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1 A VULNERABILIDADE SOCIAL DA MÃE SOLO NO BRASIL Aluna: Sirlene da Rosa Freitas de Abreu ** Professora: Maria Dolores Thiesen *** RESUMO: O presente artigo é fruto da experiencia dos estudos em Serviço Social na Universidade Federal de Santa Catarina – UNISUL, e dos períodos de estágio obrigatório em Serviço Social realizado, na Secretaria Executiva de Saneamento – Samae do Município de Palhoça - SC, onde o projeto de intervenção no período de estágio foi abordado o tema; o protagonismo feminino nas famílias beneficiarias da tarifa social da água no município de Palhoça – SC. Este Artigo foi desenvolvido com o objetivo de apresentar o perfil da Mae solo brasileira, mecanismos de proteção oferecidos pelas políticas públicas as mulheres vítimas de violência e sobre as ações desenvolvidas pela sociedade civil. Este estudo fundamenta-se exclusivamente em um estudo bibliográfico. PALAVRAS-CHAVE: mãe solo; mecanismos de proteção; sociedade civil INTRODUÇÃO Compreender a vulnerabilidade social das mães solo é tema relevante para o serviço social, por tratar-se de uma questão social de grande significado para a sociedade. Dessa forma, no presente trabalho de conclusão de curso nos dedicamos a pesquisar o tema. Optamos por pesquisar o perfil das mães solo, que vivem em situação de vulnerabilidade social, que acessam as políticas sociais públicas, e, os serviços organizados pela sociedade civil como forma de assegurar a dignidade de suas famílias. A pesquisa exploratória foi pautada por estudos e análises bibliográficos, documentais e de legislações, tendo por método de análise os dados quantitativos e qualitativos relacionadas ao tema Para compreender as expressões desta questão social, definimos o objetivo geral da pesquisa em apresentar o perfil das mães solos e os mecanismos de 2 proteção à mulher vítima de violência, traduzindo os objetivos específicos nas três seções do trabalho. A primeira seção teve por objetivo apresentar o perfil das mães solos no Brasil e, selecionamos como fonte de pesquisa o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na segunda seção desenvolvemos o tema relacionado aos mecanismos de proteção a mulher vítima de violência, com ênfase a política pública de assistência social. Na sequência na terceira seção abordamos o tema acerca das ações desenvolvidas pela sociedade civil, que atendem as mulheres vítimas de violência e a atuação profissional do/a assistente social no atendimento a mãe solo. Por último apresentamos as considerações finais, com recorte temporal do tema. SEÇÃO 1 - O PERFIL DAS MÃES SOLO NO BRASIL Muitas são as mulheres as únicas ou principais responsáveis pela criança e mantenedoras do seu lar. Cada uma com uma história, na maior parte mulheres com histórico de violência doméstica, que precisam colocar suas vidas em risco e fugir para poder escapar da violência. A violência não acontece da noite para o dia, ela vai acontecendo aos poucos de forma sutil e sorrateira. O que fazer diante desta problemática? A frase: em briga de homem e mulher não se mete a colher é verdadeira? De a cordo com Vitorino (2018) “todas as pessoas são vulneráveis em algum momento.” A vulnerabilidade faz parte de nossa existência, em algum momento de nossa existência fomos ou somos pessoas vulneráveis, seja na infância, adolescência, no momento de luto pela morte de um pai, mãe, filho, conjugue, em um momento de doença com um diagnóstico ruim que nos incapacita de agir por si só, no desemprego, na desvantagem econômica, na subordinação a um grupo, pela cor de pele, etnia, orientação sexual, na moradia inadequada, na falta de informação, podemos definir aqui que somos vulneráveis desde o nosso 3 nascimento, e não temos total controle dos acontecimentos nos diferentes contextos onde estamos inseridos. A maternidade solo é uma realidade antiga, são mães autônomas, estão nesta condição seja por uma gravides não esperada, ou por decisão própria, como mulheres que usam doadores para engravidar e pretendem manter a gravidez sozinhas, ou mulheres que desfizeram de seu relacionamento conjugal e vão viver sozinhas com seus filhos. A significação mãe solteira muito usada tem um sentido negativo e não deve ser mais utilizada, ser mãe fora do casamento era visto como transgressão e as mulheres padeciam, e ainda padecem preconceitos pois para muitas culturas ser mãe só é legitimo dentro do casamento. Segundo Borges (2020), sociedade patriarcal passou a se referir às mulheres que tinham filhos, mas não estavam inseridas em um matrimônio como mães solteiras: Durante muito tempo o termo utilizado para as mulheres com filhos (as) que3 não estavam inseridas em um relacionamento conjugal era “mãe solteira”, posto que para a sociedade a conjugalidade era um fator essencial para que as mulheres pudessem se tornar mães. O termo “mães solteiras”, como eram conhecidas as mães solo, carrega o forte resquício da sociedade machista e patriarcal do século XX, em que a mulher – sobretudo à mulher casada – possuía seus direitos civis, sexuais e reprodutivos reduzidos e em sua maioria submetidos à vontade do marido. (BORGES, 2020, p. 13). De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem mais de 11 milhões de mulheres que são as únicas responsáveis pelo cuidado com filhos e filhas. 63% das casas chefiadas por mulheres estão abaixo da linha da pobreza e o número de mães solo no Brasil em 2022 é maior observado em cinco anos, de acordo com os cartórios de registro civil. Já a maioria das mães solo no Brasil são negras (61%), em 63% das casas chefiadas por mulheres negras estão abaixo da linha da pobreza, os estudos indicam que mulheres negras encontram maior restrição a condição de moradia, saneamento básico e internet. Apresenta o IBGE que a desigualdade se reflete no acesso a saneamento básico e internet, já que 42% mulheres negras não contam com saneamento básico 4 e 28% não tem internet, em comparação a 28% e 23% das mulheres brancas, respectivamente. Outro dado importante, relaciona-se ao levantamento de que, 42 milhões de mulheres no Brasil receberam algum benefício do governo Federal, esse valor equivalia a aproximadamente R$ 145 mensais, por pessoa como Bolsa Família. A proporção das mães negras solo com filhos é maior em relação as mães brancas em casa com ao menos uma inadequação, como a falta de banheiro exclusivo, construção feita com material não durável ou mais de três moradores por quarto. Proporcionalmente, a cada 100 mães solo com filhos com menos de 14 anos, 4,6 mulheres negras não contam com um banheiro exclusivo, entre as mulheres brancas, a proporção cai para 1,4. Um fator muito importante, foi relacionado ao quadro de calamidade pública referente a pandemia do COVID 19 aumentou o número de desempregados; entre as mulheres, isso significa 14,5% de aumento contra 10,4% dos homens. Dentro deste recorde, as mães negras são mais atingidas com 15,2% de aumento de desemprego, enquanto entre a população branca esta taxa é de 9,8% segundo os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no início de maio. Entre as domésticas, 71% trabalham na informalidade. Outra questão pertinentega ao perfil de mães solo vulneráveis, relaciona-se intimamente com as situações de violência doméstica. a questão da violência contra a mulher, sendo um fenômeno que não é novo na sociedade, o assunto é tão antigo quanto às primeiras civilizações. O que acontece é que com a velocidade da informação o fato se torna públicorapidamente. Temos um problema social e sendo visível a insuficiência das políticas públicas, assistenciais, de educação, e saúde na luta para erradicar estes atos de violência e em efetivar direitos para as mulheres vítimas de violência. Percebe-se que o processo histórico com as lutas constantes da sociedade civil e entidades comprometidas em acabar com a violência contra a mulher tem colhido força e espaço nas mídias, contudo ainda diariamente obsrvamos em noticiários muitos casos de estrema violência contra a mulher. A violência contra a mulher tem sido apontada pela ONU como uma violação dos Direitos Humanos, como um problema de saúde pública, ou seja, como uma das principais causas de doenças de mulheres (hipertensão, angústia, depressão, sofrimento psíquico, e outras); da mesma forma, a violência cometida contra as 5 mulheres é apontada como um dos principais obstaculos ao desenvolvimento de países do mundo inteiro. De acordo com os dados difundidos pela Organização Mundial de Saúde (2009) a violência pode ser apontada como um dos fatores que mais causam depressão nas mulheres, afetando diretamente na saúde mental, sobretudo, contribuindo para incapacidade social destas (BRASIL, 2009). O impacto da violência doméstica como agravo a saúde pública só foi reconhecido recentemente por organizações internacionais como a OMS, como abaixo nos aponta Gómez: Em inúmeros estudos, se verifica o risco de depressão, toxicomania, atos de autodestruição, tentativas de suicídio e suicídio entre mulheres. Estima- se que 19% dos anos perdidos por morte ou incapacitação física em mulheres em idade produtiva deva-se a violência de gênero (Gómez, 1993). A Conferência Mundial dos Direitos Humanos, realizada em junho de 1993 em Viena, reconheceu no artigo 18 de sua Declaração que: “os direitos humanos das mulheres e das meninas são inalienáveis e constituem parte integrante e indivisível dos direitos humanos universais. A violência de gênero e todas as formas de assédio e exploração sexual são incompatíveis com a dignidade e o valor da pessoa humana e devem ser eliminadas. Os direitos humanos das mulheres devem ser parte integrante das atividades das Nações Unidas, que devem incluir a promoção de todos os instrumentos de direitos humanos relacionados à mulher”. Possuímos um problema social e sendo perceptível a insuficiência das políticas públicas, assistenciais, de educação, e saúde na luta para errancar estes atos de violência e em firmar direitos para as mulheres vítimas de violência. “... não há um fator único que explique por que algumas pessoas se comportam de forma violenta em relação a outras, ou porque a violência ocorre mais em algumas comunidades do que em outras. A violência é o resultado da complexa interação de fatores individuais, de relacionamento, sociais, culturais e ambientais. Entender como esses fatores estão relacionados à violência é um dos passos importantes na abordagem de 6 saúde pública para evitar a violência”. (Relatório mundial sobre violência e saúde. Genebra, OMS, 2002 A violência contra as mulheres não diferencia faixas etárias, situação econômica ou classes sociais, representa uma cruel realidade que precisa ser enfrentada por todos nós, como estabelece a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher, Convenção de Belém do Pará, ratificada pelo Brasil em 1995. O Brasil aparece em um triste quinto lugar em uma lista da Organização Mundial da Saúde (OMS) de países com maior número de feminicídios do mundo, atrás apenas de países como El Salvador, Colômbia, Guatemala e da Rússia. E esta condição tornou-se ainda mais grave durante a pandemia do Covid-19, pois, segundo o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, o número de denúncias feitas por telefone sobre violência sofrida por mulheres aumentou quase 18% durante os nove dias seguintes à data em que o confinamento social começou a valer em vários estados do país. Segundo dados do 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado no ano passado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mais de 1,2 mil mulheres foram vítimas de feminicídio no mesmo ano, 4% a mais do que em 2017, evidenciando que os números são crescentes e cada dia mais assustador. Os agressores de mulheres são na maioria companheiros ou ex-companheiros das vítimas. A partir dos dados quantitativos apresentados, podemos contextualizar: "Assim, contextualizamos o impacto da violência doméstica para além das estatísticas de sua incidência, no sentido de inscrevê-la na interpretação das causas do adoecimento, empobrecimento, desamparo à infância e evasão escolar, enfim, como obstáculos ao desenvolvimento pessoal e social para milhares de mulheres" (Camargo, 1998:4) É urgente que o Poder Público e a Sociedade se unam para combater a violência contra a mulher, identificando meios eficazes para prevenir e cessar a violência doméstica contra as mulheres no Brasil, fazendo cumprir os tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário e tornando realidade a prevenção, tão essencial, para que outras mulheres não caiam nesta guerra injusta e desleal. 7 SEÇÃO 2 - MECANISMO DE PROTEÇÃO A MULHER VÍTIMA DE VIOLÊNCIA A partir da Constituição Federal de 1988, regulamentada pela Lei n° 8.742, de 07 de dezembro de 1993, intitulada Lei Orgânica da Assistência Social, (LOAS), novos conceitos e modelos de assistência social passaram a vigorar no Brasil, sendo está colocada como direito de cidadania, com vistas a garantir o atendimento as necessidades básicas dos segmentos populacionais vulnerabilizados pela pobreza e pela exclusão social. A assistência social é um dever do Estado e direito do cidadão. É política pública e, como tal, faz parte da seguridade social. A ideia que prevalece é proteger para promover, para fazer a pessoa crescer, ofertando o mínimo básico para que o indivíduo inicie um processo de promoção humana, de crescimento e valorização da pessoa; o poder publico tem o dever de formular políticas e realizar ações e atividades que protegem a população mais vulnerável, a execução das políticas de Assistência Social é de competência da gestão municipal, sendo a instancia mais próxima da população. Esta Lei constitui benefícios, serviços, programas e projetos destinados ao enfrentamento da exclusão social dos segmentos mais vulneráveis. Para as mulheres em situação de violência, as secretarias de Assistência Social oferecem serviços de proteção através do CREAS, Centro de Referência Especializado de Assistência Social, é uma unidade publica da política de Assistência Social. O público alvo são famílias e pessoas que estão em risco pessoal e social e tiveram seus direitos violados, como: violência física, psicológica e negligência; violência sexual; afastamento do convívio familiar devido à aplicação de medida de proteção; situação de rua; abandono; trabalho infantil; discriminação por orientação sexual e/ou raça/etnia; descumprimento de condicionalidades do Programa Bolsa Família em decorrência de violação de direitos; cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade por adolescentes, entre outras.. A proteção Social de Alta Complexidade tem como objetivo ofertar serviços especializados em diferentes modalidades e equipamentos para garantir a segurança de acolhida. Estes serviços devem primar pela preservação, 8 fortalecimento ou resgate da convivência familiar e comunitária ou construção de novas referencias, quando for o caso, adotando para tanto, metodologias de atendimento e comportamento condizente com esta finalidade. O serviço de acolhimento é um serviço de alta complexidade do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) onde atendem mulheresvítimas de violência entre outros casos, e famílias/indivíduos em situação de abandono, ameaça ou violação de direitos rompidos ou fragilizados. Os principais objetivos dos serviços de acolhimento são: acolher e garantir proteção integral; prevenir o agravamento de situações de negligência, violência e ruptura de vínculos; restabelecer vínculos familiares; possibilitar a convivência comunitária; promover acesso à rede socioassistencial, aos demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos e às demais políticas públicas setoriais; fortalecer a autonomia; promover o acesso a programações culturais, de lazer e esporte. Já o Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) é uma unidade de atendimento a população onde são oferecidos serviços de Assistência Social, lá a pessoa pode fazer o seu Cadastro Único e obter informações tendo acesso sobre os benefícios sociais, projetos de Assistência Social e outros serviços públicos, recendo apoio para suas dificuldades, um serviço de extrema importância para as mulheres em mães solo em situação de vulnerabilidade social. No âmbito do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, cabe, sobretudo, à Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres (SNPM) a formulação, coordenação e articulação de políticas públicas para as mulheres, incluídas atividades antidiscriminatórias em suas relações sociais e o combate a todas as formas de violência contra a mulher. Instituído pelo Decreto no 8.086, de 30 de agosto de 2013, e alterado pelo Decreto no 10.112, de 12 de novembro de 2019, o Programa Mulher Segura e Protegida tem como objetivo integrar e ampliar os serviços públicos existentes destinados às mulheres em situação de violência, por meio da articulação dos atendimentos especializados no âmbito da saúde, da justiça, da rede socioassistencial e da promoção da autonomia financeira. A Casa da Mulher Brasileira é um centro de atendimento humanizado e especializado à mulher em situação de violência doméstica, na qual são ofertados serviços pelo Juizado Especial voltado para o atendimento à mulher no município; https://webmail.mdh.gov.br/owa/redir.aspx?REF=xcV6nfL2fWeFx5iadY6Rrdxx4DE1l_GqjWsywH4iUifYUTPg3uTYCAFodHRwczovL3d3dy5pbi5nb3YuYnIvd2ViL2RvdS8tL2RlY3JldG8tbi0xMC4xMTItZGUtMTItZGUtbm92ZW1icm8tZGUtMjAxOS0yMjc2NTU0ODI. https://webmail.mdh.gov.br/owa/redir.aspx?REF=xcV6nfL2fWeFx5iadY6Rrdxx4DE1l_GqjWsywH4iUifYUTPg3uTYCAFodHRwczovL3d3dy5pbi5nb3YuYnIvd2ViL2RvdS8tL2RlY3JldG8tbi0xMC4xMTItZGUtMTItZGUtbm92ZW1icm8tZGUtMjAxOS0yMjc2NTU0ODI. https://webmail.mdh.gov.br/owa/redir.aspx?REF=rBb_8pjzJNm_W8S7Dod9-TG5vl0LuiraT5SeIfyD0hbYUTPg3uTYCAFodHRwczovL3B0Lndpa2lwZWRpYS5vcmcvd2lraS9NdWxoZXI. 9 Núcleo Especializado da Promotoria e/ou Núcleo Especializado da Defensoria Pública; e pela Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher do local. Na casa, há alojamento de passagem para a mulher e sua família, brinquedoteca para seus filhos, oferta de apoio psicossocial, e capacitação para a autonomia econômica da mulher, tudo em um único lugar. A participação social na construção das políticas públicas de Direitos Humanos do Governo Federal é assegurada por meio da atuação de conselhos, comissões e comitês. A função destes colegiados - relacionados às diversas temáticas de atuação do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH),) - é aprimorar, implementar e fortalecer os Direitos Humanos no Brasil, por meio da busca permanente de ações conjuntas entre Estado e sociedade Civil. Para especialistas, a Casa da Mulher Brasileira, concebida para atendimento humanizado às mulheres vítimas de violência doméstica, é um dos melhores modelos de enfrentamento à violência de gênero e proteção à mulher porque concentra todos os serviços primordiais às vítimas em situação de vulnerabilidade se for bem implementada e executada. Atualmente, no Brasil, existem 30 casas da Mulher Brasileira em implementação, sendo nove já em fase de construção e sete em funcionamento. Entre os órgãos públicos que fazem parte da estrutura estão Polícia Civil, Defensoria Pública, Ministério Público, Polícia Civil e Tribunal de Justiça. A oferta desses serviços em um só local evita que a mulher tenha que percorrer vários equipamentos de assistência e que sofra a revitalização durante o processo de pedido de ajuda. Disposta na lei Maria da Penha, a rede de enfrentamento baseia-se em quatro eixos: combate, prevenção, assistência e garantia de direitos das mulheres. A articulação entre instituições governamentais, não-governamentais e a comunidade é fundamental para o bom funcionamento da rede. A criação das Delegacias Especializadas é um avanço e contribui no atendimento as vítimas de violência, diferentes programas e serviços existentes ainda não conseguem atender de forma integral. O Assistente social pode realizar projetos de apoio em grupos facilitando a troca de experiencias e encorajando a denúncia e ajuda mútua, a intervenção de uma psicóloga também é de suma importância. 10 À medida que trabalhamos a educação a consciência da pessoa toma um novo norte, como o reconhecimento de ser um sujeito com direitos, um cidadão que tem um lugar na sociedade, resgatando a autoestima e emancipação. "É um problema estruturante, é um problema de base, devido ao machismo, e para tal é preciso ter investimentos em políticas públicas para combater o problema e tentar superá-lo um dia. (...) É uma política que tem de ir evoluindo e tendo mais investimento para que de fato retroceda a violência. Se você investe num ano, e no ano seguinte você corta recursos do serviço, você está retrocedendo na promoção de direito dessas mulheres, você está colocando /mulheres em risco", afirma Carmela Zigoni. assessora política da Inesc. 08/2022 Apesar de identificados importantes avanços do ponto de vista de políticas públicas relacionadas ao atendimento de situações de vulnerabilidades social e violência, carecemos avançar na consolidação destes, principalmente com ênfase para as mães solo. SEÇÃO 3 AÇÕES DESENVOLVIDAS PELA SOCIEDADE CIVIL QUE ATENDEM AS MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA E A ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO/A ASSISTENTE SOCIAL NO ATENDIMENTO A MÃE SOLO A necessidade de programas que alcance as grandes massas é essencial para conscientização das pessoas, principalmente a família, o assunto precisa entrar dentro de casa, através dos canais de televisão aberto, nas redes sociais, nas escolas conscientizando crianças e adultos, ações nas redes públicas e privadas alcançando homens e mulheres no seu local de trabalho. O homem principalmente precisa ser orientado a combater este problema, prevenir a violência é um dever de todos e não é uma tarefa fácil, exige políticas públicas e junção de diferentes serviços. Desta forma, dedico a última seção do presente artigo, apresentando serviços que são desenvolvidos pela sociedade civil, que atendem mulheres vítimas de violência e, a importância do trabalho profissional do/a assistente social para atuar nesta expressão da questão social, com destaque para mães solo. 11 O documento Enfrentando a Violência contra a mulher, disponibilizado na página da Secretaria dos Direitos Humanos e da Mulher, escrito por Barbara M. Soares, contém orientações práticas para Profissionais e Voluntários, este livro é prático e contém muitas informações em uma linguagem de fácil entendimento para todos. As referencias contidas abordam, entre outras coisas, as formas como se manifestam o ciclo da violência doméstica, as mentiras que a cercam, os dados sobre agressões, e sugestões de proteção e segurança para as mulheres em situação de risco. Projetos e iniciativas Civil contam com o envolvimento de ONU mulheres. Para a ONU Mulheres, defensora de direito humano é toda mulherque atua pela promoção ou proteção das garantias das mulheres, defendendo a liberdade, e igualdade de gênero. Plenamente, defensores de direitos humanos, que atuam dentro de movimentos sociais, de forma autônoma ou como parte das organizações da sociedade civil, enfrentam severos desafios para defenderem direitos livres de ameaças e violências. Sendo um projeto de 40 meses, que vem sendo implementado pela ONU Mulheres com o apoio da União Europeia até o fim de 2022, apoiará as mulheres defensoras de direitos humanos no Brasil em seus esforços para promover e sustentar suas estratégias de prevenção e resposta a violações de direitos humanos e violências contra mulheres e meninas. Espera-se que a ação contribua para que as mulheres, em toda a sua diversidade, exerçam seu direito a defender direitos livres de violências e ameaças. A proposta, elaborada com as contribuições de organizações parceiras visa fortalecer a solidariedade, as habilidades e as estratégias de comunicação entre defensoras de direitos humanos para alerta precoce e autoproteção. Trata-se de um projeto implementado em diálogo com o Alto Comissariado de Direitos Humanos e alinhado com as estratégias de diferentes áreas temáticas em ONU Mulheres, tais como Liderança e Participação Política e a Agenda de Mulheres, Paz e Segurança. Como a posição das mães solo em situação de vulnerabilidade social, é importante demonstrar que o/a assistente social, tem um vasto acúmulo teórico, ético e instrumental técnico operativo que muito pode contribuir para formação de novas formas de sociabilidade, que contribua com a importância do papel social da mulher. De acordo com o Conselho Regional de Serviço Social - CRESS SC (p. 7. 12 2014) “os profissionais assistentes sociais têm todo um aporte teórico metodológico, ético político e técnico operativo que lhes dão respaldo no seu exercício profissional”, e Junto a instituições que atendem mulheres que sofrem violência, o Assistente Social pode propor formar um grupo para socialização, um momento de compartilhar experiencias, resgatar autoestima, se encorajarem mutualmente a fazerem denúncias e saírem da situação de violência, o Assistente pode incluir estas mulheres em programas sociais. Desenvolver atividades que abracem trabalhadores e empresários, empresas e sindicatos em comunidades urbanas e rurais, gerando políticas inclusivas e inserção da mulher no mercado de trabalho, pois a dependência econômica é uma das principais causas que impedem as mulheres que sofrem violência de sair da relação. Promover debates sobre violência na educação é fundamental, atividades de conscientização e esclarecimentos em relação a violência contra a mulher, envolvendo pais alunos, professores e funcionários. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pela importância do tema, a vulnerabilidade social da mãe solo no Brasil, entendemos ser necessário avançar na reflexão e estudos sobre assunto tão relevante a sociedade. Por se tratar de um trabalho acadêmico/científico, centrado em um semestre, conseguimos traduzir aqui os dados pesquisados, ciente de que poderiam ser melhor analisados. No entanto, foram apontados importantes dados que se caracterizam por questões culturais, patriarcal, de vulnerabilidade social, que em muito afetam negativamente a condição da mãe solo em situação de vulnerabilidade social. Identificamos que famílias que vivem em situação de vulnerabilidade social, acabam por tornar-se mães solo. É evidente que a ausência da paternidade é cruel vida da mulher, pois implica uma sobrecarga que lhe impõe a criação, educação, cuidados diários, todas as preocupações de cada fase da criança e adolescente sobre a sua total responsabilidade, e a culpa pelo abandono paterno também a afeta, e por mais que a mãe dedique tempo e amor o vínculo materno não supre a falta da figura paterna na vida da criança. 13 A mãe negra solo, a maior parte vive nas grandes periferias do Brasil e em situação de vulnerabilidade social e econômica, deixa seus filhos, sua casa, para cuidar dos filhos e das casas de outras pessoas. Friso aqui a mãe negra que luta diariamente contra o racismo, o machismo e o sexismo e evidentemente é uma realidade muito cruel. Ciente de que o estudo contribuiu para a minha formação acadêmica, como momento síntese de todos os anos dedicados a formação e, desejando avançar nos estudos para na vida profissional, passamos contribuir com valorizar formas de viver em sociedade onde todos/as possam viver com dignidade social e sem violência. 1. Referências CEFESS - CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Código de Ética do Assistente Social. Brasília: 1993. Acesso em: 30/08/2022 CARVALHO, Clarissa. “Mãe solteira ou mãe solo? Descubra as implicações de cada termo e conheça histórias dessa realidade.” 2020 Acesso em: 10 de set. 2022 ASSOCIAÇÃO DOS CARTÓRIOS E REGISTRADORES DO BRASIL. Portal da Transparência - Registro Civil.org.br/painel-registral/pais-ausentes Acesso em: 30/08/2022 NARA LACERDA. Cartórios registram crescimento de mães solo no Brasil em | Geral (brasildefato.com.br)- https://www.brasildefato.com.br/2022/05/09/ Acesso em : 10/08/2022 https://transparencia.registrocivil.org.br/painel-registral/pais-ausentes https://transparencia.registrocivil.org.br/painel-registral/pais-ausentes https://www.brasildefato.com.br/2022/05/09/cartorios-registram-crescimento-de-maes-solo-no-brasil-em-cinco-anos https://www.brasildefato.com.br/2022/05/09/cartorios-registram-crescimento-de-maes-solo-no-brasil-em-cinco-anos https://www.brasildefato.com.br/2022/05/09/ 14 POR VITORIA REGIA DA SILVA. Um retrato das mães solo na pandemia – de 23/03/2021 Gênero e Número (generonumero.media) Acesso em : 10/08/2022 SIMONE DE SOUZA KUHNEN E ELIZABETE VIEIRA VITORINO Versão-final-TCC 2-Simoni-2021-PDFA.pdf (ufsc.br) Acesso em: 30/08/2022 IBGE - Estatísticas de Gênero - Indicadores sociais das mulheres no Brasil | IBGE. Acesso em 05/092022 GOV.BR. 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Acesso em: 13/10/2022 IBGE - Violência atingiu 29,1 milhões de pessoas em 2019; mulheres, jovens e negros são as principais vítimas | Agência de Notícias (ibge.gov.br) aceso 10/09/2022 Gabriela Manssur (@justicadesaia) • Fotos e vídeos do Instagram Aceso 10/09/2022 http://200.130.7.5/spmu/docs/en.PDF (senado.leg.br) aceso 10/09/2022 12.SENADO.LEG.BR - http://200.130.7.5/spmu/docs/en.PDF (senado.leg.br) 04/10/2022 Mulheres ricas e pobres sofrem violência na mesma proporção | O TEMPO mariamarce,+628-1924-1-PB (1).pdf aceso 05/10/2022 liv101800.pdf (ibge.gov.br) Acesso em:14/10/2022 BRASIL.UN - Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher | As Nações Unidas no Brasil. 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