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Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal Autor: Renan Araujo 18 de Dezembro de 2023 39471799600 - Naldira Luiza Vieria Renan Araujo Aula 10 Índice ..............................................................................................................................................................................................1) Crimes Contra a Administração Pública Estrangeira 3 ..............................................................................................................................................................................................2) Crimes Contra a Administração da Justiça 7 ..............................................................................................................................................................................................3) Crimes Contra as Finanças Públicas 45 ..............................................................................................................................................................................................4) Questões Comentadas - Crimes Contra a Administração da Justiça - Multibancas 55 ..............................................................................................................................................................................................5) Questões Comentadas - Crimes Contra a Administração da Justiça - Cebraspe 112 ..............................................................................................................................................................................................6) Questões Comentadas - Crimes Contra a Administração da Justiça - FGV 138 ..............................................................................................................................................................................................7) Questões Comentadas - Crimes Contra a Administração da Justiça - FCC 158 ..............................................................................................................................................................................................8) Questões Comentadas - Crimes Contra a Administração da Justiça - VUNESP 183 ..............................................................................................................................................................................................9) Questões Comentadas - Crimes Contra as Finanças Públicas - Cebraspe 210 ..............................................................................................................................................................................................10) Questões Comentadas - Crimes Contra as Finanças Públicas - FGV 216 ..............................................................................................................................................................................................11) Questões Comentadas - Crimes Contra as Finanças Públicas - Multibancas 223 ..............................................................................................................................................................................................12) Lista de Questões - Crimes Contra a Administração da Justiça - Multibancas 248 ..............................................................................................................................................................................................13) Lista de Questões - Crimes Contra a Administração da Justiça - Cebraspe 275 ..............................................................................................................................................................................................14) Lista de Questões - Crimes Contra a Administração da Justiça - FGV 286 ..............................................................................................................................................................................................15) Lista de Questões - Crimes Contra a Administração da Justiça - FCC 294 ..............................................................................................................................................................................................16) Lista de Questões - Crimes Contra a Administração da Justiça - VUNESP 306 ..............................................................................................................................................................................................17) Lista de Questões - Crimes Contra as Finanças Públicas - Multibancas 319 ..............................................................................................................................................................................................18) Lista de Questões - Crimes Contra as Finanças Públicas - Cebraspe 330 ..............................................................................................................................................................................................19) Lista de Questões - Crimes Contra as Finanças Públicas - FGV 334 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 2 338 CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA Os crimes contra a administração pública estrangeira foram introduzidos no CP pela Lei 10.467/02, e vieram em homenagem ao art. 4°, IX da CRFB/88, que, dentre outros princípios, estabelece o princípio da Cooperação Internacional para o progresso da Humanidade.1 O conceito de funcionário público estrangeiro, para fins penais, é semelhante ao do art. 327, que conceitua o que seria funcionário público (em geral) para fins penais. Vejamos: Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro, para os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública em entidades estatais ou em representações diplomáticas de país estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) Existe ainda, a figura do “equiparado a funcionário público estrangeiro” (o que rigorosamente significa a mesma coisa para fins penais). Nos termos do art. 337-D, § único do CP: Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público estrangeiro quem exerce cargo, emprego ou função em empresas controladas, diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de país estrangeiro ou em organizações públicas internacionais. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) Vejamos, agora, cada um dos tipos penais previstos neste capítulo do CP: Corrupção ativa em transação comercial internacional Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a funcionário público estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à transação comercial internacional: (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) Pena - reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário público estrangeiro retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) 1 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte especial. Volume 5. Ed. Saraiva, 9º edição. São Paulo, 2015, p. 304 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 3 338 O crime em tela busca tutelar o regular desenvolvimento das relações comerciais entre o Brasil e demais países. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, logo, CRIME COMUM. O sujeito passivo é divergente. Uns consideram que é a administração pública lesada. Outros entendem que é a credibilidade das relações comerciais internacionais, sendo, portanto, crime vago (aquele em que a coletividade é vítima) . Eu ficaria com17 Patrocínio infiel Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado: Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Patrocínio simultâneo ou tergiversação Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. Aqui se pune o advogado (ou qualquer outro, como Defensor Público, defensor dativo, etc.) que viola o dever profissional, prejudicando o interesse de quem ele representa. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 33 338 O tipo objetivo consiste em “trair”. Somente pratica o crime aquele que, deliberadamente, toma decisões contrárias ao interesse da parte que representa, prejudicando seus interesses. A mera negligência (perder o prazo de um recurso) não configura o crime. Assim, exige-se o dolo como elemento subjetivo do delito. O crime se consuma com a ocorrência do prejuízo à parte. A tentativa é plenamente possível. O § único traz um crime autônomo, que é o de “patrocínio simultâneo ou tergiversação”. Vejamos: Patrocínio simultâneo – Advogado, ao mesmo tempo, patrocina os interesses de partes contrárias (ainda que se valendo de pessoa interposta, como, por exemplo, de um colega advogado, desde que fique provado que quem realmente atuava no caso era o outro); Tergiversação (ou patrocínio sucessivo) – Aqui o agente renuncia ao mandato recebido por uma das partes e passa a defender a outra. CUIDADO! Não se exige que o patrocínio se dê no mesmo processo, bastando que seja na MESMA CAUSA (ou seja, se o processo for extinto por questões processuais e recomeçar, com novo número, e o agente praticar estas condutas, haverá o crime). Nesse crime, dispensa-se o efetivo prejuízo, sendo crime formal, consumando-se com a mera prática das condutas descritas. A Doutrina admite a tentativa. A ação penal é pública incondicionada. 18 Sonegação de papel ou objeto de valor probatório Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos, documento ou objeto de valor probatório, que recebeu na qualidade de advogado ou procurador: Pena - detenção, de seis a três anos, e multa. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 34 338 O crime só pode ser praticado por quem tenha a qualidade de advogado ou procurador. Pode ser praticado de duas formas distintas: Inutilizar, total ou parcialmente, autos, documentos ou objeto de valor probatório; Deixar de restituir autos, documentos ou objeto de valor probatório. O elemento subjetivo exigido é o dolo, consistente na intenção de inutilizar ou deixar de restituir os objetos citados, não importando os motivos que levaram o agente a fazer isto. Não se pune criminalmente a forma culposa, mas nada impede que o agente sofra punições pela OAB ou pelo órgão de classe. A consumação se dá: Na inutilização – Quando o agente efetivamente torna inútil o documento, o objeto ou os autos (crime material) – Admite tentativa; No “deixar de restituir” – É crime omissivo próprio, consumando-se quando o agente, mesmo intimado, se recusa a devolver os autos. Perfazendo-se num único ato, não se admite tentativa. A ação penal é pública incondicionada. 19 Exploração de prestígio Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo. O sujeito ativo aqui pode ser qualquer pessoa, sendo, desta forma, crime comum. O sujeito passivo primeiramente é o Estado, podendo ser, também, o funcionário dito como corrupto pelo agente e o terceiro ludibriado. O tipo objetivo consiste no ato de alardear possuir influência sobre as pessoas indicadas no artigo, de forma que o agente solicita ou recebe dinheiro do terceiro ludibriado, ou qualquer outra utilidade, acreditando este (o terceiro), que o infrator é capaz de influenciar alguma daquelas pessoas e lhe trazer algum benefício. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 35 338 O elemento subjetivo exigido é o dolo, consistente na vontade de obter vantagem ou promessa de vantagem da vítima, sob o pretexto de trazer-lhe benefício decorrente da alardeada influência (que pode ou não existir). O crime se consuma, no caso da solicitação, com a mera solicitação, sendo completamente irrelevante o recebimento da vantagem. Na modalidade “receber”, quando o agente não pediu dinheiro algum, o recebimento é o ato que consuma o crime. A tentativa é possível. O § único prevê uma causa de aumento de pena (1/3) se o agente alega que parte do dinheiro se destina também ao funcionário que ele diz ser corrupto e que irá ceder à influência. A ação penal é pública incondicionada. 20 Violência ou fraude em arrematação judicial Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, além da pena correspondente à violência. Trata-se de crime comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa, indistintamente. O sujeito passivo é o Estado, podendo ser sujeito passivo, ainda, eventual particular lesado pela conduta. O tipo objetivo é de ação múltipla, e consiste em: Impedir, perturbar ou frustrar arrematação judicial; Afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de: ▪ Violência ▪ Grave ameaça ▪ Fraude ▪ Oferecimento de vantagem Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 36 338 CUIDADO! Esse delito não se confunde com o tipo penal do art. 335. Lá, o ato é realizado pelo poder público. Aqui, embora a arrematação seja autorizada judicialmente, ela é realizada pelo particular interessado! O elemento subjetivo é somente o dolo, não se prevendo a forma culposa. A consumação, na primeira das duas modalidades, se dá com o impedimento, perturbação ou frustração efetiva da arrematação. Na segunda modalidade, a consumação se dá com a mera tentativa de afastar um concorrente ou licitante da disputa, através dos meios citados. A tentativa só é possível no primeiro caso, pois no segundo caso, a tentativa já é um dos núcleos do tipo, de forma que, ocorrendo, o crime será consumado. CUIDADO! Com relação à conduta de “afastar ou procurar afastar (...) licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem” o crime está parcialmente revogado pelo art. 95 da Lei 8.666/93: Art. 95. Afastar ou procura afastar licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo: Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente à violência. A ação penal é pública incondicionada. 21 Desobediência à decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial: Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. Pune-se aqui o camarada que, mesmo diante de uma sentença contra si, a ignora e exerce a atividade, ofício, direito, autoridade ou múnus de que foi suspenso pela decisão judicial.Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 37 338 Imagine que alguém tenha sido suspenso judicialmente por um ano do direito de dirigir. Caso descumpra a ordem judicial, estará cometendo o crime. O crime é PRÓPRIO, pois somente quem sofreu a decisão judicial inibitória é que poderá praticar o crime (controvertido, pois há quem entenda que qualquer pessoa pode vir a estar nesta situação, logo, seria crime comum. É minoritário). O elemento subjetivo, como sempre, é o dolo, consistente na intenção de pôr em prática a atividade de que está proibido por DECISÃO JUDICIAL. O delito se consuma no momento em que o agente dá início ao exercício da atividade de que está proibido. A tentativa é plenamente admitida. A ação penal é pública incondicionada. DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES CÓDIGO PENAL Arts. 338 a 359 do CP – Tipificam os crimes contra a administração da Justiça: CAPÍTULO III DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA Reingresso de estrangeiro expulso Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso: Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da pena. Denunciação caluniosa Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra alguém, Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 38 338 imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto. § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção. Comunicação falsa de crime ou de contravenção Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Auto-acusação falsa Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem: Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. Falso testemunho ou falsa perícia Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) § 1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) § 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 39 338 Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Coação no curso do processo Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo único. A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até a metade se o processo envolver crime contra a dignidade sexual. (Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021) Exercício arbitrário das próprias razões Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa. Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Fraude processual Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 40 338 Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro. Favorecimento pessoal Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. § 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. § 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. Favorecimento real Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009). Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009). Exercício arbitrário ou abuso de poder Art. 350 - (Revogado pela Lei nº 13.869, de 2019) (Vigência) Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a medida de segurança detentiva: Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 41 338 Pena - detenção, de seis meses a dois anos. § 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de reclusão, de dois a seis anos. § 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se também a pena correspondente à violência. § 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o preso ou o internado. § 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia ou guarda, aplica- se a pena de detenção, de três meses a um ano, ou multa. Evasão mediante violência contra a pessoa Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violênciacontra a pessoa: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência. Arrebatamento de preso Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de quem o tenha sob custódia ou guarda: Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena correspondente à violência. Motim de presos Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou disciplina da prisão: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência. Patrocínio infiel Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado: Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Patrocínio simultâneo ou tergiversação Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 42 338 Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. Sonegação de papel ou objeto de valor probatório Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos, documento ou objeto de valor probatório, que recebeu na qualidade de advogado ou procurador: Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Exploração de prestígio Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo. Violência ou fraude em arrematação judicial Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, além da pena correspondente à violência. Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial: Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. JURISPRUDÊNCIA CORRELATA STJ - HC 192.659/ES – O STJ decidiu no sentido de que o “compromisso de dizer a verdade” não é requisito exigido para a configuração do delito de falso testemunho, que pode ser praticado Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 43 338 inclusive pelas testemunhas não compromissadas (aquelas que não prestam compromisso de dizer a verdade): 2. Não se desconhece a existência de discussão doutrinária e jurisprudencial acerca da imprescindibilidade ou não de a testemunha estar compromissada para a caracterização do crime previsto no artigo 342 do Código Penal, tendo esta Corte Superior de Justiça se orientado no sentido de que o compromisso de dizer a verdade não é pressuposto do delito. Precedentes do STJ e do STF. (...) (HC 192.659/ES, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 06/12/2011, DJe 19/12/2011) STJ - HC 30.858/RS – O STJ decidiu no sentido de que o O STJ reiterou entendimento no sentido de que no crime de falso testemunho só cabe participação (alguém induz, instiga ou auxilia testemunha a não falar a verdade), não sendo cabível coautoria: 2. O Superior Tribunal de Justiça firmou compreensão de que, apesar do crime de falso testemunho ser de mão própria, pode haver a participação do advogado no seu cometimento. 3. Os argumentos relativos à falta de provas para a condenação e à inexistência de grave ameaça a configurar o delito de coação no curso do processo não podem ser analisados na via estreita do habeas corpus por exigirem exame aprofundado de provas. 4. Ordem conhecida em parte e denegada. (HC 30.858/RS, Rel. Ministro PAULO GALLOTTI, SEXTA TURMA) Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 44 338 CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS Os crimes contra as finanças públicas surgiram para dar efetividade não só à LRF, mas também ao próprio mandamento constitucional do art. 37 da CRFB/88, que visa, dentre outras coisas, à responsabilidade na gestão da administração pública. Os crimes contra as finanças públicas são crimes que foram inseridos pela Lei 10.028/00 no Título XI do CP (Crimes contra a administração pública), donde se conclui que o sujeito passivo imediato nestes crimes é sempre a ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, sendo o bem jurídico tutelado a MORALIDADE E RESPONSABILIDADE NA GESTÃO PÚBLICA. Trata-se, portanto, de uma espécie de crimes contra a administração pública. São, ainda, crimes funcionais, pois se exige do sujeito passivo a condição de funcionário público e a utilização desta condição para a prática do delito. São, portanto, CRIMES PRÓPRIOS. Vamos ver cada um dos tipos penais citados: Contratação de operação de crédito Nos termos do art. 359-A do CP: Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito, interno ou externo, sem prévia autorização legislativa: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Pena - reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) O caput do artigo 359-A prevê a conduta daquele que ordena, autoriza ou realiza operação de crédito interno ou externo sem prévia autorização legislativa. Essas condutas são, pois, o que chamamos de TIPO OBJETIVO DO DELITO (Condutas incriminadas). O sujeito ativo do delito será o funcionário público responsável pela prática do ato. A Doutrina entende que tanto aquele que determina a prática do ato, quanto aquele que realiza, de fato, a conduta, são sujeitos ativos do delito. O elemento subjetivo é o dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de praticar a conduta incriminada sem autorização legislativa. Não se exige nenhum fim especial de agir (não há o chamado dolo específico). NÃO SE ADMITE NA FORMA CULPOSA! A consumação do crime é MUITO controvertida na Doutrina, mas prevalece o entendimento de que nas modalidades de: ⇒ Ordenar – Basta que o agente ordene a realização da operação de crédito, AINDA QUE ESTA NÃO SE CONCRETIZE (CRIME FORMAL). Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 45 338 ⇒ Autorizar – Basta que o agente autorize a realização da operação (sem autorização legislativa, é claro), não sendo necessária a efetiva realização desta (Também CRIME FORMAL). ⇒ Realizar – Aqui se exige que a operação de crédito seja efetivamente realizada (CRIME MATERIAL). Há quem defenda que o crime é FORMAL em todas as suas modalidades, pois o resultado que se “dispensa” é a efetiva ocorrência de prejuízo aos cofres públicos. A tentativa só é admitida pela Doutrina majoritária na modalidade “realizar”, pois se pode fracionar a conduta do agente em vários atos, de forma que é possível que ele não consiga consumar o crime por circunstâncias alheias à sua vontade (art. 14, II do CP). Nas demais modalidades, a tentativa não é admitida pela maioria da Doutrina, pois é difícil imaginar fracionamento das condutas “ordenar” e “autorizar”. Parcela da Doutrina, no entanto, defende que, se no caso concreto se puder fracionar a conduta do agente (crime plurissubsistente), haverá possibilidade de tentativa. O § único do art. 559-A traz uma forma equiparada: Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou externo: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) I - com inobservância de limite, condição ou montante estabelecido em lei ou em resolução do Senado Federal; (Incluído pela Leinº 10.028, de 2000) II - quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o limite máximo autorizado por lei. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) No caso do inciso I, o agente ordena, autoriza ou realiza a operação de crédito COM AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA, mas ULTRAPASSA OS LIMITES DA AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA. No caso do inciso II, o agente pratica a conduta mediante autorização legislativa, mas no final das contas, o montante da dívida consolidada ultrapassa o limite autorizado por lei. Ou seja, a operação, em si, não é ilegal, mas em razão dela é ultrapassado o limite da dívida consolidada. Inscrição de despesas não empenhadas em restos a pagar Vejamos o que diz o art. 359-B do CP: Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar, de despesa que não tenha sido previamente empenhada ou que exceda limite estabelecido em lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 46 338 Aqui se visa a proteger a administração orçamentária, mais precisamente para evitar que as futuras gestões herdem dificuldades financeiras em razão das atitudes ímprobas dos antecessores. O sujeito ativo, mais uma vez, é o agente público responsável pela prática do ato. O sujeito passivo será o ente público lesado. Duas são as modalidades: ⇒ Ordenar ou autorizar a inscrição da dívida, QUE NÃO TENHA SIDO EMPENHADA, em restos a pagar – Aqui o agente inclui em “restos a pagar”, dívida ainda não empenhada. ⇒ Ordenar ou autorizar a inscrição de dívida que, embora empenhada, ultrapassa o limite previsto em lei para “restos a pagar”. A consumação se dá com a ordenação ou autorização da inscrição da dívida em restos a pagar, pouco importando se ela vem ou não a ser, de fato, inscrita em restos a pagar. Essa é a posição da maioria da Doutrina. Cézar Roberto Bitencourt, no entanto, entende que a dívida deve vir a ser efetivamente inscrita em restos a pagar. Em qualquer caso, a efetiva ocorrência de lesão ao erário é DISPENSÁVEL. Até por isso, consolidou-se o entendimento de que se trata de CRIME FORMAL. O elemento subjetivo é o DOLO, não se exigindo nenhuma finalidade especial de agir. Lembrando que não se admite na forma culposa, logo, o agente deve saber que a dívida não foi empenhada (1° caso) ou que a sua inscrição em restos a pagar excede o limite autorizado em lei (2° caso). Assunção de obrigação no último ano do mandato O art. 359-C do CP assim dispõe: Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.(Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Aqui, não basta que o agente seja funcionário público, a Doutrina exige que ele seja DETENTOR DE MANDATO! Mandato eletivo, certo? Errado! O mandato não precisa necessariamente ser eletivo, podendo ser um mandato decorrente de indicação (Procurador-Geral de Justiça ou Defensor-Público-Geral Federal, por exemplo). O que importa é que o agente seja um agente público detentor de mandato! A conduta incriminada é a de: Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 47 338 ⇒ Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do mandato ou legislatura, cuja DESPESA NÃO POSSA SER PAGA NO MESMO EXERCÍCIO; ou ⇒ Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do mandato ou legislatura, que deva ser paga no exercício seguinte, MAS SEM QUE HAJA VERBA PARA ISSO. Vejam, portanto, que são condutas diferentes. Na primeira o agente ordena ou autoriza a assunção da dívida que não pode ser paga no mesmo exercício. Na segunda, a dívida, apesar de ser paga parcialmente no mesmo exercício financeiro, vai sobrar um “restinho” (resto de dívida, claro) para o sucessor, mas não vai sobrar dinheiro para isso. O elemento subjetivo, claro, é o dolo, não se admitindo na forma culposa. Não é necessário, ainda que o agente tenha a finalidade específica de prejudicar o próximo mandatário, basta apenas, que ele saiba que a despesa não pode ser paga no mesmo exercício ou que vai sobrar parte dela para ser paga no próximo, mas não vai sobrar contrapartida financeira para isso. A maioria da Doutrina entende que o crime se consuma com a mera ordenação ou autorização da assunção da dívida, não sendo necessária a sua efetiva realização ou a lesão aos cofres públicos. Trata-se, portanto, de CRIME FORMAL. A tentativa é possível, pois a conduta pode ser fracionada. Ordenação de despesa não autorizada por lei O art. 359-D do CP diz: Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Como todos nós sabemos, num Estado verdadeiramente democrático de Direito, onde vigora o princípio Republicano, a separação dos poderes deve ser respeitada, de forma a que o sistema dos “freios e contrapesos” não seja prejudicado. Assim, é bastante salutar que seja respeitada a necessidade de autorização legal para a ordenação de determinada despesa. CUIDADO! Aqui, diferentemente do que ocorre no art. 359-A, somente é punido quem ORDENA a despesa não autorizada por lei, não sendo punível aquele que EXECUTA A ORDEM e realiza a despesa! O elemento subjetivo é o dolo, não se admitindo a forma culposa. O sujeito ativo é o agente público responsável pela ordenação de despesas no ente público. O sujeito passivo será o ente público lesado. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 48 338 A consumação se dá com a ordenação da despesa, ainda que esta não venha a ser realizada ou ainda que não haja qualquer prejuízo aos cofres públicos, sendo, portanto, crime FORMAL. Parte da Doutrina (sempre tem um!) entende que o crime é MATERIAL, ou seja, é necessária a efetiva realização da despesa, caso contrário o crime será tentado. Para esta parcela da Doutrina, o “resultado” exigido para a consumação do delito é a efetiva realização da despesa com prejuízo ao erário. Prestação de garantia graciosa Vejamos o disposto no art. 359-E do CP: Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito sem que tenha sido constituída contragarantia em valor igual ou superior ao valor da garantia prestada, na forma da lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) O sujeito ativo é o gestor público (funcionário público) responsável pela prática dos atos dessa natureza. O sujeito passivo será o ente público lesado. A LRF prevê, em seu art. 40, que o gestor, ao contratar operação de crédito que exija garantia de adimplência (art. 29, IV da LRF) deverá exigir do beneficiário que preste CONTRAGARANTIA, resguardando o patrimônio público (art. 40, §1° da LRF). Assim, a lei pune exatamente o gestor que oferece a garantia na operação de crédito, MAS NÃO EXIGE A CONTRAGARANTIA EM VALOR IGUAL OU SUPERIOR. De nada adianta, portanto, exigir, por exemplo, contragarantia em valor INFERIOR ao da garantia. Essa conduta também é crime! A consumação se dá com a mera prática da conduta, consistente na prestação da garantia sem contragarantia, sendo, portanto, CRIME FORMAL, pois não se exige a ocorrência de prejuízo ao erário. A Doutrina admite a tentativa, pois a conduta é fracionável.1 Não cancelamento de restos a pagar O art. 359-F do CP diz: Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promovero cancelamento do montante de restos a pagar inscrito em valor superior ao permitido em lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) 1 CUIDADO! Parte da Doutrina, capitaneada pelo prof. Luiz Flavio Gomes, entende que, a despeito de se tratar de crime formal, é necessário que haja algum RISCO DE LESÃO AO ERÁRIO, ou seja, teríamos aqui um crime de PERIGO CONCRETO. Não basta, portanto, que seja prestada garantia sem contrapartida, é necessário que desta operação decorra algum risco para o erário do ente público a que pertence o sujeito ativo. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 49 338 Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) A conduta aqui é OMISSIVA, pois o agente DEIXA DE FAZER algo que está obrigado por lei. O agente deve deixar de ordenar, autorizar ou promover o cancelamento do montante de restos a pagar superior ao limite permitido por lei. Assim, a contrario sensu, se o agente deixa de cancelar restos a pagar que não ultrapassa o limite previsto em lei, NÃO HÁ CRIME (O fato é atípico). O elemento subjetivo exigido é o dolo, não se punindo a forma culposa. CUIDADO! A mera demora (negligência) não constitui o crime em questão, devendo o agente QUERER CONSCIENTEMENTE DEIXAR DE ORDENAR, AUTORIZAR OU PROMOVER O CANCELAMENTO DO MONTANTE. O crime se CONSUMA quando SE ESGOTA O PRAZO PARA QUE O AGENTE REALIZE O ATO AO QUAL ESTÁ OBRIGADO. Lembrando que não basta o esgotamento do prazo, deve ter havido VONTADE do agente em não realizar o ato, E NÃO MERO ESQUECIMENTO, por exemplo. Trata-se de CRIME FORMAL. Sendo crime omissivo puro, não cabe a tentativa, pois ou o agente deixa, voluntariamente, correr o prazo sem realizar o ato, e o crime se consuma, ou o agente não pratica crime algum, pois se o fizer no último dia do prazo, não cometeu o crime. Aumento de despesa total com pessoal no último ano do mandato ou legislatura Vejamos a norma inserida no art. 359-G do CP: Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da legislatura: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)) Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) A conduta punida aqui é bastante simples. Pune-se o ato que importe em aumento de despesa total com pessoal nos últimos 180 dias (Não são seis meses!) anteriores ao término do mandato ou legislatura. Mais uma vez, exige-se que o agente não seja apenas um servidor público, mas um agente público detentor de mandato, que pode ser eletivo ou não. Além de o ato ser nulo (art. 21 da LRF), o ato também é crime, conforme vimos. Como a maioria dos crimes contra as finanças públicas, trata-se de CRIME DE AÇÃO MÚLTIPLA (Ou crime PLURINUCLEAR), pois a conduta incriminada pode ser praticada de DIVERSAS MANEIRAS. Em Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 50 338 todas elas, no entanto, está presente o elemento temporal, que é o fato de o ato dever ser praticado nos 180 dias anteriores ao término do mandato ou legislatura. A maioria da Doutrina entende que o crime é FORMAL, consumando-se com a mera prática da conduta, não importando se da conduta ocorre prejuízo ao erário. A tentativa é possível. Oferta pública ou colocação de títulos no mercado Nos termos do art. 359-H do CP: Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta pública ou a colocação no mercado financeiro de títulos da dívida pública sem que tenham sido criados por lei ou sem que estejam registrados em sistema centralizado de liquidação e de custódia: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Trata-se, como em todos os outros crimes contra as finanças públicas, de crime PRÓPRIO, pois se exige do agente uma qualidade especial (funcionário público). Exige-se que seja o funcionário responsável pela prática do ato de colocação de títulos no mercado ou promoção de oferta pública. CUIDADO! Aqui, os sujeitos passivos, além de serem os entes públicos lesados, podem ser, ainda, EVENTUAIS TERCEIROS ADQUIRENTES DOS TÍTULOS COLOCADOS NO MERCADO. Também temos mais um crime de ação múltipla, que pode ser praticado na modalidade ordenar, autorizar ou promover A OFERTA PÚBLICA OU COLOCAÇÃO DE TÍTULOS NO MERCADO, sem que tenham sido criados por lei ou sem que estejam registrados no sistema centralizado de liquidação e custódia. Essa última parte, destacada, é o que se chama de “elemento normativo do tipo”. Sempre que vocês virem a menção às expressões “sem permissão legal”, “sem autorização”, etc., estaremos diante de elementos normativos do tipo, pois a conduta só será típica se realizada com a inobservância de alguma regra. Caso a conduta seja praticada com a observância das regras pertinentes, não haverá crime, por atipicidade. A consumação, para a maioria da Doutrina se dá com a mera autorização ou ordenação da realização do ato (promoção da oferta ou colocação no mercado), sendo a sua realização irrelevante para a consumação. Para outra parte da Doutrina, é indispensável que a oferta pública Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 51 338 seja efetivamente promovida ou os títulos colocados no mercado. O único consenso doutrinário é quanto à última modalidade, “PROMOVER”, sendo necessária a efetiva inserção do título no mercado ou promoção da oferta pública. Em qualquer caso, porém, é DISPENSÁVEL a ocorrência de prejuízo ao erário ou a terceiros, de forma que firmou-se o entendimento no sentido de que estaríamos diante de CRIME FORMAL. DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES CÓDIGO PENAL Arts. 359-A a 359-H do CP – Tipificam os crimes contra as finanças públicas: CAPÍTULO IV DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Contratação de operação de crédito Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito, interno ou externo, sem prévia autorização legislativa: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou externo: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) I – com inobservância de limite, condição ou montante estabelecido em lei ou em resolução do Senado Federal; (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) II – quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o limite máximo autorizado por lei. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Inscrição de despesas não empenhadas em restos a pagar (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar, de despesa que não tenha sido previamente empenhada ou que exceda limite estabelecido em lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 52 338 ==1365fc== Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Assunção de obrigação no último ano do mandato ou legislatura (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.(Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Ordenação de despesa não autorizada (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Art. 359-D.Ordenar despesa não autorizada por lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Prestação de garantia graciosa (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito sem que tenha sido constituída contragarantia em valor igual ou superior ao valor da garantia prestada, na forma da lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Não cancelamento de restos a pagar (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o cancelamento do montante de restos a pagar inscrito em valor superior ao permitido em lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Aumento de despesa total com pessoal no último ano do mandato ou legislatura (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da legislatura: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)) Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Oferta pública ou colocação de títulos no mercado (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta pública ou a colocação no mercado financeiro de títulos da dívida pública sem que tenham sido criados por Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 53 338 lei ou sem que estejam registrados em sistema centralizado de liquidação e de custódia: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 54 338 EXERCÍCIOS COMENTADOS 1. (FGV/2023/MPE-SP) As opções a seguir apresentam hipóteses de crime contra a Administração da Justiça, à exceção de uma. Assinale-a. (A) Mário, gerente de instituição financeira, recebeu ordem judicial de prestação de informações sobre correntista, deliberadamente descumprida. (B) Marcos, suspeito de homicídio, alterou a posição do cadáver para induzir em erro a atividade de polícia técnico-científica. (C) Marcelo, funcionário do Ministério Público, solicitou dinheiro de parte em processo criminal, sob pretexto de influir em manifestação do órgão. (D) Messias induziu em erro um concorrente, mediante fraude, com intuito de obter vantagem em arrematação judicial. (E) Moisés continuou a exercer a atividade empresarial de que foi afastado por decisão judicial, mesmo após devidamente intimado da decisão respectiva. COMENTÁRIOS Nesse caso, apenas a letra A traz uma conduta que não corresponde a um crime contra a administração da Justiça, sendo um crime praticado por particular contra a administração em geral, mais precisamente o crime de desobediência, tipificado no art. 330 do CP: Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público: Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. As demais alternativas apresentam condutas que podem se amoldar a crimes contra a administração da Justiça: LETRA B – Fraude processual, art. 347 do CP. LETRA C – Exploração de prestígio, art. 357 do CP. LETRA D – Violência ou fraude em arrematação judicial, art. 358 do CP. LETRA E – Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito, art. 359 do CP. GABARITO: Letra A 2. (FGV/2023/MPE-SP) As opções a seguir apresentam hipóteses de coação no curso do processo, à exceção de uma. Assinale-a. (A) João, a fim de preservar seu filho Luiz, réu em processo criminal, proferiu ameaças contra Ana, testemunha arrolada pela acusação, para que esta deixasse de prestar depoimento. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 55 338 (B) Carlos, para garantir interesse próprio, valeu-se de ardil para enganar o oficial de justiça, e, assim, evitar a conclusão do ato judicial de penhora ordenado em seu desfavor. (C) Antônio, no curso de procedimento de arbitragem em que não é parte, proferiu ameaças em desfavor do filho de um dos árbitros do procedimento, a fim de garantir de vantagem em favor de seu amigo Paulo. (D) André agrediu Mauro, servidor público do MPSP, com vistas a evitar a sua intimação para ser ouvido no curso de inquérito civil em tramitação no âmbito da Promotoria de Justiça local. (E) Enéas, visando frustrar execução de título judicial contra si, proferiu ameaças contra Pedro, o avaliador, visando impedir a conclusão da avaliação dos bens destinados ao leilão. COMENTÁRIOS Nesse caso, a Letra B definitivamente não corresponde a uma conduta que possa se amoldar ao tipo penal do crime de coação no curso do processo, pois este se verifica quando o agente usa de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral. No caso da letra B, o agente apenas usou de um expediente ardiloso (enganoso), fraudulento, para enganar o Oficial de Justiça. As demais alternativas mencionam situações em que o agente emprega violência ou ameaça contra alguém que atua em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio. Friso, porém, que a Letra D também poderia configurar o crime de resistência, a depender da finalidade do agente (se seria apenas impedir a execução daquele ato específico ou obter efetivamente alguma vantagem para si ou para outrem no processo como um todo). GABARITO: Letra B 3. (FGV/2022/PREF.MANAUS/ADVOGADO) Quanto ao delito de coação no curso do processo, assinale a afirmativa correta. A) Trata-se de crime comum, desprovido de especial fim de agir. B) Trata-se de crime material, de perigo concreto à adequada prestação de resolução de conflitos. C) Para a configuração do crime é necessário que a pessoa intimidada atue no processo. D) É irrelevante para a configuração do crime se a ameaça deriva de um motivo justo. E) O delito, por ser formal, não admite a forma tentada na sua execução. COMENTÁRIOS A) ERRADA: Item errado, pois, apesar de se tratar de crime comum, exige-se o especial fim de agir, consistente na finalidade de “favorecer interesse próprio ou alheio”, nos termos do art. 344 do CP. B) ERRADA: Item errado, pois trata-se de crime formal, consumando-se com a prática da conduta, ainda que o resultado pretendido (o favorecimento de interesse próprio ou alheio) não ocorra. C) ERRADA: Item errado, pois, para a configuração do crime NÃO é necessário que a pessoa intimidada efetivamente atue no processo, bastando que a pessoa seja chamada a atuar no processo, ainda que não chegue efetivamente a atuar. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 56 338 D) CORRETA: Item correto, pois é irrelevante para a configuração do crime se a ameaça deriva de um motivo justo (ex.: José, sabendo que seu filho é inocente, ameaça o Juiz da causa, para que profira sentença de absolvição). E) ERRADA: Item errado, pois apesar de ser crime formal, é perfeitamente possível a configuração da tentativa (ex.: José, para beneficiar o filho Pedro, réu em determinado processo criminal, tenta agredir o Promotor de Justiça do caso, mas não consegue). GABARITO: Letra D 4. (FGV/2022/PCAM/DELEGADO) No dia 29 de novembro de 2017, na sede do Distrito Policial, Maria compareceupara dar causa à instauração de investigação policial em desfavor de João, imputando-lhe a autoria de tentativa de homicídio de que ela sabia ser João inocente. Segundo consta dos autos, Maria teria narrado à autoridade policial que seu irmão João, em 28 de novembro de 2017, havia acelerado o veículo que conduzia, em sua direção, no interior do estacionamento do Esporte Clube Manaus, tudo com a intenção de matá-la. Tais notícias foram então registradas no Boletim de Ocorrência 171/2017 daquela unidade policial, o que ocasionou a instauração de inquérito policial para investigação. Também no dia 29 de novembro de 2017, na mesma unidade policial, João compareceu para registrar ocorrência (Boletim de Ocorrência 173/2017), consistente em lesões corporais graves realizadas por Maria, haja vista ter alegado que Maria se jogou sobre o capô do seu carro em movimento e, quando parou seu carro, foi veementemente agredido. Tais fatos foram incorporados no mesmo inquérito policial. No decorrer das investigações, teria ficado afinal apurado que Maria teria se colocado intencionalmente na frente do carro conduzido por João, que trafegava em baixa velocidade no interior do estacionamento, consoante laudo pericial e, ademais, tendo em vista as declarações das testemunhas presenciais, culminando com a sugestão de arquivamento da investigação daquela hipotética tentativa de homicídio. Quanto ao delito de denunciação caluniosa referido, é correto afirmar que A) não há configuração do delito, pois houve a investigação de outros fatos diversos, o que retira a tipicidade da conduta de Maria. B) há configuração do delito, pois o crime consiste em fazer a autoridade policial investigar ilícito de que sabe inocente o investigado. C) não há configuração do delito, pois houve a investigação de outros fatos diversos, o que retira a ilicitude da conduta de Maria. D) há configuração do delito, pois o crime consiste em fazer a autoridade policial investigar qualquer fato. E) não há configuração do delito, pois houve a investigação de outros fatos diversos, o que retira a culpabilidade da conduta de Maria. COMENTÁRIOS Nesse caso, há configuração do delito de denunciação caluniosa, pois o crime consiste em fazer a autoridade policial investigar ilícito de que sabe inocente o investigado, nos termos do art. 339 do CP: Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 57 338 Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Assim, tendo sido instaurada investigação criminal em razão da denunciação caluniosa empreendida por Maria, deverá esta responder pelo crime do art. 339 do CP, em sua forma consumada. GABARITO: Letra B 5. (FGV/2021/OAB) João e Carlos procuram Paulo para que, juntos, pratiquem um crime de roubo de carga. Apesar de se recusar a acompanhá-los na ação delituosa, Paulo oferece a garagem de sua casa para a guarda da carga roubada, conduta que seria fundamental na empreitada criminosa, já que João e Carlos não teriam outro local para esconder os bens subtraídos. Apenas por terem conseguido o acordo com Paulo, João e Carlos operam a subtração. Ao chegarem à casa de Paulo, este lhes informa que a garagem estava ocupada naquele momento e não poderia mais ser utilizada. Assim, o trio que dividiria os lucros procura o vizinho Pedro e, após contarem o ocorrido, pedem a garagem emprestada por um tempo, proposta que é aceita por Pedro. Sendo todos os fatos apurados e recuperada a carga na garagem de Pedro, as famílias de Paulo e Pedro procuram um(a) advogado(a) para saber acerca da situação jurídica deles. Na ocasião da assistência jurídica, o(a) advogado(a) deverá esclarecer que A) ambos poderão ser responsabilizados pelo crime de roubo majorado. B) Paulo poderá ser responsabilizado pelo crime de roubo majorado, enquanto Pedro, apenas pelo crime de receptação. C) Paulo poderá ser responsabilizado pelo crime de roubo majorado, enquanto Pedro, apenas pelo crime de favorecimento real. D) Pedro e Paulo poderão ser responsabilizados pelo crime de favorecimento real. COMENTÁRIOS Nesse caso, Paulo poderá ser responsabilizado pelo crime de roubo majorado, pois sua conduta de aceitar guardar o produto do crime de roubo foi realizada antes do roubo, ou seja, Paulo aceitou ser partícipe do crime de roubo, garantindo aos executores a futura guarda da coisa roubada. Logo, a aceitação de Paulo configura um auxílio prévio à prática do roubo, ainda que a concretização do auxílio fosse se dar apenas após a subtração da coisa. Paulo, então, é partícipe do crime de roubo. Pedro, porém, responderá apenas pelo crime de favorecimento real, pois prestou aos criminosos um auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime, nos termos do art. 349 do CP: Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime: Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 58 338 Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. GABARITO: Letra C 6. (FGV/2014/DPDF) Luiz é muito amigo do magistrado Paulo. Certo dia, sabedor de que seu vizinho é parte em ação indenizatória a ser julgada por Paulo, oferece ajuda para exercer influência sobre a decisão do referido magistrado. Para tanto, solicita que seu vizinho lhe dê 30% do valor a ser obtido em caso de êxito na ação indenizatória. O magistrado, que não sabia o que estava ocorrendo, acabou julgando a causa em favor do vizinho de Luiz, que, por sua vez, cumpriu o combinado, repassando parte do valor obtido a Luiz. O crime cometido por Luiz foi: A) tráfico de influência (Artigo 332 do Código Penal brasileiro). B) corrupção ativa (Artigo 333 do Código Penal brasileiro). C) fraude processual (Artigo 347 do Código Penal brasileiro). D) advocacia administrativa (Artigo 321 do Código Penal brasileiro). E) exploração de prestígio (Artigo 357 do Código Penal brasileiro). COMENTÁRIOS Nesse caso, Luiz praticou o crime de exploração de prestígio (Artigo 357 do Código Penal brasileiro). Vejamos: Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Perceba que a conduta, no crime em questão, consiste em “enganar” a vítima, alegando que irá exercer influência sobre uma terceira pessoa (alguma daquelas citadas no tipo penal: Juiz, jurado, etc.), a fim de obter uma vantagem indevida. O crime em questão é bastante semelhante ao de tráfico de influência (art. 332 do CP), diferenciando-se apenas em relação a quem supostamente seria influenciado: no tráfico de influência o destinatário da suposta influência seria “funcionário público” (genericamente considerado); na exploração de prestígio o infrator deve alardear que irá exercer influência sobre alguma daquelas pessoas expressamente mencionadas no art. 357 (juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha). GABARITO: Letra E 7. (FGV/2011/PCERJ) Além de ser competente, o perito tem que ser imparcial e primar pelo culto à verdade. A não-observância desse compromisso pode levá-lo a cometer o crime de falsa perícia previsto no art. 342 do Código Penal. A partir do fragmento acima, analise as afirmativas a seguir. Renan Araujo Aula 10 Concursos daÁrea Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 59 338 I. Quando o delito é cometido mediante suborno, a pena é aumentada de metade. II. O fato deixa de ser punível se o perito declarar a verdade antes de ser prolatada a sentença. III. Não há crime se o perito apenas omitir parte do que apurar, em processo administrativo. Assinale: A) se apenas a afirmativa I estiver correta. B) se apenas a afirmativa II estiver correta. C) se apenas a afirmativa III estiver correta. D) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. E) se todas as afirmativas estiverem corretas. COMENTÁRIOS I. ERRADA: Item errado, pois, quando o delito é cometido mediante suborno, a pena é aumentada de um sexto a um terço, nos termos do art. 342, §1º do CP: Art. 342 (...) § 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) II. CORRETA: Item correto, pois o fato deixa de ser punível se o perito declarar a verdade antes de ser prolatada a sentença, nos termos do art. 342, §2º do CP: Art. 342 (...) § 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) III. ERRADA: Item errado, pois o crime se verifica se o agente faz afirmação falsa, nega a verdade ou cala a verdade (omitindo informação) em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral, nos termos do art. 342 do CP. GABARITO: Letra B 8. (FGV/2021/PCRN/DELEGADO) Gustavo, ouvido na condição de testemunha em ação penal, prestou declarações falsas em busca de auxiliar seu amigo Luiz, que figurava como réu no processo. Dias depois, após alegações finais apresentadas pelo Ministério Público, mas antes da sentença, Gustavo se arrependeu de sua conduta, comparecendo em juízo e apresentando declarações no sentido de que tinha prestado informações na condição de testemunha que não condiziam com a realidade, se retratando daquelas declarações prestadas em audiência. O magistrado competente determinou a reprodução da prova, bem como a extração de cópias para apurar o ocorrido. Com base nas informações expostas, a autoridade policial deverá concluir que Gustavo praticou a conduta tipificada abstratamente como crime de: Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 60 338 A) falso testemunho, punível na modalidade tentada, com causa de aumento de pena pela circunstância de as declarações se destinarem a produzir prova em processo penal; B) falso testemunho, punível na forma consumada, com causa de aumento de pena pela circunstância de as declarações se destinarem a produzir prova em processo penal; C) falso testemunho, punível na modalidade tentada, sem qualquer causa de aumento de pena; D) falso testemunho, punível na forma consumada, sem qualquer causa de aumento de pena; E) falso testemunho, mas o fato não será punível em razão da retratação realizada. COMENTÁRIOS Nesse caso, Gustavo praticou crime de falso testemunho, majorado por ser destinado a produzir prova em processo penal, nos termos do art. 342, §1º do CP. Todavia, o fato não será punível em razão da retratação realizada, nos termos do art. 342, §2º do CP: Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) § 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) § 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) GABARITO: Letra E 9. (FGV/2021/OAB) Francisco foi vítima de uma contravenção penal de vias de fato, pois, enquanto estava de costas para o autor, recebeu um tapa em sua cabeça. Acreditando que a infração teria sido praticada por Roberto, seu desafeto que estava no local, compareceu em sede policial e narrou o ocorrido, apontando, de maneira precipitada, o rival como autor. Diante disso, foi instaurado procedimento investigatório em desfavor de Roberto, sendo, posteriormente, verificado em câmeras de segurança que, na verdade, um desconhecido teria praticado o ato. Ao tomar conhecimento dos fatos, antes mesmo de ouvir Roberto ou Francisco, o Ministério Público ofereceu denúncia em face deste, por denunciação caluniosa. Considerando apenas as informações expostas, você, como advogado(a) de Francisco, deverá, sob o ponto de vista técnico, pleitear A) a absolvição, pois Francisco deu causa à instauração de investigação policial imputando a Roberto a prática de contravenção, e não crime. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 61 338 B) extinção da punibilidade diante da ausência de representação, já que o crime é de ação penal pública condicionada à representação. C) reconhecimento de causa de diminuição de pena em razão da tentativa, pois não foi proposta ação penal em face de Roberto. D) a absolvição, pois o tipo penal exige dolo direto por parte do agente. COMENTÁRIOS Nesse caso, deve ser buscada a absolvição do agente, já que o tipo penal da denunciação caluniosa (art. 339 do CP) exige dolo direto por parte do agente, pois o agente deve realizar a imputação sabendo que o imputado é inocente. Vejamos: Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. (...) § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção. Como se vê, o agente deve agir com dolo de imputar o fato a alguém que SABE ser inocente. Logo, a mera imputação do fato a alguém de quem se suspeita ser o infrator não configura o crime de denunciação caluniosa, ainda que posteriormente se comprove que o imputado era inocente. GABARITO: Letra D 10. (FGV/2018/TJAL/OJA) Jorge, de origem humilde, atua como Oficial de Justiça em determinado Tribunal de Justiça. Quando cumpria ordem de busca e apreensão na comunidade em que nasceu, viu, de longe, que seu irmão dispensou uma sacola plástica com grande quantidade de drogas, empurrou um policial militar e tentava empreender fuga e evitar o flagrante de crime de tráfico, crime este punido com pena mínima de cinco anos de reclusão. Diante disso, quando seu irmão corre em sua direção, o auxilia, escondendo-o dentro de seu veículo particular, enquanto continua a cumprir o mandado pendente. Descobertos os fatos, considerando apenas a situação narrada, o ato de Jorge configura: A) crime de evasão mediante violência contra a pessoa; B) conduta típica, mas não punível; C) crime de favorecimento pessoal; D) crime de favorecimento real; E) conduta atípica. COMENTÁRIOS Nesse caso, Jorge praticouconduta típica, consistente em favorecimento pessoal, art. 348 do CP: Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 62 338 Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Todavia, Jorge não será punível, eis que isento de pena por ser irmão do beneficiado, nos termos do art. 348, §2º do CP: Art. 348 (...) § 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. GABARITO: Letra B 11. (FGV – 2017 – TRT-SC – OFICIAL DE JUSTIÇA) Caio, oficial de justiça, todos os dias da semana chega em sua residência cansado após um longo dia de trabalho e passa a ficar incomodado com o fato de que Bruno, namorado de sua filha, com 26 anos, recebe um salário alto para a quantidade de serviço que realiza no órgão criminal do Ministério Público em que trabalha. Diante disso, objetivando que Bruno trabalhe mais, afirma para a Promotora de Justiça chefe de Bruno, que era sua conhecida, que sua esposa foi vítima de um crime de estelionato e que o fato deveria ser investigado, informando nada saber sobre a autoria delitiva. Diante disso, foi instaurado procedimento investigatório criminal no órgão. Caio, então, se arrepende e procura seu advogado para saber as consequências de sua conduta, caso seja descoberto que o fato narrado era falso. Considerando as informações narradas, o advogado deverá esclarecer que Caio: a) não praticou crime, em razão do arrependimento posterior; b) praticou crime de denunciação caluniosa, consumado; c) praticou crime de comunicação falsa de crime ou contravenção, consumado; d) praticou crime de falso testemunho, consumado; e) praticou crime contra administração da justiça na modalidade tentada. COMENTÁRIOS Neste caso, o agente praticou o crime de comunicação falsa de crime ou contravenção, em sua forma consumada, previsto no art. 340 do CP: Comunicação falsa de crime ou de contravenção Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Houve a consumação do delito porque o agente, efetivamente, conseguiu provocar a ação da autoridade, ou seja, em razão da comunicação falsa, a autoridade acabou adotando alguma providência. O fato de o agente ter se arrependido, aqui, é irrelevante quanto à consumação do delito. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 63 338 GABARITO: Letra C 12. (FGV – 2017 – ALERJ – PROCURADOR) Após constatar a subtração de grande quantia em dinheiro do seu escritório profissional, João Carlos promoveu o devido registro na Delegacia própria, apontando como autor do fato o empregado Lúcio, já que possuía razões para desconfiar dele, por ser o único que sabia da existência do dinheiro no cofre do qual foi subtraído. Instaurado o respectivo inquérito policial, Lúcio foi ouvido e comprovou não ter sido ele o autor da subtração, reclamando do constrangimento que passou com o seu indevido indiciamento. Por falta de justa causa, o inquérito foi arquivado a requerimento do Ministério Público. Diante da situação narrada, é correto afirmar que a conduta de João Carlos configura: a) crime de calúnia; b) fato típico, mas lícito; c) crime de denunciação caluniosa; d) crime de comunicação falsa de crime; e) fato criminal atípico. COMENTÁRIOS Neste caso o agente não praticou crime algum, pois o simples fato de imputar o fato a alguém não configura o delito de denunciação caluniosa, previsto no art. 339, que pressupõe que o agente impute FALSAMENTE o fato a alguém, SABENDO que a pessoa não participou daquela infração penal, o que não ocorreu na hipótese, já que João acreditava que pudesse ter sido Lúcio o infrator. GABARITO: Letra E 13. (FGV - 2016 - OAB - XIX EXAME DE ORDEM) Patrício, ao chegar em sua residência, constatou o desaparecimento de um relógio que havia herdado de seu falecido pai. Suspeitando de um empregado que acabara de contratar para trabalhar em sua casa e que ficara sozinho por todo o dia no local, Patrício registrou o fato na Delegacia própria, apontando, de maneira precipitada, o empregado como autor da subtração, sendo instaurado o respectivo inquérito em desfavor daquele “suspeito”. Ao final da investigação, o inquérito foi arquivado a requerimento do Ministério Público, ficando demonstrado que o indiciado não fora o autor da infração. Considerando que Patrício deu causa à instauração de inquérito policial em desfavor de empregado cuja inocência restou demonstrada, é correto afirmar que o seu comportamento configura A) fato atípico. B) crime de denunciação caluniosa dolosa. C) crime de denunciação caluniosa culposa. D) calúnia. COMENTÁRIOS Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 64 338 Temos aqui um fato atípico. O agente, apesar de ter dado causa à instauração de inquérito policial em desfavor de alguém cuja inocência restou demonstrada, não praticou o crime de denunciação caluniosa, previsto no art. 339 do CP. Isto porque o delito de denunciação caluniosa exige que o agente impute falsamente o crime a alguém, SABENDO que a pessoa é inocente, ou seja, pratique a conduta para prejudicar a pessoa, sabendo que ela não praticou o fato. No caso, o patrão apenas se equivocou, de maneira que não teve a intenção de prejudicar o empregado. Não há que se falar, ainda, em denunciação caluniosa culposa, por ausência de previsão legal. Por fim, incabível falar em calúnia, eis que também não há previsão na forma culposa. GABARITO: Letra A 14. (FGV / 2016 / OAB / XIX EXAME DE ORDEM) Após realizarem o roubo de um caminhão de carga, os roubadores não sabem como guardar as coisas subtraídas até o transporte para outro Estado no dia seguinte. Diante dessa situação, procuram Paulo, amigo dos criminosos, e pedem para que ele guarde a carga subtraída no seu galpão por 24 horas, admitindo a origem ilícita do material. Paulo, para ajudá-los, permite que a carga fique no seu galpão, que é utilizado como uma oficina mecânica, até o dia seguinte. A polícia encontra na mesma madrugada todo o material no galpão de Paulo, que é preso em flagrante. Diante desse quadro fático, Paulo deverá responder pelo crime de A) receptação. B) receptação qualificada. C) roubo majorado. D) favorecimento real. COMENTÁRIOS Neste caso Paulo responderá pelo delito de favorecimento real, previsto no art. 349 do CP. Isso porque Paulo prestou auxílio aos criminosos para que pudessem tornar seguro o proveito do crime. Não se trata, aqui, de coautoria ou participação no delito de roubo, eis que Paulo somente aceitou prestar auxílio quando o crime já havia se consumado. Assim, Paulo não pode mais ser coautor ou partícipe de um crime que já ocorreu. Contudo, caso Paulo já tivesse, previamente, combinado com os infratores que prestaria o auxílio necessário, responderia como partícipe do roubo praticado. GABARITO: Letra D 15. (FGV / 2012 / OAB / EXAME DE ORDEM) Baco, após subtrair um carro esportivo de determinada concessionária de veículos, telefona para Minerva, sua amiga, a quem conta a empreitada criminosa e pede ajuda. Baco sabia que Minerva morava em uma grande casa e que poderia esconder o carro facilmente lá. Assim, pergunta se Minerva poderia ajudá-lo, escondendo o carro em sua residência. Minerva, apaixonada por Baco, aceita prestar a ajuda. Nessa situação, Minerva deve responder por a) participação no crime de furto praticado por Baco. b) receptação. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básicode Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 65 338 c) favorecimento pessoal. d) favorecimento real. COMENTÁRIOS Como Minerva prestou auxílio a Baco, cuja finalidade era tornar seguro o PROVEITO do crime, deverá responder pelo delito de FAVORECIMENTO REAL, nos termos do art. 349 do CP: Favorecimento real Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. GABARITO: Letra D 16. (FGV / 2011 / OAB / EXAME DE ORDEM) Ao tomar conhecimento de um roubo ocorrido nas adjacências de sua residência, Caio compareceu à delegacia de polícia e noticiou o crime, alegando que vira Tício, seu inimigo capital, praticar o delito, mesmo sabendo que seu desafeto se encontrava na Europa na data do fato. Em decorrência do exposto, foi instaurado inquérito policial para apurar as circunstâncias do ocorrido. A esse respeito, é correto afirmar que Caio cometeu a) delito de calúnia. b) delito de comunicação falsa de crime. c) delito de denunciação caluniosa. d) crime de falso testemunho. COMENTÁRIOS Neste caso, o agente comunicou à polícia um fato criminoso que, de fato, ocorreu. Contudo, imputou a autoria a uma pessoa que SABIA SER INOCENTE, de forma que praticou o delito de DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA, nos termos do art. 339 do CP: Denunciação caluniosa Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. GABARITO: Letra C 17. (FGV / 2008 / TJMS / JUIZ) Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 66 338 Maria de Souza devia R$ 500,00 (quinhentos reais) a José da Silva e vinha se recusando a fazer o pagamento havia meses. Cansado de cobrar a dívida de Maria pelos meios amistosos, José decide obter a quantia que lhe é devida de qualquer forma. Ao encontrar Maria fazendo compras no centro da cidade, José retira a bolsa das mãos de Maria puxando-a com força. A fivela da alça causa uma lesão leve no braço de Maria. José abre a bolsa de Maria, constatando que ela levava consigo R$ 2.000,00 (dois mil reais), e pega R$ 500,00 (quinhentos reais), deixando a bolsa com os pertences de Maria no chão. Qual será a punição para o crime praticado por José? a) Incidirá na pena de roubo simples. b) Incidirá na pena de furto simples. c) Incidirá nas penas de exercício arbitrário das próprias razões. d) Incidirá nas penas de exercício arbitrário das próprias razões, além da pena correspondente à violência. e) Incidirá nas penas de exercício arbitrário das próprias razões, além da pena de furto simples. COMENTÁRIOS José deverá responder pelo delito de exercício arbitrário das próprias razões, nos termos do art. 345 do CP: Exercício arbitrário das próprias razões Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. Vemos, ainda, que como resultou lesão corporal em razão da violência empregada, José responderá também pela violência empregada, ou seja, pelo crime de lesão corporal. GABARITO: Letra D 18. (FGV / 2014 / TJGO / ANALISTA JUDICIÁRIO) A postura de profissional de advocacia que, atuando em causa própria de natureza penal, deixa de devolver processo para procrastinar o normal andamento pode configurar o delito de: a) favorecimento pessoal; b) favorecimento real; c) fraude processual; d) sonegação de papel ou objeto de valor probatório; e) exercício arbitrário das próprias razões. COMENTÁRIOS A conduta do agente caracteriza o delito de sonegação de papel ou objeto de valor probatório, prevista no art. 356 do CP: Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 67 338 Sonegação de papel ou objeto de valor probatório Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos, documento ou objeto de valor probatório, que recebeu na qualidade de advogado ou procurador: Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. GABARITO: Letra D 19. (VUNESP – 2019 – PREF. DE FRANCISCO MORATO – PROCURADOR/ADAPTADA) O crime de favorecimento pessoal (art. 348 do CP) só se caracteriza se o auxílio é prestado a autor de crime a que cominada pena de reclusão. COMENTÁRIOS Item errado, pois tal delito também se caracteriza (em sua forma privilegiada, é verdade) quando o auxílio é prestado a autor de crime a que é cominada pena de detenção, na forma do art. 348, §1º do CP: Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. § 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. GABARITO: ERRADA 20. (VUNESP – 2019 – CÂMARA DE PIRACICABA – ADVOGADO/ADAPTADA) Inovar artificialmente em processo administrativo o estado de lugar, com o fim de induzir a erro o juiz, caracteriza crime de fraude processual. COMENTÁRIOS Item correto, pois esta é a previsão do art. 347 do CPP: Fraude processual Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. Como se vê, o fato de a conduta ser praticada no bojo de processo ADMINISTRATIVO não descaracteriza o delito. GABARITO: CORRETA 21. (VUNESP – 2019 – CÂMARA DE SERTÃOZINHO-SP – PROCURADOR/ADAPTADA) O crime de exercício arbitrário das próprias razões apenas se configura se a pretensão a ser satisfeita for ilegítima. COMENTÁRIOS Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 68 338 Item errado, pois o crime de exercício arbitrário das próprias razões se verifica quando o agente busca satisfazer, por meios próprios, uma pretensão legítima, mas que deveria ser requerida junto ao Poder Judiciário (e não pelas próprias mãos): Exercício arbitrário das próprias razões Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. GABARITO: ERRADA 22. (VUNESP – 2019 – CÂMARA DE SERTÃOZINHO-SP – PROCURADOR/ADAPTADA) O crime de promover ou facilitar a fuga de pessoa só admite sujeito ativo funcionário público. COMENTÁRIOS Item errado, pois o crime do art. 351 do CP é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, e não apenas por funcionário público. GABARITO: ERRADA 23. (VUNESP – 2019 – CÂMARA DE SERTÃOZINHO-SP – PROCURADOR/ADAPTADA) O crime de exploração de prestígio somente pode ser praticado por funcionário público. COMENTÁRIOS Item errado, pois o crime do art. 357 do CP é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, e não apenas por funcionário público: Exploração de prestígio Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. GABARITO: ERRADA 24. (VUNESP – 2018 – TJ-SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO) A respeito dos crimesa primeira corrente.2 O tipo objetivo (conduta proibida), consiste em três núcleos: “oferecer”, “prometer” e “dar” alguma vantagem a funcionário público OU TERCEIRA PESSOA, com A FINALIDADE DE FAZER COM QUE ESTE FAÇA ALGO QUE FUNCIONALMENTE NÃO DEVERIA (agindo ou se omitindo). Não é necessário que a vantagem seja direta, podendo ser oferecida, prometida ou dada de maneira indireta, implícita. O efetivo recebimento da vantagem é irrelevante, consumando-se o crime no momento em que a vantagem é oferecida ou prometida, desde que chegue ao conhecimento do funcionário público estrangeiro . Na modalidade “dar”, o crime só se consuma quando o agente recebe a3 vantagem. A tentativa é possível, nas três modalidades. Se o funcionário público estrangeiro, em razão da vantagem ou promessa, retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional, a pena será aumentada em 1/3. O elemento subjetivo exigido é o dolo, não se admitindo a forma culposa. Exige-se, ainda, a finalidade especial de agir, consistente na intenção de ver o ato ser praticado, omitido ou retardado (Dolo específico).4 Tráfico de influência em transação comercial internacional Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou promessa de vantagem a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado a transação comercial internacional: (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada a funcionário estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) O bem jurídico tutelado, aqui, é o mesmo do artigo anterior. 4 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 308 3 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p 308. CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial. 7º edição. Ed. Juspodivm. Salvador, 2015, p. 814 2 Bitencourt defende que ambos são sujeitos passivos. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 30 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 4 338 ==1365fc== Quanto aos sujeitos, aplicam-se, também as mesmas disposições do crime anterior, sendo crime COMUM. A conduta proibida (tipo objetivo) é idêntica à do art. 332 (tráfico de influência), e consiste na solicitação, exigência, cobrança ou obtenção de vantagem, para si ou para outrem, de vantagem de terceiro, a pretexto de que o infrator irá interceder perante funcionário público estrangeiro para que este faça ou deixe de fazer alguma coisa que não deva, e seja relacionada à transação internacional. Aqui, o fulaninho chega para Joãozinho e diz: “Meu amigo, me dá uma prata aí que eu vou falar com o Pedrinho, que trabalha lá no Consulado do Chile (por exemplo), pra ele adiantar a tua parada.” A conduta é, em resumo, essa. Entretanto, o infrator não pretende, efetivamente, fazer o que prometeu! Ele pretende ludibriar o “besta” que vai comprar a influência. Se o indivíduo, de fato, possui influência sobre o funcionário público estrangeiro e pretende utilizá-la, não pratica este delito.5 O elemento subjetivo também é o dolo, não se admitindo na forma culposa. Há finalidade especial de agir, consistente na intenção de obter a vantagem “para si ou para outrem” (o “a6 pretexto de”, não indica uma finalidade especial, pois o agente não pretende fazer o prometido). O crime se consuma com a mera solicitação, exigência ou cobrança da vantagem (crime formal). Na modalidade “obter”, o crime é material. A tentativa é admitida. O § único estabelece uma causa de aumento de pena (majorante), que incidirá caso o infrator alegue que está pedindo a vantagem, mas que parte dela se destina ao funcionário público que se pretende “comprar”. A ação penal, tanto aqui como no crime anterior, é PÚBLICA INCONDICIONADA. Aliás, só para lembrar a vocês, sempre que a Lei não disser NADA, o crime é de ação penal pública incondicionada, pois ESTA É A REGRA. DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES CÓDIGO PENAL Arts. 337-B a 337-D do CP – Tipificam os crimes contra a administração pública estrangeira: 6 CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 816/817. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 311 5 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 311 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 5 338 DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA Corrupção ativa em transação comercial internacional Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a funcionário público estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à transação comercial internacional: (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário público estrangeiro retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) Tráfico de influência em transação comercial internacional (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou promessa de vantagem a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado a transação comercial internacional: (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada a funcionário estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) Funcionário público estrangeiro (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro, para os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública em entidades estatais ou em representações diplomáticas de país estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público estrangeiro quem exerce cargo, emprego ou função em empresas controladas, diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de país estrangeiro ou em organizações públicas internacionais. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 6 338 DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA Os crimes contra a administração da Justiça não tutelam apenas a atividade do Poder Judiciário, mas as funções relacionadas à prestação Jurisdicional, inclusive as de natureza policial, por exemplo.1 Trata-se de um grupo de crimes que atentam contra o prestígio ou a credibilidade da Justiça pátria, de forma que são altamente lesivos à sociedade. Vejamos cada um deles. 1 Reingresso de estrangeiro expulso Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso: Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da pena. O bem jurídico tutelado é o regular desenvolvimento das atividades da Justiça, bem como a soberania das decisões. Na verdade, quando se fala em soberania das decisões, não estamos falando, propriamente, de ato do Judiciário, eis que o ato administrativo de expulsão é PRIVATIVO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA. O sujeito ativo somente poderá ser o ESTRANGEIRO expulso do país, logo, o crime é PRÓPRIO. Mais que isso: trata-se de crime de mão própria2, pois a execução do delitocontra a administração da justiça (arts. 339 a 347 do CP), assinale a alternativa correta. (A) O crime de falso testemunho exige, para configuração, que o agente receba vantagem econômica ou outra de qualquer natureza. (B) Provocar a ação de autoridade, comunicando a ocorrência de crime que sabe não ter se verificado, em tese, caracteriza o crime de denunciação caluniosa. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 69 338 (C) O crime de exercício arbitrário das próprias razões procede-se mediante queixa, ainda que haja emprego de violência. (D) Dar causa a inquérito civil contra alguém, imputando-lhe falsamente a prática de crime, em tese, caracteriza o crime de denunciação caluniosa. (E) A autoacusação para acobertar ascendente ou descendente é atípica. COMENTÁRIOS a) ERRADA: Item errado, pois o crime pode se configurar mesmo que o agente não receba nenhuma vantagem para praticá-lo. Caso seja praticado mediante suborno, a pena será aumentada de um sexto a um terço, na forma do art. 342, §1º do CP. b) ERRADA: Item errado, pois tal conduta configura o crime de comunicação falsa de crime ou contravenção, previsto no art. 340 do CP. c) ERRADA: Item errado, pois tal crime só é de ação penal privada (depende de queixa-crime) quando não há emprego de violência, na forma do art. 345, § único do CP. d) CORRETA: Item correto, pois esta é a conduta prevista no art. 339 do CP, que trata da denunciação caluniosa: Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. e) ERRADA: Item errado, pois a autoacusação falsa de crime (art. 341 do CP) é típica, ou seja, corresponde ao crime do art. 341 mesmo quando realizada para acobertar qualquer parente. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D. 25. (VUNESP – 2018 – TJ-SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO) A respeito do crime de exploração de prestígio (art. 357 do CP), é correto afirmar que (A) se caracteriza pela conduta de receber dinheiro a pretexto de influir em ato praticado por qualquer funcionário público. (B) prevê causa de aumento se o agente alega ou insinua que o dinheiro é também destinado a funcionário público estrangeiro. (C) para se configurar, exige o efetivo recebimento de dinheiro pelo agente. (D) prevê modalidade culposa. (E) se trata de crime comum, não se exigindo qualquer qualidade especial do autor. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 70 338 COMENTÁRIOS a) ERRADA: Item errado, pois tal delito se caracteriza pela conduta de receber dinheiro a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha, na forma do art. 357 do CP. Ou seja, não se trata da conduta de receber dinheiro a pretexto de influir em ato praticado por QUALQUER funcionário público, pois isso configura, em tese, o crime de tráfico de influência, previsto no art. 332 do CP. b) ERRADA: Item errado, pois as penas aumentam-se de um terço se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer das pessoas referidas no art. 357. c) ERRADA: Item errado, pois se trata de crime formal, não se exigindo que o agente, efetivamente, consiga obter a vantagem pretendida. d) ERRADA: Item errado, pois tal crime só é punido na forma dolosa, não havendo modalidade culposa. e) CORRETA: Item correto, pois tal delito é crime comum, não sendo exigida do agente qualquer qualidade especial. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E. 26. (VUNESP – 2017 – TJ SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO) Imagine que um perito nomeado pelo juiz, em processo judicial, mediante suborno, produza um laudo falso para favorecer uma determinada parte, praticando a conduta que configura crime do art. 342 do CP (falsa perícia). Ocorre que, arrependido e antes de proferida a sentença no mesmo processo, o perito retrata-se, corrigindo a falsidade. De acordo com o texto literal do art. 342, § 2º do CP, como consequência jurídica da retratação, (A) o perito fica impedido, por 5 (cinco) anos, de prestar tal serviço. (B) o fato deixa de ser punível. (C) o perito fica isento de pena criminal, mas deverá indenizar o prejudicado pela falsidade que cometeu. (D) o perito fica isento de pena criminal, mas deverá devolver os honorários recebidos em dobro. (E) o perito, se condenado pelo crime de falsa perícia, terá a pena reduzida de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços). COMENTÁRIOS Temos aqui o crime do art. 342 do CP (falso testemunho ou falsa perícia), que prevê a EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE do agente quando houver a retratação antes de ser proferida sentença no processo em que ocorreu o crime, como é o caso da questão, nos termos do art. 342, §2º do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 27. (VUNESP – 2015 – MPE/SP – ANALISTA DE PROMOTORIA – ADAPTADA) O crime de coação no curso do processo (art. 344, CP) se configura quando, na modalidade “violência”, resultar lesão corporal no coacto. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 71 338 COMENTÁRIOS Item errado, pois tal delito se consuma no momento em que o agente emprega a coação, independentemente de a vítima vir a sofrer lesões corporais. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 28. (VUNESP – 2015 – tj-sp – Escrevente Judiciário) Com intuito de proteger seu filho, João comparece perante a autoridade policial e, falsamente, diz ter praticado o crime que em verdade fora praticado por seu filho. João (A) comete falsa comunicação de crime. (B) comete falso testemunho, mas não será punido por expressa disposição legal. (C) comete falso testemunho. (D) não comete crime algum, pois não está descrito expressamente como crime no CP. (E) comete autoacusação falsa. COMENTÁRIOS João, neste caso, praticou o delito de autoacusação falsa de crime, previsto no art. 341 do CP: Auto-acusação falsa Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem: Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E. 29. (VUNESP – 2015 – TJ-SP – ESCREVENTE JUDICIÁRIO) Marcos, advogado, solicita certa quantia em dinheiro a Pedro, seu cliente, pois esclarece que mediante o pagamento dessa quantia em dinheiro pode “acelerar” o andamento de um processo. Informa que seria amigo do escrevente do cartório judicial – o qual também seria remunerado pela celeridade, segundo Marcos. Pedro, inicialmente, tem intenção de aceitar a oferta, mas verifica que Marcos mentiu, pois não é amigo do funcionário público. Pedro negase a entregar a Marcos qualquer quantia e não aceita a oferta. É correto afirmar que Marcos (A) praticou corrupção passiva (CP, art. 317) e Pedro não cometeu crime algum. (B) praticou exploração de prestígio (CP, art. 357) e Pedro não cometeu crime algum. (C) praticou corrupção passiva (CP, art. 317) e Pedro corrupção ativa (CP, art. 333). (D) e Pedro praticaram corrupção passiva (CP, art. 317). (E) e Pedro não praticaram crime algum, pois os fatos não evoluíram. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 72 338 COMENTÁRIOS Neste caso, Marcos praticou o delito de exploração de prestígio consumado, com causade aumento de pena, nos termos do art. 357 e seu § único, do CP: Exploração de prestígio Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo. Pedro, porém, não praticou crime algum. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 30. (VUNESP – 2014 – PC-SP – AUXILIAR DE NECROPSIA) Perivaldo é perito criminal e está atuando em processo administrativo de interesse do Estado, porém, ao entregar laudo pericial, omitiu-se em dizer a verdade sobre determinado fato relevante. Nesse caso, segundo dispõe o Código Penal, é correto afirmar que Perivaldo a) não cometeu crime algum, uma vez que para caracterizar o crime teria que estar atuando em processo judicial. b) cometeu o crime de falsa perícia. c) cometeu o crime de omissão dolosa contra o Estado. d) não cometeu crime algum, uma vez que para caracterizar o crime teria que ter feito afirmação falsa. e) cometeu o crime de advocacia administrativa. COMENTÁRIOS O agente, aqui, cometeu o crime de falso testemunho ou falsa perícia, previsto no art. 342 do CP. O fato de a conduta ter sido praticada no bojo de processo administrativo não afasta o caráter criminoso da conduta: Falso testemunho ou falsa perícia Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 73 338 Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 31. (VUNESP – 2014 – PC-SP – DELEGADO) Levar ao conhecimento da autoridade policial a ocorrência de um crime, por vingança, sabedor de que o suposto fato criminoso jamais ocorreu, supostamente, tipifica o delito de a) fraude processual. b) exercício arbitrário das próprias razões. c) comunicação falsa de crime ou de contravenção. d) denunciação caluniosa. e) falso testemunho. COMENTÁRIOS A conduta, aqui, corresponde ao crime de comunicação falsa de crime ou contravenção, previsto no art. 340 do CP: Comunicação falsa de crime ou de contravenção Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Todavia, é importante ressaltar que, para a consumação de tal delito, é necessário que a autoridade adote alguma providência, ou seja, se movimente de alguma forma no sentido de investigar o fato informado. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. 32. (VUNESP – 2014 – PC-SP – ESCRIVÃO) A esposa que comprovadamente ludibria autoridade policial e auxilia marido, autor de crime de roubo, a subtrair-se à ação da autoridade pública. a) deve cumprir pena por exercício arbitrário das próprias razões (CP, art. 345). b) deve cumprir pena por favorecimento real (CP, art. 349). c) fica isenta de pena. d) deve cumprir pena por crime de favorecimento pessoal (CP, art. 348) e) deve cumprir pena por fuga de pessoa presa (CP, art. 351). COMENTÁRIOS Tal esposa, em tese, pratica o crime de favorecimento pessoal, do art. 348 do CP. Todavia, por ser esposa do infrator a quem o auxílio é prestado, ficará isenta de pena, na forma do art. 348, §2º do CP: Favorecimento pessoal Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 74 338 Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. (..) § 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. 33. (VUNESP – 2012 – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO) O crime de "fraude processual", do art. 347 do CP, I. é punido com pena de reclusão e multa; II. só se configura se a fraude se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado; III. configura-se se a fraude tem o fim de induzir a erro o juiz ou o perito. É correto o que se afirma, apenas, em A) I e II. B) II e III. C) II. D) I. E) III. COMENTÁRIOS I - ERRADA: Nos termos do art. 347 do CP, a pena prevista é de detenção e multa; II - ERRADA: O crime se configura se a fraude se destina a produzir efeitos em processo civil, administrativo ou penal, este último, ainda que não iniciado (e neste caso a pena se aplica em dobro), conforme art. 347 e seu § único do CP; III - CORRETA: Esta é a finalidade da prática da fraude neste crime, conforme dispõe o art. 347 do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E. 34. (VUNESP – 2012 – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO) Imagine que um advogado solicite dinheiro de seu cliente, deixando claro que, mediante o pagamento do valor, procurará uma testemunha do processo, a fim de influenciá-la a prestar um depoimento mais favorável à pretensão do cliente. Além disso, o advogado insinua que a quantia será repartida com a testemunha. O advogado recebe o dinheiro, mas engana seu cliente e não procura a testemunha. Nesse caso, o advogado Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 75 338 A) cometeu o crime de corrupção passiva. B) cometeu o crime de usurpação de função pública. C) cometeu o crime de exploração de prestígio. D) cometeu o crime de corrupção ativa. E) não cometeu crime algum. COMENTÁRIOS No presente caso o advogado cometeu o delito de exploração de prestígio, previsto no art. 357 do CP. Vejamos: Exploração de prestígio Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Além disso, a pena será aumentada de 1/3, em razão do fato de o agente ter afirmado que o dinheiro seria repartido com a testemunha supostamente corrupta. Vejamos: Art. 357 (...) Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. 35. (VUNESP - 2013 - TJ-SP - JUIZ) A, testemunha compromissada, mediante suborno, presta falso testemunho, em fases sucessivas de um processo penal, por homicídio doloso, ou seja, no inquérito policial, na instrução criminal e em plenário. A cometeu crime de a) falso testemunho em continuidade delitiva. b) falso testemunho único, com aumento de pena. c) falso testemunho em concurso material. d) falso testemunho em concurso formal. COMENTÁRIOS Nesse caso a testemunha praticou um único crime, eis que praticou uma única conduta criminosa, que é faltar com a verdade em relação àquele fato, embora sua conduta tenha sido dividida em vários atos. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 76 338 No caso em tela, ainda há aumento de pena, eis que a conduta foi praticada mediante suborno. Vejamos: Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutorou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) § 1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 36. (VUNESP - 2013 - TJ-SP - MÉDICO JUDICIÁRIO - CLÍNICO GERAL) Faristeu da Silva fez afirmação falsa como perito em processo judicial, praticando o crime de falsa perícia previsto no artigo 342 do Código Penal. Para que não seja punido, Faristeu a) terá que pagar uma multa de cem salários mínimos. b) poderá retratar-se antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito. c) deve recorrer da sentença que o condenou se esta já tiver transitado em julgado. d) pode pedir o perdão judicial a qualquer tempo no mesmo processo judicial. e) pode fazer um acordo de delação premiada com o Ministério Público. COMENTÁRIOS Para que não seja punido, o agente, neste caso, poderá se retratar de sua afirmação falsa, mas deverá fazer isso no próprio processo em que fez a afirmação falsa, e mesmo assim, antes da sentença. Vejamos: Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) § 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 37. (VUNESP - 2013 - TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO) “O fato deixar de ser punível se, antes da sentença, no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade”. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 77 338 A previsão legal citada corresponde ao crime de a) fraude processual. b) coação no curso do processo. c) denunciação caluniosa. d) comunicação falsa de crime ou contravenção. e) falso testemunho ou falsa perícia. COMENTÁRIOS A previsão legal citada, que consiste numa causa de isenção de pena, está prevista para o crime de falso testemunho ou falsa perícia, no §2º do art. 342 do CP: Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) § 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E. 38. (VUNESP – 2010 – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO) O crime de falso testemunho, do art. 342 do Código Penal, A) pode ser praticado no âmbito de inquérito policial; somente pode ser praticado por conduta positiva. B) pode ser praticado no âmbito de processo administrativo; somente pode ser praticado por conduta negativa. C) somente pode ser praticado no âmbito de processo judicial; pode ser praticado tanto por conduta positiva como por conduta negativa. D) somente pode ser praticado no âmbito de processo judicial; somente pode ser praticado por conduta negativa. E) pode ser praticado no âmbito de juízo arbitral; pode ser praticado tanto por conduta positiva como por conduta negativa. COMENTÁRIOS O crime de falso testemunho, previsto no art. 342 do CP, pode ser praticado no âmbito de juízo arbitral, inquérito policial, processo administrativo ou judicial, bem como ser realizado por conduta positiva (ação) ou negativa (omissão). Vejamos: Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 78 338 Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral:(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E, pois é a única que não traz condicionantes ("somente, apenas"). 39. (VUNESP – 2010 – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO) Analise as seguintes afirmações com relação aos crimes de exercício arbitrário das próprias razões (CP, art. 345) e fraude processual (CP, art. 347): I. ambos estão inseridos no capítulo dos Crimes Praticados por Funcionário Público Contra a Administração em Geral; II. no primeiro deles, caso não haja emprego de violência, somente se procede mediante queixa; III. no segundo deles, as penas são aplicadas em dobro se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal. É correto apenas o que se afirma em A) I. B) II. C) III. D) I e II. E) II e III. COMENTÁRIOS I - ERRADA: Ambos estão inseridos no capítulo referente aos crimes contra a administração da Justiça; II - CORRETA: Não havendo emprego de violência no crime de exercício arbitrário das próprias razões, de fato, o crime somente se procede mediante queixa (ação penal privada), nos termos do art. 345, § único do CP; III - CORRETA: De fato, no crime de fraude processual, se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, as penas são dobradas, nos termos do art. 347, § único do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E. 40. (VUNESP – 2011 – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO) Ao agente do crime de denunciação caluniosa (CP, art. 339), a pena é I. aumentada, se ele se serve de anonimato; II. aumentada, se ele se serve de nome suposto; Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 79 338 III. diminuída, se a imputação é de prática de contravenção. É correto o que se afirma em A) II, apenas. B) I e II, apenas. C) I e III, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III. COMENTÁRIOS Todas as afirmativas estão corretas, pois a pena é aumentada se ele se serve de anonimato ou nome suposto (nome falso) e diminuída se ele imputa falsamente a prática de contravenção e não crime. Vejamos o que dizem os §§1º e 2º do art. 339 do CP: Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto. § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E. 41. (VUNESP – 2011 – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO) O ato de fazer justiça pelas próprias mãos para satisfazer pretensão, embora legítima, mas sem permissão legal, configura o crime de A) fraude processual. B) violência arbitrária. C) condescendência criminosa. D) coação no curso do processo. E) exercício arbitrário das própriasrazões. COMENTÁRIOS Esta conduta representa o delito previsto no art. 345 do CP, que traz o crime de exercício arbitrário das próprias razões. Vejamos: Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 80 338 ==1365fc== Exercício arbitrário das próprias razões Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E. 42. (VUNESP – 2011 – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO) O crime de exploração de prestígio está inserido no capítulo dos crimes praticados A) contra a moralidade pública. B) contra a administração da justiça. C) por particular, contra a administração em geral. D) por funcionário público, contra a administração em geral. E) por particular, contra a administração pública estrangeira. COMENTÁRIOS Este delito está previsto no art. 357 do CP, estando inserido, portanto, no capítulo dos crimes contra a administração da Justiça. Vejamos: Exploração de prestígio Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 43. (VUNESP – 2007 – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO) Receber dinheiro, iludindo o interessado, a pretexto de influir na nota a ser atribuída, para certo candidato, por Desembargador membro da banca de concurso público, para ingresso na carreira da Magistratura no Estado de São Paulo, A) tipifica o crime de corrupção ativa. B) tipifica o crime de exploração de prestígio. C) tipifica o crime de concussão. D) tipifica o crime de corrupção passiva. E) não é fato que recebe punição de acordo com o Código Penal Brasileiro. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 81 338 COMENTÁRIOS A Banca deu como certa a alternativa B, ou seja, trata-se de crime de exploração de prestígio, previsto no art. 357 do CP. Vejamos: Exploração de prestígio Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Contudo, entendo que nenhuma das respostas está correta, eis que, nesse caso, o Desembargador (que é um Juiz) não está no exercício de sua função judicante (função de julgar), de modo que entendo que o delito em questão seria o de tráfico de influência, previsto no art. 332 do CP: Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) Porém, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 44. (VUNESP – 2007 – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO) A pena da testemunha que receber suborno para calar a verdade em juízo A) será aumentada de 1/2. B) será aumentada de 2/3. C) será de reclusão de 1 a 4 anos e multa. D) não será aplicada na hipótese de a testemunha declarar a verdade no processo em que se apura o crime de falso testemunho. E) não será aplicada na hipótese da retratação da testemunha, antes da sentença, no processo em que ocorreu o ilícito. COMENTÁRIOS O ato de a testemunha receber suborno para calar a verdade em Juízo caracteriza o delito do art. 342 do CP, com a causa de aumento de pena do §1º do referido artigo. Vejamos: Falso testemunho ou falsa perícia Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 82 338 Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. § 1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Contudo, a pena relativa a este delito de falso testemunho não será aplicada se a testemunha se retratar, antes da sentença, no processo em que ocorreu o delito. Vejamos: Art. 342 (...) § 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E. 45. (VUNESP – 2007 – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO) O crime de exploração de prestígio I. tem como condutas previstas no "caput" do art. 357 do Código Penal os verbos solicitar ou receber; II. somente pode ser praticado por funcionário público; III. consiste, em uma de suas modalidades, na solicitação de dinheiro ou qualquer outra utilidade a pretexto de influir em determinado elenco de pessoas indicado pela lei. Está correto o contido apenas em A) I e II. B) I e III. C) II e III. D) I. E) III. COMENTÁRIOS I - CORRETA: Esta é a previsão do art. 357 do CP: Exploração de prestígio Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 83 338 Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. II - ERRADA: Trata-se de crime COMUM, que pode ser praticado por qualquer pessoa; III - CORRETA: De fato, a caracterização do delito consiste na prática destas condutas. Vejamos: Exploração de prestígio Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 46. (VUNESP – 2006 – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO) Assinale a alternativa que tipifica a conduta do crime de exercício arbitrário das próprias razões. A) Falsificar carteira de trabalho para instruir processo em seu favor. B) Subtrair documentos que lhe pertencem, mas que se acham em poder de terceiro por determinação judicial. C) Subtrair dinheiro do ex-empregador como forma de pagamento de salários atrasados. D) Suprimir nota promissória que lhe pertence, mas que se acha em poder de terceiro em razão de seqüestro judicial. E) Gritar com o policial rodoviário que, acertadamente, acaba de lhe impor uma multa por excesso de velocidade. COMENTÁRIOS O crime de exercício arbitrário das próprias razões está previsto no art. 345 do CP, e se caracteriza pelo ato de "fazer Justiça com as próprias mãos". Vejamos: Exercício arbitrário das próprias razões Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. Assim, das alternativas fornecidas, a que traz um exemplo de exercício arbitrário das próprias razões é a letra C. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. Renan AraujoAula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 84 338 47. (VUNESP – 2006 – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO) Leia as afirmações relacionadas ao crime de exploração de prestígio. I. É crime que não exige do sujeito que o pratica qualquer qualidade especial. II. Os delegados de polícia, assim como os promotores de justiça, podem ser influenciados pelo explorador de prestígio. III. Comina-se à exploração de prestígio diminuição de pena se o agente, ao praticar o delito, alegar que o dinheiro será destinado a qualquer das pessoas referidas no tipo penal. Está correto o contido em A) I, apenas. B) I e II, apenas. C) I e III, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III. COMENTÁRIOS I - CORRETA: Trata-se de crime COMUM, podendo ser praticado por qualquer pessoa; II - ERRADA: O Delegado de Polícia não consta como uma das pessoas que podem ser influenciadas pelo explorador de prestígio, nos termos do art. 357 do CP: III - ERRADA: Nesse caso, o CP prevê uma causa de aumento de pena, prevista no § único do art. 357 do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A. 48. (VUNESP – 2010 – TJ/SP – CIRURGIÃO DENTISTA JUDICIÁRIO) Com relação ao crime de falso testemunho ou falsa perícia, A) a pena é aplicada em dobro, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto. B) as penas são aumentadas de um sexto a um terço, se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal. C) a pena é diminuída da metade, se o processo em que o falso testemunho ocorreu imputa a prática de contravenção. D) não há conduta típica, se quem presta o falso depoimento ou realiza a falsa perícia é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso. E) o fato deixa de ser punível, se, a qualquer tempo, o agente se retrata ou declara a verdade. COMENTÁRIOS A) ERRADA: Se o agente se serve de anonimato ou nome suposto é causa de aumento de pena apenas em relação ao crime de denunciação caluniosa; Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 85 338 B) CORRETA: De fato, neste caso, aplica-se a causa de aumento de pena prevista no art. 342, §1º do CP: Falso testemunho ou falsa perícia Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. § 1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) C) ERRADA: Não há esta previsão no CP; D) ERRADA: A Jurisprudência entende que estas pessoas também podem praticar o delito em questão, mesmo que estas pessoas não prestem compromisso de dizer a verdade como testemunhas, de acordo com o que prevê o CPP. E) ERRADA: O fato só deixa de ser punível se o agente se retrata ou declara a verdade até a sentença, no processo em que ocorreu o delito. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 49. (VUNESP – 2009 – TJ/SP – OFICIAL DE JUSTIÇA) "X" mãe de "Z", ao descobrir que o filho praticou o furto de um veículo, dirige-se à delegacia de polícia e se apresenta como a autora do delito. Em tese, "X" praticou o crime de A) condescendência criminosa. B) falso testemunho. C) autoacusação falsa. D) denunciação caluniosa. E) prevaricação. COMENTÁRIOS No caso em tela o agente praticou o delito de AUTO-ACUSAÇÃO FALSA DE CRIME, delito previsto no art. 341 do CP: Auto-acusação falsa Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem: Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 86 338 Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. 50. (FCC – 2018 – ALE-SE – ANALISTA LEGISLATIVO) Sobre o crime de falso testemunho ou falsa perícia, o Código Penal, em seu artigo 342, prevê que a) é fato atípico fazer afirmação falsa em juízo arbitral. b) é fato atípico fazer afirmação falsa em inquérito penal. c) as penas são aumentadas de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da Administração pública direta ou indireta. d) o fato deixa de ser típico se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. e) é fato atípico fazer afirmação falsa em processo administrativo. COMENTÁRIOS O crime de falso testemunho ou falsa perícia está previsto no art. 342 do CP. Vejamos: Falso testemunho ou falsa perícia Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) § 1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) § 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Como se vê, o fato é TÍPICO quando praticado em processo judicial, ADMINISTRATIVO, JUÍZO ARBITRAL ou INQUÉRITO POLICIAL (erradas as letras A, B e E). A letra D está errada, pois o fato deixa de ser PUNÍVEL se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade, conforme art. 342, §2º do CP. Por fim, a letra C está correta, pois esta é a exata previsão do art. 342, §1º do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 87 338 51. (FCC – 2018 – ALE-SE – ANALISTA LEGISLATIVO) São, dentre outros, crimes contra a administração da Justiça: a) resistência, desobediência, desacato e tráfico de influência. b) advocacia administrativa, condescendência criminosa, violação de sigilo funcional e abandono de função. c) auto-acusação falsa, exercício arbitrário das próprias razões, denunciação caluniosa e exploração de prestígio. d) falsidade ideológica, falso reconhecimento de firma ou letra, certidão ou atestado ideologicamente falso e adulteração de sinal identificador de veículo automotor. e) concussão, corrupção passiva, prevaricação e corrupção ativa. COMENTÁRIOS Dentre as alternativas apresentadas, apenas a letra C traz somente crimes contra a administração da Justiça, conforme arts. 341, 345, 339 e 357 do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. 52. (FCC – 2017 – TRE-SP – ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) O Delegado de Polícia de um determinado município paulista recebe a notícia de um crime de roubo que vitimou Alfredo, que teve seu veículo subtraído por um agente mediante grave ameaça, com emprego de arma de fogo. Durante o trâmite do Inquérito Policial apura-se que Joaquim foi o autor do crime, o qual tem a sua prisão preventiva decretada. Ainda na fase policial Fabíola, a pedidode Joaquim, comparece na Delegacia de Polícia para prestar depoimento e alega que Joaquim, seu amigo, estava em sua companhia no momento do crime. Encerrado o Inquérito Policial o Ministério Público denuncia Joaquim pelo crime de roubo, denúncia esta recebida pelo Magistrado competente. Fabíola não é encontrada para prestar depoimento em juízo sob o crivo do contraditório, mesmo arrolada pela Defesa de Joaquim. Ao final do processo Joaquim é condenado pelo crime de roubo em primeira instância e, posteriormente, é instaurada ação penal contra Fabíola por crime de falso testemunho. Durante o trâmite do recurso interposto por Joaquim contra a sentença que o condenou por crime de roubo, e da ação penal instaurada por falso testemunho contra Fabíola, esta resolve se retratar, afirmando que Joaquim não estava com ela no dia do crime. No caso hipotético apresentado, na esteira do Código Penal, Fabíola (A) não cometeu crime de falso testemunho, pois prestou depoimento falso apenas durante o trâmite do Inquérito Policial. (B) será regularmente processada pelo crime de falso testemunho e estará sujeita à pena cominada ao delito, sem qualquer causa de redução de pena. (C) não poderá ser punida por crime de falso testemunho, pois se retratou antes da sentença proferida nos autos da ação penal instaurada por falto testemunho. (D) será regularmente processada pelo crime de falso testemunho e estará sujeita à pena cominada ao delito no Código Penal, reduzida de 1/3. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 88 338 (E) será regularmente processada pelo crime de falso testemunho e estará sujeita à pena cominada ao delito no Código Penal, reduzida de 1/6. COMENTÁRIOS Neste caso, Fabíola praticou o delito de falso testemunho, previsto no art. 342 do CP, mesmo tendo o depoimento sido prestado em sede de inquérito policial. Todavia, a retratação de Fabíola não terá o condão de extinguir a punibilidade, eis que ocorreu APÓS a sentença no processo relativo ao fato criminoso que foi objeto do depoimento (o crime praticado por Joaquim), nos termos do art. 342, §2º do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 53. (FCC – 2017 – TRE-SP – ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA) Ricardo reside na cidade de São Paulo e acaba testemunhando, da janela de sua residência, o furto de um veículo que estava estacionado na via pública, defronte ao seu imóvel, praticado por dois agentes. Para se vingar do seu desafeto e vizinho Rodolfo e sabendo de sua inocência, Ricardo apresenta uma denúncia anônima à Polícia noticiando que Rodolfo foi um dos autores do referido crime de furto. A autoridade policial determina a instauração de inquérito policial para apuração da autoria delitiva em relação a Rodolfo. Nesse caso hipotético, Ricardo cometeu crime de (A) falso testemunho. (B) denunciação caluniosa, com pena prevista de reclusão de dois a oito anos e multa, aumentada de sexta parte, pois serviu-se de anonimato. (C) comunicação falsa de crime, com pena prevista de detenção de um a seis meses ou multa, aumentada de sexta parte, pois serviu-se de anonimato. (D) denunciação caluniosa, com pena prevista de reclusão de dois a oito anos e multa, sem qualquer majoração. (E) comunicação falsa de crime, com pena prevista de detenção de um a seis meses ou multa sem qualquer majoração. COMENTÁRIOS Neste caso o agente praticou o crime de denunciação caluniosa, previsto no art. 339 do CP, pois deu causa à instauração de inquérito policial contra alguém em razão de uma falsa imputação de crime, quando sabia que a vítima era inocente, ou seja, não tinha praticado o delito. A pena, neste caso, será aumentada em 1/6, pois o agente se valeu do anonimato (art. 339, §1º do CP). Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 54. (FCC – 2014 – TRF3 – OFICIAL DE JUSTIÇA) Segundo a jurisprudência dominante no âmbito do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, bem como do Superior Tribunal de Justiça, aliás em sintonia com Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 89 338 segmento importante da doutrina brasileira mais contemporânea, no crime de falso testemunho ou falsa perícia, a) é possível participação e autoria mediata. b) é possível participação, mas não autoria mediata. c) não é possível participação, mas sim autoria mediata. d) é impossível participação ou autoria mediata. e) é possível autoria indireta, mas não autoria mediata. COMENTÁRIOS A Doutrina e a jurisprudência firmaram entendimento MAJORITÁRIO no sentido de ser cabível a participação, mas não a coautoria, nem autoria mediata. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 55. (FCC – 2014 – METRÔ-SP – ADVOGADO) Tício subtraiu um veículo automóvel e o levou até a oficina de Cezar, que modificou as placas identificadoras para assegurar-lhe a posse do produto do crime. Nesse caso, Cezar responderá por a) furto. b) favorecimento real. c) favorecimento pessoal. d) receptação. e) estelionato. COMENTÁRIOS A conduta de Cezar, neste caso, se amolda perfeitamente ao tipo penal de favorecimento real, previsto no art. 349 do CP: Favorecimento real Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 56. (FCC – 2014 – TRF3 – ANALISTA JUDICIÁRIO) Para incluir-se no âmbito de proteção normativa do artigo 347 do Código Penal, a inovação da coisa na pendência de processo notadamente precisa ser; a) cênica e/ou ardilosa. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 90 338 b) importante e/ou significativa. c) voluntária e/ou consciente. d) oculta e/ou sub-reptícia. e) irreversível e/ou irreparável. COMENTÁRIOS O crime de inovação artificiosa (ou fraude processual) está tipificado no art. 347 do CP. Vejamos: Fraude processual Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro. A Doutrina entende que o tipo penal exige que a inovação seja um engodo, uma fraude, um ardil, ou seja, tenha por finalidade enganar o destinatário (aquele que deveria receber o local no estado em que se encontrava antes). Vejam, portanto, que o agente cria uma “cena” que não existia antes. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A. 57. (FCC – 2015 – TJ-GO – JUIZ) No que toca aos crimes contra a administração da justiça, acertado afirmar que a) não configura coação no curso do processo usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em juízo arbitral. b) não configura crime a conduta de provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de contravenção que sabe não se ter verificado. c) configura favorecimento pessoal a conduta de auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de detenção. d) não configura denunciação caluniosa dar causa à instauração de investigação policial contra alguém, imputando-lhe contravenção penal de que o sabe inocente. e) configura o crime de autoacusação falsa a conduta de acusar-se, perante a autoridade, de contravenção penal inexistente ou praticada por outrem. COMENTÁRIOS a) ERRADA: Tal conduta também configura o delito de coação no curso doprocesso, nos termos do art. 344 do CP. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 91 338 b) ERRADA: Item errado, pois esta conduta também se amolda ao tipo penal do delito de comunicação falsa de crime ou contravenção, previsto no art. 340 do CP. c) CORRETA: Item correto, pois o art. 348, §1º do CP assim prevê: Favorecimento pessoal Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. § 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. d) ERRADA: Item errado, pois trata-se de conduta também inserida no tipo penal do delito de denunciação caluniosa, nos termos do art. 339, §2º do CP. Caso haja a efetiva instauração do IP, o crime restará consumado; caso contrário, teremos a forma tentada do delito. e) ERRADA: Item errado, pois tal conduta não está prevista no art. 341 do CP: Auto-acusação falsa Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem: Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. 58. (FCC – 2015 – TRT 23º REGIÃO – JUIZ DO TRABALHO) Mediante suborno, João, ouvido como testemunha em processo trabalhista, fez afirmação falsa. No caso, a) João responderá pelo crime de falso testemunho, sem aumento de pena, cabível apenas quando o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal. b) compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de falso testemunho verificado. c) aquele que deu dinheiro a João para que prestasse depoimento falso não incidirá nas penas do crime de falso testemunho previsto no art. 342 do Código Penal. d) João responderá pelo crime de falso testemunho, tal qual ocorreria se tivesse prestado o depoimento na condição de parte. e) haverá extinção da punibilidade pela abolitio criminis se João se retratar após o trânsito em julgado da sentença no processo em que ocorreu o falso testemunho. COMENTÁRIOS Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 92 338 A) ERRADA: Item errado, pois o crime foi cometido mediante suborno, o que também autoriza a aplicação da causa de aumento de pena, nos termos do art. 342, §1º do CP. B) ERRADA: Item errado, pois em se tratando de crime praticado em processo trabalhista, há interesse da União (trata-se de Justiça Federalizada), de maneira que a competência é da Justiça estadual. O STJ editou a súmula 165 em relação ao caso: Súmula 165 Compete à Justiça Federal processar e julgar crime de falso testemunho cometido no processo trabalhista. C) CORRETA: Item correto. Neste caso, temos o que se chama de exceção à teoria monista, pois cada um dos agentes responderá por um tipo penal próprio. No caso, o agente que oferece o suborno responderá pelo delito de corrupção ativa de testemunha, previsto no art. 343 do CP: Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) D) ERRADA: Item errado, pois o art. 342 do CP não se aplica àquele que pratica a conduta na qualidade de PARTE no processo, apenas àquele que pratica a conduta na qualidade de testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete. E) ERRADA: Item errado, pois a extinção da punibilidade só ocorrerá se o agente se retratar antes da sentença (e não depois do trânsito em julgado), nos termos do art. 342, §2º do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. 59. (FCC - 2011 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - TÉCNICO JUDICIÁRIO - SEGURANÇA) Maria procurou Ana, que ia ser submetida a julgamento perante o Tribunal do Júri por crime de infanticídio e, dizendo-se amiga de dois jurados, solicitou a quantia de R$ 5.000,00 para influir a seu favor no julgamento destes. Maria responderá por crime de A) estelionato. B) corrupção ativa. C) exploração de prestígio. D) advocacia administrativa. E) favorecimento pessoal. COMENTÁRIOS Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 93 338 O crime praticado por Maira, no caso citado, é o de exploração de prestígio, previsto no art. 357 do CP: Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. 60. (FCC - 2011 - TRF - 1ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - EXECUÇÃO DE MANDADOS) A respeito dos Crimes contra a Administração da Justiça, considere: I. No delito de comunicação falsa de crime ou contravenção, há indicação expressa de pessoa determinada como autora da infração. II. No delito de denunciação caluniosa, não há indicação expressa de determinada pessoa como autora da infração. III. A vítima de um crime não comete crime de falso testemunho se calar a verdade em processo judicial. IV. No delito de falso testemunho, o fato deixa de ser punível se o agente se retrata ou declara a verdade até o trânsito em julgado da sentença ou do acórdão proferido no processo em que ocorreu a falsidade. Está correto o que se afirmar SOMENTE em: A) III. B) I, II e III. C) I e IV. D) II, III e IV. E) I, II e IV. COMENTÁRIOS I. ERRADA: Não é necessária a indicação de pessoa autora do delito, bastando a informação falsa acerca da existência do FATO; II. ERRADA: No Crime de denunciação caluniosa é indispensável que o agente proceda à individualização e determinação da pessoa a qual ele imputa o crime de que sabe ser a pessoa inocente. Nos termos do art. 339 do CP: Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 94 338 III. CORRETA: O CP não prevê a figura da vítima como autora do crime de falso testemunho. Vejamos: Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. IV. ERRADA: O fato só deixa de ser punível se a retratação ocorre até a sentença RECORRÍVEL, e não até o trânsito em julgado da sentença. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A. 61. (FCC - 2011 - TRE-TO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Arrebatamento de preso é classificado como crime A) de abuso de autoridade. B) praticado por particular contra a administração em geral. C) praticado por funcionário público contra a administração em geral. D) contra a fé pública. E) contra a administração da Justiça. COMENTÁRIOS O crime de “arrebatamento de preso” está previsto no art. 353 do CP, estando incluído, portanto, no capítulo referente aos crimes contra a administração da justiça. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETAÉ A LETRA E. 62. (FCC - 2010 - TRE-RS - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA) Quanto ao crime de exercício arbitrário das próprias razões, somente se procede mediante queixa se A) cometido por ascendente, descendente, cônjuge ou irmão da vítima. B) não há emprego de violência. C) cometido para satisfazer pretensão legítima. D) visa a recuperar coisa própria que se acha em poder de terceiro por determinação judicial. E) não há dano ao patrimônio público. COMENTÁRIOS No crime de exercício arbitrário das próprias razões, o crime é, em regra, de ação penal pública incondicionada. Entretanto, se não há violência, somente se procede mediante queixa (ação penal privada), nos termos do § único do art. 345 do CP: Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 95 338 Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 63. (FCC - 2006 - TRF - 1ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Paulo e Pedro alugaram um helicóptero e, com a utilização da corda de salvamento, possibilitaram a fuga do chefe da quadrilha a que pertenciam, içando-o do pátio da penitenciária onde cumpria pena privativa de liberdade. Nesse caso, Paulo e Pedro responderão por crime de A) arrebatamento de preso. B) motim de presos. C) fuga de pessoa presa. D) favorecimento pessoal. E) evasão mediante violência. COMENTÁRIOS Paulo e Pedro, neste caso, cometeram o crime de “fuga de pessoa presa”, previsto no art. 351 do CP. Vejamos: Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a medida de segurança detentiva: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Cuidado com a pegadinha, povo! O crime de “arrebatamento de preso” só ocorrerá se o dolo específico do agente for o de arrebatar o preso para MALTRATÁ-LO, o que não ocorreu no caso concreto. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. 64. (FCC - 2009 - MPE-SE - ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO - ESPECIALIDADE DIREITO) Aquele que solicita dinheiro a pretexto de influir em órgão do Ministério Público pratica o crime de A) condescendência criminosa. B) advocacia administrativa. C) tráfico de influência. D) patrocínio infiel. E) exploração de prestígio. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 96 338 COMENTÁRIOS A conduta daquele que solicita dinheiro (ou qualquer outra vantagem) a pretexto de influir em órgão do MP, jurado, testemunha, etc., comete o crime de “exploração de prestígio”, previsto no art. 357 do CP: Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E. 65. (FCC - 2010 - TRF - 4ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Paulo auxilia seu irmão, autor de crime a que é cominada pena de reclusão, a subtrair-se à ação de autoridade pública. Nesse caso, Paulo A) comete crime de fraude processual. B) comete crime de favorecimento real, com redução da pena aplicada em metade. C) comete crime de favorecimento pessoal, com redução da pena aplicada em metade. D) fica isento de pena. E) comete crime de favorecimento real. COMENTÁRIOS A conduta daquele que auxilia alguém, que acabara de cometer crime, a subtrair-se da autoridade policial, é considerada crime de FAVORECIMENTO PESSOAL. No entanto, o §2° do art. 348 prevê que se o favorecedor for irmão, descendente, ascendente ou cônjuge do favorecido, ficará isento de pena. Vejamos: Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. (...) § 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. Lembrando que essa ressalva só se aplica ao favorecimento pessoal, não ao favorecimento real. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 97 338 66. (FCC - 2009 - TRT - 3ª REGIÃO (MG) - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA - EXECUÇÃO DE MANDADOS) Quem dá causa à instauração de investigação policial ou de processo judicial contra alguém, imputando-lhe crime, sem ter certeza de ser ele o autor do delito, A) não comete nenhum delito. B) comete crime de denunciação caluniosa, na forma dolosa. C) comete crime de comunicação falsa de crime, na forma dolosa. D) comete crime de denunciação caluniosa, na forma culposa. E) comete crime de comunicação falsa de crime, na forma culposa. COMENTÁRIOS Para que o crime de comunicação falsa de crime ocorra, é necessário que o agente comunique à autoridade policial um fato que SABE NÃO TER OCORRIDO. Para a caracterização do delito de denunciação caluniosa é necessário que o agente dê causa à instauração do procedimento contra pessoa certa e determinada, em razão da prática de crime, SABENDO DE SUA INOCÊNCIA. Assim, fica claro que a conduta daquele que dá causa à instauração de investigação policial contra pessoa que não tem certeza se é ou não inocente, NÃO COMETE CRIME ALGUM, pois se exige o dolo, consistente na vontade de denunciar caluniosamente alguém que SABE SER INOCENTE. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A. 67. (FCC - 2009 - TRT - 3ª REGIÃO (MG) - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) José encontrava-se preso, cumprindo pena por crime de roubo. Em determinado dia, trocou de roupa com um visitante e fugiu pela porta de entrada do presídio. Nesse caso, José A) cometeu crime de fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança. B) cometeu crime de arrebatamento de preso. C) não cometeu nenhum crime, porque não empregou violência contra a pessoa. D) cometeu crime de fraude processual. E) cometeu crime de favorecimento pessoal. COMENTÁRIOS Por mais que possa parecer estranho, José não cometeu crime algum, pois a fuga do preso só é considerada crime, para ele (preso), quando o preso emprega violência na fuga, caracterizando o crime de evasão mediante violência contra a pessoa, previsto no art. 352 do CP: Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência. A conduta do preso, no entanto, é considerada falta grave pela LEP, mas não crime, neste caso. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 98 338 Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. 68. (FCC - 2007 - TRF-2R - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) A pessoa que confessa, perante autoridade policial, delito inexistente, A) não pratica nenhum delito. B) pratica crime de autoacusação falsa. C) pratica crime de falso testemunho. D) pratica crime de comunicação falsa de crime. E) pratica crime de denunciação caluniosa. COMENTÁRIOS O crime praticado por quem afirma ter praticado crime que não ocorreu é o de AUTOACUSAÇÃO FALSA, nos termos do art. 341 do CP. Vejamos: Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem: Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. Lembrando que este crime somente pode ser praticado por alguém“externo” ao crime, ou seja, alguém que dele não participou. O comparsa que assume a culpa sozinho para “livrar a cara” do outro comparsa não pratica este crime. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 69. (FCC - 2007 - TRF-2R - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA - EXECUÇÃO DE MANDADOS) O reingresso no território nacional de estrangeiro expulso do País, sem autorização de autoridade competente e sem que tenha sido revogada a expulsão A) não caracteriza crime definido no Código Penal se a expulsão foi injusta. B) não caracteriza crime, estando o agente sujeito apenas a nova expulsão. C) não caracteriza crime definido no Código Penal e o agente só está sujeito a nova expulsão se cometer delito apenado com reclusão. D) caracteriza crime definido no Código Penal e sujeita o agente apenas a nova expulsão após o término do processo. E) caracteriza crime definido no Código Penal, estando o agente sujeito a pena privativa de liberdade sem prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da pena. COMENTÁRIOS A conduta praticada pelo estrangeiro expulso, consistente em reingressar no território nacional, sem autorização para tanto, configura o crime de “reingresso de estrangeiro expulso”, previsto no art. 338 do CP. Vejamos: Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 99 338 Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso: Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da pena. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E. 70. (FCC - 2007 - TRF-4R - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA - EXECUÇÃO DE MANDADOS) Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite, configura crime de A) peculato. B) abuso de poder. C) exercício arbitrário das próprias razões. D) concussão. E) prevaricação. COMENTÁRIOS A conduta daquele que faz justiça com as próprias mãos caracteriza o crime de “exercício arbitrário das próprias razões”, previsto no art. 345 do CP: Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. 71. (FCC - 2013 - TCE-SP - AUDITOR DO TRIBUNAL DE CONTAS) O crime de coação no curso do processo a) não se caracteriza quando da violência empregada contra testemunha para forçá-la a não dizer a verdade não resultaram lesões corporais. b) só pode ser praticado pelas partes, jamais por estranhos à relação processual ou pelo advogado de qualquer delas. c) exige apenas o dolo genérico, sendo desnecessária a finalidade de favorecer interesse próprio ou alheio. d) não se caracteriza quando o autor do delito ameaça de morte o escrivão de polícia no curso do inquérito policial, com o fim de impedir o seu indiciamento. e) consuma-se com a prática da violência ou grave ameaça, pouco importando se o agente conseguiu ou não a abstenção ou omissão da vítima em declarar ou apurar a verdade. COMENTÁRIOS Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 100 338 A) ERRADA: O crime se consuma com o mero exercício da violência pelo agente, imbuído da intenção de favorecer interesse próprio ou alheio no processo, na forma do art. 344 do CP; B) ERRADA: O item está errado, pois se trata de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa; C) ERRADA: O tipo penal deste delito exige, expressamente, que o agente pratique a conduta (usar da violência ou grave ameaça) com a finalidade específica de favorecer interesse próprio ou alheio. Vejamos: Coação no curso do processo Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena correspondente à violência. D) ERRADA: O item está errado pois, embora não seja o escrivão o responsável pelo indiciamento, isto é irrelevante, bastando que o agente pratique a conduta com a finalidade obter algum proveito (inclusive pode ter a finalidade forçar o Delegado a não indiciá-lo, utilizando a agressão ao escrivão como meio para isso); E) CORRETA: O item está correto, pois trata-se de crime formal, que não se consuma com a obtenção do resultado, mas com a mera prática da conduta visando o resultado. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E. 72. (FCC – 2012 – TJ/PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Paulus foi preso em flagrante e recolhido à cadeia pública de uma cidade do interior. No momento da alimentação, mediante violência física, dominou o carcereiro e tentou fugir, mas, na porta da delegacia, foi dominado por policiais que estavam chegando ao local. Paulus responderá por crime de A) arrebatamento de preso, na forma consumada. B) evasão mediante violência contra pessoa, na forma consumada. C) motim de presos, na forma consumada. D) evasão mediante violência contra pessoa, na forma tentada. E) fuga de pessoa presa, na forma tentada. COMENTÁRIOS Nesse caso Paulos cometeu o crime de evasão mediante violência contra a pessoa, NA FORMA CONSUMADA, eis que a ocorrência da evasão é irrelevante para a consumação do delito, que, nos termos do art. 352, se consuma com a simples tentativa de evasão do preso. Vejamos: Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 101 338 Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência. Assim, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 73. (FCC – 2012 – TJ/PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) A respeito do crime de fraude processual, é INCORRETO afirmar que A) pode ser praticado por qualquer pessoa, ainda que não interessada na solução do processo. B) pode ser praticado pelo procurador de qualquer das partes. C) é punido com detenção e sanção pecuniária na modalidade culposa. D) pode ocorrer em processo civil, penal e até em processo administrativo. E) é admissível a tentativa, pois a conduta descrita no tipo é fracionável. COMENTÁRIOS O crime de fraude processual está previsto no art. 347 do CP: Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro. Portanto, pode ocorrer em processo civil, penal e administrativo, bem como pode ser praticado por qualquer pessoa, incluindo o advogado das partes ou outra pessoa, ainda que não possua interesse na causa. Admite- se a tentativa, eis que se trata de crime plurissubsistente (a conduta é fracionável). Entretanto, não é previsto na modalidade culposa. Assim, a alternativa INCORRETA É A LETRA C. 74. (FCC – 2012 – TJ/PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Augustus compareceu ao distrito policial e acusou falsamente seu desafeto Paulus de ser o autor de crime de peculato, que sabia não ter se verificado. A autoridade policial lavrou um Boletim de Ocorrência, mas deixou de instaurar inquérito policial por ter constatado a falsidade da acusação. Nesse caso, Augustus A) responderá por tentativa de denunciação caluniosa. B) responderá por comunicaçãofalsa de crime, na forma consumada. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 102 338 C) responderá por denunciação caluniosa, na forma consumada D) responderá por tentativa de comunicação falsa de crime. E) não responderá por nenhum delito, porque o inquérito policial não chegou a ser instaurado. COMENTÁRIOS Nesse caso, como a conduta de Augustus foi imputar a uma pessoa um fato criminoso QUE NÃO EXISTIU, o crime em tela é o de comunicação falsa de crime. Vejamos: Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Será na forma consumada, eis que a autoridade praticou algum ato, ainda que o Inquérito não tenha sido instaurado. Não se trata de crime de denunciação caluniosa, eis que o infrator não acusou a pessoa de crime que sabia ser a pessoa inocente, pois nesse crime é pressuposto que o fato criminoso tenha existido, e a autoria seja falsamente imputada a alguém, o que não é o caso. Assim, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 75. (FCC – 2006 – TRF1 – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Paulo, valendo-se do anonimato, telefonou à polícia, informando falsamente que seu vizinho e desafeto José havia assaltado um banco situado nas proximidades. Instaurado inquérito policial, apurou-se que José era inocente e que o telefonema tinha vindo da residência de Paulo, que acabou confessando a prática do fato delituoso. Nesse caso, Paulo responderá por crime de A) comunicação falsa de crime. B) denunciação caluniosa. C) falso testemunho. D) fraude processual. E) auto-acusação falsa. COMENTÁRIOS Nesse caso, Paulo responderá por denunciação caluniosa, nos termos do art. 339 do CP. Vejamos: Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020) Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 103 338 Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto. § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção. A diferença para o crime de comunicação falsa de crime (art. 340) é que aqui, o fato ocorreu, mas a autoria é falsamente imputada a alguém. Já no crime de comunicação falsa de crime o FATO NÃO OCORREU. Assim, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 76. (FCC - 2012 – TCE/AP – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO) A respeito dos crimes contra a administração pública, considere: I. O funcionário público que não se encontra no exercício de suas funções não pode ser sujeito ativo de crime de prevaricação. II. O crime de advocacia administrativa não admite a forma tentada. III. O crime de denunciação caluniosa só é punível a título de dolo, enquanto o delito de comunicação falsa de crime ou contravenção admite a forma culposa. Está correto o que se afirma APENAS em A) I. B) I e II. C) I e III. D) II e III. E) III. COMENTÁRIOS Analisando cada item: I - CORRETA: Nos termos do art. 319, somente o funcionário público no exercício da função pode cometer o delito: Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. II - ERRADA: O crime de advocacia administrativa admite a forma tentada, pois é possível o fracionamento da conduta criminosa (crime plurissubsistente), de forma que nada impede a tentativa; III - ERRADA: Ambos os crimes admitem apenas a forma dolosa, por ausência de expressa previsão legal de punição da forma culposa. Vejamos: Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 104 338 Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. (...) Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Estando correta apenas a afirmativa I, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A. 77. (FCC – 2011 – TCE/SP - PROCURADOR) Quanto aos crimes contra a administração da justiça, é correto afirmar que A) não configura o crime de coação no curso do processo o uso de violência ou grave ameaça contra testemunha em processo administrativo, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio. B) as penas são aumentadas de um terço no delito de exploração de prestígio, se o agente insinua que o dinheiro solicitado, a pretexto de influir em testemunha, a esta também se destina. C) constitui favorecimento pessoal prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria ou receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime. D) configura o delito de auto-acusação falsa o ato da pessoa que, perante a autoridade, se atribui o cometimento de contravenção penal inexistente ou praticada por outrem. E) não incorre nas penas do delito de patrocínio infiel o advogado que defende na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. COMENTÁRIOS A) ERRADA - Essa conduta configura o crime de coação no curso do processo. Vejamos o art. 344 do CP: Coação no curso do processo Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena correspondente à violência. B) CORRETA - A afirmativa está correta, conforme previsão do art. 357, § único do CP: Exploração de prestígio Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 105 338 Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo. C) ERRADA - Nesse caso, o delito é de FAVORECIMENTO REAL, não favorecimento pessoal. Vejamos: Favorecimento real Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. D) ERRADA - O crime só se configura se o agente se atribui falsamente a prática de crime. Vejamos: Auto-acusação falsa Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem: Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. E) ERRADA - A conduta descrita caracteriza o delito de patrocínio infiel. Vejamos: Patrocínio infiel Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio,não pode ser “delegada” a uma terceira pessoa. Somente o próprio estrangeiro expulso, pessoalmente, pode praticar o delito. Nada impede que outra pessoa seja partícipe, auxiliando-o na prática do delito, desde que conheça sua condição de estrangeiro expulso, nos termos do art. 30 do CP. O tipo objetivo consiste em REINGRESSAR, o estrangeiro expulso, no território nacional. Assim, pressupomos três requisitos: Ter o estrangeiro sido expulso por ato do Presidente da República Ter saído do Brasil Ter retornado ao Brasil 1 CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 818 2 CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 819. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 314 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 7 338 Assim, não basta que o agente se recuse a sair do país. Nesse caso, o crime não se configura.3 Com relação ao momento da entrada no país (reingresso), a Doutrina diverge. Seria no momento em que ultrapassa as fronteiras do NOSSO TERRITÓRIO? Ou bastaria que entrasse em Território por extensão? A posição que prevalece (MUITO divergente) é a de que o tipo penal só abrange o Território propriamente dito, não abrangendo o território por extensão (navios e aeronaves militares brasileiros, por exemplo).4 Trata-se de crime material, conforme entendimento quase majoritário.5 A consumação se dá, como vimos, com o reingresso, e a tentativa é plenamente admissível. É possível, ainda, que o agente pratique o crime em estado de necessidade (Está sofrendo perseguição política no país de origem, e não tem para onde ir, ou o país de origem está em guerra, por exemplo). Neste caso, nada impede que se verifique a causa de exclusão da ilicitude. Aqui vai uma dica de Processo Penal: parcela da Doutrina (com decisões jurisprudenciais nesse sentido) vem entendendo que o CRIME É PERMANENTE6, logo, caberia prisão em flagrante a qualquer momento (camarada retornou ao país há 05 anos, por exemplo. Não importa, continuaria a situação de flagrância). Além disso, sendo crime permanente, aplicar-se-ia a súmula n° 711 do STF. Logo, se o estrangeiro ainda estivesse no Brasil e sobreviesse lei agravando a pena, ele responderia pela lei nova. A ação penal é pública incondicionada. 2 Denunciação caluniosa O crime de denunciação caluniosa está tipificado no art. 339 do CP: Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020) 3 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 315 4 Em sentido contrário, por exemplo, CEZAR ROBERTO BITENCOURT. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 314/315 5 CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 820 6 Cezar Roberto Bitencourt sustenta tratar-se de crime instantâneo de efeitos permanentes. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 316 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 8 338 ==1365fc== Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Busca-se tutelar o regular desenvolvimento das atividades policias, judiciárias e administrativas, de forma a não serem prejudicadas por indivíduos que pretendem prejudicar alguém sabidamente inocente, gerando transtornos (instauração de processo judicial, inquérito policial, etc.) para aquele que não praticou qualquer ato criminoso, ímprobo ou infração funcional. Protege-se, subsidiariamente, a honra da pessoa ofendida. Professor, então se o agente, nesse caso, der causa a instauração de um inquérito policial imputando a alguém sabidamente inocente a prática de um CRIME, responderá pelo crime de calúnia (art. 138 do CP) e por denunciação caluniosa? Não! O agente responderá só pelo último, pois ele absorve o crime de calúnia (alguns Doutrinadores chamam este crime de calúnia qualificada).7 Para a consumação do delito, é indispensável que haja a instauração de algum procedimento em face da pessoa a quem se imputa falsamente o ato. Esse procedimento instaurado pode ser: Inquérito policial (IP) – Procedimento investigatório conduzido pela autoridade policial (delegado de polícia), com vistas à apuração da materialidade e autoria de uma infração penal. Nesse caso a consumação se dá com a instauração do inquérito. Procedimento investigatório criminal (PIC) - Procedimento investigatório conduzido pelo Ministério Público, com vistas à apuração da materialidade e autoria de uma infração penal. Nesse caso a consumação se dá com a instauração do PIC. Processo judicial - Nesse caso a consumação se dá com o recebimento da ação penal. Processo administrativo disciplinar – Processo instaurado no âmbito da administração pública (não é processo judicial) com a finalidade de apurar a ocorrência de uma suposta infração ético-disciplinar por um determinado servidor público. Nesse caso a consumação se dá com a instauração do processo administrativo disciplinar. A mera instauração de investigação administrativa (procedimento preliminar ao processo administrativo disciplinar) não é suficiente para a consumação do delito. Inquérito civil – Procedimento preparatório à ação civil pública, destinado a investigar eventual ocorrência de atos danosos ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Nesse caso a consumação se dá com a instauração do inquérito civil. Ação de improbidade administrativa – Ação judicial movida pelo Ministério Público, com vistas à responsabilização de alguém pela prática de ato de improbidade 7 CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 821 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 9 338 administrativa (Lei 8.429/92). Nesse caso a consumação se dá com a instauração do inquérito. Caso o agente impute a alguém sabidamente inocente o fato (crime, infração ético-disciplinar ou ato de improbidade) mas não consiga obter seu intento (gerar a instauração de procedimento contra a pessoa), o crime não alcançará sua consumação, de forma que teremos o crime de denunciação caluniosa em sua forma tentada. Logo, temos aqui um crime material, na medida em que o resultado naturalístico previsto no tipo (instauração do procedimento contra o imputado) é necessário para a consumação do delito. O elemento subjetivo exigido pelo tipo é o dolo, a vontade livre e consciente de dar causa à instauração do procedimento contra a vítima, mediante a imputação sabidamente falsa. Frise-se que para a caracterização do delito é necessário que o agente saiba que o imputado (aquele a quem se imputa falsamente o fato) é inocente, não bastando que ele tenha dúvidas a respeito disso. Vamos a dois exemplos distintos: EXEMPLO: José e Maria namoraram por vários anos. Em certo dia, Maria, enjoada de olhar para a cara de José, decide terminar o relacionamento amoroso. José, revoltado, comparece à delegacia e narra ao delegado que Maria teria sido a autora de um crime de furto. José, todavia, sabe que Maria é inocente, e age assim apenas para prejudicá-la, criando para a ex-namorada transtornos junto ao aparato policial. O delegado, então, resolve instaurar inquérito policial para apurar os fatos noticiados por José. Há, aqui, o crime de denunciação caluniosa, em sua forma consumada. EXEMPLO 2: José e Pedro são amigos de longa data. Em certo dia, José convida Pedro para passar o fim de semana em sua casa na serra fluminense, na belíssima cidade de Petrópolis/RJ. Na segunda-feira, José se despede do amigo Pedro. Logo após, José sente falta de um relógio, que estaria guardado em seuem juízo, lhe é confiado: Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 78. (FCC – 2007 – ISS/SP - AUDITOR FISCAL TRIBUTÁRIO MUNICIPAL) O contador que, em declaração prestada em processo administrativo, cala a verdade pratica o crime de A) desacato. B) desobediência. C) fraude processual. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 106 338 D) condescendência criminosa. E) falso testemunho. COMENTÁRIOS O crime de falsa perícia ou falso testemunho, previsto no art. 342 do CP, e se caracteriza pela omissão, negação ou afirmação falsa em testemunho ou perícia de qualquer natureza, quando em processo administrativo, judicial, Juízo arbitral ou Inquérito Policial. Se consuma com a realização da conduta, SENDO CRIME FORMAL. Vejamos: Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. No caso concreto restou configurado, portanto, o crime de FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA. Portanto, a alternativa CORRETA É A LETRA E. 79. (FCC – 2012 – TRT18 – JUIZ) Configura o crime de coação no curso do processo o uso de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em a) processo judicial, havendo aumento da pena se ocorrer em feito penal. b) processo administrativo, mas não em inquérito policial. c) processo judicial de qualquer natureza, mas não em processo administrativo. d) juízo arbitral. e) inquérito policial e apenas em processo judicial penal. COMENTÁRIOS A conduta está tipificada no art. 344 do CP: Coação no curso do processo Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena correspondente à violência. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 107 338 80. (FCC – 2012 – TRF5 – ANALISTA JUDICIÁRIO-EXECUÇÃO DE MANDADOS) Em audiência judicial, o intérprete que, dolosamente, traduz declaração de testemunha de modo contrário ao teor do depoimento, todavia que se retrata por escrito, depois de proferida a sentença, mas antes do trânsito em julgado, a) não comete o crime de falso testemunho ou perícia por ocorrência de causa excludente da ilicitude. b) comete o crime de falso testemunho ou falsa perícia no modo tentado. c) não comete o crime de falso testemunho ou perícia, pois intérprete não é testemunha ou perito. d) comete o crime de falso testemunho ou perícia, mas está isento de pena pela retratação. e) comete o crime de falso testemunho ou falsa perícia no modo consumado. COMENTÁRIOS O agente, aqui, pratica o delito de falso testemunho, e não há extinção da punibilidade pela retratação, eis que foi realizada APÓS a sentença: Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) (...) § 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E. 81. (FCC - 2012 – TRT1 – JUIZ) NÃO constitui crime contra a administração da justiça a) a denunciação caluniosa. b) o exercício arbitrário das próprias razões. c) o favorecimento pessoal. d) o patrocínio infiel. e) a desobediência. COMENTÁRIOS O crime de desobediência não é um crime contra a administração da Justiça, e sim um crime praticado por particular contra a administração pública em geral, pois inserido no Capítulo II do Título XI do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 108 338 82. (FCC – 2012 – TRT11 – JUIZ) A retratação do agente, antes da sentença no processo em que ocorreu o falso testemunho, é causa a) de exclusão da imputabilidade. b) de extinção da punibilidade. c) de diminuição da pena. d) de exclusão da culpabilidade. e) supralegal de exclusão da ilicitude. COMENTÁRIOS A retratação, desde que ANTES da sentença (não é da sentença irrecorrível, mas da PRIMEIRA SENTENÇA no processo!), é causa de extinção da punibilidade, nos termos do art. 342, §2º do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 83. (FCC – 2012 – MPE-PE – TÉCNICO MINISTERIAL) Considere: I. Facilitar a fuga de pessoa legalmente presa. II. Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública o autor de crime a que é cominada pena de reclusão. Essas condutas tipificam, respectivamente, os delitos de a) fuga de pessoa presa ou submetida à medida de segurança e favorecimento pessoal. b) arrebatamento de preso e favorecimento real. c) motim de presos e favorecimento real. d) condescendência criminosa e favorecimento pessoal. e) arrebatamento de preso e favorecimento pessoal. COMENTÁRIOS As condutas caracterizam, respectivamente, os delitos de “fuga de pessoa presa” e “favorecimento pessoal”, nos termos dos arts. 351 e 348 do CP, respectivamente. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A. 84. (FCC – 2012 – TRF2 – ANALISTA JUDICIÁRIO) José percebeu que seu conhecido João havia cometido crime de desobediência e estava fugindo a pé, sendo perseguido por policiais. Em vista disso, despistou os milicianos e colocou João no interior de seu veículo, deixando o local e impedindo, dessa forma, a prisão em flagrante deste. Nesse caso, José responderá pelo crime de a) favorecimento pessoal privilegiado. b) favorecimento real. c) favorecimento pessoal em seu tipo fundamental. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 109 338 d) arrebatamento de preso. e) facilitar a fuga de pessoa presa. COMENTÁRIOS O agente praticou, aqui, o delito de FAVORECIMENTO PESSOAL, nos termos do art. 348 do CP: Favorecimento pessoal Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. § 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. Como o delito de desobediência, previsto no art. 330 do CP, é punido apenas com DETENÇÃO, o agente será enquadrado no §1º do art. 348, que é a forma “privilegiada” do delito, pois possui pena mais branda. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A. 85. (FCC – 2014 – TRT18 – JUIZ) No crime de exercício arbitrário das próprias razões, a ação penal é a) sempre pública condicionada. b) privada, se não há emprego de violência. c) sempre privada. d) pública condicionada, se não há emprego de violência. e) sempre pública incondicionada. COMENTÁRIOS A ação penal, neste delito, em regra será pública incondicionada,salvo se não houver violência, pois neste caso a ação penal será privada: Exercício arbitrário das próprias razões Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 110 338 Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 86. (FCC – 2014 – CÂMARA MUNICIPAL-SP – PROCURADOR) A testemunha retratou-se de seu depoimento anteriormente mendaz, agora para declarar a verdade nos autos do processo, o que ela fez às vésperas do julgamento da apelação respectiva. Segundo o entendimento hoje dominante na doutrina brasileira, pode-se afirmar: a) É caso de perdão judicial. b) Não se extingue a punibilidade, nem cabe perdão judicial. c) Extingue-se a punibilidade. d) Extingue-se a punibilidade, salvo se o crime tiver sido praticado mediante suborno ou com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta. e) Ocorre perempção COMENTÁRIOS A retratação, aqui, não terá o condão de levar à extinção da punibilidade, pois foi realizada APÓS a sentença (pois se já está às vésperas do julgamento da apelação, isso significa que já houve sentença), nos termos do art. 342, §2º do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 111 338 EXERCÍCIOS COMENTADOS 1. CEBRASPE (CESPE) - AJ 02 (TJ ES)/TJ ES/Judiciária/Direito/2023 Ava foi denunciada por ter oferecido vantagem econômica para que uma testemunha mentisse em depoimento colhido em ação civil. Um servidor da vara criminal solicitou grande quantia em dinheiro, alegando ser essa uma exigência do juiz para absolvê-la. O valor foi pago, entretanto houve condenação. O juiz não tinha conhecimento do suborno. A partir da situação hipotética apresentada, julgue o item a seguir, de acordo com as disposições do Código Penal. Quanto ao valor que foi pago ao servidor da vara criminal, a conduta de Ava é atípica. COMENTÁRIOS Item correto, pois o servidor que solicitou a quantia praticou o crime de exploração de prestígio, tipificado no art. 357 do CP. Ava, porém, ao pagar a quantia que foi solicitada, não cometeu crime algum, sendo, inclusive, vítima do crime de exploração de prestígio praticado pelo servidor, já que foi enganada pelo mesmo, figurando na posição do que a doutrina chama de “corruptora putativa”, ou seja, Ava acreditava estar atuando para corromper o Juiz, mas estava, na verdade, sendo vítima de um “golpe” aplicado por aquele que solicitou o dinheiro. Assim, a conduta de Ava é moralmente reprovável, mas não configura crime. GABARITO: Correta 2. CEBRASPE (CESPE) - AJ 02 (TJ ES)/TJ ES/Judiciária/Direito/2023 Ava foi denunciada por ter oferecido vantagem econômica para que uma testemunha mentisse em depoimento colhido em ação civil. Um servidor da vara criminal solicitou grande quantia em dinheiro, alegando ser essa uma exigência do juiz para absolvê-la. O valor foi pago, entretanto houve condenação. O juiz não tinha conhecimento do suborno. A partir da situação hipotética apresentada, julgue o item a seguir, de acordo com as disposições do Código Penal. Ava não seria punida em relação ao depoimento falso ocorrido na ação civil se, antes da sentença penal, houvesse declarado a verdade dos fatos. COMENTÁRIOS Item errado. Primeiramente, a extinção da punibilidade em relação ao falso testemunho somente ocorre quando o agente se retrata e declara a verdade antes da sentença no processo em que foi praticado o crime de falso testemunho, ou seja, o autor do falso testemunho deveria se retratar Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 112 338 antes da sentença no processo civil, o processo no qual prestou depoimento falso, nos termos do art. 342, §2º do CP. Em segundo lugar, Ava não praticou falso testemunho, e sim o crime de corrupção ativa de testemunha, previsto no art. 343 do CP, para o qual não há previsão de extinção da punibilidade pela retratação: Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) GABARITO: Errada 3. CEBRASPE (CESPE) - Proc (MP TCERJ)/TCE RJ/2023 Considerando os crimes contra a administração pública, julgue o item a seguir. O gestor que promete vantagem a contador para que este apresente conclusões falsas em perícia a ser juntada em processo em que for parte a administração pública comete o crime de falso testemunho ou falsa perícia, em coautoria. COMENTÁRIOS Item errado, pois o agente nesse caso não pratica falso testemunho (art. 342 do CP), e sim o crime de corrupção ativa específica, previsto no art. 343 do CP: Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) GABARITO: Errada Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 113 338 4. CEBRASPE (CESPE) - AJ 02 (TJ ES)/TJ ES/Judiciária/Direito/2023 Ava foi denunciada por ter oferecido vantagem econômica para que uma testemunha mentisse em depoimento colhido em ação civil. Um servidor da vara criminal solicitou grande quantia em dinheiro, alegando ser essa uma exigência do juiz para absolvê-la. O valor foi pago, entretanto houve condenação. O juiz não tinha conhecimento do suborno. A partir da situação hipotética apresentada, julgue o item a seguir, de acordo com as disposições do Código Penal. A conduta do servidor configura o crime de exploração de prestígio, de ação penal pública incondicionada, com causa de aumento de pena. COMENTÁRIOS Item correto, pois o servidor que solicitou a quantia praticou o crime de exploração de prestígio, majorado em um terço, pois o agente alegou ou insinuou que o dinheiro também era destinado ao Juiz, nos termos do art. 357, parágrafo único, do CP: Exploração de prestígio Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo.Ava, por sua vez, ao pagar a quantia que foi solicitada, não cometeu crime algum, sendo, inclusive, vítima do crime de exploração de prestígio praticado pelo servidor, já que foi enganada pelo mesmo, figurando na posição do que a doutrina chama de “corruptora putativa”, ou seja, Ava acreditava estar atuando para corromper o Juiz, mas estava, na verdade, sendo vítima de um “golpe” aplicado por aquele que solicitou o dinheiro. GABARITO: Correta 5. (CESPE / 2022 / PCRO / AGENTE) O indiciado por latrocínio que altera suas feições por cirurgia plástica para evitar ser responsabilizado criminalmente não comete crime. COMENTÁRIOS Item errado, pois a conduta pode configurar o crime de fraude processual, previsto no art. 347 do CP: Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 114 338 Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. GABARITO: ERRADA 6. (CESPE / 2022 / PCRO / AGENTE) É isenta de pena a conduta da mãe do criminoso que, não sendo coautora ou receptadora, lhe presta auxílio para tornar seguro o proveito do crime. COMENTÁRIOS Item errado, pois não há isenção de pena em relação ao crime praticado, que é o de favorecimento real, previsto no art. 349 do CP. A isenção de pena pelo parentesco é prevista em relação ao favorecimento pessoal, crime do art. 348, não sendo aplicável ao favorecimento real: Favorecimento pessoal Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. § 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. § 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. Favorecimento real Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. GABARITO: ERRADA 7. (CESPE / 2022 / PCRO / AGENTE) É atípica a conduta do indivíduo que assume perante a autoridade policial a prática de contravenção penal cometida por outra pessoa. COMENTÁRIOS Item errado, pois tal conduta configura o crime de autoacusação falsa de crime, nos termos do art. 341 do CP: Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 115 338 Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem: Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. GABARITO: ERRADA 8. (CESPE / 2022 / PCRO / AGENTE) Fernando praticou conduta criminosa contra a administração da justiça utilizando-se de nome suposto, o que configura causa de aumento de pena nesse tipo penal. Da leitura dessa situação conclui-se que Fernando praticou o crime de A) denunciação caluniosa. B) comunicação falsa de crime ou de contravenção penal. C) reingresso de estrangeiro expulso. D) patrocínio simultâneo ou tergiversação. E) E coação no curso do processo. COMENTÁRIOS O agente, aqui, praticou o crime de denunciação caluniosa, previsto no art. 339 do CP, pois para tal há aumento de pena de um sexto a um terço caso o agente se valha de anonimato ou de nome falso: Art. 339. Dar causa a ̀ instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto. GABARITO: LETRA A 9. (CESPE / 2022 / PGDF / PROCURADOR) O item a seguir, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada em relação a diversos tipos de crimes e espécies de penas aplicáveis. Julgue-o à luz da legislação penal e do entendimento dos tribunais superiores. Raquel encontrou Beatriz na rua, que lhe devia a quantia de R$ 1.000, e passou a exigir que esta lhe entregasse o aparelho celular como pagamento da dívida. Na oportunidade, Raquel puxou o braço de Beatriz e abriu a bolsa de sua devedora, que, todavia, conseguiu fugir do local mantendo seu telefone celular. Nessa situação, Raquel praticou o crime de exercício arbitrário das próprias razões na modalidade consumada. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 116 338 COMENTÁRIOS Item correto, pois o crime em questão é o de exercício arbitrário das próprias razões, já que Raquel não buscava uma vantagem indevida, mas sim satisfazer uma pretensão legítima (de ressarcimento pela dívida), embora não tenha autorização legal para fazer o que fez (“fazer justiça pelas próprias mãos”): Exercício arbitrário das próprias razões Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. Trata-se de crime consumado, eis que é pacífico o entendimento no sentido de se tratar de crime formal, consumando-se com a prática da conduta visando à satisfação da pretensão, ainda que o agente não consiga alcançar seu intento: 1. Pela interpretação da elementar "para satisfazer", conclui-se ser suficiente, para a consumação do delito do art. 345 do Código Penal, que os atos que buscaram fazer justiça com as próprias mãos tenham visado obter a pretensão, mas não é necessário que o Agente tenha conseguido efetivamente satisfazê-la, por meio da conduta arbitrária. A satisfação, se ocorrer, constitui mero exaurimento da conduta. 2. Por se tratar de crime formal, uma vez praticados todos os atos executórios, consumou-se o delito, a despeito de o Recorrente não ter logrado êxito em sua pretensão, que era a de pegar o celular de propriedade da vítima, a fim de satisfazer dívida que esta possuía com ele. 3. Recurso especial desprovido. (REsp n. 1.860.791/DF, relatora Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, julgado em 9/2/2021, DJe de 22/2/2021.) GABARITO: CORRETA 10. (CESPE / 2022 / PCPB / ESCRIVÃO) O carro de Pedro foi apreendido por força de mandado de busca e apreensão expedido por juízo cível competente, para servir de garantia a uma dívida executada judicialmente. Conforme ordenado, o veículo apreendido foi levado para o pátio aberto do DETRAN, onde deveria ficar até ulterior decisão judicial que nomeasse a pessoa do diretor da referida instituição como depositário. Contudo, inconformado com a apreensão do veículo, Pedro foi ao local e, utilizando uma chave mestra, retirou-o de lá sem que os funcionários percebessem. Nessa situação hipotética, Pedro praticou A) crime de furto de coisa comum, previsto no art. 156 do CP, pois subtraiu o veículo de quem legitimamente o detinha. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 117 338 B) uma forma especial do crime de exercício arbitrário das próprias razões, tipificado no art. 346 do CP, pois resolveu fazer justiça com as próprias mãos. C) crime de desobediência a decisão judicial, previsto no art. 359 do CP, pois exerceu direito do qual estava suspenso. D) delito contra a administração da justiça, tipificado no art. 358 do CP, pois impediu arrematação judicial. E) crime de furto qualificado pelo emprego de chave falsa e pela destreza com que ludibriou os funcionários do DETRAN. COMENTÁRIOS Nessa situação, Pedro praticou uma formaespecial do crime de exercício arbitrário das próprias razões, tipificado no art. 346 do CP, pois resolveu fazer justiça com as próprias mãos, subtraindo coisa própria, mas que se achava em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção: Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. GABARITO: LETRA B 11. (CESPE / 2022 / PCPB / ESCRIVÃO) De acordo com o Código Penal brasileiro, a conduta de solicitar dinheiro a pretexto de influir em ato praticado por perito judicial caracteriza o crime de A) exploração de prestígio. B) corrupção passiva. C) corrupção ativa. D) tráfico de influência. E) advocacia administrativa. COMENTÁRIOS Tal conduta configura o crime de exploração de prestígio, tipificado no art. 357 do CP. Vejamos: Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Frise-se que, nos termos do § único do mesmo artigo, a pena será aumentada de um terço se o agente alegar ou insinuar que o dinheiro ou utilidade também se destina ao perito. GABARITO: LETRA A Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 118 338 12. (CESPE / 2022 / SERES-PE / POLICIAL PENAL) Aníbal praticou um furto e, no dia seguinte, pediu a Beto que guardasse o objeto subtraído, porque Aníbal estava sendo procurado pela polícia. Um mês depois, Aníbal reencontrou Beto, recuperou o objeto furtado e o levou consigo. Nesse caso hipotético, Beto A) foi partícipe de furto. B) foi coautor de furto. C) praticou favorecimento pessoal. D) praticou favorecimento real. E) praticou conduta atípica. COMENTÁRIOS O agente, aqui, praticou o crime de favorecimento real, previsto no art. 349 do CP: Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. GABARITO: LETRA D 13. (CESPE / 2022 / PCPB / DELEGADO) O filho de um tesoureiro furtou certa quantia em dinheiro da associação em que o pai trabalha. O tesoureiro, sabendo do fato, atribuiu a autoria do delito ao faxineiro da associação após, por insistência da diretoria, ter registrado a ocorrência policial e solicitado instauração do inquérito policial. Considerando-se as informações apresentadas, é correto afirmar que, nesse caso, o tesoureiro responderá por A) calúnia. B) favorecimento real. C) falso testemunho. D) comunicação falsa de crime. E) denunciação caluniosa. COMENTÁRIOS O agente, aqui, praticou o crime de denunciação caluniosa, previsto no art. 339 do CP, por ter atribuído a autoria de tal delito a uma pessoa sabidamente inocente: Art. 339. Dar causa a ̀ instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 119 338 alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. GABARITO: LETRA E 14. (CESPE / 2021 / PF / DELEGADO) Com relação aos crimes contra a fé pública, julgue o item que se segue. O advogado de réu pode vir a responder pelo crime de falso testemunho, na hipótese de induzir testemunha a prestar determinado depoimento. COMENTÁRIOS Item correto, pois apesar de o crime de falso testemunho ser considerado um crime de mão-própria, ou seja, um crime que não admite delegação da execução (só pode ser praticado direta e pessoalmente pela própria testemunha), é perfeitamente possível que uma terceira pessoa seja partícipe do delito, induzindo, instigando ou auxiliando a testemunha a mentir em Juízo. Assim, caso o advogado induza a testemunha a prestar afirmação falsa em Juízo, deverá responder pelo crime de falso testemunho, na qualidade de partícipe, nos termos do art. 342 c/c art. 29 do CP. GABARITO: CORRETA 15. (CESPE / 2020 / MPE-CE / ANALISTA) Acerca dos princípios aplicáveis ao direito penal e das disposições gerais acerca dos crimes contra o patrimônio, contra a dignidade sexual e contra a administração pública, julgue o item a seguir. No crime de favorecimento pessoal, a prestação de auxílio por irmão do criminoso configura hipótese de redução de pena. COMENTÁRIOS Item errado, pois no crime de favorecimento pessoal, a prestação de auxílio por irmão do criminoso configura hipótese de ISENÇÃO de pena, nos termos do art. 348, §2º do CP: Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. (...) § 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. GABARITO: ERRADA Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 120 338 16. (CESPE – 2019 – TCE-RO – PROCURADOR) Carlos, servidor público municipal, negou-se, após sua função ter sido alterada, a devolver um notebook do município que lhe fora cedido em razão de seu cargo para realização de serviços que não mais faria para a prefeitura. Na delegacia, Carlos informou falsamente à autoridade policial que o aparelho havia sido furtado por alguém desconhecido. Durante a investigação policial, verificou-se que o notebook era utilizado, na realidade, pela filha do servidor, para fins particulares. Considerando-se essa situação hipotética, a legislação penal vigente e o entendimento sumulado do STJ, é correto afirmar que Carlos responderá por A) peculato-furto e denunciação caluniosa. B) peculato-desvio e falsa comunicação de crime. C) peculato mediante erro de outrem e denunciação caluniosa. D) fraude processual e falsa comunicação de crime. E) favorecimento real e fraude processual. COMENTÁRIOS O agente, aqui, evidentemente praticou o crime de peculato, art. 312 do CP, na modalidade de peculato-desvio, pois desviou o bem público em proveito alheio. Especificamente em relação aos crimes contra a administração da Justiça, o agente praticou o crime de comunicação falsa de crime ou contravenção, previsto no art. 340 do CP: Comunicação falsa de crime ou de contravenção Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. O agente, aqui, apenas comunica a ocorrência de um crime que não ocorreu, sem, contudo, imputar o fato a alguém que sabe ser inocente (o que configuraria o crime de denunciação caluniosa). GABARITO: LETRA B 17. (CESPE – 2018 – ABIN – AGENTE DE INTELIGÊNCIA) Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item a seguir. Situação hipotética: Com o intuito de prejudicar a candidatura de Flávio, seu concorrente eleitoral, Alberto procurou uma delegacia de polícia e imputou falsamente a Flávio os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Reduzida a termo essas declarações, a autoridade policial instaurou inquérito policial para apurar os delitos. Assertiva: Nessa situação, Alberto responderá pelo crime de fraude processual. COMENTÁRIOS Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 121 338 Item errado, pois o agente, nesse caso, praticou o delito de denunciação caluniosa, previsto no art. 339 do CP, já que imputou falsamente a seu concorrente eleitorala prática de crimes que sabia não terem sido por ele praticados. Como a questão é de 2018, o crime praticado é o de denunciação caluniosa, do art. 339 do CP. Todavia, vale frisar que atualmente, com a criação do art. 326-A no Código Eleitoral (criado pela Lei 13.834/19), a conduta configura crime eleitoral: Art. 326-A. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, de investigação administrativa, de inquérito civil ou ação de improbidade administrativa, atribuindo a alguém a prática de crime ou ato infracional de que o sabe inocente, com finalidade eleitoral: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 18. (CESPE – 2018 – ABIN – AGENTE DE INTELIGÊNCIA) Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item a seguir. Situação hipotética: Gustavo, sabedor de um crime praticado por seu filho Cácio, procurou a autoridade policial e assumiu a autoria do delito, com o objetivo de impedir que ele fosse processado e condenado. Assertiva: Nessa situação, a conduta de Gustavo configura o tipo penal de autoacusação falsa. COMENTÁRIOS Item correto, pois tal conduta, de fato, configura o crime de autoacusação falsa, previsto no art. 341 do CP: Auto-acusação falsa Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem: Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. 19. (CESPE – 2018 – PC-MA – ESCRIVÃO) Rui e Lino, irmãos, combinaram a prática de furto a uma loja. Depois de subtraídos os bens, Pedro, pai de Rui e de Lino, foi procurado e permitiu, em benefício dos filhos, a ocultação dos objetos furtados em sua residência por algum tempo, porque eles estavam sendo investigados. Nessa situação hipotética, a conduta de Pedro configura a) receptação. b) favorecimento real. c) favorecimento pessoal. d) hipótese de isenção de pena. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 122 338 e) furto. COMENTÁRIOS Neste caso, Pedro praticou o crime de favorecimento real, previsto no art. 349 do CP: Favorecimento real Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 20. (CESPE – 2017 – TRF1 – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) No que se refere aos crimes contra a administração da justiça, julgue o item seguinte. Situação hipotética: Jonas usou de grave ameaça contra perito com o objetivo de favorecer os interesses da empresa onde trabalha, que está envolvida em contenda submetida ao juízo arbitral. Assertiva: Nessa situação, o crime cometido por Jonas é tipificado como coação no curso do processo. COMENTÁRIOS Item correto, pois esta é a exata previsão contida no art. 344 do CP, que criminaliza a conduta daquele que “usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral”, tipificando-a como “coação no curso do processo”. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. 21. (CESPE – 2017 – TRF1 – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) No que se refere aos crimes contra a administração da justiça, julgue o item seguinte. As condutas subornar testemunha, coagir no curso do processo e fraudar o processo, caso tenham por escopo obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, configuram causas de aumento de pena. COMENTÁRIOS Item errado, pois apesar de tal circunstância ser causa de aumento de pena nos crimes dos arts. 343 e 347, não é causa de aumento de pena em relação ao crime de coação no curso do processo (art. 344 do CP), motivo pelo qual a afirmativa está errada. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 22. (CESPE – 2017 – TRF1 – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) No que se refere aos crimes contra a administração da justiça, julgue o item seguinte. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 123 338 O crime de suborno de testemunha só será consumado com a efetiva realização de depoimento em juízo, no qual sejam feitas afirmações falsas ou seja negada ou silenciada a verdade. COMENTÁRIOS Item errado, pois se trata de crime formal, consumando-se com a mera prática da conduta, ou seja, tal delito se consuma quando o agente dá, oferece ou promete o dinheiro ou qualquer outra vantagem à testemunha. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 23. (CESPE – 2017 – TRF1 – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) No que se refere aos crimes contra a administração da justiça, julgue o item seguinte. O crime de fraude processual, que consiste na inovação artificiosa do estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o objetivo de induzir o julgador a erro, tem incidência em demandas que tramitam junto a juízo arbitral. COMENTÁRIOS Item errado, pois o tipo penal do art. 347 c/c seu § único, tipifica como fraude processual a conduta daquele que inova, artificiosamente, na pendência de processo civil, penal (ou nas etapas anteriores do processo penal) ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito, não abarcando, portanto, o juízo arbitral. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 24. (CESPE – 2017 – TRF1 – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) O canadense Michael, após cumprir pena no Brasil por tráfico internacional de drogas, teve decretada sua expulsão do país. No entanto, quando foi determinada a execução da medida compulsória de sua retirada, Michael não foi localizado, permanecendo no Brasil. No ano seguinte ao ato executório, ele foi detido em região de fronteira, em território brasileiro, com mercadoria nacional, destinada à exportação. Com referência a essa situação hipotética, julgue o item a seguir. Michael praticou o crime de reingresso de estrangeiro expulso: a sua permanência em território nacional, de acordo com o Código Penal, é equiparada a reingresso. COMENTÁRIOS Item errado, pois o crime de reingresso de estrangeiro expulso não se verifica quando o agente, uma vez expulso, deixa de sair do país, descumprindo o decreto de expulsão. Tal delito só se verifica quando o agente, uma vez expulso, sai do Brasil e depois retorna, na forma do art. 338 do CP. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 25. (CESPE – 2017 – TRF1 – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUSTIÇA) Julgue o item subsequente, relativo a crimes contra a administração pública. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 124 338 A distinção fundamental entre os tipos penais tráfico de influência e exploração de prestígio diz respeito à pessoa sobre a qual recairá a suposta prática delitiva. COMENTÁRIOS Item correto, pois, de fato, a diferença fundamental entre os crimes dos arts. 332 e 357 do CP reside na figura daquele que seria o suposto destinatário da influência exercida pelo infrator. No crime de tráfico de influência este suposto destinatário da influência pode ser qualquer funcionário público. Na exploração de prestígio somente aquelas figuras ali indicadas (testemunha, juiz, membro do MP, etc.). Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. 26. (CESPE – 2017 – TRF1 – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUSTIÇA) Julgue o item subsequente, relativo a crimes contra a administração pública. Situação hipotética: Enquanto aguardava a audiência de custódia, um indivíduo preso em flagrante pelo delito de tráfico internacional de drogas pediu para ir ao banheiro. Por descuido dos agentes, quebrou uma janela e, mediante grave ameaça, conseguiu fugir. Assertiva: Nessa situação, a evasão do preso é considerada atípica, pois ocorreu violência apenascontra a coisa. COMENTÁRIOS Item correto, pois esta é a exata previsão contida no art. 352 do CP, que exige que a conduta seja praticada mediante violência contra a pessoa para que tenhamos o crime do art. 352 do CP. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. 27. (CESPE – 2017 – TRF1 – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUSTIÇA) Julgue o item subsequente, relativo a crimes contra a administração pública. O crime de tergiversação é caracterizado pela conduta do advogado que, após ter sido dispensado por uma das partes, tiver assumido a defesa da parte contrária na mesma causa. A sua consumação exige a prática de ato processual, não bastando a simples outorga de procuração. COMENTÁRIOS Item correto, pois este é o entendimento doutrinário a respeito da consumação do crime de tergiversação, no sentido de que é necessária a prática de qualquer ato pelo causídico, em defesa da causa da parte contrária. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. 28. (CESPE – 2017 – TRE-BA – ANALISTA – ÁREA ADMINISTRATIVA) Marcos estava sendo acusado de roubo. Preocupado com o futuro de Marcos, que havia recentemente sido aprovado em um concurso para a carreira policial, Carlos, pai de Marcos, comunicou à autoridade ser o autor do roubo e assumiu, em juízo, a prática do crime. Nessa situação hipotética, caso seja descoberta a mentira, Carlos responderá pela prática do crime de a) falso testemunho. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 125 338 b) fraude processual. c) autoacusação falsa. d) denunciação caluniosa. e) comunicação falsa de crime. COMENTÁRIOS Neste caso, o agente praticou o crime de autoacusação falsa de crime, pois assumiu a prática de crime que não fora por ele praticado, na forma do art. 341 do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. 29. (CESPE – 2016 – TCE-PA – AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO) Julgue o próximo item, de acordo com a jurisprudência e a legislação brasileira em vigor. O delito de reingresso de estrangeiro expulso não é classificado como delito de mão-própria, uma vez que admite participação. COMENTÁRIOS A despeito de se tratar de crime de mão-própria, nada impede que haja participação (ex.: alguém auxilia o estrangeiro a entrar no Brasil, fornecendo-lhe transporte), desde que o partícipe conheça sua condição de estrangeiro expulso, nos termos do art. 30 do CP. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 30. (CESPE – 2016 – TRT 8 – OFICIAL DE JUSTIÇA – ADAPTADA) É atípica a conduta do agente que faz justiça pelas próprias mãos sem o emprego de violência ou com o objetivo de satisfazer pretensão legítima. COMENTÁRIOS Item errado, pois em ambos os casos a conduta será típica, configurando o crime do art. 345 do CP. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 31. (CESPE – 2016 – TRT 8 – OFICIAL DE JUSTIÇA – ADAPTADA) A configuração do crime de exploração de prestígio depende de a conduta do agente incluir a alegação ou a insinuação de que o dinheiro ou a utilidade também se destina ao juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha. COMENTÁRIOS Item errado, pois tal alegação ou insinuação não é indispensável à ocorrência do delito. Todavia, se houve, funcionará como causa de aumento de pena, nos termos do art. 357, § único do CP. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 126 338 32. (CESPE – 2016 – TRT 8 – OFICIAL DE JUSTIÇA – ADAPTADA) O agente que acusa a si mesmo, perante a autoridade, de ter cometido infração penal que não ocorreu pratica o crime de comunicação falsa de crime. COMENTÁRIOS Item errado, pois o agente, neste caso, estará cometendo o crime de autoacusação falsa, nos termos do art. 341 do CP, desde que essa infração penal seja um crime (não serve se for contravenção penal). Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 33. (CESPE – 2016 – TRT 8 – OFICIAL DE JUSTIÇA – ADAPTADA) Em se tratando do crime de falso testemunho, o agente que se retrata ainda durante o processo no qual testemunhou faz jus a causa de diminuição de pena. COMENTÁRIOS Item errado, pois se a retratação ocorrer antes da sentença, o agente terá sua punibilidade extinta, e não mera causa de diminuição de pena, nos termos do art. 342, §2º do CP. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 34. (CESPE – 2016 – TRT 8 – OFICIAL DE JUSTIÇA – ADAPTADA) É isento de pena, ainda que pratique o crime de favorecimento pessoal, o ascendente, o descendente, o cônjuge ou o irmão de criminoso que o auxilia a fugir da ação da autoridade policial. COMENTÁRIOS Item correto, pois tal causa pessoal de isenção de pena está prevista no art. 348, §2º do CP. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. 35. (CESPE – 2016 - PC/PE – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – ADAPTADA) O crime de denunciação caluniosa consiste em dar causa à instauração de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-se a esse alguém infração administrativa de que o sabe inocente. COMENTÁRIOS Item errado, pois o crime de denunciação caluniosa ocorrerá quando o agente der causa à instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime (ou contravenção), infração ético-disciplinar ou ato de improbidade de que o sabe inocente, nos termos do art. 339 e seu §2º do CP. Art. 339. Dar causa a ̀ instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 127 338 disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Perceba que a mera imputação falsa de infração administrativa não configura o delito do art. 339, a menos que se trate de infração administrativa também tipificada como crime (ou contravenção), ato de improbidade ou infração ético-disciplinar. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 36. (CESPE – 2014 – MPE-AC – PROMOTOR – ADPATADA) De acordo com o entendimento firmado pelo STJ, mostra-se imprescindível, para a configuração do delito de falso testemunho, o compromisso de dizer a verdade. COMENTÁRIOS Item errado, pois o STJ entende que o “compromisso de dizer a verdade” não é requisito exigido para a configuração do delito de falso testemunho, que pode ser praticado inclusive pelas testemunhas não compromissadas (aquelas que não prestam compromisso de dizer a verdade). Portanto, A AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 37. (CESPE – 2014 – MPE-AC – PROMOTOR – ADPATADA) Para a consumação do delito de falso testemunho, é essencial que o depoimento falso seja determinante para o resultado do processo. COMENTÁRIOS Item errado. O delito estará consumado com a simples declaração falsa/omissão da verdade (desde que haja dolo nesse sentido, ou seja, dolo de enganar). É irrelevante se a declaração falsa é ou não determinante para o resultado do processo, considerando-se mero exaurimento, já que o delito já se consumou. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 38. (CESPE – 2015 – TCU – PROCURADOR - ADAPTADA) O tipo penal consistente em ordenar despesa não autorizada por lei configura crime material, o qual vem a consumar-se com o efetivo pagamento da despesa ordenada. COMENTÁRIOS Item errado. Tal delito é considerado FORMAL, ou seja, considera-se consumado com a mera prática da conduta, sendo desnecessário, para fins de consumação do delito, que haja o efetivo pagamento da despesa ordenada. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. Renan Araujo Aula 10 Concursosda Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 128 338 39. (CESPE – 2013 – TJ-BA – TITULAR NOTARIAL - ADAPTADA) Não cometerá crime a testemunha que fizer afirmação falsa no âmbito de processo administrativo. COMENTÁRIOS Item errado, pois o delito de falso testemunho, previsto no art. 342 do CP, configura-se também quando a conduta é praticada no bojo de processo administrativo, e não apenas em processo judicial: Falso testemunho ou falsa perícia Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 40. (CESPE – 2013 – MPE-RO – PROMOTOR DE JUSTIÇA – ADPATADA) Para a configuração do crime de favorecimento real, a pessoa a quem o agente auxiliar já deverá ter consumado o crime anterior, sendo-lhe assegurada a fuga. COMENTÁRIOS Item errado. De fato, para a ocorrência do favorecimento real é necessário que o agente já tenha consumado o crime anterior. Contudo, o favorecimento real não tem a finalidade de assegurar a fuga do infrator, mas assegurar o proveito da infração. O delito que tem a finalidade de assegurar a fuga é o favorecimento PESSOAL, nos termos dos arts. 348 e 349 do CP: Favorecimento pessoal Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. § 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. § 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. Favorecimento real Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 129 338 Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 41. (CESPE – 2013 – TJ-RR – TITULAR NOTARIAL – ADAPTADA) O crime de falso testemunho ou falsa perícia somente se configura se for praticado em processo judicial criminal. COMENTÁRIOS Item errado, pois tal delito se configura também quando o agente pratica a conduta em processo judicial de natureza não criminal, processo administrativo, inquérito policial, ou até mesmo em juízo arbitral, nos termos do art. 342 do CP: Falso testemunho ou falsa perícia Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 42. (CESPE – 2013 – TRT5°REGIÃO – JUIZ DO TRABALHO - ADAPTADA) O indivíduo que emprestar motocicleta de sua propriedade para que o irmão cometa o crime de furto em uma agência bancária, de modo a auxiliá-lo na fuga, será beneficiado, na ação penal movida por favorecimento pessoal, com a isenção de pena, não respondendo, portanto, por sua conduta. COMENTÁRIOS Item errado. Se o auxílio é prestado PARA a prática do delito (ainda que para a fuga posterior), ou seja, se o auxílio é ANTERIOR à realização do delito, não se pode falar em favorecimento pessoal. Neste caso o agente responde como partícipe do crime que será praticado, por ter prestado auxílio material. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 43. (CESPE – 2013 – DPE-ES – DEFENSOR PÚBLICO) Em se tratando de crime de falso testemunho, o fato deixa de ser punível caso, antes do trânsito em julgado da sentença, a testemunha se retrate ou declare a verdade para o juiz da causa. COMENTÁRIOS Item errado. O marco temporal para que o agente tenha sua punibilidade extinta em razão da retratação é a sentença de primeira instância, e não o trânsito em julgado, nos termos do art. 342, §2º do CP: Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 130 338 ==1365fc== Art. 342 (...) § 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 44. (CESPE - 2011 - PC-ES - PERITO PAPILOSCÓPICO - ESPECÍFICOS) A retratação do agente, ou a decisão de falar a verdade, terá o efeito penal de impossibilitar a punição, se realizada a qualquer tempo antes da sentença condenatória no processo penal por falso testemunho ao qual o agente responderá em razão de seu(s) testemunhos(s) falso(s). COMENTÁRIOS A retratação do agente só tem o condão de extinguir a punibilidade quando realizada NO BOJO DO PROCESSO em que ocorreu o falso testemunho, e não no processo em que o agente responde pelo falso testemunho! Cuidado com a pegadinha! Além disso, em qualquer caso, a retratação (ou decisão de falar a verdade) deve ocorrer ANTES DA SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA (e nisso a questão está correta). Assim, a afirmativa está errada. 45. (CESPE - 2011 - PC-ES - PERITO PAPILOSCÓPICO - ESPECÍFICOS) Se Jair, em vez de apenas pedir e induzir, tivesse oferecido a Lino quantia em dinheiro para que este prestasse seus depoimentos falsos, e este tivesse aceito, responderiam ambos também por crimes de corrupção ativa e passiva. Contudo, nada se alteraria em relação às imputações por falso testemunho narradas, uma vez que o dano à administração da justiça e à administração pública é o mesmo, independentemente da razão que tenha levado ao depoimento mentiroso. COMENTÁRIOS Se Jair oferecer a Lino para que este preste testemunho falso, responderá por crime de corrupção ativa de testemunha, previsto no art. 343 do CP. Vejamos: Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Caso Lino aceitasse a vantagem oferecida, responderia por crime de falso testemunho circunstanciado (pena aumentada), nos termos do art. 342, § 1° do CP. Assim, A AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 46. (CESPE - 2011 - PC-ES - PERITO PAPILOSCÓPICO - ESPECÍFICOS) Há crime de falso testemunho, ainda que não faça o agente qualquer declaração falsa, se acaso omitir-se em dizer a verdade sobre fato que conhece, juridicamente relevante para o caso, e sobre o qual seja perguntado. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 131 338 COMENTÁRIOS A conduta proibida no tipo de falso testemunho (tipo objetivo) engloba, dentre outras, a conduta de calar a verdade, nos termos do art. 342 do CP. Vejamos: Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Assim, A AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. 47. (CESPE - 2011 - PC-ES - ESCRIVÃO DE POLÍCIA - ESPECÍFICOS) Frederico, na condição de advogado constituído por um investigado, recebeu das mãos do escrivão da delegacia os autos do inquérito policial para exame e, ao final da consulta, deixou de restituí-los ao cartório da delegacia, levando-os consigo, sem autorização para tanto. Nessa situação, caracterizou-se o crime de sonegação de papel ou objeto de valor probatório. COMENTÁRIOSA questão é polêmica. A Doutrina diverge quanto à consumação do delito. Parte entende que é necessário que o agente, embora intimado judicialmente, não devolva os autos. Outra parte, minoritária, entende que basta a retirada dos autos sem autorização ou a resistência em entregá-los para que se caracterize o crime. A Banca acabou por adotar esta última posição. Assim, A AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. 48. (CESPE - 2011 - STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA - ESPECÍFICOS) Nos crimes de favorecimento pessoal e real, caso o sujeito ativo seja ascendente ou descendente do criminoso, fica isento de pena. COMENTÁRIOS No crime de favorecimento pessoal, o § 2° do art. 348 do CP estabelece que se o auxílio é prestado por ascendente, descendente, cônjuge ou irmão, este fica isento de pena. Vejamos: Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. (...) § 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. Já no crime de favorecimento real, não há essa permissão. Praticando o crime uma destas pessoas, não ficará isenta de pena, por ausência de previsão legal. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 132 338 Assim, A AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 49. (CESPE - 2009 - DETRAN-DF - ANALISTA - ADVOCACIA) Caso assumisse a autoria do atropelamento, o pai de João cometeria denunciação caluniosa, crime de ação penal pública condicionada a representação, por dar causa à instauração de investigação policial sabendo-se inocente. COMENTÁRIOS Quando alguém assume a autoria de um delito que não cometera, pratica o delito de autoacusação falsa, previsto no art. 341 do CP. In verbis: Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem: Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. Assim, A AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 50. (CESPE - 2009 - DETRAN-DF - ANALISTA - ADVOCACIA) O pai de João praticou o crime de favorecimento pessoal, na medida em que modificou, de maneira tendenciosa, o lugar do crime, no intuito de induzir o perito em erro para favorecer o filho. COMENTÁRIOS Embora não haja o texto da questão, podemos resolvê-la tranquilamente. Aquele que inova (modifica) o lugar do crime, com o intuito de induzir o perito a erro, de forma a favorecer alguém, não comete o crime de favorecimento pessoal (que se caracteriza por auxiliar alguém a se furtar das autoridades policias), mas pratica o crime de fraude processual, previsto no art. 347 do CP: Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. Assim, A AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 51. (CESPE – 2010 – TRT/1 – JUIZ DO TRABALHO – ADAPTADA) Aquele que provoca a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de simples contravenção penal que sabe não se ter verificado, não comete crime contra a administração da justiça. COMENTÁRIOS Item errado, pois comete o crime de comunicação falsa de crime ou contravenção, previsto no art. 340 do CP, que é um crime contra a administração da Justiça. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 133 338 52. (CESPE – 2010 – TRT/1 – JUIZ DO TRABALHO – ADAPTADA) Aquele que facilita a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional comete crime contra a administração da justiça. COMENTÁRIOS Item correto, pois, de fato, quem pratica esta conduta incorre nas penas do art. 349-A do CP, que se trata de um crime contra a administração da Justiça. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. 53. (CESPE – 2010 – TRT/1 – JUIZ DO TRABALHO – ADAPTADA) A respeito do delito de falso testemunho, o Código Penal adotou, em relação à falsidade, a teoria objetiva, segundo a qual o delito se consuma com a mera divergência entre o fato narrado e a realidade dos fatos. COMENTÁRIOS Item errado, pois, na verdade, adotou-se a teoria subjetiva, de forma que é necessário que além da divergência entre o testemunho e os fatos reais, tenha havido a vontade de prejudicar a elucidação dos fatos. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 54. (CESPE – 2010 – TRT/1 – JUIZ DO TRABALHO – ADAPTADA) A fraude processual é crime comum e material, exigindo-se, para a sua consumação, que o juiz ou o perito tenham sido efetivamente induzidos a erro, não podendo ser cometido por pessoa que não tenha interesse no processo. COMENTÁRIOS Item errado, pois este delito, previsto no art. 347 do CP, é FORMAL, e se consuma com a prática da conduta, ainda que o Juiz ou perito não sejam efetivamente enganados, e trata-se de crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 55. (CESPE – 2010 – TRE/BA – ANALISTA JUDICIÁRIO) Francisco, renomado advogado eleitoral, em audiência, induziu a testemunha José a fazer afirmação falsa em processo judicial, instruindo-o a prestar depoimento inverídico, com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em ação penal em curso. Com base nessa situação hipotética, julgue os itens que se seguem. Segundo os tribunais superiores, não se admite a participação de Francisco no crime de falso testemunho, por se tratar de crime de mão própria, isto é, somente José pode ser seu sujeito ativo. COMENTÁRIOS Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 134 338 O item está errado, pois os Tribunais Superiores firmaram entendimento no sentido de que a participação do advogado no crime de falso testemunho é possível, quando este induz a testemunha a prestar o falso testemunho, pois haveria participação moral no delito (induzimento ou instigação a praticar o crime). Vejamos: EMENTA: Recurso ordinário. Habeas corpus. Falso testemunho (art. 342 do CP). Alegação de atipicidade da conduta, consistente em depoimento falso sem potencialidade lesiva. Aferição que depende do cotejo entre o teor do depoimento e os fundamentos da sentença. Exame de matéria probatória, inviável no âmbito estreito do writ. Coautoria. Participação. Advogado que instrui testemunha a prestar depoimento inverídico nos autos de reclamação trabalhista. Conduta que contribuiu moralmente para o crime, fazendo nascer no agente a vontade delitiva. Art. 29 do CP. Possibilidade de coautoria. Relevância do objeto jurídico tutelado pelo art. 342 do CP: a administração da justiça, no tocante à veracidade das provas e ao prestígio e seriedade da sua coleta. Relevância robustecida quando o partícipe é advogado, figura indispensável à administração da justiça (art. 133 da CF). Circunstâncias que afastam o entendimento de que o partícipe só responde pelo crime do art. 343 do CP. Recurso ordinário improvido. (RHC 81327, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Primeira Turma, julgado em 11/12/2001, DJ 05-04-2002 PP-00059 EMENT VOL-02063-01 PP-00196) Desta forma, fica claro que o STF admite a participação no crime de falso testemunho. Portanto, a afirmativa está ERRADA. 56. (CESPE – 2012 – PF – AGENTE) Juan, cidadão espanhol, que havia sido expulso do Brasil após cumprimento de pena por tráfico internacional de drogas, retornou ao país, sem autorização de autoridade competente, para visitar sua companheira e seu filho, nascido no curso do cumprimento da pena. Nessa situação, para que o simples reingresso de Juan ao Brasil configurasse crime, seria necessário que ele praticasse nova infração, de natureza dolosa, em território nacional. COMENTÁRIOS A afirmativa está errada, pois a conduta de Juan, por si só, já caracteriza o delito de “reingresso de estrangeiroexpulso”, previsto no art. 338 do CP, que se consuma com a mera entrada do agente no território nacional, depois de ter sido expulso. Vejamos: Reingresso de estrangeiro expulso Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso: Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da pena. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 135 338 57. (CESPE - 2013 - TJ-DF - ANALISTA JUDICIÁRIO - OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR) Considere a seguinte situação hipotética. Maurício, advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, deixou de restituir autos de processo, recebidos em carga, na qualidade de advogado da parte ré. Depois da regular intimação pessoal para a restituição dos autos e do decurso do prazo estabelecido para tanto, Maurício quedou-se inerte e, somente após comunicação do juízo ao órgão do Ministério Público, antes do oferecimento da denúncia, entregou os autos na secretaria da vara. Nessa situação hipotética, consumou-se o crime de sonegação de papel ou objeto de valor probatório, previsto no Código Penal. COMENTÁRIOS O item está correto, pois a conduta de Maurício se amolda perfeitamente ao tipo penal previsto no art. 356 do CP, que configura o delito apontado pela questão: Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos, documento ou objeto de valor probatório, que recebeu na qualidade de advogado ou procurador: Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Segundo a Doutrina majoritária, o referido crime se consuma (na modalidade de “deixar de restituir autos”) quando o agente, mesmo após intimado, não devolve os autos judiciais no prazo estabelecido pelo Juiz. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. 58. (CESPE – 2016 – TCE-PA – AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO) Com base no Código Penal e na jurisprudência dos tribunais superiores, julgue o item a seguir, a respeito dos crimes contra a administração pública. O crime de ordenação de despesa não autorizada é de natureza material, consumando-se no momento em que a despesa é efetuada. COMENTÁRIOS Em relação a tal delito, a consumação com a ordenação da despesa, ainda que esta não venha a ser realizada ou ainda que não haja qualquer prejuízo aos cofres públicos, sendo, portanto, crime FORMAL, de acordo com a maioria da Doutrina. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 59. (CESPE – 2016 – TCE-PA – AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO) Com base no Código Penal e na jurisprudência dos tribunais superiores, julgue o item a seguir, a respeito dos crimes contra a administração pública. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 136 338 O agente público que ordena despesa sem o conhecimento de que tal despesa não era autorizada por lei incide em erro de proibição. COMENTÁRIOS Item errado, pois o conhecimento de que a despesa não era autorizada é elemento do TIPO (elemento normativo do tipo), de forma que se o agente incide em erro sobre tal elemento estará incidindo em erro de TIPO, não em erro de proibição. Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 137 338 EXERCÍCIOS COMENTADOS 1. FGV - JT (CSJT)/CSJT/2023 Maia, ao ser despedida por sua empregadora Asterope, ajuizou uma ação trabalhista em face dela e requereu o pagamento de horas extras e de adicional de insalubridade. Celeno foi nomeada como perita do juízo para verificar a existência de insalubridade e Alcíone depôs como testemunha da ré na audiência de instrução. Considerando o disposto no Código Penal, analise as afirmativas a seguir. I. Se Alcíone sabe que Maia realizava horas extras, mas nega conscientemente a verdade em seu depoimento na audiência de instrução, configura-se o crime de falso testemunho, punido com a pena de reclusão, de dois a quatro anos, e multa. II. Se Alcíone se retrata na ação trabalhista antes da sentença, o fato deixa de ser punível. III. Se Asterope oferece dinheiro para que Celeno afirme falsamente no laudo pericial que Maia não trabalhava em condições insalubres, configura-se crime punido com reclusão, de três a quatro anos, e multa. IV. Se Celeno aceita o suborno de Asterope e afirma falsamente no laudo pericial entregue no processo que Maia não trabalhava em condições insalubres, configura-se o crime de falsa perícia, com causa de aumento de pena de um sexto a um terço. Está correto o que se afirma em: a) somente I e II; b) somente II e IV; c) somente I, II e III; d) somente I, III e IV; e) I, II, III e IV. COMENTÁRIOS I. CORRETA: Item correto, pois se Alcíone sabe que Maia realizava horas extras, mas nega conscientemente a verdade em seu depoimento na audiência de instrução, configura-se o crime de falso testemunho, punido com a pena de reclusão, de dois a quatro anos, e multa, nos termos do art. 342 do CP. II. CORRETA: Item correto, pois se Alcíone se retrata na ação trabalhista antes da sentença, o fato deixa de ser punível, já que no falso testemunho a retratação antes da sentença (no próprio 1 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 138 338 processo em que praticado o crime) gera extinção da punibilidade, nos termos do art. 342, §2º do CP. III. CORRETA: Item correto, pois se Asterope oferece dinheiro para que Celeno afirme falsamente no laudo pericial que Maia não trabalhava em condições insalubres, configura-se crime punido com reclusão, de três a quatro anos, e multa, que é o crime de corrupção ativa específica, tipificado no art. 343 do CP: Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) IV. CORRETA: Item correto, pois se Celeno aceita o suborno de Asterope e afirma falsamente no laudo pericial entregue no processo que Maia não trabalhava em condições insalubres, configura-se o crime de falsa perícia, com causa de aumento de pena de um sexto a um terço, nos termos do art. 342, §1º do CP: Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) § 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) GABARITO: LETRA E 2. FGV - Of Prom (MPE SP)/MPE SP/2023 As opções a seguir apresentam hipóteses de coação no curso do processo, à exceção de uma. Assinale-a. a) João, a fim de preservar seu filho Luiz, réu em processo criminal, proferiu ameaças contra Ana, testemunha arrolada pela acusação, para que esta deixasse de prestar depoimento. b) Carlos, para garantir interesse próprio, valeu-se de ardil para enganar o oficial de justiça, e, assim, evitar a conclusão do ato judicial de penhora ordenado em seu desfavor. 2 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 139 338 c) Antônio, no curso de procedimento de arbitragemem que não é parte, proferiu ameaças em desfavor do filho de um dos árbitros do procedimento, a fim de garantir de vantagem em favor de seu amigo Paulo. d) André agrediu Mauro, servidor público do MPSP, com vistas a evitar a sua intimação para ser ouvido no curso de inquérito civil em tramitação no âmbito da Promotoria de Justiça local. e) Enéas, visando frustrar execução de título judicial contra si, proferiu ameaças contra Pedro, o avaliador, visando impedir a conclusão da avaliação dos bens destinados ao leilão. COMENTÁRIOS O crime de coação no curso do processo está tipificado no art. 344 do CP: Coação no curso do processo Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo único. A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até a metade se o processo envolver crime contra a dignidade sexual. (Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021) Nesse caso, a Letra B definitivamente não corresponde a uma conduta que possa se amoldar ao tipo penal do crime de coação no curso do processo, pois este se verifica quando o agente usa de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral. No caso da letra B, o agente apenas usou de um expediente ardiloso (enganoso), fraudulento, para enganar o Oficial de Justiça. As demais alternativas mencionam situações em que o agente emprega violência ou ameaça contra alguém que atua em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio. Friso, porém, que a Letra D também poderia configurar o crime de resistência, a depender da finalidade do agente (se seria apenas impedir a execução daquele ato específico ou obter efetivamente alguma vantagem para si ou para outrem no processo como um todo). GABARITO: LETRA B 3. FGV - Of Prom (MPE SP)/MPE SP/2023 As opções a seguir apresentam hipóteses de crime contra a Administração da Justiça, à exceção de uma. Assinale-a. 3 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 140 338 a) Mário, gerente de instituição financeira, recebeu ordem judicial de prestação de informações sobre correntista, deliberadamente descumprida. b) Marcos, suspeito de homicídio, alterou a posição do cadáver para induzir em erro a atividade de polícia técnico-científica. c) Marcelo, funcionário do Ministério Público, solicitou dinheiro de parte em processo criminal, sob pretexto de influir em manifestação do órgão. d) Messias induziu em erro um concorrente, mediante fraude, com intuito de obter vantagem em arrematação judicial. e) Moisés continuou a exercer a atividade empresarial de que foi afastado por decisão judicial, mesmo após devidamente intimado da decisão respectiva. COMENTÁRIOS Nesse caso, apenas a letra A traz uma conduta que não corresponde a um crime contra a administração da Justiça, sendo um crime praticado por particular contra a administração em geral, mais precisamente o crime de desobediência, tipificado no art. 330 do CP: Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público: Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. Os demais praticaram crimes contra a administração da Justiça (art. 338 a 359 do CP). Vejamos: Marcos praticou crime de fraude processual, art. 347 do CP. Marcelo praticou crime de exploração de prestígio, art. 357 do CP. Messias praticou crime de violência ou fraude em arrematação judicial, art. 358 do CP. Moisés praticou crime de desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito, art. 359 do CP. GABARITO: LETRA A 4. FGV - JL (TJ BA)/TJ BA/2023 João, com o objetivo precípuo de prejudicar o seu desafeto, comunicou o delegado de polícia que Tício teria estuprado Petônia, muito embora soubesse ser ele inocente. A autoridade policial, tomando ciência dos fatos, deflagrou inquérito policial para fins de apuração. Nesse cenário, considerando as disposições do Código Penal, João responderá pelo crime de: a) comunicação falsa de crime; b) denunciação caluniosa; 4 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 141 338 c) difamação; d) calúnia; e) injúria. COMENTÁRIOS Nesse caso, João responderá pelo crime de denunciação caluniosa, previsto no art. 339 do CP: Art. 339. Dar causa a ̀ instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. GABARITO: LETRA B 5. FGV - Of Prom (MPE SP)/MPE SP/2023-ADAPTADA A pena do delito de coação no curso do processo é aumentada de 1/3 se o processo versar sobre crimes contra a vida. COMENTÁRIOS Item errado, pois a pena relativa ao crime de coação no curso do processo será aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o processo envolver crime contra a dignidade sexual, nos termos do art. 344, parágrafo único, do CP. GABARITO: Errada 6. (FGV/2023/MPE-SP) As opções a seguir apresentam hipóteses de crime contra a Administração da Justiça, à exceção de uma. Assinale-a. (A) Mário, gerente de instituição financeira, recebeu ordem judicial de prestação de informações sobre correntista, deliberadamente descumprida. (B) Marcos, suspeito de homicídio, alterou a posição do cadáver para induzir em erro a atividade de polícia técnico-científica. (C) Marcelo, funcionário do Ministério Público, solicitou dinheiro de parte em processo criminal, sob pretexto de influir em manifestação do órgão. 5 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 142 338 (D) Messias induziu em erro um concorrente, mediante fraude, com intuito de obter vantagem em arrematação judicial. (E) Moisés continuou a exercer a atividade empresarial de que foi afastado por decisão judicial, mesmo após devidamente intimado da decisão respectiva. COMENTÁRIOS Nesse caso, apenas a letra A traz uma conduta que não corresponde a um crime contra a administração da Justiça, sendo um crime praticado por particular contra a administração em geral, mais precisamente o crime de desobediência, tipificado no art. 330 do CP: Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público: Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. As demais alternativas apresentam condutas que podem se amoldar a crimes contra a administração da Justiça: LETRA B – Fraude processual, art. 347 do CP. LETRA C – Exploração de prestígio, art. 357 do CP. LETRA D – Violência ou fraude em arrematação judicial, art. 358 do CP. LETRA E – Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito, art. 359 do CP. GABARITO: Letra A 7. (FGV/2023/MPE-SP) As opções a seguir apresentam hipóteses de coação no curso do processo, à exceção de uma. Assinale-a. (A) João, a fim de preservar seu filho Luiz, réu em processo criminal, proferiu ameaças contra Ana, testemunha arrolada pela acusação, para que esta deixasse de prestar depoimento. (B) Carlos, para garantir interesse próprio, valeu-se de ardil para enganar o oficial de justiça, e, assim, evitar a conclusão do ato judicial de penhora ordenado em seu desfavor. (C) Antônio, no curso de procedimento de arbitragem em que não é parte, proferiu ameaças em desfavorarmário e não mais se encontra lá. Imaginando ter sido furtado pelo amigo (agora ex- amigo) Pedro, José vai a delegacia e narra ter sido vítima de um furto. Quando perguntado se suspeitava de alguém, José afirma que não tem como provar, mas acredita ter sido furtado por Pedro. O delegado, então, instaura inquérito policial para investigar o fato. Nesse caso, NÃO HÁ crime de denunciação caluniosa, vez que que José não agiu para incriminar alguém sabidamente inocente. Embora Pedro seja inocente, José não tinha conhecimento da inocência de Pedro, tendo agido no seu legítimo direito de narrar o fato e apontar eventuais suspeitos, cabendo ao delegado apurar os fatos. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 10 338 A Doutrina majoritária entende que não cabe dolo eventual8 neste crime, apenas dolo direto, pois quando a lei diz que o agente deve “saber que o ofendido é inocente”. Trata-se de um crime comum, eis que qualquer pessoa pode praticar o delito. Todavia, em se tratando da conduta de dar causa a IP, PIC ou processo criminal por crime de ação penal privada ou pública condicionada à representação, somente os legitimados (para oferecer queixa-crime ou representação) é que podem praticar o crime de denunciação caluniosa (a suposta vítima do crime, seu representante legal ou seus sucessores legais9), pois somente eles podem oferecer a queixa- crime (ação penal privada) ou representar autorizando a persecução penal (ação penal pública condicionada à representação). Vale ressaltar que os §§ 1º e 2º do art. 339 trazem, respectivamente, uma causa de aumento e uma causa de diminuição de pena. Vejamos: Art. 339 (...) § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto. § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção. Assim, se o agente utiliza um nome falso para praticar a conduta, ou apresenta uma notícia anônima, caso seja descoberto, responderá pelo crime e terá sua pena aumentada em 1/6. Por outro lado, caso o agente impute falsamente a alguém a prática de contravenção penal (infração penal mais branda que um crime), sua pena será reduzida de metade. A ação penal pela prática do crime de denunciação caluniosa é pública incondicionada, cabendo, portanto, ao Ministério Público ajuizar denúncia em face do infrator. Por fim, vale ressaltar que, pelo princípio da especialidade, a caracterização do crime do art. 339 ficará afastada quando a imputação falsa (de crime, contravenção ou ato infracional) se der com finalidade eleitoral. Nesse caso, será aplicável o art. 326-A do Código Eleitoral, criado pela Lei 13.834/19: Art. 326-A. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, de investigação administrativa, de inquérito civil ou ação de improbidade 8 Parte da Doutrina, capitaneada por Bitencourt, sustenta que é admissível o dolo eventual, quando o agente (sabendo que a vítima é inocente), por exemplo, divulga a diversas pessoas que a vítima praticou o fato X, assumindo o risco de que alguma delas procure a autoridade e, com isso, dê causa ao crime de denunciação caluniosa. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 324/325 9 Cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 11 338 administrativa, atribuindo a alguém a prática de crime ou ato infracional de que o sabe inocente, com finalidade eleitoral: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. (...) § 2º A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção. Vejam que só haverá o crime eleitoral acima transcrito se o agente, com finalidade eleitoral, dá causa à instauração do procedimento mediante a imputação falsa de crime, contravenção penal ou ato infracional (fato definido como crime ou contravenção, mas praticado por menores de 18 anos). Caso a imputação falsa seja de infração ético-disciplinar ou ato de improbidade, a conduta não irá configurar o crime eleitoral, e sim o crime de denunciação caluniosa do art. 339 do CP, mesmo que seja praticada com finalidade eleitoral. 2.1 Modificações provocadas pela Lei 14.110/20 – Regramento novo x regramento antigo Como se pode ver, a redação atual do art. 339 do CP foi dada pela Lei 14.110/20, que alterou significativamente os contornos desse delito no Código Penal. A redação antiga assim estabelecia: Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 10.028, de 2000) Então, o que mudou? Vamos sintetizar: Na redação antiga, a conduta era a de, mediante imputação sabidamente falsa contra alguém, dar causa à instauração de: Investigação policial – Expressão substituída por duas expressões mais específicas: inquérito policial (IP) e procedimento investigatório criminal (PIC). Consequência importante: dar causa à instauração de PIC (não abarcada pela expressão anterior) passou a configurar o referido delito. Frise-se que o PIC é instaurado pelo Ministério Público, logo, não é uma investigação policial, motivo pelo qual não estava abarcado pela expressão antiga. Além disso, hoje é necessário que haja a instauração do IP ou do PIC. Na redação antiga, a Doutrina e jurisprudência entendiam que bastava a instauração de alguma Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 12 338 investigação pela polícia, ainda que fosse uma mera investigação policial preliminar10 (Já que o tipo penal não exigia, na época, a instauração do IP). Há quem sustente, porém, que a expressão “procedimento investigatório criminal” seria genérica, englobando qualquer atividade de investigação criminal, e não somente o PIC (conduzido pelo MP), motivo pelo qual uma investigação policial preliminar, sem instauração do IP, já consumaria o delito de denunciação caluniosa (não concordamos com essa posição, pois a nova redação do art. 339 fala em “procedimento investigatório criminal”, dando a entender que se refere especificamente ao PIC (conduzido pelo MP). Caso quisesse ser mais abrangente, poderia ter sido usada a expressão “investigação criminal”). Processo judicial – Manteve-se Instauração de investigação administrativa – Substituída por “processo administrativo disciplinar”. Consequência prática: a mera instauração de uma investigação administrativa (espécie de sindicância ou investigação preliminar) não consuma o delito, sendo necessária para a consumação a instauração do PAD contra o servidor. Inquérito civil – Manteve-se Ação de improbidade administrativa – Manteve-se Além disso, não foi apenas o “rol de procedimentos” que foi alterado. O fato imputado, hoje, não precisa mais ser necessariamente um fato criminoso. Pode-se imputar falsamente a alguém sabidamente inocente a prática de: Crime Infração ético-disciplinar Ato de improbidade administrativa Tal alteração também traz consequências relevantes, pois as duas últimas expressões não estavam previstas no CP. No que tange à conduta de dar causa à instauração de um procedimento (um dos previstos no art. 339) contra alguém sabidamente inocente, imputando-lhe infração ético-disciplinar, temos verdadeira novatio legis incriminadora, pois tal conduta era considerada atípica até então. EXEMPLO: José apresenta representação à Corregedoria do Ministério Público, alegando que o Promotor Ricardo não reside na comarca em que atua. Isso representaria uma infração disciplinar (art. 43, X da Lei 8.625/93). José, todavia, sabe que o Promotordo filho de um dos árbitros do procedimento, a fim de garantir de vantagem em favor de seu amigo Paulo. (D) André agrediu Mauro, servidor público do MPSP, com vistas a evitar a sua intimação para ser ouvido no curso de inquérito civil em tramitação no âmbito da Promotoria de Justiça local. (E) Enéas, visando frustrar execução de título judicial contra si, proferiu ameaças contra Pedro, o avaliador, visando impedir a conclusão da avaliação dos bens destinados ao leilão. COMENTÁRIOS 6 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 143 338 Nesse caso, a Letra B definitivamente não corresponde a uma conduta que possa se amoldar ao tipo penal do crime de coação no curso do processo, pois este se verifica quando o agente usa de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral. No caso da letra B, o agente apenas usou de um expediente ardiloso (enganoso), fraudulento, para enganar o Oficial de Justiça. As demais alternativas mencionam situações em que o agente emprega violência ou ameaça contra alguém que atua em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio. Friso, porém, que a Letra D também poderia configurar o crime de resistência, a depender da finalidade do agente (se seria apenas impedir a execução daquele ato específico ou obter efetivamente alguma vantagem para si ou para outrem no processo como um todo). GABARITO: Letra B 8. (FGV/2022/PREF.MANAUS/ADVOGADO) Quanto ao delito de coação no curso do processo, assinale a afirmativa correta. A) Trata-se de crime comum, desprovido de especial fim de agir. B) Trata-se de crime material, de perigo concreto à adequada prestação de resolução de conflitos. C) Para a configuração do crime é necessário que a pessoa intimidada atue no processo. D) É irrelevante para a configuração do crime se a ameaça deriva de um motivo justo. E) O delito, por ser formal, não admite a forma tentada na sua execução. COMENTÁRIOS A) ERRADA: Item errado, pois, apesar de se tratar de crime comum, exige-se o especial fim de agir, consistente na finalidade de “favorecer interesse próprio ou alheio”, nos termos do art. 344 do CP. B) ERRADA: Item errado, pois trata-se de crime formal, consumando-se com a prática da conduta, ainda que o resultado pretendido (o favorecimento de interesse próprio ou alheio) não ocorra. C) ERRADA: Item errado, pois, para a configuração do crime NÃO é necessário que a pessoa intimidada efetivamente atue no processo, bastando que a pessoa seja chamada a atuar no processo, ainda que não chegue efetivamente a atuar. D) CORRETA: Item correto, pois é irrelevante para a configuração do crime se a ameaça deriva de um motivo justo (ex.: José, sabendo que seu filho é inocente, ameaça o Juiz da causa, para que profira sentença de absolvição). E) ERRADA: Item errado, pois apesar de ser crime formal, é perfeitamente possível a configuração da tentativa (ex.: José, para beneficiar o filho Pedro, réu em determinado processo criminal, tenta agredir o Promotor de Justiça do caso, mas não consegue). 7 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 144 338 GABARITO: Letra D 9. (FGV/2022/PCAM/DELEGADO) No dia 29 de novembro de 2017, na sede do Distrito Policial, Maria compareceu para dar causa à instauração de investigação policial em desfavor de João, imputando-lhe a autoria de tentativa de homicídio de que ela sabia ser João inocente. Segundo consta dos autos, Maria teria narrado à autoridade policial que seu irmão João, em 28 de novembro de 2017, havia acelerado o veículo que conduzia, em sua direção, no interior do estacionamento do Esporte Clube Manaus, tudo com a intenção de matá-la. Tais notícias foram então registradas no Boletim de Ocorrência 171/2017 daquela unidade policial, o que ocasionou a instauração de inquérito policial para investigação. Também no dia 29 de novembro de 2017, na mesma unidade policial, João compareceu para registrar ocorrência (Boletim de Ocorrência 173/2017), consistente em lesões corporais graves realizadas por Maria, haja vista ter alegado que Maria se jogou sobre o capô do seu carro em movimento e, quando parou seu carro, foi veementemente agredido. Tais fatos foram incorporados no mesmo inquérito policial. No decorrer das investigações, teria ficado afinal apurado que Maria teria se colocado intencionalmente na frente do carro conduzido por João, que trafegava em baixa velocidade no interior do estacionamento, consoante laudo pericial e, ademais, tendo em vista as declarações das testemunhas presenciais, culminando com a sugestão de arquivamento da investigação daquela hipotética tentativa de homicídio. Quanto ao delito de denunciação caluniosa referido, é correto afirmar que A) não há configuração do delito, pois houve a investigação de outros fatos diversos, o que retira a tipicidade da conduta de Maria. B) há configuração do delito, pois o crime consiste em fazer a autoridade policial investigar ilícito de que sabe inocente o investigado. C) não há configuração do delito, pois houve a investigação de outros fatos diversos, o que retira a ilicitude da conduta de Maria. D) há configuração do delito, pois o crime consiste em fazer a autoridade policial investigar qualquer fato. E) não há configuração do delito, pois houve a investigação de outros fatos diversos, o que retira a culpabilidade da conduta de Maria. COMENTÁRIOS Nesse caso, há configuração do delito de denunciação caluniosa, pois o crime consiste em fazer a autoridade policial investigar ilícito de que sabe inocente o investigado, nos termos do art. 339 do CP: Art. 339. Dar causa a ̀ instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra 8 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 145 338 ==1365fc== alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Assim, tendo sido instaurada investigação criminal em razão da denunciação caluniosa empreendida por Maria, deverá esta responder pelo crime do art. 339 do CP, em sua forma consumada. GABARITO: Letra B 10. (FGV/2021/OAB) João e Carlos procuram Paulo para que, juntos, pratiquem um crime de roubo de carga. Apesar de se recusar a acompanhá-los na ação delituosa, Paulo oferece a garagem de sua casa para a guarda da carga roubada, conduta que seria fundamental na empreitada criminosa, já que João e Carlos não teriam outro local para esconder os bens subtraídos. Apenas por terem conseguido o acordo com Paulo, João e Carlos operam a subtração. Ao chegarem à casa de Paulo, este lhes informa que a garagem estava ocupada naquele momento e não poderia mais ser utilizada. Assim, o trio que dividiria os lucros procura o vizinho Pedro e, após contarem o ocorrido, pedem a garagem emprestada por um tempo, proposta que é aceita por Pedro. Sendo todos os fatos apurados e recuperada a carga na garagem de Pedro, as famílias de Paulo e Pedro procuram um(a) advogado(a) para saber acerca da situação jurídica deles. Na ocasião da assistência jurídica, o(a) advogado(a) deverá esclarecer que A) ambos poderão ser responsabilizados pelo crime de roubo majorado. B) Paulo poderá ser responsabilizado pelo crime de roubo majorado, enquanto Pedro, apenas pelo crime de receptação. C) Paulo poderá ser responsabilizado pelo crime de roubo majorado, enquanto Pedro,apenas pelo crime de favorecimento real. D) Pedro e Paulo poderão ser responsabilizados pelo crime de favorecimento real. COMENTÁRIOS Nesse caso, Paulo poderá ser responsabilizado pelo crime de roubo majorado, pois sua conduta de aceitar guardar o produto do crime de roubo foi realizada antes do roubo, ou seja, Paulo aceitou ser partícipe do crime de roubo, garantindo aos executores a futura guarda da coisa roubada. Logo, a aceitação de Paulo configura um auxílio prévio à prática do roubo, ainda que a concretização do auxílio fosse se dar apenas após a subtração da coisa. Paulo, então, é partícipe do crime de roubo. Pedro, porém, responderá apenas pelo crime de favorecimento real, pois prestou aos criminosos um auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime, nos termos do art. 349 do CP: Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime: 9 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 146 338 Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. GABARITO: Letra C 11. (FGV/2014/DPDF) Luiz é muito amigo do magistrado Paulo. Certo dia, sabedor de que seu vizinho é parte em ação indenizatória a ser julgada por Paulo, oferece ajuda para exercer influência sobre a decisão do referido magistrado. Para tanto, solicita que seu vizinho lhe dê 30% do valor a ser obtido em caso de êxito na ação indenizatória. O magistrado, que não sabia o que estava ocorrendo, acabou julgando a causa em favor do vizinho de Luiz, que, por sua vez, cumpriu o combinado, repassando parte do valor obtido a Luiz. O crime cometido por Luiz foi: A) tráfico de influência (Artigo 332 do Código Penal brasileiro). B) corrupção ativa (Artigo 333 do Código Penal brasileiro). C) fraude processual (Artigo 347 do Código Penal brasileiro). D) advocacia administrativa (Artigo 321 do Código Penal brasileiro). E) exploração de prestígio (Artigo 357 do Código Penal brasileiro). COMENTÁRIOS Nesse caso, Luiz praticou o crime de exploração de prestígio (Artigo 357 do Código Penal brasileiro). Vejamos: Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Perceba que a conduta, no crime em questão, consiste em “enganar” a vítima, alegando que irá exercer influência sobre uma terceira pessoa (alguma daquelas citadas no tipo penal: Juiz, jurado, etc.), a fim de obter uma vantagem indevida. O crime em questão é bastante semelhante ao de tráfico de influência (art. 332 do CP), diferenciando-se apenas em relação a quem supostamente seria influenciado: no tráfico de influência o destinatário da suposta influência seria “funcionário público” (genericamente considerado); na exploração de prestígio o infrator deve alardear que irá exercer influência sobre alguma daquelas pessoas expressamente mencionadas no art. 357 (juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha). GABARITO: Letra E 12. (FGV/2011/PCERJ) 10 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 147 338 Além de ser competente, o perito tem que ser imparcial e primar pelo culto à verdade. A não-observância desse compromisso pode levá-lo a cometer o crime de falsa perícia previsto no art. 342 do Código Penal. A partir do fragmento acima, analise as afirmativas a seguir. I. Quando o delito é cometido mediante suborno, a pena é aumentada de metade. II. O fato deixa de ser punível se o perito declarar a verdade antes de ser prolatada a sentença. III. Não há crime se o perito apenas omitir parte do que apurar, em processo administrativo. Assinale: A) se apenas a afirmativa I estiver correta. B) se apenas a afirmativa II estiver correta. C) se apenas a afirmativa III estiver correta. D) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. E) se todas as afirmativas estiverem corretas. COMENTÁRIOS I. ERRADA: Item errado, pois, quando o delito é cometido mediante suborno, a pena é aumentada de um sexto a um terço, nos termos do art. 342, §1º do CP: Art. 342 (...) § 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) II. CORRETA: Item correto, pois o fato deixa de ser punível se o perito declarar a verdade antes de ser prolatada a sentença, nos termos do art. 342, §2º do CP: Art. 342 (...) § 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) III. ERRADA: Item errado, pois o crime se verifica se o agente faz afirmação falsa, nega a verdade ou cala a verdade (omitindo informação) em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral, nos termos do art. 342 do CP. GABARITO: Letra B 13. (FGV/2021/PCRN/DELEGADO) Gustavo, ouvido na condição de testemunha em ação penal, prestou declarações falsas em busca de auxiliar seu amigo Luiz, que figurava como réu no processo. Dias depois, após alegações finais 11 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 148 338 apresentadas pelo Ministério Público, mas antes da sentença, Gustavo se arrependeu de sua conduta, comparecendo em juízo e apresentando declarações no sentido de que tinha prestado informações na condição de testemunha que não condiziam com a realidade, se retratando daquelas declarações prestadas em audiência. O magistrado competente determinou a reprodução da prova, bem como a extração de cópias para apurar o ocorrido. Com base nas informações expostas, a autoridade policial deverá concluir que Gustavo praticou a conduta tipificada abstratamente como crime de: A) falso testemunho, punível na modalidade tentada, com causa de aumento de pena pela circunstância de as declarações se destinarem a produzir prova em processo penal; B) falso testemunho, punível na forma consumada, com causa de aumento de pena pela circunstância de as declarações se destinarem a produzir prova em processo penal; C) falso testemunho, punível na modalidade tentada, sem qualquer causa de aumento de pena; D) falso testemunho, punível na forma consumada, sem qualquer causa de aumento de pena; E) falso testemunho, mas o fato não será punível em razão da retratação realizada. COMENTÁRIOS Nesse caso, Gustavo praticou crime de falso testemunho, majorado por ser destinado a produzir prova em processo penal, nos termos do art. 342, §1º do CP. Todavia, o fato não será punível em razão da retratação realizada, nos termos do art. 342, §2º do CP: Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) § 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) § 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)GABARITO: Letra E 14. (FGV/2021/OAB) Francisco foi vítima de uma contravenção penal de vias de fato, pois, enquanto estava de costas para o autor, recebeu um tapa em sua cabeça. Acreditando que a infração teria sido praticada por Roberto, seu desafeto que estava no local, compareceu em sede policial e narrou o ocorrido, apontando, de maneira precipitada, o rival como autor. 12 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 149 338 Diante disso, foi instaurado procedimento investigatório em desfavor de Roberto, sendo, posteriormente, verificado em câmeras de segurança que, na verdade, um desconhecido teria praticado o ato. Ao tomar conhecimento dos fatos, antes mesmo de ouvir Roberto ou Francisco, o Ministério Público ofereceu denúncia em face deste, por denunciação caluniosa. Considerando apenas as informações expostas, você, como advogado(a) de Francisco, deverá, sob o ponto de vista técnico, pleitear A) a absolvição, pois Francisco deu causa à instauração de investigação policial imputando a Roberto a prática de contravenção, e não crime. B) extinção da punibilidade diante da ausência de representação, já que o crime é de ação penal pública condicionada à representação. C) reconhecimento de causa de diminuição de pena em razão da tentativa, pois não foi proposta ação penal em face de Roberto. D) a absolvição, pois o tipo penal exige dolo direto por parte do agente. COMENTÁRIOS Nesse caso, deve ser buscada a absolvição do agente, já que o tipo penal da denunciação caluniosa (art. 339 do CP) exige dolo direto por parte do agente, pois o agente deve realizar a imputação sabendo que o imputado é inocente. Vejamos: Art. 339. Dar causa a ̀ instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. (...) § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção. Como se vê, o agente deve agir com dolo de imputar o fato a alguém que SABE ser inocente. Logo, a mera imputação do fato a alguém de quem se suspeita ser o infrator não configura o crime de denunciação caluniosa, ainda que posteriormente se comprove que o imputado era inocente. GABARITO: Letra D 15. (FGV/2018/TJAL/OJA) Jorge, de origem humilde, atua como Oficial de Justiça em determinado Tribunal de Justiça. Quando cumpria ordem de busca e apreensão na comunidade em que nasceu, viu, de longe, que seu irmão dispensou uma sacola plástica com grande quantidade de drogas, empurrou um policial militar e tentava empreender fuga e evitar o flagrante de crime de tráfico, crime este punido com pena mínima de cinco anos de reclusão. Diante disso, quando seu irmão corre em sua direção, o auxilia, escondendo-o dentro de seu veículo particular, enquanto continua a cumprir o mandado pendente. 13 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 150 338 Descobertos os fatos, considerando apenas a situação narrada, o ato de Jorge configura: A) crime de evasão mediante violência contra a pessoa; B) conduta típica, mas não punível; C) crime de favorecimento pessoal; D) crime de favorecimento real; E) conduta atípica. COMENTÁRIOS Nesse caso, Jorge praticou conduta típica, consistente em favorecimento pessoal, art. 348 do CP: Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Todavia, Jorge não será punível, eis que isento de pena por ser irmão do beneficiado, nos termos do art. 348, §2º do CP: Art. 348 (...) § 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. GABARITO: Letra B 16. (FGV – 2017 – TRT-SC – OFICIAL DE JUSTIÇA) Caio, oficial de justiça, todos os dias da semana chega em sua residência cansado após um longo dia de trabalho e passa a ficar incomodado com o fato de que Bruno, namorado de sua filha, com 26 anos, recebe um salário alto para a quantidade de serviço que realiza no órgão criminal do Ministério Público em que trabalha. Diante disso, objetivando que Bruno trabalhe mais, afirma para a Promotora de Justiça chefe de Bruno, que era sua conhecida, que sua esposa foi vítima de um crime de estelionato e que o fato deveria ser investigado, informando nada saber sobre a autoria delitiva. Diante disso, foi instaurado procedimento investigatório criminal no órgão. Caio, então, se arrepende e procura seu advogado para saber as consequências de sua conduta, caso seja descoberto que o fato narrado era falso. Considerando as informações narradas, o advogado deverá esclarecer que Caio: a) não praticou crime, em razão do arrependimento posterior; b) praticou crime de denunciação caluniosa, consumado; c) praticou crime de comunicação falsa de crime ou contravenção, consumado; d) praticou crime de falso testemunho, consumado; 14 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 151 338 e) praticou crime contra administração da justiça na modalidade tentada. COMENTÁRIOS Neste caso, o agente praticou o crime de comunicação falsa de crime ou contravenção, em sua forma consumada, previsto no art. 340 do CP: Comunicação falsa de crime ou de contravenção Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Houve a consumação do delito porque o agente, efetivamente, conseguiu provocar a ação da autoridade, ou seja, em razão da comunicação falsa, a autoridade acabou adotando alguma providência. O fato de o agente ter se arrependido, aqui, é irrelevante quanto à consumação do delito. GABARITO: Letra C 17. (FGV – 2017 – ALERJ – PROCURADOR) Após constatar a subtração de grande quantia em dinheiro do seu escritório profissional, João Carlos promoveu o devido registro na Delegacia própria, apontando como autor do fato o empregado Lúcio, já que possuía razões para desconfiar dele, por ser o único que sabia da existência do dinheiro no cofre do qual foi subtraído. Instaurado o respectivo inquérito policial, Lúcio foi ouvido e comprovou não ter sido ele o autor da subtração, reclamando do constrangimento que passou com o seu indevido indiciamento. Por falta de justa causa, o inquérito foi arquivado a requerimento do Ministério Público. Diante da situação narrada, é correto afirmar que a conduta de João Carlos configura: a) crime de calúnia; b) fato típico, mas lícito; c) crime de denunciação caluniosa; d) crime de comunicação falsa de crime; e) fato criminal atípico. COMENTÁRIOS Neste caso o agente não praticou crime algum, pois o simples fato de imputar o fato a alguém não configura o delito de denunciação caluniosa, previsto no art. 339, que pressupõe que o agente impute FALSAMENTE o fato a alguém, SABENDO que a pessoa não participou daquela infração penal, o que não ocorreu na hipótese, já que João acreditava que pudesse ter sido Lúcio o infrator. 15 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 152 338 GABARITO: Letra E 18. (FGV - 2016 - OAB - XIX EXAME DE ORDEM) Patrício, ao chegar em sua reside ̂ncia, constatou o desaparecimento de um relo ́gio que havia herdado de seu falecido pai. Suspeitando de um empregado que acabara de contratar para trabalhar em sua casa e que ficara sozinho por todo o dia no local, Patrício registrou o fato na Delegacia pro ́pria, apontando,de maneira precipitada, o empregado como autor da subtrac ̧ão, sendo instaurado o respectivo inque ́rito em desfavor daquele “suspeito”. Ao final da investigac ̧ão, o inque ́rito foi arquivado a requerimento do Ministe ́rio Público, ficando demonstrado que o indiciado na ̃o fora o autor da infrac ̧ão. Considerando que Patrício deu causa a ̀ instaurac ̧ão de inque ́rito policial em desfavor de empregado cuja inoce ̂ncia restou demonstrada, e ́ correto afirmar que o seu comportamento configura A) fato atípico. B) crime de denunciac ̧ão caluniosa dolosa. C) crime de denunciac ̧ão caluniosa culposa. D) calu ́nia. COMENTÁRIOS Temos aqui um fato atípico. O agente, apesar de ter dado causa a ̀ instauração de inquérito policial em desfavor de alguém cuja inocência restou demonstrada, não praticou o crime de denunciação caluniosa, previsto no art. 339 do CP. Isto porque o delito de denunciação caluniosa exige que o agente impute falsamente o crime a alguém, SABENDO que a pessoa é inocente, ou seja, pratique a conduta para prejudicar a pessoa, sabendo que ela não praticou o fato. No caso, o patrão apenas se equivocou, de maneira que não teve a intenção de prejudicar o empregado. Não há que se falar, ainda, em denunciação caluniosa culposa, por ausência de previsão legal. Por fim, incabível falar em calúnia, eis que também não há previsão na forma culposa. GABARITO: Letra A 19. (FGV / 2016 / OAB / XIX EXAME DE ORDEM) Após realizarem o roubo de um caminhão de carga, os roubadores não sabem como guardar as coisas subtraídas até o transporte para outro Estado no dia seguinte. Diante dessa situação, procuram Paulo, amigo dos criminosos, e pedem para que ele guarde a carga subtraída no seu galpão por 24 horas, admitindo a origem ilícita do material. Paulo, para ajudá-los, permite que a carga fique no seu galpão, que é utilizado como uma oficina mecânica, até o dia seguinte. A polícia encontra na mesma madrugada todo o material no galpão de Paulo, que é preso em flagrante. Diante desse quadro fático, Paulo deverá responder pelo crime de 16 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 153 338 A) receptação. B) receptação qualificada. C) roubo majorado. D) favorecimento real. COMENTÁRIOS Neste caso Paulo responderá pelo delito de favorecimento real, previsto no art. 349 do CP. Isso porque Paulo prestou auxílio aos criminosos para que pudessem tornar seguro o proveito do crime. Não se trata, aqui, de coautoria ou participação no delito de roubo, eis que Paulo somente aceitou prestar auxílio quando o crime já havia se consumado. Assim, Paulo não pode mais ser coautor ou partícipe de um crime que já ocorreu. Contudo, caso Paulo já tivesse, previamente, combinado com os infratores que prestaria o auxílio necessário, responderia como partícipe do roubo praticado. GABARITO: Letra D 20. (FGV / 2012 / OAB / EXAME DE ORDEM) Baco, após subtrair um carro esportivo de determinada concessionária de veículos, telefona para Minerva, sua amiga, a quem conta a empreitada criminosa e pede ajuda. Baco sabia que Minerva morava em uma grande casa e que poderia esconder o carro facilmente lá. Assim, pergunta se Minerva poderia ajudá-lo, escondendo o carro em sua residência. Minerva, apaixonada por Baco, aceita prestar a ajuda. Nessa situação, Minerva deve responder por a) participação no crime de furto praticado por Baco. b) receptação. c) favorecimento pessoal. d) favorecimento real. COMENTÁRIOS Como Minerva prestou auxílio a Baco, cuja finalidade era tornar seguro o PROVEITO do crime, deverá responder pelo delito de FAVORECIMENTO REAL, nos termos do art. 349 do CP: Favorecimento real Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. GABARITO: Letra D 21. (FGV / 2011 / OAB / EXAME DE ORDEM) 17 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 154 338 Ao tomar conhecimento de um roubo ocorrido nas adjacências de sua residência, Caio compareceu à delegacia de polícia e noticiou o crime, alegando que vira Tício, seu inimigo capital, praticar o delito, mesmo sabendo que seu desafeto se encontrava na Europa na data do fato. Em decorrência do exposto, foi instaurado inquérito policial para apurar as circunstâncias do ocorrido. A esse respeito, é correto afirmar que Caio cometeu a) delito de calúnia. b) delito de comunicação falsa de crime. c) delito de denunciação caluniosa. d) crime de falso testemunho. COMENTÁRIOS Neste caso, o agente comunicou à polícia um fato criminoso que, de fato, ocorreu. Contudo, imputou a autoria a uma pessoa que SABIA SER INOCENTE, de forma que praticou o delito de DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA, nos termos do art. 339 do CP: Denunciação caluniosa Art. 339. Dar causa a ̀ instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. GABARITO: Letra C 22. (FGV / 2008 / TJMS / JUIZ) Maria de Souza devia R$ 500,00 (quinhentos reais) a José da Silva e vinha se recusando a fazer o pagamento havia meses. Cansado de cobrar a dívida de Maria pelos meios amistosos, José decide obter a quantia que lhe é devida de qualquer forma. Ao encontrar Maria fazendo compras no centro da cidade, José retira a bolsa das mãos de Maria puxando-a com força. A fivela da alça causa uma lesão leve no braço de Maria. José abre a bolsa de Maria, constatando que ela levava consigo R$ 2.000,00 (dois mil reais), e pega R$ 500,00 (quinhentos reais), deixando a bolsa com os pertences de Maria no chão. Qual será a punição para o crime praticado por José? a) Incidirá na pena de roubo simples. b) Incidirá na pena de furto simples. 18 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 155 338 c) Incidirá nas penas de exercício arbitrário das próprias razões. d) Incidirá nas penas de exercício arbitrário das próprias razões, além da pena correspondente à violência. e) Incidirá nas penas de exercício arbitrário das próprias razões, além da pena de furto simples. COMENTÁRIOS José deverá responder pelo delito de exercício arbitrário das próprias razões, nos termos do art. 345 do CP: Exercício arbitrário das próprias razões Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. Vemos, ainda, que como resultou lesão corporal em razão da violência empregada, José responderá também pela violência empregada, ou seja, pelo crime de lesão corporal. GABARITO: Letra D 23. (FGV / 2014 / TJGO / ANALISTA JUDICIÁRIO) A postura de profissional de advocacia que, atuando em causa própria de natureza penal, deixa de devolver processo para procrastinar o normal andamento pode configurar o delito de: a) favorecimento pessoal; b) favorecimento real; c) fraude processual; d) sonegação de papel ou objeto de valor probatório; e) exercício arbitrário das próprias razões. COMENTÁRIOS A conduta do agente caracteriza o delito de sonegação de papel ou objeto de valor probatório, prevista no art. 356 do CP: Sonegação de papel ou objeto de valor probatório Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos, documento ou objeto de valor probatório, que recebeu na qualidade de advogado ou procurador: 19 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br39471799600 - Naldira Luiza Vieria 156 338 Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. GABARITO: Letra D 20 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 157 338 EXERCÍCIOS COMENTADOS 1. (FCC – 2018 – ALE-SE – ANALISTA LEGISLATIVO) Sobre o crime de falso testemunho ou falsa perícia, o Código Penal, em seu artigo 342, prevê que a) é fato atípico fazer afirmação falsa em juízo arbitral. b) é fato atípico fazer afirmação falsa em inquérito penal. c) as penas são aumentadas de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da Administração pública direta ou indireta. d) o fato deixa de ser típico se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. e) é fato atípico fazer afirmação falsa em processo administrativo. COMENTÁRIOS O crime de falso testemunho ou falsa perícia está previsto no art. 342 do CP. Vejamos: Falso testemunho ou falsa perícia Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) § 1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) § 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Como se vê, o fato é TÍPICO quando praticado em processo judicial, ADMINISTRATIVO, JUÍZO ARBITRAL ou INQUÉRITO POLICIAL (erradas as letras A, B e E). A letra D está errada, pois o fato deixa de ser PUNÍVEL se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade, conforme art. 342, §2º do CP. Por fim, a letra C está correta, pois esta é a exata previsão do art. 342, §1º do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 158 338 2. (FCC – 2018 – ALE-SE – ANALISTA LEGISLATIVO) São, dentre outros, crimes contra a administração da Justiça: a) resistência, desobediência, desacato e tráfico de influência. b) advocacia administrativa, condescendência criminosa, violação de sigilo funcional e abandono de função. c) auto-acusação falsa, exercício arbitrário das próprias razões, denunciação caluniosa e exploração de prestígio. d) falsidade ideológica, falso reconhecimento de firma ou letra, certidão ou atestado ideologicamente falso e adulteração de sinal identificador de veículo automotor. e) concussão, corrupção passiva, prevaricação e corrupção ativa. COMENTÁRIOS Dentre as alternativas apresentadas, apenas a letra C traz somente crimes contra a administração da Justiça, conforme arts. 341, 345, 339 e 357 do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. 3. (FCC – 2017 – TRE-SP – ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) O Delegado de Polícia de um determinado município paulista recebe a notícia de um crime de roubo que vitimou Alfredo, que teve seu veículo subtraído por um agente mediante grave ameaça, com emprego de arma de fogo. Durante o trâmite do Inquérito Policial apura-se que Joaquim foi o autor do crime, o qual tem a sua prisão preventiva decretada. Ainda na fase policial Fabíola, a pedido de Joaquim, comparece na Delegacia de Polícia para prestar depoimento e alega que Joaquim, seu amigo, estava em sua companhia no momento do crime. Encerrado o Inquérito Policial o Ministério Público denuncia Joaquim pelo crime de roubo, denúncia esta recebida pelo Magistrado competente. Fabíola não é encontrada para prestar depoimento em juízo sob o crivo do contraditório, mesmo arrolada pela Defesa de Joaquim. Ao final do processo Joaquim é condenado pelo crime de roubo em primeira instância e, posteriormente, é instaurada ação penal contra Fabíola por crime de falso testemunho. Durante o trâmite do recurso interposto por Joaquim contra a sentença que o condenou por crime de roubo, e da ação penal instaurada por falso testemunho contra Fabíola, esta resolve se retratar, afirmando que Joaquim não estava com ela no dia do crime. No caso hipotético apresentado, na esteira do Código Penal, Fabíola (A) não cometeu crime de falso testemunho, pois prestou depoimento falso apenas durante o trâmite do Inquérito Policial. (B) será regularmente processada pelo crime de falso testemunho e estará sujeita à pena cominada ao delito, sem qualquer causa de redução de pena. (C) não poderá ser punida por crime de falso testemunho, pois se retratou antes da sentença proferida nos autos da ação penal instaurada por falto testemunho. (D) será regularmente processada pelo crime de falso testemunho e estará sujeita à pena cominada ao delito no Código Penal, reduzida de 1/3. (E) será regularmente processada pelo crime de falso testemunho e estará sujeita à pena cominada ao delito no Código Penal, reduzida de 1/6. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 159 338 COMENTÁRIOS Neste caso, Fabíola praticou o delito de falso testemunho, previsto no art. 342 do CP, mesmo tendo o depoimento sido prestado em sede de inquérito policial. Todavia, a retratação de Fabíola não terá o condão de extinguir a punibilidade, eis que ocorreu APÓS a sentença no processo relativo ao fato criminoso que foi objeto do depoimento (o crime praticado por Joaquim), nos termos do art. 342, §2º do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 4. (FCC – 2017 – TRE-SP – ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA) Ricardo reside na cidade de São Paulo e acaba testemunhando, da janela de sua residência, o furto de um veículo que estava estacionado na via pública, defronte ao seu imóvel, praticado por dois agentes. Para se vingar do seu desafeto e vizinho Rodolfo e sabendo de sua inocência, Ricardo apresenta uma denúncia anônima à Polícia noticiando que Rodolfo foi um dos autores do referido crime de furto. A autoridade policial determina a instauração de inquérito policial para apuração da autoria delitiva em relação a Rodolfo. Nesse caso hipotético, Ricardo cometeu crime de (A) falso testemunho. (B) denunciação caluniosa, com pena prevista de reclusão de dois a oito anos e multa, aumentada de sexta parte, pois serviu-se de anonimato. (C) comunicação falsa de crime, com pena prevista de detenção de um a seis meses ou multa, aumentada de sexta parte, pois serviu-se de anonimato. (D) denunciação caluniosa, com pena prevista de reclusão de dois a oito anos e multa, sem qualquer majoração. (E) comunicação falsa de crime, com pena prevista de detenção de um a seis meses ou multa sem qualquer majoração. COMENTÁRIOS Neste caso o agente praticou o crime de denunciação caluniosa, previsto no art. 339 do CP, pois deu causa à instauração de inquérito policial contra alguém em razão de uma falsa imputação de crime, quando sabia que a vítima era inocente, ou seja, não tinha praticado o delito. A pena, neste caso, será aumentada em 1/6, pois o agente se valeu do anonimato (art. 339, §1º do CP). Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 5. (FCC – 2014 – TRF3 – OFICIAL DE JUSTIÇA) Segundo a jurisprudência dominante no âmbito do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, bem como do Superior Tribunal de Justiça, aliás em sintonia com segmentoimportante da doutrina brasileira mais contemporânea, no crime de falso testemunho ou falsa perícia, a) é possível participação e autoria mediata. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 160 338 b) é possível participação, mas não autoria mediata. c) não é possível participação, mas sim autoria mediata. d) é impossível participação ou autoria mediata. e) é possível autoria indireta, mas não autoria mediata. COMENTÁRIOS A Doutrina e a jurisprudência firmaram entendimento MAJORITÁRIO no sentido de ser cabível a participação, mas não a coautoria, nem autoria mediata. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 6. (FCC – 2014 – METRÔ-SP – ADVOGADO) Tício subtraiu um veículo automóvel e o levou até a oficina de Cezar, que modificou as placas identificadoras para assegurar-lhe a posse do produto do crime. Nesse caso, Cezar responderá por a) furto. b) favorecimento real. c) favorecimento pessoal. d) receptação. e) estelionato. COMENTÁRIOS A conduta de Cezar, neste caso, se amolda perfeitamente ao tipo penal de favorecimento real, previsto no art. 349 do CP: Favorecimento real Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 7. (FCC – 2014 – TRF3 – ANALISTA JUDICIÁRIO) Para incluir-se no âmbito de proteção normativa do artigo 347 do Código Penal, a inovação da coisa na pendência de processo notadamente precisa ser; a) cênica e/ou ardilosa. b) importante e/ou significativa. c) voluntária e/ou consciente. d) oculta e/ou sub-reptícia. e) irreversível e/ou irreparável. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 161 338 COMENTÁRIOS O crime de inovação artificiosa (ou fraude processual) está tipificado no art. 347 do CP. Vejamos: Fraude processual Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro. A Doutrina entende que o tipo penal exige que a inovação seja um engodo, uma fraude, um ardil, ou seja, tenha por finalidade enganar o destinatário (aquele que deveria receber o local no estado em que se encontrava antes). Vejam, portanto, que o agente cria uma “cena” que não existia antes. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A. 8. (FCC – 2015 – TJ-GO – JUIZ) No que toca aos crimes contra a administração da justiça, acertado afirmar que a) não configura coação no curso do processo usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em juízo arbitral. b) não configura crime a conduta de provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de contravenção que sabe não se ter verificado. c) configura favorecimento pessoal a conduta de auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de detenção. d) não configura denunciação caluniosa dar causa à instauração de investigação policial contra alguém, imputando-lhe contravenção penal de que o sabe inocente. e) configura o crime de autoacusação falsa a conduta de acusar-se, perante a autoridade, de contravenção penal inexistente ou praticada por outrem. COMENTÁRIOS a) ERRADA: Tal conduta também configura o delito de coação no curso do processo, nos termos do art. 344 do CP. b) ERRADA: Item errado, pois esta conduta também se amolda ao tipo penal do delito de comunicação falsa de crime ou contravenção, previsto no art. 340 do CP. c) CORRETA: Item correto, pois o art. 348, §1º do CP assim prevê: Favorecimento pessoal Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 162 338 ==1365fc== Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. § 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. d) ERRADA: Item errado, pois trata-se de conduta também inserida no tipo penal do delito de denunciação caluniosa, nos termos do art. 339, §2º do CP. Caso haja a efetiva instauração do IP, o crime restará consumado; caso contrário, teremos a forma tentada do delito. e) ERRADA: Item errado, pois tal conduta não está prevista no art. 341 do CP: Auto-acusação falsa Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem: Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. 9. (FCC – 2015 – TRT 23º REGIÃO – JUIZ DO TRABALHO) Mediante suborno, João, ouvido como testemunha em processo trabalhista, fez afirmação falsa. No caso, a) João responderá pelo crime de falso testemunho, sem aumento de pena, cabível apenas quando o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal. b) compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de falso testemunho verificado. c) aquele que deu dinheiro a João para que prestasse depoimento falso não incidirá nas penas do crime de falso testemunho previsto no art. 342 do Código Penal. d) João responderá pelo crime de falso testemunho, tal qual ocorreria se tivesse prestado o depoimento na condição de parte. e) haverá extinção da punibilidade pela abolitio criminis se João se retratar após o trânsito em julgado da sentença no processo em que ocorreu o falso testemunho. COMENTÁRIOS A) ERRADA: Item errado, pois o crime foi cometido mediante suborno, o que também autoriza a aplicação da causa de aumento de pena, nos termos do art. 342, §1º do CP. B) ERRADA: Item errado, pois em se tratando de crime praticado em processo trabalhista, há interesse da União (trata-se de Justiça Federalizada), de maneira que a competência é da Justiça estadual. O STJ editou a súmula 165 em relação ao caso: Súmula 165 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 163 338 Compete à Justiça Federal processar e julgar crime de falso testemunho cometido no processo trabalhista. C) CORRETA: Item correto. Neste caso, temos o que se chama de exceção à teoria monista, pois cada um dos agentes responderá por um tipo penal próprio. No caso, o agente que oferece o suborno responderá pelo delito de corrupção ativa de testemunha, previsto no art. 343 do CP: Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) D) ERRADA: Item errado, pois o art. 342 do CP não se aplica àquele que pratica a conduta na qualidade de PARTE no processo, apenas àquele que pratica a conduta na qualidade de testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete. E) ERRADA: Item errado, pois a extinção da punibilidade só ocorrerá se o agente se retratar antes da sentença (e não depois do trânsito em julgado), nos termos do art. 342, §2º do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. 10. (FCC - 2011 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - TÉCNICO JUDICIÁRIO - SEGURANÇA) Maria procurou Ana, que ia ser submetida a julgamento perante o Tribunal do Júri por crime de infanticídio e, dizendo-se amiga dedois jurados, solicitou a quantia de R$ 5.000,00 para influir a seu favor no julgamento destes. Maria responderá por crime de A) estelionato. B) corrupção ativa. C) exploração de prestígio. D) advocacia administrativa. E) favorecimento pessoal. COMENTÁRIOS O crime praticado por Maira, no caso citado, é o de exploração de prestígio, previsto no art. 357 do CP: Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 164 338 Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. 11. (FCC - 2011 - TRF - 1ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - EXECUÇÃO DE MANDADOS) A respeito dos Crimes contra a Administração da Justiça, considere: I. No delito de comunicação falsa de crime ou contravenção, há indicação expressa de pessoa determinada como autora da infração. II. No delito de denunciação caluniosa, não há indicação expressa de determinada pessoa como autora da infração. III. A vítima de um crime não comete crime de falso testemunho se calar a verdade em processo judicial. IV. No delito de falso testemunho, o fato deixa de ser punível se o agente se retrata ou declara a verdade até o trânsito em julgado da sentença ou do acórdão proferido no processo em que ocorreu a falsidade. Está correto o que se afirmar SOMENTE em: A) III. B) I, II e III. C) I e IV. D) II, III e IV. E) I, II e IV. COMENTÁRIOS I. ERRADA: Não é necessária a indicação de pessoa autora do delito, bastando a informação falsa acerca da existência do FATO; II. ERRADA: No Crime de denunciação caluniosa é indispensável que o agente proceda à individualização e determinação da pessoa a qual ele imputa o crime de que sabe ser a pessoa inocente. Nos termos do art. 339 do CP: Art. 339. Dar causa a ̀ instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. III. CORRETA: O CP não prevê a figura da vítima como autora do crime de falso testemunho. Vejamos: Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 165 338 Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. IV. ERRADA: O fato só deixa de ser punível se a retratação ocorre até a sentença RECORRÍVEL, e não até o trânsito em julgado da sentença. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A. 12. (FCC - 2011 - TRE-TO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Arrebatamento de preso é classificado como crime A) de abuso de autoridade. B) praticado por particular contra a administração em geral. C) praticado por funcionário público contra a administração em geral. D) contra a fé pública. E) contra a administração da Justiça. COMENTÁRIOS O crime de “arrebatamento de preso” está previsto no art. 353 do CP, estando incluído, portanto, no capítulo referente aos crimes contra a administração da justiça. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E. 13. (FCC - 2010 - TRE-RS - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA) Quanto ao crime de exercício arbitrário das próprias razões, somente se procede mediante queixa se A) cometido por ascendente, descendente, cônjuge ou irmão da vítima. B) não há emprego de violência. C) cometido para satisfazer pretensão legítima. D) visa a recuperar coisa própria que se acha em poder de terceiro por determinação judicial. E) não há dano ao patrimônio público. COMENTÁRIOS No crime de exercício arbitrário das próprias razões, o crime é, em regra, de ação penal pública incondicionada. Entretanto, se não há violência, somente se procede mediante queixa (ação penal privada), nos termos do § único do art. 345 do CP: Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 166 338 Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 14. (FCC - 2006 - TRF - 1ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Paulo e Pedro alugaram um helicóptero e, com a utilização da corda de salvamento, possibilitaram a fuga do chefe da quadrilha a que pertenciam, içando-o do pátio da penitenciária onde cumpria pena privativa de liberdade. Nesse caso, Paulo e Pedro responderão por crime de A) arrebatamento de preso. B) motim de presos. C) fuga de pessoa presa. D) favorecimento pessoal. E) evasão mediante violência. COMENTÁRIOS Paulo e Pedro, neste caso, cometeram o crime de “fuga de pessoa presa”, previsto no art. 351 do CP. Vejamos: Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a medida de segurança detentiva: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Cuidado com a pegadinha, povo! O crime de “arrebatamento de preso” só ocorrerá se o dolo específico do agente for o de arrebatar o preso para MALTRATÁ-LO, o que não ocorreu no caso concreto. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. 15. (FCC - 2009 - MPE-SE - ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO - ESPECIALIDADE DIREITO) Aquele que solicita dinheiro a pretexto de influir em órgão do Ministério Público pratica o crime de A) condescendência criminosa. B) advocacia administrativa. C) tráfico de influência. D) patrocínio infiel. E) exploração de prestígio. COMENTÁRIOS A conduta daquele que solicita dinheiro (ou qualquer outra vantagem) a pretexto de influir em órgão do MP, jurado, testemunha, etc., comete o crime de “exploração de prestígio”, previsto no art. 357 do CP: Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 167 338 Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E. 16. (FCC - 2010 - TRF - 4ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Paulo auxilia seu irmão, autor de crime a que é cominada pena de reclusão, a subtrair-se à ação de autoridade pública. Nesse caso, Paulo A) comete crime de fraude processual. B) comete crime de favorecimento real, com redução da pena aplicada em metade. C) comete crime de favorecimento pessoal, com redução da pena aplicada em metade. D) fica isento de pena. E) comete crime de favorecimento real. COMENTÁRIOS A conduta daquele que auxilia alguém, que acabara de cometer crime, a subtrair-se da autoridade policial, é considerada crime de FAVORECIMENTO PESSOAL. No entanto, o §2° do art. 348 prevê que se o favorecedor for irmão, descendente, ascendente ou cônjuge do favorecido, ficará isento de pena. Vejamos: Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. (...) § 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena.Lembrando que essa ressalva só se aplica ao favorecimento pessoal, não ao favorecimento real. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D. 17. (FCC - 2009 - TRT - 3ª REGIÃO (MG) - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA - EXECUÇÃO DE MANDADOS) Quem dá causa à instauração de investigação policial ou de processo judicial contra alguém, imputando-lhe crime, sem ter certeza de ser ele o autor do delito, A) não comete nenhum delito. B) comete crime de denunciação caluniosa, na forma dolosa. C) comete crime de comunicação falsa de crime, na forma dolosa. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 168 338 D) comete crime de denunciação caluniosa, na forma culposa. E) comete crime de comunicação falsa de crime, na forma culposa. COMENTÁRIOS Para que o crime de comunicação falsa de crime ocorra, é necessário que o agente comunique à autoridade policial um fato que SABE NÃO TER OCORRIDO. Para a caracterização do delito de denunciação caluniosa é necessário que o agente dê causa à instauração do procedimento contra pessoa certa e determinada, em razão da prática de crime, SABENDO DE SUA INOCÊNCIA. Assim, fica claro que a conduta daquele que dá causa à instauração de investigação policial contra pessoa que não tem certeza se é ou não inocente, NÃO COMETE CRIME ALGUM, pois se exige o dolo, consistente na vontade de denunciar caluniosamente alguém que SABE SER INOCENTE. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A. 18. (FCC - 2009 - TRT - 3ª REGIÃO (MG) - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) José encontrava-se preso, cumprindo pena por crime de roubo. Em determinado dia, trocou de roupa com um visitante e fugiu pela porta de entrada do presídio. Nesse caso, José A) cometeu crime de fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança. B) cometeu crime de arrebatamento de preso. C) não cometeu nenhum crime, porque não empregou violência contra a pessoa. D) cometeu crime de fraude processual. E) cometeu crime de favorecimento pessoal. COMENTÁRIOS Por mais que possa parecer estranho, José não cometeu crime algum, pois a fuga do preso só é considerada crime, para ele (preso), quando o preso emprega violência na fuga, caracterizando o crime de evasão mediante violência contra a pessoa, previsto no art. 352 do CP: Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência. A conduta do preso, no entanto, é considerada falta grave pela LEP, mas não crime, neste caso. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. 19. (FCC - 2007 - TRF-2R - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) A pessoa que confessa, perante autoridade policial, delito inexistente, A) não pratica nenhum delito. B) pratica crime de autoacusação falsa. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 169 338 C) pratica crime de falso testemunho. D) pratica crime de comunicação falsa de crime. E) pratica crime de denunciação caluniosa. COMENTÁRIOS O crime praticado por quem afirma ter praticado crime que não ocorreu é o de AUTOACUSAÇÃO FALSA, nos termos do art. 341 do CP. Vejamos: Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem: Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. Lembrando que este crime somente pode ser praticado por alguém “externo” ao crime, ou seja, alguém que dele não participou. O comparsa que assume a culpa sozinho para “livrar a cara” do outro comparsa não pratica este crime. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 20. (FCC - 2007 - TRF-2R - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA - EXECUÇÃO DE MANDADOS) O reingresso no território nacional de estrangeiro expulso do País, sem autorização de autoridade competente e sem que tenha sido revogada a expulsão A) não caracteriza crime definido no Código Penal se a expulsão foi injusta. B) não caracteriza crime, estando o agente sujeito apenas a nova expulsão. C) não caracteriza crime definido no Código Penal e o agente só está sujeito a nova expulsão se cometer delito apenado com reclusão. D) caracteriza crime definido no Código Penal e sujeita o agente apenas a nova expulsão após o término do processo. E) caracteriza crime definido no Código Penal, estando o agente sujeito a pena privativa de liberdade sem prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da pena. COMENTÁRIOS A conduta praticada pelo estrangeiro expulso, consistente em reingressar no território nacional, sem autorização para tanto, configura o crime de “reingresso de estrangeiro expulso”, previsto no art. 338 do CP. Vejamos: Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso: Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da pena. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 170 338 21. (FCC - 2007 - TRF-4R - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA - EXECUÇÃO DE MANDADOS) Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite, configura crime de A) peculato. B) abuso de poder. C) exercício arbitrário das próprias razões. D) concussão. E) prevaricação. COMENTÁRIOS A conduta daquele que faz justiça com as próprias mãos caracteriza o crime de “exercício arbitrário das próprias razões”, previsto no art. 345 do CP: Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. 22. (FCC - 2013 - TCE-SP - AUDITOR DO TRIBUNAL DE CONTAS) O crime de coação no curso do processo a) não se caracteriza quando da violência empregada contra testemunha para forçá-la a não dizer a verdade não resultaram lesões corporais. b) só pode ser praticado pelas partes, jamais por estranhos à relação processual ou pelo advogado de qualquer delas. c) exige apenas o dolo genérico, sendo desnecessária a finalidade de favorecer interesse próprio ou alheio. d) não se caracteriza quando o autor do delito ameaça de morte o escrivão de polícia no curso do inquérito policial, com o fim de impedir o seu indiciamento. e) consuma-se com a prática da violência ou grave ameaça, pouco importando se o agente conseguiu ou não a abstenção ou omissão da vítima em declarar ou apurar a verdade. COMENTÁRIOS A) ERRADA: O crime se consuma com o mero exercício da violência pelo agente, imbuído da intenção de favorecer interesse próprio ou alheio no processo, na forma do art. 344 do CP; B) ERRADA: O item está errado, pois se trata de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa; Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 171 338 C) ERRADA: O tipo penal deste delito exige, expressamente, que o agente pratique a conduta (usar da violência ou grave ameaça) com a finalidade específica de favorecer interesse próprio ou alheio. Vejamos: Coação no curso do processo Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena correspondente à violência. D) ERRADA: O item está errado pois, embora não seja o escrivão o responsável pelo indiciamento, isto é irrelevante, bastando que o agente pratique a conduta com a finalidade obter algum proveito (inclusive pode tera finalidade forçar o Delegado a não indiciá-lo, utilizando a agressão ao escrivão como meio para isso); E) CORRETA: O item está correto, pois trata-se de crime formal, que não se consuma com a obtenção do resultado, mas com a mera prática da conduta visando o resultado. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E. 23. (FCC – 2012 – TJ/PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Paulus foi preso em flagrante e recolhido à cadeia pública de uma cidade do interior. No momento da alimentação, mediante violência física, dominou o carcereiro e tentou fugir, mas, na porta da delegacia, foi dominado por policiais que estavam chegando ao local. Paulus responderá por crime de A) arrebatamento de preso, na forma consumada. B) evasão mediante violência contra pessoa, na forma consumada. C) motim de presos, na forma consumada. D) evasão mediante violência contra pessoa, na forma tentada. E) fuga de pessoa presa, na forma tentada. COMENTÁRIOS Nesse caso Paulos cometeu o crime de evasão mediante violência contra a pessoa, NA FORMA CONSUMADA, eis que a ocorrência da evasão é irrelevante para a consumação do delito, que, nos termos do art. 352, se consuma com a simples tentativa de evasão do preso. Vejamos: Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 172 338 Assim, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 24. (FCC – 2012 – TJ/PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) A respeito do crime de fraude processual, é INCORRETO afirmar que A) pode ser praticado por qualquer pessoa, ainda que não interessada na solução do processo. B) pode ser praticado pelo procurador de qualquer das partes. C) é punido com detenção e sanção pecuniária na modalidade culposa. D) pode ocorrer em processo civil, penal e até em processo administrativo. E) é admissível a tentativa, pois a conduta descrita no tipo é fracionável. COMENTÁRIOS O crime de fraude processual está previsto no art. 347 do CP: Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro. Portanto, pode ocorrer em processo civil, penal e administrativo, bem como pode ser praticado por qualquer pessoa, incluindo o advogado das partes ou outra pessoa, ainda que não possua interesse na causa. Admite-se a tentativa, eis que se trata de crime plurissubsistente (a conduta é fracionável). Entretanto, não é previsto na modalidade culposa. Assim, a alternativa INCORRETA É A LETRA C. 25. (FCC – 2012 – TJ/PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Augustus compareceu ao distrito policial e acusou falsamente seu desafeto Paulus de ser o autor de crime de peculato, que sabia não ter se verificado. A autoridade policial lavrou um Boletim de Ocorrência, mas deixou de instaurar inquérito policial por ter constatado a falsidade da acusação. Nesse caso, Augustus A) responderá por tentativa de denunciação caluniosa. B) responderá por comunicação falsa de crime, na forma consumada. C) responderá por denunciação caluniosa, na forma consumada D) responderá por tentativa de comunicação falsa de crime. E) não responderá por nenhum delito, porque o inquérito policial não chegou a ser instaurado. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 173 338 COMENTÁRIOS Nesse caso, como a conduta de Augustus foi imputar a uma pessoa um fato criminoso QUE NÃO EXISTIU, o crime em tela é o de comunicação falsa de crime. Vejamos: Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Será na forma consumada, eis que a autoridade praticou algum ato, ainda que o Inquérito não tenha sido instaurado. Não se trata de crime de denunciação caluniosa, eis que o infrator não acusou a pessoa de crime que sabia ser a pessoa inocente, pois nesse crime é pressuposto que o fato criminoso tenha existido, e a autoria seja falsamente imputada a alguém, o que não é o caso. Assim, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 26. (FCC – 2006 – TRF1 – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Paulo, valendo-se do anonimato, telefonou à polícia, informando falsamente que seu vizinho e desafeto José havia assaltado um banco situado nas proximidades. Instaurado inquérito policial, apurou-se que José era inocente e que o telefonema tinha vindo da residência de Paulo, que acabou confessando a prática do fato delituoso. Nesse caso, Paulo responderá por crime de A) comunicação falsa de crime. B) denunciação caluniosa. C) falso testemunho. D) fraude processual. E) auto-acusação falsa. COMENTÁRIOS Nesse caso, Paulo responderá por denunciação caluniosa, nos termos do art. 339 do CP. Vejamos: Art. 339. Dar causa a ̀ instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 174 338 § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção. A diferença para o crime de comunicação falsa de crime (art. 340) é que aqui, o fato ocorreu, mas a autoria é falsamente imputada a alguém. Já no crime de comunicação falsa de crime o FATO NÃO OCORREU. Assim, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 27. (FCC - 2012 – TCE/AP – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO) A respeito dos crimes contra a administração pública, considere: I. O funcionário público que não se encontra no exercício de suas funções não pode ser sujeito ativo de crime de prevaricação. II. O crime de advocacia administrativa não admite a forma tentada. III. O crime de denunciação caluniosa só é punível a título de dolo, enquanto o delito de comunicação falsa de crime ou contravenção admite a forma culposa. Está correto o que se afirma APENAS em A) I. B) I e II. C) I e III. D) II e III. E) III. COMENTÁRIOS Analisando cada item: I - CORRETA: Nos termos do art. 319, somente o funcionário público no exercício da função pode cometer o delito: Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. II - ERRADA: O crime de advocacia administrativa admite a forma tentada, pois é possível o fracionamento da conduta criminosa (crime plurissubsistente), de forma que nada impede a tentativa; III - ERRADA: Ambos os crimes admitem apenas a forma dolosa, por ausência de expressa previsão legal de punição da forma culposa. Vejamos: Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 175 338 Art. 339. Dar causa a ̀ instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinarou ato ímprobo de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. (...) Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Estando correta apenas a afirmativa I, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A. 28. (FCC – 2011 – TCE/SP - PROCURADOR) Quanto aos crimes contra a administração da justiça, é correto afirmar que A) não configura o crime de coação no curso do processo o uso de violência ou grave ameaça contra testemunha em processo administrativo, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio. B) as penas são aumentadas de um terço no delito de exploração de prestígio, se o agente insinua que o dinheiro solicitado, a pretexto de influir em testemunha, a esta também se destina. C) constitui favorecimento pessoal prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria ou receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime. D) configura o delito de auto-acusação falsa o ato da pessoa que, perante a autoridade, se atribui o cometimento de contravenção penal inexistente ou praticada por outrem. E) não incorre nas penas do delito de patrocínio infiel o advogado que defende na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. COMENTÁRIOS A) ERRADA - Essa conduta configura o crime de coação no curso do processo. Vejamos o art. 344 do CP: Coação no curso do processo Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena correspondente à violência. B) CORRETA - A afirmativa está correta, conforme previsão do art. 357, § único do CP: Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 176 338 Exploração de prestígio Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo. C) ERRADA - Nesse caso, o delito é de FAVORECIMENTO REAL, não favorecimento pessoal. Vejamos: Favorecimento real Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. D) ERRADA - O crime só se configura se o agente se atribui falsamente a prática de crime. Vejamos: Auto-acusação falsa Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem: Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. E) ERRADA - A conduta descrita caracteriza o delito de patrocínio infiel. Vejamos: Patrocínio infiel Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado: Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 29. (FCC – 2007 – ISS/SP - AUDITOR FISCAL TRIBUTÁRIO MUNICIPAL) O contador que, em declaração prestada em processo administrativo, cala a verdade pratica o crime de A) desacato. B) desobediência. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 177 338 C) fraude processual. D) condescendência criminosa. E) falso testemunho. COMENTÁRIOS O crime de falsa perícia ou falso testemunho, previsto no art. 342 do CP, e se caracteriza pela omissão, negação ou afirmação falsa em testemunho ou perícia de qualquer natureza, quando em processo administrativo, judicial, Juízo arbitral ou Inquérito Policial. Se consuma com a realização da conduta, SENDO CRIME FORMAL. Vejamos: Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. No caso concreto restou configurado, portanto, o crime de FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA. Portanto, a alternativa CORRETA É A LETRA E. 30. (FCC – 2012 – TRT18 – JUIZ) Configura o crime de coação no curso do processo o uso de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em a) processo judicial, havendo aumento da pena se ocorrer em feito penal. b) processo administrativo, mas não em inquérito policial. c) processo judicial de qualquer natureza, mas não em processo administrativo. d) juízo arbitral. e) inquérito policial e apenas em processo judicial penal. COMENTÁRIOS A conduta está tipificada no art. 344 do CP: Coação no curso do processo Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena correspondente à violência. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 178 338 Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D. 31. (FCC – 2012 – TRF5 – ANALISTA JUDICIÁRIO-EXECUÇÃO DE MANDADOS) Em audiência judicial, o intérprete que, dolosamente, traduz declaração de testemunha de modo contrário ao teor do depoimento, todavia que se retrata por escrito, depois de proferida a sentença, mas antes do trânsito em julgado, a) não comete o crime de falso testemunho ou perícia por ocorrência de causa excludente da ilicitude. b) comete o crime de falso testemunho ou falsa perícia no modo tentado. c) não comete o crime de falso testemunho ou perícia, pois intérprete não é testemunha ou perito. d) comete o crime de falso testemunho ou perícia, mas está isento de pena pela retratação. e) comete o crime de falso testemunho ou falsa perícia no modo consumado. COMENTÁRIOS O agente, aqui, pratica o delito de falso testemunho, e não há extinção da punibilidade pela retratação, eis que foi realizada APÓS a sentença: Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) (...) § 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E. 32. (FCC - 2012 – TRT1 – JUIZ) NÃO constitui crime contra a administração da justiça a) a denunciação caluniosa. b) o exercício arbitrário das próprias razões. c) o favorecimento pessoal. d) o patrocínio infiel. e) a desobediência. COMENTÁRIOS Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 179 338 O crime de desobediência não é um crime contra a administração da Justiça, e sim um crime praticadonão praticou qualquer infração disciplinar, pois reside na 10 Ver, como exemplo: STJ CC32496/SP Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 13 338 comarca em que exerce suas funções, embora passe os finais de semana na casa de praia. Nesse exemplo, temos duas situações: Conduta anterior à Lei 14.110/20 – Fato atípico Conduta posterior à Lei 14.110/20 – Crime de denunciação caluniosa, consumado ou tentado, a depender das circunstâncias (caso haja, ou não, instauração de PAD contra o denunciado). No que se refere à conduta de dar causa à instauração de um procedimento (um dos previstos no art. 339) contra alguém sabidamente inocente, imputando-lhe ato de improbidade administrativa, temos verdadeira novatio legis in pejus, ou seja, lei penal mais grave que a anterior. Como assim, professor? Se a redação anterior do art. 339 do CP não previa a imputação falsa de ato de improbidade, como há aqui nova lei mais grave ao invés de nova lei incriminadora? Isso se dá porque tal conduta, apesar de não abarcada na redação antiga do art. 339 do CP, estava prevista no art. 19 da Lei de improbidade administrativa. Vejamos: Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente. Pena: detenção de seis a dez meses e multa. Vale ressaltar que o art. 19 da Lei de Improbidade (Lei 8.429/92) não foi expressamente revogado, mas a melhor interpretação doutrinária indica que a nova redação do art. 339 do CP passou a cuidar integralmente do tema, logo, o art. 19 da Lei de Improbidade (Lei 8.429/92) estaria tacitamente revogado. Segue, abaixo, um quadro sinóptico das alterações: Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 14 338 3 Comunicação falsa de crime ou contravenção Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Neste crime, o bem jurídico tutelado é o mesmo do anterior, com a exceção de que não se individualiza o infrator, mas se comunica um crime que NÃO OCORREU. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 15 338 O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (CRIME COMUM), sendo sujeito passivo o Estado, que sofre prejuízo no desenvolvimento de suas atividades. Parte da Doutrina entende que se o crime comunicado for de ação penal privada, somente o suposto ofendido é que poderia cometer o crime.11 A conduta incriminada é a de dar causa (provocar) a ação da autoridade, comunicando crime ou contravenção que o agente SABE QUE NÃO OCORREU. Vejam que, aqui, o FATO NÃO OCORREU. Diversamente do crime anterior, aqui o agente não aponta um culpado, não individualiza um suposto infrator. A Doutrina majoritária entende que a comunicação falsa de crime perante policiais militares NÃO CONFIGURA O DELITO EM QUESTÃO, eis que os policiais militares não são autoridade para estes fins (instauração de investigação).12 O elemento subjetivo é o dolo, consistente na vontade de comunicar à autoridade a ocorrência falsa de um crime. Boa parte da Doutrina entende, ainda, que deve haver a especial finalidade de agir, consistente na INTENÇÃO DE VER A AUTORIDADE “SE MEXER” E PRATICAR ALGUM ATO INVESTIGATÓRIO. Ficaria com esta corrente se fosse vocês!13 14 O crime se consuma no momento em que a autoridade, em razão da comunicação falsa, pratica algum ato, não sendo necessária a instauração do Inquérito15. Admite-se a tentativa. A ação penal é pública incondicionada. 4 Autoacusação falsa de crime Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem: Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. O sujeito ativo aqui pode ser qualquer pessoa (CRIME COMUM). Não pratica o crime, entretanto, quem ASSUME SOZINHO A PRÁTICA DE UM CRIME DO QUAL PARTICIPOU16! O sujeito passivo é o Estado. 11 CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 828 12 CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 829 13 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 335. CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 829 14 CUIDADO! Se o agente comunica falsamente um crime, COM A FINALIDADE DE OBTER INDENIZAÇÃO DE SEGURO, comete o crime de fraude contra seguro (art. 171, §2°, V do CP). 15 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 336 16 CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 831. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 338 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 16 338 Aqui o objeto NÃO PODE SER CONTRAVENÇÃO PENAL! A conduta punida é a de autoacusar-se (incriminar a si próprio) falsamente, PERANTE A AUTORIDADE COMPETENTE (autoridade policial, MP ou Judiciário). É crime de ação livre, ou seja, pode ser praticado por qualquer meio. O elemento subjetivo é o dolo, consistente na vontade de se autoacusar. Pouco importa o motivo! Ainda que o motivo seja nobre (evitar a punição de um filho, por exemplo), haverá o crime.17 Não há necessidade de que seja espontâneo! Comete o crime, por exemplo, aquele que, em sede de interrogatório (policial ou judicial) confessa crime que não cometeu. Se a confissão se deu sob coação, há inexigibilidade de conduta diversa, que exclui a CULPABILIDADE, logo, NÃO HÁ CRIME. O crime se consuma no momento em que A AUTORIDADE TOMA CONHECIMENTO DA AUTOACUSAÇÃO FALSA, pouco importando se toma qualquer providência.18 A tentativa é admissível. A ação penal é pública incondicionada. 5 Falso testemunho ou falsa perícia Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) § 1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) 17 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 339 18 CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 833 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 17 338 § 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) O sujeito ativo aqui somente pode ser a testemunha, o perito, o contador, o tradutor ou o intérprete. Assim, o crime é PRÓPRIO. O sujeito passivo é o Estado. CUIDADO! A Doutrina majoritária entende que a vítima não pode ser sujeito ativo deste delito, pois não é “testemunha”. Ela não presta depoimento, e sim “declarações”. CUIDADO II! Se a testemunha proferir falso testemunho com a intenção de não produzir prova contra si (pois a verdade poderia gerar um futuro processo contra ela), também não estará praticando crime. Mais do que um crime próprio, aqui temos um CRIME DE MÃO PRÓPRIA, ou seja, além de só poder ser praticado por aquela pessoa que possui a condição especial, ele NÃO ADMITE COAUTORIA, nem execução por intermédio de outra pessoa. O próprio perito, intérprete, testemunha, etc. é quem deve praticar a conduta. Embora existam vozes na Doutrina defendendo tese contrária, a regra Doutrinária é: No crime de falso testemunho só cabepor particular contra a administração pública em geral, pois inserido no Capítulo II do Título XI do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E. 33. (FCC – 2012 – TRT11 – JUIZ) A retratação do agente, antes da sentença no processo em que ocorreu o falso testemunho, é causa a) de exclusão da imputabilidade. b) de extinção da punibilidade. c) de diminuição da pena. d) de exclusão da culpabilidade. e) supralegal de exclusão da ilicitude. COMENTÁRIOS A retratação, desde que ANTES da sentença (não é da sentença irrecorrível, mas da PRIMEIRA SENTENÇA no processo!), é causa de extinção da punibilidade, nos termos do art. 342, §2º do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 34. (FCC – 2012 – MPE-PE – TÉCNICO MINISTERIAL) Considere: I. Facilitar a fuga de pessoa legalmente presa. II. Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública o autor de crime a que é cominada pena de reclusão. Essas condutas tipificam, respectivamente, os delitos de a) fuga de pessoa presa ou submetida à medida de segurança e favorecimento pessoal. b) arrebatamento de preso e favorecimento real. c) motim de presos e favorecimento real. d) condescendência criminosa e favorecimento pessoal. e) arrebatamento de preso e favorecimento pessoal. COMENTÁRIOS As condutas caracterizam, respectivamente, os delitos de “fuga de pessoa presa” e “favorecimento pessoal”, nos termos dos arts. 351 e 348 do CP, respectivamente. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A. 35. (FCC – 2012 – TRF2 – ANALISTA JUDICIÁRIO) José percebeu que seu conhecido João havia cometido crime de desobediência e estava fugindo a pé, sendo perseguido por policiais. Em vista disso, despistou os milicianos e colocou João no interior de seu veículo, deixando o Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 180 338 local e impedindo, dessa forma, a prisão em flagrante deste. Nesse caso, José responderá pelo crime de a) favorecimento pessoal privilegiado. b) favorecimento real. c) favorecimento pessoal em seu tipo fundamental. d) arrebatamento de preso. e) facilitar a fuga de pessoa presa. COMENTÁRIOS O agente praticou, aqui, o delito de FAVORECIMENTO PESSOAL, nos termos do art. 348 do CP: Favorecimento pessoal Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. § 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. Como o delito de desobediência, previsto no art. 330 do CP, é punido apenas com DETENÇÃO, o agente será enquadrado no §1º do art. 348, que é a forma “privilegiada” do delito, pois possui pena mais branda. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A. 36. (FCC – 2014 – TRT18 – JUIZ) No crime de exercício arbitrário das próprias razões, a ação penal é a) sempre pública condicionada. b) privada, se não há emprego de violência. c) sempre privada. d) pública condicionada, se não há emprego de violência. e) sempre pública incondicionada. COMENTÁRIOS A ação penal, neste delito, em regra será pública incondicionada, salvo se não houver violência, pois neste caso a ação penal será privada: Exercício arbitrário das próprias razões Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 181 338 Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 37. (FCC – 2014 – CÂMARA MUNICIPAL-SP – PROCURADOR) A testemunha retratou-se de seu depoimento anteriormente mendaz, agora para declarar a verdade nos autos do processo, o que ela fez às vésperas do julgamento da apelação respectiva. Segundo o entendimento hoje dominante na doutrina brasileira, pode-se afirmar: a) É caso de perdão judicial. b) Não se extingue a punibilidade, nem cabe perdão judicial. c) Extingue-se a punibilidade. d) Extingue-se a punibilidade, salvo se o crime tiver sido praticado mediante suborno ou com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta. e) Ocorre perempção COMENTÁRIOS A retratação, aqui, não terá o condão de levar à extinção da punibilidade, pois foi realizada APÓS a sentença (pois se já está às vésperas do julgamento da apelação, isso significa que já houve sentença), nos termos do art. 342, §2º do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 182 338 EXERCÍCIOS COMENTADOS 1. VUNESP - Proc Leg (CM SBO)/CM SBO/2023 Com relação às descrições típicas que compõem todas as ações humanas previstas no art. 351 do CP (fuga de pessoa presa ou submetida à medida de segurança), é correto afirmar que a) todos elas preveem a utilização de arma de fogo. b) só se configura o delito em questão se ocorrer violência ou grave ameaça. c) a pena é aumentada caso o preso sofra lesão grave ou morra durante a fuga. d) o funcionário público incumbido da custódia do preso não é punido em caso de conduta culposa. e) há possibilidade de aplicação de pena de detenção ou reclusão, a depender da gravidade da conduta. COMENTÁRIOS a) ERRADA: Item errado, pois o crime não necessariamente será praticado mediante utilização de arma de fogo. Caso isso ocorra, haverá a forma qualificada do delito: Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a medida de segurança detentiva: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. § 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de reclusão, de dois a seis anos. b) ERRADA: Item errado, pois o emprego de violência ou grave ameaça não é elemento do tipo. Caso haja emprego de violência contra pessoa, aplica-se também a pena correspondente à violência, nos termos do art. 351, §2º do CP. c) ERRADA: Item errado, pois a pena não há previsão de tal majorante. d) ERRADA: Item errado, pois o funcionário público incumbido da custódia do preso é punido em caso de conduta culposa, nos termos do art. 351, §4º do CP: Art. 351 (...) § 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três meses a um ano, ou multa. e) CORRETA: Item correto, pois há possibilidade de aplicação de pena de detenção ou reclusão, a depender da gravidade da conduta, já que, na forma simples e na forma culposa (art. 351, Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 183 338 caput e §4º, respectivamente), a pena cominada é a de detenção; já nas formas qualificadas (art. 351, §§1º e 3º), a pena cominada é a de reclusão. GABARITO: Letra E 2. VUNESP - Esc (TJ SP)/TJ SP/2023 A respeito dos Crimes contra a Administração da Justiça, previstos no Código Penal, é correto afirmar que a) o crime de coação no curso do processo será qualificado se praticado em processo que envolva crime contra a dignidade sexual. b) a imputação de prática de contravenção penal que sabe ser inverídica não configura o crime de denunciação caluniosa, pois o tipo penal fala apenas em crime, ato improbo e infração ética-disciplinar. c) o crime de fraude processual será qualificado se a inovação tiver como objetivo produzir efeito em processo penal. d) a retração ou declaração da verdade pelo agente, antes de proferida a sentença no processo em que se deu o falso testemunho, é causa de diminuição de pena do crime de falso testemunhoparticipação19 (alguém induz, instiga ou auxilia testemunha a não falar a verdade)20. Há decisão do STF admitindo a COAUTORIA – MAS É DECISÃO ISOLADA!!21 No crime de falsa perícia, cabe tanto a coautoria quanto a participação (Ex.: perícia feita por dois peritos que, em conluio, decidem elaborar laudo falso). Testemunha sem compromisso de dizer a verdade (informante) comete o crime? É divergente, mas A MAIORIA DA DOUTRINA ENTENDE QUE SIM22, pois o CP não distingue testemunha compromissada e não compromissada para fins de aplicação deste tipo penal. 19 Posição doutrinária amplamente majoritária. CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 836. 20 Ver, como exemplo: STJ HC 36287/SP. 21 Advogado que instrui testemunha a apresentar falsa versão favorável à causa que patrocina. Posterior comprovação de que o depoente sequer estava presente no local do evento. Entendimento desta Corte de que é possível, em tese, atribuir a advogado a co-autoria pelo crime de falso testemunho. Habeas-Corpus conhecido e indeferido. (HC 75037, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MAURÍCIO CORRÊA, Segunda Turma, julgado em 10/06/1997, DJ 20-04-2001 PP-00105 EMENT VOL-02027-04 PP-00687) – ISSO É DECISÃO ISOLADA! 22 Em sentido contrário, Bitencourt. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 350 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 18 338 O tipo objetivo é DE AÇÃO MÚLTIPLA (ou plurinuclear), pois pode ser praticado de diversas formas: Negando a verdade (que lhe fora perguntada objetivamente. Ex.: Fulano matou cicrano?); Fazendo afirmação falsa (Ex.: O que você sabe sobre o crime? Resposta: Eu sei que fulano não matou cicrano, pois estava comigo na hora); Calando-se (Pode ser deixando de falar ou sendo evasivo, lacônico. Ex.: “Não sei”, “não me lembro”, “não estou me recordando”). CUIDADO! Pode ocorrer de a afirmação falsa decorrer de uma percepção errada da realidade. Assim, imaginem que uma testemunha diga que viu o cidadão A estuprar a cidadã B. Agora imagine que, na verdade, ela tenha se enganado, pois no momento o cidadão A estava se engalfinhando com a cidadã B por causa de um pão-de-mel (Foi braba essa, reconheço!). Nesse caso não há falso testemunho, pois não há dolo.23 Nesse caso não há crime, pois não há intenção de prestar falso testemunho, e o crime não admite modalidade culposa. O crime só é punido a título doloso. O crime se consuma no momento em que o agente faz a declaração ou perícia falsa, pouco importando se dessa afirmação falsa sobrevém algum resultado (sentença condenatória ou absolutória com base nela). Assim, o crime se consuma mesmo que o testemunho ou a perícia não fundamentem a convicção do Juiz. CUIDADO! Ainda que o processo no qual ocorreu o falso testemunho seja anulado por algum vício (incompetência absoluta, por exemplo), o crime permanece! A tentativa só é admitida, pela maioria da Doutrina, no caso de falsa perícia, pois no caso de falso testemunho, em razão da oralidade, não pode haver fracionamento do ato.24 23 CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 839 24 Seria possível a tentativa no caso de depoimento prestado por escrito, nas hipóteses admitidas por lei. CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 839 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 19 338 O §1° prevê causa de aumento de pena nas seguintes hipóteses: Crime cometido mediante suborno. Praticado com vistas (dolo específico) a obter prova que deva produzir efeitos em processo civil em que seja parte a administração direta ou indireta. Praticado com vistas a obter prova que deva produzir efeitos em processo criminal. O § 2° prevê uma hipótese de extinção da punibilidade, que ocorrerá caso o agente se retrate da declaração falsa antes da sentença. Sentença definitiva? Não. A maioria da Doutrina entende que a retratação, para gerar a extinção da punibilidade, deve ocorrer antes da sentença recorrível. Entretanto, tem crescido o entendimento de que a retratação, a qualquer momento, antes do trânsito em julgado, seria causa de extinção da punibilidade. E se o crime foi praticado em concurso (participação ou coautoria), a retratação de um se estende aos demais? A Doutrina sempre entendeu que não, por ser circunstância pessoal, mas vem crescendo na Doutrina25 (tendo, inclusive, decisão do STJ nesse sentido) o entendimento de que se comunica.26 Além disso, a retratação deve ocorrer no processo em que fora prestado o falso testemunho ou falsa perícia, e não no eventual futuro processo que será instaurado para punir o infrator. A ação penal é pública incondicionada. 6 Corrupção ativa de testemunha, contador, perito, intérprete ou tradutor Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) 25 CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 841 26 (...) A retratação de um dos acusados, tendo em vista a redação do art. 342, § 2º, do Código Penal, estende-se aos demais co-réus ou partícipes. Writ concedido. (HC 36.287/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 17/05/2005, DJ 20/06/2005, p. 305) Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 20 338 Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) O nome do delito não está previsto no CP, mas é dado pela Doutrina. Trata-se de delito idêntico ao de corrupção ativo, com a peculiaridade de que a vantagem deve ser oferecida a uma daquelas pessoas, com a finalidade (dolo específico) de obter a prática de algum dos atos que importam em FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA (exceção à teoria monista, pois, no mesmo fato, quem paga pela afirmação falsa comete um crime, e quem recebe a vantagem, realizando a afirmação falsa, comete outro)27. CUIDADO! Parte da Doutrina entende que se o destinatário da corrupção é funcionário público (perito oficial, por exemplo), o crime praticado é o de corrupção ativa, e não este!28 O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. O sujeito passivo é o Estado. O elemento subjetivo é somente o dolo, agregado da finalidade especial de agir, consistente na intenção de ver ser praticado um daqueles atos pelo destinatário da vantagem. O crime se consuma com o oferecimento ou promessa da vantagem, desde que chegue ao conhecimento do destinatário (crime formal). Ocorrendo a modalidade “dar”, o crime é material, pois se exige a entrega da vantagem. A tentativa só é admissível quando o suborno se der por meio que permita o fracionamento do ato (e-mail ou carta interceptados por terceiro, por exemplo).29 O § único prevê causa de aumento de pena nas seguintes hipóteses: Praticado com vistas (dolo específico) a obter prova que deva produzir efeitos em processo civil em que seja parte a administração direta ou indireta. Praticado com vistas a obter prova que deva produzir efeitos em processo criminal. A ação penal é pública incondicionada. 27 Caso queiram, podem analisar o seguinte julgado do STJ, abordando esta questão: REsp 169212/PE 28 CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 844 29 CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 845 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br39471799600 - Naldira Luiza Vieria 21 338 7 Coação no curso do processo Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena correspondente à violência. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Já o sujeito passivo, sendo, além do Estado, a pessoa que sofre ameaça ou violência, só pode ser uma daquelas pessoas enumeradas no tipo penal. O tipo objetivo consiste em se utilizar de violência ou grave ameaça, sobre qualquer das pessoas que funcionam ou são chamadas a intervir no processo, COM A FINALIDADE DE FAVORECER INTERESSE PRÓPRIO OU ALHEIO. Vejam que aqui temos INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA, pois o CP dá uma série de exemplos e, ao final, aplica uma regra genérica, abrindo possibilidade expressa de que o ato seja praticado em face de outros sujeitos do processo. O elemento subjetivo exigido é o dolo, acompanhado do dolo específico, consistente na intenção de favorecer a si ou a outra pessoa. Não há modalidade culposa. O crime se consuma quando a coação (moral ou física) é exercida, não importando se a vítima cede ao que o infrator exige, não sendo necessário, sequer, que a vítima se sinta efetivamente ameaçada (no caso da grave ameaça). EXEMPLO: José é réu em processo criminal pela suposta prática do crime de homicídio. No curso do processo, o MP arrola Ricardo como testemunha. Pedro, pai de José, liga para a testemunha Ricardo e diz que este deve tomar cuidado com o que vai falar, pois se o filho vier a ser prejudicado por seu depoimento, “Ricardo será um homem morto”. Ricardo não se intimida e presta depoimento firme, prestando várias informações verdadeiras que acabam sendo prejudiciais ao réu José. Nesse caso, Pedro responderá por coação no curso do processo consumada. A tentativa é possível. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 22 338 No caso de a coação no curso do processo ser praticada mediante violência, o agente responderá pela coação no curso do processo e também receberá as penas referentes à violência empregada:30 EXEMPLO: José, réu em determinado processo criminal, visando intimidar uma testemunha, a agrediu e exigiu que esta não “abrisse o bico”. A testemunha agredida acabou sofrendo lesão corporal grave. Nesse caso, José deverá receber as penas relativas aos crimes de coação no curso do processo e lesão corporal grave. A ação penal é pública incondicionada. Importante destacar que a Lei 12.245/21 acrescentou o § único ao art. 344, criando uma causa de aumento de pena caso a coação ocorra com vistas a produzir efeito em processo que apure crime contra a dignidade sexual: Art. 344 - (…) Parágrafo único. A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até a metade se o processo envolver crime contra a dignidade sexual. (Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021) EXEMPLO: José é réu em processo criminal pela suposta prática do crime de estupro, em tese praticado contra Maria. Pedro, pai de José, ameaça uma das testemunhas no referido processo, afirmando que, se esta falar algo que prejudique seu filho, “sofrerá as consequências”. Nesse caso, teremos coação no curso do processo, majorada de um terço até a metade porque se deu em processo que envolve crime contra a dignidade sexual. 8 Exercício arbitrário das próprias razões Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa. 30 CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 848 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 23 338 Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. O crime de exercício arbitrário das próprias razões está previsto no art. 345 do CP, sendo o art. 346 um crime “sem nome”, mas que por guardar traços de “Justiça com as próprias mãos”, será estudado aqui. O sujeito ativo do delito pode ser qualquer pessoa, tanto no primeiro quanto no segundo caso. O sujeito passivo, em ambos os casos, é o Estado, e, secundariamente, o particular que sofre a ação do infrator. O tipo objetivo, no primeiro caso, é composto por apenas um verbo (fazer), mas que comporta a maior das possibilidades (fazer = qualquer conduta). Assim, qualquer atitude apta a externar a intenção do agente em obter Justiça própria caracteriza o delito. Imagine o caso do dono do restaurante que, ao saber que os clientes decidiram não pagar a conta por não terem “gostado da comida”, resolve subtrair o dinheiro de suas carteiras e bolsas, à força, para obter o que lhe é devido. Nesse caso, a atitude do dono do restaurante, embora fundamentada em um direito (o de receber o que é devido) é ilícita, pois quem detém o monopólio da Jurisdição é o ESTADO, não sendo lícito aos particulares fazerem sua própria Justiça. CUIDADO! É necessário que a pretensão “legítima” do sujeito ativo, que fundamenta a conduta, seja possível de ser obtida junto ao Poder Judiciário, caso contrário, teremos outro crime, e não este. Ex.: Imagine que o dono do restaurante, irritado pelo não pagamento da conta, resolve matar os clientes. Neste caso, ele pode até, na sua cabeça, ter feito “justiça”, mas na verdade estará praticando homicídio, pois sua pretensão não poderia ter sido satisfeita pelo Judiciário (pretensão de matar os clientes). CUIDADO II! A Doutrina entende que a “ilegitimidade” da pretensão não afasta, de plano, a possibilidade de ocorrência deste delito, desde que o agente esteja convencido de que sua pretensão é legítima.31 Ex.: José deve mil reais a Maria. Contudo, a dívida já prescreveu. Maria, porém, acredita sinceramente que a dívida ainda é devida. Num domingo de sol, enquanto ambos conversavam, Maria se aproveita de um descuido de José e subtrai seu celular, avaliado em R$ 950,00. Nesse caso, a pretensão de Maria não 31 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 369 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 24 338 era mais legítima (pois não poderia obter a satisfação da pretensão em Juízo, já que estava prescrita). Contudo, por acreditar piamente na legitimidade da mesma, não responderá por furto, e sim pelo crime do art. 345. Entretanto, existem casos em que o uso da força pelo particular é legitimado pelo Estado, como no caso da legítima defesa, por exemplo. Nesses casos, não há crime. O elemento subjetivo exigido é o dolo, não havendo forma culposa. Se o agente pratica o ato sem saber que sua pretensão possui algum amparo legal, não comete este crime, podendo cometer, por exemplo, constrangimento ilegal ou cárcere privado (no caso do nosso exemplo). A consumação se dá, segundo a Doutrina MAIS QUE MAJORITÁRIA, no momento em que o agente tem sua pretensão satisfeita pelas próprias mãos (Imaginem que, no nosso exemplo), o dono do restaurante recebesse o valor da conta. A tentativa, portanto, é plenamente possível. A ação penal é, em regra, pública incondicionada. Entretanto, se da ação do agente NÃO resultar violência, a ação penal será PRIVADA. COM VIOLÊNCIA = PÚBLICA SEM VIOLÊNCIA = PRIVADA O art. 346, por sua vez, é uma espécie de exercício arbitrário das próprias razões, com a peculiaridade de que há um objeto que se encontra em poder de terceiro por determinaçãojudicial ou convenção, mas QUE PERTENÇA AO AGENTE. Nelson Hungria (Talvez o maior penalista brasileiro de todos os tempos) entendia que este delito não é espécie de exercício arbitrário das próprias razões, eis que o agente, aqui, não possui qualquer pretensão legítima a salvaguardar (Faz algum sentido...). O tipo objetivo consiste em suprimir, tirar, destruir ou danificar. Perceba, caro aluno, que o sujeito passivo aqui é o Estado, bem como a pessoa que estava de posse da coisa.32 O dono não é sujeito passivo, pois o dono da coisa é o próprio infrator. O elemento subjetivo exigido é o dolo, não havendo previsão de forma culposa. A Doutrina diverge quanto à necessidade de a atitude do agente visar à satisfação de pretensão legítima. O delito consuma-se com a prática das condutas descritas no tipo penal, não havendo necessidade de que o agente consiga qualquer benefício ou satisfaça qualquer anseio pessoal (Prevalece, portanto, a Doutrina que entende não haver dolo específico necessário). 32 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 374 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 25 338 A tentativa é plenamente possível. A ação penal será, em qualquer caso, pública incondicionada. 9 Fraude processual Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro. O crime pode ser praticado por qualquer pessoa, tenha ou não interesse no processo, participe ou não dele. O sujeito passivo será o Estado, pois se tutela o regular exercício da atividade jurisdicional. O tipo objetivo consiste em alterar o lugar, de coisa ou de pessoa. Ou seja, pune-se o camarada que, mediante a intenção de praticar fraude processual, muda os fatos (retira manchas de sangue, limpa o local do crime, etc.). A intenção, aqui, é ludibriar o Juiz (ou o perito, que, no final das contas, acaba ludibriando o Juiz se fizer uma perícia com base em elementos errados). O tipo fala em processo civil ou administrativo. Mas você acha mesmo que isso seria permitido no processo penal? Mas é claro que não! No processo penal é pior ainda! Tanto o é, que o § único estabelece uma causa de aumento de pena (majorante) no caso de o crime ser praticado com vistas à fraude em processo penal, AINDA QUE NÃO INICIADO (desde que a intenção seja, no futuro, induzir a erro o Juiz do processo penal). Nesse caso, a pena se aplica em dobro. PROCESSO CIVIL OU ADMINISTRATIVO = PENA COMUM PROCESSO PENAL = PENA EM DOBRO O crime se consuma com a mera realização do ato, desde que CAPAZ DE LUDIBRIAR O JUIZ, ainda que este, efetivamente, não seja enganado pela manobra do infrator.33 A ação penal é pública incondicionada. 33 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 386 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 26 338 10 Favorecimento Pessoal Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. § 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. § 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. O crime é comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. Sujeito passivo é o Estado. O crime não se verifica quando o próprio autor do crime ajuda um comparsa a fugir, eis que é necessário que aquele que presta o auxílio não tenha participado da conduta criminosa, na medida em que o fato de fugir ou auxiliar na fuga do comparsa é inerente à prática criminosa (Ou vocês queriam que além de responder pelo crime o camarada respondesse pela fuga!?). Além disso, é necessário que o auxílio seja prestado APÓS A PRÁTICA DO DELITO e, ainda, não tenha sido previamente acordado entre o favorecedor e o favorecido. Caso contrário, o favorecedor pode ser considerado partícipe do delito praticado.34 CUIDADO COM ISSO! COMBINAÇÃO PRÉVIA = CONCURSO DE AGENTES (responde pelo delito praticado) SEM COMBINAÇÃO PRÉVIA = FAVORECIMENTO PESSOAL O favorecimento deve ser, ainda, CONCRETO, ou seja, o auxílio prestado deve ter sido eficaz para a subtração do infrator às autoridades. O elemento subjetivo exigido é o dolo, a intenção de colaborar, auxiliar o infrator na sua empreitada. Assim, pode ocorrer na forma direta ou na forma eventual. EXEMPLO: Imagine que Ricardo bata à porta de José, e, com uma bolsa de dinheiro na mão, sangrando no braço e com uma pistola na cintura, lhe peça para ficar algumas horas em sua casa, já que são conhecidos de longa data. José até pode não saber (efetivamente) que Ricardo acaba de cometer um latrocínio. 34 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 389/390 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 27 338 Entretanto, convenhamos, ele, no mínimo, assumiu o risco de estar ajudando um criminoso. Não se admite a forma culposa. Não é necessário que o favorecedor saiba exatamente que crime acabara de cometer o favorecido, desde que saiba ou possa imaginar que ele acaba de cometer um crime.35 O delito se consuma com a efetiva prestação do auxílio e A OBTENÇÃO DE ÊXITO NA OCULTAÇÃO DO FAVORECIDO. Assim, se o favorecedor fornece sua casa para o criminoso, mas a polícia o vê entrando e o prende, não há crime consumado, mas tentado (art. 14, II do CP).36 Parte minoritária da Doutrina entende que a obtenção de êxito na ocultação É DISPENSÁVEL PARA A CONSUMAÇÃO DO DELITO. O §1° prevê a forma privilegiada do crime, que ocorre quando o agente presta auxílio a quem acaba de cometer crime que não é apenado com reclusão (pena mais branda, pois o crime anteriormente cometido é, em tese, menos grave). O §2° traz a chamada “escusa absolutória”. O que é isso? A escusa absolutória é uma causa de isenção de pena que ocorre, neste caso, quando o agente (o favorecedor) é ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do favorecido. A ação penal é pública incondicionada. 11 Favorecimento real Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. O delito aqui previsto é um pouco diferente do anterior. Enquanto no crime de favorecimento pessoal o agente ajuda o criminoso a se esconder, nesse crime o agente ajuda o criminoso a tornar seguro o proveito do crime. Macete: 35 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 393 36 CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 861. Em sentido contrário, Bitencourt. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 393 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 28 338 Favorecimento PESSOAL = PESSOA Favorecimento REAL = Res (Do latim = COISA) Aqui também se exige que o favorecimento seja posterior ao crime (até porque fala em “proveito do crime” = crime já aconteceu). Além disso, não deve ter havido prévio acordo. Se tiver havido este acordo, o favorecedor responde como partícipe do delito cometido.37 Também é necessário que o agente não ADQUIRA PARA SI O PRODUTO. Nesse caso, o crime seria o de RECEPTAÇÃO. Não se exige (tanto aqui como no anterior) que o crime praticado pelo favorecido tenha sido objeto de processo criminal e tenha transitado em julgado a sentença penal condenatória. Basta que fique comprovada a materialidade e a autoria do primeiro. Oelemento subjetivo é o dolo, acrescido da especial finalidade de agir, consistente na intenção de tornar seguro o proveito do crime. A consumação se dá com a prestação do auxílio, ainda que a pretensão não seja alcançada (o proveito do crime não se torne seguro). A tentativa é plenamente possível. AQUI NÃO SE APLICA A ESCUSA ABSOLUTÓRIA prevista no § 2° do artigo anterior. Ou seja, ainda que o favorecimento seja prestado a um parente próximo, o crime permanece! A ação penal é pública incondicionada. O art. 349-A, inserido no CP pela Lei 12.012/09, prevê a conduta daquele que ingressa de qualquer modo auxilia na entrada de aparelho celular em presídio, sem autorização legal. Vejamos: Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009). Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009). O sujeito ativo, aqui, pode ser qualquer pessoa, logo, O CRIME É COMUM. É imprescindível que o agente promova a entrada do celular no presídio SEM AUTORIZAÇÃO LEGAL (elemento normativo do tipo penal). 37 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 399/400. CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 863 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 29 338 O elemento subjetivo do tipo é o dolo, não sendo prevista a modalidade culposa. É claro que a intenção deve ser a de levar o aparelho celular até algum dos detentos. Assim, o camarada que entra no presídio com o seu celular, porque se esqueceu de deixá-lo na portaria, não comete crime. O crime é considerado de MERA CONDUTA, consumando-se no momento em que o agente entra no presídio com o celular (desde que tenha a intenção de levá-lo a alguém). A tentativa não é admitida pela maioria da Doutrina. 12 Exercício arbitrário ou abuso de poder (revogado) Exercício arbitrário ou abuso de poder Art. 350 - (Revogado pela Lei nº 13.869, de 2019) (Vigência) Como se vê, este artigo foi revogado expressamente pela Lei 13.869/19 (Nova lei de Abuso de autoridade). 13 Fuga de pessoa presa ou submetida à medida de segurança Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a medida de segurança detentiva: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. § 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. § 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se também a pena correspondente à violência. § 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o preso ou o internado. § 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia ou guarda, aplica- se a pena de detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Entretanto, somente poderá ser cometido pelo funcionário público (sendo, portanto, PRÓPRIO), nas modalidades culposa (§4°) e qualificada (§3°). Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 30 338 O tipo objetivo (conduta incriminada) é promover ou facilitar a fuga. Promove quem dá causa à fuga, e facilita quem ajuda alguém a realizá-la. CUIDADO! Não se exige que a pessoa esteja efetivamente presa, podendo, por exemplo, estar sendo conduzida para a cadeia, desde que esteja sob a custódia do Estado!38 Além disso, se a prisão é ilegal, quem pratica o ato de promover ou facilitar a fuga não comete crime, pois age em LEGÍTIMA DEFESA DE TERCEIRO. O crime se consuma com a obtenção de êxito na fuga, sendo crime material. A tentativa é plenamente possível. O § 1° estabelece uma forma qualificada, que ocorrerá sempre que: For cometido à mão armada Por mais de uma pessoa Mediante arrombamento O §2° estabelece que, havendo violência contra a pessoa, além da pena deste crime, aplica- se a pena relativa à violência. O §3° estabelece outra qualificadora, que incide no caso de o crime ser praticado por quem tinha a custódia do preso. Nesse caso, o crime é PRÓPRIO. O §4° traz a modalidade culposa, que também só pode ser praticada pelo funcionário público responsável pelo preso, sendo crime próprio. A ação penal é pública incondicionada. 14 Evasão mediante violência contra a pessoa Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa: 38 CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 870 Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 31 338 Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência. Esse crime é próprio, pois somente pode ser praticado por quem esteja preso ou submetido à medida de segurança. O elemento subjetivo aqui é o dolo, não se punindo a forma culposa. O tipo objetivo é bastante claro: Fugir ou “tentar fugir”. Percebam, assim, que não há diferença entre fugir e tentar fugir, logo, NÃO SE ADMITE TENTATIVA, consumando-se o crime no momento em que o agente tenta fugir (pois já pratica um dos núcleos do tipo). Exige-se, ainda, que o preso TENHA USADO VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA (se usou violência contra coisa, não caracteriza o crime). O elemento subjetivo é o dolo, não havendo previsão típica para a forma culposa. A ação penal é pública incondicionada. 15 Arrebatamento de preso Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de quem o tenha sob custódia ou guarda: Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena correspondente à violência. O crime é comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. O sujeito passivo é o estado e, subsidiariamente, o preso. Como não se admite analogia incriminadora, não há crime se o ato é cometido contra pessoa internada por medida de segurança. O tipo objetivo consiste em retirar o preso da custódia do Estado (independentemente da legalidade da prisão) com o fim de MALTRATÁ-LO (linchamento, por exemplo). Assim, o elemento subjetivo exigido é o dolo, acompanhado DO ESPECIAL FIM DE AGIR, consistente na intenção de dar uma “sova” (por exemplo) no preso. O crime se consuma com a retirada do preso sob custódia da autoridade, sendo irrelevante para a consumação a ocorrência dos maus-tratos. Nesse caso, ocorrendo os maus-tratos, o agente responde, ainda, pela pena relativa à violência. Admite-se a tentativa. A ação penal é pública incondicionada. Renan Araujo Aula 10 Concursos da Área Fiscal - Curso Básico de Direito Penal www.estrategiaconcursos.com.br 39471799600 - Naldira Luiza Vieria 32 338 16 Motim de presos Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou disciplina da prisão: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência. Esse crime é PRÓPRIO, pois somente pode ser cometido por presos. O tipo objetivo é o de reunirem-se os presos, fazendo baderna, rebelião, PERTURBANDO A ORDEM OU DISCIPLINA DA PRISÃO. A Doutrina admite, no entanto, que o crime possa ser praticado, por exemplo, em veículo de transporte de presos. Em qualquer caso, é necessário um número expressivo de presos (não se diz quantos, mas a Doutrina entende que devam ser, pelo menos, quatro). O elemento subjetivo é o dolo, consistente na vontade de realizar a rebelião, o motim, a baderna, independentemente de quais sejam as finalidades do motim. Não há forma culposa. O crime se consuma com a efetiva PERTURBAÇÃO DA ORDEM OU DISCIPLINA DA PRISÃO, por um tempo relevante (Doutrina majoritária). Não ocorrendo isto, o crime será tentado. A ação penal é pública incondicionada.