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1 2 Olá, Alunos! Sejam bem-vindos! Esse material foi elaborado com muito carinho para que você possa absorver da melhor forma possível os conteúdos e se preparar para a sua 2ª fase, e deve ser utilizado de forma complementar junto com as aulas. Qualquer dúvida ficamos à disposição via plataforma “pergunte ao professor”. Lembre-se: o seu sonho também é o nosso! Bons estudos! Estamos com você até a sua aprovação! Com carinho, Equipe Ceisc ♥ 3 2ª FASE OAB | PENAL | 41º EXAME Direito Penal SUMÁRIO Recurso em Sentido Estrito 1.1. Introdução ......................................................................................................5 1.2. Hipóteses de cabimento do recurso em sentido estrito ..................................5 1.3. Prazo ............................................................................................................13 1.4. Legitimidade .................................................................................................14 1.5. Efeito Regressivo ou Juízo de Retratação ...................................................15 1.7. Peça resolvida ..............................................................................................18 1.8. Questões ......................................................................................................22 Padrão Resposta..................................................................................................................... .24 Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para a 2ª Fase do 41º Exame da OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso, recomenda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente. Bons estudos, Equipe Ceisc. Atualizado em julho de 2024. 4 5 Recurso em Sentido Estrito Prof. Nidal Ahmad @prof.nidal 1.1. Introdução É o recurso cabível contra decisões interlocutórias, quando se tratar de hipótese expressamente prevista em lei (CPP, arts. 581 a 592). O rol de hipóteses do recurso em sentido estrito é taxativo, sendo cabível, portanto, somente nos casos do art. 581 do CPP, podendo, eventualmente, ser adotada interpretação extensiva, que não desborde sobremaneira da natureza da decisão recorrida, por exemplo, recurso em sentido estrito contra decisão que rejeitou o aditamento próprio da denúncia ou queixa. Algumas decisões que constam no rol do art. 581 do CPP não mais comportam recurso em sentido estrito, passando a ser cabível agravo em execução a) concessão, negativa ou revogação da suspensão condicional da pena (inc. XI), lembrando que, quando a concessão ou negativa se der na sentença condenatória, cabe apelação; b) concessão, negativa ou revogação do livramento condicional (XII); c) decisão sobre unificação de penas (XVII); d) decisões relativas a medidas de segurança (XIX, XX, XXI, XXII e XXIII); e) conversão da multa em detenção ou prisão simples (art. 581, XXIV); A hipótese de conversão deixou de existir após a Lei 9.268/1996, que modificou o art.51 do CP. 1.2. Hipóteses de cabimento do recurso em sentido estrito As hipóteses de cabimento estão previstas no art. 581 do CPP: I) Da sentença que não receber/rejeitar a denúncia ou queixa Cabe recurso em sentido estrito da decisão que rejeitar a denúncia ou queixa, por conta da incidência de uma das hipóteses do art. 395 do CPP. Da decisão que recebe a denúncia não cabe qualquer recurso, apenas impetração de habeas corpus, diante da absoluta falta de previsão legal. 6 O Supremo Tribunal Federal firmou entendimento, por meio da Súmula nº 707, no sentido de que: “Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo”. DICA MISSIONEIRA No caso das infrações penais de competência do juizado especial criminal, não cabe recurso em sentido estrito da decisão que rejeitar a denúncia ou queixa, mas apelação, com prazo de 10 dias (Lei 9.099/1995, art. 82, caput). II) Da decisão que concluir pela incompetência do juízo É o caso do reconhecimento ex officio da incompetência pelo próprio juiz, que determina a remessa dos autos ao juízo competente, nos termos do art. 109 do CPP. Se a incompetência foi arguida por meio de exceção (procedimento que corre em apartado ao processo principal), sendo julgada procedente a exceção (caso de incompetência relativa), aplica-se o inciso III do art. 581 do CPP. No procedimento do júri, da decisão de desclassificação do fato para crime não doloso contra a vida (CPP, art. 419) cabe recurso em sentido estrito com base neste inciso, pois o juiz estará, em última análise, concluindo pela incompetência do Tribunal do Júri para julgar a causa. Da decisão do juiz dando-se por competente não cabe qualquer recurso, podendo a defesa impetrar apenas habeas corpus. III) Da decisão que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição Recurso voltado para a acusação. O art. 95 do CPP enumera as cinco exceções oponíveis, a saber: suspeição, incompetência do juízo, litispendência, ilegitimidade da parte e coisa julgada. Note-se que o cabimento do recurso em sentido estrito está restrito à decisão que acolher a exceção oposta pelo réu, ou seja, julgar procedente a exceção. Se rejeitada a exceção, a decisão é irrecorrível, podendo ensejar eventual habeas corpus. 7 Acolhida ou rejeitada a exceção de suspeição, não cabe qualquer recurso, pois não se pode forçar o juiz que se considera suspeito a julgar a causa. IV) Da decisão que pronunciar A decisão de pronúncia trata-se de uma decisão interlocutória mista não terminativa, que encerra uma fase do procedimento, sem julgar o mérito, isto é, sem declarar o réu culpado. Como, em relação à peça, a probabilidade de cair recurso em sentido estrito contra decisão de pronúncia é maior, estudaremos essa hipótese em apartado. A decisão de impronúncia, com a edição da Lei 11.689/2008, passou a comportar o recurso de apelação (art. 416 do CPP). V) Da decisão que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante Nesse inciso, a lei prevê tanto situação favorável ao réu quanto desfavorável. Assim, concedida a fiança ou fixado um valor muito baixo, pode o Ministério Público recorrer. Negada, cassada ou considerada inidônea, cabe ao acusado apresentar o seu inconformismo, com a interposição do recurso em sentido estrito. Por outro lado, quando o juiz conceder liberdade provisória, pode o Ministério Público recorrer, mas não cabe RESE para o réu que tem o seu pedido de liberdade provisória negado, sendo possível o habeas corpus. Finalmente, quando a prisão, por ser ilegal, mereça ser relaxada, caso o juiz o faça, proporciona ao Ministério Público a interposição de recurso em sentido estrito. Quando houver a negativa ao relaxamento, pode-se impetrar habeas corpus. VI) Absolvição sumária (REVOGADO) Essa decisão era impugnada por recurso em sentido estrito. Com a edição da Lei nº 11.689/2008, o recurso cabível passou a ser apelação (CPP, art. 416). VII) Da decisão que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor São situações desfavoráveis ao réu, sendo-lhe permitido o recurso em sentido estrito, porque, realmente, são decisões interlocutórias, merecedoras do duplo grau de jurisdição. Entretanto, quando houver o quebramento, implicando a obrigação de se recolher à prisão, pode-se dar ensejo à impetração de habeas corpus. 8 VIII) Da decisão que decreta aprescrição ou julga, por outro modo, extinta a punibilidade do acusado Caberá recurso em sentido quando a decisão que decretar a prescrição ou julgar extinta a punibilidade for proferira no curso da ação penal, fora do âmbito da sentença. EXEMPLO: Note-se que se trata de recurso para a acusação, já que a decisão é favorável ao réu. E, nesse caso, ganha importância a figura do assistente da acusação, que é o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, conforme prevê o artigo 268 do CPP. Em outras palavras, é a vítima, que, por meio de advogado(a), irá se habilitar no processo para atuar ao lado do MP na acusação. O inciso VIII do artigo 581 trata da única hipótese prevista expressamente em lei de legitimidade de o assistente de acusação interpor recurso em sentido estrito, na hipótese de inércia do MP, conforme se extrai do artigo 584, § 1º, do CPP. Assim, se, por exemplo, o MP não recorrer contra a decisão que decretou a prescrição, caberá ao assistente de acusação interpor o recurso. Logo, a legitimidade do assistente da acusação surge somente na hipótese de o Ministério Público não recorrer. Se ocorrer a extinção da punibilidade no corpo da sentença penal, o recurso cabível será o de apelação, conforme dispõe o art. 593, § 4º, do CPP. Ex.: imagine que o réu esteja sendo processado por dois delitos. O Juiz absolve o réu pela prática de um deles e declara a prescrição em relação ao outro. Nesse caso, o recurso do Ministério Público ou assistente à acusação (no caso de o Ministério Público não recorrer) será o de apelação, com base no art. 593, I, do CPP, inclusive em relação à decisão que decretou a prescrição. Quando a decisão for proferida no curso da execução criminal, o recurso cabível é o agravo da execução, previsto no art. 197 da Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/1984). Imaginemos que, ao longo da execução da pena, a defesa formule pedido de prescrição executória ou outra causa de extinção da punibilidade, como, por exemplo, indulto. Se o juiz da Vara de Execução Penal acolher o pedido, e declarar a prescrição executória, ou extinção da Imaginemos que a defesa, por mera petição, durante a tramitação da ação penal, formule pedido de prescrição ou outra causa de extinção da punibilidade. Se o juiz acolher o pedido e decretar a prescrição ou, julga, por outro modo, extinta a punibilidade do acusado, contra essa decisão caberá recurso em sentido estrito. 9 punibilidade pelo indulto, caberá ao MP interpor recurso de agravo em execução, com base no artigo 197 da LEP. • Absolvição sumária pela extinção da punibilidade (art. 397, IV, do CPP) Diante da previsão legal atípica no sentido de considerar a possibilidade de sentença absolutória na hipótese de causa extintiva da punibilidade, parte da doutrina passou a aventar a possibilidade de interposição do recurso de apelação contra tal decisão. Assim, diante do paradoxo criado pelo legislador, o entendimento doutrinário prevalente é no sentido de que o juiz deverá, simplesmente, declarar a causa extintiva de punibilidade, independentemente do veredicto absolutório, ou seja, declara a causa extintiva de punibilidade e simplesmente absolve o réu, com base no artigo 397, inciso IV, do CPP, cabendo, contra essa decisão, recurso em sentido estrito. IX) Da decisão que indeferir pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva de punibilidade É a contraposição do inciso anterior. Negada a extinção da punibilidade, o processo seguirá seu curso normal. Trata-se, portanto, de decisão interlocutória simples. Diante da previsão expressa da lei, caberá recurso em sentido estrito. EXEMPLO: Da mesma forma do inciso anterior, o recurso em sentido estrito contra decisão que indeferir pedido de extinção de punibilidade somente poderá ser manejado de forma residual, ou seja, quando a decisão não ocorrer na própria sentença condenatória (cabendo apelação) ou em sede de execução criminal (quando será cabível agravo em execução). Logo, se, no corpo da sentença penal condenatória, o juiz indeferir pedido de extinção da punibilidade, e condenar o réu, com a fixação da pena, contra essa decisão caberá apelação, inclusive na parte que trata da prescrição. Isso porque, quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que somente de parte da decisão se recorra, conforme dispõe o artigo 593, § 4º, do CPP. X) Da decisão que conceder ou negar a ordem de habeas corpus Imaginemos que a defesa, por mera petição, durante a tramitação da ação penal, formule pedido de prescrição ou outra causa de extinção da punibilidade. Se o juiz indeferir o pedido e não decretar a prescrição ou não declarar qualquer causa de extinção da punibilidade do acusado, contra essa decisão caberá recurso em sentido estrito. 10 Quando a decisão denegatória do habeas corpus for proferida por juiz de 1º grau, caberá recurso em sentido estrito. Imaginemos que o Delegado de Polícia determine instauração de inquérito policial sem qualquer justa causa, baseado exclusivamente em denúncia anônima, sem qualquer mínimo ato prévio investigatório. Nesse caso, o investigado poderá impetrar habeas corpus contra o ato do Delegado de Polícia, perante o juiz de 1º grau, visando o trancamento do inquérito policial. Se o juiz denegar o habeas corpus, caberá recurso em sentido estrito, nos termos do artigo 581, X, do CPP. No caso de decisão denegatória proferida em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais e pelos tribunais dos Estados, caberá recurso ordinário para o Superior Tribunal de Justiça (art. 105, II, a, da CRFB/1988). EXEMPLO: Se a decisão denegatória for proferida em única instância (somente em única instância) pelos tribunais superiores, caberá recurso ordinário ao Supremo Tribunal Federal (art. 102, II, a, da CRFB/1988). XI) Da decisão que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena (PREJUDICADO) Esse dispositivo tem aplicação prejudicada. A decisão que não concede o sursis invariavelmente integra a própria sentença condenatória, comportando, por isso, apelação, por conta do disposto no artigo 593, § 4º, do CPP. Após o trânsito em julgado da condenação, se a decisão que negar ou revogar o sursis for proferida pelo juízo da execução penal, caberá agravo em execução (art. 197 da LEP). XII) Da decisão que conceder, negar ou revogar livramento condicional (REVOGADO) Uma pessoa é presa em flagrante. A defesa formula requerimento de relaxamento da prisão perante o juiz de 1º grau, que indefere e converte em prisão preventiva. Contra essa decisão, a defesa impetra habeas corpus perante o Tribunal de Justiça do Estado, que é denegado. Nesse caso, caberá recurso ordinário constitucional para o STJ. 11 Cabe agravo em execução, estando o dispositivo em questão revogado (Lei nº 7.210/1984, art. 197). XIII) Da decisão que anular a instrução criminal no todo ou em parte Reconhecida essa hipótese, que é típica decisão interlocutória, cabe à parte inconformada em ter que reiniciar a instrução ou reproduzir determinados atos impugnar a decisão anulatória pelo recurso em sentido estrito. De outro lado, se condenado, nada impede que o interessado argua a nulidade em preliminar de eventual recurso de apelação. Por interpretação extensiva ao art. 581, XIII, do CPP, é cabível o recurso em sentido estrito contra decisão que declarar ilícita a prova juntada aos autos. XIV) Da decisão que incluir ou excluir jurado na lista geral Tendo em vista a imparcial formação da lista de jurados, o procedimento deve ser de conhecimento geral, publicando-se o resultado na imprensa e afixando-se no fórum. Logo, é possível que qualquer pessoa questione a idoneidade de um jurado, incluído na lista (CPP, art. 426, § 1º). Nesse caso, pode o juiz,acolhendo petição da parte interessada, excluí-lo da lista, o que dá margem ao inconformismo daquele que foi extirpado. Por outro lado, a inclusão de alguém, impugnada e mantida pelo magistrado, dá lugar à interposição de recurso em sentido estrito. Nesse caso, em caráter excepcional, segue o recurso ao Presidente do Tribunal. Excepcionalmente, em relação a essa decisão, o prazo para interpor o recurso é de 20 (vinte) dias, devendo ser dirigido ao Presidente do Tribunal de Justiça. XV) Da decisão que denegar a apelação ou julgá-la deserta No caso da apelação, o juízo de prelibação (admissibilidade) deve ser feito tanto na primeira instância quanto na instância superior. Assim, o juiz a quo (juiz de 1º grau) pode deixar de receber a apelação (o que equivale a denegá-lo), se entender não preenchido algum pressuposto recursal objetivo ou subjetivo. Nessa hipótese, cabe recurso em sentido estrito contra o despacho denegatório da apelação. Note-se que o recurso não se volta contra a sentença apelada, mas exclusivamente contra o despacho que negou seguimento à apelação. XVI) que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial As questões prejudiciais estão previstas nos artigos 92 e 93 do CPP. Questão prejudicial é aquela que deve ser decidida antes do julgamento da questão principal de forma definitiva, no mesmo ou em outro processo com ela relacionado. 12 Exemplo de prejudicialidade obrigatória: ação de anulação de casamento no crime de bigamia. Deve-se primeiro definir a questão da anulação de um dos casamentos, para depois resolver o mérito do delito de bigamia. Exemplo de prejudiciais facultativa: a verificação do direito de propriedade nos crimes de furto, estelionato; da posse, no de esbulho e invasão de domicílio etc., entre outras hipóteses. Se o juiz determinar a suspensão do processo para solução da questão prejudicial, obrigatória ou facultativa, cabe recurso em sentido estrito. XVII) que decidir sobre a unificação de penas Cabe agravo em execução, estando o dispositivo em questão revogado (Lei nº 7.210/1984, art. 197). XVIII) que decidir o incidente de falsidade O incidente de falsidade está previsto nos arts. 145 a 148 do CPP. XIX) que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado Cabe agravo em execução, estando o dispositivo em questão revogado (Lei nº 7.210/1984, art. 197). XX) que impuser medida de segurança por transgressão de outra Cabe agravo em execução, estando o dispositivo em questão revogado (art. 197 da Lei nº 7.210/1984). XXI) que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774 Cabe agravo em execução, estando o dispositivo em questão revogado (art. 197 da Lei nº 7.210/1984). XXII) que revogar a medida de segurança Cabe agravo em execução, estando o dispositivo em questão revogado (art. 197 da Lei nº 7.210/1984). XXIII) que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a revogação Cabe agravo em execução, estando o dispositivo em questão revogado (art. 197 da Lei nº 7.210/1984). 13 XXIV) que converter a multa em detenção ou em prisão simples. Esse inciso está revogado, pois não cabe a conversão da pena de multa em detenção ou prisão simples, mas em dívida ativa, para ser a multa será executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, nos termos do artigo 51 do CP. XXV) que recusar homologação à proposta de acordo de não persecução penal, previsto no art. 28-A desta Lei. A Lei 13.964/2019 incluiu mais uma hipótese de cabimento de recurso em sentido estrito. Na hipótese de o juiz recusar o acordo de não persecução penal, porque não atendeu aos requisitos legais ou quando não for realizada a adequação por parte do Ministério Público (CPP, art. 28-A, § 7º), caberá à parte interessa interpor recurso em sentido estrito, com base no artigo 581, XXV, do CPP. 1.3. Prazo Trata-se de peça bipartida. O recurso em sentido estrito (RESE) se procede em dois momentos distintos, um para interposição (fundamental para atestar a tempestividade) e outro para apresentação das razões. Ou seja, primeiro o recorrente interpõe o recurso, o juiz recebe e, após, determina a intimação para oferecimento das razões. No entanto, para fins do Exame da OAB, a FGV exige que o candidato interponha o recurso de apelação, com as razões inclusas. Ou seja, o candidato deverá interpor o recurso e já oferecer as razões, no prazo de 5 dias, previsto no artigo 586 do CPP. Interposição 5 dias Razões 2 dias 14 1.4. Legitimidade Ministério Público Querelante Defesa Próprio réu Assistente de acusação O Ministério Público, o querelante (no caso de ação penal privada), a defesa, o próprio réu e, ainda, o assistente de acusação podem interpor recurso em sentido estrito. O assistente de acusação poderá recorrer em sentido estrito somente da decisão que “decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade”, nos termos do art. 584, § 1º, c/c art. 581, VIII, ambos do CPP, já que tal decisão impede a formação de título executivo para eventual reparação do dano. O assistente de acusação pode ser habilitado nos autos, hipótese em que, nessa condição, será intimado de todos os atos e poderá recorrer, caso não o faça o Ministério Público, no prazo de 5 (cinco) dias. No caso de assistente de acusação não habilitado, considerando que ainda não tinha tomado ciência dos atos praticados no processo e, portanto, não foi intimado das decisões, terá o prazo de 15 (quinze) dias para interpor o recurso em sentido estrito (art. 584, § 1º, c/c art. 598, par.ún., do CPP). A contagem do prazo para o assistente de acusação interpor recurso segue a regra disposta na Súmula nº 448 do STF: “O prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa a correr imediatamente após o transcurso do prazo do Ministério Público”. 15 1.5. Efeito Regressivo ou Juízo de Retratação O recurso em sentido estrito possui efeito regressivo, uma vez que a interposição do recurso obriga o juiz que prolatou a decisão recorrida a reapreciar a questão, mantendo-a ou reformando-a, conforme dispõe o art. 589, caput, do CPP. É o chamado juízo de retratação. Se o juiz mantiver o despacho, remeterá os autos à instância superior; se reformá-la, o recorrido, por simples petição, e dentro do prazo de 5 (cinco) dias, poderá requerer a subida dos autos. O recorrido deverá ser intimado, no caso de retratação do juiz. 1.6. Estruturação a) peça de interposição: endereçada ao juízo de 1º grau; b) Razões: endereçada ao tribunal competente: 16 AO JUÍZO DA... VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE ... (se crime da competência da Justiça Estadual) AO JUÍZO DA... VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE... (se crime da competência da Justiça Federal) Processo nº... FULANO DE TAL, já qualificado nos autos, por seu procurador infra- assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, inconformado com a decisão de fls., interpor, o presente RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com base no artigo 581, (indicar o inciso), do Código de Processo Penal. Nesse sentido, requer seja recebido o recurso e procedido o juízo de retratação, nos termos do artigo 589 do Código de Processo Penal 1. Se mantida a decisão, requer seja encaminhado o presente recurso, já com as razões inclusas, ao Tribunal de Justiça do Estado... ou Tribunal Regional Federal da... Região, para o devido processamento. O presente recurso é tempestivo, pois interposto dentro do prazo de 5 dias, previsto no artigo 586 do Código de Processo Penal. Nestes termos, pede deferimento. Local..., data... Advogado... OAB... 17 EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO... (se da competência da Justiça Estadual); ou EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA... REGIÃO (se da competência da Justiça Federal). Recorrente: Fulano de Tal Recorrido: Ministério Público Processo nº RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO Egrégio Tribunal de Justiça do Estado... ou Egrégio Tribunal Regional Federal da... Região Colenda Câmara Criminal (Justiça Estadual) ou Colenda Turma (Justiça Federal) I) DOS FATOS1 II) DO DIREITO2 III) DO PEDIDO3 Ante o exposto, requer seja CONHECIDO E PROVIDO o presente recurso, com a reforma da decisão de 1º grau, para o fim de que (formular os pedidos específicos). Nestes termos, pede deferimento. Local..., data... Advogado... OAB... 1Fazer breve relato dos fatos ocorridos, conforme os dados do enunciado (não inventar nada nem simplesmente transcrever o enunciado). 2 Deve-se buscar no enunciado preliminares e mérito. As preliminares envolvem invariavelmente teses relacionadas a nulidade, rejeição da denúncia. Ou seja, vícios processuais e procedimentais decorrentes da inobservância de exigências legais que podem levar à nulidade do ato e dos que dele derivam e, até mesmo, do processo. Nos memoriais do júri e no RESE contra decisão de pronúncia (art. 581, IV, do CPP), a estratégia é buscar no enunciado informações que permitam desenvolver testes voltadas à impronúncia (art. 414 CPP), absolvição sumária (art. 415 CPP) e/ou desclassificação (art. 419 do CPP). Em sede e subsidiariedade, deve-se buscar informações no enunciado para afastar qualificadora ou causa de aumento de pena, a fi m de que, se for a júri, o agente seja submetido a julgamento por crime mais brando (Exemplo: denunciado pelo crime de homicídio qualificado. Buscar informações, para se pronunciado, seja submetido a julgamento por homicídio simples). Trata-se de mero checklist para saber o que buscar no enunciado. A FGV nunca exigiu do candidato dispor fielmente a peça em preliminares e mérito. Assim, conclui-se ser possível discorrer sobre as teses de forma numericamente sequencial, sem a necessidade de dividi-las em preliminar e mérito. 3 Conforme o enunciado da peça ou da questão, os pedidos podem ser cumulativos. Formular pedidos específicos em relação a cada tese invocada. 18 1.7. Peça resolvida PEÇA PRÁTICO–PROCESSUAL – AUTORAL: Carlos, nascido em 15 de fevereiro de 2000, foi flagrado, no dia 10 de março de 2019, praticando o crime de furto consumado. Após conclusão do inquérito policial, o Ministério Público ofereceu denúncia, imputando a Carlos a prática do delito do artigo 155, “caput”, do Código Penal, perante a 2ª Vara Criminal da Comarca de Salvador/BA. A denúncia foi recebida no dia 18 de maio de 2019, sendo Carlos regularmente citado, apresentando, na sequência, resposta à acusação. Considerando não existir fundamento para absolvição sumária, o magistrado designou audiência de instrução de julgamento, determinando a intimação do réu e das testemunhas arroladas na denúncia e resposta à acusação. Carlos, no entanto, conseguiu emprego fixo em cidade diferente daquela em que o processo tramitava, para onde se mudou, deixando de comunicar tal fato ao juízo respectivo, não sendo encontrado no endereço constante nos autos para ser intimado para audiência, razão pela qual a solenidade foi cancelada. O processo tramitou lentamente, diante das sucessivas paralisações do Poder Judiciário, em decorrência das greves dos servidores, bem como pelo fato de não haver juiz titular na Vara Criminal, já que o anterior obteve remoção para outra comarca. No dia 20 de junho de 2023, um novo magistrado assumiu a titularidade da Vara Criminal, e, ao analisar o processo, designou audiência de instrução e julgamento, tendo o advogado de Carlos sido intimado da data. De imediato, o advogado de Carlos, compulsando os autos do processo, verificou a hipótese de prescrição, e postulou o reconhecimento da extinção da punibilidade. O Magistrado, por sua vez, indeferiu o pedido, sob o fundamento de que não teria incidido a prescrição, mantendo a data para a realização da audiência. Carlos e sua defesa técnica foram intimados da decisão em 03 de julho de 2023, segunda-feira. Considerando apenas as informações expostas, apresente, na condição de advogado(a) de Carlos, a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus e embargos de declaração, expondo todas as teses jurídicas de direito material e processual aplicáveis. A peça deverá ser datada do último dia do prazo para interposição, devendo ser considerado que segunda a sexta-feira são dias úteis em todo o país. (Valor: 5,00). 19 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SALVADOR/BA Processo nº CARLOS já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor o presente RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com base no artigo 581, inciso IX, do Código de Processo Penal. Nesse sentido, requer seja recebido o recurso e procedido o juízo de retratação, nos termos do artigo 589 do Código de Processo Penal. Se mantida a decisão, requer seja encaminhado o presente recurso, já com as razões inclusas, ao Tribunal de Justiça do Estado de Bahia, para o devido processamento. O presente recurso é tempestivo, já que interposto dentro do prazo de 5 dias, previsto no artigo 586 do Código de Processo Penal. Nestes termos, Pede deferimento Local..., 10 de julho de 2023. Advogado... OAB... 20 EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA Recorrente: CARLOS Recorrido: MINISTÉRIO PÚBLICO Processo nº RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Bahia Colenda Câmara Criminal I) DOS FATOS O Ministério Público denunciou o recorrente pelo crime de furto consumado, nos termos do artigo 155, “caput”, do Código Penal. A denúncia foi recebida em 18 de maio de 2020, sendo o réu citado e apresentada resposta à acusação. Após designação de audiência, a defesa formulou pedido de extinção da punibilidade, que foi indeferido pelo Magistrado. A defesa foi intimada da decisão no dia 03 de julho de 2023, segunda-feira. II) DO DIREITO A) DA PRESCRIÇÃO O réu foi denunciado pelo crime de furto consumado, tendo a defesa formulado pedido de extinção da punibilidade, sendo indeferido pelo Magistrado, sob fundamento de que não teria incidido a prescrição. Todavia, incidiu a prescrição da pretensão punitiva em abstrato. Isso porque o réu foi denunciado pelo crime de furto consumado, que prevê pena máxima de 04 anos. Logo, o prazo prescricional é de 08 anos, nos termos do artigo 109, IV, do Código Penal. Considerando pela metade, sendo, portanto, de 04 anos. 21 Nesse sentido, entre a data do recebimento da denúncia, 18 de maio de 2019, e a data que ainda não há publicação da sentença condenatória, pelo menos até o dia 03 de julho de 2023, passaram-se mais de 04 anos, incidindo, portando, a prescrição da pretensão punitiva. Logo, deve ser declarada extinta a punibilidade do réu, com base no artigo 107, IV, do Código Penal. I) DO PEDIDO Ante o exposto, requer seja CONHECIDO e PROVIDO o presente recuso, com a reforma da decisão de 1º grau, para o fim de que: a) Seja reconhecida e declarada extinta a punibilidade do réu, com base no artigo 107, IV, do Código Penal. Nesses termos, Pede deferimento. Local..., 10 de julho de 2023. Advogado... OAB... . 22 1.8. Questões 1) QUESTÃO 4 – XXV EXAME – 2018-1 Vitor efetuou disparos de arma de fogo contra José, com a intenção de causar sua morte. Ocorre que, por erro durante a execução, os disparos atingiram a perna de seu inimigo e não o peito, como pretendido.Esgotada a munição disponível, Vitor empreendeu fuga, enquanto José solicitou a ajuda de populares e compareceu, de imediato, ao hospital para atendimento médico. Após o atendimento médico, já no quarto com curativos, enquanto dormia, José vem a ser picado por um escorpião, vindo a falecer no dia seguinte em razão do veneno do animal, exclusivamente. Descobertos os fatos, considerando que José somente estava no hospital em razão do comportamento de Vitor, o Ministério Público oferece denúncia em face do autor dos disparos pela prática do crime de homicídio consumado, previsto no art. 121, caput, do Código Penal. Após regular prosseguimento do feito, na audiência de instrução e julgamento da primeira fase do procedimento do Tribunal do Júri, quando da oitiva das testemunhas, o https://ceisc.com.br/LINK_PODCAST_AQUI 23 magistrado em atuação optou por iniciar a oitiva das testemunhas formulando diretamente suas perguntas, sem permitir às partes complementação. Após alegações finais orais das partes, o magistrado proferiu decisão de pronúncia. Apesar da impugnação da defesa quanto à formulação das perguntas pelo juiz, o magistrado esclareceu que não importaria quem fez a pergunta, pois as respostas seriam as mesmas. Com base apenas nas informações narradas, na condição de advogado(a) de Vitor, responda aos itens a seguir. A) Qual o recurso cabível da decisão proferida pelo magistrado e qual argumento de direito processual pode ser apresentado em busca da desconstituição de tal decisão? Justifique. (Valor: 0,65) B) Existe argumento de direito material a ser apresentado, em momento oportuno, para questionar a capitulação jurídica apresentada pelo Ministério Público? Justifique. (Valor: 0,60) Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação 2) QUESTÃO 3 – IX EXAME – 2012-3 Mário está sendo processado por tentativa de homicídio uma vez que injetou substância venenosa em Luciano, com o objetivo de matá-lo. No curso do processo, uma amostra da referida substância foi recolhida para análise e enviada ao Instituto de Criminalística, ficando comprovado que, pelas condições de armazenamento e acondicionamento, a substância não fora hábil para produzir os efeitos a que estava destinada. Mesmo assim, arguindo que o magistrado não estava adstrito ao laudo, o Ministério Público pugnou pela pronúncia de Mário nos exatos termos da denúncia. Com base apenas nos fatos apresentados, responda justificadamente. A) O magistrado deveria pronunciar Mário, impronunciá-lo ou absolvê-lo sumariamente? (Valor: 0,65) B) Caso Mário fosse pronunciado, qual seria o recurso cabível, o prazo de interposição e a quem deveria ser endereçado? (Valor: 0,60) Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. 24 Padrão Resposta 25 1) QUESTÃO 4 – XXV EXAME – 2018-1 Vitor efetuou disparos de arma de fogo contra José, com a intenção de causar sua morte. Ocorre que, por erro durante a execução, os disparos atingiram a perna de seu inimigo e não o peito, como pretendido. Esgotada a munição disponível, Vitor empreendeu fuga, enquanto José solicitou a ajuda de populares e compareceu, de imediato, ao hospital para atendimento médico. Após o atendimento médico, já no quarto com curativos, enquanto dormia, José vem a ser picado por um escorpião, vindo a falecer no dia seguinte em razão do veneno do animal, exclusivamente. Descobertos os fatos, considerando que José somente estava no hospital em razão do comportamento de Vitor, o Ministério Público oferece denúncia em face do autor dos disparos pela prática do crime de homicídio consumado, previsto no art. 121, caput, do Código Penal. Após regular prosseguimento do feito, na audiência de instrução e julgamento da primeira fase do procedimento do Tribunal do Júri, quando da oitiva das testemunhas, o magistrado em atuação optou por iniciar a oitiva das testemunhas formulando diretamente suas perguntas, sem permitir às partes complementação. Após alegações finais orais das partes, o magistrado proferiu decisão de pronúncia. Apesar da impugnação da defesa quanto à formulação das perguntas pelo juiz, o magistrado esclareceu que não importaria quem fez a pergunta, pois as respostas seriam as mesmas. Com base apenas nas informações narradas, na condição de advogado(a) de Vitor, responda aos itens a seguir. A) Qual o recurso cabível da decisão proferida pelo magistrado e qual argumento de direito processual pode ser apresentado em busca da desconstituição de tal decisão? Justifique. (Valor: 0,65) B) Existe argumento de direito material a ser apresentado, em momento oportuno, para questionar a capitulação jurídica apresentada pelo Ministério Público? Justifique. (Valor: 0,60) Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. GABARITO COMENTADO: A) O recurso cabível da decisão de pronúncia é o Recurso em Sentido Estrito, nos termos do Art. 581, inciso IV, do CPP. Em relação ao argumento de direito processual, deveria o candidato alegar que houve nulidade durante a instrução probatória, tendo em vista que o magistrado formulou diretamente perguntas às testemunhas, sendo que o Código de Processo Penal prevê 26 o sistema de cross examination para oitiva das testemunhas, cabendo as partes formularem as perguntas diretamente para as testemunhas, podendo ser complementados pelo magistrado, na forma do Art. 411 e do Art. 212, ambos do CPP. No caso, o magistrado formulou diretamente as perguntas, não oportunizou às partes a complementação e houve devida impugnação em momento adequado. A conduta do juiz configura cerceamento de defesa, de modo que devem ser anulados todos os atos desde a instrução. B) Em relação ao argumento de direito material, deveria a defesa de Vitor questionar a capitulação jurídica realizada pelo Ministério Público. De fato, Vitor, ao efetuar disparos de arma de fogo contra José, em direção ao seu peito, tinha a intenção de matá-lo, como o enunciado deixa claro. Todavia, os disparos de Vitor não foram suficientes para causar a morte de seu inimigo por circunstâncias alheias à sua vontade, já que os projéteis atingiram a perna de José. José recebeu atendimento médico e já estava no quarto com curativos. Posteriormente, José veio a ser mordido por escorpião, sendo que o veneno do animal causou, exclusivamente, sua morte. Certo é que José só estava no hospital em razão dos disparos de Vitor, mas houve causa superveniente, relativamente independente, que por si só causou a morte de José. Diante disso, o resultado fica afastado, mas responde Vitor pelos atos já praticados, conforme previsão do Art. 13, § 1º, do Código Penal. Assim, por mais que José tenha falecido, Vitor deveria responder pelo crime de tentativa de homicídio. 2) QUESTÃO 3 – IX EXAME – 2012-3 Mário está sendo processado por tentativa de homicídio uma vez que injetou substância venenosa em Luciano, com o objetivo de matá-lo. No curso do processo, uma amostra da referida substância foi recolhida para análise e enviada ao Instituto de Criminalística, ficando comprovado que, pelas condições de armazenamento e acondicionamento, a substância não fora hábil para produzir os efeitos a que estava destinada. Mesmo assim, arguindo que o magistrado não estava adstrito ao laudo, o Ministério Público pugnou pela pronúncia de Mário nos exatos termos da denúncia. Com base apenas nos fatos apresentados, responda justificadamente. A) O magistrado deveria pronunciar Mário, impronunciá-lo ou absolvê-lo sumariamente? (Valor: 0,65) 27 B) Caso Mário fosse pronunciado, qual seria o recurso cabível, o prazo de interposição e a quem deveriaser endereçado? (Valor: 0,60) Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. GABARITO COMENTADO A) Deveria absolvê-lo sumariamente, por força do Art. 415, III, do CPP. O caso narrado não constitui crime, sendo hipótese de crime impossível. B) É cabível recurso em sentido estrito (Art. 581, IV, do CPP); deve ser interposto no prazo de cinco dias (Art. 586 CPP); a petição de interposição deve ser endereçada ao juiz a quo e as razões deverão ser endereçadas ao Tribunal de Justiça. 28