política social. 
No segundo capítulo almeja-se aprofundar conhecimentos a respeito da 
Instrumentalidade do Serviço Social. Destarte, direciona-se para uma possível apreensão do 
que significa a Instrumentalidade para essa profissão e como ela se desdobra elucidando as 
principais dimensões em que a mesma se baseia e características que a estrutura. Não 
obstante, posteriormente as explicitações a respeito da Instrumentalidade busca-se a 
fomentação sobre os aspectos referentes aos estudos socioeconômicos enquanto instrumento 
técnico-operativo de trabalho dos assistentes sociais, enfatizando-se as possibilidades que os 
mesmos apresentam para a concretização do Projeto Ético Político do Serviço Social. 
No terceiro capítulo tem-se por intuito apresentar, em um primeiro momento, o 
percurso metodológico empregado na realização desta pesquisa de modo. Em seguida, 
evidenciam-se características referentes ao Centro de Referência da Assistência Social 
Aeroporto como forma de aprofundar conhecimentos a respeito do local onde a pesquisa foi 
realizada e do contexto da instituição em que a população pesquisada está inserida. Além 
disso, busca-se refletir acerca das bases teóricas e sobre a construção dos estudos 
socioeconômicos enquanto estratégias de intervenções empregadas pelos assistentes sociais. 
Assim, este estudo debruça-se sobre os Estudos Socioeconômicos elaborados 
pelos/as Assistentes Sociais do Centro de Referência de Assistência Social - CRAS do Bairro 
Aeroporto em Juazeiro do Norte/CE como forma de compreensão de aspectosda realidade do 
processo de trabalho cotidiano do assistentes sociais. 
 
 
 
 
12 
 
CAPÍTULO 1 - MEMÓRIAS SOBRE O SERVIÇO SOCIAL E A ASSISTÊNCIA 
SOCIAL NO BRASIL 
 
Neste capítulo almeja-se elucidar memórias históricas sobre a constituição da 
Política de Assistência Social no Brasil desde seus primórdios enquanto prática 
assistencialista e filantrópica até a conjuntura em que a mesma é instituída enquanto política 
social e direito daqueles que dela necessitarem. Não obstante, resgata-se as ligações existentes 
entre o Serviço Social e a Assistência Social, sendo o Serviço Social uma profissão que 
emerge em um contexto semelhante às origens da Assistência Social e que resguarda elos e 
possibilidades de intervenção na referida política social. 
 
1.1. A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL: AS ENTRELINHAS ENTRE O 
ASSISTENCIALISMO E O DIREITO 
 
Ao analisar o movimento histórico que precede a instituição da Política de 
Assistência Social é cabível perceber que suas origens remetem-se à práticas caritativas, 
filantrópicas e assistencialistas realizadas principalmente pelas chamadas damas de caridade 
que eram vinculadas à Igreja Católica e que buscavam auxiliar as pessoas que tinham 
carências muito grandes e que comprometiam suas vidas. Destaca-se que desde a 
promulgação da Constituição de 1988, a Assistência Social consolida-se legalmente como 
direito cidadão que deve ser viabilizado para aqueles que dela necessitarem. 
É relevante destacar que as ações de assistência são realizações presentes há muito 
tempo na humanidade e que não fazem parte unicamente da civilização judaico-cristã, nem da 
sociedade moderna, tampouco da era capitalista. (CARVALHO, 2008). Esse tipo de 
solidariedade é antigo na vida dos seres humanos e possui raízes na historicidade dos 
mesmos, embora em tempos de existência dos direitos humanos, o Estado não deve mais 
praticar ações assistenciais ou benemerentes e sim materializar direitos. 
 
 
Na história da humanidade, a assistência aparece inicialmente com prática de 
atenção aos pobres, aos doentes, aos miseráveis e aos necessitados, exercida, 
sobretudo, por grupos religiosos ou filantrópicos. Ela é antes de tudo, um dever de 
ajuda aos incapazes e destituídos, o que supõe uma concepção de pobreza enquanto 
algo normal e natural ou fatalidade da vida humana. Isto contribuiu para que, 
historicamente e durante muito tempo, o direito à Assistência Social fosse 
substituído por diferentes formas de dominação, marginalização e subalternização da 
população mais pobre. (OLIVEIRA, 2005, p. 25) 
 
 
13 
 
É válido analisar que o assistencialismo emerge com direcionamento definido para 
uma determinada classe social, a classe trabalhadora, que comporta aqueles que não detêm 
sequer uma parte significativa das riquezas socialmente produzidas e que sofrem com as 
expressões da questão social
1
. Nessa conjuntura de primeiras formas da política em questão, o 
Estado não aparece em nenhuma das iniciativas, somente a Igreja Católica. 
Até a década de 1920 as circunstâncias de pobreza em que a maior parte da 
população se encontrava não eram vistas como situações de responsabilidade estatal e eram 
enfrentadas de com aparato policial. Em 1930, com o reconhecimento da Questão Social, as 
expressões da mesma foram engajadas enquanto problemáticas às quais o Estado deveria 
apresentar respostas e dessa maneira foi criada no âmbito da Assistência Social o Conselho 
Nacional de Serviço Social (CNSS), que se mostra como primeira iniciativa estatal. O 
objetivo central desse conselho voltava-se para a avaliação das solicitações de auxílio 
financeiro que eram solicitados para posteriormente encaminhá-los para o Ministério da 
Saúde e Educação, sendo estes recursos disponibilizados por instituições assistenciais e 
caritativas por intermédios de processos decisórios presidenciais. (SCHENA, 2011) 
Cabe ressaltar que mesmo que essa ação seja de grande valia para a estruturação da 
Assistência Social como política social, ela ainda não se apresenta como prática determinada 
enquanto direito. Elucida-se que na conjuntura supradita, o capitalismo estava passando pela 
crise de 1929, que ocasionou uma grande depressão na economia mundial e claramente afetou 
o Brasil também. Devido a estas questões a pauperização e problemáticas socioeconômicas se 
agravaram e as pessoas passaram a ter demandas maiores e cobraram respostas do Estado. 
Ao se falar em políticas sociais que venham a beneficiar a classe trabalhadora em 
uma sociedade capitalista e marcada pelas profundas desigualdades como é no Brasil, é 
preciso compreender que na maior parte dos casos a viabilização de direitos tende a ser uma 
ação paliativa e não uma intervenção genuinamente voltada para o bem estar daqueles que 
necessitam ter suas demandas atendidas. 
Sendo assim, dá-se ênfase à alusão de que o trato às questões cujas problemáticas 
poderiam ser respondidas através da assistência social por via das políticas sociais 
 
 
 
1
 De acordo com Carvalho e Iamamoto (2007, p. 77), ―A questão social não é senão as expressões do processo de 
formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu 
reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida 
social, da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção mais 
além da caridade e repressão‖. 
14 
 
Caracterizou-se mais pela manipulação de verbas e subvenções, como mecanismo de 
clientelismo político. Sua importância se revela apenas como marco da preocupação 
do Estado em relação à centralização e organização das obras assistenciais públicas 
e privadas (IAMAMOTO, CARVALHO, 1985, p. 256). 
 
 
A questão do clientelismo e do ideário que remete as ações da Assistência Social à 
favores prestados por políticos se constituem em elementos presentes nas origens da 
Assistência Social e que são latentes ainda na contemporaneidade. Embora tenha sido 
fundamental haver esse salto inicial para que depois fosse possível a formulação e 
implementação dessa política social, a ocorrência desses aspectos no início trazem uma 
herança negativa para a visão da assistência como direito dos cidadãos. 
Alguns anos mais tarde, precisamente em 1935, foi instituído o Departamento de 
Assistência Social do Estado, através da lei nº 2.497, sob a presidência de Getúlio Vargas, 
cuja política social era fortemente assistencialista. Logo no ano seguinte, em 1936, houve a 
formação do Departamento de Assistência Social do Estado de São Paulo, que contribuiu para 
a ampliação da formação e da quantidade de profissionais atuantes nesta política, ofertando 
inclusive um Curso Intensivo de Assistência Social. (CARMONA, 2010) 
Dando continuidade à construção desses relatos temporais elucida-se o surgimento 
em 1942 de uma grande instituição para a política central neste estudo, a Legião Brasileira de 
Assistência (LBA), cuja emersão ocorre com o intuito de promover o apoio da sociedade ao 
processo de participação do Brasil na guerra que acontecia no momento em questão e suas 
ações eram voltadas para auxiliar os cidadãos que servissem ao país indo para a guerra, bem 
como para dar assistência aos seus familiares. (IAMAMOTO; CARVALHO, 2014). 
A instituição supracitada faz parte do quadro das grandes instituições emergentes 
durante a Era Vargas. Durante esse período o Estado sob o capitalismo monopolista passa a 
desenvolver respostas mais visíveis às demandas da classe trabalhadora, embora que estas 
ainda permanecessem sendo ações emergenciais e que à longo prazo não provocava grandes 
transformações nas vidas dos sujeitos, pois ambos tinham suas necessidades urgentes 
viabilizadas, porém viviam de forma geral em condições de vida não muito favoráveis. 
Nesse mesmo espaço conjunturalo Brasil estava em pleno processo de 
industrialização que buscava elevar os lucros capitalistas, mas que para tanto intensificou a 
exploração da mão de obra dos trabalhadores, que por sua vez ocasionou o agravamento das 
expressões da questão social. Apreende-se que a LBA ampliou a abrangência da Assistência 
Social a nível nacional, mas que mesmo com o significativo e indiscutível valor que a mesma 
representa ela servia prioritariamente aos interesses capitalistas de manutenção de hegemonia 
15 
 
através do controle da classe trabalhadora que ao ter algumas de suas necessidades sanadas 
não permaneciam ativos nas lutas sociais. 
A época que se segue diz respeito ao momento histórico da Ditadura Militar que 
compreende o período de 1964-1985, o país viveu um contexto de grandes recessões de 
direitos e de intensa coerção, repressão e violação dos direitos humanos. Durante o tempo em 
que tal acontecimento durou as políticas sociais em sua maioria foram privatizadas e a 
perspectiva assistencialista foi interrompida. Entretanto, próximo ao fim, tal ditadura causou a 
efervescência dos movimentos e das mobilizações sociais que intensificaram a participação 
social dos cidadãos e culminou com a promulgação da Constituição Federal de 1988 (CF/88). 
A CF/88 é considerada um grande marco em relação aos direitos sociais e humanos e 
acarretou a oficialização da Assistência Social enquanto direito dos cidadãos e dever do 
Estado. De acordo com a referida Carta Magna, em seu artigo 194 estabelece que ―a 
seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes 
públicos e da sociedade destinado a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à 
assistência social‖. (BRASIL, 2006, p. 127). A seguridade social compreende um grandioso 
avanço em termos de legislações de direitos humanos e sociais e é vista mundialmente 
enquanto um modelo. 
Especificamente sobre a Assistência Social a CF/88, predispõe em seu artigo 203 que 
“a assistência social será prestada a quem dela necessitar, independente da contribuição à 
seguridade social‖ (BRASIL, 2006, p. 133). Os ganhos obtidos através da promulgação 
constitucional de 1988 são indiscutíveis e se constituem enquanto abertura para a estruturação 
de políticas sociais que de fato pudessem viabilizar uma maior qualidade de vida para as 
pessoas e o enfrentamento efetivo das expressões da questão social. 
Destarte mesmo com esse grande aparato legal em vigência ainda perdura na 
Assistência Social o ideário presente nos seus primórdios. 
 
 
Embora tenha composto o tripé constitucional da seguridade social ao lado da saúde 
e da previdência social, a partir de 1988, a Assistência Social nunca se livrou 
absolutamente dos ranços conservadores de sua gênese, tais como o 
assistencialismo, o clientelismo, o primeiro damismo, seu uso como estratégias 
patrimonialista e o principal: sua materialização como medida de coesão social 
voltada à manutenção de poder político das ―elite‖ associada a subalternização dos 
usuários de serviços e bens assistenciais (PAULA, 2013, p. 89) 
 
 
 
16 
 
Uma percepção crítica a respeito das circunstâncias que a Assistência Social assumiu 
após a CF/88 possibilita a apreensão de que a mesma ainda na atualidade não faz uso de seu 
potencial e não prima unilateralmente pelo bem estar dos cidadãos e pelo enfrentamento das 
problemáticas vivenciadas por ambos com vistas ao desenvolvimento e emancipação destas 
pessoas. Porém, mesmo com os resquícios da parte negativa da herança de origem, a 
formulação de novos instrumentos legais para sistematização dessa política teve continuidade. 
Saluta-se a criação da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), em 07 de dezembro 
de 1993 sob a lei nº 8.742, que reitera a responsabilidade do Estado no provimento das 
demandas dos cidadãos garantindo seu acesso aos direitos. A LOAS se institui como 
legislação com vistas ao estabelecimento de critérios e normas organizacionais, corroborando 
também para à adição de um Plano de Assistência Social e de um Fundo de Assistência 
Social. Assim, ressalta-se os objetivos da LOAS presente em seu artigo 2º preconiza 
 
 
I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção 
da incidência de riscos, especialmente: a proteção à família, à maternidade, à 
infância, à adolescência e à velhice; o amparo às crianças e aos adolescentes 
carentes; a promoção da integração ao mercado de trabalho; a habilitação a 
reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à vida 
comunitária; e a garantia de um salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com 
deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria 
manutenção ou de tê-la provida por sua família. (BRASIL, 1993, p. 9) 
 
 
A organização da LOAS rege-se pelos seguintes princípios: I- supremacia do 
atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica; II- 
universalização dos direitos sociais; III-respeito à dignidade do cidadão; IV-igualdade de 
direitos no acesso ao atendimento; V- divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e 
projetos assistenciais (BRASIL, 1993) 
É de grande valia considerar que a lei supramencionada possui um papel 
preponderante do que tange a sistematização e gestão dessa política, sendo essencial para a 
sua expansão. 
É fundamental contextualizar que alguns anos após o estabelecimento da CF/88 
houve uma contra resposta do sistema capitalista – que por sua vez não admite uma 
melhoria e o alcance do bem estar da classe trabalhadora, posto que o cerne do 
funcionamento desse modo de produção é a exploração e a apropriação da mão de obra 
trabalhadora e a manutenção da hegemonia da classe burguesa sobre a classe proletariada – 
que para perdurar sua lógica de dominação, extração do lucro e da riqueza socialmente 
produzida engendrou a agenda neoliberal, que por sua vez se posicionou enquanto uma 
17 
 
grande barreira para a viabilização dos predispostos na CF/88. Tal acontecimento data dos 
anos 1970 e promoveu a Reforma do Estado brasileiro. 
Segundo Laurel (2002, p. 167), ―dentro das estratégias concretas da implantação da 
política social neoliberal estão o corte nos gastos sociais, a privatização, a centralização dos 
gastos sociais públicos em programas seletivos contra a pobreza e a descentralização‖. 
Percebe-se que as estratégias neoliberais são claramente postas como empecilhos para a 
materialização dos direitos especialmente em aqueles em relação à Seguridade Social e aos 
demais direitos sociais e humanos. 
 
 
Nos conjuntos das orientações indicadas no consenso, inspiradas pelo receituário 
teórico neoliberal, que teve adoção em quase todos os países do mundo, na 
década de 1980, estão: a indicação para desestruturação dos sistemas de proteção 
social vinculados às estruturas estatais e a orientação para que os mesmos passem 
a ser gestados pela iniciativa privada. (COUTO, 2006, p.145) 
 
 
Pondera-se que frente às profundas transformações decorrentes do neoliberalismo os 
sistemas de proteção e seguridade social foram abalados e interferiram diretamente nos rumos 
do desenvolvimento humano das pessoas que não conseguem mais acessar as políticas 
sociais, postos que elas estão cada vez mais sucateadas, seletivas e com grande carência de 
recursos e são alcançadas apenas por uma ínfima parte daqueles que precisam delas e que têm 
direito de ter acesso a elas. 
Mesmo diante deste cenário de retrocessos em 2004, instituiu-se a Política Nacional 
de Assistência Social cujo objetivo principal é organizar o Sistema Único de Assistência 
Social (SUAS). É crucial ter clareza que a legalização de uma política com abrangência 
nacional contribuiu demasiadamente para a sistematização da Assistência Social no tocante ao 
fortalecimento e detalhamento de sua gestão, benefícios, programas e serviços 
disponibilizados para apopulação. Além disso, no rol de suas contribuições, tal política traz 
consigo elementos como a descentralização, a municipalização, o princípio democrático e a 
participação social. 
Mesmo com esses aspectos consideravelmente positivos, alguns desafios foram 
postos para o SUAS. 
 
 
A implantação do SUAS exige romper com a fragmentação programática. Exige 
separar o paralelismo de responsabilidades entre as três esferas de governo. Exige 
construir referências sobre a totalidade de vulnerabilidades e riscos sociais 
superando a vertente de análise segregadora em segmentos sociais sem compromisso 
com a cobertura universal e o alcance da qualidade dos resultados. (SPOSATI, 2004, 
p.173). 
18 
 
 
 
É mister ressalvar que ao longo dos anos muitos ganhos foram conquistados em 
relação à Política de Assistência Social. É indispensável creditar que a contemporaneidade 
apresenta desafios para a materialização dos direitos sociais e das ações através dessa política, 
o que deve ser considerado um problema nacional a fazer parte das agendas dos políticos do 
Brasil como uma meta a ser alcançada, posto que o cenário atual apresenta uma profunda 
crise para a classe trabalhadora que é maioria em termos de quantidade populacional. 
Houveram avanços e retrocessos também, mas não se deve ceder à tantas regressões. E 
mesmo tendo se tornado um direito, a Assistência Social ainda resguarda traços 
assistencialistas. 
Mediante os fatos expostos é possível perceber que viabilizar direitos e materializá-
los é uma tarefa complexa que deve ser enfrentada cotidianamente por aqueles que atuam na 
referida política, como é o caso dos assistentes sociais, profissionais do Serviço Social que 
possuem suas protoformas intimamente ligadas as origens da Assistência Social e que até os 
dias atuais fazem parte das equipes profissionais que a gestam e que a executam. Sendo assim, 
estudar e refletir sobre as conexões entre ambas mostra-se bastante proveitoso. 
 
1.2. O SERVIÇO SOCIAL NA ASSISTÊNCIA SOCIAL: ORIGENS, CONEXÕES E 
POSSIBILIDADES 
 
O Serviço Social é uma categoria profissional que faz parte na contemporaneidade 
do rol de profissões inseridas no sistema de trabalho capitalista. Trata-se de uma profissão que 
possui uma história de mais de 80 anos no Brasil, Conselho Federal e Conselhos regionais 
além do aparato legal, Código de Ética - Lei nº 8.662 de 1993 e o Projeto Ético Político 
Profissional. Os assistentes sociais atuam no enfrentamento das expressões da questão social, 
que por sua vez são respondidas pelo Estado através das políticas sociais. Nesse sentido, a 
profissão intervém principalmente na gestão e execução das políticas sociais (embora também 
atue no setor privado e no Terceiro Setor
2
), das quais destaca-se a Assistência Social, política 
que resguarda conexões antigas com o Serviço Social. 
 
2
 Geralmente entendido como o conjunto de Organizações Não Governamentais e instituições privadas sem fins 
lucrativos e organizado pela Sociedade Civil, retrata conceitos ainda não aprofundados. De acordo com Montaño 
(2007, p. 54-55), ―Quando os teóricos do ―terceiro setor‖ entendem este conceito como superador da dicotomia 
público/privado, este é verdadeiramente o ―terceiro‖ setor, após o Estado e o mercado, primeiro e segundo, 
respectivamente; o desenvolvimento de um ―novo‖ setor que viria dar as respostas que supostamente o Estado já 
não pode dar e que o mercado não procura dar. Porém, ao considerar o ―terceiro setor‖ como a sociedade civil, 
19 
 
É crucial informar que o Serviço Social e a Assistência Social emergiram na mesma 
conjuntura histórica e os elementos constitutivos da origem de ambas são semelhantes, uma 
vez que as mesmas em seus primórdios voltavam-se para ações de cunho assistencialista, 
caritativo, filantrópico, vinculado à Igreja Católica. Suas ascensões podem ser confundidas. 
Entretanto, concebe-se que a Assistência Social surge como ação a ser realizada e o Serviço 
Social como executor dessas ações. 
Para que se possa entender com maior clareza as gêneses da Assistência Social e do 
Serviço Social é imprescindível situar-se no contexto e nos fatores constituintes do 
nascimento de ambas. Resgata-se que isto se deu doravante os anos 1930 com o 
reconhecimento da existência da questão social, elemento central tida como algo proveniente 
das contradições entre as duas classes principais do sistema capitalista, a classe burguesa e a 
classe trabalhadora. Enfatiza-se que tal reconhecimento deu-se devido às consequências 
oriundas da crise mundial de 1929. 
A crise capitalista de 1929 ocasionou uma queda brusca na capacidade de consumo 
da população e gerou o agravamento das problemáticas sociais causando a visibilidade das 
mesmas. Isto posto, houve a necessidade de que algo fosse feito para que a classe trabalhadora 
pudesse ter possibilidade de encarar essas questões. ―A crise do comércio internacional em 
1929 e o movimento de outubro de 1930 representam um marco importante para a sociedade 
brasileira‖ e são vistos enquanto ―momentos centrais de um processo que leva a uma 
reorganização das esferas estatal e econômica‖ (IAMAMOTO; CARVALHO, 2014, p. 136). 
Nesse momento, a classe trabalhadora passou a reivindicar ações que pudessem dar respostas 
às demandas emergentes da referida crise. E é nesse cenário que a Assistência Social começa 
a ser praticada e que o Serviço Social inicia sua atuação. 
É essencial perceber que sob tais circunstâncias a Assistência Social não possuía a 
concepção de seu acesso como um direito e o Serviço Social não usufruía de nenhuma 
criticidade ou a visão de atuar como viabilizador de direitos. A palavra de ordem nesse 
momento é assistencialismo, pois tanto a profissão quanto a política (que ainda não eram 
instituídos nem ideologicamente e nem legalmente dessa maneira) norteavam-se pelo ideário 
benemerente e realizavam suas ações direcionados pelos princípios religiosos de caridade da 
Igreja Católica. 
 
 
 
historicamente ele deveria aparecer como o ―primeiro‖. Esta falta de rigor só é desimportante para quem não 
tiver a história como parâmetro da teoria‖. 
 
20 
 
A mobilização do laicado de que se origina o Serviço Social não tem, nem explícita 
nem implicitamente, um sentido de transformação social. Pelo contrário, a 
experiência de salvação pessoal será o fundamento dessa internalização, e o 
apostolado, a extrapolação dessa experiência do plano pessoal para o social. Essa 
internalização a partir de uma valorização seletiva daquela constelação de valores e 
critérios éticos e morais, e a generalização para o social de uma experiência 
particular e subjetiva estão na base de características essenciais do Serviço Social. 
(IAMAMOTO; CARVALHO, 2014, p. 244) 
 
 
Destarte, é oportuno perceber que os interesses norteadores das intervenções da 
Igreja Católica não possuíam como intuito promover mudanças na compreensão de mundo 
daqueles que eram assistidos de forma assistencialista, pois eram medidas paliativas e de 
cunho pessoal daqueles que praticam para serem intitulados socialmente como boas pessoas. 
A prática da ajuda caridosa em nada se aproxima com a perspectiva de direito, principalmente 
porque não partia do Estado. É pertinente analisar que os interesses da Igreja Católica serviam 
intrinsecamente aos interesses capitalistas, posto que a filantropia evitava a mobilização 
popular e a efervescência das lutas de classe e controlava as massas que ao terem suas 
necessidades sanadas de maneira emergencial não reivindicavam de forma intensa a resolução 
das problemáticas vivenciadas e consequentemente permaneciam tendo sua mão de obra 
explorada e extraída pelo capital. 
Com aformação do Departamento de Assistência Social do Estado de São Paulo, em 
1936, além da ampliação da formação e da quantidade de profissionais atuantes nesta política, 
salienta-se que o Curso Intensivo de Assistência Social promovido por esse departamento era 
solicitado pelo Estado e formava assistentes sociais como agentes sociais requisitados a 
intervir na racionalização da assistência e no controle das massas. (CARMONA, 2010) 
Salienta-se que esse contexto conjuntural se constrói mediante os mandatos do 
presidente Getúlio Vargas que implementou a industrialização e a ótica desenvolvimentista no 
país. Como dito anteriormente, é no marco da Era Vargas que são instaladas as primeiras 
instituições voltadas para a Assistência Social a partir do Estado. Na década seguinte, a partir 
de 1940 houve a criação das chamadas grandes instituições (consideradas símbolos das 
ampliações das responsabilidades do Estado frente às expressões da questão social), das quais 
destaca-se a LBA já mencionada anteriormente, que teve considerável significância para a 
Assistência Social. Nessa época o capitalismo estava na fase monopolista e logo o Serviço 
Social foi chamado pelo Estado para intervir no controle da classe trabalhadora, sendo assim, 
foi institucionalizado. 
 
 
 
21 
 
Foi nesse terreno sócio-histórico de ampliação dos serviços e constituição das 
grandes instituições estatais e privadas, racionalização, tecnização e especialização 
das ações profissionais, com o objetivo de aprimorar e aperfeiçoar as formas de 
controle das mazelas sociais, que o Serviço Social surgiu como uma profissão 
privilegiada e socialmente legitimada para lidar com a ―questão social‖. (SILVA, 
2013, p. 125) 
 
 
Apesar de ter sido institucionalizado sobre bases um tanto diferentes das suas 
protoformas, após esse marco o Serviço Social passou a ser executor de políticas sociais cujo 
principal intuito era amenizar as lutas de classes e promover o controle das massas de maneira 
que estas não pudessem atrapalhar o andamento da máquina capitalista que precisava manter 
os trabalhadores ajustado à ordem social hegemônica para dar continuidade à lucratividade do 
sistema. 
Sequencialmente menciona-se a época ditatorial, ocorrida dos anos 1964 até os anos 
1985 que com o grande acontecido galgado gradativamente em seus anos finais (a 
redemocratização do país) contribuiu para a Assistência Social e foi palco também de uma 
fundamental transformação no Serviço Social. A redemocratização do país além de propiciar 
a definição da referida política enquanto direito cidadão, abriu espaço para o Movimento de 
Reconceituação do Serviço Social no país, que por sua vez permitiu que a categoria 
profissional questionasse a funcionalidade de suas intervenções e promovesse reflexões, 
diálogos e tomadas de decisões que viabilizaram grandes avanços. 
 
 
Entendemos por renovação o conjunto de características novas, que no marco das 
constituições da autocracia burguesa, o Serviço Social articulou, à base do rearranjo 
de suas tradições (...), procurando investir-se como instituição de natureza 
profissional dotada de legitimação prática, através de respostas a demandas sociais e 
da sua sistematização, e de valorização teórica, mediante a remissão às teorias e 
disciplinas sociais. (NETTO, 2005, p. 131) 
 
 
Assim sendo, o Serviço Social se aproximou de novas teorias para superar a sua 
função como mero executor de políticas sociais, tornando-se uma profissão que tem como 
teoria norteadora principal a Teoria Social Crítica e o Materialismo Histórico e Dialético de 
Karl Marx, que admite o pluralismo e assume uma maior criticidade em relação a sua 
funcionalidade na sociedade. Pondera-se que não houve uma completa ruptura com o 
tradicionalismo, porém houve a intenção de ruptura que trouxe consigo um novo norte para a 
profissão e corroborou para o desenvolvimento do Projeto Ético Político do Serviço Social. 
Aponta-se que ao reconceituar-se enquanto profissão a intervir na realidade de 
maneira crítica, comprometida, ética e em busca de transformações na vida das pessoas e do 
desenvolvimento de estratégias que permitam que os sujeitos enfrentem as expressões da 
22 
 
questão social que vivenciam o Serviço Social pode contribuir para que a Assistência Social 
possa ser materializada enquanto direito dos cidadãos. Ao assumir um novo norte profissional 
essa categoria para a lutar pela superação das desigualdades entre as classes sociais. 
Entretanto as discussões a respeito das possibilidades de atuação da profissão em 
questão na Assistência Social trazem à tona um desafio latente vivenciado por ambas: superar 
a perspectiva assistencialista. 
É preeminente que os assistentes sociais que atuam na Assistência Social lutem 
contra a consolidação da ―assistencialização das políticas sociais‖, pois isso pode causar 
retrocessos tanto na profissão quanto na política. É essencial que estes profissionais 
distanciem-se do neoconservadorismo e das práticas tradicionalistas e retrógradas. Nesse 
sentido, são requeridos assistentes sociais que possam estar sempre atualizando o processo de 
autocrítica no exercício profissional e que permaneça defendendo intransigentemente os 
direitos dos usuários. (ORTIZ, 2011) 
No mesmo ano em que foi instituída a LOAS foi preconizado o Código de Ética 
dos/as Assistentes Sociais, lei nº 8.662, que dispõe sobre os princípios, diretrizes, direitos e 
deveres dos/as assistentes sociais e dá outras providências. Assim, o processo histórico de 
estruturação legal de ambos segue linhas de desenvolvimento próximas uma da outra. 
Outro elemento relevante a ser explicitado está em torno das atribuições e 
competências regulamentadas que estabelecem os parâmetros de atuações dos assistentes 
sociais na Assistência Social. 
Na supramencionada política dentre as atribuições e competências dos assistentes 
sociais cabe a estes: apreender de maneira crítica os processos que lançam-se nas relações e 
reproduções sociais numa perspectiva de totalidade; compreender o significado social da 
profissão e sua trajetória sócio-histórica para que as intervenções sejam efetivadas de acordo 
com as possibilidades existentes na realidade; analisar a movimentação histórica do Brasil, 
aprendendo as particularidades do desenvolvimento capitalista no país e as características 
regionais; identificar as demandas da sociedade e dos usuários, com o intuito de dar respostas 
para o enfrentamento da Questão Social, sem negar as articulações existentes atualmente entre 
os setores públicos e privados. (CFESS, 2011) 
Diante disso, fica evidenciado que a Assistência Social e o Serviço Social abrigam 
conexões entre si desde suas matrizes originárias e que tais ligações permanecem presentes 
mesmo na contemporaneidade afinal de contas ambas estão estreitamente vinculadas a um 
componente central na historicidade das mesmas: a questão social e suas expressões. Desta 
23 
 
maneira, por terem como elemento basilar as expressões da questão social enquanto este 
existir tal política e tal profissão permanecerão resguardando relações. 
Na contemporaneidade as políticas sociais estão cada vez mais sucateadas, seletivas, 
excludentes e precarizadas, realidade na qual se insere a Assistência Social. Como 
profissional que intervém através dessa política os assistentes sociais tem tido que recorrer aos 
seus aparatos legais e aos seus instrumentais técnico-operativos (sem desvincular-se das 
dimensões ético-política e teórico-metodológica) para gestar e executar a Assistência. Dentre 
esses instrumentais sublinha-se nesta pesquisa os estudos socioeconômicos que são um 
relevante aparato utilizado pelos assistentes sociais para realizar a mediação entre as 
demandas da classe trabalhadora e os dispostos pelo Estado. Em tal caso, faz-se essencial 
pormenorizar as contribuições deste instrumental para os assistentes sociais.24 
 
CAPÍTULO 2 - A ALIANÇA ENTRE O SERVIÇO SOCIAL E OS ESTUDOS 
SOCIOECONÔMICOS 
 
Neste capítulo almeja-se aprofundar conhecimentos a respeito da Instrumentalidade 
do Serviço Social, que é tida como elemento imprescindível e indissociável do exercício 
profissional dessa categoria e da práxis social que seus profissionais buscam realizar no 
cotidiano do processo de trabalho dos assistentes sociais. Destarte, direciona-se para uma 
possível apreensão do que significa a Instrumentalidade para essa profissão e como ela se 
desdobra elucidando as principais dimensões em que a mesma se baseia e características que a 
estrutura. 
Não obstante, posteriormente as explicitações a respeito da Instrumentalidade busca-
se a fomentação sobre os aspectos referentes aos estudos socioeconômicos enquanto 
instrumento técnico-operativo de trabalho dos assistentes sociais, enfatizando-se as 
possibilidades que os mesmos apresentam para a concretização do Projeto Ético Político do 
Serviço Social, uma vez que este último se constitui como um dos principais norteadores da 
práxis cujo alcance é uma das metas do Serviço Social. 
 
 
2.1. DESVELAR A REALIDADE PARA MEDIAR: A INSTRUMENTALIDADE DO 
SERVIÇO SOCIAL 
 
O Serviço Social é uma profissão presente no Brasil há quase um centenário e sua 
historicidade é marcada por transições e transformações ligadas às diferentes conjunturas 
históricas e dialéticas ocorridas ao longo dos anos no país e que o fizeram passar de prática 
caritativa vinculada aos interesses da Igreja Católica à profissão inserida no mercado de 
trabalho da sociedade capitalista cujo principal empregador é o Estado e o principal âmbito de 
trabalho é o setor público especificamente através das políticas sociais. Destaca-se que o 
cerne ou objeto de estudo/trabalho dos assistentes sociais mesmo ainda em seus primórdios 
até a contemporaneidade são as expressões da questão social. Ao se compreender que o 
Serviço Social se trata de uma categoria de trabalho, deve-se perceber a imperial necessidade 
de que o mesmo tenha estrutura, direcionamentos, regulamentações e mecanismos que 
possibilitem a execução de ações que materializem a prática dos seus profissionais. Isto posto, 
verifica-se a precisão de que exista no seio dessa profissão o que se chama de 
Instrumentalidade. 
25 
 
 
 
A instrumentalidade é uma propriedade e/ou capacidade que a profissão vai 
adquirindo na medida em que concretiza objetivos. Ela possibilita que os 
profissionais objetivem sua intencionalidade em respostas profissionais. É por meio 
desta capacidade, adquirida no exercício profissional, que os assistentes sociais 
modificam, transformam, alteram as condições objetivas e subjetivas e as relações 
interpessoais e sociais existentes num determinado nível da realidade social: no 
nível do cotidiano. [...] Na medida em que os profissionais utilizam, criam, adequam 
às condições existentes, transformando-as em meios/instrumentos para a objetivação 
das intencionalidades, suas ações são portadoras de instrumentalidade. (GUERRA, 
2007, p. 02) 
 
 
Realizando uma interpretação do supracitado, é possível creditar que a 
Instrumentalidade do Serviço Social compreende todo o arcabouço que a profissão dispõe 
para realizar as suas ações e que este não se encerra de forma alguma apenas em ações 
desconectadas do contexto em que os sujeitos das intervenções estão inseridos. É mister que 
se perceba que a mesma está presente desde a formação dos assistentes sociais e que ela está 
intrinsecamente conectada aos acontecimentos conjunturais da sociedade capitalista sendo 
materializada quando os assistentes sociais se apropriam de conhecimentos que lhes permitam 
desvelar a realidade dos sujeitos usuários e as expressões da questão social que estes estão 
vivenciando e a partir disso escolhe de forma autônoma e consciente as estratégias, 
instrumentos e aparatos que se precisa para intervir na realidade cotidiana dos sujeitos e 
contribuir para que haja mudanças e que esses sujeitos tenham seus direitos garantidos. 
Para refletir sobre o significado sociohistórico da Instrumentalidade é de grande valia 
levar-se em conta a constituição e estrutura das políticas sociais e suas requisições para os 
assistentes sociais, pois as mesmas apresentam cotidianamente determinações que interferem 
no dinamismo do exercício profissional. Diante disso salienta-se que ―a natureza 
(compensatória e residual) e o modo de se expressar das políticas sociais (como questão de 
natureza técnica, fragmentada, focalista, abstraída de conteúdos econômico-políticos)‖ 
produzem impactos para a profissão ocasionando dois desafios a serem superados pelos 
assistentes sociais: a dificuldade dos profissionais apreenderem as políticas sociais numa 
perspectiva de totalidade, que por sua vez implica em intervenções fragmentadas; a exigência 
de que os profissionais venham a aderir e adotar procedimentos instrumentais fincados no 
imediatismo e na manipulação das variáveis (GUERRA, 2007, p. 7-8). 
O que se traduz enquanto acontecimentos que impedem o alcance daquilo que a 
profissão se propõe a fazer: intervir na realidade dos sujeitos através das políticas sociais para 
desenvolver e possibilitar estratégias de enfrentamento e superação das expressões da questão 
social. Ora, pois, se a Instrumentalidade deve apontar meios para que os objetivos 
26 
 
profissionais sejam atingidos ela deveria concentra-se unilateralmente em formas de chegar a 
esse objetivo, mas como seus profissionais são estão inseridos na sociedade capitalista e não 
podem desvincular-se totalmente das relações/reproduções capitalistas e de sua égide muito 
presente através do Estado, muitos profissionais acabam por realizar intervenções que 
divergem da defesa de direitos e atua mais em prol dos interesses capitalistas. 
É importante captar que a instrumentalização na sociedade capitalista está 
condicionada ao fetichismo que está imbricado nas relações sociais e que provocam a 
apresentação de uma falsa realidade que é alienada e obscurecida e escondida pela ideologia 
capitalista. Semelhantemente a essas deturpações da realidade presentes na sociedade, no 
Serviço Social ainda permanece latente visões que promovem a confusão do que se trata 
concretamente a Instrumentalidade, confundindo-a com os instrumentos de trabalho (LIMA, 
2012). 
Cabe mencionar que essa prática está ainda muito presente em uma profissão que 
possui a Teoria Social crítica de Karl Marx como principal base teórica, mas que também 
resguarda o pluralismo e por assim dizer, ainda possui profissionais que atuam de maneira 
conservadora e tradicionalista e que não conseguem traduzir a realidade de forma crítica e 
consciente e enveredam suas práticas por caminhos que distanciam-se da garantia de direitos e 
defesa da classe trabalhadora. Frente a esta imposição de usufruir da Instrumentalidade de 
maneira a responder primordialmente às demandas da classe trabalhadora e ao mesmo tempo 
ter que conciliar as requisições do Estado e do capitalismo em meio ao contexto real que 
emerge das contradições entre capital e trabalho, frisa-se que a Instrumentalidade dispõe de 
um elemento preponderante e que deve ser indissociável: a mediação. 
 
 
Tratar-se-á aqui da instrumentalidade como uma mediação que permite a passagem 
das ações meramente instrumentais para o exercício profissional critico e 
competente. Como mediação, a instrumentalidade permite também o movimento 
contrário: que as referências teóricas, explicativas da lógica e da dinâmica da 
sociedade, possam ser remetidas à compreensão das particularidades do exercício 
profissional e das singularidades do cotidiano. Aqui, a instrumentalidade sendo uma 
particularidade e como tal, campo de mediação, é o espaço no qual a cultura 
profissional se movimenta. Da cultura profissional os assistentes sociais recolhem e 
na instrumentalidade constróem os indicativosteórico-práticos de intervenção 
imediata, o chamado instrumental-técnico ou as ditas metodologias de ação. 
(GUERRA, 2007, p. 13) 
 
 
Para realizar a mediação os assistentes sociais dispõem de três dimensões principais 
que direcionam o fazer profissional e que são basilares e indissociáveis uma da outra, a saber, 
as mesmas as dimensões: teórico-metodológica (teoria/teorias que fomentam as intervenções 
27 
 
através dos conhecimentos adquiridos e apontam formas para realizá-las); ético-política 
(consciência ética e política dos objetivos da profissão e de seu compromisso com a classe 
trabalhadora que devem estar vívida nas ações); técnico-operativa (aparatos legais, 
instrumentais e regulamentações que aliados à capacidade dos assistentes sociais desvelarem a 
realidade são escolhidos de forma autônoma para que os mesmos materializem direitos). 
 
 
A competência teórico-metodológica, técnico-operativa e ético-política são 
requisitos fundamentais que permite ao profissional colocar-se diante das situações 
com as quais se defronta, vislumbrando com clareza os projetos societários, seus 
vínculos de classe, e seu próprio processo de trabalho. Os fundamentos históricos, 
teóricos e metodológicos são necessários para apreender a formação cultural do 
trabalho profissional e, em particular, as formas de pensar dos assistentes sociais 
(ABEPSS, 1996, p.7). 
 
 
Nesse sentido o processo de formação dos assistentes sociais tem importância 
incalculável para os assistentes sociais, principalmente ao se considerar que ele não se encerra 
ao término das graduações, especializações, mestrados, doutorados e pós-doutorados. Ela faz 
parte do cotidiano dos profissionais que devem ter um olhar diferenciado e evitar cair na falsa 
apreensão de que teoria e prática são dicotômicas, pois a teoria fornece a base para que ao se 
deparar com a realidade das políticas sociais e demais setores em que os assistentes sociais 
atuam a prática tem alicerces que vislumbrem determinado resultado e não que sejam avulsas 
e deslocadas do propósito central do Serviço Social. 
É imprescindível ter clareza de que todas as dimensões do Serviço Social são 
fundamentais para as práticas profissionais, posto que para intervir de maneira responsável na 
vida dos sujeitos com vistas ao alcance de transformações que melhorem a vida dos mesmos é 
essencial compreender as possibilidades de atuação e em que deve consistir as intervenções 
profissionais. Esta é uma tarefa complexa que demanda profissionais comprometidos e 
atentos aos princípios norteadores da profissão, mesmo porque entender a realidade pautando-
se na totalidade, mas respeitando as singularidades e particularidades das realidades dos 
sujeitos alvo das ações profissionais além do contexto em que os mesmos estão inseridos 
requer atenção, clareza, compromisso e uma visão que enxergue a profundidade das relações 
sociais que está mascarada pelo capital. 
 
 
A leitura hoje predominante da ―prática profissional‖ é de que ela não deve ser 
considerada ―isoladamente‖, ―em si mesma‖, mas em seus ―condicionantes‖, sejam 
eles ―internos‖ – os que dependem do desempenho profissional – ou ―externos‖ – 
determinados pelas circunstâncias sociais nas quais se realiza a prática do assistente 
social. Os primeiros são geralmente referidos a competências do assistente social 
como, por exemplo, acionar estratégias e técnicas; a capacidade de leitura da 
28 
 
realidade conjuntural, a habilidade no trato das relações humanas, a convivência 
numa equipe interprofissional etc. os segundos abrangem um conjunto de fatores 
que não dependem exclusivamente do sujeito profissional, desde as relações de 
poder institucional, os recursos colocados à disposição para o trabalho pela 
instituição ou empresa que contrata o assistente social; as políticas sociais 
específicas, os objetivos e demandas da instituição empregadora, a realidade social 
da população usuária dos serviços prestados etc. (IAMAMOTO, 2003, p. 94) 
 
 
É inegável que no cotidiano do processo de trabalho os assistentes sociais precisarão 
empreender a Instrumentalidade de maneira crítica, propositiva e estratégica, tendo em vista 
que cada espaço sócio ocupacional irá apresentar requisições e exigências que podem ser 
diferentes de um espaço para o outro, mas que vinculam-se de maneira estrutura às expressões 
da questão social, aos interesses capitalistas e às lutas de classe, pois as políticas sociais 
deveriam estar focalizadas em dar respostas às demandas da classe trabalhadora, mas tem sido 
empregada pelo Estado, principalmente na contemporaneidade, como estratégias capitalista 
imediatista e paliativa para promover o controle das massas, mesmo com a existência do 
ideário e das legislações que instituem os cidadãos como sujeitos de direitos. Assim, 
 
 
As estratégias e técnicas de operacionalização devem estar articuladas aos 
referenciais teórico-críticos, buscando trabalhar situações da realidade como 
fundamentos da intervenção. As situações são dinâmicas e dizem respeito à relação 
entre assistente social e usuário frente as questões sociais. As estratégias são, pois, 
mediações complexas que implicam articulações entre as trajetórias pessoais, os 
ciclos de vida, as condições sociais dos sujeitos envolvidos para fortalecê-los e 
contribuir para a solução de seus problemas/questões (ABEPSS, 1996, p.14). 
 
 
Fica evidenciado que a Instrumentalidade do Serviço Social é complexa e se 
estrutura em vários componentes que estão para muito além de meros instrumentais, pois ela 
requer profissionais que tenham as devidas competências, que tenham habilidade para utilizá-
las no seu processo de trabalho e atitude para empreendê-las de forma crítica e consciente. 
Não se afirma aqui que as ações imediatas são completamente equívocas, pois existem 
situações específicas em que elas são necessárias. Porém, elas não devem ser as únicas vias do 
fazer profissional dos assistentes sociais. 
Saluta-se a imperiosa urgência em se formar ―um profissional capaz de privilegiar a 
defesa dos direitos sociais, a ampliação da cidadania e a consolidação da democracia, com 
uma competência a ser adquirida nas várias dimensões que compõem o agir profissional‖ 
(SANTOS, 2006, p. 60). 
Como o Serviço Social atua de forma veementemente atrelada aos contextos 
conjunturais, que por sua vez também provocam o surgimento de exigências quanto à 
Instrumentalidade dessa categoria profissional é de grande valia mencionar que a atual 
29 
 
conjuntura está sob a égide da agenda neoliberalista que traz consigo uma gama de 
retrocessos no campo dos direitos sociais, civis e humanos e que interfere negativamente na 
gestão e execução das políticas sociais devido às suas configurações - precarização, 
terceirização, privatização, retração do Estado e cortes com o social – que sucateam essas 
políticas, as torna seletivas e afasta-se do caráter de direito que elas possuem, dificultando a 
práxis do fazer profissional dos assistentes sociais. 
Dentre as implicações que o atual estágio capitalista (de crise e recessão de direitos) 
é possível mencionar duas tendências teóricas com as quais a mesma de defronta: uma 
pertencente ao neoconservadorismo oriundo das teorias pós-modernas que desemboca a 
concepção de uma intervenção pautada na fragmentação e na compreensão das práticas 
profissionais restritas às demandas mercadológicas, que não permitem que os profissionais 
ultrapassem a superficialidade dos fenômenos sociais; e a outra vincula-se à tradição marxista 
e fomenta práticas profissionais que possuem foco em uma compreensão da realidade pautada 
na perspectiva de totalidade, de caráter histórico e ontológico, que possa contemplar a 
particularidade à universalidade, percebendo também os determinantes objetivos e subjetivos 
dos fenômenos sociais. (SIMIONATTO, 2009). 
Reitera-se que a existência de correntes teóricas diferentesuma da outra no interior 
do Serviço Social é um demonstrativo do caráter pluralista que o mesmo assumiu no processo 
de sua constituição como se encontra na contemporaneidade e a presença do conservadorismo 
com outras roupagens ainda é parte integrante da teorização de muitos profissionais. O que 
não significa dizer que as concepções neoconservadoras estejam em consonância com o 
projeto profissional da categoria, uma vez que como profissão que defende 
intransigentemente os direitos dos sujeitos, a justiça, a equidade e a construção de um novo 
projeto societário (sendo este último pouco defendido no fazer profissional de grande parte 
dos assistentes sociais) a materialização nas intervenções de teorias tradicionais e 
conservadoras distancia-se dos objetivos profissionais. 
Entretanto, enfatiza-se que o neoliberalismo também pode ser constituído enquanto 
espaço no qual os assistentes sociais podem concretizar a práxis ao passo que a presença do 
ideário neoconservador pode ser visto como ―âmbito privilegiado do exercício profissional e 
lugar onde a profissão participa de processos de resistência e constrói alianças estratégicas na 
direção de outro projeto societário‖ (YASBEK, 2014, p. 678). 
Ao dispor de seu aporte teórico, da ética e do conjunto de técnicas disponíveis para 
intervir na realidade das pessoas de forma crítica e a partir do desvelamento da realidade de 
maneira aprofundada – mesmo em conjunturas marcadas por retrocessos – o Serviço Social 
30 
 
corrobora com o fortalecimento de formas de resistência para a profissão e para a classe 
trabalhadora. Isto posto reflete-se que a Instrumentalidade do Serviço Social está 
intrinsecamente atrelada ao cotidiano do fazer profissional, posto que é ela quem materializa 
as ações profissionais dos assistentes sociais e embora parte dela possa estar voltada para a 
realização de intervenções de cunho imediatista, paliativo e fragmentado, a mesma está 
imbuída de intencionalidades, instrumentais, aparatos teóricos, capacidades, competências e 
atribuições que fomentam possibilidades de práxis por esses profissionais. 
Embora existam equívocos quanto à funcionalidade e ao cerne da Instrumentalidade 
e seus desdobramentos, para que esta possa ser materializada de maneira condizente ao que o 
Serviço Social está comprometido a concretizar é valoroso denotar que na 
contemporaneidade, 
 
 
Requisita-se um profissional culto, crítico e capaz de formular, recriar e avaliar 
propostas que apontem para a progressiva democratização das relações sociais. 
Exige-se, para tanto, compromisso éticos-político com os valores democráticos e 
competência teórico-metodológica na teoria crítica em sua lógica de explicação da 
vida social. Esses elementos, aliados à pesquisa da realidade, possibilitam decifrar 
situações particulares com que se defronta o assistente social no seu trabalho, de 
modo a conectá-los aos processos sociais macroscópicos que as geram e as 
modificam. Mas, requisita, também, um profissional versado no instrumental 
técnico-operativo, capaz de potencializar as ações nos níveis de assessoria, 
planejamento, negociação, pesquisa e ação direta, estimuladora da participação dos 
sujeitos sociais nas decisões que lhes dizem respeito, na defesa de seus direitos e no 
acesso aos meios de exercê-los. (IAMAMOTO, 2008, p. 208) 
 
 
Diante disso, fica explicitado que o Serviço Social possui diversos mecanismos e 
elementos que constituem sua Instrumentalidade e que orientam o processo de trabalho dos 
assistentes sociais de forma complexa e bem estruturada. A profissão conta com uma 
sistematização que acompanha os profissionais desde a formação inicial até as ações 
profissionais e possuem dimensões norteadoras que são indissociáveis uma da outra e que 
refletem de forma clara no fazer dos assistentes sociais. Este aprofundamento sobre a 
Instrumentalidade do Serviço Social permite, entre tantas outras coisas, captar a 
indispensabilidade existente de que os profissionais tenham conhecimentos de tudo que 
compreende a mesma e de todos os aspectos que a envolve com clareza e criticidade para que 
cada processo de trabalho dos assistentes sociais não desemboquem em ações que ferem a 
dinâmica e a essência da profissão sem equívocos desnecessários, posto que não é impossível 
apreender sobre a Instrumentalidade da categoria, além disso trata-se de um dever e 
compromisso ético. 
31 
 
Dentre os elementos que compõem esta categoria fundamental para o Serviço Social, 
destacam-se os estudos socioeconômicos, que fazem parte do cotidiano profissional dos 
assistentes sociais e que ainda possui algumas ambiguidades quanto à suas concepções, 
funcionalidades, bases e significado para a Instrumentalidade e para os assistentes sociais. 
Como este elemento – os estudos socioeconômicos – é de suma relevância para os assistentes 
sociais, estudá-lo mais profundamente é de grande valia para os profissionais. 
 
 
2.2. OS ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS COMO POSSÍVEL INSTRUMENTO 
TÉCNICO-OPERATIVO E O PROJETO ÉTICO POLÍTICO DO SERVIÇO SOCIAL 
 
As percepções em torno dos estudos socioeconômicos pelos assistentes sociais ainda 
resguardam alguns equívocos, principalmente no que diz respeito ao alcance que ambos 
possuem para concretizar a práxis desses profissionais. Sua funcionalidade está imbricada 
diretamente à ação de desvelar a realidade na qual os sujeitos usuários das políticas sociais 
estão inseridos para que os direitos desses sujeitos possam ser viabilizados. 
Ressalta-se que para que se possa visualizar os estudos socioeconômicos enquanto 
instrumentos técnico-operativos empregados no processo de trabalho dos assistentes sociais, 
compreender do que se trata a dimensão técnico-operativa é imperioso para posteriormente 
destrinchar concepções sobre esses estudos. 
Nesse segmento, assimila-se que 
 
 
[...] a dimensão técnico-operativa é constituída dos seguintes elementos: as 
estratégias e táticas definidas para orientar a ação profissional, os instrumentos, 
técnicas e habilidades utilizadas pelo profissional, o conhecimento procedimental 
necessário para a manipulação dos diferentes recursos técnico-operativos, bem 
como, a orientação teórico-metodológica e ético-política dos agentes profissionais. 
(SANTOS; SOUZA FILHO; BACKX, 2012, p. 21) 
 
 
Essa concepção famigerada a respeito dessa dimensão contempla a apreensão da 
mesma para além da noção simplória de que ela abordaria somente os instrumentais e amplia 
essa percepção ao mencionar que o enfoque técnico-operativo engloba um conjunto de 
técnicas e habilidades para desenvolver as mesmas articulando esta dimensão com as demais 
dimensões do Serviço Social, uma vez que reitera-se que elas são inseparáveis, posto que 
 
 
 
32 
 
[...] o teórico-metodológico, o ético-político e o técnico-operativo – são 
fundamentais e complementares entre si. Porém, aprisionados em si mesmos 
transformam-se em limites que vêm tecendo o cenário de algumas das dificuldades, 
identificadas pela categoria profissional, que necessitam ser ultrapassadas: o 
teoricismo, o militantismo e o tecnicismo (IAMAMOTO, 1998, p. 53). 
 
 
Com isso, salienta-se que empreender as dimensões norteadoras do Serviço Social é 
uma tarefa essencial e inerente aos assistentes sociais para que o Projeto Ético Político – que 
será estudado mais a frente – possa ser materializado nas ações profissionais. No caso 
específico da técnico-operativa, ela possibilita o emprego das dimensões ético-política e 
teórico-metodológica na ação prática cotidiana, por esse motivo, por ter por base a teoria e a 
ética como orientação para o uso das técnicas. 
Porém, é preciso ressaltar que ―ao longo do tempo, têm sido observados equívocos 
no tratamento da dimensão técnico operativa, tanto no que tange à formação quanto no que 
tange ao exercício profissional‖ (SANTOS; BACKX; GUERRA, 2012, p. 11). Esse 
deslocamento da verdadeira face técnico-operativa

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