Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

Direitos Fundamentais
Art. 5º da CRFB/1988
Dirley da Cunha Júnior
Professor Titular de Direito Constitucional da Universidade Católica de Salvador (UCSAL)
Professor Associado de Direito Constitucional da Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Pós-Doutor em Direito Constitucional pela Universidade de Lisboa/Portugal
Doutor em Direito Constitucional pela PUC-SP e Mestre em Direito Econômico pela UFBA
Juiz Federal da SJ/BA. Ex-Procurador da República. Ex-Promotor de Justiça
@dirleydacunhajr
Conceito e delimitação terminológica dos Direitos Fundamentais
Os direitos fundamentais são direitos humanos positivados nas Constituições estatais. Nessa perspectiva, 
há forte tendência doutrinária em reservar a expressão “direitos fundamentais” para designar os direitos 
humanos positivados em nível interno, enquanto a concernente a “direitos humanos” no plano externo das 
declarações e convenções internacionais
Tendo como núcleo essencial a proteção da dignidade da pessoa humana, os DIREITOS 
FUNDAMENTAIS são posições jurídicas que investem o ser humano de um conjunto de 
prerrogativas, faculdades e instituições imprescindíveis a assegurar uma existência digna, livre, 
igual e fraterna de todas as pessoas (CUNHA JÚNIOR, Dirley. Curso de Direito Constitucional, Salvador: 
Editora Juspodivm).
Nas democracias contemporâneas, os direitos fundamentais ocupam uma posição 
de centralidade, parametrizando todas as atividades públicas e privadas
A Constitucionalização das Declarações de Direitos, a função legitimadora dos 
Direitos Fundamentais e seu regime jurídico-constitucional reforçado
Sem a positivação jurídico-constitucional, os direitos do homem são esperanças,
aspirações e ideias, mas não direitos protegidos sob a forma de normas de direito
constitucional (CANOTILHO, JJ. Gomes)
A Constitucionalização dos direitos fundamentais produz as seguintes consequências:
• a) as normas que os reconhecem situar-se-ão no escalão máximo do ordenamento jurídico
positivado, não podendo ser contrariadas por nenhuma outra;
• b) essas normas se submetem ao processo complexo e agravado de reforma constitucional,
servindo de limites formais para o exercício do poder de reforma da Constituição;
• c) tais normas funcionam como limites materiais do próprio poder reformador, já que não
podem ser abolidas do sistema constitucional (cláusulas pétreas);
• d) elas são dotadas de imediata aplicabilidade e vinculatividade dos poderes públicos,
constituindo parâmetros de escolhas, decisões, ações e controle dos órgãos legislativos,
administrativos e jurisdicionais, e, finalmente,
• e) são protegidas através do controle de constitucionalidade dos atos comissivos e omissivos
do poder público, ante o seu dever de regulá-las, quando carentes de regulação ou
simplesmente quando pretendam regulá-las.
Os Direitos Fundamentais e suas Garantias
Ruy Barbosa já chegou a afirmar que é fundamental
distinguir “no texto da lei fundamental, as disposições
meramente declaratórias, que são as que imprimem
existência legal aos direitos reconhecidos, e as
disposições assecuratórias, que são as que, em defesa
dos direitos, limitam o poder. Aquelas instituem os
direitos; estas, as garantias: ocorrendo não raro juntar-
se, na mesma disposição constitucional, ou legal, a
fixação da garantia, com a declaração do direito”
Garantias-limite
manifestam-se por meio de 
proibições que visam a 
prevenir violações a 
direitos, como a proibição 
da censura para proteger a 
liberdade de expressão.
Garantias-institucionais
Consistem no sistema de 
proteção organizado para a 
defesa e efetivação dos 
direitos.
Garantias-instrumentais
São as ações constitucionais, que 
são garantias de defesa de 
direitos especiais perante o 
Judiciário.
Garantias dos Direitos
A CF de 1988 inaugura, pelo menos teoricamente,
uma etapa de amplo respeito pelos Direitos
Fundamentais. Ao lançar um primeiro e breve olhar
para a nossa Lei Fundamental, percebe-se
imediatamente uma reveladora inovação, de cunho
topográfico. Distinguindo-se das Cartas anteriores,
a Constituição em vigor positivou os referidos
Direitos logo no início de suas disposições (título
II), após o que tratou da organização do Estado
(título III) e dos Poderes (IV), dando cristalinas
amostras de que se preocupou prevalentemente
com o ser humano, enaltecendo-o como o “fim”
para o qual deve se dirigir o Estado, este
considerado “instrumento” de realização da
dignidade daquele.
Os Direitos Fundamentais na Constituição Federal de 1988
Panorama Geral
“Declaro promulgado o Documento da Liberdade,
da Democracia e da Justiça Social do Brasil”,
disse o então Presidente da Assembleia Nacional
Constituinte, Dep. Ulysses Guimarães, ao
promulgar a nova Constituição Federal, em
05/10/1988.
A aplicabilidade imediata das normas definidoras de Direitos e 
Garantias Fundamentais
Segundo a Constituição de 1988, as “normas
definidoras de direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata” (art.
5º, § 1º), o que significa afirmar que, a
princípio, essas normas têm eficácia
máxima, não sendo dependentes de qualquer
interposição do legislador para serem aplicadas
e lograrem a efetividade ou eficácia social
A concepção materialmente aberta dos Direitos Fundamentais na 
Constituição de 1988
Art. 5º (...).
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais.
A concepção materialmente aberta dos Direitos Fundamentais na 
Constituição de 1988
A CF consagrou o princípio
da abertura material dos
Direitos Fundamentais, de
modo a admitir a existência
de direitos fundamentais
implícitos e decorrentes ou
fora da Constituição.
Conforme o § 2º do art. 5º, os
direitos e as garantias
expressos na Constituição não
excluem outros decorrentes
do regime e dos princípios por
ela adotados, ou dos tratados
internacionais em que a
República Federativa do Brasil
seja parte.
Ademais, segundo o § 3º do art.
5º, os tratados e as convenções
internacionais sobre direitos
humanos que forem aprovados,
em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, por
três quintos dos votos dos
respectivos membros, serão
equivalentes às emendas
constitucionais.
→ A origem da cláusula de abertura material ou cláusula inesgotável ou norma com fattispecie
aberta remonta à 9ª Emenda à Constituição dos EUA, segundo a qual a enumeração de certos
direitos na Constituição não pode ser interpretada como denegação ou diminuição dos outros
direitos que o povo se reservou. Com efeito, diz textualmente a referida emenda: “A
especificação de certos direitos na Constituição não deve ser entendida como uma
negação ou depreciação de outros direitos conservados pelo povo”.
→ A cláusula de abertura material insculpida no art. 5º, § 2º da Constituição dá ensejo à
identificação de 2 (dois) grandes grupos de direitos fundamentais: 1) os direitos fundamentais
expressos (ou expressamente positivados ou escritos), que compreendem (1.1) os direitos
expressamente previstos no catálogo de direitos fundamentais (Título II) ou em outras partes do
texto constitucional e (1.2) os direitos previstos em tratados internacionais em que o Brasil seja
parte; e 2) os direitos fundamentais não expressos (ou não expressamente positivados ou não
escritos), que alcançam (2.1) os “direitos implícitos” subentendidos das normas definidoras de
direitos e garantias fundamentais expressas, e (2.2) os “direitos decorrentes” do regime e dos
princípios adotados pela Constituição, considerados o regime e os princípios previstos no Título I
Natureza jurídica dos Tratados e Convenções Internacionais sobre 
Direitos Humanos
"Desde a adesão do Brasil, sem qualquer reserva, ao PactoInternacional dos 
Direitos Civis e Políticos (art. 11) e à Convenção Americana sobre Direitos 
Humanos - Pacto de San José da Costa Rica (art. 7º, 7), ambos no ano de 1992, não 
há mais base legal para prisão civil do depositário infiel, pois o caráter especial 
desses diplomas internacionais sobre direitos humanos lhes reserva lugar 
específico no ordenamento jurídico, estando abaixo da Constituição, porém 
acima da legislação interna. O status normativo supralegal dos tratados 
internacionais de direitos humanos subscritos pelo Brasil, dessa forma, torna 
inaplicável a legislação infraconstitucional com ele conflitante, seja ela anterior ou 
posterior ao ato de adesão. Assim ocorreu com o art. 1.287 do CC de 1916 e com o 
DL 911/1969, assim como em relação ao art. 652 do Novo CC (Lei 10.406/2002)." 
(RE 466.343, Rel. Min. Cezar Peluso, voto do Min. Gilmar Mendes, julgamento 
em 3-12-2008, Plenário, DJE de 5-6-2009, com repercussão geral.)
Até o momento, há 03 (três) atos internacionais de direitos humanos aprovados nos termos do § 3º
do art. 5º da Constituição Federal e, por conseguinte, equivalentes a emenda constitucional. São eles:
►(1) a “Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo
Facultativo”, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007, aprovado pelo Congresso Nacional por
meio do Decreto Legislativo nº 186, de 09.07.2008, e promulgado pelo Presidente da República por meio
do Decreto nº 6.949, de 25.08.2009;
►(2) o “Tratado de Marraqueche para Facilitar o Acesso a Obras Publicadas às Pessoas Cegas, com
Deficiência Visual ou com outras Dificuldades para Ter Acesso ao Texto Impresso”, concluído no
âmbito da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), celebrado em Marraqueche, em 28 de
junho de 2013, aprovado pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 261, de 25.11. 2015,
e promulgado pelo Presidente da República por meio do Decreto nº 9.522, de 08.10.2018; e
►(3) a “Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas
de Intolerância”, firmada pela República Federativa do Brasil, na Guatemala, em 5 de junho de 2013,
aprovada pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 1, de 18 de fevereiro de 2021, e
promulgada pelo Presidente da República por meio do Decreto nº 10.932, de 10 de janeiro de 2022.
Os Direitos Fundamentais no art. 5º da CRFB/88
Direitos Individuais e Coletivos
Direitos 
Individuais
Por direitos individuais deve-
se entender todos aqueles que 
visam a defesa de uma 
autonomia pessoal no âmbito 
da qual o indivíduo possa 
desenvolver as suas 
potencialidades e gozar de sua 
liberdade sem interferência 
indevida do Estado e do 
particular. Ex: Direito a Vida.
Direitos 
Coletivos
Já os direitos coletivos
destinam-se, não à tutela da 
autonomia da pessoa em si, 
mas à proteção de um grupo
ou coletividade, onde a 
defesa de seus membros é 
apenas reflexa ou indireta. 
Ex: Direito de Reunião.
Os Titulares dos Direitos Fundamentais
• “Art. 5º. Todos são iguais perante
a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos
termos seguintes”
Apesar da literalidade do art. 5º,
todas as pessoas, físicas ou
jurídicas (privadas e públicas),
nacionais ou estrangeiras, com
residência ou não no Brasil, são
titulares dos direitos e garantias
fundamentais previstos na
Constituição, salvo quando a
própria Constituição exclui
algumas delas. Adotou-se o
princípio da universalidade
dos titulares dos Direitos
Fundamentais
Exemplos de exceções
à universalidade dos titulares dos Direitos Fundamentais
Art. 12 (...).
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor
de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos
nesta Constituição.
(...).
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: 
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; 
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; 
III - de Presidente do Senado Federal; 
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; 
V - da carreira diplomática; 
VI - de oficial das Forças Armadas. 
VII - de Ministro de Estado da Defesa.
Direito à Vida
O Plenário do STF, no julgamento da ADI 3.510, declarou a constitucionalidade do art. 5º da Lei 11.105/2005 (Lei de
Biossegurança), por entender que as pesquisas com células-tronco embrionárias não violam o direito à vida ou o
princípio da dignidade da pessoa humana.
Para o STF, "O Magno Texto Federal não dispõe sobre o início da vida humana ou o preciso instante em que ela
começa”.
A Constituição não protege automaticamente todo e qualquer estágio da vida humana, mas a vida que já é própria
de uma concreta pessoa, do indivíduo-pessoa, porque nativiva (teoria ‘natalista’, em contraposição às teorias
‘concepcionista’ ou da ‘personalidade condicional’).
As três realidades não se confundem: o embrião é o embrião, o feto é o feto e a pessoa humana é a pessoa humana.
Donde não existir pessoa humana embrionária, mas embrião de pessoa humana. O embrião referido na Lei de
Biossegurança (in vitro apenas) não é uma vida a caminho de outra vida virginalmente nova, porquanto lhe
faltam possibilidades de ganhar as primeiras terminações nervosas, sem as quais o ser humano não tem
factibilidade como projeto de vida autônoma e irrepetível. O Direito infraconstitucional protege por modo
variado cada etapa do desenvolvimento biológico do ser humano. Os momentos da vida humana anteriores ao
nascimento devem ser objeto de proteção pelo direito comum. O embrião pré-implanto é um bem a ser protegido, mas
não uma pessoa no sentido biográfico a que se refere a Constituição." (ADI 3.510, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento
em 29-5-2008, Plenário, DJE de 28-5-2010.)
• CF, XLVII - não haverá penas:
• a) de morte, salvo em caso de
guerra declarada, nos termos
do art. 84, XIX
Exceção ao 
Direito à 
Vida
Direito à Igualdade
O direito à igualdade é o direito que todos têm de ser tratados igualmente na
medida em que se igualem, e desigualmente na medida em que se
desigualem, quer perante a ordem jurídica (igualdade formal), quer perante a
oportunidade de acesso aos bens da vida (igualdade material).
Direito à Igualdade
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza (...).
I - homens e mulheres são iguais em direitos e
obrigações, nos termos desta Constituição;
Direito à Igualdade e as Ações afirmativas
• são medidas especiais e concretas
para assegurar o desenvolvimento
ou a proteção de certos grupos,
com o fito de garantir-lhes, em
condições de igualdade, o pleno
exercício dos direitos do homem e
das liberdades fundamentais.
Ações 
afirmativas 
Direito à Igualdade e as Ações afirmativas
ADPF nº 186
O STF asseverou que, para efetivar a igualdade material, o Estado poderia e deveria lançar
mão de políticas de cunho universalista – a abranger número indeterminado de indivíduos –
mediante ações de natureza estrutural; ou de ações afirmativas – a atingir grupos sociais
determinados – por meio da atribuição de certas vantagens, por tempo limitado, para permitir
a suplantação de desigualdades ocasionadas por situações históricas particulares. Garantiu a
Corte que a adoção de políticas que levem ao afastamento de perspectiva meramente formal
do princípio da isonomia integra o cerne do conceito de Democracia. A Constituição
Federal proíbe a discriminação negativa (preconceito), mas impõe a discriminação
positiva, com vistas a estimular a inclusão social de grupos excluídos.
Direito à Liberdade
O Direito à Liberdade consiste na prerrogativa 
fundamental que investe o ser humano de um 
poder de autodeterminação ou de determinar-se 
conforme a sua própria consciência. Compreende 
inúmeras liberdades fundamentais, a saber:
Liberdade de 
ação
liberdade de 
locomoção;
liberdade de 
opinião
Liberdadede expressão de 
atividade intelectual, 
artística, científica e de 
comunicação
liberdade de 
informação
liberdade de 
consciência e 
crença
liberdade de 
reunião
liberdade de 
associação
liberdade 
profissional
► Liberdade de Ação e o princípio da legalidade
Art. 5º, II – “ninguém será obrigado a
fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei”.
► Liberdade de Ação e o princípio da legalidade
reserva
Não se pode confundir o princípio
da legalidade com o princípio da
reserva legal. O princípio da
legalidade é de abrangência ampla,
na medida em que submete a
atuação estatal a qualquer espécie
normativa que depende do processo
legislativo. Já o princípio da reserva
legal restringe-se a matérias
específicas, determinadas pela
Constituição e sujeitas à
normatização exclusiva do Poder
Legislativo (atos legislativos em
sentido estrito ou formal).
► Liberdade de Locomoção
Art. 5º, XV – “é livre a locomoção no território
nacional em tempo de paz, podendo qualquer
pessoa, nos termos da lei, nele entrar,
permanecer ou dele sair com seus bens”.
► Liberdade de Opinião ou Pensamento: Art. 5º, IV – “é livre a manifestação do
pensamento, sendo vedado o anonimato”; Art. 5º, V – “é assegurado o direito de resposta,
proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem”;
Na ADPF 187, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 15-
6-2011, Plenário, Informativo 631 (caso MARCHA DA
MACONHA), o STF decidiu que a mera proposta de
descriminalização de determinado ilícito penal não se
confundiria com ato de incitação à prática do crime, nem
com o de apologia de fato criminoso. Concluiu que a defesa,
em espaços públicos, da legalização das drogas ou de
proposta abolicionista a outro tipo penal, não significaria
ilícito penal, mas, ao contrário, representaria o exercício
legítimo do direito à livre manifestação do
pensamento, propiciada pelo exercício do direito de
reunião.” Vide: ADI 4.274, Rel. Min. Ayres Britto,
julgamento em 23-11-2011, Plenário, DJE de 2-5-2012.
► É livre a manifestação do pensamento, mas é vedado o anonimato;
"(...) (a) os escritos anônimos não podem justificar, só por si, desde que
isoladamente considerados, a imediata instauração da persecutio criminis,
eis que peças apócrifas não podem ser incorporadas, formalmente, ao
processo, salvo quando tais documentos forem produzidos pelo acusado,
ou, ainda, quando constituírem, eles próprios, o corpo de delito (como
sucede com bilhetes de resgate no delito de extorsão mediante sequestro, p.
ex.); (b) nada impede, contudo, que o Poder Público provocado por delação
anônima (‘disque-denúncia’, p. ex.), adote medidas informais destinadas a
apurar, previamente, em averiguação sumária, ‘com prudência e discrição’, a
possível ocorrência de eventual situação de ilicitude penal, desde que o faça
com o objetivo de conferir a verossimilhança dos fatos nela denunciados,
em ordem a promover, então, em caso positivo, a formal instauração da
persecutio criminis, mantendo-se, assim, completa desvinculação desse
procedimento estatal em relação às peças apócrifas; (...)" (Inq 1.957, Rel.
Min. Carlos Velloso, voto do Min. Celso de Mello, julgamento em 11-5-
2005, Plenário, DJ de 11-11-2005.) No mesmo sentido: HC 106.664-MC,
Rel. Min. Celso de Mello, decisão monocrática, julgamento em 19-5-2011,
DJE de 23-5-2011.
► Liberdade de Expressão de Atividade Intelectual, Artística, 
Científica e de Comunicação
Art. 5º, IX – “é livre a expressão da atividade intelectual, artística, 
científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”.
► Liberdade de expressão de atividade intelectual, artística, científica e 
de comunicação
Abuso de liberdade de expressão e o discurso de ódio (hate speech) - Caso
“Ellwanger” (condenado por editar e publicar livros veiculando ideias anti-semitas): "As
liberdades públicas não são incondicionais, por isso devem ser exercidas de maneira
harmônica, observados os limites definidos na própria CF (CF, art. 5º, § 2º, primeira parte).
O preceito fundamental de liberdade de expressão não consagra o 'direito à incitação ao
racismo', dado que um direito individual não pode constituir-se em salvaguarda de
condutas ilícitas, como sucede com os delitos contra a honra. Prevalência dos princípios da
dignidade da pessoa humana e da igualdade jurídica." (HC 82.424, Rel. p/ o ac.
Min. Presidente Maurício Corrêa, julgamento em 17-9-2003, Plenário, DJ de 19-3-2004.)
O Plenário do STF, no julgamento da ADPF 130, declarou como não recepcionado pela
Constituição de 1988 todo o conjunto de dispositivos da Lei 5.250/1967 (Lei de Imprensa).
► Liberdade de expressão de atividade intelectual, artística, científica e 
de comunicação
Por maioria, o Plenário do STF, em sessão de 17/08/2016, julgou
inconstitucional a proibição de tatuagens a candidatos a cargo público
estabelecida em leis e editais de concurso público. Foi dado provimento
ao Recurso Extraordinário nº 898450, com repercussão geral
reconhecida, em que um candidato a soldado da Polícia Militar de São
Paulo foi eliminado por ter tatuagem na perna. Foi fixada a seguinte tese
de repercussão geral: “Editais de concurso público não podem
estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo situações
excepcionais, em razão de conteúdo que viole valores
constitucionais”.
► Liberdade de Informação: Art. 5º, XIV – “é assegurado a todos o acesso à informação e
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”; Art. 5º, XXXIII – “todos têm
direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo
ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo
sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”; (Vide Lei nº 12.527, de 2011 – Lei de
Acesso a Informações).
O Direito de liberdade de informação deve compreender três aspectos essenciais, a saber: o direito de
informar, o direito de se informar e o direito de ser informado.
O direito de informar - consiste na prerrogativa de transmitir informações pelos meios de comunicação.
O direito de se informar - corresponde à faculdade de o indivíduo buscar as informações pretendidas sem
quaisquer obstáculos. Inciso XIV, do art. 5º, garante: É assegurado a todos o acesso à informação e
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional.
E o direito de ser informado - equivale à faculdade de ser mantido completa e adequadamente informado.
Inciso XXXIII do art. 5º: Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
► Liberdade de Informação
“Direito à informação de atos estatais, neles embutida a folha de pagamento de órgãos e entidades públicas. (...) Caso
em que a situação específica dos servidores públicos é regida pela 1ª parte do inciso XXXIII do art. 5º da Constituição.
Sua remuneração bruta, cargos e funções por eles titularizados, órgãos de sua formal lotação, tudo é constitutivo de
informação de interesse coletivo ou geral. Expondo-se, portanto, a divulgação oficial. Sem que a intimidade deles, vida
privada e segurança pessoal e familiar se encaixem nas exceções de que trata a parte derradeira do mesmo dispositivo
constitucional (inciso XXXIII do art. 5º), pois o fato é que não estão em jogo nem a segurança do Estado nem do conjunto
da sociedade. Não cabe, no caso, falar de intimidade ou de vida privada, pois os dados objeto da divulgação em causa
dizem respeito a agentes públicos enquanto agentes públicos mesmos; ou, na linguagem da própria Constituição,
agentes estatais agindo ‘nessa qualidade’ (§ 6º do art. 37). E quanto à segurança física ou corporal dos servidores, seja
pessoal, seja familiarmente, claro que ela resultará um tanto ou quanto fragilizada com a divulgação nominalizada dos
dadosem debate, mas é um tipo de risco pessoal e familiar que se atenua com a proibição de se revelar o endereço
residencial, o CPF e a CI de cada servidor. No mais, é o preço que se paga pela opção por uma carreira pública no seio
de um Estado republicano. (...) A negativa de prevalência do princípio da publicidade administrativa implicaria, no caso,
inadmissível situação de grave lesão à ordem pública” (SS 3.902-AgR-segundo, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em
9-6-2011, Plenário, DJE de 3-10-2011.)
"Lei 11.300/2006 (minirreforma eleitoral). (...) Proibição de divulgação de pesquisas eleitorais quinze dias antes do pleito.
Inconstitucionalidade. Garantia da liberdade de expressão e do direito à informação livre e plural no Estado Democrático
de Direito. (ADI 3.741, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 6-9-2006, Plenário, DJ de 23-2-2007.) No
mesmo sentido: ADI 3.742 e ADI 3.743, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 6-9-2006, Plenário,Informativo
439.
► Liberdade de Consciência e Crença
Art. 5º, VI – “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício 
dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”.
•"Nos termos do artigo 5º, VIII, da Constituição Federal, é
possível a realização de etapas de concurso público em datas
e horários distintos dos previstos em edital, por candidato
que invoca escusa de consciência por motivo de crença
religiosa, desde que presentes a razoabilidade da alteração, a
preservação da igualdade entre todos os candidatos e que
não acarrete ônus desproporcional à Administração Pública,
que deverá decidir de maneira fundamentada" (RE 611874,
Tema 386, 26/11/2020).
•“Nos termos do artigo 5º, VIII, da Constituição Federal é
possível à Administração Pública, inclusive durante o estágio
probatório, estabelecer critérios alternativos para o regular
exercício dos deveres funcionais inerentes aos cargos
públicos, em face de servidores que invocam escusa de
consciência por motivos de crença religiosa, desde que
presentes a razoabilidade da alteração, não se caracterize o
desvirtuamento do exercício de suas funções e não acarrete
ônus desproporcional à Administração Pública, que deverá
decidir de maneira fundamentada”. (ARE 1099099, Tema
1021, 26/11/2020).
A Escusa de Consciência: 
Art. 5º, VIII – “ninguém será 
privado de direitos por motivo 
de crença religiosa ou de 
convicção filosófica ou 
política, salvo se as invocar 
para eximir-se de obrigação 
legal a todos imposta e 
recusar-se a cumprir 
prestação alternativa, fixada 
em lei”;
• “É constitucional a obrigatoriedade de
imunização por meio de vacina que, registrada
em órgão de vigilância sanitária, (i) tenha sido
incluída no Programa Nacional de Imunizações
ou (ii) tenha sua aplicação obrigatória
determinada em lei ou (iii) seja objeto de
determinação da União, Estado, Distrito
Federal ou Município, com base em consenso
médico-científico. Em tais casos, não se
caracteriza violação à liberdade de consciência
e de convicção filosófica dos pais ou
responsáveis, nem tampouco ao poder familiar.”
(ARE 1267879, Tema 1103, 17/12/2020).
A Escusa de Consciência: 
Art. 5º, VIII – “ninguém será 
privado de direitos por motivo 
de crença religiosa ou de 
convicção filosófica ou 
política, salvo se as invocar 
para eximir-se de obrigação 
legal a todos imposta e 
recusar-se a cumprir 
prestação alternativa, fixada 
em lei”;
► Liberdade de Reunião: Art. 5º, XVI – “todos podem reunir-se pacificamente, sem
armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não
frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas
exigido prévio aviso à autoridade competente”;
"Decreto 20.098/1999 do Distrito Federal. Liberdade de reunião e
de manifestação pública. Limitações. Ofensa ao art. 5º, XVI, da
CF. A liberdade de reunião e de associação para fins lícitos
constitui uma das mais importantes conquistas da civilização,
enquanto fundamento das modernas democracias políticas. A
restrição ao direito de reunião estabelecida pelo Decreto
distrital 20.098/1999, que vedou a realização de
manifestações públicas com utilização de carros, aparelhos
e objetos sonoros, em locais que especifica, a toda
evidência, mostra-se inadequada, desnecessária e
desproporcional quando confrontada com a vontade da
Constituição (Wille zur Verfassung)." (ADI 1.969, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, julgamento em 28-6-2007, Plenário, DJ
de 31-8-2007)
► Liberdade de Reunião: Art. 5º, XVI – “todos podem reunir-se pacificamente, sem
armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não
frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas
exigido prévio aviso à autoridade competente”;
“A exigência constitucional de aviso prévio
relativamente ao direito de reunião é satisfeita com
a veiculação de informação que permita ao poder
público zelar para que seu exercício se dê de forma
pacífica ou para que não frustre outra reunião no
mesmo local.” (RE 806339, Tema 855, 18/12/2020).
► Liberdade de Associação: Art. 5º, XVII – “é plena a liberdade de associação para fins
lícitos, vedada a de caráter paramilitar”; Art. 5º, XVIII – “a criação de associações e, na
forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência
estatal em seu funcionamento”; Art. 5º, XIX – “as associações só poderão ser
compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial,
exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado”; Art. 5º, XX – “ninguém poderá ser
compelido a associar-se ou a permanecer associado”; Art. 5º, XXI – “as entidades
associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus
filiados judicial ou extrajudicialmente”;
“A representação prevista no inciso XXI do art. 5º da CF surge regular quando autorizada a
entidade associativa a agir judicial ou extrajudicialmente mediante deliberação em
assembleia. Descabe exigir instrumentos de mandatos subscritos pelos associados.” (RE
192.305, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 15-12-1998, Segunda Turma, DJ de 21-5-
1999.) No mesmo sentido: MS 23.879, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 3-10-2001,
Plenário, DJ de 16-11-2001.
► Liberdade de Profissão
Art. 5º, XIII – “é livre o exercício
de qualquer trabalho, ofício ou
profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a
lei estabelecer”;
► Liberdade de Profissão
O Plenário do STF, no julgamento do RE 511.961, declarou como não recepcionado pela Constituição de 1988 o art. 4º, V,
do DL 972/1969, que exigia diploma de curso superior para o exercício da profissão de jornalista.
"O jornalismo é uma profissão diferenciada por sua estreita vinculação ao pleno exercício das liberdades de expressão e de
informação. O jornalismo é a própria manifestação e difusão do pensamento e da informação de forma contínua, profissional
e remunerada. Os jornalistas são aquelas pessoas que se dedicam profissionalmente ao exercício pleno da liberdade de
expressão. O jornalismo e a liberdade de expressão, portanto, são atividades que estão imbricadas por sua própria natureza e
não podem ser pensadas e tratadas de forma separada. Isso implica, logicamente, que a interpretação do art. 5º, XIII, da
Constituição, na hipótese da profissão de jornalista, se faça, impreterivelmente, em conjunto com os preceitos do
art. 5º, IV, IX, XIV, e do art. 220, da Constituição, que asseguram as liberdades de expressão, de informação e de
comunicação em geral. (...) No campo da profissão de jornalista, não há espaço para a regulação estatal quanto às
qualificações profissionais. O art. 5º, IV, IX, XIV, e o art. 220 não autorizam o controle, por parte do Estado, quanto ao
acesso e exercício da profissão de jornalista. Qualquer tipo de controle desse tipo, que interfira na liberdade profissional no
momento do próprio acesso à atividade jornalística, configura, ao fim e ao cabo, controle prévio que, em verdade,caracteriza
censura prévia das liberdades de expressão e de informação, expressamente vedada pelo art. 5º, IX, da Constituição. A
impossibilidade do estabelecimento de controles estatais sobre a profissão jornalística leva à conclusão de que não pode o
Estado criar uma ordem ou um conselho profissional (autarquia) para a fiscalização desse tipo de profissão. O exercício do
poder de polícia do Estado é vedado nesse campo em que imperam as liberdades de expressão e de informação.
Jurisprudência do STF: Representação 930, Rel. p/ o ac. Min. Rodrigues Alckmin, DJ de 2-9-1977." (RE 511.961, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgamento em 17-6-2009, Plenário, DJE de 13-11-2009.)
► Liberdade de Opção Profissional
“Nem todos os ofícios ou profissões podem ser
condicionadas ao cumprimento de condições
legais para o seu exercício. A regra é a
liberdade de profissão. Apenas quando houver
potencial lesivo na atividade é que pode ser
exigida inscrição em conselho de fiscalização
profissional. A atividade de músico prescinde de
controle. Constitui, ademais, manifestação
artística protegida pela garantia da liberdade de
expressão.” (RE 414.426, Rel. Min. Ellen Gracie,
julgamento em 1º-8-2011, Plenário, DJE de 10-10-
2011.) No mesmo sentido: RE 635.023-ED, Rel.
Min. Celso de Mello, julgamento em 13-12-2011,
Segunda Turma, DJE de 13-2-2012; RE 509.409,
Rel. Min. Celso de Mello, decisão monocrática,
julgamento em 31-8-2011, DJE de 8-9-2011.
Direito à 
Privacidade
Direito à intimidade
Direito à vida 
privada
Direito à honra Direito à imagem
Direito à 
inviolabilidade da 
casa
Direito ao sigilo de 
correspondências e 
das comunicações 
telegráficas, de dados
e das comunicações 
telefônicas
Direito à Intimidade, à Vida Privada, à Honra e à Imagem
assegurado
Art. 5º, X – “são
invioláveis a
intimidade, a vida
privada, a honra e a
imagem das
pessoas, assegurado
o direito a
indenização pelo
dano material ou
moral decorrente de
sua violação”.
Direito à Intimidade, à Vida Privada, à Honra e à Imagem
► Intimidade – É a vida secreta ou exclusiva que alguém reserva para si, sem nenhuma repercussão social.
► Vida privada – É vida do indivíduo em família, no trabalho e no relacionamento com os seus amigos. A vida
privada é sempre um viver entre os outros.
► Honra – É a reputação e a consideração social da pessoa, como a consciência da própria dignidade pessoal.
► Imagem - É a representação de alguma coisa ou pessoa pelo desenho, pintura, fotografia ou outro meio de
caracterização de seus atributos físicos. Cuida-se aqui da imagem-retrato.
“O sigilo bancário, espécie de direito à privacidade 
protegido pela Constituição de 1988, não é absoluto, 
pois deve ceder diante dos interesses público, social e 
da Justiça. Assim, deve ceder também na forma e com 
observância de procedimento legal e com respeito ao 
princípio da razoabilidade. Precedentes." (AI 655.298-
AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 4-9-
2007, Segunda Turma, DJ de 28-9-2007.)
"O chamado sigilo fiscal nada mais é que um 
desdobramento do direito à intimidade e à vida 
privada. (HC 87.654, voto da Rel. Min. Ellen 
Gracie, julgamento em 7-3-2006, Segunda 
Turma, DJ de 20-4-2006.)
Direito à Intimidade, à Vida Privada, à Honra e à Imagem
► Direito à privacidade, intimidade sexual e uso de contraceptivos
Foi no caso Griswold v. Connecticut, 381 US 479 (1965), que a Suprema Corte declarou a inconstitucionalidade de lei
estadual que houvera proibido a distribuição e o uso de contraceptivos. O caso envolveu a prisão de Estelle Griswold,
Diretora Executiva da Liga de Planejamento Familiar do Estado de Connecticut.
► Direito à privacidade e aborto
No famoso caso Roe v. Wade, 410 U.S. 113 (1973), a Suprema Corte decidiu que a mulher, amparada no direito à
privacidade - sob a cláusula do devido processo legal da "décima quarta emenda" - podia decidir por si mesma a
continuidade ou não da gravidez. Esse direito à privacidade era considerado um direito fundamental sob a proteção da
Constituição dos Estados Unidos, e, portanto, nenhum desses Estados podia legislar contra esse direito.
A decisão final foi na linha da admissibilidade do aborto, desde que consumado até o término do primeiro trimestre de
gestação, quando o Estado não poderia impor qualquer restrição ao livre arbítrio da mulher, mas sim apenas regular a
prática do aborto, tal como disciplinados também outros procedimentos médicos. No segundo trimestre, o Estado ainda
não pode intervir para proscrever a prática do aborto, mas pode regular a prática de forma que esteja relacionada à saúde
da mulher, admitindo-se, então, contenções ao livre arbítrio feminino. Finalmente, no que se relaciona ao terceiro e último
trimestre de gestação, o Estado pode proibir o aborto, exceto para preservar a vida ou a saúde da mãe.
► Direito à privacidade e orientação sexual
No caso Lawrence v. Texas, 539 U.S. 558 (2003), a Suprema Corte, em uma decisão de 6 a 3, declarou a
inconstitucionalidade da lei de sodomia no Texas e, por extensão, invalidou leis de sodomia em outros treze estados,
fazendo com que a atividade sexual entre pessoas do mesmo sexo fosse considerada legal em todos os estados dos EUA.
Direito à Inviolabilidade da Casa
“A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador,
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial” (art. 5º, XI).
O conceito de casa deve revestir-se de caráter amplo, para
compreender não só o domicílio ou residência, mas também
(a) qualquer compartimento habitado, (b) qualquer aposento
ocupado de habitação coletiva e (c) qualquer compartimento
privado não aberto ao público, onde alguém exerce alguma
profissão ou atividade (como, por exemplo, um escritório de
advocacia ou de contabilidade, um consultório médico ou
odontológico).
Direito à Inviolabilidade da Casa
"Fiscalização tributária. Apreensão de livros contábeis e documentos fiscais realizada, em 
escritório de contabilidade, por agentes fazendários e policiais federais, sem mandado judicial. 
Inadmissibilidade. Espaço privado, não aberto ao público, sujeito à proteção constitucional da 
inviolabilidade domiciliar (CF, art. 5º, XI). Subsunção ao conceito normativo de ‘casa’. 
Necessidade de ordem judicial. (...). Para os fins da proteção jurídica a que se refere o art. 5º, 
XI, da CR, o conceito normativo de ‘casa’ revela-se abrangente e, por estender-se a qualquer 
compartimento privado não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade (CP, 
art. 150, § 4º, III), compreende, observada essa específica limitação espacial (área interna não 
acessível ao público), os escritórios profissionais, inclusive os de contabilidade, embora sem 
conexão com a casa de moradia propriamente dita” (HC 93.050, Rel. Min. Celso de Mello, 
julgamento em 10-6-2008, Segunda Turma, DJE de 1º-8-2008)
Direito ao Sigilo de correspondências e das comunicações telegráficas, de 
dados e das comunicações telefônicas
Art. 5º, XII – “é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas,
de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou
instrução processual penal”; (Vide Lei nº 9.296, de 1996).
Obs.: Até a edição da Lei 9.296/1996, o
entendimento do Supremo Tribunal Federal era no
sentido da impossibilidade de interceptação
telefônica, mesmo com autorização judicial, em
investigação criminal ou instrução processual
penal, tendo em vista a não recepção do art. 57, II,
e, da Lei 4.117/1962 (Código Brasileiro de
Telecomunicações).
“Prova emprestada. Penal. Interceptação telefônica. Escuta ambiental. Autorização judicial e produção para fim de 
investigação criminal. Suspeita de delitos cometidos por autoridades e agentes públicos. Dados obtidos em inquérito 
policial. Uso em procedimento administrativo disciplinar, contra outros servidores, cujos eventuais ilícitos administrativosteriam despontado à colheita dessa prova. Admissibilidade. Resposta afirmativa a questão de ordem. Inteligência do art. 
5º, XII, da CF e do art. 1º da Lei federal 9.296/1996. (...) Dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas e em 
escutas ambientais, judicialmente autorizadas para produção de prova em investigação criminal ou em instrução processual 
penal, podem ser usados em procedimento administrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação às 
quais foram colhidos, ou contra outros servidores cujos supostos ilícitos teriam despontado à colheita dessa prova.” (Inq
2.424-QO-QO, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 20-6-2007, Plenário, DJ de 24-8-2007). No mesmo sentido: Inq
2.424-QO, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 25-4-2007, Plenário, DJ de 24-8-2007.
O STF, como intérprete maior da CR, considerou compatível com o art. 5º, XII e LVI, o uso de prova obtida fortuitamente 
através de interceptação telefônica licitamente conduzida, ainda que o crime descoberto, conexo ao que foi objeto da 
interceptação, seja punido com detenção.” (AI 626.214-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 21-9-2010, Segunda 
Turma, DJE de 8-10-2010).
“A gravação de conversa telefônica feita por um dos interlocutores, sem conhecimento do outro, quando ausente 
causa legal de sigilo ou de reserva da conversação, não é considerada prova ilícita.” (AI 578.858-AgR, Rel. Min. 
Ellen Gracie, julgamento em 4-8-2009, Segunda Turma, DJE de 28-8-2009.) No mesmo sentido: RE 630.944-
AgR, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 25-10-2011, Segunda Turma, DJE de 19-12-2011.
Direito de Petição e de Certidão
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do
pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para
defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse
pessoal;
Direito de Acesso à Justiça
Art. 5º, XXXV – “a lei não excluirá da 
apreciação do Poder Judiciário lesão ou 
ameaça a direito”.
Direito de Acesso à Justiça
“É inconstitucional a exigência de depósito 
prévio como requisito de admissibilidade de 
ação judicial na qual se pretenda discutir a 
exigibilidade de crédito tributário.” 
(Súmula Vinculante 28)
“Viola a garantia constitucional de acesso à 
jurisdição a taxa judiciária calculada sem 
limite sobre o valor da causa.” (Súmula 667)
Direito à Segurança Jurídica
No caput do art. 5º, a Constituição garante a inviolabilidade à segurança 
jurídica. Cuida-se, sem dúvida, de uma garantia fundamental nos regimes 
democráticos, que consagra a proteção da confiança (dimensão 
subjetiva) e a proteção da estabilidade das relações jurídicas 
constituídas (dimensão objetiva).
Art. 5º, XXXVI – “a lei não prejudicará o direito adquirido, o 
ato jurídico perfeito e a coisa julgada”.
Direito à Segurança Jurídica
• É a garantia segundo a qual um direito, quando cumpridas as
condições necessárias para o seu exercício, incorpora-se
definitivamente ao patrimônio de seu titular, que ainda não o
exerceu, mas que poderá usufruí-lo a qualquer tempo
Direito 
Adquirido 
• É o ato já consumado de acordo com a ordem jurídica vigente ao
tempo em que se realizou
Ato Jurídico 
Perfeito
• É a garantia que torna inquestionável, imutável e irreversível uma
decisão judicial contra a qual não caiba mais recursoCoisa Julgada
Direito à Garantia do Devido Processo Legal
LIV – “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal”.
• exigência da abertura de regular
processo como condição para restrição
de direitos
Procedural Due
Process of Law
• impõe a justiça e razoabilidade das
decisões restritivas a direitos (Fair
Trial)
Substantive Due
Process of Law
Direito às Garantias do Contraditório e da Ampla Defesa
As garantias do contraditório e da ampla defesa estão 
previstas no art. 5º, LV, da Constituição, nos seguintes 
termos: “aos litigantes, em processo judicial ou 
administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os 
meios e recursos a ela inerentes”.
Direito de Propriedade
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade
pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela
família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade
produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
Direito de Propriedade (Propriedade Intelectual)
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; (Vide Lei nº 9.610/98).
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
 a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz
humanas, inclusive nas atividades desportivas;
 b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que
participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização,
bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a
outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e
econômico do País;
XXX - é garantido o direito de herança;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal
do "de cujus";
Razoável duração do processo e Proteção dos dados pessoais
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitação.
LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos
dados pessoais, inclusive nos meios digitais. (Lei Federal nº 13.709/2018,
conhecida como Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais - LGPD)
Garantias Penais e Processuais Penais
a) Garantia da reserva legal – Pela garantia da reserva legal penal, não há crime nem
pena sem previsão legal (XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal).
b) Garantia da anterioridade penal – Pela anterioridade, não há crime nem pena sem
prévia previsão legal.
c) Garantia da responsabilidade penal subjetiva – De acordo com essa garantia, não
há pena sem culpabilidade (nulla poena sine culpa) e de que a pena não pode
ultrapassar a medida da culpabilidade.
Garantias Penais e Processuais Penais
d) Garantia da não culpabilidade ou da presunção de inocência – Consiste na
garantia de que ninguém será considerado culpado antes o trânsito em julgado de
sentença penal condenatória (art. 5º, LVII). O STF, na sessão de 7.11.2019, no julgamento
do mérito das ADCs 43, 44 e 54, Rel. Min. Marco Aurélio, decidiu pela
constitucionalidade do art. 283 do Código de Processo Penal, no ponto em que impõe o
trânsito em julgado da condenação para o início do cumprimento da pena.
e) Garantia do juiz natural – Ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente (art. 5º, LIII). E autoridade competente é aquela constituída antes
do fato delituoso a ser julgado, a partir de critérios de repartição de competência
estabelecidos pela Constituição e pela Lei. Por isso, a Constituição veda a criação de juízo
ou tribunal de exceção (art. 5º, XXXVII).
f) Garantia da inadmissibilidadede provas ilícitas – Segundo a Constituição, são
inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos (art. 5º, LVI).
Garantias Penais e Processuais Penais
g) Garantia do silêncio ou não autoincriminação – Declara a Constituição que o
preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
assegurada a assistência da família e de advogado (art. 5º, LXIII). Reconhece-se aí a
garantia do silêncio ou da não autoincriminação.
h) Garantia da prisão constitucional – Consiste no fato de que ninguém será preso
senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar,
definidos em lei (art. 5º, LXI).
i) Garantia da vedação da prisão civil por dívida – A Constituição veda a prisão civil
por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de
obrigação alimentícia e a do depositário infiel (art. 5º, LXVII). Relativamente à ressalva da
prisão civil por dívida do depositário infiel, o STF editou a Súmula Vinculante n. 25,
segundo a qual “É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade
do depósito”.
Garantias Penais e Processuais Penais
j) Garantia da humanidade – Esta garantia deriva do princípio fundamental da dignidade da
pessoa humana. Veda-se a adoção de penas atentatórias à dignidade da pessoa humana, como as
penas de morte, salvo em caso de guerra declarada; de caráter perpétuo; de trabalhos forçados; de
banimento e cruéis. Ademais, deve ser assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral
(XLIX).
k) Garantia da irretroatividade da lei penal mais severa e da retroatividade da lei penal mais
benigna – Em face dos valores consagrados pelo princípio maior da segurança jurídica, a lei penal
mais severa não pode retroagir para prejudicar a pessoa. Contudo, se a nova lei penal, de qualquer
forma, beneficia o agente, ela será sempre retroativa. Assim, a lei penal não retroagirá, salvo para
beneficiar o réu (XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu).
l) Garantia da pessoalidade da pena – XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado,
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido (CF,
art. 5º, inciso XLV). Assim, a pena é pessoal e intransferível, qualquer que seja a sua espécie (pena
privativa de liberdade, restritiva de direitos ou multa). A obrigação de reparar o dano causado pelo
delito é que pode ser transferido aos sucessores, nos limites da força da sucessão.
Garantias Penais e Processuais Penais
m) Garantia da individualização da pena – Em face do princípio da
culpabilidade, toda imposição de pena submete-se a um processo de
individualização (CF, art. 5º, inciso XLVI: “a lei regulará a individualização da pena e
adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de
bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de
direitos”).
n) Garantia da não extradição – Segundo a Constituição, nenhum brasileiro nato
será extraditado, mesmo se titular de outra nacionalidade (originária ou derivada) e
seja alvo de pedido de extradição do Estado onde, também, é nacional. O brasileiro
naturalizado, contudo, pode ser extraditado nas hipóteses de (1) crime comum
praticado antes da naturalização (ou seja, quando ainda estrangeiro) ou (2) de
comprovado envolvimento em crime de tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, em qualquer tempo (antes ou depois da naturalização). De acordo com a
CF, o estrangeiro também não será extraditado por crime político ou de opinião.
Garantias Penais e Processuais Penais
O) Outras garantias
A Constituição também consagra as seguintes garantias:
→ A instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a plenitude de defesa; o sigilo
das votações; a soberania dos veredictos; e a competência mínima para o julgamento dos crimes dolosos
contra a vida (art. 5º, XXXVIII).
→ A punição legal a qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais (art. 5º,
XLI).
A respeito dessa garantia constitucional, o Supremo Tribunal Federal, em sessão plenária de 13.06.2019,
concluiu o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão nº 26 (Rel. Min. Celso de
Mello) e do Mandado de Injunção nº 4733 (Rel. Min. Edson Fachin), e declarou a inconstitucionalidade
por omissão do Congresso Nacional por não editar lei que criminalize atos de homofobia e de
transfobia.
Garantias Penais e Processuais Penais
→A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
reclusão, nos termos da lei (art. 5º, XLII).
→A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como
crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo
evitá-los, se omitirem (art. 5º, XLIII).
→Constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou
militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (art. 5º, XLIV).
→A pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do
delito, a idade e o sexo do apenado (art. 5º, XLVIII).
→Às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus
filhos durante o período de amamentação (art. 5º, L).
Garantias Penais e Processuais Penais
→O civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas
hipóteses previstas em lei (art. 5º, L).
→Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no
prazo legal (art. 5º, LIX).
→A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada (art. 5º,
LXII).
→O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial (art. 5º, LXIV).
→A prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária (art. 5º, LXV).
→Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança (art. 5º, LXVI).
Ações Constitucionais
A CF/88, além de declarar os direitos fundamentais, previu um conjunto especial de garantias
instrumentais com as quais a pessoa pode propor uma ação judicial e reivindicar do Poder Judiciário a
prevenção e correção de ilegalidades que ameaçam ou ferem direitos individuais e coletivos.
São normalmente denominadas de ações constitucionais ou remédios constitucionais. A CF relaciona
as ações constitucionais no rol dos direitos individuais e coletivos do art. 5º, à exceção da ação civil pública
que teve previsão constitucional no art. 129, III. São elas:
→ o “Habeas Corpus” (art. 5º, LXVIII: conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder);
→ o Mandado de Segurança (art. 5º, LXIX: conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito
líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade
ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público);
→ o Mandado de Segurança Coletivo (art. 5º, LXX: o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de
classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos
interesses de seus membros ou associados);
Ações Constitucionais
→ o Mandado de Injunção (art. 5º, LXXI: conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionaise das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania);
→ o “Habeas Data” (art. 5º, LXXII: conceder-se-á "habeas-data": a) para assegurar o conhecimento
de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de
entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se
prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo);
→ a Ação Popular (art. 5º, LXXIII: qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que
vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência) e
→ a Ação Civil Pública (art. 129, III: São funções institucionais do Ministério Público: promover o
inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos).
Ações Constitucionais
1. Habeas Corpus
Tem previsão no art. 5º, LXVIII, segundo o qual conceder-se-á “habeas corpus” sempre que alguém sofrer
ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
abuso de poder.
Cuida-se de uma ação constitucional de natureza penal destinada especificamente à proteção da
liberdade de locomoção quando ameaçada ou violada por ilegalidade ou abuso de poder.
2. Mandado de Segurança
Ação destinada a proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-
data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de
pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. É regulado pela Lei Federal 12.016, de 07 de
agosto de 2009.
É uma ação constitucional, de natureza civil, com rito sumário e especial, que tem como finalidade a
invalidação de atos de autoridade ou a supressão de efeitos de omissões administrativas capazes de lesar
direito líquido e certo, sejam individuais ou coletivos. Não admite dilação probatória, pois o seu rito é
estreito, que só comporta prova documental e previamente constituída (prova pré-constituída).
Ações Constitucionais
3. Mandado de Segurança coletivo
Trata-se de ação constitucional destinada a proteger direito líquido e certo
(comprovado de plano) de grupos ou coletividades, podendo ser proposta por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa
de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade
partidária;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa de
direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou
associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas
finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.
Ações Constitucionais
4. Mandado de Injunção
Cuida-se de ação constitucional destinada a concretizar direitos, proposta sempre que a falta de
norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. É regulado pela Lei 13.300/2016 .
Quanto aos efeitos, pode-se apresentar a seguinte evolução no STF:
– Posição Não Concretista: MI 107-3/DF, Rel. Min. Moreira Alves, DJU de 21.09.90. Considerou
a Corte que o mandado de injunção tinha por objeto uma declaração, pelo Poder Judiciário, da
ocorrência de omissão inconstitucional, a ser comunicada ao órgão legislativo em mora para que
promovesse a integração normativa do dispositivo constitucional nela objetivado, equiparando o
presente writ à ação direta de inconstitucionalidade por omissão.
– Posição Concretista Individual Intermediária: MI 283-5, impetrado com fundamento no art.
8º, § 3º, do ADCT, a Corte decidiu que, constatada a mora legislativa, deve-se assinalar um prazo
razoável para a elaboração da norma regulamentadora, após o qual, persistindo a mora, assegurar ao
impetrante um título jurídico para obter do poder público, na instância ordinária, reparação por
perdas e danos.
Ações Constitucionais
– Posição Concretista Individual Direta: MI 721, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em
30-08-07, DJ de 30-11-07. No caso específico, decidiu o Supremo que, inexistente a disciplina
específica da aposentadoria especial do servidor, cujas atividades sejam exercidas sob condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, impõe-se a adoção daquela própria
aos trabalhadores em geral, prevista no artigo 57, § 1º, da Lei n. 8.213/91. Assim, o STF garantiu
ao impetrante o exercício imediato do direito à aposentadoria especial e determinou a aplicação,
no que couber, do artigo 57 da Lei nº 8.213/91, a ocorrer em sede de processo administrativo. Na
sessão plenária do dia 15.04.2009, o Supremo Tribunal Federal, julgando diversos Mandados de
Injunção, resolveu questão de ordem suscitada pelo Ministro Joaquim Barbosa para autorizar
que os Ministros decidam monocraticamente e definitivamente os casos idênticos, sem a
necessidade da apreciação do Plenário da Corte.
– Posição Concretista Geral Direta: MI 712, Rel. Min. Eros Grau; MI 708, Rel. Min.
Gilmar Mendes; e MI 670, Rel. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 25-10-07. Em três
mandados de injunção coletivos impetrados por sindicados de servidores públicos
reivindicando para seus substituídos a viabilização do direito de greve do art. 37, VII, da
Constituição, o STF, por maioria de votos, admitiu os pedidos para garantir o imediato
exercício do direito em tela, segundo os critérios previstos na lei de greve do setor privado.
Ações Constitucionais
5. Habeas Data
Trata-se de ação concebida para a proteção do direito de conhecimento e retificação de dados
ou informações pessoais constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público. É regulada pela Lei federal nº. 9.507/97.
6. Ação Popular
Tem por fim anular ato lesivo ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. É regulada pela Lei nº 4.717/1965.
Todo cidadão brasileiro, no gozo dos direitos políticos, é parte legítima para propor ação
popular, agindo como substituto processual de toda a população, que vise a anular ato lesivo
ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-
fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
Ações Constitucionais
7. Ação Civil Pública
Foi criada pela Lei 7.347/85, que fixou a disciplina da responsabilidade por danos causados ao
meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico
e paisagístico e a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.
Posteriormente, a CF/88 consagrou a ACP como uma das funções institucionais do Ministério
Público, “para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros
interesses difusos e coletivos”.
A ACP tem por finalidade a tutela judicial de todos os interesses e direitos difusos, coletivos
e individuais homogêneos. Ela pode ter por objeto a condenação em dinheiro ou o
cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer (LACP, art. 3º).
A Defensoria Pública também tem legitimidade para a propositura de ação civil pública, desde
que vise a promover a tutela judicial de direitos difusos ou coletivos de que sejam titulares, em
tese, pessoas necessitadas. (Conf. STF, RE 733433, 4.11.2015).
Valeu Gente!

Mais conteúdos dessa disciplina