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resumo do cap. 4,5 e 6 do livro A RALÉ BRASILEIRA.

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CAPITULO 4:A TESE DO PATRIMONIALISMO A DEMONIZAÇÃO DO ESTADO
CORRUPTO E A DIVINIZAÇÃO DO MERCADO COMO REINO DA VIRTUDE
 Neste capitulo indagam sobre a teoria da modernização Americana, onde sua cultura conservadora se perdeu a mais de 40 anos sendo muito criticada por seus
defensores. A maior parte dessas críticas são especialmente dirigidas à oposição
entre “modernos” e “tradicionais” (ou “arcaicos” como aparece várias vezes no
decorrer, segundo Almeida). Diz que a modernidade está fundada em tradições
nacionalmente construídas como eles citam também na França. Essa oposição
simplista servia para os interesses políticos americanos, era uma das causas
determinantes do subdesenvolvimento de sociedades "atrasada" (como a
Brasileira). O componente político foi o mais importante para a modernização. O
movimento de modernização surgiu por motivos políticos em 1946, lodo pós guerra e logo começou-se a buscar um caminho comunista para o desenvolvimento. Foi então que os Estados Unidos se toraram para muitos um exemplo de modernização e os "arcaicos" eram a "lata de lixo" como cita no texto. No decorrer ela mostra todas as qualidades dos estados unidos, mas diz sem hesitar que não se deve “idealiza-lo”, pois existem aspectos positivos e negativo a serem avaliados. Lá vemos uma competição social contínua, como por exemplo para entrar em uma faculdade que se depende do dinheiro, enquanto em outros lugares os esforços dos alunos são levados bem mais em conta, mas não é só isso existem várias coisas que achamos que os Estados Unidos são melhores, mas não é bem assim, o texto nos mostra a realidade nua e crua. 
CAPÍTULO 5: OS LIMITES DOPOLITICAMENTE CORRETO
 A pseudocrítica liberal-conservadora é, hoje em dia, a interpretação dominante sobre o Brasil moderno. Mas ela não é a única. Uma outra variante interpretativa importante que estabelece ora vínculos de cooperação com a interpretação liberal-conservadora, ora assume uma postura mais crítica, é aquela que gostaria de denominar de interpretação “politicamente correta” do Brasil moderno. Diferentemente da pseudocrítica liberal, a versão politicamente correta não “culpa” a vítima do excludente processo de modernização brasileiro. Essa é sua grande vantagem e o que lhe confere certo “flair” de produção intelectual crítica. Por outro lado, pela falta de uma alternativa real em relação à chave interpretativa do personalismo/patrimonialismo, que precisa ser “reconstruída” com novas ideias e novos conceitos ponto a ponto e de modo explícito, coisa que os “politicamente corretos” não fazem, a crítica “politicamente correta” possui, na realidade, apenas uma “aparência de crítica”, Como se dá a inversão especular do liberalismo conservador pela leitura “politicamente correta” da realidade? Se, como vimos, o “liberal-conservador” culpa a vítima pelo próprio fracasso para usufruir de seus privilégios sem má consciência, o “politicamente correto” trata de “idealizar” e de “romantizar” o oprimido, como se fossem as representações conscientes a causa da dominação social e apenas bastasse a “boa vontade cristã” para reverter o quadro de dominação injusta. Assim, mantém-se a leitura superficial da realidade do nosso liberalismo conservador, que não percebe a “estrutura profunda” que faz a dominação social se reproduzir de modo aparentemente “legítímo”, e “idealiza-se” a vítima, apenas por ser vítima. 
 Para entender e mudar o mundo do aqui e agora é necessário, portanto, ultrapassar a mera “piedade cristã” e compreender os mecanismos sociais que produzem e reproduzem formas permanentes de miséria existencial, política e material. As causas da desigualdade e da ausência de reconhecimento social são, por definição, invisíveis a olho nu. Ainda que a pobreza e a miséria material sejam facilmente perceptíveis e reconhecíveis, as causas e precondições que as tornam possíveis e socialmente legitimadas não o são. Esta é a razão última do fato historicamente invariante de que toda desigualdade existencial, política e material tenha que ser acompanhada por mecanismos simbólicos que mascaram e tornam opacas suas causas sociais. A reprodução da desigualdade material em todas as suas dimensões — econômica, cultural e política — pressupõe o sistemático desconhecimento/encobrimento, produzido e reproduzido simbolicamente, de suas causas efetivas. Isso é válido tanto para as chamadas sociedades tradicionais quanto para as sociedades modernas. 
CAPÍTULO 6:COMO É POSSÍVEL PERCEBER O BRASIL CONTEMPORÂNEO DE MODO NOVO?
 O primeiro ponto a ser modificado para o acesso a uma interpretação menos superficial e mais crítica da realidade brasileira é começar por uma análise das estruturas profundas do capitalismo contemporâneo ou do “racionalismo ocidental”, na formulação mais neutra de Max Weber. Até hoje, a interpretação brasileira dominante sempre partiu da análise pretensamente “científica” de uma singularidade sociocultural brasileira — singularidade essa pensada em termos absolutos e supostamente incomparável com qualquer outra experiência humana no planeta — com base nos mesmos pressupostos que informam, como já vimos em detalhe, nossa “identidade nacional”. 
 Existem dois graves enganos nesse tipo de procedimento. O primeiro é que se parte de um ponto obviamente ideológico, na medida em que é fabricado por interesses “pragmáticos” de se construir uma narrativa de “unidade nacional”, com o claro compromisso de se produzir uma fonte alternativa de solidariedade social entre grupos e classes em conflito latente. O segundo engano, decorrente do primeiro, é a queda na armadilha de se começar a “análise” pressupondo uma “síntese” já realizada pela consciência comum. Já se parte do “todo”, do “brasileiro” em geral, como se tal entidade existisse efetivamente e não fosse a “construção de uma fantasia” com fins de legitimação política. É desse modo que o brasileiro pré-moderno, emotivo, do “jeitinho”, vai ser a base de todas as concepções dominantes entre nós. Começar pelo “começo”, ou seja, pelas estruturas gerais do racionalismo moderno, do qual o Brasil vai se constituir como “variação específica”, é, portanto, o único caminho adequado. Nele o Brasil e os brasileiros possuiriam uma singularidade “relativa” e não “absoluta”, como no caso do “planeta Brasil”, habitado por “seres extraterrestres verdinhos” construído pela “sociologia do jeitinho” e pela nossa interpretação dominante. Nessas versões, teríamos aqui um tipo de gente e de relações sociais que não existiria em nenhum outro lugar, como se fôssemos “marcianos verdinhos” disfarçados vivendo nos trópicos. Essa é a fantasia de nossa “identidade nacional” que a sociologia do “jeitinho” e do “homem cordial” contrabandeiam como verdade. 
 Para se romper com esse “conto de fadas sociológico”, é necessário que se critiquem os pressupostos de sua leitura superficial e de senso comum baseados em uma enganosa percepção da influência da “cultura” sobre o comportamento dos homens e mulheres comuns.
 Nesse sentido, a tese central desta obra, a ser demonstrada empiricamente a seguir, é a de que o aspecto mais central e mais importante, por isso mesmo o mais reprimido e obscurecido pela visão superficial e enganosa dominante, é a “invisibilidade” social, analítica e política do que chamamos provocativamente de “ralé” estrutural brasileira. Essa é a classe, que compõe cerca de 1/3 da população brasileira,6 que está abaixo dos princípios de dignidade e expressivismo, condenada a ser, portanto, apenas “corpo” mal pago e explorado, e por conta disso é objetivamente desprezada e não reconhecida por todas as outras classes que compõem nossa sociedade. Essa é também a razão da dificuldade de seus membros construírem qualquer fonte efetiva de autoconfiança e de estima social, que é, por sua vez, o fundamento de qualquer ação política autônoma.
 É apenas porque nós brasileiros permitimos a reprodução continuada de uma classe condenada a ser “corpo” sem alma ou mente (ou seja, uma forma de “indivíduoracional” aproveitável econômica e politicamente) que podemos também temê-la e persegui-la cotidianamente como delinquentes ou delinquentes potenciais. É apenas por serem percebidos como meros “corpos”, numa sociedade que valoriza a disciplina e o autocontrole acima de tudo, é que essa classe desprezada é vista como tendencialmente perigosa e como assunto da “polícia”, e não da “política”. A parte empírica deste livro destina-se a contar a vida dos seus membros como ela é, sem a “maquiagem” e falseamentos de interpretações que mais escondem que revelam, como estamos todos, no Brasil de ontem e de hoje,

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