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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
1. CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA FINS PENAIS 
 
O Código Penal concebe a Administração Pública em sentido amplo, ou seja, não somente como 
o exercício de atividades tipicamente administrativas, mas como toda atividade estatal, quer no 
seu aspecto subjetivo (os vários entes que desempenham funções públicas), quer no seu aspecto 
objetivo (qualquer atividade desenvolvida para satisfação do bem comum). 
 
Em resumo, no Direito Penal existe um CONCEITO EXTENSIVO de “Administração Pública”, 
abrangendo toda a atividade funcional do Estado e dos demais entes públicos. De fato, o 
legislador classificou no Título XI – dos Crimes contra a Administração Pública – os ilícitos penais 
que têm como característica comum a ofensa à atividade do Estado ou de outras entidades 
públicas. 
 
 
2. ILÍCITO PENAL E ILÍCITO ADMINISTRATIVO 
 
A prática de um fato em prejuízo da Administração Pública pode constituir tanto um ilícito 
administrativo quanto um ilícito penal, isso porque tanto o Direito Penal quanto o Direito 
Administrativo tutelam este bem jurídico. 
 
O Direito Penal é a última etapa de proteção do bem jurídico, razão pela qual todo ilícito penal 
será também ilícito perante o Direito Administrativo, mas nem todo ilícito administrativo será 
necessariamente um crime ou contravenção penal. 
 
De outro lado, a punição simultânea de uma conduta na esfera administrativa e penal, em regra, 
não configura bis in idem. Isso porque as esferas são autônomas e suas sanções tem natureza 
distinta. Por exemplo, frequentemente um mesmo fato consistente na prática de um ilícito por 
funcionário público contra a Administração Pública ensejará sua responsabilização 
ADMINISTRATIVA (infração disciplinar), CIVIL (nos termos da Lei 8429/90 - Lei de Improbidade 
Administrativa) e PENAL (crime contra a Administração Pública). 
 
 
3. FUNDAMENTO LEGAL 
 
Os crimes contra a Administração Pública encontram-se tipificados no Título XI da Parte Especial 
do Código Penal, e estão divididos em cinco capítulos: 
 
• Capítulo I – Dos crimes praticados por funcionário público contra a Administração em geral 
(ARTIGOS 312 A 327); • Capítulo II – Dos crimes praticados por particular contra a Administração 
em geral (ARTIGOS 328 A 337-A); • Capítulo II–A – Dos crimes praticados por particular contra a 
Administração Pública estrangeira (ARTIGOS 337-B A 337-D); • Capítulo III – Dos crimes contra 
a Administração da Justiça (ARTIGOS 338 A 359); e 
 
 
 
 
 
• Capítulo IV – Dos crimes contra as finanças públicas (ARTIGOS 359-A a 359-H). 
 
Nesta exposição analisaremos os aspectos gerais dos Crimes contra a Administração Pública e 
de forma pormenorizada o primeiro grupo desses crimes, a saber: os crimes praticados por 
funcionário público contra a Administração Pública 
 
ATENÇÃO! Conforme orientação jurisprudencial consolidada na Súmula 599 do Superior 
Tribunal de Justiça: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administração 
Pública. * Na jurisprudência do STJ, no entanto, há uma exceção: o crime de descaminho (artigo 
334, Código Penal) em relação ao qual é pacífica a aplicação do sobredito princípio. ** O 
Supremo Tribunal Federal já reconheceu a insignificância em crimes contra a Administração 
Pública em diversas situações, seguindo direção oposta ao entendimento sumulado pelo STJ. 
 
 
4. OBJETIVIDADE JURÍDICA NOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
O bem jurídico genericamente tutelado nos crimes contra a Administração Pública é o interesse 
público relativo ao REGULAR FUNCIONAMENTO e ao prestígio DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA em 
sentido amplo; bem como a DIGNIDADE, PROBIDADE e EFICIÊNCIA DA ATIVIDADE ESTATAL. 
 
Ainda nesse aspecto, cabe destacar que cada um dos diferentes crimes contra a Administração 
Pública pode vir a tutelar simultaneamente também outros bens jurídicos. 
 
 
5. DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO 
PÚBLICA (ARTIGOS 312 A 327 DO CÓDIGO PENAL) 
 
5.1. ASPECTOS GERAIS 
 
Os crimes praticados por funcionário público contra a Administração Pública têm por principal 
característica a circunstância de somente poderem ser praticados de forma direta por 
funcionário público no exercício da função ou em razão dela, daí sua denominação de CRIMES 
FUNCIONAIS. 
 
Os crimes funcionais podem ser classificados em CRIMES FUNCIONAIS PRÓPRIOS (aqueles cuja 
exclusão da qualidade de funcionário público torna o fato atípico. Ex: prevaricação, artigo 319 
do Código Penal) e CRIMES FUNCIONAIS IMPRÓPRIOS (aqueles nos quais a exclusão da 
qualidade de funcionário público do agente induz à desclassificação da conduta para uma 
infração penal de outra natureza. Ex: no peculato, se provado que o agente não era funcionário 
público, desclassifica-se a conduta para furto – artigo 155, Código Penal – ou apropriação 
indébita – artigo 168, Código Penal). 
 
Em todos os crimes funcionais a condição de funcionário público do autor da conduta é 
elementar do tipo. Nesse aspecto, ocorrendo o CONCURSO DE PESSOAS envolvendo funcionário 
público e particular na prática de um desses delitos, a condição de funcionário público se 
estende ao particular, forte o disposto no artigo 30 do Código Penal. Em outras palavras, no 
concurso de pessoas com funcionário público envolvendo a prática de crime funcional, o 
 
 
 
 
 
particular responderá também pela prática do mesmo crime (mesmo não sendo funcionário 
público). 
 
No aspecto processual, tem-se que o Código de Processo Penal estabelece em seus artigos 513 
a 518, rito especial para a apuração dos crimes funcionais. A principal característica desse 
procedimento em distinção ao rito comum ordinário é a existência de uma oportunidade de 
resposta preliminar ao recebimento da denúncia, mediante notificação do acusado. No entanto, 
segundo a orientação jurisprudencial consolidada no enunciado 330 da Súmula do Superior 
Tribunal de Justiça: “é desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo 514 do CPP, na 
ação penal instruída por inquérito policial”. 
 
 
5.2. CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO (ARTIGO 327, CP) 
O Código Penal adota um conceito abrangente de funcionário público, para efeito de 
configuração de crime funcional, abarcando praticamente todos os indivíduos que exercem 
atividades públicas. 
Com efeito, nos termos do artigo 327, caput, do Código Penal: Considera-se funcionário público, 
para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, 
emprego ou função pública. 
CARGO PÚBLICO corresponde aos criados por lei, com denominação própria (ex: agentes 
políticos, servidores públicos de carreira, etc). EMPREGO PÚBLICO guarda referência com os 
servidores temporários ou contratados pelo regime de CLT. FUNÇÃO PÚBLICA abrange qualquer 
conjunto de atribuições públicas que não correspondam a cargo ou emprego público. Ex: 
jurados, mesários, estagiários de órgãos públicos. 
Ainda complementa o conceito de funcionário público o artigo 327, em seu §1.º, nos seguintes 
termos: Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade 
paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada 
para a execução de atividade típica da Administração Pública. 
Assim equipara-se a funcionário público quem exerce suas atividades em AUTARQUIAS (ex: 
INSS), SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA (ex: BANCO DO BRASIL), FUNDAÇÕES INSTITUÍDAS 
PELO PODER PÚBLICO (FUNAI). 
 
Ainda, pela mencionada norma de extensão, são puníveis por crime contra a Administração 
Pública aqueles que exercem sua atividade em concessionárias e permissionárias de serviços 
públicos (empresas contratadas) e até mesmo empresas/entidades conveniadas (ex: Santa Casa 
de Misericórdia). 
 
 
5.3. CAUSA DE AUMENTO DE PENA (ART. 327, §2º, CÓDIGO PENAL) 
 
Em seu artigo 327, §2º, o Código Penal estabelece uma causa de aumento de pena aplicável a 
todos os crimes tipificadosno Capítulo I, do Título XI, nos seguintes termos: A pena será 
aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem 
ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da 
 
 
 
 
 
administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída 
pelo poder público. 
 
 
6. DOS CRIMES EM ESPÉCIE (ARTIGOS 312 A 326 DO CÓDIGO PENAL) 
 
6.1. PECULATO – ARTIGO 312, CÓDIGO PENAL 
 
Dispõe o Código Penal nos seguintes termos: 
 
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, 
público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio 
ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
 
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, 
valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, 
valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. 
 
Em seu caput, o artigo 312 traz duas figuras criminosas: o PECULATO-APROPRIAÇÃO e o 
PECULATO-DESVIO. 
 
O PECULATO-APROPRIAÇÃO consiste na conduta de “apropriar-se o funcionário público de 
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em 
razão do cargo”. A conduta guarda proximidade com o crime previsto no artigo 168, do Código 
Penal (apropriação indébita) , mas aqui é praticado por funcionário público em relação a bem 
público ou de particular sob a guarda da Administração. 
 
• O bem jurídico tutelado por esse tipo penal (OBJETIVIDADE JURÍDICA) é o patrimônio público 
ou particular, assim como a probidade administrativa. 
 
• O OBJETO MATERIAL da conduta deve ser dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel público 
ou particular (desde que se encontre sob a guarda ou custódia da Administração). 
 
• O SUJEITO ATIVO pode ser qualquer funcionário público (exceto, para os agentes que exerçam 
cargo ou função para o qual exista tipo penal específico a tipificar sua conduta. Ex: prefeitos 
responderão pelo crime previsto no artigo 1º, I, do Decreto-Lei 201/67; tutores e curadores 
responderão pelo crime previsto no artigo 168, §1º, II, Código Penal; administrador judicial da 
falência que se apodera de bem da massa falida responderá pelo crime previsto no art.173, da 
Lei 11.101/05). 
 
• O SUJEITO PASSIVO será o ESTADO, sempre; eventualmente poderá ser também o particular 
cujo bem se encontrava sob a custódia da Administração. 
 
• A CONSUMAÇÃO ocorre no momento em que o funcionário público passa a se comportar 
como dono do objeto. A TENTATIVA é admissível. 
 
 
 
 
• A AÇÃO PENAL é pública incondicionada. 
 
 
 
O PECULATO-DESVIO, por sua vez, consiste na conduta do funcionário público de desviar, em 
proveito próprio ou alheio, dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, de que tem a posse 
em razão do cargo. DESVIAR significa dar destinação diversa daquela que deveria ser dada. O 
proveito do agente pode ser patrimonial ou moral (obtenção de prestígio ou vantagem política). 
 
• O bem jurídico tutelado por esse tipo penal (OBJETIVIDADE JURÍDICA) é o patrimônio público 
ou particular, assim como a probidade administrativa. 
 
• O OBJETO MATERIAL da conduta deve ser dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel público 
ou particular (desde que se encontre sob a guarda ou custódia da Administração). 
 
• O SUJEITO ATIVO pode ser qualquer funcionário público. 
 
• O SUJEITO PASSIVO será o ESTADO, sempre; eventualmente poderá ser também o particular 
cujo bem se encontrava sob a custódia da Administração. 
 
• A CONSUMAÇÃO ocorre no momento do desvio, pouco importando a obtenção efetiva da 
vantagem pretendida. A TENTATIVA é admissível. 
 
• A AÇÃO PENAL é pública incondicionada. 
 
Já em seu §1.º, o artigo 312 traz uma outra figura criminosa: o PECULATO-FURTO. O PECULATO-
FURTO consiste na conduta de SUBTRAIR ou CONCORRER PARA TERCEIRO SUBTRAIA, em 
proveito próprio ou alheio, dinheiro, valor ou bem que não se encontra sob sua posse, valendo-
se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário público. Tratase de modalidade 
típica que guarda proximidade com o delito de furto (artigo 155, Código Penal) só que aqui é 
praticado por funcionário público em relação a bem público ou de particular sob a guarda da 
Administração. 
 
• O bem jurídico tutelado por esse tipo penal (OBJETIVIDADE JURÍDICA) é o patrimônio público 
ou particular, assim como a probidade administrativa. 
 
• O OBJETO MATERIAL da conduta deve ser dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel público 
ou particular (desde que se encontre sob a guarda ou custódia da Administração). 
 
• O SUJEITO ATIVO pode ser qualquer funcionário público. 
 
• O SUJEITO PASSIVO será o ESTADO, sempre; eventualmente poderá ser também o particular 
cujo bem se encontrava sob a custódia da Administração. 
 
• A CONSUMAÇÃO ocorre no momento em que o agente tirar a coisa da esfera da vigilância da 
Administração. A TENTATIVA é admissível. 
 
• A AÇÃO PENAL é pública incondicionada. 
 
 
ATENÇÃO! Questão controvertida é a relativa à tipicidade do PECULATO DE USO, quando o 
agente faz uso de bem público para fins particulares mas sem o intuito de apoderar-se 
 
 
definitivamente da coisa, restituindo o bem logo depois. Quanto a esse tema é preciso distinguir 
duas situações: 
 
- Se a conduta se refere a BEM que é INFUNGÍVEL E NÃO CONSUMÍVEL: NÃO HÁ FATO TÍPICO. 
Ex: é atípica a conduta do servidor público que utilizar carro oficial para transportar as 
mercadorias que comprou no supermercado até sua residência. Ex2: é atípica a conduta do 
servidor que usa o computador da repartição para fazer um trabalho escolar. 
 
- Se a conduta se refere a BEM que é FUNGÍVEL OU CONSUMÍVEL: HÁ FATO TÍPICO. Ex: haverá 
fato típico na conduta do servidor público que utilizar dinheiro público para pagar suas contas 
pessoais, ainda que restitua integralmente a quantia antes que descubram. 
 
Ainda, importa destacar que se o autor da conduta for PREFEITO, sua CONDUTA SERÁ 
PENALMENTE TÍPICA EM QUALQUER DAS HIPÓTESES, forte o disposto no artigo 1.º, II, do 
Decreto-Lei 201/67. 
 
 
6.2. PECULATO CULPOSO – ARTIGO 312, §2º, CÓDIGO PENAL 
 
Ainda quanto ao peculato, dispõe o Código Penal: 
 
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: Pena - detenção, de três 
meses a um ano. 
 
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, 
extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. 
 
A configuração do peculato culposo pressupõe dois fatores simultâneos: a) que o funcionário 
público tenha sido descuidado, faltando com dever de cautela a que era obrigado na guarda ou 
vigilância da coisa pública; b) que um terceiro pratique um crime doloso aproveitando-se da 
facilidade culposamente provocada pelo funcionário público, pouco importando se o terceiro é 
funcionário público ou particular. 
 
• O bem jurídico tutelado por esse tipo penal (OBJETIVIDADE JURÍDICA) é o patrimônio público 
ou particular, assim como a probidade administrativa. 
 
• O OBJETO MATERIAL da conduta deve ser dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel público 
ou particular (desde que se encontre sob a guarda ou custódia da Administração). 
 
• O SUJEITO ATIVO pode ser qualquer funcionário público. 
 
 
 
 
• O SUJEITO PASSIVO será o ESTADO, sempre; eventualmente poderá ser também o particular 
cujo bem se encontrava sob a custódia da Administração. 
 
• A CONSUMAÇÃO ocorre no momento em que se consuma o crime do terceiro. A TENTATIVA 
não é admissível, posto que não se admite tentativa de crime culposo. Nesse ponto cumpre 
salientar que se o crime do terceiro não se consumar não haverá peculato culposo por parte do 
 
 
funcionário público descuidado, mas somente a responsabilização do terceiro pelo crime dolosotentado que tenha praticado. 
 
• A AÇÃO PENAL é pública incondicionada, de competência do Juizado Especial Criminal. 
 
Conforme o artigo 312, §2º, do Código Penal, a REPARAÇÃO DO DANO, no PECULATO CULPOSO: 
• se realizada ANTES DA SENTENÇA CONDENATÓRIA IRRECORRÍVEL, EXTINGUE A PUNIBILIDADE; 
• se realizada APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA, REDUZ PELA METADE A PENA 
IMPOSTA. 
 
 
6.3. PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM – ARTIGO 313, CÓDIGO PENAL 
 
Ainda tratando das figuras de peculato, dispõe o Código Penal: 
 
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu 
por erro de outrem: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
O PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM consiste na conduta de apropriar-se o funcionário 
público de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de 
outrem. Na hipótese o erro não é provocado pelo funcionário público, o qual apenas se beneficia 
do erro de outrem. Trata-se de delito que guarda relação com o crime de apropriação de coisa 
havida por erro (artigo 169, Código Penal), só que aqui é praticado por funcionário público 
valendo-se do exercício de sua função pública. Na hipótese de o funcionário público induzir a 
vítima em erro, o crime será de estelionato (artigo 171, Código Penal) posto que essa conduta 
não encontra previsão nos crimes contra a Administração Pública. 
 
• O bem jurídico tutelado por esse tipo penal (OBJETIVIDADE JURÍDICA) é o patrimônio público 
ou particular, assim como a probidade administrativa. 
 
• O OBJETO MATERIAL da conduta deve ser dinheiro ou qualquer utilidade. Apesar do caráter 
genérico da expressão “qualquer utilidade” predomina que esta deve ser entendida como 
QUALQUER UTILIDADE ECONÔMICA. 
 
• O SUJEITO ATIVO pode ser qualquer funcionário público. 
 
• O SUJEITO PASSIVO será tanto o ESTADO quanto a pessoa lesada pela conduta. 
 
• A CONSUMAÇÃO ocorre no momento em que o agente passa a se comportar como dono do 
objeto que recebeu por erro. A TENTATIVA é admissível. 
 
 
 
 
• A AÇÃO PENAL é pública incondicionada. 
 
 
6.4. INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMAS DE INFORMAÇÕES – ARTIGO 313-A, CÓDIGO 
PENAL 
 
 
 
Em seu artigo 313-A, o Código Penal dispõe sobre o crime de Inserção de dados falsos em 
sistema de informações, nos seguintes termos: 
 
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou 
excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da 
Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para 
causar dano: 
 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
 
O crime se perfaz com a prática das condutas de INSERIR OU FACILITAR A INSERÇÃO DE DADOS 
FALSOS NOS SISTEMAS INFORMATIZADOS OU BANCOS DE DADOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
ou ALTERAR OU EXCLUIR INDEVIDAMENTE DADOS CORRETOS NOS SISTEMAS INFORMATIZADOS 
OU BANCOS DE DADOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. 
 
• O bem jurídico tutelado por esse tipo penal (OBJETIVIDADE JURÍDICA) é o REGULAR 
FUNCIONAMENTO e o prestígio DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, especialmente no que refere à 
preservação dos bancos de dados da Administração Pública. 
 
• O OBJETO MATERIAL da conduta são os dados, falsos ou corretos, integrantes dos sistemas 
informatizados da Administração Pública. 
 
• O SUJEITO ATIVO deve ser qualquer funcionário público autorizado a trabalhar com o sistema 
de dados, tratando-se de crime próprio. 
 
• O SUJEITO PASSIVO será o ESTADO; eventualmente, também será a pessoa prejudicada pela 
conduta. 
 
• A CONSUMAÇÃO ocorre no momento em que o agente pratica a conduta típica, ainda que não 
obtenha a vantagem almejada (crime formal). A TENTATIVA é admissível. 
 
• A AÇÃO PENAL é pública incondicionada. 
 
 
6.5. MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES – ARTIGO 
313-B, CÓDIGO PENAL 
 
Em seu artigo 313-A, o Código Penal dispõe sobre o crime de modificação ou alteração não 
autorizada de sistema de informações, nos seguintes termos: 
 
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de 
informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: 
 
 
 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. As penas são 
aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a 
Administração Pública ou para o administrado. 
 
 
 
O crime se perfaz com a prática das condutas de MODIFICAR OU ALTERAR SISTEMA DE 
INFORMAÇÃO SEM AUTORIZAÇÃO OU SOLICITAÇÃO DA AUTORIDADE COMPETENTE. Enquanto 
no artigo 313-A a conduta do agente visa a alteração dos dados mantidos nos sistemas 
informáticos da Administração Pública, no crime descrito no artigo 313-B a conduta envolve a 
alteração do próprio sistema informático. 
 
• O bem jurídico tutelado por esse tipo penal (OBJETIVIDADE JURÍDICA) é o REGULAR 
FUNCIONAMENTO e o prestígio DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, especialmente no que refere à 
preservação dos SISTEMAS DE INFORMAÇÕES e PROGRAMAS DE INFORMÁTICA da 
Administração Pública. 
 
• O OBJETO MATERIAL da conduta são os sistemas informáticos e programa de informática da 
Administração Pública. 
 
• O SUJEITO ATIVO pode ser qualquer funcionário público. 
 
• O SUJEITO PASSIVO será o ESTADO; eventualmente, também será a pessoa prejudicada pela 
conduta. 
 
• A CONSUMAÇÃO ocorre no momento em que o agente pratica a conduta típica. A TENTATIVA 
é admissível. 
 
• O parágrafo único do artigo 313-B, Código Penal, estabelece ainda uma causa de aumento da 
pena, de um terço até metade, se da modificação ou alteração resultar DANO para a 
Administração ou para o administrado. 
 
• A AÇÃO PENAL é pública incondicionada. Na forma simples, a competência será do Juizado 
Especial Criminal; na forma majorada, a competência será do Juízo Criminal Comum. 
 
 
6.6. EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO – ARTIGO 314, 
CÓDIGO PENAL 
 
No artigo 314, do Código Penal, o legislador criminal tipificou o crime de extravio, sonegação ou 
inutilização de livro ou documento, nos seguintes termos: 
 
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; 
sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato 
não constitui crime mais grave. 
 
O delito consiste na prática, pelo funcionário público, das condutas de EXTRAVIAR (fazer 
desaparecer), SONEGAR (não apresentar quando solicitado) OU INUTILIZAR (tornar imprestável) 
 
 
 
LIVRO OFICIAL OU QUALQUER DOCUMENTO, de que tem a guarda em razão do cargo. A conduta 
deve ser dolosa, não existindo incriminação na forma culposa. 
 
 
 
• O bem jurídico tutelado por esse tipo penal (OBJETIVIDADE JURÍDICA) é o REGULAR 
FUNCIONAMENTO e o prestígio DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, especialmente no que refere à 
preservação dos livros e documentos que são mantidos sob sua guarda. 
 
• O OBJETO MATERIAL da conduta são os livros e documentos oficiais ou de particulares que se 
encontrem sob a guarda da Administração Pública. 
 
• O SUJEITO ATIVO é exclusivamente o funcionário público responsável pela guarda do livro ou 
documento, tratando-se de crime próprio. 
 
• O SUJEITO PASSIVO será o ESTADO; eventualmente, também será o particular que tem seu 
livro ou documento sob a guarda da Administração. 
 
• A CONSUMAÇÃO, nas modalidades extravio e inutilização, se dá com o efetivo extravio ou 
inutilização do livro ou documento. Na modalidade sonegação, a consumação se dá no instante 
em que o agente deveria fazer a entrega ou apresentação do livro ou documento, e deixa de 
fazê-lo. A TENTATIVA é admissível nas modalidades extravio e inutilização, sendo impossível na 
modalidade sonegação. 
 
• Ainda cumpre consignar que se trata de tipo penal subsidiário, isto é, somente incide se o fato 
não constituir crime mais grave como, por exemplo, corrupção passiva(art.317, Código Penal) 
ou supressão de documento (artigo 305, Código Penal). 
 
• De outro lado: se o advogado ou procurador inutilizar documento ou objeto probatório, 
comete o crime do artigo 356, Código Penal; se o particular subtrai ou inutiliza, total ou 
parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado à Administração comete o crime do 
artigo 337, do Código Penal. 
 
• A AÇÃO PENAL é pública incondicionada. 
 
6.7. EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PÚBLICAS – ARTIGO 315, CÓDIGO PENAL 
 
No artigo 315, o Código Penal tipifica o crime de emprego irregular de verbas ou rendas públicas, 
nos seguintes termos: 
 
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: Pena - 
detenção, de um a três meses, ou multa. 
 
Consiste na aplicação de recursos públicos em finalidade diversa da destinada em lei. Na 
hipótese o agente não se apropria nem subtrai os recursos em seu benefício ou de terceiro; pelo 
contrário, aplica os recursos em benefício da Administração Pública, porém em finalidade 
diversa da expressamente estabelecida em lei para determinada verba ou renda pública. Ex: 
funcionário deveria aplicar a verba em obras de esgotamento sanitário, mas dolosamente aplica 
o recurso no asfaltamento de vias públicas. 
 
 
• O bem jurídico tutelado por esse tipo penal (OBJETIVIDADE JURÍDICA) é o REGULAR 
FUNCIONAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, especialmente no que refere à observância 
da legalidade na destinação e aplicação dos recursos públicos. 
 
 
 
• O OBJETO MATERIAL da conduta são as rendas ou verbas públicas indevidamente aplicadas. 
 
• O SUJEITO ATIVO é exclusivamente o funcionário público que tem o poder de disposição sobre 
a verbas ou rendas públicas envolvidas. Se o agente for o prefeito municipal, no entanto, incide 
o crime do artigo 1.º, III, do Decreto-Lei 201/67. 
 
• O SUJEITO PASSIVO será o ESTADO e a entidade de direito público lesada pelo desvio. 
 
• A CONSUMAÇÃO se dá com a efetiva aplicação irregular da verba ou renda pública, 
independentemente da ocorrência de prejuízo ao Erário (crime formal). 
 
• A TENTATIVA é admissível. Ex: o agente realiza o procedimento formal para a destinação 
indevida da verba pública, mas por circunstâncias alheias à sua vontade, os recursos não chegam 
a ser efetivamente aplicados. 
 
• A AÇÃO PENAL é pública incondicionada. 
 
6.8. CONCUSSÃO – ARTIGO 316, CÓDIGO PENAL 
 
No artigo 316 do Código Penal o legislador tipificou o crime de concussão, nos seguintes termos: 
 
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou 
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de dois a oito anos, 
e multa. 
 
A conduta incriminada consiste no ato do funcionário público de EXIGIR, PARA SI OU PARA 
OUTREM, DIRETA OU INDIRETAMENTE, AINDA QUE FORA DA FUNÇÃO OU ANTES DE ASSUMILA, 
MAS EM RAZÃO DELA, VANTAGEM INDEVIDA. 
 
Tal conduta se distingue o crime de corrupção passiva, conforme o qual o funcionário público 
recebe ou solicita (mero pedido) indevida vantagem, posto que na concussão há a EXIGÊNCIA (a 
qual necessariamente terá de possuir o caráter de ameaça) da vantagem indevida. 
 
• O bem jurídico tutelado por esse tipo penal (OBJETIVIDADE JURÍDICA) é o REGULAR 
FUNCIONAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, especialmente no que refere à moralidade 
administrativa e à probidade de seus agentes. 
 
• O OBJETO MATERIAL será a vantagem indevida exigida pelo autor do fato. 
 
• Há controvérsia acerca da natureza da vantagem indevida a que se refere o tipo penal: 
 
➢ Para uma primeira corrente, a indevida vantagem necessariamente tem de ser de natureza 
econômica. Tal corrente é mais restritiva e favorável à defesa. ➢ Para uma segunda corrente, a 
indevida vantagem pode ter qualquer natureza (vantagem sexual, vantagem política, etc). Tal 
posição é ampliativa do objeto material do delito e, dessa maneira, favorece à posição do órgão 
acusador. 
 
• O SUJEITO ATIVO pode ser qualquer funcionário público. 
 
 
 
• O SUJEITO PASSIVO será o ESTADO e a pessoa contra a pessoa contra quem é dirigida a 
exigência. 
 
• A CONSUMAÇÃO se dá com o conhecimento da exigência por parte da vítima, sendo 
irrelevante para a consumação do delito a efetiva obtenção da vantagem indevida pelo 
funcionário público (crime formal). A TENTATIVA é admissível. Ex: o agente envia uma carta com 
a exigência da indevida vantagem, a qual se extravia e é descoberta por terceiro que comunica 
o fato à autoridade. 
 
• A AÇÃO PENAL é pública incondicionada. 
 
 
6.9. EXCESSO DE EXAÇÃO – ARTIGO 316, §1.º, CÓDIGO PENAL 
 
Ainda no artigo 316, porém no §1.º, o Código Penal tipifica o crime de excesso de exação, nos 
seguintes termos: 
 
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, 
ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 13.964, 
de 2019) 
 
A conduta incriminada consiste no ato do funcionário público EXIGIR TRIBUTO OU 
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL QUE SABE OU DEVERIA SABER INDEVIDO ou EMPREGAR MEIO INDEVIDO 
(vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza) PARA A COBRANÇA. 
 
• O bem jurídico tutelado por esse tipo penal (OBJETIVIDADE JURÍDICA) é o REGULAR 
FUNCIONAMENTO e a DIGNIDADE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. 
 
• O OBJETO MATERIAL da conduta são os tributos e contribuições indevidamente cobrados. 
 
• O SUJEITO ATIVO é qualquer funcionário público. 
 
• O SUJEITO PASSIVO será o ESTADO e a pessoa prejudicada pela cobrança ilegal. 
 
• A CONSUMAÇÃO se dá com a simples exigência indevida ou realização da cobrança de forma 
ilegal, independentemente do efetivo recebimento da quantia respectiva. 
 
• A TENTATIVA é admissível. 
 
• A AÇÃO PENAL é pública incondicionada. 
 
De outro lado, se o agente se apropria da quantia que recebeu indevidamente ao praticar o 
excesso de exação, incorre na forma qualificada tipificada no parágrafo 2º do artigo 316, nos 
seguintes termos: 
 
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente 
para recolher aos cofres públicos: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
 
 
 
 
6.10. CORRUPÇÃO PASSIVA – ARTIGO 317, CÓDIGO PENAL 
 
Em seu artigo 317, o Código Penal tipifica o crime de corrupção passiva, nos seguintes termos: 
 
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora 
da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa 
de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
 
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o 
funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever 
funcional. 
 
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever 
funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: Pena – detenção, de três meses a um ano, 
ou multa. 
 
A conduta incriminada consiste no ato do funcionário público de SOLICITAR OU RECEBER, PARA 
SI OU PARA OUTREM, DIRETA OU INDIRETAMENTE, AINDA QUE FORA DA FUNÇÃO OU ANTES 
DE ASSUMI-LA, MAS EM RAZÃO DELA, VANTAGEM INDEVIDA, OU ACEITAR PROMESSA DE TAL 
VANTAGEM. 
 
Tal conduta se distingue o crime de concussão porque naquele delito o funcionário público 
exige, constrange, ameaça para obter uma vantagem indevida; ao passo que no delito de 
corrupção passiva, o agente apenas solicita, sugere, pede uma vantagem indevida, ou ainda 
aceita a promessa de tal vantagem. 
 
Se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário efetivamente retarda ou deixa 
de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional, incidirá em seu 
desfavor uma causa de aumento da pena na razão de um terço (artigo 317, §1º, CódigoPenal). 
 
Ainda, no §2.º do artigo 317, o legislador criminal tipificou uma modalidade PRIVILEGIADA de 
corrupção passiva na hipótese em que o agente age cedendo a pedido ou influência de outrem, 
e não em razão da oferta de indevida vantagem. 
 
• O bem jurídico tutelado por esse tipo penal (OBJETIVIDADE JURÍDICA) é o REGULAR 
FUNCIONAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, especialmente no que refere à moralidade 
administrativa e à probidade de seus agentes. 
 
 
 
 
• O OBJETO MATERIAL será a vantagem indevida solicitada, recebida ou aceita em promessa 
pelo autor do fato. 
 
• O SUJEITO ATIVO pode ser qualquer funcionário público. 
 
• O SUJEITO PASSIVO será o ESTADO e, na solicitação de vantagem, a pessoa contra quem é 
dirigida a solicitação. 
 
• A CONSUMAÇÃO se dá com a simples solicitação, recebimento ou aceitação de promessa. 
 
 
 
• A TENTATIVA é admissível somente na modalidade solicitar e quando tal se dá de uma maneira 
assíncrona, isto é, na qual haja um intervalo temporal entre a solicitação e o seu conhecimento 
pela vítima, possibilitando o conhecimento da conduta pela autoridade antes da consumação 
do delito. Ex: o faz a solicitação por carta ou e-mail, que por algum motivo resta extraviada e 
chega ao conhecimento das autoridades antes de ser conhecida pela vítima. 
 
• A AÇÃO PENAL é pública incondicionada. 
 
 
6.11. FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO – ARTIGO 318, CÓDIGO PENAL 
 
No artigo 318 do Código Penal, o legislador tipificou o crime de facilitação de contrabando ou 
descaminho, nos seguintes termos: 
 
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho 
(art. 334): Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
 
A conduta incriminada consiste no ato do funcionário público de FACILITAR, COM INFRAÇÃO DE 
DEVER FUNCIONAL, A PRÁTICA DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO. 
 
• O bem jurídico tutelado por esse tipo penal (OBJETIVIDADE JURÍDICA) é o REGULAR 
FUNCIONAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, especialmente no que refere ao combate aos 
crimes de contrabando e descaminho. 
 
• O OBJETO MATERIAL será a mercadoria contrabandeada (na situação de contrabando) ou os 
tributos ilididos (na hipótese de descaminho). 
 
• O SUJEITO ATIVO deve ser funcionário público cuja atribuição seja reprimir o contrabando e o 
descaminho. 
 
• O SUJEITO PASSIVO será o ESTADO. 
 
• A CONSUMAÇÃO se dá no momento em que o funcionário público presta o auxílio (mediante 
uma conduta ativa ou omissiva) a fim de facilitar o contrabando ou o descaminho, quando que 
tais crimes não se concretizem. 
 
 
 
 
• A TENTATIVA é admissível somente na modalidade comissiva (mediante conduta ativa, ação). 
 
• A AÇÃO PENAL é pública incondicionada. 
 
 
6.12. PREVARICAÇÃO – ARTIGO 319, CÓDIGO PENAL 
 
Em seu artigo 319, o Código Penal tipifica o crime de prevaricação nos seguintes termos: 
 
 
 
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra 
disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de 
três meses a um ano, e multa. 
 
A conduta incriminada consiste no ato do funcionário público de RETARDAR OU DEIXAR DE 
PRATICAR, INDEVIDAMENTE, ATO DE OFÍCIO, OU PRATICÁ-LO CONTRA DISPOSIÇÃO EXPRESSA 
DE LEI, PARA SATISFAZER INTERESSE OU SENTIMENTO PESSOAL. 
 
Nessa modalidade criminosa o agente não atua em contrariedade à Administração Pública em 
razão da ambição de obter vantagens (concussão e corrupção passiva) ou para satisfazer 
interesse ou influência de outrem (corrupção passiva privilegiada), pelo contrário simplesmente 
visa atender a um sentimento ou interesse pessoal. Ex1: funcionário público, que gosta muito 
de novelas, deixa de realizar ato de ofício (suas atribuições ordinárias) para assistir ao último 
capítulo do folhetim que passa durante sua jornada de trabalho. Ex2: funcionário público passa 
o expediente inteiro lendo notícias em sites esportivos em vez de cumprir suas tarefas 
ordinárias, assim deixando de praticar atos de ofício e retardando a prática de atos de ofício. 
Ex3: o chefe de uma repartição administrativa que, sem ter atribuição legal para tanto, suspende 
o expediente em determinado dia da semana porque seu “time do coração” disputará naquela 
data a final da Copa Libertadores da América. 
 
• O bem jurídico tutelado por esse tipo penal (OBJETIVIDADE JURÍDICA) é o REGULAR 
FUNCIONAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, especialmente no que refere à probidade. 
 
• O OBJETO MATERIAL será a o ato de ofício que o agente deixar de fazer, retardar ou fazer 
indevidamente. 
 
• O SUJEITO ATIVO pode ser qualquer funcionário público. 
 
• O SUJEITO PASSIVO será o ESTADO, e eventualmente também a pessoa prejudicada pela ação 
ou omissão funcional. 
 
• A CONSUMAÇÃO se dá no momento em que o funcionário público omite, retarda ou pratica o 
ato de ofício, independentemente da ocorrência de qualquer resultado. 
 
• A TENTATIVA é admissível somente na modalidade comissiva (mediante conduta ativa, ação). 
 
 
 
 
• A AÇÃO PENAL é pública incondicionada. 
 
 
6.13. FACILITAÇÃO AO ACESSO DE APARELHO DE COMUNICAÇÃO POR APENADO – ARTIGO 319-
A, CÓDIGO PENAL 
 
Em seu artigo 319-A, o Código Penal incrimina uma conduta equiparada á prevaricação, nos 
seguintes termos: 
 
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar 
ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com 
 
 
outros presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007). Pena: 
detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. 
 
A conduta incriminada consiste no ato do funcionário que omite ato de ofício (seu dever de 
vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar) e assim permite ao preso o 
acesso a aparelho telefônico. 
 
Cumpre destacar que se trata de uma forma especial de prevaricação, posto que nesta 
modalidade o funcionário não omite o ato em razão da expectativa de uma vantagem indevida 
(concussão ou corrupção passiva), mas sim apenas por seu desleixo na repressão a tal 
comportamento. 
 
Caso o agente introduza o aparelho celular no presídio, incorrerá no crime tipificado no artigo 
349-A do Código Penal. 
 
 
6.14. CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA – ARTIGO 320, CÓDIGO PENAL 
 
Em seu artigo 320, o Código Penal tipifica o crime de condescendência criminosa nos seguintes 
termos: 
 
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu 
infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao 
conhecimento da autoridade competente: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
 
A conduta incriminada se perfaz com o ato do funcionário público de DEIXAR, POR 
INDULGÊNCIA, DE RESPONSABILIZAR SUBORDINADOO QUE COMETEU INFRAÇÃO NO EXERCÍCIO 
DO CARGO ou, quando lhe falte competência, NÃO LEVAR O FATO AO CONHECIMENTO DA 
AUTORIDADE COMPETENTE. 
 
• O bem jurídico tutelado por esse tipo penal (OBJETIVIDADE JURÍDICA) é o REGULAR 
FUNCIONAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, especialmente no que refere à probidade. 
 
• O OBJETO MATERIAL será a infração não punida pelo superior hierárquico ou não comunicada 
à autoridade competente quando lhe faltar competência para fazê-lo. 
 
 
 
 
• O SUJEITO ATIVO pode ser superior hierárquico que, dolosamente, omite-se. 
 
• O SUJEITO PASSIVO será o ESTADO. 
 
• A CONSUMAÇÃO se dá no momento em que o superior hierárquico toma conhecimento do 
fato praticado pelo subordinado e se omite em seu dever de responsabilizá-lo ou comunicar o 
fato a quem deva fazê-lo. 
 
• A TENTATIVA não é admissível por se tratar de crime omissivo próprio. 
 
• A AÇÃO PENAL é pública incondicionada. 
 
 
 
 
6.15. ADVOCACIA ADMINISTRATIVA – ARTIGO 321, CÓDIGO PENAL 
 
Em seu artigo 321, o Código Penal tipifica o crime de advocacia administrativa nos seguintes 
termos: 
 
Art. 321 - Patrocinar,direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração 
pública, valendo-se da qualidade de funcionário: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
 
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da 
multa. 
 
A conduta incriminada consiste no ato do funcionário público que, valendo-se dessa qualidade, 
PATROCINA INTERESSE PRIVADO ALHEIO PERANTE A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. 
 
• O bem jurídico tutelado por esse tipo penal (OBJETIVIDADE JURÍDICA) é o REGULAR 
FUNCIONAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, especialmente no que refere à probidade. 
 
• Em seu parágrafo único, o artigo 316 do Código penal tipifica a forma qualificada do delito, 
caracterizada pela natureza ilegítima do interesse patrocinado. 
 
• O OBJETO MATERIAL será o interesse privado alheio (legítimo ou ilegítimo) patrocinado pelo 
funcionário público perante a Administração. 
 
• O SUJEITO ATIVO pode ser qualquer funcionário público. 
 
• O SUJEITO PASSIVO será o ESTADO. 
 
• A CONSUMAÇÃO se dá no momento em que o agente pratica o ato de patrocínio do interesse 
alheio perante a Administração, independentemente de lograr êxito em beneficiar o particular. 
 
• A TENTATIVA é admissível. 
 
• A AÇÃO PENAL é pública incondicionada. 
 
 
6.16. VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA – ARTIGO 322, CÓDIGO PENAL 
 
Em seu artigo 322, o Código Penal tipifica o crime de violência arbitrária nos seguintes termos: 
 
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la: Pena - detenção, 
de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência. 
 
Tal dispositivo encontra-se revogado pela Lei 4898/65, que descreve os crimes de abuso de 
autoridade. 
 
 
6.17. ABANDONO DE FUNÇÃO – ARTIGO 323, CÓDIGO PENAL 
 
 
 
Em seu artigo 323, o Código Penal tipifica o crime de abandono de função nos seguintes termos: 
 
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei: Pena - detenção, de quinze 
dias a um mês, ou multa. § 1º - Se do fato resulta prejuízo público: Pena - detenção, de três 
meses a um ano, e multa. § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: 
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. 
 
A conduta incriminada consiste no ato do funcionário público de ABANDONAR O CARGO 
PÚBLICO, FORA DOS CASOS PERMITIDOS EM LEI. 
 
É necessário que o agente se afaste indevidamente do cargo por TEMPO JURIDICAMENTE 
RELEVANTE, sendo tal entendido na jurisprudência como sendo o LAPSO TEMPORAL SUPERIOR 
A 30 DIAS CONSECUTIVOS. 
 
Se o abandono do cargo pelo funcionário causa prejuízo à Administração ou se dá em local 
compreendido como faixa de fronteira, configuram-se as formas qualificadas do artigo 323 §§1º 
e 2º, do Código Penal. 
 
• O bem jurídico tutelado por esse tipo penal (OBJETIVIDADE JURÍDICA) é o REGULAR 
FUNCIONAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, coibindo o abandono do cargo por parte do 
funcionário e assim evitando a paralisação dos serviços. 
 
• O OBJETO MATERIAL será o cargo abandonado pelo funcionário público 
 
• O SUJEITO ATIVO pode ser qualquer funcionário público que ocupe cargo público (não se 
aplicando ao mero detentor de emprego ou função pública). 
 
• O SUJEITO PASSIVO será o ESTADO. 
 
• A CONSUMAÇÃO se dá no momento em que se configura o abandono do cargo por tempo 
juridicamente relevante por parte do funcionário público. 
 
• A TENTATIVA é admissível. 
 
• A AÇÃO PENAL é pública incondicionada. 
 
 
6.18. EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGITIMAMENTE ANTECIPADO OU PROLONGADO – ARTIGO 324, 
CÓDIGO PENAL 
 
Em seu artigo 324, o Código Penal tipifica o crime de exercício funcional ilegalmente antecipado 
ou prolongado nos seguintes termos: Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes 
de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber 
oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso: Pena - detenção, de quinze 
dias a um mês, ou multa. 
 
A conduta incriminada consiste no ato do funcionário público de ENTRAR NO EXERCÍCIO DE 
FUNÇÃO PÚBLICA ANTES DE SATISFEITAS AS EXIGÊNCIAS LEGAIS ou CONTINUAR A EXERCÊ-LA, 
SEM AUTORIZAÇÃO, DEPOIS DE SABER OFICIALMENTE QUE FOI EXONERADO, REMOVIDO, 
SUBSTITUÍDO OU SUSPENSO. 
 
 
 
• O bem jurídico tutelado por esse tipo penal (OBJETIVIDADE JURÍDICA) é o REGULAR 
FUNCIONAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, coibindo o desempenho de funções por 
pessoas que não perfazem os requisitos legais. 
 
• O OBJETO MATERIAL será a função pública ilegalmente exercida. 
 
• O SUJEITO ATIVO pode ser qualquer funcionário público que se antecipe ou se prolongue nas 
funções. 
 
• O SUJEITO PASSIVO será o ESTADO. 
 
• A CONSUMAÇÃO se dá com a prática de qualquer ato inerente à função pública pelo agente. 
 
• A TENTATIVA é admissível. 
 
• A AÇÃO PENAL é pública incondicionada. 
 
 
6.19. VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL – ARTIGO 325, CÓDIGO PENAL 
 
Em seu artigo 325, o Código Penal tipifica o crime de violação de sigilo funcional nos seguintes 
termos: 
 
 
 
 
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em 
segredo, ou facilitar-lhe a revelação: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o 
fato não constitui crime mais grave. § 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: I – 
permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer 
outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados 
da Administração Pública; I – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. § 2o Se da ação ou 
omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 
(seis) anos, e multa. 
 
A conduta incriminada no tipo fundamental consiste no ato do funcionário público de REVELAR 
FATO DE QUE TEM CIÊNCIA EM RAZÃO DO CARGO E QUE DEVA PERMANECER EM SEGREDO ou 
FACILITAR A REVELAÇÃO DE TAL FATO. 
 
Nos termos do §1.º do artigo 325, Código Penal, incorre nas mesmas penas o agente que 
PERMITE OU FACILITA de qualquer forma O ACESSO DE PESSOAS NÃO AUTORIZADAS A 
SISTEMAS INFROMAÇÕES E BANCOS DE DADOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; ou UTILIZA, 
INDEVIDAMENTE, ACESSO RESTRITO DE QUE DISPÕE. 
 
Ainda, se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem estará 
configurada a forma qualificada do delito (artigo 325, §2.º, Código Penal). 
 
 
 
• O bem jurídico tutelado por esse tipo penal (OBJETIVIDADE JURÍDICA) é o REGULAR 
FUNCIONAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, que pode ser prejudicado pela revelação de 
determinados dados de que dispõe a Administração. 
 
• O OBJETO MATERIAL será a informação indevidamente revelada. 
 
• O SUJEITO ATIVO pode ser qualquer funcionário público. 
 
• O SUJEITO PASSIVO será o ESTADO e, eventualmente, a pessoa que venha a ser prejudicada 
pela revelação do segredo. 
 
• A CONSUMAÇÃO se dá com a ciência indevida da informação sigilosa por parte de terceiro. 
 
• A TENTATIVA é admissível. 
 
• A AÇÃO PENAL é pública incondicionada. 
 
 
6.20. VIOLAÇÃO DE SIGILO DE PROPOSTA DE CONCORRÊNCIA – ART. 326, CÓDIGO PENAL 
 
Em seu artigo 326, o Código Penal tipifica o crime de violação de sigilo de proposta de 
concorrência nos seguintes termos: 
 
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o 
ensejo de devassá-lo: Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
Tal dispositivo foi tacitamente revogado pelo artigo 94 da Lei 8.666/93 – Lei de Licitações, a qual 
tem redação mais abrangente.

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