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DESENVOLVIMENTO DE APLICAÇÕES IOT Prezado(a) aluno(a), A computação móvel e ubíqua revolucionou a interação com o mundo digital, proporcionando acesso contínuo a informações e serviços. Esses paradigmas proporcionam uma experiência contínua e integrada, independentemente da localização física, criando novas oportunidades e desafios. Nesta aula será proporcionada uma compreensão abrangente dos conceitos e características fundamentais da computação móvel e ubíqua, destacando sua relevância e impacto no mundo moderno. Bons estudos! AULA 1 – COMPUTAÇÃO MÓVEL E UBÍQUA: CONCEITOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS 1 COMPUTAÇÃO MÓVEL E UBÍQUA: CONCEITOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS A computação móvel e ubíqua são paradigmas tecnológicos que têm transformado profundamente a maneira como se interage com o mundo digital. Com o avanço dos dispositivos móveis, como smartphones e tablets, e a crescente integração de tecnologias de comunicação sem fio, essas formas de computação tornaram-se onipresentes, permitindo acesso contínuo e em qualquer lugar a informações e serviços (LOPES, 2017). A computação móvel refere-se ao uso de dispositivos portáteis que podem ser facilmente transportados e utilizados em movimento. Esses dispositivos, equipados com capacidades de processamento, armazenamento e conectividade, possibilitam uma vasta gama de aplicações, desde a comunicação pessoal até o gerenciamento de negócios. As principais características da computação móvel incluem: ➢ Portabilidade: Dispositivos leves e compactos que podem ser transportados facilmente. ➢ Conectividade Sem Fio: Uso de tecnologias como Wi-Fi, Bluetooth e redes celulares (3G, 4G, 5G) para acesso à internet e comunicação entre dispositivos. ➢ Interatividade: Interfaces de usuário amigáveis e interativas, muitas vezes utilizando telas sensíveis ao toque. ➢ Energia: Dependência de baterias recarregáveis, o que impõe limitações de uso contínuo e requer eficiência energética. ➢ Personalização: Capacidade de personalizar aplicativos e configurações de acordo com as necessidades e preferências do usuário. A computação ubíqua, também conhecida como computação pervasiva, vai além da mobilidade e busca integrar a tecnologia de forma invisível e contínua no ambiente cotidiano. A ideia é que a computação esteja presente em todos os lugares, funcionando de maneira transparente para o usuário. As principais características da computação ubíqua incluem: ➢ Onipresença: Dispositivos e sensores estão integrados em diversos objetos do dia a dia, como eletrodomésticos, veículos e vestuário. ➢ Transparência: A tecnologia opera em segundo plano, permitindo que os usuários interajam com sistemas computacionais de maneira natural e intuitiva. ➢ Contexto-Awareness: Sistemas que podem detectar e reagir ao contexto do usuário, como localização, hora do dia e atividades em andamento. ➢ Interconectividade: Dispositivos interconectados através de redes, formando uma rede de objetos inteligentes que comunicam e colaboram entre si. ➢ Adaptação: Capacidade de se adaptar automaticamente às necessidades e preferências do usuário, muitas vezes utilizando técnicas de inteligência artificial e aprendizado de máquina. A combinação desses paradigmas resulta em um ecossistema tecnológico que oferece uma experiência de usuário contínua e integrada, permitindo que as pessoas acessem informações e realizem tarefas de maneira mais eficiente e conveniente, independentemente de sua localização física. Este cenário abre novas oportunidades e desafios, tanto para o desenvolvimento de tecnologias quanto para a sua regulamentação e segurança. A evolução dos recursos computacionais na sociedade tem sido notável desde a invenção do computador. Atualmente, a tecnologia está tão integrada ao cotidiano que é difícil encontrar áreas que não façam uso de algum recurso computacional (LOPES, 2017). Neste contexto, a Computação Ubíqua, também conhecida como UbiComp, surge como uma tecnologia que permeia de forma imperceptível e onipresente na vida cotidiana. Isso significa que o acesso ao ambiente computacional é possível em qualquer lugar, momento e por meio de qualquer dispositivo, como objetos equipados com sensores, que podem variar de relógios a utensílios domésticos e até partes do corpo humano (WEISER, 1991). Já é comum encontrar dispositivos ubíquos no dia a dia das pessoas, como carros que estacionam autonomamente, óculos com acesso à internet, aspiradores de pó robóticos e smartphones, entre outros. No entanto, o desenvolvimento da computação ubíqua enfrenta desafios significativos, especialmente no Brasil, onde há necessidade de investimentos em infraestrutura e segurança (SBC, 2006; BRASIL, 2017). Atualmente, a Computação Ubíqua é uma das áreas tecnológicas mais estudadas, baseando-se em princípios como diversidade, descentralização, conectividade e onipresença. Essas características influenciam positivamente as atividades diárias das pessoas, otimizando tarefas de forma quase transparente para o usuário (LOUREIRO, 2011; WARKEN, 2010). Apesar dos avanços tecnológicos e da diversidade de dispositivos criados, a Computação Ubíqua ainda enfrenta desafios consideráveis, como o desenvolvimento de softwares confiáveis, seguros e de qualidade, que promovam uma interação eficaz entre humanos e computadores (ARAÚJO, 2003; LOUREIRO, 2009; KOSCIANSKI, 2007). A Computação Ubíqua foi um dos grandes desafios identificados no seminário "Grandes Desafios de Pesquisa em Computação no Brasil", organizado pela SBC (Sociedade Brasileira de Computação) em São Paulo, realizado nos dias 8 e 9 de maio de 2006. O objetivo do seminário era orientar a pesquisa em computação para os próximos dez anos (2006-2016), reconhecendo barreiras tecnológicas, educacionais, culturais, sociais e econômicas que dificultam o acesso, a comunicação e a interação das pessoas com dispositivos computacionais. Estes desafios requerem a concepção de sistemas, ferramentas, modelos, métodos, procedimentos e teorias para promover o acesso ao conhecimento de forma eficaz (SBC, 2006). Em 2016, iniciou-se uma Consulta Pública para o Plano Nacional de Internet das Coisas - IoT, visando identificar os principais temas para a implementação dessa tecnologia no Brasil. A pesquisa teve como objetivo obter revelações dos diversos agentes envolvidos para construir um diagnóstico abrangente dos desafios e oportunidades da IoT no país (BRASIL, 2016). Este estudo busca compreender os desafios e limitações da Computação Ubíqua através da análise de princípios delineados por WEISER (1991), avaliando tanto as concepções teóricas quanto as práticas através de entrevistas com especialistas da área. 1.1 Computação Móvel Segundo Araújo (2003), Computação Móvel refere-se à capacidade de transportar serviços computacionais através de dispositivos e utilizá-los em qualquer lugar. Loureiro (2009) concorda com essa visão, destacando o crescimento dessa área e sua capacidade de fornecer acesso instantâneo a informações conforme as necessidades do usuário. Para isso, são desenvolvidas aplicações context-aware, adaptáveis a perfis dinâmicos que variam de acordo com mudanças no ambiente, dispositivo, infraestrutura e interesse. Benyon (2011) descreve a Computação Móvel como a área de maior expansão no design de sistemas interativos, abrangendo uma variedade de dispositivos computacionais como laptops, palmtops, celulares, assistentes digitais pessoais e leitores de e-books, além de tecnologias como computação tangível e vestível. Costa; et al. (2011) veem a Computação Móvel como o ápice da evolução da computação, impulsionada pelo avanço das redes sem fio e dispositivos portáteis. Elesdestacam a capacidade desses dispositivos de permitir o acesso universal à informação, independentemente da localização física ou mobilidade do usuário. A sensibilidade à localização é uma das vantagens, permitindo que os dispositivos identifiquem precisamente a posição física do usuário. 1.2 Computação Pervasiva Segundo Araújo (2003), Computação Pervasiva ocorre quando o computador é integrado ao ambiente de forma transparente para o usuário. Nesse contexto, o computador coleta informações do ambiente para criar modelos computacionais que ajustam e configuram automaticamente para atender às necessidades do dispositivo e do usuário. Além disso, é importante que o sistema possa identificar outros dispositivos no ambiente que possam contribuir para a aplicação, permitindo assim uma resposta inteligente às condições contextuais. Silva; et al. (2015) corroboram essa definição, destacando que a computação pervasiva opera de maneira invisível aos usuários, mas está presente e interage com o ambiente de forma significativa. Enquanto isso, Kahl; Floriano (2011) afirmam que a computação pervasiva pode ser percebida ou imperceptível para os humanos, dependendo do contexto e da implementação específica. 1.3 Computação Ubíqua O conceito de computação ubíqua, também conhecido como UbiComp (Ubiquitous Computing), foi introduzido pelo pesquisador Mark Weiser em 1991, descrevendo uma tecnologia que se torna tão presente no cotidiano que se torna praticamente invisível aos usuários. Segundo Weiser (1991), computadores estariam incorporados em objetos comuns como canetas, etiquetas de roupas, xícaras de café e interruptores de luz, permitindo uma convivência constante com a tecnologia, não apenas interação. A capacidade da computação ubíqua de se adaptar a diferentes tamanhos e formatos a torna aplicável em diversas áreas. Friedewald; Raabe (2010) acreditam que, a longo prazo, essa tecnologia irá permeiar todos os aspectos da vida, melhorando o conforto doméstico, aumentando a eficiência energética, melhorando a segurança viária com veículos inteligentes, oferecendo sistemas adaptativos de assistência pessoal para aumentar a produtividade e até mesmo revolucionando a medicina com sensores implantáveis e microcomputadores para monitoramento da saúde. A computação ubíqua compartilha alguns conceitos com a computação pervasiva e a computação móvel. Benyon (2011) argumenta que a computação pervasiva é essencialmente sinônima da computação ubíqua, prevendo um futuro em que as tecnologias de computação e comunicação se integram completamente ao ambiente físico. Araújo (2003), por outro lado, distingue esses conceitos, afirmando que a computação ubíqua combina a mobilidade em larga escala com a funcionalidade da computação pervasiva, integrando tecnologias pervasivas ao cotidiano. Friedewald; Raabe (2010) comparam a computação ubíqua com termos como Computação Pervasiva, Ambiente Inteligente e Internet das Coisas, observando que, embora haja distinções acadêmicas entre esses conceitos, na prática, todos visam melhorar a vida das pessoas através da otimização contínua e avanços econômicos, utilizando microprocessadores e sensores integrados ao ambiente. Segundo Lacerda (2015), Computação Ubíqua refere-se à prática de integrar processamento de informações e comunicação em rede nos ambientes cotidianos, visando fornecer continuamente serviços, informações e comunicação. A autora relaciona Computação Pervasiva à prevalência dessa tecnologia digital no ambiente, enquanto a Internet das Coisas sugere a interconexão de objetos físicos digitalmente identificáveis. Para ser considerada ubíqua, Friedewald; Raabe (2010) indicam que uma tecnologia deve possuir características como descentralização ou modularidade dos sistemas e redes globais, integração de hardware e software em objetos de uso diário, suporte móvel contínuo ao usuário, sensibilidade ao contexto e adaptação em tempo real às necessidades, além do reconhecimento e execução autônoma de tarefas repetitivas. Silva; et al. (2015) argumentam que a Computação Ubíqua não oferece todos os benefícios por si só, dependendo da interação com a Computação Pervasiva e Móvel para alcançar eficiência total. Araújo (2003) reitera essa perspectiva ao destacar os avanços tecnológicos proporcionados por ambos os conceitos. A Figura 1 ilustra essa interação de forma visual. Figura 1 - Fusão das tecnologias Fonte: Araujo (2003) Diante do cenário apresentado, Araújo (2003) exemplifica a integração dessas três tecnologias que enriquecem a Computação Ubíqua com suas principais características: descentralização, diversidade e conectividade. A descentralização na UbiComp envolve a utilização de diversos dispositivos diferentes que colaboram entre si para executar tarefas específicas, contribuindo para a inteligência do ambiente. Esses dispositivos formam um sistema distribuído através de uma rede dinâmica, que requer sincronização e atualização conforme o contexto em que estão inseridos. A diversidade refere-se à capacidade dos dispositivos ubíquos de oferecer funções computacionais adaptáveis e móveis, ao contrário dos computadores pessoais tradicionais que não são práticos em movimento. A Computação Ubíqua reconhece as necessidades individuais dos usuários em diferentes locais, permitindo a criação de dispositivos específicos para atender a diferentes requisitos e limitações, como empresários em constante viagem ou idosos com necessidades específicas em casa. Em relação à conectividade na Computação Ubíqua, os dispositivos e as aplicações que operam neles acompanham o usuário, exigindo uma conectividade sem fronteiras, transparente e adaptável a redes heterogêneas, garantindo acesso contínuo e ininterrupto. A evolução da Computação Móvel e Ubíqua tem transformado significativamente o cenário tecnológico e social contemporâneo. Estas tecnologias, que incorporam dispositivos computacionais de forma integrada ao ambiente e ao cotidiano das pessoas, oferecem uma vasta gama de benefícios e desafios que moldam o dia a dia. Através da Computação Móvel, os usuários têm acesso a serviços e informações de maneira flexível e móvel, adaptando-se às necessidades dinâmicas de um mundo cada vez mais conectado. Por outro lado, a Computação Ubíqua vai além, integrando-se de forma imperceptível ao ambiente físico, possibilitando interações mais naturais e transparentes com a tecnologia. A convergência dessas tecnologias traz consigo a descentralização, diversidade e conectividade essenciais para o desenvolvimento de ambientes inteligentes e adaptativos. A descentralização permite a criação de sistemas distribuídos que colaboram de forma dinâmica, enquanto a diversidade possibilita a personalização das soluções tecnológicas conforme as necessidades individuais dos usuários. Já a conectividade sem fronteiras garante acesso contínuo e ininterrupto às redes, essencial para uma experiência integrada e eficiente. No entanto, apesar dos avanços significativos, a Computação Móvel e Ubíqua ainda enfrenta desafios importantes, como questões de segurança, privacidade e acessibilidade, especialmente em contextos menos favorecidos tecnologicamente. A superação desses desafios exigirá contínuo investimento em pesquisa, desenvolvimento de novas tecnologias e políticas que promovam um uso ético e inclusivo dessas inovações. Assim, fica claro que a Computação Móvel e Ubíqua não apenas revolucionam a maneira como se interage com a tecnologia, mas também têm o potencial de redefinir as possibilidades e limites da computação no século XXI, promovendo um futuro mais conectado, inteligente e acessível para todos. No próximo módulo será retratada a internet das coisas e smart spaces. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASARAUJO, R. B. Computação Ubíqua, Princípios, Tecnologias e Desafios – XXI Simpósio Brasileiro de Redes de Computadores. 2003. Disponível em: http://bit.ly/2nGNQgI.Acessado em: 20 out. 2016. BARBOSA, D. N. 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