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HISTÓRIA E NEUROFISIOLOGIA HISTÓRIA E NEUROFISIOLOGIA da anestesia local Definição: A anestesia local é definida como um bloqueio reversível, determinando perda das sensações, em nível local, sem alteração do nível de consciência. Características: • A anestesia local faz com que o paciente perca habilidade sensitiva, mas não motora; isso se explica pois o anestésico é aplicado em uma área específica do corpo, bloqueando temporariamente a condução dos impulsos nervosos, porém essa anestesia afeta as fibras nervosas de maneiras diferentes: • Fibras sensoriais: responsáveis por transmitir informações sobre dor, temperatura, toque e pressão. • Fibras motoras: controlam os músculos e são responsáveis pelo movimento. • Propriocepção: capacidade de perceber a posição e o movimento dos músculos e articulações. Essa informação é transmitida por fibras nervosas sensoriais especializadas que estão localizadas nos músculos, tendões e articulações; assim como outras fibras sensoriais, essas proprioceptivas são suscetíveis à ação dos anestésicos locais, ou seja, quando o anestésico é administrado, ele bloqueia a condução dos impulsos nervosos ao inibir os canais de sódio nas fibras nervosas, o que as impede de transmitir informações ao cérebro, levando à perda da sensibilidade na área anestesiada, perda de habilidade de se localizar no espaço e da uma sensação de inchaço no local. CONTEXTO HISTÓRICO CONTEXTO HISTÓRICO • No final do século XIX, em 1844, o dentista Horace Wells utilizou de óxido nitroso para fazer uma demonstração pública que acabou sendo um fracasso. • Em 1846, Willian Morton realizou de forma exitosa a façanha de Wells, porém utilizando éter embebido em algodão. • Em 1860, Albert Niemann utilizou a cocaína como primeiro anestésico. • Em 1880, Von Anrep demonstrou o efeito da cocaína como anestésico em animais, comprovando que apesar de adormecer a região, a cocaína injetada era tóxica e causava dependência, além de ser vasodilatadora, o que tornava os procedimentos mais sucetíveis a sangramento e fazia com que o efeito fosse absorvido muito rápido. • Em 1884, Willian Halsted utilizou a cocaína no bloqueio do nervo alveolar inferior. • Em 1903, Heinrich Braun combinou a cocaína com adrenalina, prolongando o efeito do anestésico, porém a regulagem da combinação levou alguns anos de estudo. • Em 1905, Alfred Einhorn sintetizou a procaína, derivada da cocaína, muito menos tóxica, com menor risco de dependência, e embora fosse menos potente que a cocaína, ela era eficaz em procedimentos de curta duração. • Em 1943, Niel Lofgren sintetizou a lidocaína, que tinha uma ação mais rápida, maior potência (ou seja, menor dose utilizada), maior tempo de duração, e tinha um perfil de segurança maior que a procaína. ANESTESIA LOCALANESTESIA LOCAL LIDOCAÍNA LIDOCAÍNA • Anestésico local mais empregado em todo mundo, considerado como padrão do grupo, para efeito de comparação com os outros anestésicos. • Um dos anestésicos locais mais utilizados no mundo devido à sua eficácia, segurança e versatilidade. Desde sua introdução em 1943, continua a ser uma ferramenta indispensável em medicina e odontologia. • Também é empregada na anestesia tópica. CONCEITOS DOS ANESTÉSICOS LOCAISCONCEITOS DOS ANESTÉSICOS LOCAIS • Impedem a geração e a condução de um impulso nervoso > Anestésicos locais estabelecem um bloqueio no caminho químico entre a fonte do impulso e o cérebro > Impulso impedido de chegar ao cérebro: não é interpretado como dor pelo paciente. SAL ANESTÉSICO “IDEIAL”SAL ANESTÉSICO “IDEIAL” • Métodos e substâncias que induzem um estado transitório e completamente reersível de anestesia. Características: • Não causar irritação ao tecido; • Não causar dano permanente na estrutura nervosa; • Baixa toxicidade sistêmica; • Eficaz, quando aplicado sobre a mucosa ou infiltrado no tecido; • Tempo de anestesia o mais breve possível, com eficiência durante o procedimento; • Não exigir recuperação prolongada. Parestesia: • É uma complicação que ocorre quando o nervo é irritado ou danificado durante a administração de anestésico local. Essa condição pode resultar em uma sensação de dormência, formigamento ou perda de sensibilidade em áreas como a língua, lábios, bochechas ou gengivas; podendo ser temporária na maioria dos casos, ou permanente dependendo da extensão do dano ao nervo. ANESTÉSICO TÓPICO x INJETÁVEL ANESTÉSICO TÓPICO x INJETÁVEL Tópico: Injetável: • Ambos tem função de bloquear a dor durante procedimentos dentário. • A maioria são absorvidos do seu ponto de administração; • É aplicada diretamente sobre a mucosa na forma de gel, spray ou pomada; • Usa anestésicos locais como benzocaína ou lidocaína em concentrações mais baixas; • Proporciona anestesia superficial, anestesiando apenas a camada mais externa da mucosa; • Indicada para procedimentos menos invasivos, como raspagem gengival superficial, alívio da dor associada a úlceras bucais, ou para reduzir o desconforto da picada da agulha antes da anestesia injetável; • A duração do efeito é mais curta e menos intensa em comparação com a anestesia injetável; • É praticamente indolor e fácil de aplicar; • Todos são absorvidos no seu ponto de administração; • Éadministrada por meio de uma injeção diretamente na região da periferia do nervo, sendo intramuscular ou subcutânea; • Geralmente usa-se anestésicos locais como a lidocaína, articaína ou mepivacaína; • Proporciona anestesia profunda, bloqueando completamente a transmissão de sinais nervosos da área afetada; • Indicada para procedimentos mais invasivos, como extrações dentárias, cirurgias periodontais, tratamento de canais ou procedimentos que envolvam estruturas profundas; • Tende a durar mais tempo, dependendo do tipo de anestésico e da presença de vasoconstritores (como a epinefrina), que prolongam o efeito; • Pode causar desconforto devido à picada da agulha, além de eventuais efeitos colaterais como hematomas por ser uma área muito vascularizada ou sensação de dormência prolongada após o procedimento; • Nunca deve ser injetada endovenosa, em caso de refluxo de sangue na carpule deve-se recomeçar a injeção, não deixando o anestésico cair direto na corrente sanguínea; TEORIA DA EXPANSÃO DA MEMBRANA TEORIA DA EXPANSÃO DA MEMBRANA • O sal anestésico age na configuração da membrana, aumentando ela e os canais de sódio, tornando difícil a passagem e polarização do sódio. • A ação do anestésico é indireta. TEORIA DO RECEPTOR ESPECÍFICO TEORIA DO RECEPTOR ESPECÍFICO • É a teoria mais aceita. • A molécula do anestésico se assemelha com a molécula de sódio, com isso o anestésico entra no canal de sódio impedindo que o sódio entre; quando as moléculas do anestésico são absorvidas pela corrente sanguínea o sódio volta a entrar no canal. • A ação do anestésico é direta, age tampando a entrada do canal de sódio. FARMACOLOGIA DOS ANESTÉSICOSFARMACOLOGIA DOS ANESTÉSICOS Atuação: • Diminui a permeabilidade dos canais iônicos aos íons Na; • Inibem seletivamente a permeabilidade máxima do sódio; • Diminuem o potencial de ação e a velocidade de condução do impulso; • A condução do impulso falha; • BLOQUEIO NERVOSO. Modo de ação: • Deslocamento dos íons sódio do receptor do canal de sódio, o que permite a ligação da molécula do anestésico local a este receptor, o que determina um bloqueio do canal de sódio, e a redução da condutância do sódio, que leva a depressão da velocidade da despolarização elétrica, e não obtenção do potencial limiar, juntamente com a inexistência de potenciais de ação propagados, o que é chamado de: BLOQUEIO DA CONDUÇÃO. Vias de administração: • Via Oral: Com exceção da cocaína, os anestésicos locais são mal absorvidos, pelo trato gastrointestinal após administração oral. • Via Tópica: Os anestésicos locais são absorvidos em diferentes velocidades após a aplicação sobre a membrana mucosa. • Injeção: A velocidade de absorção dos anestésicos locais após administração parenteral (subcutânea intramuscular) é relacionada tanto com a vascularizaçãodo local da injeção quanto com a vasoatividade da droga. A rápida administração, pode levar a níveis sangüíneos significativamente altos do anestésico local, o que pode induzir sérias reações tóxicas. Distribuição: • Depois de absorvidos pela corrente sangüínea, os anestésicos locais são distribuídos para todos os tecidos do corpo. • Os órgãos (e áreas) altamente perfundidos, como o cérebro, cabeça, figado, rins. pulmões e baço, apresentam inicialmente maiores níveis sanguíneos do anestésico. • A concentração plasmática de um anestésico local em certos órgãos "alvos" possui uma significativa relação com a toxicidade potencial da droga. Nível sanguíneo: • Eliminação da droga através de vias metabólicas ou excretoras. • A velocidade em que o anestésico local é removido do sangue é descrita como a meia-vida da droga. Definida de forma simples, a meia-vida é o tempo necessário para uma redução de 50% do nível sanguíneo. Ação em infecções: • O pH do tecido normal é de 7,4, sendo alcalino, liberando base em forma não-ionizada, podendo ser absorvida. • Caso haja acidificação do meio (inflamação infecção) em que o pH varia entre 5,0 e 6,0 haverá diminuição da eficácia do anestésico local, pois em meio ácido as bases recebem H2 diminuindo sua capacidade de atravessar membranas celulares. Duração: Quando o anestésico passa a ser removido do nervo: • Função do nervo retorna rapidamente no principio, gradualmente no restante, .• Anestésicos de ação longa duram mais por ligarem-se mais fortemente à membrana celular, • Taxa de remoção da droga do ponto de infiltração depende da vascularização regional. Metabolismo: • Biotransformação; • A toxicidade geral da droga depende do equilíbrio entre a velocidade de absorção para a corrente sanguínea no local da injeção e a velocidade em que ela é removida do sangue através dos processos de absorção tecidual e metabolismo. Excreção: • Os rins são os órgãos excretores primários tanto para os anestésicos locais quanto para seus metabólitos; • Uma percentagem da dose do anestésico local é excretada inalterada na urina; • Pacientes com insuficiência renal significativa podem ser incapazes de eliminar do sangue o anestésico local original ou seus principais metabólitos. Toxicidade: • Manifestações decorrentes de dose ou administração excessiva de uma droga. • Está na dependência da concentração atingida na corrente sanguínea e ao grau da dose de dependência, podendo afetar os sistemas nervoso central, respiratório e circulatório. • O efeito tóxico dos anestésicos locais deve-se tanto ao anestésico quanto ao vasoconstrictor. • A toxicidade é influenciada pela: condição física geral do paciente, rapidez da injeção, via de administração (intravascular), condição emocional do paciente e quantidade utilizada da droga.