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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA ELT 314 – INSTRUMENTAÇÃO ELETRÔNICA Viçosa - MG 2024 MEDIÇÃO DE TEMPERATURA Ana Clara dos Reis Alves – 106345 Pablo Mendes de Paula – 97368 2 Resumo Este trabalho tem como objetivo apresentar uma visão geral da medição de temperatura, desde seus fundamentos teóricos até as aplicações mais recentes. Serão abordados os principais tipos de sensores de temperatura, como termômetros de líquido em vidro, termistores, termopares e RTDs, detalhando seus princípios de funcionamento e características. Além disso, serão discutidos os circuitos de condicionamento de sinal utilizados para transformar o sinal elétrico gerado pelos sensores em uma forma adequada para processamento. A importância da medição de temperatura em diversos setores, como indústria, medicina e pesquisa científica, será enfatizada. Serão apresentadas as diferentes escalas de temperatura e os desafios associados à medição em condições extremas ou em ambientes hostis. Palavras-chave: medição de temperatura, sensores, termômetros, termopares, termistores, RTD, pirômetros, aplicações. 3 Sumário 1) Introdução ............................................................................................................. 4 2) Fundamentos Teóricos .......................................................................................... 4 2.1. Temperatura e Calor ......................................................................................... 4 2.2. Termometria ...................................................................................................... 5 2.3. Propriedades Termométricas ............................................................................ 5 2.4. Escalas Termométricas ..................................................................................... 6 2.5. Efeitos Termoelétricos ...................................................................................... 7 2.5.1. Efeito Seebeck ............................................................................................... 7 2.5.2. Efeito Peltier .................................................................................................. 7 2.6. Leis Termoelétricas Fundamentais ................................................................... 8 2.6.1. Lei do Circuito Homogêneo .......................................................................... 8 2.6.2. Lei dos Materiais Intermediários................................................................... 9 2.6.3. Lei das Temperaturas Intermediárias ............................................................ 9 3) Instrumentos de Medição de Temperatura ......................................................... 10 3.1. Transdutores .................................................................................................... 10 3.2. Termômetros ................................................................................................... 10 3.2.1. Termômetros à dilatação ............................................................................. 10 3.2.2. Termômetros bimetálicos ............................................................................ 11 3.2.3. Termômetros a Gás ..................................................................................... 12 3.3. Termopares ..................................................................................................... 12 3.4. Termorresistências .......................................................................................... 14 3.5. Termistores ..................................................................................................... 15 3.6. Sensores de temperatura por radiação............................................................. 16 3.6.1. Pirômetros Opticos ...................................................................................... 16 3.6.2. Pirômetro de Radiação total ........................................................................ 17 3.6.3. Termômetro infravermelho ......................................................................... 17 4) Conclusão ........................................................................................................... 18 4 1) Introdução A medição de temperatura é o processo que verifica o grau de calor ou frio de um corpo. Esse grau de quantificação é padronizado através de escalas específicas de temperatura, como Celsius, Fahrenheit ou Kelvin. Esse conceito está diretamente relacionado à energia cinética das partículas em um material, ou seja, o grau de agitação das moléculas, sendo uma das grandezas mais fundamentais e amplamente medidas no mundo físico. A importância da medição de temperatura se fundamenta em diversas áreas, como, por exemplo, em indústrias, local onde se necessita de atenção em relação ao controle de processos e qualidade de produtos. Além disso, sua aplicação se estende a muitos outros campos, incluindo a medicina, meteorologia, agricultura, ciência dos alimentos e a física experimental. O objetivo deste trabalho é apresentar os principais métodos e instrumentos utilizados para a medição de temperatura, explorando as principais tecnologias conhecidas e abordando também a relação com os conhecimentos físicos. 2) Fundamentos Teóricos 2.1. Temperatura e Calor Não é possível abordar os critérios de medição de temperatura sem antes abordar os conceitos de temperatura e calor. A temperatura é uma grandeza física utilizada para medir o grau de agitação ou a energia cinética das moléculas de uma determinada quantidade de matéria. Quanto mais agitadas essas moléculas estiverem, maior será sua temperatura e, quanto menor o grau de agitação, menor será sua temperatura. Já o calor, que também pode ser chamado de energia térmica, corresponde à energia em trânsito que se transfere de um corpo para outro em razão da diferença de temperatura. Essa transferência ocorre sempre do corpo de maior temperatura para o de menor temperatura até que atinjam o equilíbrio térmico. A transmissão do calor entre corpos diferentes pode ocorrer através de três maneiras: condução, radiação e convecção. A condução é o processo em que o calor se transfere de uma região com temperatura elevada para outra com temperatura mais baixa, ocorrendo dentro de um meio sólido, líquido ou gasoso, ou entre diferentes meios que estão em contato físico direto. Além disso, a radiação é o processo em que o calor se transfere de um corpo com alta temperatura para outro com temperatura mais baixa, mesmo quando estão separados por uma distância no espaço e há vácuo entre eles. Por fim, a convecção é a transferência de energia que ocorre por meio da combinação de condução de calor, armazenamento de energia e o movimento do fluido. 5 2.2. Termometria Abordado os conceitos de termologia, ou seja, temperatura e calor, é necessário compreender a termometria e seus conceitos. A termometria é a área da ciência que estuda os métodos e instrumentos utilizados para medir a temperatura. Dentro deste conceito, é necessário compreender outros dois, que são casos particulares da compreensão das medições que são a pirometria e a criometria. A pirometria é um método de medição de altas temperaturas, onde pode-se ser observado os efeitos da radiação térmica e, a criometria, por sua vez, é o método de medição de baixas temperaturas, aquela próximas do zero absoluto. As mudanças de temperatura geram diversos efeitos no ambiente, como por exemplo, dentro de uma indústria. A variação dos valores de temperatura dentro de uma produção pode fazer com que haja alterações significativas com o seu produto. Variáveis como densidade,estado físico, viscosidade, condutividade, PH e diversos outros afetam diretamente no resultado da produção. Dessa forma, foi necessário empregar diversos dispositivos que fossem capazes de medir o valor da temperatura, como termômetros, transdutores, termopares e termo resistências, para que houvesse um controle dos processos de produção. 2.3. Propriedades Termométricas As propriedades termométricas são características intrínsecas de materiais que sofrem variações mensuráveis e previsíveis em função das alterações térmicas. Essa relação direta entre uma propriedade física e a temperatura permite a construção de dispositivos capazes de converter a grandeza térmica em um sinal elétrico, facilitando assim sua medição e análise. Uma vez que as propriedades termométricas são manifestações diretas da agitação térmica das partículas que compõem um material, ao variar a temperatura, altera-se a energia cinética média dessas partículas, o que, por sua vez, influencia diversas propriedades físicas. Alguns exemplos dessas propriedades são: • Dilatação térmica, onde os materiais se expandem ao serem aquecidos e se contraem ao serem resfriados. • Variação da resistência elétrica, que em certos materiais, especialmente metais e semicondutores, alteram sua resistência elétrica de acordo com a temperatura. • Força eletromotriz termoelétrica, que se refere à geração de uma força eletromotriz (fem) em junções de dois metais diferentes quando há uma diferença de temperatura entre eles. • Emissão de radiação eletromagnética, principalmente na faixa do infravermelho, onde a intensidade e a frequência dessa radiação dependem da temperatura do corpo. 6 2.4. Escalas Termométricas Para compreender a temperatura de maneira precisa e comparativa, utilizamos diferentes escalas termométricas. As três escalas mais comuns são Celsius, Fahrenheit e Kelvin. • Escala Celsius (°C), criada pelo cientista sueco Anders Celsius em 1742, é uma das mais utilizadas mundialmente. Esta escala define o ponto de fusão da água a 0°C e o ponto de ebulição a 100°C, ambos sob pressão atmosférica padrão (1 atm) e possui cem intervalos entre os pontos de fusão e ebulição, o que faz com que seja conhecida como escala centígrada. • Escala Fahrenheit (°F), desenvolvida por Daniel Gabriel Fahrenheit em 1724, a escala Fahrenheit é usada predominantemente nos Estados Unidos. Nesta escala, o ponto de fusão da água é definido como 32°F, e o ponto de ebulição como 212°F. Ela possui 180 intervalos entre esses pontos e é baseada em uma escala anterior que utilizava uma mistura de água, gelo e sal amoníaco como ponto de referência. • Escala Kelvin (K), desenvolvida no século XIX pelo físico e engenheiro britânico William Thomson, conhecido como Lord Kelvin, é a unidade de temperatura no Sistema Internacional de Unidades (SI), considerada a escala absoluta de temperatura, pois seu zero corresponde ao zero absoluto, a temperatura na qual a energia cinética das partículas é mínima. Além disso, essa escala é centígrada e não possui valores negativos. O ponto de fusão da água é 273.15 K, e o ponto de ebulição é 373.15 K. Essas escalas podem ser relacionadas através das equações de conversão a seguir: • Celsius para Fahrenheit: 𝑇𝐹 = 9 5 (𝑇𝐶 + 32) • Fahrenheit para Celsius: 𝑇𝐶 = 5 9 (𝑇𝐹 − 32) • Celsius para Kelvin: 𝑇𝐾 = 𝑇𝐶 + 273,15 Ainda, existe mais uma escala, porém menos conhecida, chamada Rankine, que é utilizada principalmente em engenharia nos Estados Unidos. A escala Rankine é uma escala absoluta, como a Kelvin, mas utiliza a mesma divisão que a escala Fahrenheit. O zero absoluto na escala Rankine é 0 R, o ponto de fusão é 491,67 R, e o de ebulição é 671,97 R. 7 2.5. Efeitos Termoelétricos Os efeitos termoelétricos descrevem a interação entre fluxos de calor e elétrons em materiais condutores. Em outras palavras, é a conversão direta de energia térmica em energia elétrica e vice-versa. Os efeitos termoelétricos mais importantes são: 2.5.1. Efeito Seebeck O efeito Seebeck é um fenômeno termoelétrico descoberto por Thomas Johann Seebeck em 1821, que permite a conversão direta de diferenças de temperatura em energia elétrica. Quando uma junção é aquecida (T) e a outra mantida em uma temperatura mais baixa (Tr), os elétrons começam a se mover da região quente (devido ao aumento da vibração) para a região fria. Uma vez que os materiais dos condutores são diferentes (A e B), uma mesma diferença de temperatura produzirá diferentes valores de tensão para cada condutor, com isso uma corrente é criada quando se fecha o circuito. A força eletromotriz (fem) gerada pode ser expressa pela formula: 𝑓𝑒𝑚 = 𝑆 × Δ𝑇 onde 𝑓𝑒𝑚 é a tensão (em volts), Δ𝑇 é a diferença de temperatura entre as junções e S é o coeficiente de Seebeck (em volts por grau Celsius) Os termopares são uma aplicação prática comum do efeito Seebeck. Eles consistem em dois fios de metais diferentes unidos em uma extremidade. Quando há uma diferença de temperatura entre as junções, uma tensão é gerada que pode ser medida para determinar a temperatura. 2.5.2. Efeito Peltier O efeito Peltier é o inverso do efeito Seebeck, isto é, quando uma corrente elétrica passa através de uma junção de dois materiais diferentes, causa a absorção ou liberação de calor nas junções. Isso significa que uma junção irá esfriar enquanto a outra irá aquecer, dependendo da direção da corrente. Este efeito é descrito pela equação de Peltier: 𝑄 = Π × 𝐼 × 𝑡 Figura 2.1 - Efeito Seebeck (fonte: Portal Temperatura) https://www.temperatura.com.br/principios-termometria-efeito-seebeck-par-termoeletrico/ 8 onde 𝑄 é a quantidade de calor (em joules), Π é o coeficiente de Peltier (em volts), 𝐼 é a corrente elétrica (em amperes), e 𝑡 é o tempo (em segundos). O coeficiente de Peltier é uma propriedade dos materiais em contato e varia conforme os materiais usados. 2.6. Leis Termoelétricas Fundamentais Com base nos efeitos termoelétricos vistos anteriormente e nas leis a seguir, podemos compreender os fenômenos que ocorrem principalmente nos termopares. 2.6.1. Lei do Circuito Homogêneo Uma lei que influência sobre o termopar é a Lei do Circuito Homogêneo, na qual enfatiza que, em um termopar formado por materiais homogêneos, a força eletromotriz gerada depende apenas da diferença de temperatura entre a junção de medição e a de referência. Embora essa informação já tenha sido mencionada anteriormente, é importante ressaltar que o valor da força eletromotriz não é influenciado pelo comprimento do termopar, pelo diâmetro dos fios que o compõem ou pela distribuição de temperatura ao longo do termopar. Contudo, ao longo do tempo, o uso do termopar pode levar à sua não homogeneidade, o que provoca alterações na força eletromotriz, mesmo quando a temperatura do processo se mantém constante. Nesse cenário, a força eletromotriz passa a depender do perfil de temperatura ao longo do termopar, e termopares com fios de diâmetro menor tendem a se tornar não homogêneos mais rapidamente, especialmente em altas temperaturas. Figura 2.2 Efeito Peltier (fonte: Portal Temperatura) Figura 2.3 – Lei do circuito homogêneo. (fonte Alutal) https://www.temperatura.com.br/principios-termometria-efeito-peltier-par-termoeletrico/ https://www.alutal.com.br/br/wiki/termopares/09-lei-do-circuito-homogeneo/ 9 2.6.2. Lei dos Materiais Intermediários A soma algébrica das forças eletromotrizes (FEM) térmicas em um circuito que contém diferentes metais é igual a zero quando todo o circuito está à mesma temperatura. A partir disso, pode-se concluir que em um circuito termoelétrico, formado por dois metais distintos, a FEM gerada permanecerá inalterada mesmo que se adicione um metal genérico em qualquer ponto do circuito, desde que as novas junções sejam mantidas à mesmatemperatura. 2.6.3. Lei das Temperaturas Intermediárias Essa lei revela uma característica adicional da força eletromotriz termoelétrica em relação à diferença de temperatura entre suas extremidades. Uma aplicação direta dessa lei é que o valor da força eletromotriz termoelétrica pode depender apenas da temperatura da junção de medição, considerando a junção de referência a 0°C. Normalmente, a junção de referência está à temperatura ambiente, o que torna impraticável mantê-la a 0°C, como em um banho de gelo, enquanto o termopar está em uma planta industrial. Contudo, essa dificuldade pode ser superada por meio da compensação da temperatura ambiente, que consiste em adicionar ao sinal do termopar uma força eletromotriz que corresponda ao valor que o termopar geraria se sua junção de medição estivesse à temperatura ambiente e a junção de referência a 0°C. Figura 2.4 – Lei dos metais intermediários. (fonte Alutal) Figura 2.5 – Lei das temperaturas intermediários. (fonte Alutal) https://www.alutal.com.br/br/wiki/termopares/10-lei-dos-metais-intermediarios/ https://www.alutal.com.br/br/wiki/termopares/11-lei-das-temperaturas-intermediarias/ 10 3) Instrumentos de Medição de Temperatura 3.1. Transdutores Os transdutores são dispositivos de entrada de um sistema de medição. Um transdutor recebe a informação da grandeza que se deseja medir e converte essa informação em um sinal elétrico proporcional a ela. Dessa forma, esses dispositivos conseguem transformar diversas magnitudes físicas, como temperatura, em sinais elétricos. Essa característica faz com que sejam muito utilizados os transdutores em sensores, o que às vezes faz com que sejam considerados como se desempenhassem a mesma função. No entanto, eles possuem papéis distintos. O sensor é responsável por detectar a variável física, enquanto o transdutor converte essa detecção em uma grandeza que pode ser facilmente medida. Por exemplo, ele pode transformar uma variação de temperatura em um sinal elétrico, facilitando a detecção de sinais de erro em um controle de processos. 3.2. Termômetros Os termômetros são instrumentos de medição da temperatura. A capacidade de medir a temperatura com precisão é fundamental para o controle de processos, diagnósticos clínicos e estudo de fenômenos naturais. Logo abaixo, descreve-se os diferentes tipos de termômetros e seus princípios de funcionamentos. 3.2.1. Termômetros à dilatação Os termômetros de expansão ou dilatação de líquidos são equipamentos de medição de temperatura que funcionam com base na lei da expansão volumétrica do líquido em resposta à variação de temperatura, dentro de um recipiente fechado. Dessa forma, são dispositivos que se baseiam no coeficiente de dilatação térmica dos materiais. Em recipientes de vidro, o termômetro é composto por um reservatório, cujo tamanho é determinado pela sensibilidade desejada, que está soldado a um tubo capilar de seção o mais uniforme possível e fechado na extremidade superior. Tanto o reservatório quanto a parte do capilar são preenchidos com um líquido. Na parte superior do capilar, há um alargamento que protege o termômetro caso a temperatura exceda seu limite máximo. Após a calibração, a parede do tubo capilar é graduada em graus ou frações deles. A temperatura é medida pela leitura da escala no ponto onde se encontra o topo da coluna líquida. Os líquidos mais comumente utilizados são: mercúrio, tolueno, álcool e acetona. 11 No recipiente metálico, o líquido preenche todo o recipiente e, sob o efeito de um aumento de temperatura, se dilata, deformando um elemento extensível, ou seja, um sensor volumétrico. Suas dimensões variam de acordo com o tipo de líquido e principalmente com a sensibilidade desejada. 3.2.2. Termômetros bimetálicos Os termômetros bimetálicos baseiam seu princípio de funcionamento no fenômeno físico de dilatação linear dos metais com a temperatura. Esse medidor é formado por duas lâminas de metais diferentes, com coeficientes de dilatação distintos, unidas para criar uma única unidade. Quando a temperatura do conjunto muda, observa-se uma curvatura que é proporcional a essa variação. Na prática, essas lâminas são frequentemente moldadas em espiral ou hélice, o que aumenta consideravelmente a sensibilidade do dispositivo. O modelo mais comum é o termômetro de lâmina helicoidal, que consiste em um tubo que é um bom condutor de calor, dentro do qual um eixo está fixado. Este eixo é conectado a um ponteiro que se move ao longo de uma escala, ou seja, conforme o material aumentar sua temperatura ele irá girar em um dado sentido e, com isso, essa haste irá passar por uma escala de temperatura que poderá ser vista por um visor de vidro. Figura 3.1 - Termômetro de dilatação de líquido. (fonte Pngtree) Figura 3.2 – (a) Termômetros Bimetálicos; (b) Termômetro Bimetálico de lâmina helicoidal: escala de temperatura (A), Ponteiro (B), hélice bimetálica (C), bulbo (D). (fonte: Tameson) (a) (b) https://es.pngtree.com/freepng/mercury-thermometer-mercury-photo_13805486.html https://tameson.es/pages/como-funcionan-los-termometros-bimetalicos 12 Os termômetros bimetálicos operam em uma faixa de temperatura que varia de cerca de -50 °C a 800 °C, apresentando uma escala bastante linear, uma precisão em torno de ± 1% e com tempo de reposta variando entre 15 e 40 segundos. 3.2.3. Termômetros a Gás Em relação ao seu caráter físico, o termômetro a gás é muito semelhante ao termômetro de dilatação, visto que consta de um bulbo, elemento de medição e capilar de ligação entre estes dois elementos. Esse termômetro possui como princípio a Lei dos Gases Ideais, pois em uma faixa limitada de pressões, o produto da pressão e volume em uma massa fixa de fás, sob temperatura constante, não possui variações. Essas descobertas foram realizadas por Charles e Gay-Lussac, que identificaram que volumes idênticos de gases reais se expandiam da mesma quantidade para um determinado aumento de temperatura sob condições de pressão constante. Dessa forma, o funcionamento do termômetro a gás ocorre da seguinte maneira. O volume do sistema é constante e preenchido com um gás sob alta pressão. À medida que a temperatura varia, a pressão do gás também muda, seguindo aproximadamente a lei dos gases perfeitos, com o elemento de medição funcionando como um manômetro. Nota-se que as variações de pressão apresentam uma relação linear com a temperatura, considerando o volume inalterado. 3.3. Termopares Termopares são dispositivos de medição de temperatura amplamente utilizados em diversas áreas, como indústria, pesquisa, medicina e meteorologia. Eles são baseados no efeito Seebeck, que já foi abordado anteriormente, e consistem em dois tipos diferentes de metais, unidos em uma extremidade. Figura 3.3 - Termômetro de gás. (fonte Termodora) https://www.termodora.com.br/termometro-gas 13 Quando um condutor metálico é exposto a uma diferença de temperatura entre suas extremidades, ocorre uma redistribuição dos elétrons, gerando uma força eletromotriz (f.e.m.), geralmente na ordem de milivolts. O valor dessa f.e.m. depende do tipo de material e do gradiente de temperatura entre as extremidades. Em materiais homogêneos, a f.e.m. é determinada apenas pela distribuição de temperatura ao longo do condutor. Embora seja possível fabricar termopares com qualquer combinação de dois metais, apenas algumas combinações padronizadas são usadas, pois essas são capazes de suportar altas temperaturas e geram tensões de saída compatíveis com os equipamentos de medição. Na Tabela 3-1 são apresentados os principais tipos de termopares. Tabela 3.1 Tipos de Termopares e aplicações Tipo (ANSI) Combinação metálica Faixa de Temperatura (°C) Aplicações J Ferro - Constantan -40 a 750 Processos industriais, alimentos K Chromel - Alumel -200 a 1260 Indústriaem geral, processos metalúrgicos T Cobre - Constantan -270 a 370 Baixas temperaturas, indústria alimentícia E Chromel- Constantan -200 a 900 Alta sensibilidade, medições diferenciais N Nicrosil (Ni-Cr-Si) -270 a 1300 Ampla faixa de temperaturas, mais estável do que o tipo K B Platinum-30% Rhodium (Pt-30% Rh) 0 a 1820 Alta temperatura, não insira em tubos de metal Figura 3.4 – Termopar tipo J e K (fonte Alfphacomp) https://alfacomp.net/produto/termopar/ 14 R Platinum-13% Rhodium (Pt-13% Rh) -50 a 1768 Alta temperatura S Platinum-13% Rhodium(Pt-13% Rh) 0 a 1700 Alta temperatura, fornos industriais C Tungsten-3% Rhenium(W-3% Re) 0 a 2320 Feito para aplicações de alta temperatura, mas não em ambientes oxidantes Além disso, existem duas etapas a serem realizadas para a correta utilização dos termopares, que são a linearização do sinal e a compensação de junção fria. • Linearização é o processo realizado na etapa de condicionamento de sinais devido ao fato de que a pequena tensão de saída dos termopares serem não lineares. Com isso é realizado um processamento do sinal recebido do termopar pelo sistema de aquisição de dados com base na tabela do tipo de termopar geralmente fornecido pelo fabricante. • Compensação de Junta fria é o processo de ajuste do sinal recebido do termopar que adequa a medição considerando a temperatura da junção fria. Essa extremidade do termopar que não está exposta à temperatura a ser medida e está geralmente conectada ao instrumento de medição, precisa estar a uma temperatura conhecida para que o sistema de aquisição consiga realizar sua compensação e por fim retornar uma leitura correta da temperatura medida. 3.4. Termorresistências Termorresistores, também conhecidos como RTD (Resistance Temperature Detector) são sensores que aproveitam a propriedade de variação da resistência ôhmica dos condutores Figura 3.5 – Curvas de linearização para os tipos de termopares mais populares (fonte Dewesoft) https://dewesoft.com/pt/blog/sensores-de-termopar-de-medicao-de-temperatura 15 metálicos quando submetidos a variações de temperatura. Esses sensores ganharam destaque nos processos industriais devido à sua excelente estabilidade mecânica e térmica, resistência à contaminação, baixo índice de variação em função do envelhecimento e durabilidade ao longo do tempo. A base do funcionamento das termorresistências reside na agitação térmica dos átomos do material condutor. Com o aumento da temperatura, os átomos vibram com maior intensidade, dificultando o livre movimento dos elétrons e, consequentemente, aumentando a resistência elétrica do material. Essa relação direta entre temperatura e resistência permite a conversão de uma medida de resistência em uma medida de temperatura A título de exemplo, a relação entre a resistência (R) e a temperatura (T) em uma termorresistência de platina pode ser expressa pela seguinte relação: 𝛼 = 𝑅 − 𝑅𝑜 𝑅𝑜 (𝑇 − 𝑇𝑜) onde o coeficiente linear de temperatura é α; a resistência e temperatura de referência são 𝑅𝑜 e 𝑇𝑜, respectivamente; e a resistência e temperatura atual no sensor são R e T, respectivamente. Por mais que o sensor de platina seja mais empregado na indústria, outros materiais como níquel, cobre e alguns semicondutores também podem ser utilizados. A escolha do material depende da faixa de temperatura de operação, da precisão requerida e do custo. Para medir a temperatura em fluidos não corrosivos, o elemento resistivo é deixado exposto diretamente ao fluido para proporcionar uma resposta mais rápida. Quando se trata de fluidos corrosivos, o sensor é protegido dentro de um invólucro de aço inoxidável. Já para a medição de temperatura em superfícies sólidas, são utilizados elementos resistivos encapsulados em estruturas planas, que podem ser fixados à superfície com presilhas, por soldagem ou adesão. 3.5. Termistores Os termistores são equipamentos que também possuem variação de temperatura a medida em que varia a resistência, entretanto, diferentemente dos RTD’s, são dispositivos compostos por semicondutores cuja resistência elétrica varia de forma não linear com a temperatura. Uma de suas caraterísticas é que seu sinal de saída é mais intenso comparado ao RTD, fazendo que tenha um custo menor em relação ao seu processamento. Existem dois tipos principais de termistores: termistores com coeficiente de temperatura negativo (NTC) cujo a resistência diminui com o aumento da temperatura. São os mais comuns e utilizados em diversas aplicações, e os termistores com coeficiente de temperatura positivo 16 (PTC), onde a resistência aumenta com a temperatura, ate atingir o ponto de Curie. Após isso, a resistência do dispositivo cai abruptamente. Os termistores são fabricados a partir de materiais semicondutores policristalinos, como óxidos metálicos (por exemplo, óxido de níquel, óxido de manganês) e compostos de barita. Esses materiais são sinterizados em altas temperaturas para formar grânulos que são posteriormente misturados a um ligante e moldados na forma desejada. O comportamento dos termistores pode ser descrito pela equação de Steinhart-Hart, que é uma aproximação empírica para a resistência do termistor em função da temperatura: 1 𝑇 = 𝐴 + 𝐵 ∗ 𝑙𝑛(𝑅) + 𝐶 ∗ (𝑙𝑛(𝑅)) 3 onde T é a temperatura em Kelvin, R é a resistência do termistor, A, B e C são constantes especificas do termistor. Para dispositivos NTC, a resistência é dada pela seguinte equação: 𝑅 = 𝑅𝑜𝑒 ( 𝐵 𝑇 − 𝐵 𝑇𝑜 ) onde B é a constante do termistor, R é a resistência a uma temperatura T e 𝑅0 é a resistência a uma temperatura de referência 𝑇0. Além disso, os termistores possuem uma resposta rápida e com alta sensibilidade com pequenas variações de temperatura. 3.6. Sensores de temperatura por radiação São dispositivos utilizados para medir a temperatura de um objeto ou superfície a partir da radiação térmica emitida pelo mesmo. Eles são essenciais em aplicações onde o contato direto com o objeto a ser medido não é viável ou prático. Esses sensores baseiam-se na Lei de Stefan-Boltzmann, que descreve a potência radiada por um corpo negro em termos da sua temperatura absoluta: 𝑃 = 𝜖𝜎𝐴𝑇4 onde 𝑃 é a potência radiada, 𝜖 é a emissividade do material (que varia de 0 a 1), 𝜎 é a constante de Stefan-Boltzmann (5,67 × 10−8 𝑊/𝑚²𝐾⁴), A é a área da superfície do corpo e T é a temperatura absoluta em Kelvin. Existem alguns tipos de sensores por radiação, dentre eles os principais são os pirômetros ópticos, pirômetros de radiação total e os termômetros de infravermelho. 3.6.1. Pirômetros Opticos Os pirômetros ópticos são instrumentos de medição de temperatura que utilizam a radiação visível emitida por um objeto para determinar sua temperatura sem contato físico. Eles 17 são amplamente utilizados em aplicações industriais onde é necessário medir a temperatura de objetos em movimento, perigosos ou inacessíveis. Funcionam com base na comparação da radiação emitida por um objeto com a radiação de uma fonte de referência. A radiação visível é focada através de uma lente objetiva, formando uma imagem do objeto no plano de um filamento de lâmpada. A intensidade da luz emitida pelo objeto é ajustada até coincidir com a intensidade da luz da fonte de referência, permitindo a determinação da temperatura. Isso se reflete em uma grande desvantagem, pois depende que o material a ser medido esteja em altas temperaturas, o que impossibilita medições de temperaturas menores 3.6.2. Pirômetro de Radiação total Os pirômetros de radiação total são dispositivos avançados que medem a temperatura de um objeto captando toda a radiação térmica que ele emite, independentemente do comprimento de onda. Eles operam com base na Lei de Stefan-Boltzmann, porém, ao contráriodo Pirômetro Optico, este aproveita toda radiação emitida pelo corpo o que faz com que sua medição seja mais precisa e permite que ele seja utilizado em uma ampla faixa de temperaturas. 3.6.3. Termômetro infravermelho Termômetros infravermelhos são dispositivos que medem a temperatura de um objeto ou superfície sem contato físico, detectando a radiação infravermelha emitida pelo mesmo. Eles operam com base na emissão de radiação infravermelha por objetos que possuem uma temperatura acima do zero absoluto (0 Kelvin ou -273,15°C). A radiação infravermelha é capturada pelo sensor do termômetro e convertida em uma leitura de temperatura. A equação fundamental usada para essa conversão é a Lei de Stefan-Boltzmann, já mencionada anteriormente. Devido a sua resposta rápida e medição sem contato, esse tipo de termômetro é ideal para medir temperatura de objetos em movimento ou de difícil acesso, fornecendo uma leitura com alta precisão e quase instantâneas. Figura 3.6 – Esquema de funcionamento do pirômetro optico (fonte Pirômetro de radiação) https://www.eq.uc.pt/~lferreira/BIBL_SEM/global/pirometro.htm 18 4) Conclusão Torna-se nítido, portanto, que este trabalho apresentou uma análise aprofundada sobre a medição de temperatura, explorando tanto os fundamentos teóricos quanto as práticas e tecnologias aplicadas sob essa grandeza física. A partir da revisão dos conceitos fundamentais — como a relação entre temperatura e calor, as propriedades termométricas e as escalas de medição — foi possível compreender os princípios básicos que compõe essa grandeza física que é a temperatura. A importância da medição de temperatura discutida neste estudo evidencia sua aplicação indispensável em áreas como a indústria, onde o monitoramento preciso e o controle da temperatura são essenciais para garantir a qualidade e segurança dos processos. Com isso, é importante analisar e discutir a aplicação de cada tipo de dispositivo de medição de temperatura, como os termômetros, transdutores, termopares, termorresistências, termistores e medidores por radiação. Portanto, este trabalho contribui para uma compreensão melhor dos métodos e instrumentos de medição de temperatura, oferecendo uma base sólida para aplicar esse conhecimento em diversas áreas da ciência e tecnologia. 19 5) Referências [1] Monitoramento e controle de processos, 2 / Marcelo Giglio Gonçalves. — Rio de Janeiro: Petrobras ; Brasília : SENAI/ DN, 2003. [2] https://www.temperatura.com.br/principios-termometria-efeito-seebeck-par- termoeletrico/ [3] https://www.temperatura.com.br/principios-termometria-efeito-peltier-par- termoeletrico/ [4] Termômetro de gás - Termodora [5] Wiki | Alutal Measure & Trust [6] https://svantek.com/pt/academia/transdutor/ [7] https://www.testo.com/pt-BR/produtos/transmissor-de-temperatura [8] https://www.makerhero.com/blog/o-que-e-um-termopar/ [9] https://alfacomp.net/produto/termopar/ [10] O que é sensor de termopar e como ele funciona | Dewesoft [11] Como medir a temperatura com sensores RTD | Dewesoft [12] Cómo funciona un termómetro bimetálico? | Tameson.es [13] Pirometros [14] O que é um pirômetro óptico | de máquinas e ferramentas [15] https://www.eq.uc.pt/~lferreira/BIBL_SEM/global/pirometro.htm https://www.portaldoeletrodomestico.com.br/cursos/eletricidade_eletronica/Apostila_de_Instrumentacao_Petrobras.pdf https://www.portaldoeletrodomestico.com.br/cursos/eletricidade_eletronica/Apostila_de_Instrumentacao_Petrobras.pdf https://www.temperatura.com.br/principios-termometria-efeito-seebeck-par-termoeletrico/ https://www.temperatura.com.br/principios-termometria-efeito-seebeck-par-termoeletrico/ https://www.temperatura.com.br/principios-termometria-efeito-peltier-par-termoeletrico/ https://www.temperatura.com.br/principios-termometria-efeito-peltier-par-termoeletrico/ https://www.termodora.com.br/termometro-gas#:~:text=O%20term%C3%B4metro%20de%20g%C3%A1s%20ou,de%20temperatura%20na%20escala%20Celsius. https://www.alutal.com.br/br/wiki/ https://svantek.com/pt/academia/transdutor/ https://www.testo.com/pt-BR/produtos/transmissor-de-temperatura https://www.makerhero.com/blog/o-que-e-um-termopar/ https://alfacomp.net/produto/termopar/ https://dewesoft.com/pt/blog/sensores-de-termopar-de-medicao-de-temperatura#introducao https://dewesoft.com/pt/blog/medir-temperatura-com-rtd-sensores https://tameson.es/pages/como-funcionan-los-termometros-bimetalicos https://www.aedb.br/wp-content/uploads/2015/05/20457.pdf https://www.demaquinasyherramientas.com/herramientas-de-medicion/pirometro-optico-que-es https://www.eq.uc.pt/~lferreira/BIBL_SEM/global/pirometro.htm