Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO EMPRESARIAL 7ª Aula Código Civil. Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que ESTIVEREM EM PLENO GOZO DA CAPACIDADE CIVIL e não forem legalmente impedidos. As pessoas que não possuem nenhum impedimento legal ou judicial e que possuem plena capacidade civil (CC, caput, art. 5º), poderão exercer a atividade empresária. Código Civil, art. 5º. A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Convém entender, no entanto, que o relativamente capaz poderá ter a incapacidade cessada, desde que atendidos os pressupostos contidos no Código Civil (art. 5º, parágrafo único), para exercer atividade empresária. Neste caso, se está diante de um menor capaz! CAPACIDADE PARA SER EMPRESÁRIO Trata-se de CONTINUIDADE, e não constituição original! Observe também que a referência é quanto ao exercício da atividade individual! Código Civil. Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. CONTINUIDADE DE EMPRESA POR INCAPAZ Exercia empresa antes da incapacidade Tornou-se herdeiro. Portanto, a empresa era exercida por outrem. Vide Enunciado 203 do CJF, aprovado na III Jornada de Direito Civil: “o exercício de empresa por empresário incapaz, representado ou assistido, somente é possível nos casos de incapacidade superveniente ou incapacidade do sucessor na sucessão por morte”. CC, art. 974, § 1º Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros. REQUISITOS PARA CONTINUIDADE DE EMPRESA POR INCAPAZ. CÓDIGO CIVIL, ART. 974. Art. 976. A prova da emancipação e da autorização do incapaz, nos casos do art. 974, e a de eventual revogação desta, serão inscritas ou averbadas no Registro Público de Empresas Mercantis. Parágrafo único. O uso da nova firma caberá, conforme o caso, ao gerente; ou ao representante do incapaz; ou a este, quando puder ser autorizado. Art. 979. Além de no Registro Civil, serão arquivados e averbados, no Registro Público de Empresas Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de doação, herança, ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade. Art. 980. A sentença que decretar ou homologar a separação judicial do empresário e o ato de reconciliação não podem ser opostos a terceiros, antes de arquivados e averbados no Registro Público de Empresas Mercantis. REGISTRO DA EMANCIPAÇÃO E OUTROS ATOS, ALÉM DA UTILIZAÇÃO DA FIRMA.CC, arts. 976, 979 e 980 PROTEÇÃO DOS BENS DO INCAPAZ. Tendo em vista que o patrimônio do empresário individual é um só, o Código Civil permite certa especialização patrimonial, a fim de blindar os bens do incapaz. CC, art. 974, § 2º Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização. “os bens indicados no alvará – bens que já eram do incapaz antes da sua interdição e que não estavam afetados ao exercício da atividade empresarial – constituirão um patrimônio particular especial (patrimônio de afetação), o qual não se submeterá ao resultado da empresa, ou seja, não poderão ser executados em virtude de obrigações assumidas em conseqüência do exercício da atividade empresarial” (Ramos, 2011, p. 41). PROTEÇÃO DOS BENS DO INCAPAZ. CÓDIGO CIVIL, ART. 974 , § 2º. § 3º O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; II – o capital social deve ser totalmente integralizado; III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus representantes legais. “A possibilidade de o incapaz ser sócio de uma sociedade empresária configura situação totalmente distinta, já que o sócio de uma sociedade não é empresário”. Ramos (2011, p. 39). PARTICIPAÇÃO DE INCAPAZ EM SOCIEDADE EMPRESÁRIA. CÓDIGO CIVIL, ART. 974, § 3º. Agentes políticos. Afetaria o bom andamento da coisa pública, já que as práticas empresariais respingariam no status político. Imagine um falido administrando a coisa pública, por exemplo. Membros do Ministério Público (CR, art. 128, § 5º, II, c), salvo se acionista ou cotista (art. 44, III da Lei n.º 8.625, de 11/02/1993). Magistrados (Lei Orgânica da Magistratura – Lei Complementar n.º 35, de 14/03/1979, art. 36). Deputados e Senadores (CR, art. 54, II, a). PROIBIDOS DE EMPRESARIAR Servidores públicos. Conforme anota Negrão (2003, p. 52): “O Código Comercial arrolava algumas funções públicas e estabelecia regras próprias para o exercício do comércio, visando o bom andamento do serviço público e impedindo que, de forma abusiva, se fizesse da repartição pública uma extensão do estabelecimento comercial do próprio servidor, incluindo os funcionários da Fazenda, no território em que exercem suas funções (art. 2º, 1º) e os militares em geral (art. 2º, 2º). Tais restrições foram amparadas pelas legislações correspondentes, como os estatutos dos funcionários públicos, em seus vários âmbitos; assim mesmo com a revogação da primeira parte do Código Comercial, as proibições ainda se impõem, agora para o exercício da atividade empresarial. A Lei n.º 8.884, de 11 de junho de 1994, estabelece vedação ao presidente e ao conselheiro do Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE para participar, na forma de controlador, diretor, administrador, gerente, preposto ou mandatário, de sociedade civil, comercial ou empresas de qualquer espécie (art. 6º, III)”. PROIBIDOS DE EMPRESARIAR Falidos. Segundo Führer (1999, p. 16) “a lei só permite ao falido exercer o comércio depois da sentença declaratória da extinção das suas obrigações. Se, porém, estiver condenado ou respondendo por processo atinente a crime falimentar, poderá voltar a exercer o comércio somente depois de obter, por sentença, a extinção de suas obrigações, após o decurso de três ou cinco anos, contados do dia em que termine a execução, conforme disposto nos arts. 138 e 197 da Lei de Falências)”. Lei n.º 11.101/2005. Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o disposto no § 1o do art. 181 desta Lei. Parágrafo único. Findo o período de inabilitação, o falido poderá requerer ao juiz da falência que proceda à respectiva anotação em seu registro. PROIBIDOS DE EMPRESARIAR Penalmente proibidos. Embora a atividade empresarial comum não exija habilitação especial de licença ou autorização do poder público na forma do Código Penal (art. 47 e 56). Há algumas leis que o fazem: atividade securitária (Lei n.º 4.594/64); financeira (Lei n.º 4.595/64 e Lei n.º 6.385/76); transporte rodoviário de bens (Lei n.º 7.092/83); serviços de vigilância e transporte de valores (Lei n.º 7.102/83), a administração de grupos de consórcio etc. Estrangeiros. De acordo com Negrão (2003, p. 55): “Os estrangeiros não estão proibidos de exercer a atividade empresarial noBrasil, salvo em algumas hipóteses contempladas pela lei: para proceder à pesquisa e à lavra de recursos minerais e ao aproveitamento do potencial de energia hidráulica (art. 176, § 1º, da Constituição Federal); o estrangeiro não naturalizado e o naturalizado há menos de dez anos, para explorar empresa jornalística, de radiodifusão sonora e de sons e imagens (art. 222 da Constituição Federal)”. PROIBIDOS DE EMPRESARIAR Segundo o Manual de Atos de Registro do Empresário do DNRC: 1.3.1 - NÃO PODEM SER EMPRESÁRIOS: a) as pessoas absolutamente incapazes (exceto quando autorizadas judicialmente para continuação da empresa): os menores de 16 (dezesseis) anos; os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade; b) as pessoas relativamente incapazes (exceto quando autorizadas judicialmente para continuação da empresa): os maiores de 16 (dezesseis) e menores de 18 (dezoito) anos; os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; os pródigos; PROIBIDOS DE EMPRESARIAR c) os impedidos de ser empresário, tais como: os Chefes do Poder Executivo, nacional, estadual ou municipal; os membros do Poder Legislativo, como Senadores, Deputados Federais e Estaduais e Vereadores, se a empresa “goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada”; os Magistrados; os membros do Ministério Público Federal; os empresários falidos, enquanto não forem reabilitados; as pessoas condenadas a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação; PROIBIDOS DE EMPRESARIAR os leiloeiros; os cônsules, nos seus distritos, salvo os não remunerados; os médicos, para o exercício simultâneo da farmácia; os farmacêuticos, para o exercício simultâneo da medicina; os servidores públicos civis da ativa, federais (inclusive Ministros de Estado e ocupantes de cargos públicos comissionados em geral). Em relação aos servidores estaduais e municipais observar a legislação respectiva; os servidores militares da ativa das Forças Armadas e das Polícias Militares; estrangeiros (sem visto permanente); estrangeiros naturais de paises limítrofes, domiciliados em cidade contígua ao território nacional; PROIBIDOS DE EMPRESARIAR estrangeiro (com visto permanente), para o exercício das seguintes atividades: pesquisa ou lavra de recursos minerais ou de aproveitamento dos potenciais de energia hidráulica; atividade jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens; serem proprietários ou armadores de embarcação nacional, inclusive nos serviços de navegação fluvial e lacustre, exceto embarcação de pesca; serem proprietários ou exploradores de aeronave brasileira, ressalvado o disposto na legislação específica; PROIBIDOS DE EMPRESARIAR Observação 01: portugueses, no gozo dos direitos e obrigações previstos no Estatuto da Igualdade, comprovado mediante Portaria do Ministério da Justiça, podem requerer inscrição como Empresários, exceto na hipótese de atividade jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens; brasileiros naturalizados há menos de dez anos, para o exercício de atividade jornalística e de radiodifusão de sons e de sons e imagens. Observação 02: A capacidade dos índios será regulada por lei especial. PROIBIDOS DE EMPRESARIAR Código Civil. Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas. A ninguém é dado beneficiar-se da própria torpeza. PROIBIDOS DE EMPRESARIAR Art. 975. Se o representante ou assistente do incapaz for pessoa que, por disposição de lei, não puder exercer atividade de empresário, nomeará, com a aprovação do juiz, um ou mais gerentes. § 1º Do mesmo modo será nomeado gerente em todos os casos em que o juiz entender ser conveniente. § 2º A aprovação do juiz não exime o representante ou assistente do menor ou do interdito da responsabilidade pelos atos dos gerentes nomeados. NOMEAÇÃO DE GERENTES Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória. Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real. Os civilistas colocam que a proteção é relativa ao patrimônio da família, e não relativo ao direito de empresa. A doutrina também diz que não é motivo para alterar o regime de bens, simplesmente para constituir a sociedade entre o casal. ATIVIDADES COMERCIAIS PELO CÔNJUGE BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Conselho da Justiça Federal. Enunciados da Jornada de Direito Civil. http://www.cjf.jus.br/cjf/CEJ- Coedi/jornadas-cej/enunciados-aprovados-da-i-iii-iv-e-v-jornada-de- direito-civil/jornadas-de-direito-civil-enunciados-aprovados. Acesso em 20 fev. 2014. COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. 16ª ed. Vol. I. São Paulo: Saraiva, 2012. ________. Manual de direito comercial. 15ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2004. GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Direito de empresa: comentários aos artigos 966 a 1.195 do Código Civil. 2ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. GONTIJO, Vinicius José Marques. O empresário no código civil brasileiro. v. 94, p. 17-36, jan-mar. RJTAMG: Belo Horizonte, 2004. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MAMEDE, Gladston. Empresa e atuação empresarial: direito empresarial brasileiro. 2. ed. v.1. São Paulo: Atlas, 2007. MARTINS, Fran. Curso de direito comercial. 34ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial e de empresa. 3ª ed. vol. 3. São Paulo: Editora Saraiva, 2003. RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial esquematizado. São Paulo: Método, 2011. TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial. 2ª ed. Vol 1. São Paulo: Atlas, 2009. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Compartilhar