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Por que (não) ensinar gramática na escola - Sírio Possenti slide

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POR QUE (NÃO) ENSINAR GRAMÁTICA NA ESCOLA
 SÍRIO POSSENTI
 	
SÍRIO POSSENTI
 	Sírio Possenti é professor livre-docente no Departamento de Lingüística do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp. 
É autor de Língua portuguesa (Série Vestibular Unicamp), 1993, pela Editora Globo, com Maria Bernadete Abaurre; Discurso, estilo e subjetividade, 1988, pela Martins Fontes; Por que (não) ensinar gramática na escola, 1996, Os humores da língua, 1998 e A cor da língua e outras croniquinhas de linguista, 2001.
APRESENTAÇÃO
 	Em 1982, no Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp, como decorrência da criação do curso de Letras, veio à baila a questão da necessidade de haver ou não de haver; no currículo de letras, disciplinas de ensino de gramática normativa. 
 	Este livro tem basicamente duas origens, ambas um pouco antigas, e sua estrutura as reflete ainda. Ele vem de dois textos menores, que, por sua vez, resultaram de pequenos desafios propostos ao autor por outros pesquisadores.
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 	 	A primeira parte deste livro apresenta um conjunto de teses correntes em lingüística, seguidas de pequenas justificativas. Não se trata de aumentar o conhecimento técnico de ninguém a respeito do português. Trata-se de um conjunto de princípios, destinado mais a provocar reflexão do que aumentar o estoques dos saberes.
O PAPEL DA ESCOLA É ENSINAR A LÍNGUA PADRÃO
 	O objetivo da escola é ensinar o português padrão, ou, talvez mais exatamente, o de criar condições para que ele seja aprendido. 
 	Há teses que defendem que a função da escola não é ensinar o português padrão. Uma dessas teses é de natureza político cultural e outra de natureza cognitiva.
Tese de natureza político-cultural: diz basicamente que é uma violência, ou uma injustiça, impor a um grupo os valores de outro grupo.
Tese de natureza cognitiva: consiste em imaginar que cada falante ou cada grupo de falante só pode aprender e falar um dialeto (ou uma língua).
DAMOS AULAS DE QUE A QUEM?
 	Para que um projeto de ensino de língua bem sucedido, uma condição deve necessariamente ser preenchida e com urgência: que haja uma concepção clara do que seja uma língua e do que seja uma criança (na verdade, um ser humano de maneira geral).
NÃO HÁ LÍNGUAS FÁCEIS OU DIFÍCEIS
 	Todas as línguas são estruturas de igual complexidade. Isso significa que não há línguas complexas, primitivas e desenvolvidas. O que há são línguas diferentes.
TODOS OS QUE FALAM SABEM FALAR
 	Os grupos que falam uma língua ou um dialeto em geral julgam a fala dos outros a partir da sua e acabam considerando que a diferença é um defeito ou erro. Porém, a definição de erro é um problema complexo, e não apenas uma questão de norma gramatical da língua escrita.
NÃO EXISTEM LÍNGUAS UNIFORMES
 	Todas as línguas variam, isto é, não existe nenhuma sociedade ou comunidade na qual todos falem da mesma forma.
 	A variedade lingüística é o reflexo da variedade social e, como em todas as sociedades existe alguma diferença de status ou de papel entre indivíduos ou grupos, essas diferenças se refletem na língua. 
NÃO EXISTEM LÍNGUAS IMUTÁVEIS
 	A língua está em constante transformação, por isso, o educador não pode se prender muito em ensinar formas raras e arcaicas na escola. 
 	Haveria certamente muitas vantagens no ensino de português se a escola propusesse como padrão ideal de língua a ser atingido pelos alunos a escrita dos jornais ou dos textos científicos, ao invés de ter como modelo a literatura antiga.
FALAMOS MAIS CORRETAMENTE DO QUE PENSAMOS
 	Há “erros” que chocam e “erros” que não chocam mais. Mas, o mais importante é dar-nos conta de que não é verdade que aqueles que “erram” erram tudo. De fato, se utilizarmos bons critérios para contar os “erros” e os acertos, concluiremos logo que é relativamente pequena a diferença entre o que um aluno (ou outro cidadão qualquer) já sabe de sua língua e o que lhe falta saber para dominar a língua padrão. 
LÍNGUA NÃO SE ENSINA, APRENDE-SE
 	O domínio de uma língua é o resultado de práticas efetivas, significativas, contextualizadas
SABEMOS O QUE OS ALUNOS AINDA NÃO SABEM?
 	O que já é sabido não precisa ser ensinado. Seguindo este princípio, os programas anuais poderiam basear-se num levantamento bem feito do conhecimento prático de leitura e escrita que os alunos já atingiram e, por comparação com o projeto da escola, uma avaliação do que ainda lhes falta aprender. 
ENSINAR LÍNGUA OU ENSINAR GRAMÁTICA?
 O domínio efetivo e ativo de uma língua dispensa o domínio de uma metalinguagem técnica.

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