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TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS
INTRODUÇÃO PARA FARMACÊUTICOS
TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA FARMACÊUTICOS
Rua Anseriz, 27, Campo Belo – 04618-050 – São Paulo, SP. Fone: 11 3093-3300 
www.segmentofarma.com.br • segmentofarma@segmentofarma.com.br • Cód. da publicação: 22999.05.2018
O conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es). 
Produzido por Segmento Farma Editores Ltda., sob encomenda de SOBRAFO, em maio de 2018.
MATERIAL DE DISTRIBUIÇÃO EXCLUSIVA À CLASSE FARMACÊUTICA.
TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS
INTRODUÇÃO PARA FARMACÊUTICOS
TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA FARMACÊUTICOS
 
Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer sistema, 
sem prévio consentimento da Segmento Farma Editores Ltda.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À 
SEGMENTO FARMA EDITORES.
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
 GATO, Maria Inês Rodrigues (coord.)
C755 Transplante de células-tronco hematopoéticas: introdução para 
farmacêuticos / Coodernação e revisão Maria Inês Rodrigues Gato; 
Autores Amanda Nascimento dos Reis, Andrea Tofani, Carolina 
Ferreira dos Santos et al. – São Paulo: Segmento Farma, 2018.
 70 p., il.
 Inclui bibliografia
 ISBN 
1. Células-tronco hematopoéticas - Transplante. I. Reis, Amanda Nascimento 
dos. II. Tofani, Andrea. III. Santos, Carolina Ferreira dos. IV. Título.
CDD 616.99441
IMPRESSO NO BRASIL
2018
Índice para catálogo sistemático
1. Sistema hematopoético-lítico 573.155
2. Células-tronco: Transplante 616.99441
TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA FARMACÊUTICOS
Coordenação e revisão
Maria Inês Rodrigues Gato
Autores
Amanda Nascimento dos Reis
Andrea Tofani
Carolina Ferreira dos Santos
Cintia Vecchies Morassi
Douglas Coutinho Ribeiro da Costa
Fumiko Takahashi Ito
Maria Inês Rodrigues Gato
Paula Ferreira Castro
Paulo Roberto Villa
Rodrigo Spineli Macedo
Colaboradores
Anselmo Rodrigues dos Santos
Bruna de Abreu Dias Costa
Camila Ragonha Enciso
Carlos Henrique Moreira Da Cunha
Christopher Lucas Negrete 
Danilo Belchior Ponciano
Jaqueline Soares de Moraes Lima
Jefferson Silva Martins
Larissa Sabino
Lygia Leão Fernandes
Mariana Perez Esteves Silva
Nathalia Gonsalez Lainetti
Samanta Oliveira da Silva
Realização:
Sociedade Brasileira de Farmacêuticos em Oncologia
Gestão 2016-2018
Presidente: Mário Jorge Sobreira da Silva 
Vice-presidente executivo: Pablicio Nobre Gonçalves
 Vice-presidente técnico-científico: Ney Moura Lemos Pereira
 Diretor técnico-científico: Elaine Lazzaroni Moraes
 Diretora de comunicação: Annemeri Livinalli 
Diretora administrativo-financeira: Mayde Seadi Torriani 
Diretor de assuntos regionais: Rafael Oscar Risch
Diretora secretária: Cláudia Lara Fonseca
Sumário
Apresentação
Prefácio
Agradecimentos 
Introdução 
Mobilização 
Condicionamento 
Prevenção e tratamento de complicações infecciosas 
Prevenção e tratamento de complicações não infecciosas 
Transplante de células-tronco hematopoéticas em pediatria 
Uso e acesso a medicamentos na pós alta hospitalar 
15
25
29
37
49
57
67
Apresentação 
No momento atual, com o surgimento de novos centros de transplante 
de células-tronco hematopoéticas e sendo esta uma modalidade com-
plexa de terapia, identificou-se a necessidade de haver profissionais 
farmacêuticos integrados e capazes de garantir maior segurança ao pa-
ciente durante todo o tratamento.
No intuito de aprimorar os conhecimentos em transplante de células-
-tronco hematopoéticas (TCTH), a Sociedade Brasileira de Farmacêuti-
cos em Oncologia (SOBRAFO) idealizou a elaboração do material inti-
tulado Transplante de células-tronco hematopoéticas: introdução 
para farmacêuticos, fruto do esforço de farmacêuticos com experiên-
cia em TCTH e que atuam em centros de referência. O conteúdo visa 
a auxiliar a busca de informações de forma prática e objetiva e contri-
buir com o aprimoramento e consolidação do farmacêutico na equipe 
multiprofissional. 
Esta edição está organizada em sete capítulos, os quais abrangem os 
princípios básicos do transplante e a atuação do farmacêutico clínico. 
Esperamos que o conteúdo deste material seja fonte para aprendizado 
e consulta no dia a dia do profissional farmacêutico que atua ou que 
tenha interesse na área de Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica em 
TCTH.
Maria Inês Rodrigues Gato
Coordenadora
Ex-diretora técnico-científica da SOBRAFO 
Prefácio
O transplante de células tronco-hematopoéticas (TCTH) foi regulamentado no Brasil 
em 1997, pela publicação da Lei no 9.434. Para a realização do procedimento, além 
da existência de infraestrutura adequada, é fundamental que haja uma equipe mul-
tiprofissional altamente especializada.
O farmacêutico exerce papel importante no TCTH, não apenas por ser o responsá-
vel pelo preparo dos medicamentos utilizados no procedimento, mas também por 
contribuir clinicamente para efetividade, qualidade e segurança do paciente trans-
plantado. Para tanto, é fundamental que o profissional compreenda plenamente 
conceitos, modalidades e aplicações desta modalidade de tratamento.
Neste sentido, é extremamente oportuna a publicação do presente material. A obra 
foi estruturada em sete capítulos que objetivam, de forma sistematizada, instru-
mentalizar os farmacêuticos para a atuação no TCTH. Além das principais definições, 
o texto apresenta os esquemas terapêuticos utilizados em cada etapa do procedi-
mento e as estratégias que podem ser empregadas em casos de complicações rela-
cionadas ao tratamento. Trata-se de um importante material de consulta para profis-
sionais farmacêuticos que atuam na área e de uma ótima referência para alunos de 
graduação e pós-graduação. 
A excelência do conteúdo apresentado neste material é resultado da participação 
de diversos farmacêuticos com vasta experiência no acompanhamento de pacien-
tes em TCTH. Em nome da diretoria da SOBRAFO, agradeço imensamente a disponi-
bilidade e a generosidade de cada um dos colaboradores desta obra. 
Espero que o presente material possa contribuir fortemente para a qualificação da 
atuação do farmacêutico na área de transplante.
Uma ótima leitura!
Mario Jorge Sobreira da Silva, D.Sc,
Farmacêutico chefe da Divisão de Ensino do Instituto Nacional de Câncer
Presidente da Sociedade Brasileira de Farmacêuticos em 
Oncologia (SOBRAFO) – 2016-2018
Agradecimentos
A Sociedade Brasileira de Farmacêuticos em Oncologia agradece à 
Comissão de Farmácia em TCTH, que vislumbrou e encabeçou esse 
projeto.
Aos autores, que cuidadosamente selecionaram os temas dos capítu-
los e desenvolveram o conteúdo.
Àqueles que deram apoio à elaboração do conteúdo, direta ou indire-
tamente, aqui listados como colaboradores. 
Diretoria SOBRAFO
15
TRANSPLANTE DE 
CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA 
FARMACÊUTICOS
Introdução
DEFINIÇÃO
O transplante de células-tronco hemato-
poéticas (TCTH) é uma modalidade de tra-
tamento para algumas doenças que afetam 
principalmente as células do sangue, como 
as doenças linfoproliferativas e as mielopro-
liferativas, em hemoglobinopatias e em ou-
tras doenças malignas e benignas. O TCTH 
tem como objetivo substituir a medula ós-
sea doente por células normais, que podem 
ser do próprio paciente (autólogo) ou de 
doador (alogênico aparentado ou não apa-
rentado) e que vai reconstituir uma medula 
saudável. É na medula óssea que se encon-
tram em maior quantidade as células-tron-
co hematopoéticas (CTH), responsáveis pela 
geração das células sanguíneas (eritrócitos, 
leucócitos e plaquetas).1 
HISTÓRICO
Apesar do TCTH ter sido idealizado há mais 
de 100 anos, o primeiro procedimento so-
mente aconteceu com sucesso em humanos 
a partir da década de 1960, evoluindo con-
sideravelmente nos últimos 50 anos – após 
a identificação do complexo principal de 
histocompatibilidade (do inglês, Major Histo-
compatibility Complex – MHC). Após intensos 
estudosde 14 dias.1,5
Quadro 6. Profilaxia e tratamento das principais infecções parasitárias1,5,11
Profilaxia Tratamento
Strongyloides stercoralis
Ivermectina 200 µg/kg/dia VO por 2 
dias – repetir em 2 semanas 
Terapia combinada: 
Ivermectina 200 µg/kg/dia VO + Tiabendazol 25 mg/kg/dia por 14 dias 
ou até resolução sintomática e teste negativo do parasitológico
Toxoplasma gondii SMX+TMP 400 + 80 mg 3x/semana
Terapia de indução (6 semanas): Pirimetamina 200 mg VO, seguido de 
75 mg/ dia + Ácido folínico 10-25 mg/dia VO e Sulfassalazina 1 g VO se 
 60 kg 6/6 horas
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TRANSPLANTE DE 
CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA 
FARMACÊUTICOS
Referências 
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TRANSPLANTE DE 
CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA 
FARMACÊUTICOS
INTRODUÇÃO
As principais complicações não infecciosas 
são abordadas neste capítulo. Seu diagnós-
tico e tratamento precoce podem mudar 
o prognóstico dos pacientes receptores de 
transplante de células-tronco hematopoéti-
cas (TCTH). 
DOENÇA DO ENXERTO CONTRA O 
HOSPEDEIRO 
A doença do enxerto contra o hospedeiro 
(DECH) é um fenômeno biológico comple-
xo, no qual as células do doador reagem 
contra as células do hospedeiro; representa 
uma das principais causas de morbidade e 
mortalidade em transplante alogênico de 
células-tronco hematopoéticas.1 É caracte-
rizada por uma manifestação clínica pleo-
mórfica, na qual células do linfócito T do 
doador reconhecem os antígenos do hos-
pedeiro como estranhos ao organismo, de-
sencadeando resposta imunológica contra 
os mesmos.2,3
A DECH é classificada de duas formas: 
 � Aguda: geralmente ocorre em até 100 
dias após a realização do transplante, 
comprometendo a pele (exantema), o 
trato gastrintestinal (náusea, vômito e 
diarreia) e o fígado (icterícia, aumento de 
enzimas hepáticas);1,4
Prevenção e tratamento de complicações 
não infecciosas
 � Crônica: ocorre após mais de 100 dias 
do transplante, caracterizada por lesões 
semelhantes a distúrbios autoimunes, 
como erupções (esclerodermias), dismo-
tilidade esofágica e hepatopatia colestá-
tica (obstrutiva).3
A imunossupressão constitui uma estra-
tégia farmacológica primária para prevenir a 
DECH, e geralmente inclui o uso de anticorpos 
antilinfócitos T e de inibidores de calcineurina 
(ciclosporina ou tacrolimo).4,5 Para o tratamen-
to, é imprescindível considerar o órgão acome-
tido e a graduação da toxicidade, além de se 
avaliar as particularidades de cada paciente. A 
American Society for Blood and Marrow Trans-
plantation (ASBMT) recomenda o uso de me-
tilprednisolona 2 mg/kg/dia ou de prednisona 
2,5 mg/kg/dia como primeira linha de trata-
mento sistêmico. À medida que ocorra me-
lhora clínica, considera-se a retirada gradual 
da corticoterapia, com ajustes da dose de 
0,2 mg/kg/dia, a cada 3 a 5 dias, reduzindo a ve-
locidade dos ajustes quando atingir 20 mg/dia.6
A ausência de resposta ou refratarieda-
de ao esquema de primeira linha implica 
escolha de outros regimes terapêuticos. 
Deve-se considerar os tratamentos prévios 
realizados, a toxicidade, as interações me-
dicamentosas, o custo, a experiência e a 
50
familiaridade da equipe médica com deter-
minados fármacos e procedimentos.6 Na 
Figura 1 estão descritos os medicamentos 
utilizados no manejo inicial da DECH agu-
da conforme gravidade.
O tratamento de segunda linha baseia-se 
na utilização de imunoglobulina antitimó-
cito humano, etanercepte, infliximabe, da-
clizumabe e fotoaférese extracorpórea. Pos-
teriormente, como terceira linha, pode-se 
utilizar metotrexato, pentostatina, células 
mesenquimais e alentuzumabe.1
Além das terapias estabelecidas pelo úl-
timo consenso da SBTMO, outros agentes 
mostram-se promissores no tratamento da 
DECH, como rituximabe, mesilato de imatini-
be e ruxolitinibe.4 
No Quadro 1, estão descritos os medica-
mentos utilizados no manejo da DECH con-
forme graduação e diagnóstico.
A associação de imunossupressores 
muitas vezes é feita para garantir adequa-
da profilaxia da DECH. Entre as associações 
mais comuns, estão:
 � Ciclosporina e metrotexato (CsA+MTX);12
 � Tacrolimo e metrotexato;13
 � Tacrolimo, micofenolato de mofetila e ci-
clofosfamida.14
Figura 1. Algoritmo para tratamento inicial da DECH aguda segundo as diretrizes da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula 
Óssea (SBTMO) 2012 1
 
 
 
 
 
 
 
 
Diagnóstico e graduação 
Iniciar 1 mg/kg de 
corticoide (oral ou 
endovenoso) 
Graduação I  Graduação III‐IV 
Otimizar nível de 
ciclosporina e maximizar 
agentes tópicos 
Iniciar 
metilprednisolona 
endovenosa 2 mg/kg 
Otimizar nível de 
ciclosporina e maximizar
agentes tópicos 
Otimizar nível de 
ciclosporina e 
maximizar agentes 
tópicos 
Graduação II 
51
TRANSPLANTE DE 
CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA 
FARMACÊUTICOS
Quadro 1. Imunossupressores utilizados no tratamento da doença do enxerto contra o hospedeiro 
FÁRMACO DOSES E POSOLOGIA
Ciclosporina (CSA)7 Início geralmente no D-1, dose IV de 3 mg/kg dividida em duas aplicações. Nível sérico desejado: 
200-300 mg/L nas 3 ou 4 primeiras semanas e 100-200 mg/L após esse período
Tacrolimo (FK506)8 Início no D-3, dose IV de 0,02 mg/kg em infusão contínua. Nível sérico desejado: 5 a 10 ng/mL
Metotrexato (MTX)9 Dose de 5 -10 mg/m2 nos dias +1, +3, +6 e +11
Micofenolato de Mofetila (MMF)10 Dose 30-45 mg/kg do D+5 até D+35
Ciclofosfamida (CTX)11 Dose 50 mg/kg no D+3 e D+4
MICROANGIOPATIA TROMBÓTICA
Microangiopatia trombótica (MAT) associa-
da ao transplante é uma doença multifato-
rial resultante da lesão endotelial vascularsistêmica e que pode ser desencadeada por 
diversos mecanismos durante o processo 
do transplante.15 Esta síndrome é caracteri-
zada por anemia hemolítica, trombocitope-
nia e evidente dano aos órgãos (particular-
mente insuficiência renal aguda) e acomete 
entre 10% a 20% dos pacientes submetidos 
ao TCTH, sendo menos frequente no trans-
plante autólogo.16
Várias doenças compreendem a cate-
goria de MAT, incluindo púrpura trombo-
citopênica trombótica (PTT), síndrome 
hemolítica urêmica típica (SHU) e atípica 
(aSHU).17 Diversos fatores podem favorecer 
o desenvolvimento da MAT, conforme de-
monstrado no Quadro 2.
O diagnóstico de MAT é um processo 
difícil de ser identificado, uma vez que as 
principais manifestações são semelhantes 
aos sinais e sintomas de outras complica-
ções associadas ao transplante, como as do 
regime de condicionamento e as das infec-
ções oportunistas.16
Há relatos de benefício do uso do ácido ei-
cosapentaenoico (1,8 g/dia VO, iniciando três 
semanas antes do transplante até D+180) na 
profilaxia de MAT, pois este contribui com a 
redução da resposta inflamatória.19
Quadro 2. Fatores que contribuem para o desenvolvimento da MAT18
Fatores de Risco Exemplos
Regime de condicionamento Total Body Irradiation (TBI). Altas doses de bussulfano, fludarabina, pentostatina
Tipo de doador Doador não aparentado
Imunossupressão Uso de inibidores de calcineurina (ciclosporina, tacrolimo). Uso de inibidores de mTOR (sirolimo)
Infecção Infecções iatrogênicas: bacteriana, fúngica, viral (CMV, HHV-6)
Transplante Doença do enxerto contra o hospedeiro. Incompatibilidade ABO
CMV: Citomegalovírus; HHV-6: Herpesvírus humano-6; mTOR: Proteína-alvo da rapamicina em mamíferos
52
Em relação ao tratamento, diversas con-
dutas são propostas em literatura, confor-
me demonstrado no Quadro 3.
SÍNDROME OBSTRUTIVA SINUSOIDAL 
A síndrome obstrutiva sinusoidal (SOS), 
antes denominada doença veno-oclusiva 
(DVO), caracteriza-se por hepatomegalia, 
dor abdominal, hiperbilirrubinemia, ascite e 
ganho de peso. Acomete pacientes subme-
tidos ao TCTH, devido à lesão endotelial e à 
dos hepatócitos, secundária à terapia citor-
redutora dos regimes de condicionamento. 
A SOS ocorre normalmente nos primeiros 
trinta dias do transplante.4
Na maioria dos casos, a SOS resolve-se 
espontaneamente, e aqueles que evoluem 
para a falência de múltiplos órgãos (forma 
grave de SOS) têm uma taxa de mortalida-
de superior a 80%, representando uma das 
principais complicações do TCTH.4
O medicamento defibrotida apresenta-se 
como a única opção para o tratamento da 
SOS em adultos e em crianças. Entretanto, 
sua eficácia depende do início imediato 
do agente, logo que o paciente apresente 
qualquer sinal de comprometimento hepá-
tico compatível com a doença.4 O tratamen-
to com defibrotida é recomendado na dose 
de 6,25 mg/kg a cada 6 horas (25 mg/kg/
dia), por duração de pelo menos 21 dias.25 
No Quadro 4, há um resumo dos fatores de 
risco para ocorrência de SOS.
O monitoramento destes pacientes deve 
ser contínuo, incluindo o controle de me-
didas antropométricas, de sinais vitais e do 
balanço hídrico; o acompanhamento dos 
exames laboratoriais, principalmente os de 
função hepática (transaminases, bilirrubina, 
fibrinogênio, tempo de tromboplastina par-
cial, fosfatase alcalina, amilase). Restringir o 
uso de medicamentos potencialmente he-
patotóxicos e avaliar as interações medica-
mentosas.
MUCOSITE ORAL 
A mucosite oral (MO) é uma das compli-
cações mais significativas do TCTH e está 
Quadro 3. Tratamento proposto para MAT
Medicamento/Conduta Comentários/Observações
Retirada dos inibidores 
de calcineurina
Substituição por corticosteroides ou por outros agentes imunossupressores20
Opções Terapêuticas: micofenolato de mofetila e azatioprina21
Importante lembrar que o micofenolato de mofetila e a azatioprina podem ter início de ação tardio, necessitando de 
aumento de dose dos corticosteroides em caso de MAT na presença de DECH21
Plasmaférese
Devido à limitação disponível de literatura, o comitê Blood and Marrow Transplant Clinical Trials Network (BMT-CTN) 
acredita que o uso universal da plasmaférese para MAT não pode ser considerado um padrão de cuidado20
Eculizumabe Adultos: 900 mg, 1x/semana, durante 4 semanas, seguido pela dose de manutenção de 1.200 mg a cada 14 dias22
Rituximabe 375mg/m² 1 x/ semana, por 4 semanas23
Defibrotida
EV: Indução – 25 mg/kg/dia em 4 doses divididas durante pelo menos 4 a 6 semanas (até 2 semanas da remissão 
completa da MAT); consolidação (acima de 6 semanas). Para mal respondedor, o quadro deve ser avaliado24
DECH: Doença do enxerto contra o hospedeiro; MAT: Microangiopatia trombótica; PTT: Púrpura trombocitopênica trombótica
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TRANSPLANTE DE 
CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA 
FARMACÊUTICOS
Quadro 4. Principais fatores de risco associados ao desenvolvimento de SOS26
Fatores relacionados ao transplante Fatores relacionados ao paciente Fatores relacionados à função hepática
Doador não aparentado
Doador HLA incompatível
Regime de condicionamento baseado em 
bussulfano
Exposição à radiação ionizante (TBI)
Segundo TCTH
Enxerto sem depleção de células T
Condicionamento mieloablativo
Idade avançada
Mulheres que fazem uso do anticoncepcional 
noretisterona
Fatores genéticos (polimorfismo GSTM1, 
alelo C282Y)
Doença avançada
Síndrome metabólica
Talassemia
Bilirrubina sérica > 1,5 x LSVR
Transaminases > 2,5x LSVR
Uso de fármacos potencialmente hepatotóxicos 
(azóis, gentuzumabe ozogamicina, anfotericina 
B, entre outros)
Cirrose hepática
Fibrose hepática
Acúmulo de ferro 
Hepatite viral
HLA: Human leucocyte antigen; LSVR: Limite superior do valor de referência; TCTH: Transplante de células-tronco hematopoéticas
envolvida em hospitalização prolongada, 
com uso de opioides e na incidência de in-
fecções oportunistas. A MO é o resultado 
de danos nos tecidos epitelial e conjuntivo 
pelos efeitos tóxicos do regime de condi-
cionamento do TCTH.27
As manifestações clínicas incluem sinais 
e sintomas de inflamação, variando de eri-
tema leve, edema e dor a quadros de dor 
intensa e ulceração que requeiram suporte 
analgésico. A MO grave interfere na fala, na 
alimentação e na deglutição, resultando em 
desidratação, desnutrição e na manifesta-
ção de infecções oportunistas, com impacto 
negativo na qualidade de vida.27
A gravidade da MO é comumente avalia-
da pela escala de toxicidade oral, em uma 
graduação estabelecida pela Organização 
Mundial da Saúde (OMS). No Quadro 5, 
apresentamos a graduação dos eventos ad-
versos conforme a gravidade da MO.
Não há consenso quanto ao esquema 
mais eficaz para prevenção e tratamento da 
MO. Várias terapias foram testadas – den-
tre elas, o uso do fator de crescimento para 
queratinócitos, aplicação de anti-inflamató-
rios (como a benzidamina), bochechos com 
clorexidina não alcoólica, uso de crioterapia 
no momento da quimioterapia e lasertera-
pia.29 O laser de baixa intensidade aumen-
ta o metabolismo celular, atuando como 
analgésico, anti-inflamatório e reparador da 
lesão da mucosa.28 Independentemente da 
terapia adotada, a higiene bucal e as condi-
ções da mucosa oral são consideradas fun-
damentais no controle da MO.29
Quadro 5. Classificação da MO28
Grau 0 Sem alterações
Grau I Eritema
Grau II Eritema, dor, dificuldade para alimentar-se
Grau III Presença de úlceras, necessitando de analgésicos e impossibilitando a alimentação
Grau IV Presença de necrose, necessitando de alimentação parenteral
54
Referências 
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2012. Palavra Impressa Editora, editor. Angra dos Reis; 2012. 
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Development Project on Criteria for Clinical Trials in Chronic Graft-versus-Host Disease: V. The 2014 Ancillary Therapy and 
Supportive Care Working GroupReport. Biol Blood Marrow Transplant. 2015;21(7):1167-87. 
3. Jagasia MH, Greinix HT, Arora M, Williams KM, Wolff D, Cowen EW, et al. National Institutes of Health Consensus Development 
Project on Criteria for Clinical Trials in Chronic Graft-versus-Host Disease: I. The 2014 Diagnosis and Staging Working Group 
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55
TRANSPLANTE DE 
CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA 
FARMACÊUTICOS
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56
57
TRANSPLANTE DE 
CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA 
FARMACÊUTICOS
INTRODUÇÃO
Na prática clínica, a prescrição de medica-
mentos em pediatria deve empregar do-
ses que gerem efeitos farmacológicos com 
toxicidade mínima. Desta forma, as carac-
terísticas fisiológicas, bem como o perfil 
farmacocinético dos fármacos no paciente 
pediátrico, tornam-se fatores determinan-
tes para uma prescrição racional.1
As características fisiológicas dos pacien-
tes pediátricos variam, principalmente, na 
primeira década de vida, quando ocorrem 
mudanças na composição corporal e na 
função dos órgãos mais importantes para o 
metabolismo e para a excreção dos fárma-
cos. Para compreender como o crescimento 
afeta a farmacocinética dos medicamentos, 
é necessário conhecer a influência da ida-
de nos processos de absorção, distribuição, 
metabolismo e excreção:2
 � Absorção: em crianças, a maioria dos 
medicamentos é administrada por via 
oral. Mudanças no pH intraluminal em 
vários pontos do trato gastrintestinal po-
dem afetar tanto a estabilidade quanto 
o grau de ionização de alguns fármacos, 
modificando a quantidade disponível 
para absorção.2 Em pacientes neonatos, 
o esvaziamento gástrico é mais prolon-
gado, alcançando valores de um adulto 
Transplante de células-tronco 
hematopoéticas em pediatria
entre os 6 e 8 meses de vida. Além dis-
so, a flora intestinal só desenvolver-se-á 
completamente na adolescência,3 o que 
pode alterar a fração de fármaco me-
tabolizado e disponível para absorção, 
como ocorre com a digoxina em crianças 
lactentes, por exemplo. 
 � Distribuição: mudanças na composi-
ção corporal idade-dependentes po-
dem alterar o espaço fisiológico que 
um fármaco tem para ser distribuído. Afração de água corporal no feto é muito 
alta e vai diminuindo a partir do nasci-
mento, embora a população pediátrica 
possua nível muito mais alto de água 
corporal do que os adultos; desta ma-
neira, as características hidrofílicas ou 
lipofílicas dos medicamentos afetam 
sua distribuição. Alterações nas con-
centrações de proteínas plasmáticas 
(principalmente a albumina) também 
influenciam na distribuição dos medi-
camentos, uma vez que a redução da 
quantidade de proteínas plasmáticas 
totais leva ao aumento da fração livre 
de fármacos, aumentando a disponibi-
lidade da fração ativa podendo levar a 
intoxicações medicamentosas.2,3 
 � Metabolismo: o metabolismo pode 
ocorrer em vários tecidos, porém a maior 
58
parte dos fármacos é metabolizada no 
fígado:3
• Metabolismo de fase 1: na idade 
pré-escolar, algumas isoformas do 
citocromo P450 aumentam sua ca-
pacidade metabólica. Estas altera-
ções podem resultar na diminuição 
da ação farmacológica dos medica-
mentos, uma vez que estes podem 
ser metabolizados de forma muito 
rápida. As alterações são atenua-
das conforme a criança alcança a 
puberdade.3,4
• Metabolismo de fase 2: as reações 
de conjugação, por volta de 2 a 4 
anos de idade, alcançam os valo-
res de um indivíduo adulto. Desta 
forma, os fármacos que necessitam 
deste processo para ser metaboliza-
dos acumulam-se nos primeiros me-
ses de vida.3
 � Excreção: o principal órgão excretor de 
fármacos é o rim, e a maturação da fun-
ção renal inicia-se na organogênese fetal e 
completa-se na infância. A taxa de filtração 
glomerular e o fluxo sanguíneo renal são 
menores nos recém-nascidos, porém al-
cançam valores de um adulto entre 6 me-
ses a 1 ano de vida.3 Em geral, mudanças 
no desenvolvimento da função renal po-
dem alterar a depuração plasmática, com-
prometendo a eliminação de medicamen-
tos e aumentando o risco de toxicidade.2
FONTES DE CÉLULAS
As CTH de sangue periférico são coletadas 
por um procedimento de aférese, o que 
pode ser um problema para crianças pe-
quenas com dificuldade de acesso venoso. 
Este é um ponto que deve ser considerado 
na decisão pela fonte de células, uma vez 
que pode ser necessária a implantação de 
um cateter venoso central em doadores 
sadios.5
Quanto à eficácia do transplante, estu-
do de Chu et al. em pediatria demonstrou 
que o uso de células periféricas do doador 
resultou em maior incidência de DECH crô-
nica e de maior mortalidade relacionada ao 
transplante, recomendando como fonte de 
células a medula óssea.6
INDICAÇÕES DO TCTH EM PEDIATRIA
A população pediátrica apresenta par-
ticularidades para indicação do TCTH, 
uma vez que as neoplasias hematológicas 
possuem maior chance de cura apenas 
com quimioterapia. Além disso, há maior 
número de indicações em doenças não 
malignas, e a metabolização de alguns 
agentes quimioterápicos ocorre de modo 
diferente do que nos adultos.5 O Quadro 
1 resume as indicações para o TCTH em 
pediatria.
ESQUEMAS DE CONDICIONAMENTO 
EM PEDIATRIA
No Quadro 2, estão descritos os protoco-
los para uso em pacientes pediátricos com 
indicações de TCTH. É importante citar que 
estes protocolos são passíveis de modifi-
cações de acordo com as condições indivi-
duais do paciente e/ou conforme a expe-
riência do serviço de transplante. 
59
TRANSPLANTE DE 
CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA 
FARMACÊUTICOS
Quadro 2. Esquemas de condicionamento no TCTH em pacientes pediátricos (continua)
TCTH Alogênico
Protocolo
Potencial 
emetogênico9 Indicação Observações 
VP16-TBI10
VP16 60 mg/kg IV no D-3
TBI 2 x 2 Gy D-6 a D-4
Alto LLA
- A apresentação do etoposídeo contém PEG300 
como veículo de solubilização, que pode degradar 
dispositivos de plástico, acrílico ou ABS (acrilonitrila, 
butadieno e estireno) quando usado não diluído11,12 
- Para altas doses, o medicamento pode ser dado sem 
diluição12 
- Infundir lentamente altas doses de etoposídeo para 
evitar risco de hipotensão
Bu-Cy-Mel8,13
Bussulfano 4,8 mg/kg/dia IV de D-9 a D-6 
Ciclofosfamida 60 mg/kg/dia IV de D-4 
a D-3
Melfalana 140 mg/m² IV no D-2 
Alto JMML
- Profilaxia para DECH com ciclosporina 3 mg/kg em 
infusão contínua
- Para não aparentado, associar MTX 15 mg/m² IV no 
D+1, 10mg/m² no D+3, no D+6 e no D+11. Também 
podem ser associados alentuzumabe ou timoglobulina
- Estes pacientes apresentam alto índice de recaída, 
sendo interessante a retirada precoce da imunos-
supressão, para maximizar o efeito enxerto contra a 
JMML14
*Bu-Flu12,15
Bussulfano 3,2 mg/kg/dia IV por 4 dias 
em D-6 a D-3
Fludarabina 40 mg/m²/dia IV por 4 dias 
em D-6 a D-3 ou 30 mg/m²/dia IV por 5 dias
Timoglobulina para não aparentado
*Importante: existem variações para este esquema
Alto
Leucemia mieloide 
crônica
Osteopetrose
- Profilaxia de DECH com ciclosporina e MTX7
- Utilizar profilaxia anticonvulsivante pré-bussulfano
- Doses de bussulfano podem ser ajustadas conforme 
nível sérico (de acordo com protocolo e doença)
Quadro 1. Indicações de TCTH em pediatria7,8
Neoplasias Hematológicas Doenças Benignas
Leucemias Síndromes de falência medular 
Síndromes mieloproliferativas Imunodeficiências primárias
Síndromes mielodisplásicas Erros inatos do metabolismo
Histiocitoses
Linfoma de Hodgkin 
Linfoma não Hodgkin  
Tumores sólidos: neuroblastoma, tumor de células germinativas, retinoblastoma, sarcoma 
de Ewing, tumor de Wilms (transplante autólogo)
 
60
TCTH Alogênico
Protocolo
Potencial 
emetogênico9 Indicação Observações 
Flu-Mel-Alentuzumabe16 
Fludarabina 30 mg/m²/dia IV de D-7 a D-3
Melfalana 140 mg/m² IV no D-2 
Alentuzumabe 0,2 mg/kg/dia de D-8 a D-4
Moderado Histiocitoses
- O alentuzumabe parece ser importante como parte 
do regime de condicionamento devido ao potencial 
mecanismo de ação contra a própria histiocitose 
hemofagocítica8
Flu-Mel-Alemtuzumabe17
Fludarabina 30 mg/m²/dia IV de D-7 a D-3
Melfalana 140mg/m² IV no D-2 
Alentuzumabe 0,2 mg/kg/dia de D-8 a D-4
Moderado
Imunodeficiências 
primárias
- Profilaxia para DECH com ciclosporina e MMF17
Flu-Bu-Mel-ATG18
Fludarabina 30 mg/m²/dia IV de D-10 a D-5
Bussulfano 4 mg/kg/dia IV de D-8 a D-5 
Melfalana 4 mg/kg IV
Imunoglobulina antilinfócitos de 
coelho 10 mg/kg/dia de D-4 a D-1
Alto
Erros inatos do metabo-
lismo – Síndrome de 
Hurler
- Atenção para a diferença entre a imunoglobulina an-
titimócito e a imunoglobulina antilinfócito de coelho 
(NÃO são equivalentes na dose)
Treossulfano-Fludarabina-Tiotepa15
Treossulfano 14 g/m²/dia IV de D-7 a D-5 
Fludarabina 40 mg/m²/dia IV de D-6 a D-3
Tiotepa 5 mg/kg/dose IV no D-4 dividido 
em duas doses
Moderado Osteopetrose
- Profilaxia para DECH com ciclosporina 3 mg/kg/dia 
em infusão contínua (a partir do D-5), pode ser adicio-
nado MMF a partir do dia da infusão de células15 
- Estes pacientes merecem atenção especial para o de-
senvolvimento de SOS. Após a pega, é comum que os 
pacientes apresentem hipercalcemia, proveniente da 
reabsorção óssea, que é iniciada com a normalização 
da atividade osteoclástica15 
Flu-Tiotepa-ATG8
Fludarabina 40 mg/m² IV de D-5 a D-2
Tiotepa 5 mg/kg/dia IV de D-8 a D-6
ATG de coelho (as doses são definidas 
individualmente) D-8 a D-7
Moderado Citopenia refratária
- Profilaxia para DECH com ciclosporina
- Associar MTX para não aparentados
Bu-Cy-Mel8
Bussulfano
Ciclofosfamida
Melfalana
As doses são definidas conforme a doença 
e paciente
Alto
Anemia refratária com 
excesso de blastos 
(AREB) e anemia 
refratária com excesso 
de blastos em transfor-
mação (AREB-t)
- Profilaxia de DECH com ciclosporina
- Associar MTX, ATG ou alentuzumabe para os não 
aparentados8
Ciclofosfamida-ATG7
Ciclofosfamida 60 mg/kg IV de D-6 a D-3 
ATG de coelho 5 mg/kg de D-3 a D-1
Moderado
Anemia de Fanconi 
(para TCTH com doador 
aparentado)
- Proceder com hiper-hidratação e administrar mesna 
160% da dose de ciclofosfamida, dividida em cinco 
doses nas horas 0, 3, 6, 9 e 12 do início da infusão da 
ciclofosfamida
Quadro 2. Esquemas de condicionamento no TCTH em pacientespediátricos (continuação)
61
TRANSPLANTE DE 
CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA 
FARMACÊUTICOS
Quadro 2. Esquemas de condicionamento no TCTH em pacientes pediátricos (continuação)
TCTH EM CONDIÇÕES ESPECIAIS
LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA (LMA)
Ainda não há consenso quanto ao proto-
colo de condicionamento a ser adotado no 
transplante de pacientes com LMA. O con-
dicionamento com irradiação corporal total, 
quando comparado à quimioterapia, não 
melhora a sobrevida dessas crianças.21
TUMORES SÓLIDOS
Para o tratamento de tumores sólidos pe-
diátricos, na evidência de uma resposta clí-
nica parcial ou completa à quimioterapia, 
opta-se majoritariamente pelo transplante 
autólogo.7
No neuroblastoma, recomenda-se a 
combinação de etoposídeo, melfalana e 
carboplatina, sendo que a combinação 
bussulfano e melfalana parece ser igual-
mente efetiva e é o principal esquema 
de condicionamento usado atualmente.8 
Após o transplante, recomenda-se man-
ter o tratamento com isotretinoína (ácido 
cis-retinóico). Atenção para não confundir 
isotretinoína com o ácido trans-retinoico 
(ATRA).7,8
No caso de tumores do sistema nervoso 
central (SNC), muitos utilizam tiotepa no 
condicionamento, devido à boa penetração 
em SNC.7
TCTH Alogênico
Protocolo
Potencial 
emetogênico9 Indicação Observações 
Fludarabina-Ciclofosfamida-ATG8
Fludarabina 125 mg/m² IV dose fracio-
nada entre D-6 a D-2
Ciclofosfamida 60 mg/kg IV dose fracio-
nada entre D-6 a D-3
ATG de coelho 5 mg/kg IV dose fracionada 
entre D-3 a D-1
Moderado
Síndrome de falências 
medulares hereditárias:
anemia de Fanconi 
(para TCTH com doador 
não aparentado);
 disceratose congênita
- Proceder com hiper-hidratação e administrar mesna 
160% da dose de ciclofosfamida, dividida em cinco 
doses nas horas 0, 3, 6, 9 e 12 do início da infusão da 
ciclofosfamida
- Profilaxia de DECH com ciclosporina + MTX quando 
a fonte de células for da medula óssea e ciclosporina 
+ MMF quando a fonte for de sangue de cordão 
umbilical8
Bu-Cy-ATG7,19
Bussulfano IV D-9 a D-6 (AUC 900- 
1.100 μmol / min/L)
Ciclofosfamida 50 mg/kg/dia IV D-5 a D-2
ATG de coelho D-4 a D-2
Alto Anemia falciforme
- Muitos grupos têm usado esquema de intensidade 
reduzida, associando bussulfano a fludarabina e ATG 
ou alentuzumabe20
AF: anemia de Fanconi; ATG: imunoglobulina antitimócito; Bu: bussulfano; Cy: ciclofosfamida; DECH: doença do enxerto contra o 
hospedeiro; JMML: leucemia mielomonocítica juvenil; LLA: leucemia linfoide aguda; LMA: leucemia mieloide aguda; LMC: leucemia 
mieloide crônica; Mel: melfalana; MMF: micofenolato de mofetila; MTX: metotrexato; PEG: polietilenoglicol; SOS: síndrome de 
obstrução sinusoidal; TBI: total body irradiation; TCTH: transplante de células-tronco hematopoéticas; VP16: etoposídeo.
62
IMUNODEFICIÊNCIAS PRIMÁRIAS
Como os portadores de imunodeficiên-
cias combinadas graves (SCID – Severe 
Combined Immune Deficiency) possuem 
ausência total de linfócitos T, não são ca-
pazes de rejeitar o enxerto no momento 
do transplante, tornando desnecessária a 
quimioterapia realizada pré-transplante 
para possibilitar a enxertia. Além dessa 
vantagem, esses transplantes têm menor 
incidência de doença do enxerto contra 
o hospedeiro e a presença de linfócitos T 
maduros no enxerto leva à rápida prolife-
ração dessas células, conferindo defesa às 
infecções.5
Para os pacientes portadores de doen-
ça granulomatosa crônica, os transplantes 
alogênicos obtiveram melhores resultados 
com o uso de regimes de intensidade re-
duzida.8
COMPLICAÇÕES TARDIAS
Apesar de os pacientes pediátricos possuí-
rem complicações comuns às apresentadas 
pelos adultos (como maior suscetibilidade 
às infecções oportunistas), deve-se conside-
rar um impacto maior das complicações de 
longo prazo, uma vez que as crianças pos-
suem maior expectativa de vida.5
Assim, merecem especial atenção as al-
terações endócrinas, que podem prejudicar 
o processo de crescimento, o desenvolvi-
mento físico e o neuropsicológico, a inferti-
lidade, a osteoporose e as lesões de órgãos 
(hepatite, disfunção renal, complicações 
oculares). A doença maligna secundária é 
outra complicação de longo prazo que não 
pode ser ignorada no universo do trans-
plante pediátrico.22
ORIENTAÇÃO NA PÓS-ALTA 
HOSPITALAR
O paciente pediátrico constitui um grupo 
excluído dos protocolos de pesquisa clínica, 
principalmente no estudo de fármacos, devi-
do a questões éticas em relação à sua partici-
pação em ensaios clínicos. O emprego de no-
vas tecnologias para o tratamento de crianças 
resulta, portanto, de adaptações dos resulta-
dos de pesquisas envolvendo adultos. Essa li-
mitação impede que a criança se beneficie na 
mesma proporção que o resto da população e 
dificulta o uso seguro destes medicamentos.23
Adicionalmente, a prescrição de medica-
mentos que não foram aprovados para uso 
em crianças ou que não foram realizados 
estudos nesta população é uma realidade. 
Além disso, a escassez de apresentações far-
macêuticas adequadas às necessidades pe-
diátricas, como comprimidos/cápsulas em 
diferentes doses, xaropes e soluções orais, 
dificulta o uso apropriado de medicamen-
tos. Esta condição gera uma situação inse-
gura e com resultados menos previsíveis e 
confiáveis na prescrição e administração de 
medicamentos.24
Levando-se em conta estes fatores, é es-
sencial que a alta hospitalar de um paciente 
pediátrico seja realizada de maneira crite-
riosa e individualizada, cujas necessidades 
tanto da criança quanto de seus familiares e 
cuidadores sejam avaliadas. Também devem 
ser considerados os aspectos físicos, emocio-
nais, financeiros e a estrutura familiar. 
63
TRANSPLANTE DE 
CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA 
FARMACÊUTICOS
Neste âmbito, o farmacêutico deve atuar 
na educação sobre o uso correto de medica-
mentos, englobando tanto questões gerais 
quanto questões específicas, entre elas:25
 � Técnicas de preparo e diluição de medi-
camentos administrados por via oral ou 
por sonda;
 � Orientação sobre maneiras para masca-
rar o sabor de medicamentos diluídos;
 � Informações sobre medicamentos com re-
vestimento específico, sem a possibilidade de 
serem triturados, macerados ou mastigados;
 � Informações sobre estabilidade de medi-
camentos diluídos;
 � Uso adequado de sistemas de medida 
(uso de dosadores orais, doses fracio-
nadas);
 � Higienização correta de dosadores orais.
 � Técnica segura de administração;
 � Compreensão do plano farmacotera-
pêutico quanto aos horários de admi-
nistração;
 � Interações medicamentosas com alimen-
tos ou com outros medicamentos;
 � Principais efeitos adversos de medica-
mentos;
 � Armazenamento de medicamentos fora 
do alcance da criança.
64
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65
TRANSPLANTE DE 
CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA 
FARMACÊUTICOS
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66
67
TRANSPLANTE DE 
CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA 
FARMACÊUTICOS
INTRODUÇÃO
A alta hospitalar é um período de transi-
ção, em que os pacientes, familiares e/ou 
cuidadores assumem a responsabilidade 
do cuidado oferecido pelos profissionais 
de saúde durante a internação.¹ Nesta fase, 
os pacientes podem ficar especialmente 
vulneráveis, e a ocorrência de eventos ad-
versos relacionados a medicamentos pode 
resultar na necessidade de atendimento 
em serviços de urgência ou na readmis-
são hospitalar.¹ Com o intuito de contribuir 
para a segurança e para a adesão a farma-
coterapia, durante a internação o farma-
cêutico responsabiliza-se em orientar in-
dividualmente cada paciente sobre o uso 
racional dos medicamentos e sua aquisição 
para uso domiciliar. A seguir, relacionamos 
as formas para aquisição dos medicamen-
tos na pós-alta.
AQUISIÇÃO PELA SECRETARIA DE 
SAÚDE (ÂMBITO NACIONAL)
O Componente Especializado da Assistên-
cia Farmacêutica (CEAF) é uma estratégia de 
acesso a medicamentos do SUS, caracteriza-
do pela busca da garantia da integralidade 
do tratamento medicamentoso, em nível 
ambulatorial, cujas linhas de cuidado estão 
definidas e publicadas nos Protocolos Clíni-
Uso e acesso a medicamentos na pós-alta 
hospitalar
cos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), do Mi-
nistério da Saúde.² Seguem as etapas para 
solicitação e aquisição de medicamentos no 
âmbito do SUS: 
 � 1º Passo: acessar o site do Ministério da 
Saúde;³
 � 2º Passo: pesquisar por: CEAF (Medica-
mentos do Componente Especializado 
da Assistência Farmacêutica);⁴
 � 3º Passo: acessar a lista de doenças e 
agravos contemplados no CEAF e seus 
respectivos medicamentos na RENAME 
2017 (Relação Nacional de Medicamen-
tos Essenciais).⁵ A Rename é uma lista 
orientativa, e cada município estabelece 
sua própria relação de medicamentos de 
acordo com suas características epide-
miológicas;
 � 4º Passo: para as solicitações de medi-
camentos do componente especializado 
deverão ser apresentados os seguintes 
documentos: 
• 1ª Solicitação
São necessários: 
a. Laudo original de solicitação, avalia-
ção e autorização de medicamen-
tos do componente especializado 
da assistência farmacêutica (LME), 
preenchido de forma completa e le-
gível pelo médico responsável.⁶
68
b. Prescrição original em duas vias, 
elaborada de forma completa e le-
gível, pelo médico responsável.
c. Cópia de documentos pessoais do 
paciente:
• Documento de identidade;
• Comprovante de residência com 
CEP;
• Cartão Nacional de Saúde (CNS).
• Renovação da Continuidade
São necessários: 
a. Laudo original de solicitação, ava-
liação e autorização de medica-
mentos do componente especia-
lizado da assistência farmacêutica 
(LME), preenchido de forma com-
pleta e legível pelo médico respon-
sável (trimestralmente);⁶
b. Prescrição original em duas vias, 
elaborada de forma completa e le-
gível, pelo médico responsável (tri-
mestralmente).
OUTRAS FORMAS DE AQUISIÇÃO DE 
MEDICAMENTOS
O farmacêutico ao ter acesso à prescrição 
médica deve orientar o paciente e/ou fami-
liar sobre os locais para a aquisição de medi-
camentos não dispensados pela Secretaria 
de Saúde do seu estado. Os medicamentos 
podem ser adquiridos em:
 � Farmácia Popular;
 � Drogaria;
 � Farmácia de Manipulação;
 � Distribuidora de Medicamentos;
 � Importadora;
 � Por meio das operadoras de planos de 
saúde que cobrem os custos com medi-
camentos para administração oral para 
continuidade do tratamento em casa. O 
farmacêutico deve orientar o paciente a 
realizar contato com a operadora para 
avaliar esta alternativa de cobertura. 
PLANEJAMENTO DA ALTA 
HOSPITALAR
O momento da alta hospitalar é crítico 
para a farmacoterapia. A internação acar-
reta alterações significativas na terapia 
medicamentosa devido à substituição ou 
à suspensão de medicamentos em uso an-
tes da internação ou a prescrição de no-
vos agentes. Essas modificações, muitas 
vezes aliadas à falta de informação e pre-
paro do paciente, podem gerar uma série 
de problemas relacionados ao uso de me-
dicamentos.1,7
A orientação farmacêuticadeve ocorrer 
logo após a admissão hospitalar e durante 
a realização das visitas clínicas, o que per-
mite:⁷,⁸
 � Estabelecer um vínculo de confiança 
com o paciente;
 � Iniciar o planejamento do cuidado, a par-
tir da coleta de informações sobre as ne-
cessidades específicas de cada paciente;
 � Avaliar a compreensão do paciente e a 
necessidade de reforçar as informações;
 � Dar oportunidade ao paciente para es-
clarecer suas dúvidas.
Nos primeiros contatos, dúvidas pontuais 
podem ser esclarecidas, aumentando-se gra-
69
TRANSPLANTE DE 
CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA 
FARMACÊUTICOS
dualmente o número e o aprofundamento 
das orientações, visando ao preparo ade-
quado do paciente para seu retorno para 
casa.1,8 Durante a orientação na alta hospita-
lar, as informações não devem ser fornecidas 
apenas de forma verbal, visto que podem 
ser insuficientes para a compreensão sobre 
a terapia prescrita.1,6 Os pacientes podem 
receber um impresso personalizado com a 
farmacoterapia transcrita, com o intuito de 
facilitar a compreensão do tratamento medi-
camentoso; as orientações devem ser adap-
tadas para o nível de escolaridade e para as 
dificuldades de compreensão do paciente 
e/ou do cuidador.
Após a primeira orientação farmacêutica, 
o paciente deve ser acompanhado durante 
seu retorno às consultas ambulatoriais ou 
por meio de contato telefônico. O farma-
cêutico pode elaborar diferentes instru-
mentos para avaliar a adesão, orientar sobre 
qualquer alteração na prescrição médica e 
para esclarecimento de dúvidas.⁸
ORIENTAÇÕES NO USO DE 
MEDICAMENTOS
Após a realização do TCTH será necessário 
o uso de uma grande variedade de medi-
camentos. A orientação ao paciente tem 
por objetivo auxiliá-lo na obtenção do be-
nefício esperado com a adesão à terapia 
e desenvolver a capacidade do indivíduo 
de identificar problemas relacionados du-
rante o uso dos medicamentos (exemplo: 
doses abaixo ou acima do prescrito, pro-
blemas no recebimento ou na aquisição 
do medicamento, uso de medicamento 
sem indicação, reações adversas aos me-
dicamentos etc.).⁷
O farmacêutico pode elaborar material 
impresso contendo as seguintes orientações 
gerais de cuidados com medicamentos: 
 � Aquisição;
 � Armazenamento adequado;
 � Posologia;
 � Automedicação;
 � Intoxicação;
 � Efeitos colaterais;
 � Interações medicamentosas.
A contribuição do profissional farmacêu-
tico na adesão ao tratamento após a alta 
hospitalar previne a ocorrência de resulta-
dos negativos associados ao TCTH, colabo-
rando com a eficácia do tratamento e com 
melhor qualidade de vida.
70
Referências 
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Key Issues for Hospitalists. J Hosp Med. 2007;2(5):314-23.
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Dispõe sobre as regras de financiamento e execução do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica no âmbito 
do Sistema Único de Saúde (SUS).
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Acesso em: 06 mar. 2018.
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Acesso em: 06 mar. 2018.
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Hospital Discharge Follow-Up Program in a Patient-Centered Medical Home. Popul Health Manag. 2013;16(4):235-41.
Apoio:com modelos experimentais, estabe-
leceram-se as bases para realização do TCTH.
Além disso, o reconhecimento da doen-
ça do enxerto contra hospedeiro (DECH) e 
suas consequentes alterações imunológi-
cas, bem como a associação com infecções, 
foram fundamentais para o avanço desta 
modalidade. A descoberta desse sistema 
permitiu a realização do transplante alo-
gênico a partir de irmãos compatíveis e de 
doadores não aparentados.1,2
SISTEMA DE HISTOCOMPATIBILIDADE
Os genes do sistema antígeno leucocitário 
humano (do inglês, Human Leukocyte Anti-
gens – HLA) estão entre os fatores genéticos 
que exercem maior influência no resulta-
do do transplante. As moléculas HLA estão 
presentes na superfície de todas as células 
nucleadas, e as características genéticas de 
cada indivíduo são herdadas dos pais (50% 
de cada). Os diferentes antígenos do sis-
tema HLA estão presentes no MHC, que é 
dividido em três subclasses: o MHC I (onde 
estão presentes os genes HLA A, B e C); o 
MHC II (HLA DR, DQ e DP); e o MHC III, em 
que os genes são responsáveis pelo sistema 
complemento. Todos estes genes estão co-
dificados no braço curto do cromossomo 6.1
A diferença entre os sistemas HLA é res-
ponsável pelas reações imunes decorren-
tes do tecido enxertado de um indivíduo 
16
 
• 1891: Brown‐Sequard ‐ Medula óssea oral
• 1937: Schretzenmayr ‐ Medula óssea intramuscular (IM)
• 1939: Infusão de 18 mL de medula óssea  
Até 1950
• Transplante de medula óssea com altas doses de irradiação executado em cães
• Descrição do sistema HLA em humanos
• Realização de TCTH com suceso em pacientes com leucemia linfoblástica aguda 
Década de 1950
• Estabelecida a importância da compatibilidade e do resultado do transplante
• Início dos estudos clínicos para TCTH alogênico com doador irmãos idênticos
• TCTH executado com sucesso em doença não maligna
• Introduzida a ciclofosfamida como alternativa à irradiação em regime de condicionamento de TCTH
Década de 1960
• Estabelecido o efeito enxerto contra o tumor
• Executado com sucesso o primeiro TCTH a partir de doador não aparentado
• Introduzido o inibidor de calcineurina na prevenção do DECH
Década de 1970
• Avanços em processamento/criopreservação de células‐tronco
• Introduzido o bussulfano como alternativa à irradiação em regime de condicionamento de TCTH
• Combinação de ciclofosfamida e de metotrexato mostrou e�cácia na prevenção de DECH
•1988: primeiro transplante de cordão umbilical realizado com sucesso
Década de 1980
• Realizado o primeiro armazenamento do cordão umbilical coletado
• Realizado o primeiro transplante de duplo cordão umbilical
• Executado com sucesso estudo clínico de TCTH alogênico de células‐tronco periféricas
Década de 1990
• Aberto estudo clínico para TCTH de duplo cordão umbilical
• Banco de cordão excede em 300 mil unidades no mundo
Década de 2000
• O número de TCTH realizado ultrapassa a marca de um milhão
• Aproximadamente 20 milhões de doadores registrados em bancos mundiais 
Década de 2010
 Figura 1. Histórico do TCTH no mundo5
17
TRANSPLANTE DE 
CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA 
FARMACÊUTICOS
(doador) a outro (receptor). O reconheci-
mento da ação fundamental da alogenicida-
de das moléculas deste sistema na evolu-
ção pós-transplante levou à necessidade da 
identificação das variantes alélicas dos genes 
HLA, ou de seus produtos, e esta informação 
permite a escolha criteriosa de doadores.2
É critério para seleção de doadores a rea-
lização da tipagem de alta resolução para os 
loci HLA-A, B, C, DRB1 e DQB1 para a busca de 
potenciais doadores alogênicos (Quadro 1). 
A compatibilidade HLA conforme MHC I 
e II é testada analisando os oito genes aléli-
cos (HLA-A, B, C e DRB1) ou os 10 genes alé-
licos (HLA-A, B, C, DRB1 e DQB1). Quando os 
oito ou 10 alelos são compatíveis/idênticos 
entre doador e receptor, são denominados 
fullmatch 10/10 ou 8/8; porém, quando um 
ou mais alelos são diferentes, recebem a 
denominação de mismatch (9/10 ou 7/8), o 
que pode ocorrer em qualquer um dos loci4 
conforme demonstrado no Quadro 2.
Quadro 1. Recomendação para compatibilidade HLA conforme National Marrow Donor Program – USA (NMDP)3
Locus* HLA Compatibilidade Resolução do teste
HLA-A Recomendado Alta
HLA-B Recomendado Alta
HLA-C Recomendado Alta
HLA-DRB1 Recomendado Alta
HLA-DQA1 Não
HLA-DQB1 Incerto Alta
HLA-DPA1 Não
HLA-DPB1 Incerto
*Locus é o local fixo no cromossomo onde está localizado determinado gene ou o marcador genético
Quadro 2. Tipagem de HLA e compatibilidade5
 Compatibilidade HLA fullmatch Compatibilidade HLA com
mismatch em A
  loci Receptor Doador     loci Receptor Doador  
10/10
HLA-A � � � �
8/8
 
9/10
HLA-A � � � �
7/8
 
HLA-B � � � � HLA-B � � � �
HLA-C � � � � HLA-C � � � �
DRB1 � � � � DRB1 � � � �
DQ � � � � DQ � � � �
� � é o par de genes alélicos. 
18
TIPOS DE TCTH
 � Autólogo – CTH do próprio paciente.3
 � Singênico – CTH do irmão gêmeo idên-
tico.3
 � Alogênico – CTH de outro doador, po-
dendo ser aparentado ou não aparenta-
do, compatível ou semicompatível (com 
mismatch).3
 � Haploidêntico – CTH de doador aparen-
tado com 50% de compatibilidade.3
Conforme demonstrado no Quadro 3, 
os riscos de desencadeamento de compli-
cações estão diretamente relacionados ao 
tipo de transplante realizado.5
FONTES DE CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS
 � Medula óssea: a coleta ocorre por meio de 
punções aspirativas da medula do doador.3
 � Células-tronco periféricas: a coleta é 
realizada por aférese (um equipamen-
to para separar as células necessárias do 
sangue periférico). Contém mais linfócitos 
T do que as células coletadas diretamente 
da medula, aumentado o risco de DECH.3
 � Células-tronco de sangue de cordão 
umbilical: ricas em CTH, porém o volu-
me coletado é pequeno, sendo possível 
o transplante apenas em crianças ou em 
pacientes de baixo peso (possibilidade de 
utilizar um ou mais cordões umbilicais).3
Aparentado
Compatível
Aparentado 
Compatível
Aparentado 
Singênico
Com 
Mismatch Haploidêntico
Não 
aparentado
Compatível Com 
Mismatch
Transplante 
Alogênico
Figura 2. Modalidades de TCTH5 
19
TRANSPLANTE DE 
CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA 
FARMACÊUTICOS
Quadro 3. Risco de complicação de acordo com o tipo de transplante
Risco relacionado Autólogo Singênico Alogênico
Recaída +++ ++ +
DECH - - +++
Outras complicações + + +++
Quadro 4. Incompatibilidade ABO e consequências6
Incompatibilidade ABO Doador Receptor Consequências
Menor
O
A, B
A,B ou AB
AB
Hemólise aguda no receptor
Relato de aumento de DECH
Maior
A, B ou AB
AB
O
A,B
Aplasia da série vermelha pós-transplante 
Relato de enxertia prejudicada (rejeição) e aumento de DECH
Bidirecional
A
B
B
A
Hemólise no receptor e aplasia da série vermelha
Relato de sobrevida global diminuída
Relato de enxertia prejudicada (rejeição) e aumento de DECH
FATORES PARA INDICAÇÃO DO TCTH
FATORES DO RECEPTOR5
 � Tipo e estágio da doença;
 � Viabilidade do doador;
 � Idade;
 � Performance status (PS): é uma medida 
relacionada à tentativa de quantificar o 
bem-estar geral dos pacientes.
FATORES DO DOADOR5
 � Compatibilidade HLA;
 � Idade (preferencialmente jovem);
 � Sexo (preferencialmente masculino);
 � Tipo sanguíneo e compatibilidade;
 � Se doador feminino, número de gesta-
ções/parto (quanto maior o número de 
partos, maior risco de DECH crônico);
 � Sorologia para citomegalovírus (CMV) e 
para outras doenças infecciosas como 
hepatite, vírus da imunodeficiência hu-
mana (HIV), toxoplasmose;
 � Etnia compatível.
O TCTH na presença de incompatibilida-
de ABO entre doador e receptor pode levar 
a complicações, como hemólise intravas-
cular e prolongamento do tempo para en-
xertia medular.6 O Quadro 4 apresenta as 
principais consequências conforme o grau 
de incompatibilidade.
O TCTH é uma modalidade cada vez 
mais utilizada no tratamento de alterações 
hematológicas, sejam elas hereditárias ou 
adquiridas. O Quadro 5 apresenta asprinci-
pais indicações para o TCTH.3,5
20
Quadro 5. Principais indicações de TCTH3,5
Transplante Autólogo
Doenças neoplásicas
Mieloma múltiplo 
Linfoma de Hodgkin 
Linfoma não-Hodgkin 
Leucemia mieloide aguda 
Neuroblastoma
Câncer de ovário
Tumores de células germinativas
Outras Doenças Doenças autoimunes
Transplante Alogênico
Doenças neoplásicas
Leucemia mieloide aguda 
Leucemia linfoblástica aguda 
Leucemia mieloide crônica 
Síndrome mielodisplásica (SMD)
Doença mieloproliferativa
Linfoma de Hodgkin 
Linfoma não-Hodgkin 
Leucemia linfocítica crônica 
Mieloma múltiplo 
Outras Doenças
Anemias (aplástica, Fanconi e falciforme)
Talassemia maior
Epidermólise bolhosa
Síndrome de Blackfan Diamond
Síndrome de imunodeficiência combinada grave (SCID)
Osteopetrose
Mucopolissacaridose
Doença granulomatosa
PROCESSOS DE TCTH
Conforme o status da doença, o proces-
so de TCTH pode iniciar alguns meses 
ou semanas antes da infusão de CTH. 
Vários outros processos podem seguir 
em paralelo até a internação para reali-
zação do procedimento, como reuniões 
clínicas para definição do esquema de 
condicionamento, busca de doador e 
coleta de CTH.3
21
TRANSPLANTE DE 
CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA 
FARMACÊUTICOS
EQUIPE MÉDICA3 
 � Pode ser realizada por diversas especia-
lidades, como geriatria, psiquiatria, nu-
trologia, além da hematologia;
 � Avalia condições físicas e funções orgâ-
nicas;
 � Identifica todos os procedimentos pré-
vios, como cirurgias e transfusões;
 � Avalia os riscos do procedimento de 
TCTH conforme score de risco.
ODONTOLOGIA3 
 � Realiza a avaliação dentária para identi-
ficação de potenciais riscos de complica-
ções no processo de TCTH (por exemplo: 
maior risco de mucosite);
 � Realiza procedimentos prévios resolutivos 
para prevenção de complicações durante 
o TCTH (por exemplo: extração dentária);
 � Desenvolve plano de cuidado para inter-
venções se complicações durante o TCTH 
(por exemplo: laserterapia).
 
 
 
Pr
oc
es
so
 de
 TC
TH Indicação de TCTH
Avaliação pré‐TCTH
Mobilização de CTH 
(doador)
Autorização da operadora, 
se pertinente
Quimioterapia de 
resgate
Busca de doador
Internação para TCTH
Implante de cateter
Regime de condicionamento 
(Quimioterapia/Radioterapia) Infusão de CTH
Inicio da 
imunossupressão
TCTH: transplante de células-tronco hematopoéticas; CTH: células-tronco hematopoéticas.
Figura 3. Modelo de processo de TCTH alogênico3 
AVALIAÇÃO MULTIPROFISSIONAL
A avaliação pré-TCTH deve ser realizada pela equipe multiprofissional para acompanha-
mento durante e após o processo do transplante:3
22
NUTRIÇÃO3 
 � Avalia estado nutricional;
 � Avalia e informa à equipe e ao pacien-
te sobre potencial intervenção durante 
TCTH e garante nutrição adequada e se-
gura, como na indicação de nutrição pa-
renteral ou de introdução de sonda.
EQUIPE DE ENFERMAGEM3 
 � Avalia potenciais riscos de complica-
ções;
 � Orienta paciente e familiar sobre os pro-
cessos de TCTH e os procedimentos de 
enfermagem;
 � Orienta sobre os cuidados e as políticas 
institucionais.
PSICOLOGIA3 
 � Avalia estado mental e desenvolve estra-
tégias de manejo (paciente e/ou acom-
panhantes e familiares);
 � Avalia o estado cognitivo para acompa-
nhamento do desenvolvimento e/ou de 
atraso da função de pacientes pediátricos.
SERVIÇO SOCIAL3
 � Avalia a necessidade de suporte durante 
o TCTH (por exemplo: vagas em casas de 
apoio, transportes);
 � Identifica recursos de assistência finan-
ceira.
FARMÁCIA3 
 � Avalia os medicamentos em uso;
 � Identifica comorbidades e tratamentos 
prévios;
 � Identifica alergia a medicamentos e tipo 
de reação que decorre do uso destes (in-
cluindo corantes e intolerância à lactose);
 � Avalia o uso de suplementos e de medi-
cina alternativa;
 � Identifica os hábitos de rotina do pacien-
te (tabagismo, etilismo, horas de sono e 
horários habituais de refeições e alimen-
tares);
 � Identifica a dificuldade de ingestão de 
medicamentos orais, como deglutição, 
necessidade de adição de flavorizantes 
e aquisição de medicamentos manipu-
lados;
 � Identifica os acompanhantes para orien-
tações;
 � Confirma a posse do cartão Sistema 
Único de Saúde (SUS) para retirada de 
medicamentos para uso domiciliar que 
constam da Relação Estadual de Medi-
camentos do Componente Especiali-
zado da Assistência Farmacêutica.
OUTROS PROFISSIONAIS3 
 � Terapeuta ocupacional;
 � Especialista em infertilidade;
 � Educadores (pacientes pediátricos).
23
TRANSPLANTE DE 
CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA 
FARMACÊUTICOS
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24
25
TRANSPLANTE DE 
CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA 
FARMACÊUTICOS
INTRODUÇÃO
As células-tronco hematopoéticas expres-
sam inúmeras moléculas de adesão celular, 
tais como CXCR4, VLA4, c-Kit, CD62L, CD44, 
e são conhecidas por migrarem para a me-
dula óssea por um efeito de quimiotaxia, 
produzido localmente pelas células estro-
mais. Uma vez na medula óssea, os recep-
tores das células-tronco hematopoéticas 
ajudam a fixá-las à sua matriz.1 
A mobilização consiste na utilização do 
fator estimulante de colônia de granulóci-
tos (do inglês, Granulocyte-Colony Stimula-
ting Factor – G-CSF) e/ou de quimioterapia 
mielossupressora (não é necessário para 
Mobilização
doadores sadios), com o objetivo de au-
mentar a quantidade de células-tronco e 
mobilizá-las da medula óssea para o san-
gue periférico. As vantagens da mobiliza-
ção de células-tronco periféricas incluem 
recuperação hematopoética mais rápida e 
melhor reconstituição imunológica, por ser 
um processo de coleta menos invasivo com-
parado com o de obtenção de células-tronco 
da medula óssea.2 A coleta de número ade-
quado de células-tronco hematopoéticas 
por meio da aférese é essencial para o trans-
plante; o número considerado ideal é de 5,0 
x 106 células CD34+/Kg, porém o mínimo 
necessário é de 2,0 x 106 células CD34+/kg.3 
26
REGIMES DE MOBILIZAÇÃO
Quadro 1. Regimes de mobilização
Protocolo Toxicidade Observação
Filgrastim (G-CSF)4
A dose habitualmente prescrita é de 10 mcg/
kg/dia, administrada por injeção subcutânea, 
com leucaférese a partir do D5
Toxicidade pulmonar, trombose (infarto agudo 
do miocárdio e acidente vascular cerebral), 
esplenomegalia
A coleta de células-tronco é mantida 
diariamente, até que seja obtida contagem 
adequada
ICE5
Etoposídeo 100 mg/m² IV do D1 ao D3
Ifosfamida 5.000 mg/m² IV em 24h no D2
Mesna 5.000 mg/m2 IV em 24h no D2 (associa-
da à ifosfamida)
Carboplatina AUC 5 IV no D2
G-CSF 10 mcg/Kg do D5 ao D12
O ciclo se repete a cada 14 dias
Cistite hemorrágica devido à alta dose de 
ifosfamida5
A associação de mesna e de hidratação 
durante a infusão da ifosfamida diminui a 
incidência de cistite hemorrágica5
Atenção à dose decarboplatina, pois possui 
dose máxima de 800 mg
Ciclofosfamida em altas doses + G-CSF6
Ciclofosfamida 60 mg/kg IV por 2 dias5
Cistite hemorrágica devido à ciclofosfamida
A associação de mesna e de hidratação 
durante a infusão da ciclofosfamida diminui 
a incidência de cistite hemorrágica6
(Vinorelbina + Ciclofosfamida)6
Vinorelbina 25 mg/m2 no D1
Ciclofosfamida 1500 mg/m2 no D2
G-CSF 10 mcg/kg/dia administrado a partir do D4
Neurotoxicidade e alterações cardiovasculares6
Vinorelbina 35 mg/m2 no D1 
G-CSF 10 mcg/Kg via subcutânea, dividido em 
duas doses diárias do D4 até a coleta5
Neurotoxicidade e alterações cardiovasculares5
DHAP6
Cisplatina 100 mg/m2 IV infusão contínua de 
24h no D1
Citarabina: 2.000 mg/m2 IV em infusão de 3 
horas, sendo 2 doses 12/12 h no D2
Após término da infusão de cisplatina: dexam-
etasona 40 mg VO ou IV D1-D4
O ciclo se repete a cada 3 a 4 semanas
Complicações neurológicas e insuficiência 
renal aguda6
Hidratação venosa vigorosa no dia da 
cisplatina7
No Quadro 1, apresentamos os principais esquemas de mobilização. Na coluna de toxicidade fo-
ram mencionadas apenas as reações de maior relevância.
27
TRANSPLANTE DE 
CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA 
FARMACÊUTICOS
FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR 
NA MOBILIZAÇÃO 
Filgrastim com ou sem quimioterapia em 
altas doses, associado à coleta de células-
-tronco hematopoéticas, é utilizado com 
sucesso na mobilização; o número de célu-
las mobilizadas é fator primordial para o su-
cesso do transplante. No entanto, uma par-
cela de pacientes não consegue mobilizar a 
quantidade suficiente de células, e existem 
fatores preditivos para estes. A falha na mo-
bilização pode estar relacionada a diversos 
fatores, entre eles:8
 � Número de esquemas quimioterápicos 
a que o paciente foi submetido pré-
-TCTH;
 � Utilização de alguns medicamentos, 
como carmustina, melfalana, lenalidomi-
da, imatinibe, fludarabina e outros análo-
gos de purina;
 � Uso de regimes intensos de quimiotera-
pia, como hyper-CVAD (ciclofosfamida, 
vincristina, doxorrubicina, metotrexato e 
citarabina);
 � Realização de radioterapia em altas doses;
 � Idade acima de 60 anos;
 � Status da doença;
 � Contagem de plaquetas menor que 100 
x 109/L;
 � Diagnóstico: pacientes com linfoma são 
piores mobilizadores quando comparados 
com pacientes com mieloma múltiplo;
 � Contagem de CD34+ em sangue periféri-
co antes da aférese;
 � Envolvimento da medula óssea ou celulari-
dade 5Grey (Gy) se fração 
única ou > 8Gy se dose fracionada;
 � Dose total de bussulfano > 9 mg/kg;
 � Dose total de melfalana > 140 mg/m2; 
 � Dose total de tiotepa > 10 mg/kg.
REGIMES NÃO MIELOABLATIVOS 
Foram desenvolvidos com a intenção de 
reduzir a toxicidade do TCTH, estabelecen-
do tolerância imunológica entre o sistema 
imunológico do receptor e as células-tron-
co do doador, otimizando a imunossu-pressão em vez da intensidade da dose do 
regime. Como estes esquemas provocam 
menor citopenia, tornou-se possível utilizar 
o condicionamento não mieloablativo em 
pacientes idosos ou que apresentam co-
morbidades limitantes ao TCTH.4,5
REGIMES RIC 
São esquemas de categoria intermediária 
entre o MA e o NMA que diferem do não 
mieloablativo, pois causam citopenia (que 
pode ser prolongada) e requerem suporte 
de CTH; e do mieloablativo, porque a dose 
dos agentes alquilantes ou da TBI está redu-
zida em pelo menos 30%.4-6
ESQUEMAS DE CONDICIONAMENTO
Nos Quadros 1 e 2 estão relacionados os es-
quemas mais comuns empregados nos trans-
plantes autólogo e alogênico, indicações e al-
guns cuidados que devem ser observados.
TCTH AUTÓLOGO
ESQUEMAS MIELOABLATIVOS
Protocolo
Potencial 
emetogênico
Indicação Observações
BEAM3,5,7
Carmustina 300-400 mg/m² IV no D-6
Etoposideo 100-200 mg/m² IV 12/12h 
D-5 ao D-2
Citarabina 200-400 mg/m² IV 12/12h 
D-5 ao D-2
Melfalana 140 mg/m² no D-1
Alto
Linfoma difuso de células B 
grandes, LH,
Linfoma do manto 
(pacientes jovens),
Linfomas de células T 
periféricas
- Realizar crioterapia (pode ser realizada com cubos 
de gelo) pré e pós melfalana, para profilaxia de 
mucosite5
- Hidratar intensamente para evitar a precipitação de 
melfalana nos túbulos renais5
BEAC3,5,7
Carmustina 300-400 mg/m² IV no D-6
Etoposideo 100-200 mg/m² IV 12/12h 
D-5 ao D-2
Citarabina 100-400 mg/m² IV em 3h 
12/12h D-5 ao D-2
Ciclofosfamida 35 mg/kg/dia IV D-5 a D-2
Alto
Linfoma difuso de células B 
grandes, LH,
Linfoma do manto 
(pacientes jovens),
Linfomas de células T 
periféricas
- Realizar profilaxia com mesna (uroprotetor): 65 a 
100% da dose de ciclofosfamida
- Monitorar sedimentos urinários (sinais de urotoxici-
dade ou nefrotoxicidade)
- Evitar a infusão de ciclofosfamida à noite, para 
prevenir a retenção urinária e o aumento da quanti-
dade de metabólitos tóxicos que permaneceriam na 
bexiga por mais tempo
Quadro 1. Esquemas de condicionamento no TCTH autólogo (continua)
31
TRANSPLANTE DE 
CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA 
FARMACÊUTICOS
TCTH AUTÓLOGO
ESQUEMAS MIELOABLATIVOS
Protocolo
Potencial 
emetogênico
Indicação Observações
BuMel (IV)3
Bussulfano 130 mg/m² IV D-7 a D-4 
Melfalana 70mg/m² IV D-2 e D-1
Alto
Linfoma difuso de células B 
grandes, LMA
- Realizar crioterapia (pode ser realizada com cubos 
de gelo) pré e pós melfalana, para profilaxia de 
mucosite5
- Hidratar intensamente para evitar a precipitação de 
melfalana nos túbulos renais5
- Utilizar profilaxia anticonvulsivante pré-bussulfano
- Evitar uso de paracetamol devido ao aumento do 
risco de SOS
CBV3
Ciclofosfamida 1.200-1.800 mg/m² IV 
D-6 ao D-3*
Etoposideo 200-400 mg/m² IV D-6 ao 
D-3*
Carmustina 300-600 mg/m² IV no D-3*
*dias de aplicação variáveis
Alto LH, LNH
- Realizar profilaxia com mesna (uroprotetor): 65 a 
100% da dose de ciclofosfamida
- Hidratar intensamente
- Monitorar sedimentos urinários (sinais de urotoxici-
dade ou nefrotoxicidade)
- Evitar a infusão de ciclofosfamida à noite para 
prevenir a retenção urinária e o aumento da quanti-
dade de metabólitos tóxicos que permaneceriam na 
bexiga por mais tempo
Melfalana3,5 
 Melfalana 200 mg/m² D-1 IV ou
 Melfalana 140 mg/m² IV com ou sem 
TBI (800cGy)
Moderado MM, Amiloidose
- Realizar crioterapia (pode ser realizada com cubos de 
gelo) pré e pós melfalana, para profilaxia de mucosite5
- Hidratar intensamente para evitar a precipitação de 
melfalana nos túbulos renais5
LH: linfoma de Hodgkin; LNH: linfoma não-Hodgkin; LMA: leucemia mieloide aguda; MM: mieloma múltiplo; SMD: síndrome 
mielodisplásica; SOS: síndrome da obstrução sinusoidal. 
Quadro 1. Esquemas de condicionamento no TCTH autólogo (continuação)
Quadro 2. Esquemas de condicionamento no TCTH alogênico (continua)
TCTH ALOGÊNICO
ESQUEMAS MIELOABLATIVOS
Protocolos
Potencial 
emetogênico
Indicação Observações
Bu-Cy3,5
Bussulfano 3,2 mg/kg/dia IV em D-7 
a D-4
Ciclofosfamida 50 mg/kg/dia IV em 
D-3 e D-2
Alto
SMD; Síndromes 
Mieloproliferativas;
LMA; LLA
- Utilizar profilaxia anticonvulsivante pré-bussulfano
- Evitar uso de paracetamol devido ao aumento do 
risco de SOS
- Doses de bussulfano podem ser ajustadas conforme 
nível sérico (de acordo com protocolo e doença)
- Hidratar vigorosamente
- Recomenda-se uso de mesna para profilaxia de 
cistite hemorrágica
- Monitorar sedimentos urinários (sinais de urotoxici-
dade ou nefrotoxicidade)
- Evitar a infusão de ciclofosfamida à noite, para prevenir 
retenção urinária e aumento da quantidade de metabóli-
tos tóxicos que permaneceriam na bexiga por mais tempo
32
Quadro 2. Esquemas de condicionamento no TCTH alogênico (continuação)
TCTH ALOGÊNICO
ESQUEMAS MIELOABLATIVOS
Protocolos
Potencial 
emetogênico
Indicação Observações
Bu-Flu2,5
Bussulfano 3,2 mg/kg/dia IV por 4 dias 
em D-6 a D-3
Fludarabina 40 mg/m²/dia IV por 4 dias 
em D-6 a D-3 ou 30 mg/m²/dia IV por 5 dias 
*Importante: existem variações para 
este esquema
Alto
LMA; Síndromes 
Mieloproliferativas;
SMD; LMC
- Utilizar profilaxia anticonvulsivante pré-bussulfano
- Evitar uso de paracetamol devido ao aumento do 
risco de SOS
- Doses de bussulfano podem ser ajustadas conforme 
nível sérico (de acordo com protocolo e doença)
Cy-TBI3,5
Ciclofosfamida 60 mg/kg/dia IV em 
D-6 e D-5*
TBI fracionada 10-12Gy em D-3, D-2 
e D-1**
*dias de aplicação variáveis
**doses e dias de aplicação de TBI 
variáveis de acordo com a doença
Alto
SMD; Síndromes 
Mieloproliferativas;
LMA; LLA; LH (recidiva 
pós-TCTH autólogo)
- Hidratar vigorosamente
- Recomenda-se uso de mesna para profilaxia de 
cistite hemorrágica
- Evitar a infusão de ciclofosfamida à noite, para 
prevenir retenção urinária e aumento da quantidade 
de metabólitos tóxicos que permaneceriam na bexiga 
por mais tempo
- Em caso de doses fracionadas de TBI, considerar 
intervalo mínimo de 6 horas entre as doses para 
melhor tolerância
TBI-Etoposídeo5,8
Etoposídeo 60 mg/kg/dia IV em D-3
TBI fracionada 10-16Gy em D-7 a D-4
Alto LMA; LLA
- Infundir lentamente altas doses de etoposídeo para 
evitar risco de hipotensão
- Dose máxima de etoposídeo: 3,6 g
Flu-Cy-TBI com Cy pós-TCTH9
Ciclofosfamida 14,5mg/kg IV em D-6 
e D-5
Fludarabina 30mg/m² IV em D-6 a D-2
TBI 200cGy em D-1
Ciclofosfamida 50mg/kg IV em D+3 e 
D+4 (pós infusão das células)
Moderado
Transplante 
haploidêntico em LLA;
LMC refratária a 
imatinibe; SMD;
Linfomas; MM resistentes 
ou em recaída após terapia 
convencional
- Administrar ciclofosfamida por 90 minutos
- Recomenda-se uso de mesna para profilaxia de 
cistite hemorrágica
- Monitorar sedimentos urinários (sinais de urotoxici-
dade ou nefrotoxicidade)
- Iniciar profilaxia de DECH em D+5 com tacrolimo e 
micofenolato de mofetila
Flu-Bu-Cy com Cy pós-TCTH10
Fludarabina 25 mg/m² IV em D-6 a D-2
Bussulfano 110-130 mg/m² IV em D-7 
a D-4
Ciclofosfamida 14,5 mg/kg IV em D-3 
e D-2
Ciclofosfamida 50 mg/kg IV em D+3 e 
D+4 (pós infusão das células)
Alto
Transplante haploidêntico 
em: LLA, LMA, LNH, LH, 
LLC, SMD, MM
- Recomenda-se uso de mesna para profilaxia de 
cistite hemorrágica
- Monitorar sedimentos urinários (sinais de urotoxici-
dade ou nefrotoxicidade)
- Profilaxia de DECH iniciada em D+5 com tacrolimo 
(até D+180) e micofenolato de mofetila (até D+35)
33
TRANSPLANTE DE 
CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA 
FARMACÊUTICOS
TCTH ALOGÊNICO
ESQUEMAS RIC
Protocolos
Potencial 
emetogênico
Indicação Observações
Cy-ATG3,11
Ciclofosfamida 50 mg/kg/dia IV em 
D-5 a D-2
ATG de coelho 2,5 mg/kg/dia D-5 a D-3
Moderado Anemia Aplástica
- Hidratar vigorosamente
- Recomenda-se uso de mesna para profilaxia de 
cistite hemorrágica
- Monitorar sedimentos urinários (sinais de urotoxici-
dade ou nefrotoxicidade)
- Evitar a infusão de ciclofosfamida à noite, para 
prevenir retenção urinária e aumento da quantidade 
de metabólitos tóxicos que permaneceriam na bexiga 
por mais tempo
- ATG: pré-medicar e infundir lentamentepara evitar 
possíveis reações infusionais
Flu-Cy3,5
Fludarabina 25 mg/m²/dia IV por 5 
dias
Ciclofosfamida 60 mg/kg/dia IV por 
2 dias
Moderado
Síndromes 
Mieloproliferativas
- Hidratar vigorosamente
- Recomenda-se uso de mesna para profilaxia de 
cistite hemorrágica
- Monitorar sedimentos urinários (sinais de urotoxici-
dade ou nefrotoxicidade)
- Evitar a infusão de ciclofosfamida à noite, para 
prevenir retenção urinária e aumento da quantidade 
de metabólitos tóxicos que permaneceriam na bexiga 
por mais tempo
Flu-Melfalana3,5
Fludarabina 25 mg ou 30 mg/m²/dia IV 
por 5 dias ou 30 mg/m²/dia IV por 4 dias
Melfalana 140 mg/m² IV por 1 dia
Moderado
SMD, Síndromes 
Mieloproliferativas,
LMA
- Realizar crioterapia (pode ser realizada com cubos de 
gelo) pré e pós melfalana, para profilaxia de mucosite5
- Hidratar intensamente como profilaxia para evitar a 
precipitação de melfalana nos túbulos renais5
Flu-Cy-Tiotepa3,11
Fludarabina 30 mg/m²/dia IV por 2 
dias em D-4 e D-3
Tiotepa 5-15 mg/kg IV em D-6
Ciclofosfamida 50 mg/kg IV em D-4 e D-3
Alto
Linfomas, LA, SMD,
MM, LLC
- Tiotepa tem excreção parcial por meio da pele (suor), 
o que exige maior atenção para cuidados com a pele
- Recomenda-se uso de mesna para profilaxia de 
cistite hemorrágica
- Monitorar sedimentos urinários (sinais de urotoxici-
dade ou nefrotoxicidade)
ESQUEMA NÃO MIELOABLATIVO
Flu-TBI3,5
Fludarabina 30 mg/m²/dia IV em D-4 
a D-2
TBI 2Gy em D0 (dia da infusão)
Alto
SMD, Síndromes 
Mieloproliferativas
- O uso da fludarabina auxilia na prevenção de 
rejeição do enxerto
ATG: imunoglobulina antitimócito; DECH: doença do enxerto contra o hospedeiro; LH: linfoma de Hodgkin; LNH: linfoma 
não-Hodgkin; LLA: leucemia linfoblástica aguda; LLC: leucemia linfocítica crônica; LMA: leucemia mieloide aguda; 
LMC: leucemia mieloide crônica; MM: mieloma múltiplo; SMD: síndrome mielodisplásica; SOS: síndrome da obstrução 
sinusoidal; TBI: total body irradiation 
Quadro 2. Esquemas de condicionamento no TCTH alogênico (continuação)
34
O farmacêutico inserido na equipe mul-
tiprofissional em TCTH deve analisar previa-
mente a prescrição de condicionamento, 
checar o protocolo indicado e as doses pres-
critas e as possíveis interações medicamen-
tosas; ainda, deve acompanhar os exames 
laboratoriais, a necessidade de ajustes de 
doses conforme nível sérico, dentre outros.
O paciente e o familiar/cuidador devem 
ser inclusos no cuidado, e o farmacêutico é 
o profissional responsável pela informação 
segura quanto ao uso de medicamentos 
não apenas para eles, mas também para 
toda equipe multiprofissional. Estas ações 
permitem maior adesão ao tratamento e 
melhores resultados na prevenção de even-
tos adversos e no cuidado ao paciente.
Com uma equipe multiprofissional con-
solidada, intercorrências graves podem 
ser prevenidas e, quando ocorrem, ações 
podem ser rapidamente implementadas, 
o que garante um processo mais seguro e 
com melhores resultados clínicos. O enga-
jamento de toda equipe multiprofissional 
possibilita definir as metas terapêuticas, re-
lacionando-as aos riscos/problemas ativos 
do paciente. Neste cenário, o farmacêutico 
tem papel fundamental dentro do processo 
de TCTH, contribuindo não só com a gestão 
econômica como também com a eficácia 
terapêutica e clínica. 
TBI ALTA DOSE
Complicações agudas mais comuns relacio-
nadas à aplicação de TBI alta dose incluem: 
náusea, vômito, diarreia, xerostomia e mu-
cosite. Também podem ocorrer pneumoni-
te intersticial, fibrose pulmonar idiopática 
e redução da função pulmonar. No longo 
prazo, pode ocorrer comprometimento 
do crescimento e do desenvolvimento em 
crianças/adolescentes, insuficiência pulmo-
nar crônica, catarata, malignidades secun-
dárias e infertilidade.1
TERAPIA ANTIEMÉTICA
Náusea e vômito induzidos por quimio-
terapia usualmente estão associados aos 
regimes de condicionamento pré-TCTH. 
Para prevenção destes efeitos, protocolos 
de profilaxia devem ser empregados, con-
siderando (i) perfil de cada paciente, (ii) 
tratamentos anteriores realizados e (iii) es-
quemas de condicionamento utilizados. No 
Quadro 3 estão descritos os esquemas an-
tieméticos que podem ser empregados.12-14 
CONSIDERAÇÕES
Sendo o TCTH um tratamento de alta com-
plexidade, é fundamental conhecer o pa-
ciente, suas comorbidades, o perfil de toxi-
cidade e as principais reações adversas dos 
esquemas quimioterápicos utilizados.
Quadro 3. Esquema antiemético de acordo com potencial emetogênico
Potencial emetogênico Profilaxia antiemética
Alto
Antagonista de receptor 5HT3 + dexametasona + antagonista de receptor 
NK1 + olanzapina
Moderado Antagonista de receptor 5HT3 + dexametasona
35
TRANSPLANTE DE 
CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA 
FARMACÊUTICOS
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13. Hesketh PJ, Kris MG, Basch E, Bohlke E, Brabour SY, Clark-Snow RA, et al. Antiemetics: American Society of Clinical Oncology 
Clinical Practice Guideline Uptade. J Clin Oncol. 2017;35(28):3240-3261. 
36
37
TRANSPLANTE DE 
CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA 
FARMACÊUTICOS
INTRODUÇÃO
O transplante de células-tronco hematopoéti-
cas (TCTH) é dividido em diferentes fases, sen-
do: condicionamento, infusão, aplasia e recu-
peração medular. Cada fase possui diferentes 
graus de comprometimento imunológico, o 
que leva a infecções por diferentes patóge-
nos, associadas a altas taxas de morbidade e 
mortalidade.1A utilização de doadores não 
aparentados, de novos agentes imunossu-
pressores e de outras medidas relacionadas 
ao procedimento influencia diretamente no 
tipo e na intensidade da imunossupressão, 
que diminui o risco de desenvolver infecção.1
A avaliação pré-transplante é realizada 
tanto no doador quanto no paciente, e tem 
Prevenção e tratamento de complicações 
infecciosas
por objetivo identificar situações de risco 
para reativação ou para a ocorrência de in-
fecções após o TCTH. Os exames laborato-
riais pré-transplante incluem os de imuno-
deficiência humana (HIV), hepatite B (HBV), 
hepatite C (HCV) e infecção pelo vírus linfo-
trópico-T humano tipos I e II (HLTV I e II). Sete 
sorologias complementares incluem investi-
gação para citomegalovírus (CMV), vírus Eps-
tein-Barr (EBV), sífilis e para toxoplasmose.2-4
O conhecimento em cada fase do trans-
plante do tipo de imunodeficiência pre-
dominante orienta a abordagem inicial do 
diagnóstico para a implementação da tera-
pia empírica.1 Para maior compreensão, está 
descrita no Quadro 1 a relação entre o tipo 
Quadro 1. Relação entre o tipo de imunodeficiência e de infecção1
Pele e mucosas Opsonização Imunidade celular Fagocitose
Bactérias gram-positivas +++ + + +++
Bactérias gram-negativas + + + +++
Bactérias encapsuladas + +++ + +
Candidíase mucocutânea + - +++ +
Candidíase sistêmica + - - +++
Aspergilose invasiva - - + +++
Vírus + + +++ ++
Pneumocistose - - +++ -
– sem predisposição
+++ deficiência deste subsistema imunológico predispõe fortemente à infecção indicada 
38
de imunodeficiência e os tipos de infecção. 
No Quadro 2, são apresentados os princi-
pais patógenos implicados em TCTH, bem 
como a fase de surgimento das infecções. 
INFECCÕES BACTERIANAS
Durante a neutropenia, o paciente tem 
risco maior de desenvolver bacteremia 
pelas enterobactérias Pseudomonas aeru-
ginosa, Streptococcus sp. do grupo viridans 
e Staphylococcus coagulase negativa, que 
respondem por mais de 90% das bacte-
remias.1 As infecções por bactérias gram-
negativas em geral se originam no tubo 
gastrintestinal; as infecções por Staphylo-
coccus, nos cateteres venosos profundos; 
e a bacteremia por Streptococcus na oro-
faringe, frequentemente associada à mu-
cosite.1,5
PROFILAXIA
A recomendação atual para adultos com 
expectativa de neutropenia superior a 
sete dias é a utilização de fluoroquinolo-
na (ciprofloxacina 500 mg via oral [VO], de 
12/12 horas, ou de levofloxacina 500-750 
mg, VO, uma vez ao dia), a partir do início 
do condicionamento até a recuperação 
Quadro 2. Principais patógenos causadores de infecção em pacientes submetidos a TCTH1
Patógeno Período do transplante
Bactérias
Gram-negativas:
Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella sp. etc.
Neutropenia
Gram-positivas:
Staphylococcus aureus e coagulase-negativa, Streptococcus spp.
Neutropenia
Nocardia, Listeria, Mycobacterium Pós-enxertia
Streptococcus pneumoniae, Haemophilus Influenzae, Neisseria Meningitidis Após D+100
Fungos
 Candida sp. (infecção sistêmica), Aspergillus sp., Fusarium sp.,
 Mucor, Trichosporon sp.
Neutropenia
Cryptococcus neoformans, Pneumocystis jiroveciii, 
Candida sp. (infecção cutâneo–mucosa)
Pós-enxertia
 Aspergillus sp., Fusarium sp. Após D+100
Vírus
Herpes Simplex Neutropenia
Varicela-Zóster Pós-enxertia após D+100
Citomegalovírus Pós-enxertia
Vírus sincicial respiratório Qualquer fase
Parasitas
Strongyloides stercoralis Pós-enxertia
Toxoplasma gondii Pós-enxertia após D+100
39
TRANSPLANTE DE 
CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA 
FARMACÊUTICOS
de granulócitos ou até o desenvolvimento 
de febre e início de terapia antimicrobia-
na empírica.2-4
O uso de agentes com atividade em 
gram-positivos, como os glicopeptídeos, 
em combinação com outras classes é for-
temente desencorajada, devido ao risco de 
desenvolvimento de resistência. O uso de 
metronidazol profilático como medida de 
descontaminação do trato gastrintestinal 
também não é recomendado.1,5
TERAPIA EMPÍRICA
A terapia empírica de amplo espectro é 
realizada conforme o risco de o paciente 
desenvolver neutropenia febril e deve ser 
iniciada imediatamente após o diagnóstico.
Pacientes de baixo risco são aqueles em 
bom estado geral, sem mucosite e com ex-
pectativa de neutropenia de curta duração 
(inferior a sete dias). Normalmente, ocorre 
com os pacientes submetidos ao transplan-
te autólogo; a recomendação neste caso é 
o uso de monoterapia com cefalosporina 
de terceira ou quarta geração ou penicilina 
com atividades antipseudomonas.1-3
Os pacientes de alto risco constituem 
a maioria e, portanto, a abordagem mais 
agressiva é necessária. O esquema inicial 
pode ser baseado em monoterapia; pode-se 
utilizar uma cefalosporina de terceira ou de 
quarta geração, um carbapenêmico ou uma 
penicilina com atividade antipseudomonas. 
Entretanto, se houver instabilidade hemo-
dinâmica, dispneia ou sinais de infecção ab-
dominal grave (dor abdominal intensa, des-
compressão dolorosa, distensão abdominal), 
recomenda-se iniciar com uma combinação 
de antibióticos;1,5 o esquema mais empre-
gado é a associação de um aminoglicosídeo 
(amicacina ou gentamicina) com um beta-
lactâmico (cefalosporina, carbapenêmico ou 
penicilina antipseudomonas).1-4
Em caso de alto risco, recomenda-se a 
introdução de glicopeptídeos no esquema 
inicial nas seguintes situações: infecção em 
cateter, mucosite intensa, uso prévio de qui-
nolonas como profilaxia, colonização prévia 
por pneumococo resistente à penicilina ou às 
cefalosporinas (PRP), colonização por Staphy-
lococcus resistente à meticilina (SARM), he-
mocultura positiva para coco gram-positivo 
sem identificação ou hipotensão.1,2,5 Um es-
quema resumido é apresentado na Figura 1.
Alteração do esquema empírico deve 
ser realizada somente se houver evidên-
cia de piora clínica, identificação micro-
biológica do agente resistente ou evi-
dência de toxicidade por medicamento.1,3 
Em situações de mucosite gastrintestinal 
grave, quando há suspeita de tiflite, reco-
menda-se a introdução de metronidazol.5 
O mesmo se aplica para casos de infecção 
por Clostridium difficile, decorrentes do 
uso prolongado de antibióticos, quando 
a terapia baseada em metronidazol tam-
bém é recomendada.5 
O ajuste do antimicrobiano em situações 
de confirmação de infecção deverá ser fei-
to de acordo com o antibiograma; porém, 
o uso de agente de amplo espectro (cefepi-
ma, ceftazidima, piperacilina-tazobactam 
ou carbapenêmicos) deverá ser mantido até 
a recuperação neutrofílica.5 
40
INFECÇÕES FÚNGICAS
As infecções fúngicas podem causar morbi-
dade e mortalidade significativas no decor-
rer do seguimento do TCTH. Neste cenário, 
cinco gêneros fúngicos: Aspergillus, Candi-
da, Fusarium, Zygomycetes e Pneumocystis 
figuram entre os mais frequentes e devem 
ser monitorados e manejados.2,6
As infecções provocadas por esses pa-
tógenos geralmente ocorrem em fases 
diferentes do período do pós-transplante 
a candidíase, por exemplo, ocorre com 
maior frequência no pós-transplante ime-
diato, e as pneumocistoses perduram e tra-
zem consequências clínicas mais típicas no 
pós-transplante tardio, desenvolvendo-se 
rapidamente de uma infecção local para 
uma fúngica invasiva.6,7 A ocorrência des-
sas infecções é principalmente (mas nem 
sempre) limitada a indivíduos imunocom-
prometidos, sendo menos grave no trans-
plante autólogo do que no alogênico.5,7
Os transplantes autólogos agrupam pa-
cientes com menor risco para essas infec-
ções, sendo a profilaxia antifúngica opcio-
nal; para este grupo, o esquema profilático 
está indicado aos pacientes que evoluem 
com mucosite intensa, que tiveram o en-
xerto manipulado in vitro ou que recebe-
ram tratamento prévio com fludarabina 
 
 
 
 
Adição de aminoglicosídeo  Adição de glicopeptídeo
Se:
• Instabilidade hemodinâmica
• Dispneia
• Sinais e sintomas de infecção abdominal grave
Se: 
• Infecção em cateter
• Mucosite intensa
• Uso prévio de quinolona como pro�laxia• Colonização prévia por PRP ou SARM
• Hemocultura positiva para coco G+ 
 sem identi�cação
• Hipotensão
Monoterapia com betalactâmicos antipseudomo-
nas (carbapenêmicos, cefalosporinas de 3ª e de 4ª 
geração ou penicilina)  
Monoterapia com betalactâmicos antipseudomo-
nas (carbapenêmicos, cefalosporinas de 3ª e de 4ª 
geração, penicilinas)
 
Alto Risco 
• Mucosite
• Expectativa de neutropenia de longa 
 duração (> 7 dias)
• TCTH alogênico
Baixo Risco 
• Bom estado geral
• Ausência de mucosite
• Expectativa de neutropenia de curta 
 duração (risco: neutrope-
nia prolongada)
* Alternativa: 
 Voriconazol 200 mg VO 2x/dia OU
 Posaconazol 200 mg VO 2x/dia
(primeira escolha na vigência de DECH grave) 
* Primeira escolha:
 Voriconazol 6 mg/kg IV 12/12h (2 doses) seguido de 4 mg/kg 
IV 12/12 h de 6-12 semanas
* Alternativa:
 Anfotericina B Lipossomal 3-5 mg/kg/dia de 6-12 semanas
Zygomycetes 
(Mucor)
Sem recomendações clínicas que sustentem terapia 
profilática
* Primeira escolha:
 Anfotericina B lipossomal 3-10 mg/kg IV dia (formulações 
lisossômicas são mais seguras e efetivas)
* Alternativa:
Posaconazol 400 mg VO 2x/dia
Quadro 3. Profilaxia e tratamento das principais infecções fúngicas 3,5,6,7,10 (continuação)
44
piratório (RSV).2-4 Os antivirais comumente 
utilizados na profilaxia e no tratamento das 
infecções virais estão descritos no Quadro 5.
Cerca de 80% dos pacientes de TCTH so-
ropositivos para o vírus do  Herpes Simplex 
desenvolvem infecção sintomática no pri-
meiro mês pós-transplante caso nenhuma 
profilaxia seja empregada.1 O período de 
maior excreção do Herpes Simplex coincide 
com o da mucosite decorrente do regime de 
condicionamento, com agravo das infecções 
bacterianas no período de neutropenia.5 
A infecção pelo citomegalovírus pode 
ocorrer pela reativação de vírus latente ou 
pela transmissão por meio da medula óssea 
ou de hemoderivados do doador.1,5 
As infecções pelo vírus da Varicela-Zóster 
ocorrem em aproximadamente 20% a 30% 
dos pacientes submetidos a transplante au-
tólogo e em 20% a 50% dos submetidos a 
transplante alogênico.1 Tipicamente, o pa-
ciente desenvolve herpes-zóster a partir do 
terceiro mês após o transplante, com um 
pico de incidência no quarto mês.1,5
No caso de diagnóstico de vírus sincicial 
respiratório, o condicionamento e o trans-
plante devem ser adiados (se possível), para 
evitar a dispersão de RSV no ambiente hos-
pitalar. Assim, o paciente deverá receber 
alta até sua recuperação.1
As infecções por adenovírus podem re-
sultar da reativação ou de nova infecção, 
porém poucos antivirais têm atividade in 
vivo contra o agente.5 Estudos sugerem que 
a terapia mais indicada na profilaxia de pa-
cientes de TCTH de alto risco pode ser reali-
zada com cidofovir ou com ribavirina.2,3
A infecção pelo vírus Epstein-Barr (EBV) 
no TCTH tipicamente resulta da reativação 
de infecção endógena ou da transmissão 
do EBV pelo doador; entretanto, a ocorrên-
cia é extremamente rara.1 O uso profilático 
de agentes antivirais não é eficaz contra o 
EBV e, portanto, não é recomendado.2,3
O herpesvírus humano 6 (HHV-6) é o agen-
te causador do exantema súbito e, geralmente, 
todas as crianças se infectam até os três anos 
de idade.5 A reativação pós-TCTH ocorre entre 
30% e 60% dos receptores, sendo mais fre-
quente após o transplante de cordão umbilical, 
com taxas de reativação de mais de 90%.2,3
Os poliomavírus JC (JCV) e BK (BKV) são ubí-
quos, e a infecção em geral se dá nos primeiros 
anos de vida. Assim, a reativação da infecção é 
a principal causa do adoecimento pós-TCTH.2,3 
A manifestação mais frequente é a cistite he-
morrágica pelo BKV, que ocorre geralmente 
entre a terceira e a sexta semanas pós-TCTH.2
INFECÇÕES PARASITÁRIAS
Embora muitos consensos mundiais não 
abordem a profilaxia e o tratamento de infec-
ções parasitárias no período pós-TCTH, estu-
dos mostram, por exemplo, que a taxa de 
infecção por Strongyloides spp. no Brasil em 
pacientes imunossuprimidos ou transplanta-
dos é de aproximadamente 13% a 20%. Den-
tre as infecções parasitárias que combinam 
maior taxa epidemiológica com distribuição 
endêmica mais homogênea, destacam-se a 
toxoplasmose e a estrongiloidíase. É válido 
considerar a cobertura antiparasitária, prin-
cipalmente em países emergentes, onde a 
prevalência de comorbidades infecciosas 
45
TRANSPLANTE DE 
CÉLULAS-TRONCO 
HEMATOPOÉTICAS:
INTRODUÇÃO PARA 
FARMACÊUTICOS
Quadro 5. Profilaxia e tratamento das principais infecções virais1-4
Profilaxia Tratamento
HSV
Paciente e doador sorotipo negativo:
Não necessita de profilaxia
Pacientes e/ou doador sorotipo positivo:
Do condicionamento até 3 a 5 semanas pós-TCTH:
Aciclovir IV 250 mg/m2 ou 5 mg/kg 12/12 horas
Aciclovir VO 60 mg 8/8h ou 400 mg 12/12h horas
Valaciclovir VO 500 mg 12/12 horas 
 Aciclovir IV 250 mg/m2/dose 8/8 horas
 Valaciclovir VO 500 mg 8/8 horas
 Foscavir 40 a 60 mg/kg 8/8 horas
VZV
Paciente e doador sorotipo negativo:
Não necessita de profilaxia
Paciente e/ou doador sorotipo positivo:
Aciclovir VO > 40 kg: 800 mg 12/12 horas por 1 ano; 40kg: 500mg 12/12 horas por 1 ano 40kg: 800 mg 6/6 horas;

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