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TREINAMENTO TÉCNICO EM MEDICINA NUCLEAR2

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TREINAMENTO TÉCNICO EM MEDICINA NUCLEAR
Clínica de Oncologia do Sudoeste – ONCOMED
Vitória da Conquista – BA
Responsável: Dr. Victor Santoro
Datas: de 10 a 17/02/2006
Sumário
Histórico
Conceitos Básicos
Laboratório Radioativo
Sala de Administração de Radiofármacos
Sala de Comando
Radioproteção e Biossegurança
Emergências
Histórico
A radioatividade foi descoberta em 1896 por Henri Becquerel e descrita em 1898 por Pierre e Marie Curie a partir do estudo de elementos como urânio, rádio e polônio. Anos mais tarde, em 1903, Rutherford e Soddy formularam a teoria da transmutação dos elementos radioativos, que afirmava que elementos instáveis se transformavam em elementos diferentes através da emissão de radiação. Esse fenômeno foi chamado de desintegração ou decaimento radioativo, e ocorre no núcleo do átomo. 
A radiologia convencional surgiu a partir da descoberta dos raios-X pelo físico alemão Wilhelm Conrad Roetgen no final do século XIX ao ver sua mão projetada numa tela enquanto trabalhava com radiações. Sua descoberta valeu-lhe o prêmio Nobel de Física em 1901, e desde então uma revolução ocorreu no meio médico, trazendo um grande avanço no diagnóstico por imagem. Desde esta época até os dias de hoje surgiram várias modificações nos aparelhos iniciais a fim de se reduzir a radiação ionizante usada nos pacientes, devido aos potenciais riscos à saúde. 
A medicina nuclear teve início na década de 1950 com o uso de isótopos radioativos naturais, que eram administrados por via oral ou venosa aos pacientes, funcionando como “traçadores” das funções fisiológicas. Quase todos eram metais pesados com longos tempos de decaimento, e por isso só podiam ser utilizados em quantidades muito baixas,o que gerava imagens de má qualidade. Com a invenção do isótopo sintético tecnécio-99m em 1958, novos fármacos puderam ser desenvolvidos e as imagens ficaram com qualidade cada vez melhor. Atualmente, este isótopo é usado em cerca de 20 milhões de procedimentos diagnósticos por ano, o que equivale a 85% de todos os procedimentos em medicina nuclear, sendo metade deles mapeamentos ósseos. 
A ONCOMED-Nuclear foi inaugurada em 16 de dezembro de 2005 na cidade de Vitória da Conquista, atendendo a uma demanda reprimida de mais de 1,5 milhão de habitantes da região sudoeste da Bahia. 
Nossa proposta é viabilizar um serviço de medicina nuclear de qualidade comparável com os melhores serviços de grandes centros brasileiros, oferecendo acolhimento digno e respeitoso aos pacientes, e resultando em diagnósticos melhores e mais rápidos. 	Conto com vocês!
Conceitos Básicos
Elementos químicos: são átomos naturais ou artificiais, classificados na tabela periódica segundo peso e número atômico, simbolizados por letras. Cada átomo constitui-se por núcleo (prótons + nêutrons) e eletrosfera (elétrons). Ex.: tecnécio (símbolo = Tc).
Radioisótopos ou radionuclídeos: são elementos com núcleos instáveis, que passam pelo processo de desintegração ou decaimento radioativo. Uma vez que um átomo sofre uma desintegração radioativa, ele se transforma num outro elemento.
Desintegração ou decaimento radioativo: processo ocorrido no núcleo atômico, através do qual um elemento emite uma ou mais radiações e se transforma num outro elemento. Ex.: Mo-99 Tc-99m + radiação 
Tipos de decaimento: modo de desintegração de um determinado elemento radioativo. Os tipos são: alfa (emissão de partícula alfa), beta (emissão de uma partícula beta) ou gama (emissão de uma radiação eletromagnética), entre outros.
Atividade radioativa: quantidade de radiações emitidas por uma amostra.
Curie (Ci): unidade de medida da atividade radioativa. Quanto maior esta medida, maior será a emissão de radiação numa determinada amostra. Ex.: uma dose de iodo-131 para tratamento de hipertireoidismo tem 30 mCi (ou seja 30 milésimos de um Curie).
Meia-vida (T½): tempo que leva para metade da amostra sofrer desintegração. Este tempo é fixo para cada radioisótopo. Ex.: T½ do tecnécio-99m = 6,02 horas (ou seja, após esse tempo, metade dos átomos na amostra sofrerá desintegração). 
Radiação eletromagnética: onda de energia emitida pelos núcleos dos elementos instáveis, mas que também pode ser produzida por outros fenômenos. O que caracteriza a natureza da radiação eletromagnética é o seu comprimento de onda, e sua energia. Ex.: radiação gama, luz visível.
Elétron-volt (eV): unidade de medida da energia das radiações eletromagnéticas. Ex.: A principal radiação gama emitida pelo decaimento do tecnécio-99m tem energia de 140 KeV (ou seja 140.000 elétron-volts).
Interação com a matéria: fenômeno que ocorre quando uma radiação eletromagnética ou uma partícula entram em contato com um corpo material, podendo causar efeitos prejudiciais (ex.: ionização em tecidos vivos) ou úteis (ex.: efeito fotoelétrico nos cristais de cintilação).
Gerador: sistema blindado onde há produção contínua e previsível de um radioisótopo a partir de seu “isótopo-pai”. Ex.: gerador de Mo-99 Tc-99m (ou seja, o tecnécio-99m é produzido a partir do isótopo-pai molibdênio-99).
Fármaco: molécula química com função biológica conhecida. Os fármacos usados em medicina nuclear são fornecidos em pó dentro de frascos de vidro (kits). Ex: DTPA.
Radiofármaco: fármaco ligado a um elemento radioativo com finalidade diagnóstica ou terapêutica. Cada radiofármaco tem uma determinada distribuição no organismo (biodistribuição), e através da sua análise podem ser diagnosticados processos patológicos. O processo de ligação do fármaco ao isótopo radioativo é chamado de marcação. Ex.: DTPA-Tc99m.
Gama-câmara: instrumento de alta tecnologia utilizado para criar imagens a partir da detecção de um radiofármaco no corpo do paciente. A radiação pode ser detectada graças à interação que ocorre com um cristal de cintilação instalado no interior do equipamento. Depois disso, o sinal passa por processos de amplificação, análise de pulsos e filtros de correção, para então ser formada a imagem. Em alguns casos é necessário um processamento adicional feito pelo técnico em imagens.
Monitor Geiger-Müller: instrumento portátil para detectar e quantificar a presença de radiação num determinado ambiente.
Dose: quantidade de radiação administrada a uma pessoa, podendo ser incidental ou proposital. Os profissionais na área de medicina nuclear estão expostos às doses incidentais, que devem ser evitadas ou minimizadas. Os pacientes em procedimento na medicina nuclear estão expostos a doses propositais, que devem ser as menores possíveis para se obter o resultado esperado (no diagnóstico ou no tratamento).
Dosímetro: instrumento para medir a quantidade de radiação cumulativa. Enquanto a quantidade de radiação a ser administrada ao paciente é medida em Curie (ver acima), a dose absorvida pelo corpo é medida em Sievert (Sv).
Blindagem: dispositivo fabricado de materiais de alto peso atômico (ex.: chumbo, bário) cuja finalidade é reduzir a exposição incidental à radiação.
Laboratório Radioativo (Sala Quente)
Gerador de tecnécio-99m 
Blindagem
Sistema tubular
A
L
U
M
I
N
AConceito: composto de uma blindagem de chumbo cilíndrica e um sistema tubular estéril, que contém uma pequena coluna de alumina impregnada de molibdênio-99 (Mo-99), o qual está constantemente sofrendo desintegrações para se transformar em tecnécio-99m (Tc-99m). O Tc-99m não tem afinidade pela alumina, e, portanto não permanece ligado à coluna. Quando o líquido percorre o sistema tubular acaba levando consigo o Tc-99m.
Fig.1.: Esquema representando um GERADOR DE Mo-99 Tc-99m
Instruções de Recebimento: o gerador chega semanalmente aos sábados dentro de um balde azul, e deve ser recebido na sala quente pelo funcionário responsável. Deve-se realizar uma eluição no domingo de manhã (7:00 horas)
Instruções de Armazenamento: o gerador deve ser retirado do balde, e colocado atrás da blindagem na sala quente no domingo. No prazo de 1 a 2 semanas ele poderá ser utilizado para os procedimentos. Após esse período, ele deverá ser colocadonovamente no balde azul, e armazenado na sala de decaimento até sua devolução (após 35 dias).
Instruções de Eluição: é o processo de obtenção de tecnécio-99m a partir do fluxo de salina (solução fisiológica) por dentro do sistema tubular estéril do gerador. 
Retirar as tampas e os frascos protetores. 
Colocar o frasco azul com salina invertido no local identificado no próprio gerador, perfurando a membrana de borracha.
Colocar o frasco vermelho com vácuo invertido no local identificado no próprio gerador, perfurando a membrana de borracha.
 Aguardar até o fim do borbulhamento do líquido para o frasco vermelho.
Retirar o frasco vermelho com a solução eluída (eluato) e imediatamente coloca-lo dentro da blindagem de frasco (castelinho de chumbo).
Contar a atividade radioativa no curiômetro.
Identificar o frasco com data e hora da eluição, volume, atividade radioativa e o nome do técnico responsável.
Colocar o frasco com o eluato atrás da blindagem.
Recolocar os frascos de proteção do gerador e as tampas.
Instruções de Devolução: deve ser feita após 35 dias da data de calibração impressa no rótulo. Preencher formulários exigidos por lei, sem esquecer de reter uma via assinada pelo motorista responsável.
Isótopos Radioativos
Conceito: substâncias químicas radioativas usadas em medicina nuclear, além do tecnécio-99m. Estas substâncias são fornecidas pelo IPEN e já são radioativas na entrega. São exemplos desses substâncias: cloreto de tálio-201, citrato de gálio-67, iodeto-131, iodeto-123, MIBG-131, MIBG-123, EDTMP-samário-153.
Instruções de Recebimento: os isótopos chegam eventualmente (apenas quando solicitados) dentro de baldes brancos, e devem ser recebido na sala quente pelo funcionário responsável.
Instruções de Armazenamento: os isótopos devem ser retirados do balde, e colocados atrás da blindagem na sala quente no dia do recebimento. No prazo de 1 a 2 semanas eles poderão ser utilizados para os procedimentos. Após esse período, devem ser descartados em locais especiais.
Instruções de Descarte: após o vencimento, o isótopo é descartado em caixas de rejeitos especiais, onde permanecerá por aproximadamente 3 meses. Após esse prazo, o lixo é recolhido pela rede pública.
Fármacos liofilizados (kits)
Conceito: compostos químicos orgânicos ou inorgânicos em pó (liofilizados), que apresentam função biológica conhecida. Ao chegarem do fornecedor (IPEN), eles não têm radioatividade. Cada kit deve receber uma quantidade determinada de radiação, num processo chamado de marcação. Após a marcação, a substância resultante é um radiofármaco, o qual é específico para investigar um órgão ou sistema, para detectar e localizar doenças e outras alterações da função no corpo humano.
Instruções de Recebimento: os kits chegam semanalmente aos domingos dentro de caixas identificadas, e devem ser recebidos na sala quente pelo funcionário responsável e colocados imediatamente na geladeira. Não esquecer de conferir se todos os kits solicitados foram recebidos.
Instruções de Armazenamento: os kits devem ser mantidos na geladeira até o momento de seu uso, por um prazo de 6 meses (validade). Após a marcação, devem ser deixados atrás das blindagens no balcão da sala quente. Em alguns casos pode ser necessário conservar os kits marcados também na geladeira.
Instruções de Marcação: toda marcação deve ser realizada por profissional treinado utilizando avental de chumbo e luvas descartáveis.
Retirar o kit da geladeira 5 minutos antes da marcação para que este entre em temperatura ambiente.
Preparar uma seringa com o volume e a atividade radioativa (aspirada do eluato) indicadas na bula do kit em marcação. Obs.: para a maioria dos kits, não deve haver ar dentro da seringa.
Colocar o kit dentro de um blindagem de frasco (castelinho de chumbo).
Retirar o lacre plástico e fazer assepsia da membrana de borracha com álcool 70%.
Perfurar a membrana de borracha do kit com a seringa contendo solução radioativa. Todo o líquido deve ser transferido para o frasco do kit. Obs.: a maioria dos kits contém vácuo e, portanto o líquido da seringa será naturalmente aspirado para o interior do frasco.
Homogeneizar suavemente o frasco.
Descartar a seringa com agulha na caixa de rejeitos radioativos.
Contar a atividade radioativa do kit marcado no curiômetro.
Identificar o frasco com data e hora da marcação, volume, atividade radioativa e o nome do técnico responsável.
Colocar o frasco atrás da blindagem.
Aguardar tempo variável para a reação. Obs.: cada kit exige um tempo específico para a reação, que deve ser consultado na bula. Após a marcação o kit tem validade de aproximadamente 6 horas.
Rejeitos radioativos: deve-se manter dois reservatórios de lixo na sala quente, sendo um para radioativos (caixa de rejeitos) e outro para não radioativos (lixo comum). 
Na caixa de rejeito (tipo Descarpak) devem ser jogados: luvas, seringas, agulhas, algodão e copos plásticos usados para administração de dose oral radioativa. 
No lixo comum devem ser jogados apenas papel-toalha, embalagens de agulhas e/ou seringas, contanto que não estejam contaminados.
Quando as caixas tipo Descarpak atingirem seu limite de enchimento, devem ser fechadas, lacradas e identificadas pelo funcionário responsável, e então colocadas na sala de decaimento.
Registros: todos os procedimentos na sala quente devem ser registrados em livros de ata específicos. Os registros a serem feitos são:
Chegada de Material Radioativo: tipo de material, origem, atividade, data, hora e nome do funcionário responsável.
Eluição de gerador: data, hora, volume, atividade e nome do funcionário.
Marcação de kits: nome do kit, data, hora, volume, atividade e nome do funcionário.
Pacientes injetados: nome do paciente, kit, dose, rejeito pós-dose, data, hora e nome do funcionário.
Sala do Teste Ergométrico: data, hora, nome do funcionário, isótopo, contaminação e descontaminação.
Inventário de Rejeitos: identificação, isótopo, data do fechamento, taxa de exposição na superfície no fechamento, data prevista da liberação, data efetiva da liberação, taxa de exposição na superfície na data da liberação efetiva.
Mãos dos Trabalhadores: data, hora, nome do funcionário, isótopo, contaminação e descontaminação.
Monitoramento dos Sanitários dos Pacientes Injetados: data, hora, isótopo, contaminação e descontaminação, nome do funcionário.
Monitoração de Taxa de Exposição Quinzenal
Monitoração de Contaminação de Superfície
Sala de Administração de Radiofármacos (Enfermagem)
Calibração de dose: para cada tipo de exame existe um radiofármaco que deve ser administrado ao paciente. A dose administrada e tempo mínimo de efeito após injeção são específicos para cada kit, e variam com a idade. As equipes da sala quente e da enfermagem devem manter uma agenda atualizada dos pacientes que receberão doses no dia, bem como as suas idades e o tipo de exame que cada um irá realizar.
Instruções gerais para tirar dose: 
Utilizar seringa de 3 ou de 5 ml, com agulha verde ou preta.
Ao manusear o radiofármaco deve-se evitar contato direto com o frasco, tentando sempre manipular apenas a blindagem (castelinho de chumbo).
Remover tampa da blindagem e fazer assepsia da membrana de borracha.
Posicionar o frasco na horizontal e perfurar com a agulha a membrana de borracha. Evitar ao máximo a contaminação – aqui toda gota é radioativa!
Aspirar um volume suficiente que corresponda à atividade a ser injetada no paciente, através de cálculo de atividade/volume. Ex.: Kit DTPA marcado com 100 mCi em 4 ml. Portanto, cada ml terá aproximadamente 25 mCi.
Trocar a agulha, descartando a agulha usada na caixa de rejeitos.
Identificar a seringa com o nome do radiofármaco e posicioná-la no porta-seringa de chumbo.
Administração de dose
Verificar se o paciente está dentro do preparo prescrito.
Explicar procedimento ao paciente, inclusive sobre ausência de reações adversas, tempo de espera para efeito do fármaco e tempo previsto de exame.
Administração venosa
Preparar o material necessário de antemãonuma bandeja metálica.
Utilizar a técnica padrão para localização do melhor acesso venoso, assepsia e punção venosa. Obs.: Alguns procedimentos exigem que o acesso seja em um local específico. Ex.: Fluxo ósseo dos ombros acesso venoso no pé.
Após a punção, quando possível, testar o acesso com solução fisiológica. 
Injetar o radiofármaco de forma lenta e contínua, afim de evitar extravasamento do material para o tecido subcutâneo (“injetoma”).
Após a injeção, remover a agulha e comprimir o local por 3-5 minutos.
Fornecer as orientações necessárias para o retorno do paciente.
Reunir todo o material utilizado na bandeja metálica para separação e descarte na sala quente.
Administração oral
Forrar o colo do paciente com lençol ou papel absorvente.
Oferecer o radiofármaco no copo (mamadeira para crianças pequenas), orientando ao paciente para que não escorra.
Oferecer uma quantidade variável de líquido não-radioativo para auxiliar na ingestão do material radioativo.
Fornecer as orientações necessárias para o retorno do paciente.
Administração por aerosol
Preparar o copinho de inalação com solução fisiológica e acrescentar o radiofármaco, conectando posteriormente ao sistema de inalação.
Utilizar máscara descartável além das luvas e do avental de chumbo.
Proteger o paciente com touca descartável e com lençol até o pescoço.
Acoplar a máscara ou dispositivo de inalação à face do paciente, solicitando para ele respirar profundamente, não falar e não tossir.
Após o tempo de inalação, descartar máscara, romil e copinho, assim como todo o material descartável, e recolher o lençol para decaimento.
Fornecer as orientações necessárias para o retorno do paciente.
Sala de Comando
Conceitos
Detecção da radiação gama: pode ser feita a partir da interação da radiação com materiais especiais. 
GÁSContador Geiger-Müller: no interior das sondas deste equipamento existe um gás. Quando a radiação passa através dele, impulsos elétricos são gerados no sistema, permitindo a medição da radiação ambiente.
Fig.2.: Esquema representando um contador Geiger-Müller
Estação de aquisição
Estação de processamento
Circuitos eletrônicos
Fotomultiplicadoras
Cristal
ColimadorCâmara de cintilação: em seu interior existe um cristal especial que emite uma luz visível quando interage com a radiação. Esse fenômeno é chamado de cintilação. A luz é captada e transformada em sinal elétrico por um componente chamado de fotomultiplicadora. Esse sinal é então amplificado e processado nos circuitos eletrônicos da câmara, e só então vai para a estação de aquisição para registro.
Fig.3.: Esquema representando o interior de um detector de uma câmara de cintilação.
Formação da imagem: após a detecção das radiações gama, o sinal passa por uma série de conversores, amplificadores e filtros até que a imagem possa ser formada. Veja abaixo alguns conceitos para compreender as imagens.
Pixel: significa “elemento de imagem”, o menor ponto formador da imagem. 
Matriz: quadro representando a totalidade da imagem, o qual pode ser dividido em pixels horizontais e verticais. Na prática, em geral, utilizamos matrizes quadradas com 32x32, 64x64, 128x128 ou 256x256 pixels. 
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
Fig.4: Matriz quadrada de 32x32 pixels, ou seja, composta de 32 pixels na vertical e 32 pixels na horizontal, totalizando 1024 pixels.
Profundidade: é a capacidade de armazenamento de cada pixel. Algumas imagens terão profundidade de 1 “byte”, que significa uma capacidade de armazenar até 255 radiações incidentes em cada pixel. Toda radiação que incidir além dessa quantia será desprezada. Outros exames terão profundidade de 1 “word” que é o produto de 2 bytes, e portanto cada pixel poderá armazenar até 65025 (255x255) radiações incidentes.
Escala de cores/cinzas: cada pixel da matriz (e portanto, da imagem final) vai representar o número de radiações que incidiram numa região equivalente do cristal. Quanto mais radiações incidentes, maior o número atribuído ao pixel. Esse número será convertido em um tom de cinza, ou em uma tonalidade colorida para que possamos ver a imagem.Fig.5.: Pixels correspondentes às áreas do cristal que receberam mais radiações recebem valores maiores e portanto ficam mais “escuros”. Cada escala de cinza ou de cores irá formar uma imagem diferente, mas os dados numéricos serão os mesmos.
Gantry
Detector
MacaEquipamentos
Câmara de cintilação (gama-câmara)
Fig.6.: Esquema representando uma câmara de cintilação em 2 posições de aquisição.
Monitor
Monitor
Teclado
TrackballEstação de aquisição
Fig.7.: Esquema representando uma estação de aquisição
Estação de processamento
Colimadores
Fig.8.: Esquema representando colimadores diversos (paralelo, convergente, e de baixa energia)
Macas
Eletrocardiógrafo
Posicionamento do paciente: diversas técnicas podem ser utilizadas para posicionar e imobilizar o paciente durante o procedimento, a maioria delas utilizando faixas com velcro ou fivela, travesseiros e lençóis. Para maior conforto do paciente e qualidade da imagem, deve-se pedir para que o mesmo esvazie a bexiga antes de iniciar o exame.
Imagens dinâmicas: usar referências anatômicas não visíveis na tela de exame (apêndice xifóide, púbis, cricóide, boca, etc) com auxílio de “marquinha” (fonte de radiação puntiforme). Deixar o local de acesso venoso livre.
Projeções estáticas: usar referências anatômicas visíveis na tela de exame (fígado,coração, rins, joelhos, ossos, etc).
Varredura: incluir cabeça e pés na extensão da varredura, posicionando a linha média do paciente em concordância com a linha média do colimador.
Projeções tomográficas (SPECT): garantir conforto e imobilidade do paciente, pois o detector irá fazer um círculo (ou semi-círculo) em torno de uma região do seu corpo. Usar também referências anatômicas visíveis na tela de exame. A previsão do arco de movimento do detector é importante para o posicionamento.
Sincronização com ECG: o posicionamento dos eletrodos é padronizado (3 pontos), mas pode ser alterado quando o sinal elétrico estiver inadequado.
Programa de aquisição: devem ser preenchidas algumas informações para configuração do equipamento e para registro do exame e do paciente.
Identificação do paciente
Identificação do exame
Isótopo
Tempo de aquisição
Contagens da aquisição
Magnificação (zoom)
Rotação
Espelho
Overflow
Profundidade da imagem (byte/word)
Tempo por quadro (time/frame)
Ângulo de rotação (SPECT)
Intervalo entre os ângulos (SPECT)
Programas de processamento
Normalização: multiplicação (ou divisão) de todos os valores numéricos de uma matriz de imagem por um mesmo fator de normalização, com a finalidade de tornar a matriz compatível com a profundidade de byte.
SPECT: reconstrução tomográfica em 3 planos (transversal, coronal e sagital) a partir da composição de imagens adquiridas a cada 6 graus ao redor de uma região do corpo do paciente. O SPECT pode abranger um arco de 180º (meia-volta) ou 360º (volta completa).
GSPECT: processamento usado geralmente em cintilografias do miocárdio. É o mesmo que SPECT, porém sincronizado com eletrocardiograma (ECG). Podem ser extraídas desta modalidade diversas informações funcionais como movimentação das paredes cardíacas, volume ejetado por sístole e função global do coração.
Atividade
TempoCurvas atividade/tempo: análise da quantidade de radiação que passa por uma região de interesse (ROI) num determinado intervalo de tempo.
Fig.9.: Curva atividade/tempo mostrando a variação da radioatividade numa região específica (ROI).
Quantificação absoluta: comparação da radioatividade observada na imagem com um padrão conhecido, visando determinar um valor de captação de um órgão. Ex.: cálculo de captação de tireóide com iodeto-131.
Quantificação relativa: comparação da radioatividade observada na imagem com outra imagem, visando estabelecer uma comparação funcional entre dois órgãos simétricos. Ex.: cálculo da função renal relativa com DMSA-Tc99m.
Artefato de imagem 
Conceito: qualquer elemento causador de deterioração da qualidade da imagem final, podendo originar-se de inúmeras fontes.
Tipos de artefatos:
Radiações de fundo. Ex.: contaminação na sala de exame
Descalibração do equipamento. Ex.: centro de rotação, colimador incorreto
Configuração incorreta dos programas. Ex.: isótopo incorreto, byte/word
Acúmulo de radiação fora da área de interesse. Ex.: injetoma, alças intestinais em exame cardíaco
Atenuação por objetos sólidos ou tecidos moles. Ex.: prótese mamária, cordão ou medalha metálicos
Movimentação do paciente 
Montagem de filmes
Seleção das imagens
Impressão dos filmes
Radioproteção e Biossegurança
Proteção biológica: 
Usar luvas descartáveis para coleta de sangue, administração de substâncias por via venosa e procedimentos de descontaminação.
Pacientes com diagnóstico suspeito ou confirmado de doença infectocontagiosa (Ex.: tuberculose) devem usar máscaras durante sua permanência na clínica. 
Não é necessário uso de luvas para receber pacientes na sala de exame.
Proteção Radioativa
Princípios básicos da radioproteção: TEMPO, DISTÂNCIA, BLINDAGEM
Sempre usar avental de chumbo e luvas descartáveis ao manipular material radioativo (eluir gerador, marcar kits, tirar doses, administrar radiofármacos e transportar radioisótopos ou rejeitos).
Usar máscaras e luvas descartáveis quando acompanhar paciente em inalação de material radioativo.
Permanecer dentro dos ambientes restritos (sala quente) apenas o tempo necessário.
Usar dosímetro de lapela sempre que estiver nas dependências da clínica.
Usar dosímetro de pulseira se estiver manipulando material radioativo passível de contaminação (eluir gerador, marcar kits, tirar doses, injetar paciente).
Conservar os kits radioativos e líquido de eluição dentro de blindagens de frascos (castelinhos de chumbo), e atrás da parede de chumbo no balcão da sala quente.
Armazenar rejeitos radioativos nas caixas apropriadas (tipo Descarpak) e dentro da caixa de decaimento.
Emergências
Emergências Médicas
Procedimento geral: todo paciente que apresentar algum sintoma ou desconforto deve ser prontamente atendido, e encaminhado para a maca na sala de repouso. Aferir pulso, pressão arterial e avisar o médico responsável.
Hipoglicemia: pacientes que vêm ao exame em jejum (ainda que não solicitado) podem apresentar calafrios, sudoreses, mal estar geral e até perda de consciência. Tratamento: orientar dieta açucarada imediata, infusão de solução de glicose em alguns casos.
Desidratação: ocorre principalmente em dias quentes e em pacientes em jejum prolongado. Pode ser evitada orientando pacientes a ingerir líquidos enquanto aguardam os exames. Os sintomas mais comuns são mal estar geral, sonolência, cefaléia, boca e olhos secos, febre baixa ocasional.
Síndrome vaso-vagal: quadro súbito em que o paciente tem queda de pressão arterial, podendo até desmaiar, por causa de um estímulo doloroso ou psíquico. Ex.: após punção venosa.
Traumatismos: acidentes com equipamentos ou quedas podem acontecer a qualquer momento. Havendo sangramento, deve-se ocluir o local com gaze imediatamente. Se houver dor óssea, deve-se procurar imobilizar o local acometido. Em todos os casos, o paciente será melhor avaliado pelo médico na sala de repouso.
Outros: qualquer situação adversa deve ser relatada imediatamente ao médico responsável para providências.
Acidentes Radioativos: qualquer vazamento de material radioativo que ocorra no chão, em móveis, nas roupas ou na pele dos pacientes ou funcionários.
Se estiver envolvido em um acidente, não se mova e peça ajuda.
Usar luvas e propé para proceder à descontaminação.
Conter o espalhamento, colocando papel absorvente sobre o líquido derramado. Jogar o papel na caixa de rejeitos.
Usar tecido com álcool para remover os resíduos de radiação no chão ou móveis. O movimento deve ser sempre de fora para dentro, e cada pedaço do tecido usado um vez deve ser desprezado para evitar contaminação de áreas vizinhas.
Após o procedimento, esfregar papel no local e contar com monitor Geiger. A medida deve ser menor que 3x a radiação defundo. Caso seja maior, reiniciar o procedimento.
Se a contaminação ocorrer na pele, deve-se proceder à lavagem do local com água e sabão em abundância até atingir o nível de radiação de fundo. Caso o acidente ocorra com iodo-131, o envolvido deve receber xarope de iodeto de potássio por 7 dias seguidos para evitar irradiação da tireóide.
Se a contaminação ocorrer em roupas, estas devem ser retiradas quando possível e segregadas para decaimento.

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