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METODOLOGIA DO ENSINO DA GEOGRAFIA AULA 6 Profª Maria Eneida Fantin 2 CONVERSA INICIAL A cartografia é considerada a principal linguagem da Geografia. De fato, para a maioria das pessoas, ao se mencionar a Geografia escolar, são despertadas lembranças de trabalhos com mapas. Mas quais são, exatamente, as memórias recorrentes em relação ao manuseio de mapas na escola? É provável que muitas respostas a essa pergunta relatem atividades mecânicas de cópia e pintura de mapas diversos. Em geral, quem viveu esse tipo de experiência escolar não despertou o gosto pela Geografia, tampouco contribuiu para a alfabetização cartográfica. Isso mesmo! Alfabetização cartográfica. Mapa é texto que usa uma linguagem específica, complexa e que precisa ser ensinada aos estudantes desde muito cedo. Esse texto, em forma de mapa, representa, por meio de códigos e símbolos, determinado espaço real. Por isso, fala-se em alfabetização, pois é necessário que o estudante domine esse sistema de códigos e símbolos que compõem a linguagem cartográfica. Além disso, as noções de orientação e de escala precisam ser desenvolvidas, uma vez que o espaço representado nos mapas é reduzido numa proporção quantitativa que precisa ser compreendida pelo estudante, que deve ser orientado para que possa identificar direções cardeais, colaterais. Assim, alfabetizar para a leitura de mapas implica um trabalho pedagógico que pode ser iniciado na educação infantil e estender-se até o final do ensino médio. É um trabalho a ser desenvolvido pelo professor unidocente dos anos iniciais e do ensino fundamental e pelo professor de Geografia dos anos finais e do ensino médio. As etapas da alfabetização cartográfica são diversas e distintas, respeitando-se a idade das crianças. Nessa perspectiva, esse texto irá tratar dos seguintes assuntos: etapas da alfabetização cartográfica; relações espaciais que os estudantes precisam compreender para aprender a ler mapas; especificidade do alfabeto cartográfico; possibilidades e relevância do uso escolar do mapa. Os objetivos a serem alcançados com essa abordagem são: apresentar as etapas da alfabetização cartográfica; discorrer sobre o domínio de determinadas relações espaciais como fundamento para leitura de mapas; mostrar o alfabeto cartográfico; discutir o uso pedagógico do mapa na escola, no ensino de Geografia. 3 TEMA 1 – ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA: PRIMEIROS PASSOS Quando afirmamos que a alfabetização cartográfica pode ser iniciada ainda na educação infantil, na verdade, estamos apenas fazendo referência a algumas noções espaciais que devem ser estimuladas nos bebês e nas crianças pequenas. O trabalho com a tomada de consciência do esquema corporal é fundamental para que as crianças comecem a explorar o espaço imediato e desenvolvam noções espaciais topológicas elementares. Por isso, é importante dispor brinquedos e estímulos sonoros e coloridos nas pernas e braços para que o bebê, inicialmente, observe os lados do seu corpo e, mais tarde, conquiste maior domínio do espaço, rolando, arrastando-se, engatinhando até alcançar o objeto/brinquedo desejado. A evolução motora, o desenvolvimento físico e até psicológico da criança diante desses estímulos vão contribuir para sua noção de espaço mais tarde. Dessa mesma perspectiva, brincar em ambientes e com mobiliário reduzido, como em caixas de papelão, cabanas, casinhas de bonecas, ajuda as crianças a apreender o espaço e se organizar nele. Essas brincadeiras, devidamente estimuladas em casa ou na escola, podem ser de grande valia para o amadurecimento das noções espaciais na criança (Almeida; Passini, 2002). Outro aspecto importante para a organização espacial e que pode começar a ser desenvolvido ainda na educação infantil é a consciência da lateralidade, do predomínio de um lado do corpo. Ainda que a identificação de direita e esquerda se consolide mais tarde, o trabalho pedagógico com os lados do corpo ajuda a desenvolver a consciência corporal. Nessa fase, o desenho do mapa do corpo, a identificação das partes do corpo nesse desenho e as brincadeiras com ele podem contribuir para a efetiva compreensão da lateralidade. De fato, espera-se que, entre os 4 e 7 anos, a criança desenvolva a capacidade de identificar as partes do seu corpo, o que coincide com o momento escolar da passagem da educação infantil para os anos iniciais do ensino fundamental. Nesse momento, a criança ainda localiza os objetos e as pessoas em relação a si mesma – fase do egocentrismo –, estágio pré-operatório de Piaget. Depois dos 7 ou 8 anos, as crianças iniciam a fase da descentralização, o que amplia bastante as possibilidades de alfabetização cartográfica mais efetiva. Com essa idade, as crianças já estão no estágio operatório concreto de 4 Piaget e começam a usar mais a razão, as operações mentais, ainda que com o auxílio de materiais concretos (Nogueira; Leal, 2015). Assim, nessa fase do desenvolvimento cognitivo da criança, o trabalho de alfabetização cartográfica deve se dar em busca de formar o aluno mapeador consciente para depois chegar ao aluno leitor de mapas (Almeida; Passini, 2002). Isso quer dizer que é preciso apresentar aos estudantes os passos e procedimentos para a elaboração de mapas, de modo que ele construa mapas do espaço vivido, para, mais tarde, usar o alfabeto cartográfico oficial e propor a leitura de mapas elaborados por cartógrafos. De acordo com Simielli (1999), a figura a seguir pode ser um orientador ao professor que deseja proceder a alfabetização cartográfica de seus alunos. Figura 1 – Formando o leitor de mapas Fonte: Simielli, 1999, p. 101. Representações gráficas Cartografia Mapas, cartas e plantas Rigor nas representações (símbolos e convenções cartográficas) Usuário: localização e análise, correlação e síntese Aluno leitor crítico Maquetes (representação tridimensional) Mapas mentais Croquis (representação bidimensional) Maior liberdade nas representações (cognição, percepção individual e criatividade) Usuário: entendimento e participação no processo de confecção Aluno mapeador consciente 5 No esquema apresentado, a autora sugere, na coluna da direita, que o trabalho pedagógico se inicie com representações livres do espaço geográfico – mapa mental, maquetes, croquis –, que podem ser propostas pelo professor, a depender da realidade de cada turma. Nesse contexto, as maquetes da sala de aula são as mais comuns e tradicionalmente feitas nos anos iniciais do ensino fundamental. Por meio dessa atividade, diversos elementos da alfabetização cartográfica são trabalhados, entre eles: a observação detalhada de forma e composição do espaço real, a lateralidade, a orientação, a escala intuitiva, a criação livre de legenda. Para produzir a maquete da sala de aula, o estudante precisa observar o tamanho e formato da sala, a localização e quantidade de janelas, a localização da porta, da mesa da professora, do quadro de giz, do resto do mobiliário. Precisará encontrar uma caixa de papelão com formato similar ao da sala e dimensões nas quais caibam os objetos que representarão todo o mobiliário envolvido. Terá que separar caixinhas e outras sucatas de forma e tamanho proporcionais ao mobiliário da sala. Depois, colocar na maquete cada coisa no lugar correspondente ao real. Deverá, também, recortar a porta e representar as janelas nas paredes correspondentes. Todo esse raciocínio envolve aspectos relacionados à escala intuitiva. Espera-se um resultado hipoteticamente similar ao da Figura 2. Figura 2 – Representação de maquete de sala de aula Crédito: Haiducki Pith/Eclan Imagem Digital Com a maquete (tridimensional), o professor pode propor a elaboração do mapa da sala de aula (bidimensional), ainda sem usar qualquer recurso de 6escala. Sugere-se que seja colado, sobre a maquete, um plástico transparente para que o estudante observe os objetos de cima (visão vertical) e desenhe, no plástico, os contornos que consegue visualizar. Assim, a ideia de visão vertical pode ser explicada pelo professor, e o estudante vivencia a representação possível dos objetos quando vistos de cima. O mapa, correspondente à maquete representada anteriormente, seria assim: Figura 3 – Mapa elaborado com base na maquete da sala de aula Crédito: Elias Aleixo. Com esse procedimento, o professor executou todos os passos da coluna da direita do esquema de Simielli, apresentado algumas páginas antes, quais sejam: • elaboração da maquete (tridimensional) com liberdade das representações, seguindo orientações para observar uma relação de escala; • o usuário (estudante) participa ativamente do processo, compreende o que está fazendo, exercita a observação da disposição dos objetos uns em relação aos outros (direção, orientação, proximidade, lateralidade etc.); • elaboração do mapa da sala de aula (bidimensional) com liberdade para escolha de cores e criação de legenda; 7 • o estudante vivenciou o papel de mapeador do espaço vivido de forma ativa e consciente. Ainda com base na maquete da sala de aula, ou na maquete da escola (para turmas mais velhas), o professor poderá explorar as relações espaciais topológicas, projetivas e euclidianas, de modo a preparar esse aluno, mapeador consciente, a mais tarde ler mapas elaborados por cartógrafos. TEMA 2 – ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA: RELAÇÕES ESPACIAIS As etapas para a criança desenvolver uma concepção de espaço são progressivas e vão de relações espaciais mais simples às mais complexas. Sem conceber o espaço em termos de dimensão, organização, ordenamento, sequência, articulação, posicionamento dos objetos e fenômenos, a criança terá dificuldades para compreender a representação espacial em mapas. Ocorre que os processos intelectuais necessários para o desenvolvimento da concepção de espaço são paulatinos, dependem de maturidade biológica e emocional afetiva. Por isso, defende-se que o trabalho pedagógico na Educação Infantil enfatize o esquema corporal e inicie a lateralidade, com brincadeiras e propostas de movimentação em que a criança percorra o espaço vivido, identifique a posição dos objetos, primeiro em relação a si mesma e aos lados do seu corpo. Mais tarde, ao longo do ensino fundamental, compreenda essa posição dos objetos uns em relação aos outros até que seja capaz de raciocinar por meio de sistemas abstratos de posicionamento e localização. Desse modo, desde os 4 ou 5 anos, até os 12 ou 13, espera-se desenvolver, gradativamente, as relações espaciais topológicas, projetivas e euclidianas. Desde que nasce, mas especialmente nas atividades realizadas na educação infantil e nos dois primeiros anos do ensino fundamental, a criança desenvolve consciência do seu corpo, das partes que o compõem, e vive, ainda, a fase marcada pelo egocentrismo (estágio pré-operatório de Piaget), ou seja, a realidade é compreendida a partir do seu próprio eu (Nogueira; Leal, 2016). Assim, as relações topológicas elementares devem ser desenvolvidas nessa fase (dos 2 aos 6/7 anos) e se caracterizam como “as relações espaciais que se estabelecem no espaço próximo, usando referenciais elementares como: dentro, fora, ao lado, na frente, atrás, perto, longe etc. Não são consideradas distâncias, medidas e ângulos” (Almeida; Passini, 2002, p. 30). 8 Dessa perspectiva, o professor deve, inicialmente, considerar práticas, exercícios e brincadeiras que estimulem o estudante a observar e compreender o espaço vivido. Entende-se por espaço vivido o “espaço físico, vivenciado através do movimento e dodeslocamento. É apreendido pela criança através de brincadeiras ou outras formas de percorrê-lo, delilmitá-lo ou organizá-lo segundo seus interesses” (Almeida; Passini, 2002, p. 26). Daí a importância de atividades de reconhecimento da sala de aula, da escola, com construção de maquetes referentes a esses espaços que podem ser compartilhados sincronamente com toda a turma e o professor. De acordo com Almeida e Passini (2002, p. 32), as relações espaciais topológicas elementares serão a base para a criança perceber o espaço geográfico de forma mais complexa. Caberá ao professor estimular a compreensão de que os objetos estabelecem relações de vizinhança, que estão separados, que estão dispostos numa determinada ordem, que estão envolvidos entre si e que o espaço é contínuo, ou seja, não há ausência de espaço. Por exemplo: • Vizinhança: na escola, uma sala ao lado da outra, separadas por uma parede, mas vizinhas entre si. Depois, o professor amplia essa escala de análise para os elementos da rua, do bairro etc. • Separação: na escola, o portão de carros e o portão de pedestre estão no mesmo muro, mas separados por um pedaço desse muro, ou as janelas e a porta da sala estão na mesma parede, mas separadas por um pedaço dessa parede. Mais tarde, o professor pode ampliar a escala, mais uma vez para elementos do entorno. • Ordem: trata-se de fazer as crianças observarem a ordem em que as coisas estão dispostas. As carteiras da sala de aula, por exemplo. Qual é a primeira, e quais vêm depois. Na rua, observar a ordem dos prédios, loja, banca de revista, lanchonete etc. • Envolvimento: os móveis de dentro da sala (estão envolvidos na sala) ou os pontos de ônibus, que definem e estão envolvidos no trajeto realizado por aquela linha. • Continuidade: todas as noções anteriores devem levar à compreensão de que o espaço é contínuo, que tudo é localizado e não há possibilidade de ausência de espaço. 9 Enfim, para compreender esses aspectos que constituem a localização dos objetos no espaço, a criança vai precisar conhecer conceitos e vocabulários próprios da Geografia. Aos poucos, terá raciocínio autônomo para [...] establecer relações de vizinhança (o que está ao lado), separação (fronteira), ordem (o que vem antes e depois), envolvimento (o que espaço que está em torno) e continuidade (a que recorte do espaço a área considerada corresponde) (Almeida; Passini, 2002, p. 33). Na transição para o estágio operatório concreto (6/7 anos até 11/12 anos), ou seja, ao longo de praticamente todo o ensino fundamental: A criança passa a ser capaz de estabelecer relações entre as transformações dos estados e das coisas, demodo que as ações podem ser executadas mentalmente em um determinado momento, independentemente da manipulação dos objetos (Nogueira; Leal, 2016, p. 135). Nessa fase, o professor pode e deve trabalhar com o espaço percebido, aquele espaço que “não precisa mais ser experimentado fisicamente. (...) [a criança] é capaz de lembrar-se do percurso de sua casa à escola, o que não se dava antes, pois era necessário percorrê-lo para identificar edifício, logradouros, ruas” (Almeida; Passini, 2002, p. 26). Nessa fase, a atividade de desenhar o trajeto de casa até a escola, ou da escola até outro ponto de referência próximo, como uma praça ou um jardim conhecido por toda a turma, pode ser eficaz para o processo de alfabetização cartográfica. A partir dos 7/8 anos, vai ocorrer o processo de descentralização, o que permite à criança raciocinar, perceber o espaço com base em outros referenciais que não apenas o seu próprio corpo, o seu eu. Com a descentralização, a criança começa a assumir a posição de observadora, e compreende os objetos a partir da localização relativa entre eles, não mais em relação a ela própria. Assim, terá início o desenvolvimento das relações espaciais projetivas, caracterizadas pelo “aparecimento da perspectiva [...] a criança passa a conservar a posição dos objetos e alterar o ponto de vista” (Almeida; Passini, 2002, p. 38). Com a capacidade de compreender perspectiva espacial,as crianças começam a compreender que, ao caminhar numa direção, os objetos da paisagem estão numa determinada ordem e, ao inverter a direção do trajeto, elas permanecerão em suas posições, porém a ordem, para o observador, será alterada. Assim, elas entenderão que o que mudou foi a perspectiva de quem observa. Ao desenvolver as relações espaciais projetivas, a criança estará apta a compreender as relações espaciais euclidianas. Ou seja, terão condições de 10 localizar os objetos, um em relação aos outros, a partir de um sistema de coordenadas imaginárias, criadas por eles. Por isso, ainda é importante trabalhar com o espaço vivido e o espaço percebido para a construção das relações espaciais euclidianas. A noção de coordenada geográfica pode ser construída, por exemplo, para localizar os estudantes na sala de aula. Observe a Figura 4. Figura 4 – Planta da sala de aula Para construir a noção de coordenada, ou seja, de relações espaciais euclidianas, o professor pode usar o espaço da sala de aula. Pode numerar as filas das carteiras dos alunos e nomear com letras as transversais, conforme a imagem acima. Observa-se que, ao cruzar os números e as letras de cada linha de carteiras, os estudantes terão endereços específicos, ou seja, uma localização única na sala de aula. Por exemplo: o estudante sentado na carteira de cor bege estará localizado nas coordenadas 1E; o da carteira cor de rosa, nas coordenadas 3C; e o da carteira amarela, nas coordenadas 4F. Nenhum outro colega da sala de aula estará nessas mesmas localizações. Tal representação nada mais é do que o princípio das coordenadas geográficas (eixo de paralelos e meridianos, valorados com os graus de latitude e longitude). Compreendendo essa localização dos objetos num eixo imaginário, a partir do espaço vivido ou percebido, mais tarde, por volta dos 11/12 anos, o estudante será capaz de interpretar e analisar as representações cartográficas de espaços distantes, onde ele jamais esteve presencialmente, ou seja, será 1 A B D C E F 5 4 3 2 Planta baixa da sala de aula 11 capaz de compreender o espaço concebido, retratado em um mapa feito por cartógrafos. TEMA 3 – O ALFABETO CARTOGRÁFICO Para ler mapas feitos por cartógrafos, é necessário dominar a linguagem e o alfabeto cartográfico. No esquema a seguir, os elementos da cartografia estão representado de forma didática. Figura 5 – Alfabetização cartográfica Fonte: Simielli, 1999, p. 100. O processo de alfabetização cartográfica tem, no esquema acima, os elementos que precisam ser compreendidos para que o mapa tenha sentido e significado para o leitor. De acordo com Simielli (1999), o ponto de partida, ainda nos anos iniciais do ensino fundamental, é a construção de uma maquete do espaço vivido (representação tridimensional) e, com base nesa, a elaboração de um mapa desse espaço, conforme abordamos no Tema 1. Visão oblíqua e visão vertical Imagem tridimensional e imagem bidimensional Construção da noção de legenda Desmistificação da cartografia-desenho Proporção Escala Lateralidade Referências Orientação Cartografia como meio de comunicação Representações gráficas Cognição Alfabeto cartográfico: ponto, linha e área 12 Com esse material didático concreto (a maquete), o professor pode explicar os conceitos de visão vertical e visão oblíqua, diferenciando-as em exercícios práticos a partir da maquete e, depois, utilizando fotografias aéreas e panorâmicas de espaços mais amplos, mas ainda, preferencialmente, do entorno da escola ou do bairro. Tanto na construção da maquete quanto na elaboração do mapa, o aluno exercita a redução do espaço representado, ainda que não utilize o sistema métrico para isso. Ele pode utilizar medidas não convencionais como o palmo, passos, pés, ou mesmo a técnica do barbante que se drobra quantas vezes forem necessárias, até que as dimensões do espaço estejam reduzidas suficientemente para caber numa folha de papel. Nesse processo, também, as noções de lateralidade, de localização relativa, bem como a construção livre de legenda contribuem para o amadurecimento da noção de espaço, a compreensão da ideia de símbolos e o uso de corres para a representação dos objetos nos mapas (Simielli, 2010). Tudo isso deve ocorrer, inicialmente, sem o rigor das convenções cartográficas, e, só mais tarde, quando estiver maduro para desmistificar a cartografia desenho, o estudante entende a cartografia como uma linguagem, um meio de comunicação que informa sobre a configuração do espaço geográfico. Nesse momento, o alfabeto cartográfico e a simbologia oficial da cartografia podem ser utilizadas para o estudante ler os mapas. O alfabeto cartográfico é composto de três categorias de símbolos: ponto, linha e área. Cada mapa possui um objetivo específico, de acordo com os propósitos de sua elaboração, por isso, existem diferentes tipos de mapas. O mapa temático deve cumprir sua função, ou seja, dizer o quê, onde e, como ocorre determinado fenômeno geográfico, utilizando símbolos gráficos (signos) especialmente planejados para facilitar a compreensão de diferenças, semelhanças e possibilitar a visualização de correlações pelo usuário (Archela; Théry, 2008, n.p.). As possibilidades de uso do ponto, da linha e da área como elementos da linguagem cartográfica são bastante variadas. Nos exemplos do quadro a seguir, é possível ter uma ideia dessa abrangência. Quadro 1 – Variáveis visuais de ponto, linha e área 13 Fonte: Archella; Théry, 2008. A observação do quadro acima permite compreender que a denominação de ponto na linguagem cartográfica, por exemplo, refere-se à localização pontual dos diversos elementos da paisagem, cujos símbolos indicam com exatidão sua ocorrência, incluindo até mesmo a identificação de suas coordenadas, se for necessário. Porém, os pontos podem representar objetos geográficos de dimensões diferentes, como as cidades, em geral representadas por pequenos círculos cujas dimensões se referem a um quantitativo populacional categorizado Valor da percepção associativa seletiva ordenada quantitativa Implantation Pontual Linear Zonal Forma Tamanho Orientação Cor Valor Granulação Uso das cores puras do espectro ou de suas combinações. Combinação das três cores primarias cian, amarelo, magenta (tricomia). 14 na legenda do mapa. Para outros objetos geográficos mais específicos, como aeroportos, fábricas, igrejas, pontes, os pontos que os representam são, na verdade, desenhos representativos de suas formas, o que possibilita a leitura direta de sua localização. Esse recurso pictórico, relacionado ao ponto na linguagem cartográfica, pode ser utilizado desde as primeiras atividades de alfabetização cartográfica, pois, o professor pode orientar as crianças a criar nas legendas de seus próprios mapas símbolos representativos como esses. Por exemplo: Figura 6 – Símbolos cartográficos Fábrica Igreja Banco Mais tarde, ao usar mapas oficiais de Atlas ou de livros, o professor poderá explicar aos estudantes que os cartógrafos também usam símbolos para localização direta, pontual para alguns elementos da paisagem. As linhas, da mesma forma, possibilitam representações dos mais diversos elementos geográficos, mas, agora, além de objetos como estradas, rodovias, ruas, ferrovias, cursos de rios, também indicam limites entre municípios, estados, países. As cores, formas e tamanho das linhas dão a elas significados específicos, compreendidos por meio da leitura da legenda do mapa. Quanto às áreas, são representados os mais diversos fenômenos geográficos que se estendem pelo espaço, como: extensões territoriais; dimensões de lagos, mares; áreas de plantação, de pecuária, de mineração; áreas urbanas com ocupações distintas ou característicasculturais diversas, entre outras. As cores, a granulação, o tamanho e as formas das áreas são muito representativas da importância de cada uma no contexto do tema do mapa e, mais uma vez, só é possível compreendê-las interpretando a legenda do mapa. 15 A apropriação do alfabeto cartográfico deve ocorrer de forma paulatina, ao longo do processo de alfabetização do estudante para a leitura de mapas. É importante que, mesmo na fase inicial, em que o aluno está praticando o papel de mapeador do espaço vivido, o professor sugira o uso de elementos do alfabeto cartográfico como forma de ir introduzindo essa simbologia e tornando- a significativa para o estudante. Quanto mais o processo de leitura cartográfica avançar e se aprofundar, mais elementos do alfabeto cartográfico deverão ser apresentados aos alunos. TEMA 4 – USO ESCOLAR DO MAPA Nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio, a alfabetização cartográfica precisa avançar e se aprofundar. Assim, enquanto nos anos iniciais do ensino fundamental é preciso trabalhar com as práticas para a alfabetização cartográfica; nos anos finais, o trabalho seria com “análise/localização e correlação, e, no ensino médio, com análise/localização, correlação e síntese” (Simielli, 1999, p. 97). Os mapas são um tipo de texto carregado de informações sobre a área representada, e sua leitura implica dominar o alfabeto cartográfico, mas não apenas isso. Outros elementos, componentes dos mapas, são fundamentais para que se consiga ler o conteúdo que eles expressam. Então, além da legenda, é preciso, inicialmente, observar o título do mapa, para identificar o tema nele tratado, mas também compreender a orientação e a escala. Ainda no que se refere à legenda, é preciso que nos anos finais do ensino fundamental símbolos mais abstratos (de menor correspondência direta ao objeto representado) sejam utilizados e compreendidos pelos estudantes. Na figura a seguir, temos um exemplo dessa passagem: 16 Figura 7 – Passagem do nível elementar ao avançado Crédito: Jefferson Schnaider. É preciso lembrar que, além da localização, uma das utilidades mais corriqueiras do mapa é a da orientação. Para deslocamentos em locais não conhecidos, para encontrar um endereço, recorre-se aos mapas. Estando esse recurso impresso no papel ou na tela de um telefone celular, será o mapa do arruamento da cidade, por exemplo, que vai nos direcionar para o local desejado. Assim, o entendimento e o manuseio de mapas têm, nesse uso mais elementar, sua função primeira. Em sua pesquisa de doutorado, Cavalcanti (1998) relatou a dificuldade dos alunos dos anos finais do ensino fundamental de se orientarem na cidade de moradia. A autora propôs, aos estudantes do 6º ao 9º ano, uma situação hipotética, na qual tinham que ajudar alguém, que estaria perdido no centro da cidade, a dirigir-se para o bairro de moradia da criança. Segundo ela: [...] a primeira tentativa de explicação para a maioria [...] foi a de ensinar ao desconhecido a linha de ônibus que deveria tomar, o que a rigor não é uma explicação de caminho [...] eu perguntava a seguir em que direção o bairro se encontrava do centro, se era leste, oeste, norte ou sul. Alguns disseram que não sabiam e nem quiseram arriscar uma resposta, enquanto a maioria arriscava uma direção, mas a forma 17 como respondiam revelava pouca convicção ou mesmo uma resposta aleatória [...] (Cavalcanti, 1998, p. 42-43). Observa-se, pelo exemplo acima, a falta de efetividade do ensino de Geografia para aquisição da habilidade mais básica do uso da cartografia, que é a localização e a orientação espacial. Ainda que se possa argumentar que muita coisa mudou na escola desde que essa pesquisa foi realizada, cabe a reflexão sobre a atual situação do ensino da leitura de mapas nas escolas. Será que, se a pesquisa fosse repetida hoje, o resultado seria diferente? A Geografia escolar tem ensinado os estudantes a ler mapas simples e a utilizar dessa ferramenta para deslocamento e orientação? Ainda que essa dúvida não tenha uma resposta no momento, é preciso seguir com a certeza de que cabe à Geografia escolar o trabalho de alfabetização cartográfica e ele é composto por etapas. Assim, nos anos finais do ensino fundamental, será necessário ultrapassar o trabalho com a cartografia desenho e avançar para leituras mais complexas, em busca de análise e compreensão das realidades socioespaciais vistas pela linguagem cartográfica. Alguns procedimentos metodológicos simples podem contribuir para a superação de entendimentos equivocados, por exemplo, com relação à orientação espacial. Quando o professor usa o mapa tão somente pendurado no quadro de giz, pode passar a ideia de que a direção Norte é sempre para cima ou para frente em que se olha, assim como o Sul é sempre para baixo ou para trás. Então, faz parte da alfabetização cartográfica o trabalho com a bússola, a orientação da sala de aula e da escola com base na bússola e o movimento aparente do Sol. Além disso, é preciso também utilizar o mapa do bairro ou do município, estendendo-o no chão da sala de aula, devidamente orientado de acordo com as direções cardeais. Com base nisso, estimular um raciocínio de orientação em relação aos bairros da cidade e suas direções em relação ao bairro da escola, por exemplo, seria uma atividade concreta e necessária para o estudante compreender como os mapas podem ajudá-lo a se orientar em qualquer situação de deslocamento. A escala é outro elemento fundamental para a compreensão dos mapas, que o professor precisa trabalhar de forma concreta. Quando o estudante já conhece e entende o raciocínio das relações métricas, especialmente os quantitativos e equivalências entre centímetro, metro e quilômetro, é possível 18 trabalhar com a escala matemática dos mapas. Sugere-se, inicialmente, o uso da escala gráfica e depois da escala numérica. Na escala gráfica, geralmente, cada centímetro do mapa corresponde ao quantitativo em quilômetros indicados. Por exemplo, o que podemos ver na Figura 8. Figura 8 – Exemplo de escala gráfica Fonte: Prepara Enem, [S.d.]. Ao usar uma régua, o estudante percebe que a distância entre os valores indicados na escala representada acima é de um centímetro, e isso significa que, no mapa, cada centímetro que separa duas cidades ou dois objetos geográficos quaisquer corresponde a três quilômetros no espaço real. O uso da escala métrica exige um raciocínio abstrato mais desenvolvido, por isso recomenda-se iniciar com a escala 1:100, medindo e reduzindo espaços vividos, como a sala de aula ou a quadra da escola, por exemplo. Nessa escala, cada 100 cm (1 metro) de espaço real será representado por 1cm no papel. Assim, se a quadra da escola tem 20 m X 30 m, será desenhada com 20 cm X 30 cm. Além disso, é preciso explicar ao estudante que essa é uma escala grande, ou seja, que permite representar uma área pequena com detalhes, pois, nessa representação, é possível inserir até mesmo as marcações das linhas da quadra para jogos de vôlei, basquete, futsal etc. Nos mapas de Atlas ou livros, usa-se escalas pequenas, aquelas em que a área representada é reduzida milhares de vezes, por isso não se consegue ver detalhes. Por exemplo, a escala 1:500.000 significa que o espaço representado no mapa foi reduzido quinhentas mil vezes. Não dá para ver detalhes da área quilômetros 19 num mapa desses, mas apenas os contornos do território e alguns elementos destacados, conforme o tema do mapa, por exemplo: principais cidades, principais rios, entre outros. Dominados esses elementos – legenda, orientação e escala –, em um percurso de raciocínio que parte do concreto, mas chega ao abstrato, o professor poderá utilizar outras abordagens para aprofundar a alfabetização cartográfica dos estudantes. TEMA 5 – O MAPA COMO ELEMENTODO COTIDIANO ESCOLAR Os livros didáticos e o ensino de Geografia têm, nos mapas temáticos, suas principais ferramentas de apoio. Isso significa dizer que, além dos aspectos técnicos da legenda, escala e orientação, a identificação dos temas dos mapas é de fundamental importância para sua leitura. Com mapas de temas diversos sobre a mesma área, o professor pode problematizar a configuração e as transformações do espaço geográfico em estudo. Entretanto, o uso desse recurso precisa ultrapassar a abordagem da cartografia descritiva, voltada para o simples inventário dos elementos componentes da paisagem e do espaço, como ocorria nos primórdios da cartografia geral. Nos primeiros mapas tidos como temáticos, naqueles elaborados no século XVIII, pode-se perceber já certa transformação: o mapa deixava de se preocupar com o inventário e descrição exaustiva de todos os objetos que podiam ser recenseados à superfície da Terra, para ressaltar apenas um desses elementos, com vistas à maior compreensão e controle do espaço (Martinelli, 2010, p. 194). Ainda que a cartografia temática tenha nascido com um caráter prático, voltada para atender os interesses dos ramos científicos, observando, mensurando, enumerando e classificando os elementos de interesse ao respectivo ramo, busca-se, hoje, superar essa abordagem, especialmente na escola. Em termos metodológicos, há várias sugestões que podem ser interessantes práticas pedagógicas para desenvolver uma leitura mais apurada de mapas. Simielli (1999) sugere que o trabalho pedagógico com a cartografia, ao longo dos anos finais do ensino fundamental e ensino médio, ocorre em três níveis progressivos: 1) Localização e análise – cartas de análise, distribuição ou repartição, que analisam o fenômeno isoladamente. 20 2) Correlação – permite a combinação de duas ou mais cartas de análise. 3) Síntese – mostra as relações entre várias cartas de análise apresentando-se uma carta-síntese (Simielli, 1999, p. 97). Para essa autora, nos anos iniciais do ensino fundamental, deve-se trabalhar com as práticas para a alfabetização cartográfica, enquanto nos anos finais do ensino fundamental o trabalho seria com “análise/localização e correlação e no ensino médio com análise/localização, correlação e síntese” (Simielli, 1999, p. 97). Assim, como exemplo da ideia apresentada, é possível sugerir a leitura de mapas temáticos da mesma área, preferencialmente de um recorte territorial que tenha significado para o estudante. Observe a seguir. Figura 9 – Biomas brasileiros Fonte: IBGE, 2005. 21 Figura 10 – Climas do Brasil Fonte: IBGE, 2005. Da proposta metodológica apresentada, nos anos finais do ensino fundamental, seriam exercitados os níveis 1 e 2 mencionados, estimulando os estudantes a localizar e analisar os fenômenos de cada mapa temático isoladamente, interpretando cada mapa, compreendendo a distribuição dos biomas e dos climas em relação às latitudes e à continentalidade, por exemplo. Depois, o exercício da sobreposição desses dois mapas possibilitaria estabelecer uma correlação entre a ocorrência e distribuição territorial dos biomas (originais) e os tipos climáticos predominantes em cada área do Brasil. O desenvolvimento dessa habilidade de leitura e interpretação dos dois mapas seria, segundo a autora, uma conquista significativa no processo de alfabetização cartográfica para os estudantes do ensino fundamental. Porém, essa alfabetização estende-se até o final da educação básica, o que significa que há mais habilidades a serem desenvolvidas pelos estudantes no quesito leitura de mapas. Para o ensino médio, da perspectiva apresentada, a expectativa é a chegada ao nível 3, ou seja, que os estudantes se tornem capazes de elaborar um mapa-síntese (e um texto síntese) com base em duas ou mais sobreposições 22 de mapas temáticos de uma mesma área. Este seria o nível mais elevado da alfabetização cartográfica. Em resumo, o quadro a seguir apresenta de forma didática as habilidades esperadas dos estudantes dos anos finais do ensino fundamental ao ensino médio no que se refere à leitura de mapas. Quadro 2 – Uso dos mapas, cartas e plantas (faixa etária de 11 a 17 anos) Aquisições simples Aquisições médias Aquisições complexas - conhecer os pontos cardeais - saber se orientar com uma carta - encontrar um ponto sobre uma carta com as coordenadas ou com o índice remissivo - encontrar as coordenadas de um ponto - saber se conduzir por uma planta simples - extrair de plantas e cartas simples uma só série de fatos - saber calcular altitude e distância - saber se conduzir com um mapa rodoviário ou com uma carta topográfica. - medir uma distância sobre uma carta com uma escala numérica - estimar um ponto da curva hipsométrica - analisar a disposição das formas topográficas - analisar uma carta temática representando um só fenômeno (densidade populacional, relevo etc.) - reconhecer e situar as formas de relevo e de utilização do solo - saber diferenciar declives - saber reconhecer e situar tipos de clima, massas de ar, formações vegetais, distribuição populacional, centros industriais e urbanos e outros. - estimar uma altitude entre duas curvas hipsométricas - saber utilizar uma bússola - correlacionar duas cartas simples - explicar a localização de um fenômeno por correlação entre duas cartas - elaborar uma carta simples a partir de uma carta complexa - elaborar uma carta regional com os símbolos precisos - saber elaborar um croqui regional simples (com legenda fornecida pelo professor) - saber levantar hipóteses reais sobre a origem de uma paisagem 23 - analisar uma carta temática que apresenta vários fenômenos - saber extrair de uma carta complexa os elementos fundamentais. Fonte: Simielli, 1999, p. 104 As aquisições simples e médias devem ser desenvolvidas ao longo dos anos finais do ensino fundamental, e as aquisições complexas, espera-se que estejam totalmente dominadas ao final do ensino médio. Reconhece-se que não é uma tarefa simples, mas cabe ao professor de Geografia esforçar-se nesse trabalho, entendendo que a alfabetização cartográfica é processo, por isso demanda tempo e amadurecimento cognitivo dos estudantes. Porém, o mais importante é lembrar que os mapas são a linguagem mais característica da Geografia e que saber ler criticamente um mapa é pré-requisito para a constituição da cidadania. NA PRÁTICA Elabore um mapa mental do trajeto que você faz entre a sua casa e o polo, identificando os principais objetos geográficos da paisagem e representando-os por meio de uma legenda. Faça essa representação por meio da visão vertical do trajeto e utilize o alfabeto cartográfico para a construção da legenda e do mapa. FINALIZANDO Nesta aula, foram apresentadas todas as etapas da alfabetização cartográfica a serem realizada na educação básica, desde a educação infantil até o final do ensino médio. As sugestões de atividades concretas e contextualizadas buscaram remeter ao desenvolvimento do raciocínio espacial a partir de sua base. Isso quer dizer que o professor deve propor essas atividades considerando o amadurecimento cognitivo e observar a compreensão que o estudante vai adquirindo das relações espaciais topológicas, projetivas e euclidianas. 24 O professor de Geografia passa a fazer parte da vida escolar do estudante apenas a partir da segunda etapa do ensino fundamental e, por isso, caso identifique problemas na fase anterior da alfabetização cartográfica, deverá retomar as atividades concretas indicadas para os anos iniciais antes de prosseguir com o trabalho sugerido para os anos finais. É muito importante que a compreensão da legenda, da escala e da orientação se concretize para oestudante, uma vez que esses elementos são fundamentais para a leitura, análise e síntese de mapas não elaborados por ele, mas por cartógrafos, com a linguagem oficial da cartografia. Assim, chegar ao final do ensino fundamental sabendo dois ou mais mapas temáticos de uma mesma área e relacionar os seus conteúdos é uma expectativa considerável, uma meta a ser alcançada no processo de alfabetização cartográfica. Da mesma forma, se, ao final do ensino médio, o estudante for capaz de sintetizar as relações que estabelece entre dois ou mais mapas, elaborando outro mapa da área em estudo com o resultado dessa síntese, o professor de Geografia poderá considerar concluído com sucesso seu trabalho de alfabetização cartográfica. Ele terá mediado o desenvolvimento de habilidades intelectuais que tornarão seu aluno capaz de ler o espaço geográfico não apenas por meio de imagens e textos tradicionais, mas por meio de mapas simples e complexos, ampliando assim sua formação e capacidade de crítica. Saiba mais Como leitura complementar, leia os textos a seguir: VEIGA, l. A. et al. Alfabetização cartográfica: trabalhando com as noções de orientação e localização. Revista Geomae, Campo Mourão, v.2 n.1, p.113- 125, 2011. DAMBROS, G. et al. Cartografia interativa: jogo digital para a alfabetização cartográfica em São Pedro do sul/RS. Geografia Ensino & Pesquisa, vol. 16, n. 2, mai./ago. 2012. 25 REFERÊNCIAS ALMEIDA, R. D. de; PASSINI, E. Y. O espaço geográfico ensino e representação. 12. ed. São Paulo: Contexto, 2002. ARCHELA, R. S.; THÉRY, H. Orientação metodológica para construção e leitura de mapas temáticos. Confins Revista Franco Brasileira de Geografia, n. 3, 2008. Disponível em: . Acesso em: 29 set. 2021. BALISKI, P. Encaminhamentos metodológicos para o ensino de Geografia. Curitiba: InterSaberes, 2016. CAVALCANTI, L. de S. Geografia, escola e construção do conhecimento. Campinas: Papirus, 1998. PREPARA ENEM. Escala cartográfica. Disponível em: . Acesso em: 29 set. 2021. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Atlas Nacional Digital. Rio de Janeiro: IBGE, 2005. MARTINELLI, M. A sistematização da cartografia temática. In: ALMEIDA, R. D. de (Org.). Cartografia escolar. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2010. NOGUEIRA; M. et al. Teorias da aprendizagem. Curitiba: InterSaberes, 2015. SIMIELLI, M. E. Cartografia no ensino fundamental e médio. In: CARLOS, A. F. A. (Org.) A Geografia em sala de aula. São Paulo: Contexto, 1999. _____. O mapa como meio de comunicação e a alfabetização cartográfica. In: ALMEIDA, R. D. de (Org.). Cartografia escolar. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2010 _____. Primeiros Mapas: como entender e construir. 2. ed. São Paulo: Ática, 1998.