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GRUPO SER EDUCACIONAL
CENGAGE
Bruno Stramandinoli Moreno
Beatriz Marcondes de Azevedo
CIÊNCIA E PROFISSÃO
CIÊNCIA E 
PROFISSÃO
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou 
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo 
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de 
informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. 
Diretor de EAD: Enzo Moreira
Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato 
Coordenadora de projetos EAD: Manuela Martins Alves Gomes
Coordenadora educacional: Pamela Marques
Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa
Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes, Sérgio Ramos,Tiago da Rocha
Ilustradores: Anderson Eloy, Luiz Meneghel, Vinícius Manzi 
 
Moreno, Bruno Stramandinoli.
 Ciência e Profissão / Bruno Stramandinoli Moreno ; Beatriz de Azevedo Siqueira Campos. 
– São Paulo: Cengage, 2020.
 Bibliografia.
 ISBN 9786555581355
 1. Profissão. 2. Carreiras - Psicologia. 3. Campos, Beatriz de Azevedo Siqueira.
Grupo Ser Educacional
 Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro 
CEP: 50100-160, Recife - PE 
PABX: (81) 3413-4611 
E-mail: sereducacional@sereducacional.com
“É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com 
isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns 
anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também 
passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o 
aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino 
Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil.
O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec, 
tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar 
seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento 
da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da 
democracia com a ampliação da escolaridade.
Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar 
as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer-
lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no 
contexto da sociedade.”
Janguiê Diniz
PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL
Autoria
Bruno Stramandinoli Moreno
Atua no(a) Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) como 
Analista em Ciência e Tecnologia - Núcleo de Gestão de Pessoas (NGP) desde 2014. Possui formação 
em Desenvolvimento Humano e Tecnologias (Doutorado). Suas aptidões são: Articulação, Criatividade, 
Flexibilidade, Gestão de conflitos, Liderança, Proatividade, Resiliência, Trabalho em equipe, 
Subjetividade e Trabalho Contemporâneo.
Beatriz Marcondes de Azevedo
Possui graduação em Psicologia pela UFSC (1994), graduação em Administração pela UFSC (2004), 
mestrado em Psicologia pela UFSC (2002) e doutorado em Engenharia de Produção pela UFSC (2010), 
na área de Ergonomia, Pós-doutorado pela UFSC (2018). Atua na docência na área de graduação e pós-
graduação, nas modalidades de ensino presencial e EaD. Em relação à pesquisa, investiga temáticas 
referentes à Psicologia Organizacional e do Trabalho, Ergonomia, Gestão de Pessoas, Saúde e Segurança 
no Trabalho, avaliação do desempenho do sistema de produção hospitalar. 
SUMÁRIO
Prefácio .................................................................................................................................................8
UNIDADE 1 - Psicologia: origens, primórdios de práticas científicas e profissionais ........................9
Introdução.............................................................................................................................................10
1 Notas iniciais ...................................................................................................................................... 11
2 Conceito e história da Psicologia Científica ........................................................................................ 15
3 Psicologia e suas origens (percurso histórico-filosófico) ....................................................................17
4 Constituição da psicologia como ciência ............................................................................................ 22
5 A construção do conhecimento em psicologia .................................................................................. 26
PARA RESUMIR ..............................................................................................................................28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................29
UNIDADE 2 - Atuação e produção do conhecimento em psicologia .................................................31
Introdução.............................................................................................................................................32
1 Construção do conhecimento em Psicologia ..................................................................................... 33
2 Psicologia como profissão no Brasil ................................................................................................... 36
3 Processo de regulamentação da profissão no Brasil ..........................................................................43
4 Currículo mínimo do curso de Psicologia ........................................................................................... 45
PARA RESUMIR ..............................................................................................................................48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................49
UNIDADE 3 - As práticas profissionais: campos de atuação, normas e regulamentações ................53
Introdução.............................................................................................................................................54
1 A Psicologia enquanto profissão ........................................................................................................ 55
2 Conselhos Regional e Federal De Psicologia ...................................................................................... 60
3 Psicologias: Clínica, Escolar, Organizacional, Hospitalar, Comunitária, Social, do Esporte, Jurídica. ..63
4 A prática profissional do psicólogo: diversidade de áreas de atuação ...............................................68
PARA RESUMIR ..............................................................................................................................69
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................70
UNIDADE 4 - A psicologia contemporânea e os preceitos éticos .....................................................73
Introdução.............................................................................................................................................74
1 A ética na área da Psicologia .............................................................................................................. 75
2 A pesquisa em Psicologia ................................................................................................................... 81
3 A situação atual da Psicologia no âmbito da formação e da prática profissional ..............................84
PARA RESUMIR ..............................................................................................................................89
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................90
O objetivo deste livro é apresentar a Psicologia como profissão. Abordaremos os 
temas mais[...] Aqui encontramos explicitamente a atuação profissional do psicólogo, chamado às vezes de 
psicotécnico ou de psicologista. Não mais subsumido sob o mando da educação, o profissional do final dos 
anos 40 em diante está no campo da seleção e da orientação profissional, como no ISOP (ou na Estrada 
de Ferro Sorocabana, em São Paulo, ou ainda no Banco da Lavoura, em Belo Horizonte), está nas escolas, 
principalmente nas experimentais, e começa a atuar na clínica, realizando psicodiagnóstico infanto-
juventil, orientação de pais e mesmo orientação vital. Em todos esses campos, os testes psicológicos 
serão o instrumental privilegiado para a atuação do novo profissional (JACÓ-VILELA, 2012, p. 38).
Em 1949 são proferidas palestras sobre “A profissão do psicólogo e a Associação de psicólogos 
norte-americanos: sugestões para a organização de nossa sociedade” e “Impressões de viagem de 
estudos a centros europeus”. O objetivo subjacente a esses eventos era promover discussões com 
fins de esclarecer a existência da profissão e descrever atividades desenvolvidas em outros países 
que poderiam servir de inspiração (SILVA BAPTISTA, 2010).
Em 1951 é publicado o artigo “Aspectos da orientação e seleção profissional na Europa” e, em 
1953 o artigo “Requisitos básicos da formação de psicologista” (SILVA BAPTISTA, 2010). Em 1953 é 
ofertado o curso de especialização em Psicologia na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio 
Grande do Sul, bem como organizado o I Congresso Brasileiro de Psicologia.
Em 1954, o problema da regulamentação da profissão é exposto num ante projeto de lei 
e apresentado ao Ministério da Educação, pela Associação Brasileira de Psicotécnica, que 
incorporava as áreas escolar, clínica e do trabalho. Entretanto, o ante projeto foi vetado no que 
dizia respeito à atuação clínica do psicólogo, uma vez que este só poderia atuar mediante à 
supervisão de um médico.
Conforme Silva Baptista (2010, p. 180), em 1958, é elaborado, pela Comissão de Ensino 
Superior do Ministério de Educação, o Projeto de Lei n. 3825-A que discorria sobre a formação 
de psicologistas no Brasil. O Parecer n. 412 foi um complemento deste projeto que tratou dentre 
vários aspectos, “[...] da denominação psicologista a ser dada ao profissional – considerada mais 
adequada do que a de psicólogo (muito ampla) e a de psicotécnico (muito restrita)” (BRASIL, 1962, 
41
online). Havia ainda uma ressalva de que era urgente regularizar a formação deste profissional, 
uma vez que existiam autodidatas exercendo a profissão, além de serem contabilizados na época, 
mais de mil pessoas atuando na área da Psicologia.
Em 1962 é aprovada a Lei n. 4.119, em 27 de agosto, assinada pelo presidente João Goulart, 
dispunha sobre os cursos de formação em Psicologia e regulamentava a profissão de psicólogo. 
Essa lei será devidamente apresentada no próximo tópico desta unidade de estudo. Dois anos 
depois, em 1964 é aprovado o Decreto-lei n. 53464, discorrendo sobre as atribuições do psicólogo.
É importante destacar que os cursos de Psicologia se organizavam em um modelo teórico-
metodológico que pudesse contribuir para a formação de um profissional liberal capacitado para 
ajudar o processo de ajustamento da sociedade aos interesses hegemônicos.
Vianna et al. (2012) explicam que o processo de ajustamento endereçado à Psicologia 
brasileira tem como alicerce o modelo ocidental de pensamento, no qual compreende o ser 
humano como individualizado.
A compreensão individualizada do homem vai modificando-se com o avanço do conhecimento 
construído em Psicologia, principalmente, por meio da contribuição de Vigotsky, quando propôs 
um novo modelo à Psicologia, assentado a partir da abordagem histórica e cultural de análise dos 
processos psicológicos e consequente entendimento de que o ser humano deveria ser visto como 
produto e produtor de si mesmo e do meio no qual estava inserido (SILVA;HAI, 2011).
Retomando a questão do marco cronológico, no que se refere ao âmbito da Pós-Graduação 
stricto sensu, Gomes e Hutz (2010) assinalam que em 1966 é criado o primeiro curso de mestrado 
em Psicologia Clínica na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro e, oito anos 
depois, segundo, Otta et al (2011), o primeiro curso de doutorado em Psicologia Escolar e 
Psicologia Experimental, na Universidade de São Paulo (USP).
Na década de 1970 havia uma preocupação em relação ao que deveria ser feito com as pessoas 
que trabalhavam com demandas psicológicas, tais como os diplomados em curso de Psicologia 
Clínica, Educação, Trabalho, funcionários públicos psicólogos, psicologistas, psicotécnicos e 
doutores com teses relacionadas à área da Psicologia.
1949
Em 1949 são proferidas palestras sobre “A profissão do psicólogo e a Associação de psicólogos 
norteamericanos: sugestões para a organização de nossa sociedade” e “Impressões de viagem de 
estudos a centros europeus”.
1951
Em 1951 é publicado o artigo “Aspectos da orientação e seleção profissional na Europa” e, em 
42
1953 o artigo “Requisitos básicos da formação de psicologista” (SILVA BAPTISTA, 2010).
1954
Em 1954, o problema da regulamentação da profissão é exposto num ante projeto de lei 
e apresentado ao Ministério da Educação, pela Associação Brasileira de Psicotécnica, que 
incorporava as áreas escolar, clínica e do trabalho.
1958
Em 1958, é elaborado, pela Comissão de Ensino Superior do Ministério de Educação, o Projeto 
de Lei n. 3825-A que discorria sobre a formação de psicologias, no Brasil.
Nesse período, também é observada uma crescente oferta de cursos superiores em Psicologia 
e um aumento da demanda por parte da sociedade, por serviços natureza psicológica. No âmbito 
das comunicações sociais, percebe-se que a Psicologia começa a fazer parte do cotidiano dos 
brasileiros por meio da disseminação de saberes psicológicos publicados em revistas, veiculados 
em programas televisivos, elaboração de manuais de comportamento e livros sobre a sexualidade. 
Botomé (2010, p.172) corrobora este entendimento assinalando que a Psicologia estava “[...] 
na moda, não apenas nas revistas e livros, mas nas verbas de pesquisa, na proliferação de cursos 
e escolas e no ‘milagroso’ surgimento de novidades ‘clínicas’, ‘terapêuticas’ e outras capazes de 
fazer “tanto” pelos “problemas humanos”.
No que diz respeito à regulamentação, orientação e fiscalização do exercício profissional, em 
1971 foi aprovada a Lei n. 5.766, de 20 de dezembro, assinada pelo presidente Emílio G. Médici, 
criando o Conselho Federal (CFP) e os Conselhos Regionais de Psicologia (CRP). Os conselhos são 
configurados como autarquias pautadas nestes propósitos. A Lei n. 5.766/1971, foi regulamentada 
pelo Decreto n. 79.822, de 17 de junho de 1977.
Ainda discorrendo sobre a criação dos Conselhos, antes da criação dos Conselhos, durante 
uma Assembleia Geral da Associação Brasileira de Psicologia (ABP), realizada em Blumenau 
no ano de 1966, por determinação do Código de Ética dos Psicólogos Brasileiros, nomeou os 
integrantes do Conselho de Ética Profissional, com fins de “orientar a aplicação deste Código de 
Ética, zelar pela sua observância e fiscalizar o exercício profissional” (AMENDOLA, 2014, p. 666). 
O primeiro Código de Ética dos Psicólogos Brasileiros foi oficializado por meio da Resolução 
CFP n. 8, de 02 de fevereiro de 1975.
Finalizamos aqui a retrospectiva histórica da profissão do psicólogo brasileiro, destacando 
com fins de ilustração que, segundo Portugal e Souza (2018), em 2018 a quantidade de 
profissionais registrados no Conselho Federal de Psicologia, chegou no patamar de 325.052 
43
psicólogos, podendo inferir, portanto, a consolidação e importância da área para promoção de 
melhores condições para o desenvolvimento da vida humana nos seus diferentes contextos de 
manifestação.
3 PROCESSO DE REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO 
NO BRASIL
Caro estudante, você estudou a trajetória da formação do psicólogo brasileiro ao longo dos 
últimos séculos e deve ter notado que houveum movimento para, primeiramente consolidar 
a Psicologia no âmbito nacional, enquanto área do conhecimento e, na sequência, uma série 
de fatos e decisões que possibilitaram a profissionalização da área, tendo como consequência 
diversos profissionais atuando com demandas de natureza psicológica.
Segundo Portugal e Souza (2018), os cursos universitários regulares de Psicologia foram 
iniciados no país nos anos de 1950, entretanto, somente na década de 1960 é que a profissão foi 
regulamentada, com a publicação Lei n. 4.119, de 27 de agosto de 1962 e é sobre ela que iremos 
abordar agora.
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
3.1 Lei n. 4.119 e Parecer n. 403/62
Conforme Antunes (2012), a referida lei estabeleceu os princípios norteadores para a 
estruturação de cursos de formação em Psicologia. Para a definição de parâmetros a serem 
seguidos na estruturação dos conteúdos a serem ensinados, o Conselho Federal de Educação 
definiu o currículo mínimo e a duração prevista para os cursos de Psicologia, nas habilitações de 
Licenciatura e Bacharelado.
44
Em termos de estruturação, a Lei n. 4.119/1962 está organizada em 25 artigos (com seus 
respectivos parágrafos e alíneas), divididos em seis capítulos, assim distribuídos e sintetizados:
Capítulo I: Dos cursos
• Artigo 1: estabelece as Faculdades de Filosofia como lócus da formação de bacharelado, 
licenciado e Psicólogo.
• Artigos 2 ao 4: foram vetados.
Capítulo II: Da vida escolar
• Artigo 5: especifica a idade mínima de 18 anos e a conclusão do segundo grau e/ou curso 
equivalente para que o aluno possa ser matriculado no curso.
• Artigo 6: especifica a exigência da apresentação do diploma de Bacharel em Psicologia 
para que o aluno possa se matricular nos cursos de licenciado e Psicólogo.
• Artigo 7: faculta a cada escola exigir outras condições para matrícula nos diversos cursos 
de que trata esta lei.
• Artigo 8: discorre sobre a dispensa das disciplinas em que o aluno foi aprovado em cursos 
superiores, anteriormente realizados, conforme proposta e critério do Conselho Técnico-
-Administrativo e aprovação do Conselho Universitário da Universidade.
• Artigo 9: esclarece que serão regidos os demais casos da vida escolar pelos preceitos 
legais do ensino superior.
Capítulo IV: Das condições para funcionamento dos cursos
• Artigo 15: autoriza os cursos de Psicologia e respectivas habilitações, o funcionamento 
em Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras.
• Artigo 16: obriga as Faculdades que mantiverem curso de Psicologia a organizar Serviços 
Clínicos e de aplicação à educação e ao trabalho - orientados e dirigidos pelo Conselho 
dos Professores do curso - abertos ao público, gratuitos ou remunerados.
Capítulo V: Da revalidação de diplomas
• Artigo 17: assegura a revalidação de diplomas expedidos por Faculdades estrangeiras que 
mantenham cursos equivalentes aos previstos nesta lei.
Capítulo VI: Disposições Gerais e Transitórias
• Artigo 18: obriga os atuais cursos de Psicologia, legalmente autorizados, a se adaptarem 
aos ditames legais aqui descritos, no prazo de um ano após sua publicação.
• Artigo 19: concede ao grau de psicólogo e ao exercício profissional aos portadores de 
diplomas ou certificados de especialista em Psicologia, Psicologia Educacional, Psicolo-
45
gia Clínica ou Psicologia Aplicada ao Trabalho expedidos por estabelecimento de ensino 
superior oficial ou reconhecido, após estudos em cursos regulares de formação de psicó-
logos, com duração mínima de quatro anos ou estudos regulares em cursos de pós-gra-
duação com duração mínima de dois anos.
• Artigo 20: assegura aos funcionários públicos efetivos, o exercício dos cargos e funções, 
sob as denominações de Psicólogo, Psicologista ou Psicotécnico, em que tenham sido 
providos na data de entrada em vigor desta lei.
• Artigo 21: exige que as pessoas que, na data da publicação desta lei, já venham exercendo ou 
tenha exercido, por mais de cinco anos, atividades profissionais de psicologia aplicada, re-
queiram no prazo de 180 dias, após a publicação desta, o registro profissional de Psicólogo. 
• Artigo 22: especifica que, para os efeitos do artigo 21, ao requerimento em que solicita 
registro, na repartição competente do MEC, o interessado deverá apresentar seus títulos 
de formação, comprovantes do exercício profissional e trabalhos publicados.
• Artigo 23: vetado.
• Artigo 24: estabelece que o MEC expedirá, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da 
publicação desta lei, as instruções para sua execução.
• Artigo 25: determina que esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas 
as disposições em contrário.
Conforme Cury e Ferreira Neto (2014), após a publicação da Lei n. 4.119/1962, diversos 
documentos foram elaborados visando o tratamento e sistematização de questões práticas. Um 
dos documentos mais importantes foi o Parecer n. 403/62, de 19 de dezembro, do Conselho 
Federal de Educação (CFE), responsável pela criação do Currículo Mínimo do curso de Psicologia.
4 CURRÍCULO MÍNIMO DO CURSO DE PSICOLOGIA
Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) instituiu novas diretrizes para o ensino superior 
no Brasil e os cursos de graduação em Psicologia passaram a ser ordenados pelas Diretrizes 
Curriculares Nacionais (DCNs), aprovadas em 2004, por meio da Resolução n. 8, de 07 de maio de 
2004, alterando o currículo mínimo vigente até aquele momento (MEC, 2018).
Você sabe o que significa currículo mínimo em Psicologia? E quais devem ser os principais 
elementos nele presentes?
Segundo Cruz (2016c), o currículo é um conjunto organizado de disciplinas técnico-científicas, 
de atividades de estágios básicos e atividades complementares de pesquisa e extensão, formando 
estruturas programáticas, delimitadas por cargas horárias específicas, orientadas por um processo 
de gestão da atividade docente e de coordenação do curso, ao longo de um período de tempo 
pré-determinado.
46
Mas, como então deveria ser o currículo mínimo do curso de Psicologia? Durante os anos 
de 1990 houve uma série de reuniões com fins de refletir criticamente sobre sua estruturação 
e parametrização. Deste modo, “[...] iniciou-se um processo de desconstrução dos currículos 
existentes, considerados, até então, excessivamente tecnicistas, por um lado, e pouco atualizado 
em torno dos campos emergentes da Psicologia, por outro” (CRUZ, 2016c, p. 784).
Assim, em 2011, foi aprovada a Resolução n. 5, de 15 de março de 2011, por parte do Conselho 
Nacional de Educação, da Câmara de Educação Superior, do Ministério de Educação do Brasil 
estabelecendo parâmetros normativos para a construção do Projeto Político Pedagógico para 
formação do bacharel em Psicologia e formação complementar para a formação de Professores 
de Psicologia (BRASIL, 2011).
Costa et al. (2012) assinalam que, por meio da aprovação da Resolução n. 5, os principais 
pontos a serem observados nas DCNs são: padronização do currículo, foco no desenvolvimento e 
ampliação do cumprimento de estágios.
Padronização do currículo 
Padronização do currículo em um núcleo comum, com fins de assegurar a capacitação básica 
dos estudantes e a oferta de, pelo menos, duas ênfases curriculares para que os mesmos possam 
se aprofundar em domínios da Psicologia.
Foco no desenvolvimento 
Foco no desenvolvimento de competências agregadas aos conhecimentos.
Ampliação de estágios
Ampliação do cumprimento de estágios para formação básica (núcleo comum) e formação 
específica (núcleo profissionalizante).
Mesmo com as mudanças propostas com as DCNs, Yamamoto (2012) chamava a atenção de 
que se fazia necessária na construção de um projeto ético-político para a profissão dos psicólogos 
que incorporasse projetos societários mais abrangentes. 
Ao comparar o discurso e a prática das agentes envolvidos no processo de formação, Ribeiro e 
Soligo (2020), com base em estudos bibliográficos assinalas que existem significativas divergências 
entre o discurso formativo, os currículos dos cursos e aquilo que tem seobservado na prática.
Diferentes Projetos Políticos Pedagógicos de Curso (PPCs) indicam uma preocupação 
proferida em relação à perseguição do compromisso social da área, bem como da necessidade 
de desenvolvimento de uma postura crítica-reflexiva, mas isso nem sempre acontece, uma vez 
47
que o atendimento dessas necessidades não tem sido, muitas vezes, identificados nos relatórios 
de avaliação dos processos de regulação do curso e nos relatórios dos Exames Nacionais de 
Desempenho dos Estudantes (ENADE).
Segundo Cruz (2016c), observa-se também que os currículos de diferentes cursos de 
Psicologia espalhados no Brasil, continuam enfatizando as áreas tradicionais da Psicologia, a 
formação ainda é conteudista, ou seja, centrada no professor. A área clínica ainda é predominante 
e um incipiente caráter de inovação tanto em relação aos conteúdos, quanto aos processos de 
ensino-aprendizagem.
A autora ainda ressalta que nas discussões referentes à prática profissional, prepondera o 
discurso da necessidade de se ofertar uma formação generalista, constantemente articulada com 
a teoria-prática e com os eixos da ensino, pesquisa e extensão, mas isto também acaba não se 
observado na prática, seja por sua quase ausência ou pela presença de forma desarticulada.
[...] No âmbito da formação profissional básica, verificam-se mudanças curriculares sem o devido 
planejamento do ensino orientado para as perspectivas de inserção do psicólogo no mundo do 
trabalho (prestação de serviços para as instituições e comunidade) e, muitas vezes, descoladas das 
DCNs para a área da Psicologia. Há uma redução, cada vez mais acentuada nos fluxos curriculares, de 
disciplinas metodológicas e técnicas e voltadas à intervenção psicológica, assim como uma valorização 
de conteúdos programáticos e de experiências mais genéricas que, embora possam ser enriquecedores 
para a formação geral do cidadão (as chamadas disciplinas transversais ou temas diversos), restringem 
cada vez mais o ensino e o desenvolvimento de competências específicas à atuação dos psicólogos. 
(CRUZ, 2016 c, p. 783).
Enfim, é sempre recomendável que o profissional contábil esteja atento às legislações 
atualizadas que envolvem os fatos a serem contabilizados. O cuidado com a avaliação patrimonial, 
consolidação dos demonstrativos contábeis e também as eliminações necessárias, devem fazer 
parte do escopo do contador do futuro.
48
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• conhecer os avanços e as alternativas para a construção do conhecimento em Psico-
logia;
• compreender a história e marcos cronológicos da Psicologia como profissão no Bra-
sil;
• entender o processo de regulamentação da profissão no Brasil a partir da Lei n. 
4.119/1962;
• refletir sobre o currículo mínimo do curso de Psicologia, delimitado pelo Parecer n. 
403/1962;
• perceber a importância das DCNs para formação do psicólogo.
PARA RESUMIR
AMENDOLA, M. F. História da construção do Código de Ética Profissional do 
Psicólogo. Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 14, n. 2, p. 660-685, ago. 2014. 
Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-
42812014000200016&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 03 abr. 2020.
ANGELINI, A. L. Associação de Psicologia de São Paulo. In: JACÓ-VILELA, A. M. Dicionário 
histórico de instituições da Psicologia no Brasil. Rio de Janeiro: Imago; Brasília, DF: 
Conselho Federal de Psicologia, 2011.
ANTUNES, M. A. M. A. Psicologia no Brasil: leitura histórica sobre sua constituição. São 
Paulo: Educ, 2012.
BOCK, A. M. B. A perspectiva histórica da subjetividade: uma exigência para a psicologia 
atual. Psicologia para a América Latina, v.1. n. 2, 2004. Disponível em: http:// www.
psicolatina.org.. Acesso em: 01 abr. 2020.
BOTOMÉ, P. S. A quem nós, psicólogos, servimos de fato? Algumas Reflexões sobre a 
Psicologia no Brasil. In: YAMAMOTO, O. H.; COSTA, A. L. Escritos sobre a profissão de 
psicólogo no Brasil. Natal, RN: EDUFRN, 2010, p. 169-202.
BRASIL. Lei n. 4.119, de 27 de agosto de 1962. Dispõe sobre os cursos de formação 
em psicologia e regulamenta a profissão de psicólogo as sociedades por ações. Brasília, 
DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/1950-1969/l4119.htm. Acesso em: 02 abr. 2020.
CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA SP. Exposição 50 anos da Psicologia no Brasil: a 
História da Psicologia no Brasil. Conselho Regional de Psicologia da 6 Região. São Paulo: 
CRPSP, 2011.
CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA SP. Resolução CFP n. 8, de 02 de fevereiro de 
1975. Dispõe sobre o Código de Ética dos Psicólogos Brasileiros. Disponível em: http://
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trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2014.
UNIDADE 3
As práticas profissionais: campos de 
atuação, normas e regulamentações
Introdução
Você está na unidade intitulada As práticas profissionais: campos de atuação, normas 
e regulamentações. Conheça aqui o conjunto de medidas e ações, organizações e 
institucionalizações e formalizações da Psicologia. A Psicologia contemporânea, enquanto 
profissão, precisa ser concebida e compreendida sob a lógica que produzem indivíduos 
(profissionais) capazes de atuar no contexto em que se inserem. Assim, ser psicólogo, 
ou pelo menos, atuar como tal, é um exercício de práticas que delimitam um campo de 
existência. Nosso itinerário segue justamente, por buscar construir entendimentos que 
nos auxiliem nessa intenta: sob quais formas a profissão Psicologia Contemporânea está 
erigida? Quais seus mecanismos de controle? Convido você a trilhar este desafio, para 
que juntos possamos compreender de que Psicologia cotidiana estamos falando.
Bons estudos!
55
1 A PSICOLOGIA ENQUANTO PROFISSÃO
Antes de falarmos, propriamente, da profissão Psicologia, cabe alguns apontamentos 
preliminares para tanto. Primeiramente, é importantes destacarmos alguns comentários sobre o 
conceito de profissão e sua relação com o processo formativo. Toda atuação profissional é válida, 
aceita e reconhecida em seu contexto. Em especial aquelas que demandam aporte de saberes 
validados pela sociedade que as constituem. Na profissão dos Psicólogos isso não é diferente.
Lima (1984), destaca que a expressão profissão é oriunda do radical profiterí que indicaria 
professar um compromisso de uma pessoa em relação ao contexto que ele se insere, a um dado 
pacto social. Este compromisso refere-se a atividades específicas, não a todas, mas no que cabe 
aquelas que em um dado cotidiano comunitário, especificamente, trata-se do exercício de um 
papel social.
Figura 1 - Profissão 
Fonte: Artis777, Istock, 2020.
#ParaCegoVer: a imagem mostra diversas pessoas exercendo diferentes profissões como 
médica, cozinheiro, marinheiro pois as profissões, nas sociedades modernas têm função de 
delimitar e estruturar papéis a serem desempenhados.
Enquanto rol de ações, a profissão demanda um processo formativo, um processo que ensino 
os modos de se comportar, de se portar, de se posicionar, de analisar determinados fenômenos e 
agir sobre eles, com alguma finalidade. Para o autor o exercício de determinado papel (profissão) 
encontra-se ao nível cooperativo, algo como um componente do processo civilizatório “[...] do grupo 
social: a suas necessidades, a sua organização social e a seu sistema de produção” (LIMA, 1984, p.79).
1.1 Profissão: significados e implicações
Se remontarmos até um passado, não muito distante – o Brasil Pós-Império, por exemplo, 
entre os anos de 1822 a 1930 – três eram as profissões regulamentadas e aceitas: Medicina, 
56
Engenharia e Direito. Eram consideradas como profissões imperiais, no contexto brasileiro da 
época, eram concebidas sob uma dimensão institucional (Governamental), ou seja, envoltas 
em uma rede “[...] de relações sociais que fornecem as bases institucionais para a definição da 
posição dos grupos profissionais” (BARBOSA, 2003, pp.601-602). No caso destas três profissões, 
é através da institucionalização de suas práticas que se validam seus conhecimentos, ao unificar 
a forma de se conceber cada profissão, e validá-la: (a) Academia Imperial de Medicina; (b) o 
Instituto dos Advogados Brasileiros, e; (c) o Instituto Polytechnico Brazileiro.
Mas, então, ao formar um dado profissional, você o especializa em um dado conjunto de 
práticas? A formação então designa tão somente um adestramento de ações e pensamentos que 
norteiam seus praticantes? Adaptando-o a um grupo social no seio de constantes conflitos: “[...] 
entre tradição e revolução, direita e esquerda, ordem e progresso, estrutura e gênese, segurança 
e desenvolvimento, conservação e criatividade” (LIMA, 1984, p.80).
O profissional é aquele que professa práticas que estão delimitadas no tempo e no espaço, e 
que carregam em si conhecimentos, representações e significados consigo. Neste sentido, a “[...] 
profissão é a atividade que depende da aplicação estrita de uma técnica específica [...]” (LIMA, 
1984, p.80). A partir de um dado know how, produzido por um corpo de saberes que o legitima. 
A Psicologia, em especial, como destaca o sociólogo inglês Nikolas Rose (2001a, p.6),
[...] estabelece uma variedade de ‘racionalidades práticas’, envolvendo-se na multiplicação 
de novas tecnologias e em sua proliferação ao longo de toda a textura da vida cotidiana: normas 
e dispositivos de acordo com os quais as capacidades e a conduta dos humanos têm se tornado 
inteligíveis e julgáveis. Essas racionalidades práticas são regimes de pensamento, por meio dos quais as 
pessoas podem dar importância a aspectos de si próprias eà sua experiência, e regimes de prática, por 
meio dos quais os humanos podem fazer de si próprios seres ‘éticos’ e dotados de ‘agência’, definidos 
de modos particulares, como pais, professores, homens, mulheres, amantes, chefes, e por meio de sua 
associação com vários dispositivos, técnicas, pessoas e objetos.
Esta premissa, não é exclusiva às Ciências Psicológicas. É justamente, o que alicerça 
as profissões que têm suas práticas erigidas, sob a égide científica. A concepção de uma 
linguagem própria, que produz seus próprios efeitos, os próprios fenômenos a tratar e a lidar. 
Para Rose (2001a) o profissional é sujeito de sua prática, um locus de atuação e produção, um 
posicionamento, um lugar no interior do qual um profissional surge. E será através de suas 
nomenclaturas, linguagens e práticas, que o profissional se constitui, uma vez que é desta forma 
que se estabelece a capacidade dele se colocar como tal.
Obviamente, não são apenas as nomenclaturas que definem uma profissão, nem somente, 
suas práticas, mas sim, o encontro das duas que se estabelecem o que se espera de um dado 
profissional, em termos de possibilidades e restrições, ações e resultados. A profissão, é produzida 
no conjunto de preceitos, práticas e produções científicas, políticas e sociais, organizado sob uma 
dada lógica e que fornece a seu representante um espaço de ação e de existência. 
57
1.2 As práticas profissionais contemporâneas
O atual estado das coisas, o modo como estamos, somos e atuamos tem se delineado muito 
diferente, daqueles em que muitas profissões, no passado não muito distante, se instituíram. 
Se analisamos as profissões mais antigas – em comparação, com as que, hoje, se evidenciam 
e demandam por representantes – veremos uma mudança drástica na maneira como são 
concebidos seus profissionais.
As profissões estruturam-se sob a um regime que estabelece condições, demandas e formas 
de autoridade, que explicitam uma proliferação de expertises: economistas, gestores, profissionais 
do direito, terapeutas, enfermeiros, médicos, antropólogos, cientistas sociais, políticos, cientistas de 
dados, gerentes de mídias digitais, experts em vida digital, e assim por diante. Neste sentido, no que 
cabe a uma profissão, temos que esta emerge quando sua expertise entregar, emprestas (referencia) 
“[...] vocabulários, explicações e tipos de julgamento a outros grupos sociais” (ROSE, 2001b).
Seja sob a estrutura de um paradigma unificador, seja – como no caso da Psicologia – sob 
uma poliformia conceitual, as disciplinas profissionais, adquirem formas peculiares de práticas 
sobre as práticas que buscam intervir. Isto posto, é de se considerar que as profissões, assim 
estabelecem seu campo de atuação, quando se mostram capazes de fornecer tanto toda uma 
variedade de modelos quanto fornecer receitas praticáveis, para a ação em relação ao contexto 
que circunscreve-a, exercido por diferentes atores, em diferentes locais. Modos de enxergar o 
mundo e nele atuarem, modificarem-no, produzirem-no e por ele, serem produzidos
FIQUE DE OLHO
O World Economic Forum, em uma de seus relatórios,o Jobs of Tomorrow: Mapping 
Opportunity in the New Economy , identifica a tendência de várias posições laborais, e suas 
expertises, delineando-as num contexto bastante diferenciado. Esta discussão pode ser 
contemplada através do documento. 
58
Figura 2 - Expertises 
Fonte: Anikei, Istock, 2020
#ParaCegoVer: a imagem mostra uma pessoa enquadrando o sol em uma tela de celular.
O âmbito de uma profissão é resultado de qualidades praticáveis com legitimidade, derivada 
de pretensões sobre verdades a respeito do universo, do ambiente, da sociedade, do contexto, 
a vida. Assim, como bem alerta Barbosa (2003, p.604), os coletivos profissionais têm, “[...] no 
processo de construção de suas identidades e do seu lugar social [...]”, padrões e elementos 
políticos e sociais que estabelecem um posicionamento ante a outras profissões, a seus 
contextos e realidades. As profissões não se configuram, apenas, pela adoção de determinados 
procedimentos, eles ocupam os seus representantes, e os enquadram, em matrizes “[...] 
de escritórios, arquivos, dispositivos para escrever, hábitos de marcar o tempo, formas de 
conversação, técnicas de notação” (ROSE, 2001b, p.21).
Retomando, a ideia de legitimação da prática profissional, cabe um especial destaque às 
dinâmicas que interpelam uma atividade profissional, a fim de reconhece-la e validá-la. É nesse 
sentido que surge a necessidade de estabelecer parâmetros regulatórios que executem esta feita. 
Machado (1995, p.16), sinaliza que uma categoria profissional possui
[...] organização, isto é, eles se organizam à partir da mútua identificação de interesses da 
categoria distintos, usando, sobretudo, controle sobre acesso, seleção, projeção e regulamentação dos 
participantes, e adotando código de ética que formalizará assim as normas de conduta profissional. 
Em ordem temporal o monopólio da habilidade e da determinação de critério de admissão podem 
acontecer juntos e o controle do acesso pode ser fundamental para se estabelecer o treinamento-
padrão de resultados. A organização dos interesses dos profissionais se orienta por problemas 
mundanos, que seriam questões ligadas às condições de trabalho, mercado de trabalho, salário e 
considerações estratégicas que dizem respeito a questões da ética, proteção e delimitação de território 
profissional, identidade e interesses profissionais etc. Esta é uma questão crucial [...] que permite um 
perfeito entendimento da organização dos interesses das corporações profissionais.
59
A organização de uma profissão é orientada, como destacado pela autora, tendo como base a 
produção e construção de um corpo de conhecimento formal e validado, a partir de metodologias 
científicas, e sob auspícios jurídico-legais, é legitimado enquanto conhecimento profissional.
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Desse modo, é estabelecido uma articulação entre o papel da formação e a figura da 
fiscalização profissional. De um lado um currículo mínimo a ser cumprido, necessário para se 
garantir aquilo que o profissional precisa saber para atuar; e outro, parâmetros éticos, legais e 
regulatórios que delimitam as práticas laborais permitidas, exigidas e exclusivas à profissão. Cabe 
ainda destacar que quando discutida uma dada profissão, parte-se da concepção de que ela:
[...] possui uma forte orientação para o serviço, isto é, serve aos interesses da coletividade, e 
tem uma praticidade social. Essa orientação para os serviços precisa ter aderência com a sociedade e 
envolve três normas subsequentes, ou seja, de aptidão, de execução e de serviços. E preciso ter padrões 
individuais e coletivos, obrigando o profissional a se manter sempre atualizado na sua área. Por outro 
lado, para assegurar uma atuação profissional esses profissionais são obrigados a regular sua própria 
conduta através de aderência e códigos de ética. As normas de atuação referem-se primariamente a 
obrigações com seus clientes, secundariamente com seus pares, sendo que a incompetência ou uma 
atuação desleixada necessariamente refletem descréditos na produtividade profissional. (MACHADO, 
1995, p.17)
O Tribunal de Contas da União, órgão brasileiro responsável por fiscalizar os Conselhos que 
fiscalizam as profissões regulamentadas, no território, lista 32 conselhos profissionais, e suas 
representações regionais.
No próximo item iremos tratar, especificamente do caso da Psicologia enquanto profissão, 
com a criação de seu Conselho de Classe Profissional: o Conselho Federal de Psicologia e suas 
representações regionais.
60
2 CONSELHOS REGIONAL E FEDERAL DE 
PSICOLOGIA
A Psicologia, enquanto atividade profissional, no âmbito do território brasileiro, teve seu 
início com a promulgação da Lei n. 4.119, de 27 de agosto de 1962. Mas foi apenas, 10 anos 
depois, que se criou o órgão que fiscalizasse a profissão de Psicólogo. Através da promulgação da 
Lei n. 5.766, de 20 dedezembro de 1971.
art. 1 Ficam criados o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Psicologia, dotados de 
personalidade jurídica de direito público, autonomia administrativa e financeira, constituindo, em 
seu conjunto, uma autarquia, destinados a orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão de 
Psicólogo e zelar pela fiel observância dos princípios de ética e disciplina da classe (BRASIL, 1971, 
online).
Sendo a máxima representação legal no território nacional, o Conselho Federal tem no escopo 
de suas atribuições legais, a ele designadas
[...] a) elaborar seu regimento e aprovar os regimentos organizados pelos Conselhos Regionais; 
b) orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão de Psicólogo; c) expedir as resoluções 
necessárias ao cumprimento das leis em vigor e das que venham modificar as atribuições e 
competência dos profissionais de Psicologia; d) definir nos termos legais o limite de competência 
do exercício profissional, conforme os cursos realizados ou provas de especialização prestadas em 
escolas ou institutos profissionais reconhecidos; e) elaborar e aprovar o Código de Ética Profissional do 
Psicólogo; f) funcionar como tribunal superior de ética profissional; g) servir de órgão consultivo em 
matéria de Psicologia; (BRASIL, 1971, online).
No que concerne as atribuições do Conselho Federal, é valido destacar que, quanto esfera 
máxima, cabe a ele legislar e legitimar a categoria profissional. Sendo assim, no que se refere 
à condição autárquica da profissão um especial realce as primeiras quatro atribuições, ilustram 
bem sua ação reguladora da atividade profissional.
Enquanto Conselho Profissional cabe ao Conselho Federal de Psicologia do Brasil (CFP), 
estabelecer, de próprio punho a legislação que norteia e delimita, possibilita e determina as ações 
profissionais, em toda a sua cadeia organizativa: desde a formação à atuação em si.
Sendo assim, cabe ao CFP, em consonância com outros órgãos que regulam a educação no 
Brasil ter uma articulação com as instituições de formação e qualificação profissional, o desenho 
de quais aprendizagens e conhecimentos versam e subsidiam a atuação profissional do Psicólogo. 
Um ponto chave, uma vez que uma profissão é constituída, tanto por profissionais atuantes 
quanto por formadores, e por que não de aprendizes; que delimitam e dinamizam a ação da 
atividade profissional, expandindo seus limites e consolidando suas práticas e técnicas.
61
Isto significa dizer que a atuação do CFP está baseada na condição consultiva e deliberativa, 
ou seja, cabe à autarquia o papel de elaborar parâmetros e modelos de condutas profissionais, 
conhecimentos e saberes, bem como quanto às interfaces, possíveis e aceitáveis, com outras 
áreas de saberes científicos.
Mas se a Psicologia é tão plural, tão fragmentada quanto aos vetores que a constituíram, 
com pensar em um órgão que centralize seu controle e regulação? Como pensar em uma 
estrutura, suficientemente, capaz de assessorar e normatizar a atuação do Psicólogo? Uma 
maneira de tentarmos compreender isso pode se ilustrado pela Resolução CFP n. 3/2007, que 
institui a Consolidação das Resoluções do Conselho Federal de Psicologia. No documento são 
apresentados, por exemplo, aquilo que tange a caracterização da profissão.
[...] As atribuições profissionais do psicólogo no Brasil são aquelas aprovadas pelo XIII Plenário do 
Conselho Federal de Psicologia, divulgadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego e integrantes do 
Catálogo Brasileiro de Ocupações - CBO.
Parágrafo único. A descrição das atribuições segue anexa e é parte integrante desta consolidação. 
(CFP, 2007, online)
Interessante como o referido documento estabelece como a profissão de psicólogo se 
caracteriza, enquanto atividade profissional, naquilo que se reserva, privativamente, em termos 
de atuação, e naquilo que se valida em termos legais, enquanto prática laboral, frente à sociedade. 
O mesmo documento vem sanar questões, como as levantadas por Holanda (1997), quanto ao 
papel do CFP como órgão consultivo quanto ao terreno de atuação dos Conselhos Regionais.
[...] O psicólogo é pessoalmente responsável pela atividade profissional que exercer [...] toda 
publicidade veiculada por psicólogo conterá obrigatoriamente o nome completo do profissional, a 
palavra psicólogo, a sigla do Conselho Regional de Psicologia onde tenha sua inscrição e o número 
desta inscrição.
Art. 54 Em sua publicidade, o psicólogo não poderá utilizar diagnóstico psicológico, análise de 
caso, aconselhamento ou orientação psicológica que, de alguma forma, identifiquem o sujeito.
Art. 55 Em suas entrevistas e comunicações de trabalhos científicos, o psicólogo poderá se utilizar 
dos meios de comunicação sociais sempre que o objetivo for informativo ou educativo.
Parágrafo único. Nessas oportunidades, o psicólogo não poderá divulgar aspectos de seu trabalho 
que possibilitem o acesso a leigos de instrumentos e técnicas de uso privativo da categoria. (CFP, 2007, 
online).
Com relação ao exercício profissional, é preciso considerar tanto sua globalidade quanto sua 
estrutura e sua dinâmica. Por isso, o CFP tem papel decisivo, no tocante a condutas e posturas 
profissionais, pois veda e determina algumas das ações a serem empreendidas pelo psicólogo. 
Há todo um conjunto de prescrições e impedimentos a serem considerados antes durante e após 
62
a prática profissional. Isto significa que, independentemente, da adoção da corrente teórica, há 
exigências e demandas que a atividade do profissional da Psicologia deve pesar.
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
Nesse sentido, a atividade profissional em Psicologia é cadenciada de um lado por um Código 
de Ética (CFP, 2005) que valida e regula as ações sociotécnicas dos seus profissionais; de outro 
lado todo o corpo de cientistas e pesquisadores que produzem novas concepções e novas formas 
de pensar o fenômeno psicológico, que dinamizam e estabelecem a prática profissional.
Como destaca Rocha (1997) a atividade profissional é fruto de uma combinação de ciência, 
caracterizadamente, interdisciplinar e plural. A qual tem ação sobre seus parâmetros, flexibilizando-
os, constantemente, seja pelo intenso fluxo evolutivo de pensamentos e criticidade acerca de suas 
teorias, seja pelo modo como a Psicologia, em sua inserção social e profissional evolua.
2.1 Os Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs)
A mesma lei que estabeleceu a criação do Conselho Federal de Psicologia (CFP) também 
procedeu à criação dos Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs). O órgão onde todo o profissional, 
de modo localizado, deverá se inscrever para que possa estar apto a exercer a profissão. Conforme 
disposto no artigo 9 da referida lei,
[...] são atribuições dos Conselhos Regionais: a) organizar seu regimento submetendo-o à 
aprovação do Conselho Federal; b) orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão em sua área 
de competência; c) zelar pela observância do Código de Ética Profissional impondo sansões pela sua 
violação; d) funcionar como tribunal regional de ética profissional; e) sugerir ao Conselho Federal as 
medidas necessárias à orientação e fiscalização do exercício profissional; f) eleger dois delegados-
eleitores para a assembléia referida no artigo 3º; g) remeter, anualmente, relatório ao Conselho Federal, 
nêle incluindo relações atualizadas dos profissionais inscritos, cancelados e suspensos; h) elaborar 
63
a proposta orçamentária anual, submetendo-a à aprovação do Conselho Federal; i) encaminhar a 
prestação de contas ao Conselho Federal para os fins do item “q” do art. 6º (BRASIL, 1971, online).
A função dos CRPs é atuar diretamente com o profissional, orientando-o, fiscalizando-o: 
regulando-o em sua prática, fazendo valer os aspectos e as premissas instituídas por seu Código 
de Ética.
Os profissionais que exerçam atividades privativas à Psicologia são obrigados a se inscreverem, 
via Conselhos Regionais. O qual fiscalizará a atividade profissionalno âmbito da região envolvida. 
É interessante notar que esta atuação profissional está restrita à área jurisdicional. Entretanto, se 
houver oportunidades profissionais para além da região jurisdicional de origem, para outras regiões, 
há a possibilidade de atuação, em um prazo inferior a 90 dias. Havendo incremento deste período, 
há a necessidade de se solicitar uma inscrição secundária (a ser autorizado pelo CRP de destino).
3 PSICOLOGIAS: CLÍNICA, ESCOLAR, 
ORGANIZACIONAL, HOSPITALAR, COMUNITÁRIA, 
SOCIAL, DO ESPORTE, JURÍDICA.
A Psicologia brasileira, em seu vasto e amplo escopo de atuação e produção de conhecimento, 
através do Conselho Federal de Psicologia, instituiu um rol de especialidades que exemplificam, 
as possibilidades de atuação, em conexão com outras áreas de saber e de âmbito contextual, 
Vejamos, a seguir. 
• Psicologia Organizacional e do Trabalho;
• Psicologia de Trânsito;
• Psicologia Jurídica;
• Psicologia do Esporte;
• Psicologia Clínica;
FIQUE DE OLHO
Os Conselhos Regionais, são criados quando atendidos critérios como: (a) o número de 
psicólogos residentes na zona de jurisdição a ser criada; (b) haja salvaguarda da estabilidade 
econômica e financeira; (c) haja evidente e significativa, organização da categoria, e; (d) 
interesse dos psicólogos residentes na jurisdição.
64
• Psicologia Hospitalar;
• Psicopedagogia;
• Psicomotricidade;
• Psicologia Social;
• Neuropsicologia;
• Psicologia em Saúde;
• Avaliação Psicológica (CFP, 2007).
Desse modo, cabe destacar que em cada especialidade encontram-se uma confluência e, 
ao mesmo tempo, uma divergência de perspectivas das diferentes correntes de pensamentos 
teóricos da Psicologia. Conforme a Resolução CFP 13/2007, estas especialidades são descritas, em 
função de suas aplicações e de suas intersecções com outros saberes e áreas de conhecimentos. 
Isto significa que os conhecimentos produzidos nestas searas designam que se trata de um 
conhecimento: da Psicologia; da área com a qual a Psicologia se intersecciona; e de uma terceira 
área (interdisciplinar), produzida justamente por esta intersecção.
A Psicologia escolar/educacional envolve os pontos da educação formal, dos quais, 
desenvolvem-se pesquisas, diagnóstico e intervenção, em caráter, tanto preventivo quanto 
corretivo, em modo coletivo e/ou individual. Como a própria educação desenvolve-se por 
diversos segmentos, não apenas na escola, as análises e intervenções ocorrem nesta amplitude. 
Nesse sentido, implica tudo o que se trata de processos de ensino-aprendizagem, como aspectos 
docente, discentes e de gestão acadêmica. Está em seu escopo atuar individual e em equipe, 
subsidiando programas, políticas e projetos, em carácter interdisciplinar, integrando seus 
conhecimentos àqueles dos demais profissionais da educação.
A Psicologia organizacional e do trabalho diz respeito a atividades relacionadas ao trabalho em 
si, como: produtividade, organização do trabalho, Gestão de Pessoas, Consultoria Organizacional. 
Além disso, envolve questões relacionadas à área da saúde do trabalhador, observando níveis de 
prevenção, reabilitação e promoção de saúde.
Isso envolve diferentes níveis: operacional, tático e estratégico, através de ações e práticas 
de planejamento, implementação e análise organizacional. Sua participação está distribuída em 
todo o processo laboral desde à inserção ao desligamento de profissionais e trabalhadores.
Já a Psicologia de trânsito tem suas ações e práticas votadas para os estudos e procedimentos 
dos processos psicológicos, psicossociais e psicofísicos referente à temática do trânsito. Isto significa 
realizar diagnósticos sobre os indivíduos, em termos de estrutura dinâmica, bem como sobre os grupos, 
65
em termos afetivos, cognitivos e comportamentais. O seu escopo de atuação vai desde a colaboração 
com ações de engenharia e operação de tráfego até a ações socioeducativas com a população em seus 
papéis sociais, como pedestres, ciclistas, condutores infratores e outros usuários da via.
Psicologia educacional
Envolve os pontos da educação formal, dos quais, desenvolvem-se pesquisas, diagnóstico e 
intervenção, em caráter, tanto preventivo quanto corretivo, em modo coletivo e/ou individual.
Psicologia organizacional
A Psicologia organizacional e do trabalho diz respeito a atividades relacionadas ao trabalho em 
si, como: produtividade, organização do trabalho, Gestão de Pessoas, Consultoria Organizacional.
Psicologia de trânsito
Já a Psicologia de trânsito tem suas ações e práticas votadas para os estudos e procedimentos 
dos processos psicológicos, psicossociais e psicofísicos referente à temática do trânsito.
A Psicologia jurídica envolve questões e temáticas do campo da Justiça, sua atuação 
concerne em colaborar com ações de planejamento e execução de políticas de cidadania, direitos 
humanos e prevenção da violência. Os nichos de atuação no âmbito jurídico envolvem fornecer 
subsídios ao processo judicial a todos os envolvidos, ou seja, juristas e população. Atuando como 
perito judicial nas varas cíveis, criminais, do Trabalho, da família, da criança e do adolescente, 
elaborando laudos, pareceres e perícias, para serem anexados aos processos, a fim de realizar 
atendimento e orientação a quem envolvido.
A Psicologia do esporte é aquela voltada tanto para o esporte de alto rendimento (junto à 
atletas, técnicos e comissões técnicas) quanto para a identificação de princípios e padrões de 
comportamentos de adultos e crianças participantes de atividades físicas. Estuda, identifica e 
compreende questões psicológicas concernentes ao contexto do esporte e do exercício físico, 
tanto em nível individual – o atleta ou indivíduo praticante – como grupal – equipes esportivas ou 
de praticantes de atividade física. Atuando tanto de modo diagnóstico quanto interventista em 
questões que interferem na prática da atividade física regular e/ou competitiva.
Já a Psicologia clínica é específica da área da Saúde, ainda que em diferentes contextos. Esse 
profissional centra suas intervenções na redução o sofrimento humano, tanto a nível individual, 
grupal, social, quanto institucional. Amplos e diversos são os dispositivos clínicos utilizados ou 
que serão desenvolvidos, sob a ótica preventiva, diagnóstica e curativa.
Psicologia jurídica 
A Psicologia jurídica envolve questões e temáticas do campo da Justiça, sua atuação concerne 
66
em colaborar com ações de planejamento e execução de políticas de cidadania, direitos humanos 
e prevenção da violência.
Psicologia do esporte 
A Psicologia do esporte é aquela voltada tanto para o esporte de alto rendimento quanto para 
a identificação de princípios e padrões de comportamentos de adultos e crianças participantes 
de atividades físicas.
Psicologia clínica 
Já a Psicologia clínica é específica da área da Saúde, ainda que em diferentes contextos. Esse 
profissional centra suas intervenções na redução o sofrimento humano, tanto a nível individual, 
grupal, social, quanto institucional.
A Psicologia hospitalar é uma variante da área clínica, esta especialidade envolve um tipo de 
atuação centrada em instituições de saúde, em nível secundário ou terciário da atenção à saúde. 
Sua prática envolve desde o atendimento a pacientes, familiares e/ou responsáveis pelo paciente; 
a membros da comunidade dentro de sua área de atuação; a membros da equipe multiprofissional 
(eventualmente administrativa); à oferta e desenvolvimento de atividades em diferentes níveis de 
tratamento, visando, basicamente, a promoção e/ou a recuperação da saúde física e mental.
A Psicopedagogia é especializada na investigação e na intervenção em processos de 
aprendizagem de habilidades e conteúdos acadêmicos, este profissional tem como mote 
compreender os processos cognitivos, emocionais e motivacionais, integrados e contextualizados 
na dimensão social e cultural onde ocorrem.
A Psicomotricidade é um bom exemplo de produção de conhecimento oriunda da intersecção 
da Psicologia com outrasárea, em especial a Educação, Reeducação e a Terapia Psicomotora. 
Centrado na utilização de recursos com foco no desenvolvimento, na prevenção e na reabilitação 
do ser humano. Serviços de assistência escolar, escolas especiais, hospitais associações e 
cooperativas, propondo atividades esportivas, escolares e clínicas.
A Psicologia social atua sob diferentes enfoques teóricos e metodológicos, com o objetivo 
de problematizar e propor ações no âmbito social, o psicólogo social centra-se em compreender 
a dimensão subjetiva dos fenômenos sociais e coletivos. Tão vasto quanto as esferas sociais 
são os diferentes espaços institucionais e comunitários (Saúde, Educação, trabalho, lazer, meio 
ambiente, comunicação social, justiça, segurança e assistência social) que ele pode e atua. Com 
vistas à realização de projetos da área social e/ou definição de políticas públicas, seu escopo de 
atuação transita sobre temáticas dos mais variados motes.
67
A Neuropsicologia envolvida pesquisas e procedimentos com temas como cognição, 
emoções, personalidade e o comportamento. Com enfoque ao funcionamento cerebral. Este é 
um exemplo de área erigida na intersecção da Psicologia com outra área de conhecimento, no 
caso as Neurociências. Caracterizado pela prática clínica e pela utilização de metodologias tanto 
experimentais quanto clínicas.
A Psicologia em Saúde é circunscrita à área da Saúde e todas os seus desdobramentos; em 
caráter multiprofissional e interdisciplinar, em diferentes estabelecimentos e contextos da rede 
de atenção à saúde. Neste sentido vale-se da contextualização sociocultural, para auxiliar na 
proposição, implementação e intervenção, junto a populações e grupos específicos, com foco na 
melhoria das condições de vida dos indivíduos, famílias e coletividades. Estão relacionadas desde 
ações de promoção, prevenção e vigilância em saúde, junto a usuários, profissionais de saúde e 
ambiente institucional. Isto significa ações de intervenção direta, quanto indireta, educativas e de 
intervenção psicológica.
A Avaliação Psicológica funciona quando o psicólogo é chamado a atuar em uma gama 
bastante vasta de contextos, mas focado, na produção de avaliações de fenômenos psicológicos 
num espectro de ordem cognitiva, comportamental, social e afetiva. Em caráter integrativa, suas 
análises visam fornecer orientações práticas e profissionais às áreas demandantes (Compilado 
CFP, 2007; 2016; 2019).
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
FIQUE DE OLHO
Para saber um pouco mais sobre as especialidades psicológicas, convido você a ler, 
na íntegra, a Resolução CFP n. 018/2019, que reconhece a Avaliação Psicológica como 
especialidade da Psicologia.
68
4 A PRÁTICA PROFISSIONAL DO PSICÓLOGO: 
DIVERSIDADE DE ÁREAS DE ATUAÇÃO
Segundo Bastos et al. (2013) a atuação profissional do Psicólogo, independente da área, é 
permeada por elementos e dimensões desafiadoras. Sua principal característica se dá pelo 
compromisso social que a circunscreve. Levando em conta que, diferentemente, a outras 
profissões, a Psicologia caracteriza-se por uma pluralidade e diversidade únicas, em função da 
grande amplitude de correntes teóricas que dinamizam e produzem suas práticas.
Cada vez mais, enquanto profissional e pesquisador (condições inerentes à atuação em 
Psicologia), novas interseções emergem, e convidam, requerem, exigem, novas formas de atuação. 
Áreas como Psicologia de Riscos e Desastres, Psicologia e Tecnologia (Inteligência Artificial e 
Algoritmos), Psicologia e Políticas Sociais, Psicologia Comunitária, Psicologia das Migrações, 
Psicologia Transcultural, Psicologia Sistêmica, Psicologia Positiva, Psicologia Ambiental, Psicologia 
Médica, Psicossociologia, etc.
O que todas estas vertentes profissionais sinalizam é a perene característica dos profissionais 
da Psicologia: uma área do conhecimento altamente intersecional com outras áreas e saberes, 
com grande expertise de produzir conhecimentos e práticas profissionais conjuntamente com 
outros saberes.
69
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• demonstrar a psicologia na contemporaneidade e seus desafios;
• apresentar e analisar a legislação e a regulamentação da profissão, no Brasil;
• introduzir as questões relativas à Psicologia, sua constituição enquanto conhecimen-
to e prática profissional;
• apresentar as principais pesquisas na área da psicologia e as diversas áreas de atua-
ção profissional;
• debater a formação e prática profissional da Psicologia na atualidade. 
PARA RESUMIR
BARBOSA, M.L.O. As profissões no Brasil e sua sociologia. Dados, Rio de Janeiro, v.46, 
n.3, p.593-607, 2003. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0011-52582003000300007&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 05 abr. 2020.
BASTOS, A.V.B. et al. Compromisso social e ético: desafios para a atuação em psicologia 
organizacional e do trabalho. In: BORGES, L.O.; MOURÃO, L. O trabalho e as organizações. 
Atuações a partir da Psicologia. Porto Alegre: Artemed, 2013.
BRASIL. Lei n. 5.766, de 20 de dezembro de 1971. Cria o Conselho Federal e os Conselhos 
Regionais de Psicologia e dá outras providências. Brasília. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5766.htm. Acesso em: 15 abr. 2020
BRASIL. Lei n. 4.119, DE 27 de agosto de 1962. Dispõe sobre os cursos de formação em 
psicologia e regulamenta a profissão de psicólogo. Brasília. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/l4119.htm. Acesso em: 05 abr. 2020.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução CFP n. 018/2019. Reconhece a 
Avaliação Psicológica como especialidade da Psicologia e altera a Resolução CFP n. 
13, de 14 de setembro de 2007, que institui a Consolidação das Resoluções relativas 
ao Título Profissional de Especialista em Psicologia. Brasília: CFP, 2019. Disponível em: 
https://atosoficiais.com.br/cfp/resolucao-administrativa-financeira-n-3-2016-altera-
a-resolucao-cfp-n-0132007-que-institui-a-consolidacao-das-resolucoes-relativas-
ao-titulo-profissional-de-especialista-em-psicologia-e-dispoe-sobre-normas-e-
procedimentos-para-seu-registro. Acesso em: 15 abr. 2020.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução CFP n. 03/2016. Altera a Resolução 
CFP n. 013/2007, que institui a Consolidação das Resoluções relativas ao Título 
Profissional de Especialista em Psicologia e dispõe sobre normas e procedimentos 
para seu registro. Brasília: CFP, 2016. Disponível em: https://atosoficiais.com.br/cfp/
resolucao-administrativa-financeira-n-3-2016-altera-a-resolucao-cfp-n-0132007-que-
institui-a-consolidacao-das-resolucoes-relativas-ao-titulo-profissional-de-especialista-
em-psicologia-e-dispoe-sobre-normas-e-procedimentos-para-seu-registro. Acesso em: 
05 abr. 2020.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução CFP n. 013/2007. Institui a Consolidação 
das Resoluções relativas ao Título Profissional de Especialista em Psicologia e dispõe 
sobre normas e procedimentos para seu registro. Brasília: CFP, 2007. Disponível em: 
https://atosoficiais.com.br/lei/consolidacao-das-resolucoes-cfp?origin=instituicao. 
Acesso em: 10 abr. 2020.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução CFP n. 3/2007. Institui a Consolidação 
das Resoluções do Conselho Federal de Psicologia. Brasília: CFP, 2007. Disponível em: 
https://atosoficiais.com.br/lei/consolidacao-das-resolucoes-cfp?origin=instituicao. 
Acesso em: 05 abr. 2020.
HOLANDA, A. Os conselhos de psicologia, a formação e o exercício profissional. Psicol. 
cienc. prof., Brasília, v.17, n.1, p.3-13, 1997. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S1414-98931997000100002&lng=en&nrm=iso. Acesso 
em: 16 abr. 2020.
LIMA, L.O. Profissão e educação. Rev. adm. empres., São Paulo, v.24, n.3, p.79-
86, set.1984. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S003475901984000300013&lng=en&nrm=iso . Acesso em: 19 abr. 2020.
MACHADO, M.H. Sociologia das profissões: uma contribuição ao debateteórico. In: 
MACHADO, M. H. Profissões de saúde: uma abordagem sociológica [online]. Rio de 
Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1995, pp. 13-33. ISBN: 978-85-7541-607-5. Disponível em: 
https://10.7476/9788575416075.002 . Acesso em: 05 abr. 2020
ROCHA, C.C.A. Os conselhos de fiscalização profissional, sua natureza e consequências 
jurídicas: análise do regime jurídico aplicável aos seus servidores, Boletim Científico 
ESMPU, Brasília, a. 18. n. 53, p. 323-352 – jan./jun. 2019. Disponível em: https://escola.
mpu.mp.br/publicacoes/boletim-cientifico/edicoes-do-boletim/boletim-cientifico-
n-53-janeiro-junho-2019/os-conselhos-de-fiscalizacao-profissional-sua-natureza-e-
consequencias-juridicas-analise-do-regime-juridico-aplicavel-aos-seus-servidores/
at_download/file. Acesso em: 15 abr. 2020.
ROSE, N. Inventando nossos eus. In: SILVA, T.T. (ed.) Nunca fomos humanos: nos rastros 
do sujeito. São Paulo: Autêntica, 2001b.
ROSE, N. Como se deve fazer a história do Eu? Educação & Realidade. [s.l], 2001a, v.26, 
n.1, p.33-58.
UNIDADE 4
A psicologia contemporânea e os 
preceitos éticos
Você está na unidade A Psicologia contemporânea e os preceitos éticos. Conheça aqui 
o compromisso ético nas relações profissionais estabelecidas pelos psicólogos. Perceba 
que o comportamento ético deve ser perseguido tanto nas atividades de pesquisa quanto 
no exercício profissional. Entenda a relação da Psicologia com os Direitos Humanos e 
as Políticas Públicas. Identifique os principais tipos de pesquisa realizados na área e as 
possibilidades de assuntos que possam ser investigados. 
Acompanhe a situação atual da Psicologia no que se refere ao âmbito da formação e da 
prática profissional. Compreenda os avanços ali conquistados e reflita sobre as deficiências 
ainda presentes na planejamento e execução da matriz curricular dos diferentes cursos de 
Psicologia existentes. 
Bons estudos!
Introdução
75
1 A ÉTICA NA ÁREA DA PSICOLOGIA
Caro estudante, se lhe fosse perguntado: o que é ética? Provavelmente, sua resposta estaria 
ligada à ideia do que é certo ou errado em termos da conduta humana. Ou, ainda, você poderia 
fazer alguma relação com a moralidade.
Mas, o que é moral? A própria Psicologia aborda a questão do desenvolvimento moral. 
Um de seus estudiosos mais conhecidos é Jean Piaget. Desse modo, “ [...] toda moral consiste 
num sistema de regras, e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o 
indivíduo adquire por essas regras” (PIAGET, 1994, p. 23). Podemos extrair daqui um conceito 
fundamental que é a regra a ser seguida. 
A relação da ética com moral é observada quando associamos a conduta ética com padrões 
de comportamentos ditos como corretos e aceitos por uma determinada sociedade.
Segundo a Filosofia, a ética está alicerçada em um conjunto das regras de conduta consideradas 
como universalmente válidas. E a moral vinculada aos fundamentos da obrigação e do dever, do 
bem e do mal.
A ética que iremos tratar nesta unidade defende que: subjacente ao comportamento e conduta 
do psicólogo deve estar presente o respeito pela dignidade e pelos direitos dos indivíduos, bem 
como o cuidado com o bem-estar das pessoas com quem a ele se relacionam.
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
Para Borges et al. (2013), para se discorrer sobre o compromisso ético do psicólogo, seja qual 
for a área de atuação, faz-se necessário conhecer e refletir sobre as premissas sustentadas no 
Código de Ética Profissional.
76
Segundo Anache e Reppold (2010), ao partir do pressuposto de que o exercício profissional 
do psicólogo é regulamentado por um código de ética, é possível afirmar que, quando se constata 
a ocorrência de uma omissão, negligência, imprudência ou imperícia significa que se agiu em 
desacordo com princípios e as normatizações de sua profissão.
Em termos operacionais, Zaia et al. (2018), a partir das informações disponíveis no site do 
Conselho Federal de Psicologia (CFP), explicam que o processo de investigação dos problemas 
éticos cometidos por psicólogos que infringiram o código ou incorreram em faltas disciplinares é 
iniciado uma denúncia, realizada por alguém que se sentiu lesado.
Para a formalização da denúncia, é preciso que o representante da acusação, se apresente 
ao Conselho Regional de Psicologia (CRP) em que o psicólogo acusado está filiado e apresente 
um documento que contenha o nome e qualificação do denunciante; nome e qualificação do 
psicólogo denunciado; descrição detalhada do fato ocorrido; provas documentais que subsidiar o 
processo de investigação e quaisquer outras comprovações que corroborem a alegação. Destaca-
se que “[...] ainda que a apresentação de tais documentos não ocorra, a representação da 
denúncia pode ser oficializada” (CFP, 2007, online).
Conforme a Resolução n. 006/2007, do CFP, a investigação da denúncia é de responsabilidade 
daquele conselho que o profissional denunciado é filiado. A investigação deve ser feita de maneira 
sigilosa com base na busca de evidências que comprovem o fato denunciado. A comissão de 
ética do referido conselho deve solicitar ao profissional uma defesa prévia ou esclarecimentos 
de caráter teórico e técnico do ocorrido, no prazo de 15 dias após a notificação. Com posse das 
informações obtidas, cabe à comissão elaborar um parecer acerca da conduta ética investigada, 
tendo como recomendação a exclusão da representação, a mediação das partes envolvidas ou 
ainda, a instauração do processo ético disciplinar.
Com base nesta resolução, em uma reunião plenária com os conselheiros regionais, o parecer 
elaborado pela comissão e a eles encaminhado, para que seja decidido os rumo do processo, 
ou seja, se o mesmo será instaurado ou arquivado. Se a decisão for instaurar, é preciso realizar 
uma nova reunião plenária chamando as partes do processo para que o réu possa se defender 
novamente. A Resolução n. 006/2007 dispõe que, por meio de uma votação dos conselheiros, 
chega-se a decisão final que pode ser à condenação do psicólogo e, neste caso, poderão “ [...] ser 
aplicadas as seguintes penalidades: advertência, multa, censura pública, suspensão do exercício 
profissional por até 30 dias ou cassação do exercício profissional” (BRASIL, 2007, online).
Esclarece-se, ainda, que o profissional condenado pode, em um período de um mês decorrido 
da decisão, recorrer. Assim, numa reunião confidencial, o CFP, os conselheiros e as partes, são 
verificados os recursos e determinações propostas pela jurisdição regional, com fins de manter as 
decisões ou reformulá-las. Em um momento seguinte ao julgamento de cada caso, publica-se, na 
seção Processos Éticos, do jornal do CFP, os respectivos resultados.
77
Para termos uma ideia dos conteúdos das denúncias referentes à conduta inapropriada 
do psicólogo no campo da Psicologia hospitalar, em especial, no trabalho do psicólogo dentro 
da UTI, existem uma série de questões éticas envolvidas no cotidiano laboral, por exemplo, de 
cunho bioético quando se “[...] refere às situações de terminalidade ou prolongamento da vida” 
ou do “sigilo profissional do psicólogo versus o compartilhamento de informações junto à equipe 
multiprofissional” (SCHNEIDER;MOREIRA, 2017, p.1238).
No âmbito da avaliação psicológica, Anache e Reppold (2010) explicam que grande parte das 
infrações relacionadas à ética, denunciadas ao CFP, refere-se ao exercício equivocado da avaliação 
psicológica, como: a utilização de testes e técnicas psicológicas inadequadas ou não reconhecidas 
pelo Conselho; a falta de qualidade (problemas psicométricos) das ferramentas; omissão de 
orientações sobre encaminhamentos decorrentes da avaliação e; emissão de documentos sem 
fundamentação teórica que dê sustentação aos mesmos.
Siegmund et al. (2015), ao discorrerem sobre o desenvolvimento de novas modalidades 
de atendimento psicológico, a exemplo da psicoterapia online, apontam alguns problemas 
de natureza ética como os relacionados à confiabilidade, sigilo e em situações especiais que 
requeremo anonimato do cliente.
Outro trabalho interessante que vale a pena mencionarmos é o de Zaia et al. (2018). Os 
autores selecionaram 26 edições, da seção Processos Éticos, do jornal do CFP, publicadas no 
período compreendido de 2004 a 2016, com fins de analisar os conteúdos dos processos éticos 
ali publicados. Os resultados dessa pesquisa indicam que um a cada 961 psicólogos cometeu 
algum tipo de infração ética. Em termos regionais, a região Sudeste é a que apresentou o maior 
percentual de faltas éticas e a região norte o menor. Quanto aos conteúdos, a “maior parte 
se constitui em processo ético-profissional (50,70%), seguida da categoria referente a recurso 
(20,63%) e laudos mal elaborados, parciais e tendenciosos (8,74%)” (ZAIA et al., 2008, p. 13) 
e, quase 20% foram classificados como conteúdo de natureza diversa como, por exemplo, 
irregularidade em avaliação psicológica, conivência com violação de direitos humanos; maus-
tratos a crianças e a adolescentes, falsificação de documentos etc. Conclui-se que uma parcela 
significativa de psicólogos não demonstra envolvimento e preocupação em evitar ações que 
possam prejudicar a si mesmos e macular a imagem da Psicologia.
Para Cruz (2016a, p. 252), a prestação de serviços nos diferentes âmbitos de atuação 
prescinde, “[...] por parte dos psicólogos, agir com atenção, diligência e cuidado na sua relação 
com os usuários, ou seja, prestar serviços legítimos e relevantes, tendo em vista as circunstâncias 
e os limites ético-profissionais”.
Cabe a ele, portanto, uma ação responsável, tanto do ponto de vista do respeito às normas 
da profissão e às orientações teóricas-metodológicas dos procedimentos a serem seguidos e 
instrumentos e ferramentas a serem utilizados quanto do reconhecimento de quais demandas é 
78
capaz de atender e quais delas é necessário fazer encaminhamentos para profissionais de outras 
áreas do conhecimento. 
1.1 A história do Código de Ética da Psicologia
Desde os anos de 1970 até os dias atuais, é possível verificar a existência de quatro diferentes 
Códigos de Ética Profissional, propostos pelo CFP. Resumidamente podemos dizer que,
[...] o primeiro Código de Ética que orientou a conduta dos(as) psicólogos (as) foi elaborado 
pela Associação Brasileira de Psicologia em 1967 e conforme a Resolução CFP 008/1975 
‘oficiosamente’ pautava as atividades do(a) psicólogo(a). Em 1975, o CFP aprova o Código da 
Associação Brasileira de Psicologia com algumas modificações e o publica como o Código de Ética 
dos Psicólogos do Brasil. Em 1979, a Resolução CFP 029/1979 revoga a anterior e estabelece o 
novo Código de Ética dos Psicólogos. O terceiro Código é publicado em 1987 (Resolução CFP 
002/1987) e o atual em 2005 (CFP, 2005, online).
O primeiro Código recebeu um importante marco no período de consolidação da Psicologia, 
no Brasil, uma vez que possibilitou a normatização e a regulamentação de um conjunto de práticas 
profissionais exercidas naquela época. Segundo Amendola (2014), o referido documento era 
organizado a partir de cinco Princípios Fundamentais, distribuídos em 13 capítulos, especificados 
em 40 artigos. Os temas abordados estavam em pauta:
• as responsabilidades gerais do psicólogo;
• as responsabilidades para com o cliente;
• as responsabilidades e relações com as instituições empregadoras;
• as relações com outros psicólogos;
• as relações com outros profissionais;
• as relações com associações congêneres e representativas do psicólogo;
• as relações com a justiça; do sigilo profissional;
• as comunicações científicas e as publicações;
• a publicidade profissional;
• os honorários profissionais;
• a fiscalização do exercício profissional da psicologia e cumprimentos dos princípios éti-
cos; disposições gerais.
Amedola (2014) explica que o segundo Código de Ética mantinha os cinco Princípios 
79
Fundamentais, agora distribuídos em 12 capítulos, com diferença apenas na substituição da 
palavra representativas do psicólogo para representantes do psicólogo, da palavra publicações 
por divulgação ao público; e da substituição do capítulo da fiscalização do exercício profissional 
da psicologia e cumprimento dos princípios éticos, para fiscalização a da observância, aplicação e 
cumprimento do Código de Ética, especificados em 50 artigos e mais alíneas.
O terceiro Código acrescentou mais dois Princípios Fundamentais, por outro lado retirou 
dois capítulos, totalizando-se 10 capítulos, excluindo o capítulo da responsabilidade para com o 
cliente; acrescentando os psicólogos no capítulo da relação com outros profissionais; excluindo o 
capítulo das relações com associações congregantes e representantes dos psicólogos e incluindo 
o capítulo das relações com a categoria, especificados em 50 artigos e alíneas (AMENDOLA, 2014).
O último, por sua vez, antes de sua aprovação em 2005, foi amplamente discutido em todo 
nas diferentes regiões do país, durante três anos, contando com a participação dos psicólogos 
e da sociedade brasileira. A versão de 2005 pode ser vista como um aprofundamento das 
responsabilidades e compromissos dos psicólogos para com a promoção da cidadania.
Assim, sua versão final está organizada em sete princípios fundamentais, dois capítulos das 
responsabilidades do psicólogo e das disposições gerais, especificados em 25 artigos (CFP, 2005).
A ideia subjacente à elaboração do quarto código era contribuir para o mesmo deixasse de ser 
um documento predominantemente prescritivo, e se transformasse num “código que permita o 
exercício do pensamento, possibilitando a ética se fazer presente, enquanto associada à prática 
profissional” (AMENDOLA, 2014, p. 676).
O Código de Ética Profissional do Psicólogo de 2005, portanto, busca assegurar uma relação 
adequada entre os próprios psicólogos e entre cada um deles e sociedade que demanda seus 
serviços. Destaca-se que, além de definir padrões de conduta esperados, busca incitar a reflexão 
sobre a sua práxis, no sentido de “[...] responsabilizá-lo, pessoal e coletivamente, por suas ações 
e suas consequências no exercício profissional” (CFP, 2005, p. 6).
80
Quadro 1 - Princípios fundamentais do Código de Ética Profissional do Psicólogo e 
caracterização geral 
Fonte: BASTOS et al., 2013, p. 41.
#ParaCegoVer: A imagem mostra uma tabela de duas colunas e oito linhas apresentando os princípios 
fundamentais do Código de Ética Profissional do Psicólogo e caracterização geral destes princípios.
Conforme observamos no quadro 1, o Código de Ética atual, em seus princípios fundamentais, 
caracteriza-se por sua generalidade, assumindo um cunho referencial somente quando, “[...] as 
particularidades de cada situação exigem reflexão ampla que devem considerar, além do Código 
de Ética, os valores e princípios nutridos pelo psicólogo ao longo de sua formação pessoal e 
profissional” (AMENDOLA, 2014, p. 682).
81
Em relação aos 25 artigos do Código de Ética, os primeiros 20 fazem parte do capítulo 1, que 
trata das responsabilidades do psicólogo e os cinco últimos fazem parte do capítulo 2, que diz 
respeito às disposições gerais.
2 A PESQUISA EM PSICOLOGIA
A pesquisa em Psicologia deve caminhar pari passu com a prática profissional do psicólogo, 
uma vez que estes dois âmbitos do conhecimento deve se retroalimentar continuamente em uma 
espécie de círculo virtuoso.
Por meio da pesquisa é possível ter acesso ao conhecimento de ponta e também acompanhar 
os momentos de avanços e retrocessos ocorridos na área em um determinado período de tempo. 
Conhecemos os avanços e retrocessos antes do processo de pesquisa começar ou, ao seu término, 
quando temos acesso os seus resultados.
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
Mas, você sabe como se dá o início desse processo? Cada pesquisa se inicia com um 
questionamento, que por sua vez, orienta a definição do objetivo geral e objetivos específicos, 
bem como permite prospectar os resultados esperados. A definição dos objetivos permite a 
delimitação do estudo e norteia a construçãoimportantes para entender tudo o que envolve a profissão em quatro 
unidades, detalhadas a seguir.
Na primeira unidade, vamos tratar da psicologia: origens, primórdios de práticas 
científicas e profissionais, onde discutiremos a evolução histórica da Psicologia e 
suas inter-relações com as Ciências Humanas e Sociais, além de discutir a Psicologia 
contemporânea e seus desafios. Será apresentada aqui uma visão geral sobre 
organização profissional, entidades e associações representativas na Psicologia, os 
diversos níveis de participação e as especialidades aprovadas pelo Conselho Federal de 
Psicologia. Falaremos ainda sobre os termos utilizados na área.
Na sequência, a unidade 2 tratará da atuação e produção do conhecimento 
em Psicologia. Aqui serão mostrados os avanços e alternativas para a construção 
do conhecimento em Psicologia, trazendo à luz a importância desse estudo para o 
processo de legitimação e solidificação da imagem do psicólogo como alguém que pode 
ajudar a transformar a vida de indivíduos, grupos, comunidades e, por conseguinte, a 
própria sociedade. Vamos fazer aqui também uma sinopse sobre a história e os marcos 
cronológicos da Psicologia como profissão no Brasil. Abordaremos a regulamentação 
da profissão e a relação entre a formação acadêmica e a prática profissional. 
Na terceira unidade trabalharemos as práticas profissionais: campos de atuação, 
normas e regulamentações. Aqui serão estudados o conjunto de medidas e ações, 
organizações e institucionalizações e formalizações da Psicologia. Os conhecimentos 
descritos aqui sobre a Psicologia Contemporânea como profissão prepara o aluno com 
uma base sólida, explicando os mecanismos de controle e a psicologia do cotidiano.
A Psicologia contemporânea e os preceitos éticos serão temas da quarta unidade. 
Vamos discutir sobre o compromisso ético nas relações profissionais estabelecidas pelos 
psicólogos e o comportamento ético que deve ser perseguido tanto nas atividades de 
pesquisa quanto no exercício profissional. Entenda a relação da Psicologia com os Direitos 
Humanos e as Políticas Públicas nesta unidade e, por fim, conheça os principais tipos de 
pesquisa realizados na área e as possibilidades de assuntos que possam ser investigados. 
Se você quer ingressar nos estudos da Psicologia Contemporânea como profissão, 
este livro oferece importantes conhecimentos. Bons estudos! 
PREFÁCIO
UNIDADE 1
Psicologia: origens, primórdios de 
práticas científicas e profissionais
Olá,
Você está na unidade Psicologia: origens, primórdios de práticas científicas e profissionais. 
Conheça aqui a evolução histórica da Psicologia e suas inter-relações com as Ciências 
Humanas e Sociais. A Psicologia contemporânea e seus desafios. A organização 
profissional, as entidades e as associações representativas na Psicologia e os diversos 
níveis de participação. As especialidades na área aprovadas pelo Conselho Federal de 
Psicologia. Bem como as definições de termos básicos em Psicologia. Aprenda sobre as 
questões relativas a este campo de estudo, sua constituição enquanto conhecimento e 
prática profissional, sobre as principais pesquisas, as diversas áreas de atuação profissional 
e a formação e prática profissional da Psicologia Contemporânea.
Bons estudos!
Introdução
11
1 NOTAS INICIAIS
Fazer uma análise das práticas profissionais da Psicologia enquanto campo de conhecimento, 
passa, inexoravelmente, por conhecer suas origens e seus primórdios. Isto significa proceder 
questionamentos que guiem entendimentos, compreensões e conclusões, tais como: sob 
qual propósito tais práticas foram e são prescritas? Quais contextos serviram de cenário para 
que os saberes “psi” fossem produzidos? Como as práticas tidas científicas produziram os 
conhecimentos que hoje alicerçam à prática profissional do psicólogo? O que elas expõem? O que 
elas escondem? O que elas escamoteiam? Quais valores preconizam e são preconizados, a partir 
dos saberes “psi”? A quais fenômenos a Psicologia, enquanto ciência, se presta compreender? O 
que a História da Psicologia diz da própria Psicologia? De seus conhecimentos, de suas práticas e 
de seus resultados?
Figura 1 - Psicologia Ciência e Profissão 
Fonte: Tetiana Lazunova, Istock, 2020.
#ParaCegoVer: A Psicologia enquanto ciência e campo profissional caracteriza-se por várias 
perspectivas e escolas de pensamentos, que determinam desde concepções sobre o homem até 
as práticas de seus profissionais.
Notadamente, a Psicologia é uma miríade de fluxos políticos, físicos e sociais. Um dos grandes 
desafios a serem enfrentados, nesta unidade, senão o maior, é determinar uma identidade à 
Psicologia, seja enquanto área de saber científico, seja enquanto atividade profissional 
reconhecida e legitimada (BRASIL, 1962). Sua condição multifacetada e multideterminada dota à 
Psicologia de uma singularidade significativa, pois, no seio de suas bases, encontramos diversas 
correntes de pensamento e diversas maneiras de conceber seu objeto de estudo, sua área de 
investigação e seu campo de atuação.
12
1.1 Paradoxos e outras miscelâneas
Segundo Matos (2011), ao se discutir e debater a relação entre ciência e profissão, é preciso 
circunscrever um certo questionamento sobre a separação entre conhecimento científico e 
política, presentes na formação de qualquer cientista ou profissional, em especial os provenientes 
das ciências psicológicas. Nesta perspectiva, precisa toda área que produz conhecimento deve ser 
crivada enquanto espaço social. Isto é, é necessário problematizar o campo das práticas “psi” 
e da formação em psicologia, para assim melhor compreendê-la. Não é possível tratar de um 
indivíduo sem considerar como este é entendido, sem conhecer o paradigma que o compreende 
e o concebe. Saberes e políticas se engendram a fim de determinar a maneira com este sujeito é 
encarado e como será alocado.
Neste sentido, ao longo desta disciplina, você será convidado a questionar expressões, 
dicotomias, paradigmas e concepções do homem quanto a sua interioridade/exterioridade, quanto 
a sua condição de indivíduo em um dado contexto social e sob quais modelos os conhecimento 
psicológicos são produzidos e que formulados. Cabe destacar que você será instigado a identificar 
quais paradoxos produziram o que se entende contemporaneamente como Psicologia.
1.2 Nomenclaturas e expressões básicas
Para discutir o campo científico e profissional d a Psicologia, é necessário conhecer algumas 
expressões e nomenclaturas que delimitam entendimentos e compreensões sobre a natureza (ou 
naturezas) e dimensão (ou dimensões) que a encerram.
O termo contextualizar é o primeiro, segundo Tufano (2002) contextualizar refere-se a 
posicionar algo em um dado contexto. Ou seja, é situar uma dada situação (leia-se, um sujeito, 
um evento, um fenômeno) dentro de um fluxo de forças e vetores físicos e sociais, humanos e 
não-humanos que ocorrem em um dado espaço e tempo. De modo que, ao pôr em contexto, 
pretende-se revelar tudo o que se possa saber, por óbvio, sobre um determinado momento 
social. Trata-se de tornar o problema em tela compreensível e inteligível, pois ao se proceder 
assim, que se propicia é a análise e estudo de tudo o que se possa envolver sobre o fenômeno 
ali circunscrito. Ou seja, “[...] contextualizando tentamos colocar algo em sintonia com o tempo 
e com o mundo, construímos bases sólidas [...] sobre algo, [um] solo para criar um ambiente 
favorável, amigável e acolhedor para a construção do conhecimento” (TUFANO, 2002, p.41).
Já o conceito de modelo para Ronca (2002, p.153) é definido como “[...] modelos ampliam as 
nossas possibilidades de combinações [...]” de entendimento e compreensão do mundo a volta, 
são “[...] pontos de ancoragem, de apoio e de inspiração para a formação dos [tipos] diferentes 
profissionais”. Um modelo é uma referência de ação, de compreensão de pensamento.
13
Contextualizar 
O termo contextualizar é o primeiro, segundo Tufano (2002) contextualizar refere-se ado referencial teórico, que dará sustentação à 
análise e discussão dos resultados; a estruturação dos procedimentos de coleta; e a organização, 
tratamento e análise dos dados. 
São diversas as possibilidades de se conduzir o planejamento e a própria execução de uma 
determinada pesquisa. Existem inúmeros livros de metodologia científica voltados para a área de 
Psicologia, que envolvem a temática de métodos e técnicas de pesquisa em Psicologia e métodos 
de pesquisa em ciências do comportamento. 
82
2.1 Principais tipos de pesquisa em Psicologia
As pesquisas em Psicologia, pela natureza do método, podem ser de abordagem qualitativas 
ou quantitativas. Além disso, elas podem variar tanto em termos de caracterização quanto em 
termos dos procedimentos para coleta e análise de dados.
De uma maneira bem resumida, podemos dizer que em termos de caracterização, tem-se a 
pesquisa experimental, survey, etnológico e clínico. A pesquisa experimental envolve, por meio 
de uma situação criada em laboratório, a manipulação de uma ou mais variáveis independentes 
(supostas causas) para se analisar as consequências sobre uma ou mais variáveis dependentes 
(supostos efeitos). O survey é uma espécie de levantamento de dados, na qual se pergunta algo 
que já aconteceu a um certo número de indivíduos, em um único momento com vistas a uma 
generalização dos resultados. O etnológico é um tipo de estudo de campo, na qual o pesquisador 
busca conhecer a cultura e comportamento de determinados grupos sociais. E o clínico é o estudo 
que enfatiza a singularidade, a particularidade de um sujeito. 
No que se referem aos procedimentos de coleta de dados, podemos utilizar documentos 
(relatórios, manuais, textos), observações (participante ou não participante), questionários 
(conjunto de perguntas que podem ser abertas, fechadas), entrevistas (livres, semi-dirigidas ou 
padronizadas), inventários ou instrumentos de medidas (conjunto de itens em forma de escala 
que capta a variação do que se quer mensurar).
E, quanto aos procedimentos de análise de dados, estes podem ser alicerçados na análise 
estatística descritiva e inferencial (distribuições, estudo das relações entre variáveis, diferenças 
de médias e estudo de causalidade) e de conteúdo (categoria, temática e da enunciação).
2.2 Principais áreas e subáreas investigadas pela pesquisa em Psicologia
As investigações científicas em Psicologia são caracterizadas pela diversidade de abordagens 
teórica-metodológicas que se retroalimentam por diferentes perspectivas de atuação e de 
intervenção dos psicólogos, isso pode ser comprovado por diversos estudos que procuram 
investigar o ‘estado da arte’ de determinado assunto ou tema do pesquisador.
FIQUE DE OLHO
As pesquisas categorizadas como estado da arte ou estado do conhecimento, dizem 
respeito a pesquisas bibliográficas realizadas com o objetivo de realizar um mapeamento 
da produção acadêmica de determinado fenômeno, com fins de identificar como os estudos 
estão sendo conduzidos ao longo do período de tempo definido para tal análise. Por meio 
do estudo da arte, podemos identificar os pesquisadores envolvidos, as teorias e métodos 
utilizados e os resultados alcançados (FERREIRA, 2002). 
83
Os achados dos estudos relacionados ao estado da arte resultam em uma expressiva 
produção tanto em termos de quantidade quanto de qualidade. Os conhecimentos produzidos 
são compartilhados em eventos científicos de âmbito internacional, nacional, regional e acessíveis 
por meio de periódicos indexados, livros, manuais e anais dos referidos eventos.
É importante lembrar que, além do fato da Psicologia ser composta de áreas tradicionais e 
emergentes, com suas respectivas subáreas, existe uma diversidade de possibilidades teórico-
metodológicas e paradigmáticas de investigação dos fenômenos psicológicos, tornando-se, assim, 
complexa a possibilidade de visualizarmos aqui tudo de que sido estudado e produzido na área ao 
longo do XXI. Portanto, nos limitaremos em fazer alguns recortes em termos apenas ilustrativo. 
Para termos uma noção do que vem sendo publicado na área de Psicologia, desde que a 
profissão foi regulamentada e, principalmente, desde que houve uma significativa pulverização 
de cursos de Graduação e de Pós-Graduação (principalmente stricto sensu), podemos recorrer a 
uma análise dos conteúdos que, quase em sua totalidade, encontram-se disponíveis livremente 
aos interessados no portal de Periódicos Eletrônicos de Psicologia (PePSIC), da Biblioteca Virtual 
em Saúde. (PORTUGAL;SOUZA, 2018).
Portugal e Souza (2018) afirmam que a produção psicológica disponibilizada nas bases de dados 
acessadas pela internet é marcada pelo envolvimento da Psicologia brasileira com as questões 
sociais, muitas vezes, desvelando a articulação da Psicologia com a dimensão social e política.
[...] Ficam patentes as contribuições do conhecimento da Psicologia com políticas públicas, 
instituições de saúde, educação, assistência, garantia de direitos e com justiça social que demandam 
não apenas novos referenciais teóricos, mas, também, criatividade metodológica e o encontro com 
novos campos de trabalho (PORTUGAL;SOUZA, 2018, p. 620).
Entretanto, devemos lembrar que, durante muito tempo, o conhecimento em Psicologia 
contribuiu para desfocar a desigualdade social e as diferenças de classe, pois, ao trazer os modelos 
norte-americanos e europeus para o Brasil, defende-se a ideia de que “[...] todos são iguais, todos 
são dotados dessas potencialidades, que vem do pensamento liberal e que permite que se aplique 
à Psicologia, da mesma forma, a mesma técnica para todo mundo” (BOCK, 2010, p. 252).
Voltando à questão da publicação, podemos dar alguns exemplos, como o estudo de Primi 
(2010), que discorre sobre a pesquisa em avaliação psicológica. Segundo o autor, nas últimas 
décadas, houve um significativo aumento da quantidade de trabalhos publicados no Brasil. Tal 
fato pode estar associado ao surgimento e/ou consolidação de linhas de pesquisa nesta área, 
vinculadas à qualificados programas de Pós-Graduação em Psicologia.
Quando refletimos sobre a carência de estudos em determinadas áreas ou subáreas da 
Psicologia, podemos mencionar a constatação de Schneider e Moreira (2017) que, na conclusão 
de seu trabalho, observa-se que são ínfimos as investigações sobre a Psicologia Intensivista, 
84
desvelando a necessidade de se construir estudos na área, abordando temas como relatos 
de atendimentos de casos e outras experiências vivenciadas pelos psicólogos, mostrando a 
realidade de sua prática e as adaptações técnicas necessárias para lidar com as peculiaridades 
das demandas ali presentes.
Ainda, sobre um exemplo de uma lacuna no conhecimento, podemos mencionar o trabalho de 
Cabral e Perez (2019) que analisou a produção científica em Psicologia sobre a violência obstétrica, 
a partir de 2010, nas bases da Scielo e Google Acadêmico. A busca resultou em 120 artigos versavam 
sobre o assunto. Após a análise dos mesmos, as autoras concluíram que que a pesquisa em Psicologia 
sobre violência obstétrica é escassa, urgindo aprofundamentos sobre o assunto.
Com base na análise dos breves resumos de como tem sido a produção científica em Psicologia, 
podemos perceber a importância da psicólogo ter contato com a atividade de pesquisa, seja com 
o envolvimento direto no processo de produção ou pelo acesso aos resultados dos trabalhos de 
outros pesquisadores.
Pressupomos, portanto, que a pesquisa tem o potencial de fornecer ao psicólogo subsídios 
teóricos-metodológicos que ajudem a conhecer melhor o problema a ser enfrentado no seu 
cotidiano laboral, bem como escolher as estratégias, procedimentos e instrumentos para atuar 
de maneira assertiva, independente da natureza da demanda que lhe é endereçada.
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
3 A SITUAÇÃO ATUAL DA PSICOLOGIA NO ÂMBITO 
DA FORMAÇÃO E DA PRÁTICA PROFISSIONAL
Segundo Bock (2010), os resultados de algumas pesquisas têm indicado que os psicólogosse 
identificam afetivamente com a profissão e, mesmo sem atuar na área, muitos deles possuem registro 
85
no Conselho, na expectativa de que um dia consigam trabalhar na profissão. Em termos de formação, 
os cursos de Psicologia apresentam baixos índices de evasão e de inadimplência, inferindo-se a 
existência de um vínculo com a área escolhida e a presença do interesse por maior inserção.
É importante lembrar que a construção da identidade com a profissão tem seu início nas 
discussões da categoria que se questionavam: que Psicologia queremos, que psicólogos queremos 
ser?. Havia, na década de 1970, um desconforto em continuar sendo subserviente à elite gerando 
dúvidas a respeito da sua contribuição ou mesmo função na sociedade brasileira. Nos anos 
de 1980, dois fatos contribuem para que haja maior reverberação social, “[...] a inserção dos 
psicólogos na saúde mental, encontrando ali o movimento sanitarista já organizado e avançando 
a passos largos, e o surgimento, a partir das universidades, da Psicologia comunitária, que nasce 
nos estágios dos alunos” (BOCK, 2010, p. 250).
As novas práticas e as demandas conquistadas pelos psicólogos brasileiros no âmbito da 
saúde e comunitário, provocam mudanças também no âmbito acadêmico, com fins de preparar 
melhor os egressos de Psicologia para que contribuam para solidificar a conquista destes espaços 
e, de preferência, desbravar outros campos de atuação profissional, não perdendo o foco do 
compromisso social da categoria. 
O processo de preparação dos egressos ao longo do seu processo formativo e a conquista de 
novos campos de atuação profissional apresentam uma relação direta com o desenvolvimento da 
construção do conhecimento em Psicologia, bem como da capacidade crítica-reflexiva do psicólogo. 
Em outras palavras, a academia assume significativa neste desafio de construção da Psicologia, 
não só pela sua relação direta com o desenvolvimento da ciência, mas também e, principalmente, 
pelo processo de formação dos futuros profissionais de Psicologia.
Segundo Cassep-Borges (2013), a Psicologia é uma das mais importantes ciências na 
construção do futuro da humanidade, mas para que assim seja reconhecida e legitimada, precisa 
construir a si própria. Tal construção depende da convergência de interesses e motivações de 
vários atores de diferentes áreas, como a acadêmica, a governamental e a própria categoria 
profissional.
86
Figura 1 - A diversidade teórica-metodológica da pesquisa em Psicologia 
Fonte: Shutterstock, 2020.
#ParaCegoVer: A figura ilustra a diversidade de possibilidades de planejamento de uma pesquisa 
com destaque aquilo que se refere às decisões sobre sua caracterização, procedimentos de coleta de 
análise dos dados. 
Desde antes do surgimento das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para o curso de 
Psicologia, existiam críticas a respeito da formação. Mesmo com as mudanças sugeridas em 
termos de conteúdos curriculares, estruturação da matriz curricular, alocação de cargas-horárias 
e utilização de determinados cursos didáticos pedagógicos, ainda se constata, na prática, uma 
série de fragilidades que comprometem a preparação do aluno para enfrentar de maneira segura 
e competente os obstáculos e as demandas do mundo do trabalho.
Cassep-Borges (2013, p. 23) discorre que “[...] é mais que urgente a reformulação dos 
currículos de Psicologia, para adequá-los ao que se espera dela e dos profissionais do século XXI”. 
No ensino dos conteúdos curriculares é feita uma rica apresentação de ícones históricos da área, 
porém, quase nada se discute sobre o estado da arte da ciência.
González Rey (2014, p. 54) reforça o sentimento de urgência, alertando que “[...] a falta de 
discussão teórica e epistemológica na história da Psicologia, perpetuada até hoje, faz do ensino 
uma atividade essencialmente reprodutivo-instrumental”.
Apesar do surgimento de novas áreas da Psicologia, enquanto ciência, essa área do saber é, 
ainda, debatida de maneira tímida. Desse modo, com relação à neurociência, é ínfima a oferta de 
disciplinas voltadas à especialidade e, quando se oferta, muitas vezes é ensinada por professores 
de outras áreas do conhecimento. A Psicologia jurídica, por sua vez, normalmente é ofertada 
como uma disciplina eletiva. A Psicologia positiva, mesmo já ter um certo tempo de existência, 
raramente é incluída nos currículo e, para piorar, há psicólogos no Brasil que nunca ouviram falar 
87
dela (CASSEP-BORGES, 2013).
Quando observadas diferentes matrizes curriculares de cursos de Psicologia, verifica-se 
a quase ausência de abordagens e conteúdos curriculares voltados à “[...] Psicologia baseada 
em evidências, Psicofisiologia, Neurociências, Psicoimunologia, Psicofarmacologia, Ergonomia, 
Psicologia Ambiental, Psicologia do Esporte e do Exercício, Psicomotricidade, Psicologia Jurídica, 
Psicogerontologia, etc.” (CRUZ, 2006b, p. 784).
Mesmo nas área ditas como tradicionais, verificam-se problemas formativos, por exemplo, 
o docente responsável pela área da Psicologia educativa ou escolar foca o ensino nos próprios 
termos, conceitos e teorias de referência da área e “[...] raramente reflete sobre as expressões 
e consequências dessa área em outros campos da Psicologia, como a Psicologia clínica ou a 
Psicologia social” (GONZÁLEZ REY, 2014, p. 53).
Nunes et al. (2012) refletindo sobre os problemas relacionados ao processo formativo referente 
à atuação do psicólogo no âmbito da avaliação psicológica, fazem referência a um documento 
elaborado por especialistas que apresenta sugestões de diretrizes para serem seguidas no ensino 
de avaliação psicológica. O documento é organizado em quatro partes. A primeira destaca as 
27 competências básicas, que deveriam ser desenvolvidas ao longo da graduação por meio 
do ensino da história e prática da avaliação psicológica, legislação, ética, psicometria, impacto 
social para da avaliação, fundamentos e aplicabilidade de diversos instrumentos psicométricos e 
técnicas projetivas entre outras.
Na segunda parte do documento, tem-se propostas de disciplinas e conteúdos programáticos 
essenciais na matriz curricular. Na terceira parte é destacada a estrutura do ensino da avaliação 
psicológica necessária, incluindo recursos infraestruturais, didáticos-pedagógicos e perfil do 
professor responsável. Finalmente, na última parte, são sugeridas referências bibliográficas para 
subsidiar as unidades curriculares referentes à avaliação psicológica (NUNES et al., 2012).
Ainda pensando nas novas possibilidades de intervenção do psicólogo, Siegmund et al. 
(2015) lembram da psicoterapia mediada por internet. Este tipo de modalidade de atendimento 
psicológico, regulamentado pela Resolução n. 011/2012, pelo CFP, poderia ser trabalhada nas 
unidades curriculares que abordassem o aconselhamento psicológico e formas de psicoterapia, 
com fins de capacitar minimamente os estudantes para este nova possibilidade de atendimento.
Mas, como contemplar todos os pontos relacionados ao déficits do processo de formação e 
atuação dos psicólogos brasileiros, mencionados por diferentes especialistas da área?
Com base nos diversos trabalhos aqui consultados, poderíamos construir processos de ensino-
aprendizagem de alta qualidade na graduação se conseguíssemos obter consenso sobre quais 
deveriam ser as DCNs a serem seguidas nos cursos de graduação em Psicologia e, principalmente, 
88
se as diferentes IES, na prática aplicassem tais diretrizes e não apenas incorporando-as nos seus 
Projetos Pedagógicos de Curso.
Além disso, é necessário a solidificação de uma cultura de formação continuada, que motive 
os egressos, indo além dos cursos de Graduação. Tanto em nível de Graduação quanto de Pós-
Graduação, urge investimentos e, programas de formação de professores de Psicologia, pois são 
eles quem servirão de exemplo a ser seguido, bem como ajudarão, por meio de estratégias didático-
pedagógicas adequadas, a desenvolver competências técnicas e comportamentais daqueles que 
exercerãoou já exercem a profissão de psicólogo, mantendo-se assim, um círculo virtuoso. 
89
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• conhecer o compromisso ético nas relações profissionais estabelecidas pelos 
psicólogos;
• perceber a relação da Psicologia com os Direitos Humanos e Políticas Públicas;
• identificar os principais tipos de pesquisa realizados na área da Psicologia e a 
diversidade de assuntos que podem ser investigados;
• refletir sobre os avanços na área da Psicologia enquanto ciência e profissão;
• acompanhar a situação atual da Psicologia no que se refere ao âmbito da formação e 
da prática profissional.
PARA RESUMIR
AMENDOLA, M. F. História da construção do Código de Ética Profissional do Psicólogo. 
Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 14, n. 2, p. 660-685, 2014.
ANACHE, A., REPPOLD, C. T. Avaliação psicológica: Implicações éticas. In Conselho 
Federal de Psicologia, Avaliação psicológica: diretrizes na regulamentação da profissão. 
Brasília: Conselho Federal de Psicologia, p.57-85, 2010. .
BASTOS, A. et al. Compromisso social e ético: desafios para a atuação em Psicologia 
Organizacional e do Trabalho. In: BORGES, L. O.; MOURÃO, L. Trabalho e as organizações: 
atuações a partir da Psicologia. Porto Alegre: Artemed, 2013.
BOCK, A. A Psicologia no Brasil. Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 30, n. spe, p. 246-
271, dec. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1414-98932010000500013. Acesso em: 12 abr. 2020.
CABRAL, D. K.; PEREZ, S. M. S. C. Violência obstétrica: produção científica de psicólogos 
sobre o tema. Estudos Contemporâneos da Subjetividade, v. 9, n. 2, p. 270-283, 2019. 
Disponível em: http://www.periodicoshumanas.uff.br/ecos/article/view/2872/1660. 
Acesso em: 10 abril. 2020.
CASSEP-BORGES, V. Desafios para o futuro da Psicologia: contribuições da Psicologia na 
construção do conhecimento no século XXI. Psicologia: Ciência e Profissão, [s.l], n. 33 
p.14-23, 2013.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA - CFP. Resolução CFP n. 010/2005. Aprova o Código 
de Ética Profissional do Psicólogo. Brasília, DF. Disponível em: https://site.cfp.org.br/wp-
content/uploads/2005/07/resolucao2005_10.pdf. Acesso em: 04 abri. 2020.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Ano da avaliação psicológica: textos geradores. 
Brasília, DF, Conselho Federal de Psicologia, 2011.
CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA SP. Exposição 50 anos da Psicologia no Brasil: a 
História da Psicologia no Brasil. Conselho Regional de Psicologia da 6ª Região. São Paulo: 
CRPSP, 2012.
CRUZ, R. M. Competências científicas e profissionais e exercício profissional do psicólogo 
[Editorial]. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 36, n. 2, p. 251-254, 2016a. Disponível em: 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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situação atual e desafios. Psicologia em Estudo, [s.l] v. 20, n. 3, p. 437-447, jul-set, 2015.
Qual a situação atual da Psicologia no âmbito da formação e 
da prática profissional? Você entenderá esta questão e também 
os avanços e as deficiências presentes na matriz curricular dos 
diferentes cursos de Psicologia existentes. 
Estruturado em quatro unidades, esta obra traz os temas 
importantes para que você tenha uma visão geral da Psicologia 
como profissão. São elas: psicologia: origens, primórdios de práticas 
científicas e profissionais; atuação e produção do conhecimento em 
Psicologia; as práticas profissionais: campos de atuação, normas e 
regulamentações; a Psicologia contemporânea e os preceitos éticos. 
Bons estudos!posicionar algo em um dado contexto. 
Observação e análise
As noções observação e análise diferem-se por tratarem de conceitos distintos, mas 
intrinsecamente relacionados, mobilizados e assessoriamente articulados.
Prática 
O conceito de prática é resultante de uma ação, de uma perspectiva, efeito de um modo de 
pensar (HASS, 2002).
Espaço
O termo espaço diz respeito a muitas formas de interpretar e conceber o termo, seja do latim 
spatium (área ou extensão).
Pesquisa
A pesquisa tem relação com a existência humana, sobretudo, aquela dos tempos civilizatórios 
até os contemporâneos, destaca-se pela inquietante construção da inteligibilidade sobre o mundo.
Sistema 
O conceito de sistema que designa um conjunto de vetores e de forças que produzem uma 
condição, um evento, um resultado.
As noções observação e análise diferem-se por tratarem de conceitos distintos, mas 
intrinsecamente relacionados, mobilizados e assessoriamente articulados. Muito do que se 
concebe enquanto existência, enquanto dinâmica cotidiana se baseia na forma como dados, fatos 
e acontecimentos são encarados, captados, encarados: experimentados. Para Gonçalves (2002), 
a relação alinhavada na intersecção destas duas ações produz não apenas formas de entender o 
contexto (ciência), mas maneiras de atuar sobre ele (atuação profissional). Dela são produzidos 
saberes, e saberes sobre como fazer e como não fazer.
O conceito de prática é resultante de uma ação, de uma perspectiva, efeito de um modo de 
pensar (HASS, 2002). A prática está relacionada a atuações de sujeitos sobre o mundo, sobre 
outros e sobre si mesmo. Envolve, desta maneira, formas de interação, com o que se tenta 
compreender, com o que se busca manter ou modificar. Trata-se de um movimento de ir e vir 
sobre o contexto, sobre a vida.
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O termo espaço diz respeito a muitas formas de interpretar e conceber o termo, seja do latim 
spatium (área ou extensão), seja por seu sentido quantitativo (mensurando, tridimensionalmente, 
volumes e distâncias), seja, ainda, o lócus (real, virtual, factual ou fenomenológico), trata-se de 
uma delimitação que determina e é determinado pelos sujeitos, seja os que são estudados, seja 
os que produzem os saberes científicos, seja os que recebem algum tipo de intervenção, sejam os 
que intervém (CAMPOS, 2002).
A pesquisa tem relação com a existência humana, sobretudo, aquela dos tempos civilizatórios 
até os contemporâneos, destaca-se pela inquietante construção da inteligibilidade sobre o 
mundo. Interrogar, investigar, perscrutar o que nos circunda e o que nos determina é o que se 
denomina pesquisa. Neste sentido, o ato de pesquisa discrimina-se por diferentes modulações 
que variam entre a busca, a procura, a indagação, a averiguação, a enquista, o informe, a arguição, 
a perquirição sobre uma dada realidade com vistas a torná-la compreensível, significativa (MELLO, 
2002). Por mais técnica e precisa, descritiva e profunda, nanométrica e certeira, toda a pesquisa é 
política e social, pois ela parte de algum ponto de vista, de alguma perspectiva, de alguma crença 
anterior que conceba uma dinâmica contextual (ROSE, 2001).
O conceito de sistema que designa um conjunto de vetores e de forças que produzem uma 
condição, um evento, um resultado. Designa uma totalidade que articula diferentes interações de 
objetos, elementos, pessoas, fatos, acontecimentos. Está relacionado a uma visão que concebe 
uma interconexão dinâmica entre diversos elementos na composição e no esclarecimento e um 
dado contexto. A compreensão da existência parte de uma premissa processual.
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
Após essa breve preleção inicial, faz sentido nos seguirmos, em nosso itinerário, adentrando, 
especificamente, sobre os elementos conceituais e históricos da Psicologia, enquanto ramo 
científico. Sobre o conteúdo, é nosso intuito oferecer uma base que possibilite ampliar a 
perspectiva dos estudos relacionados a esse área, bem como aprofundar conceitos, através 
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da exemplificação de alguns modos de pensar e ver o mundo, escolas de pensamento e visões 
críticas sobre os primórdios e influências, e, assim, oferecer uma experiência prática e elucidativa 
de como se constitui a Psicologia Científica Contemporânea, tanto em termos de conhecimentos 
e práticas quanto de efetiva intervenção e posicionamento profissional.
2 CONCEITO E HISTÓRIA DA PSICOLOGIA 
CIENTÍFICA
Como destacado por Jacó-Vilela e Oliveira (2018), a história da Psicologia, de sua formação 
em campo de saber, é permeada e, em alguma medida, está condicionada a diferentes modos de 
fazer e produzir conhecimento. Esta é uma das primeiras marcas da Psicologia: sua pluralidade, 
em termos de fontes e influências, em termos de aplicabilidade e intersecção com outros saberes.
Desta forma, seguiremos, aos principais pontos que definem a Psicologia, comentando 
definições e conceituações que alicerçam estas delimitações de seus conhecimentos em relação 
à outras ciências.
2.1 O que é Psicologia?
Do termo grego psykê (alma, espírito, mente) em conjunção com a expressão logos (que 
designa estudo conhecimento), o termo Psicologia, poderia ser traduzido como sendo o estudo 
da alma, do espírito, da mente. Ainda que na época grega, a ideia de cientificidade não estava 
atrelado a esse conceito. Entretanto a concepção ;e oportuna para iniciarmos o debate do que 
vem o estudo da Psicologia.
Figura 2 - Paradoxos 
Fonte: Dmitrii_Guzhanin, Istock, 2020.
#ParaCegoVer:A Psicologia ao longo de sua história, teve como principal condição, relações 
de antagonismo, de dualidade, paradoxais e que situam seus conhecimentos e suas práticas. Na 
figura das faces viradas para lados opostos de silhueta, uma branca e uma preta.
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Para Carrara (2015, p.27) “[...] seja no cenário da experimentação, seja no da reflexão, a 
principal dificuldade para o desenvolvimento e a consolidação [de um] conhecimento [...]” passa 
por se conseguir “isolar” o seu fenômeno. Ao longo de seu processo histórico-constitutivo, a 
Psicologia, através de inúmeros personagens, desenhou esta relação dicotômica de saberes: 
objetividade versus subjetividade, inatividade versus ambiente, monismo versus dualismo, 
estruturalismo versus funcionalismo etc. Enfim, suas principais marcas são a incompletude e a 
polêmica, na busca por consolidar-se enquanto campo científico.
Para a autora são estas contraposições que formam o terreno para a Psicologia erigir suas 
conceituações e demarcar seu objeto de estudo: as dimensões psicológicas. Ao longo de suas 
elucidações, os teóricos que compõe o exército de pesquisadores da Psicologia, caracterizadamente, 
oscilaram por estes antagonismos, sempre, por polos de ‘constructos hipotéticos’, a fim de denominar 
e erigir “[...] teorias e sistemas explicativos no contexto da Psicologia” (CARRARA, 2015, p.28).
2.2 O estudo objeto de Estudo da Psicologia
Um dos grandes desafios para compreender a evolução histórica das chamas Ciências 
Psicológicas, reside no fato de que as correntes de pensamento que a produzira, que a delimitaram 
e que a praticaram, mostram-se diversas, muitas vezes, antagônicas e dissonantes em seus modos 
de encarar o um dado (ou vários) objeto(s) de estudo (MATTOS, 2011).
Neste sentido, cabe destacar o que Carrara (2015, p.28-29) explica,
[...] No exemplário dos episódios de vida, cada atividade dos organismos parece apresentar-se 
menos ou mais influenciada por variáveis da história biológica ou da história ambiental. Algumas 
situações são, ilusoriamente, exemplos “claros” de uma ou de outra, entre duas formas de determinação: 
1) as mudanças na dilatação da pupila em função da variação claro/escuro; os comportamentos que 
compõem o “estilo” de construção de ninho do pássaro joão-de--barro; o ato de seguir o primeiro 
objeto que se move, comum entre certas aves (o imprinting, ou estampagem, no exemplo clássico de 
Lorenz, não importa se correto ou não); [...] (2) quando respondemos mediante contração ou dilatação 
pupilar emfunção de acontecimento sonoro só por nós ouvido num filme; quando o elefante do 
circo, após fazer seus malabarismos, inclina-se para receber o “reconhecimento” do público; quando 
legamos aos nossos descendentes um estilo arquitetônico de construção residencial; quando o técnico 
em informática faz um reparo no nosso notebook.
Neste sentido, definir o objeto de estudo da Psicologia, não parecer ser algo simples, mas tal 
qual a luta diária de Sísifo em levantar a pedra, dirimir o que se presta a Psicologia a compreender 
é tarefa complexa e árdua. Conforme os exemplos dados por Carrara (2015), nenhum deles 
configuram-se apenas em um dos pólos: objetivo e subjetivo. Tanto um quanto o outro encerram 
e engendram facetas de aspectos genéticos e ambientais.
Mas, afinal, o que a Psicologia estuda? Que conhecimentos “psi” são gerados, a partir de 
pesquisas que façam uso de seu arcabouço conceitual? É possível compreender que aquilo que a 
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Psicologia busca compreender, e foca seus mais variados estudos, diz respeito a algo privado ao 
sujeito humano, seja por analogia animal, ou mesmo sob a égide de premissas fisiológicas, seja a 
partir de elucubrações e ilações sócio-históricas. Em geral, tanto uma quanto outra abordagem, 
tratam de questões que sejam privativas dos seres humanos, nas mais diversas variações. E isto, 
podemos denominar ‘fenômenos psicológicos’, uma gama variada e ampla de ocorrências que 
circunscrevem e delimitam-se como objeto de estudo da Psicologia. Parece, assim, razoável não 
falar de uma psicologia, mas sim, de psicologias, que compreendem não um objeto de estudo, 
mas de objetos de estudos psicológicos. As diferentes influências científicas e sociais que erigiram 
a Psicologia, também, em alguma medida, determinam seus modos de pesquisa, suas práticas e, 
por conseguinte, seus saberes. E é isso que nos enveraremos no tópico seguinte.
3 PSICOLOGIA E SUAS ORIGENS (PERCURSO 
HISTÓRICO-FILOSÓFICO)
A Psicologia em seus primórdios tem raízes desde que o homem começou a se questionar 
sobre sua posição no meio em que vive (FIGUEIREDO, 2007). Entretanto, se remontarmos uma 
genealogia, por mais superficial que seja, de sua constituição, enquanto saber, veremos que a 
Psicologia começou a ser sistematizada com as civilizações grega.
Figura 3 - Os sete saberes gregos 
Fonte: ROSAS, 2010, p.46.
#ParaCegoVer: Os apotegmas gregos, a Filosofia grega, rica em variedade e pensamentos, 
já esboçava questionamentos e máximas (apotegmas), que hoje subsidiam os questionamentos 
psicológicos.
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Como ilustrado pela relação apresentada por Rosa (2010) os filósofos gregos já esboçavam 
inquietações e premissas que buscavam explicar a natureza humana. Além disso, buscavam 
desvendar o porquê e para que os sujeitos humanos agiam, pensavam e se mobilizavam. Ao 
longo da história humana, a Filosofia teve papel singular, enquanto suporte conceitual e analítico, 
especulando sobre o comportamento do homem, sobre as próprias experiências, um dos primórdios 
da introspecção, o que mais tarde seria adotado como método principal da Psicologia em seu início.
Anterior à Psicologia Científica, um terreno foi preparado para sua criação e instauração. 
Figueiredo (2008, p.22) destaca que é preciso considerar não apenas os elementos científicos e 
conceituais, mas também, as “[...] as condições sociais, econômicas e culturais [...]”. Destacando 
alguns pontos, o primeiro é o embate, entre, de um a lado, aqueles saberes não-científicos 
(introspectivos, privados e; de outro, a necessidade de colocar tais saberes sobre uma lógica 
validadora (leis, conceitos, regulações) que possibilitaria um controle técnico e de reprodução social. 
E O segundo as divergências e as oposições que contrapõe, em decorrência do primeiro ponto, que 
caracterizam diferentes perspectivas (a Medicina, a Administração, a Educação, as Ciências Sociais, 
a Filosofia, etc.), ou seja, uma ampla variedade de matrizes que reivindicam s saberes “Psi”.
3.1 As matrizes da Psicologia
Figueiredo (2008), identificou diferentes tipos de matrizes, que refletem seu arcabouço 
teórico, caracterizam, ambíguo. Segundo o autor, por “[...] causa disso, na história da psicologia, a 
ordenação no tempo das inovações teóricas e das descobertas empíricas só é tarefa razoável [...]” 
quando estes estão contextualizados e localizados de modo bem preciso quanto á corrente que 
as produziu. Neste sentido, é possível citas as seguintes matrizes identificadas por ele.
As Matrizes Cientificistas: a matriz nomotética e quantificadora; a matriz atomicista e 
mencanicista; a matriz funcional e organista.
As Matrizes Românticas e Pós-românticas: a matriz vitalista e naturista e; as matrizes 
compreensivas.
É interessante notar que esta classificação sinaliza, como o próprio autor destaca, a condição 
antagônica e assimétrica que a Psicologia se construiu. Uma vez que, representa diversa posições, 
influências e orientações intelectuais (irredutíveis) e não intercambiáveis, umas com as outras. 
FIQUE DE OLHO
Uma discussão interessante acerca do papel da Filosofia sobre a formação da Psicologia 
é apresentada pelo texto de Rodrigues e Mattar (2012) intitulado: “Psicologia, Filosofia, 
encruzilhadas, experimentações: caminhos possíveis no diálogo com Kierkegaard e Foucault”. 
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Salienta ainda, que só é possível conceber tal Torre de Babel, justamente, se conjuntamente a isto, 
perscrutar-se “[...] no contexto dos conjuntos culturais de que fazem parte e nas suas relações com 
o projeto [...] de constituição da psicologia como ciência independente” (FIGUERDO, 2008, p.22).
As matrizes cientificistas, concebem como objeto de estudo da Psicologia aquele especificado 
pela “[...] imitação mais ou menos bem-sucedida e convincente de modelos de prática vigente, 
nas ciências médicas, exatas e naturais” (Ibidem, p.26-27).
Ao passo que as matrizes românticas e pós-românticas que enfatizam e destacam um objeto de 
estudo, à Psicologia, mais delineado e centrado nos “[...] atos e vivências de um sujeito, dotados de 
valor e significado para ele [...]” (Ibidem, p.27). Assim, a identidade cientifica da Psicologia, sob esta 
matriz, é outorgada sob a premissa da busca de novas referências que legitimem suas abordagens.
3.2 As matrizes cientificistas
As matrizes empreendidas nesta tipologia mais ampla da Cientificidade, são marcadas pela 
adoção fiel dos modos naturais de fazer ciência. Como, por exemplo, a Matriz de ordem Nomotéticas 
e Quantificadoras. Trata-se daquelas correntes teóricas que compreendem a existência de uma 
ordem natural a ser descoberta e identificadas. Os fenômenos psicológicos e comportamentais, 
produtivamente, precisam ser compreendidos e catalogados. Para tanto, as técnicas e métodos 
criados, seguem a lógica de que “[...] a única operação efetuada é a mensuração, sustentada na 
pura observação ou na intervenção [...]” (FIGUEIREDO, 2008, p.27). programada. O conhecimento 
produzido é guiado por uma lógica e autocorreção constante, em que todo o evento natural é revisado 
(através da experimentação), vez após vez a fim de situá-lo, corretamente, na ordem das coisas.
Figura 4 - Olhares científicos 
Fonte: Amanda Goehlert, Istock, 2020.
#ParaCegoVer: Os fenômenos das teorias aqui abarcadas, são preconizados e concebidos em 
termos de validade e experimentação.
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Já a Matriz Atomicista e Mecaniscista organiza suas premissas a partir “[...] de relações 
deterministas e probabilísticas, segundo uma concepção linear e unidirecional de causalidade” 
(FIGUEIREDO, 2008, p.28).
Neste sentido, o conhecimento é fruto da identificação de elementos mínimo que irão 
constituir o fenômeno alvo, no qual a realidade é a produtora do fenômeno, através da 
combinação de diferentes elementos. Isto significa que há um começo, um meio e um fim, entre 
a causalidade e o fenômeno em si. Uma temporalidade, ao mesmo tempo, atômica (estrutural), 
em que conceitos, configurações de fenômenos e, mecânica (linear), que apenas substitui o 
determinismopelo probabilismo, na concepção do seu objeto de estudo.
Surge, ainda, teorias que se alicerçam em uma matriz mais Funcionalista e Organicista. 
Segundo Figueiredo (2008, p.29), das três matrizes cientificistas, a que mais influenciou (até 
tempos atuais). Ainda sob a lógica cientificista, esta matriz recupera a concepção de que os:
[...] fenômenos vitais precisam ser explicados em termos de funcionalidade, dos seus ‘propósitos 
objetivos’ [pois trata-se de] fenômenos que evoluíram e se mantêm na interação com as suas 
consequências. Mais que isso: são fenômenos que incorporam seus efeitos nas suas próprias definições.
Diferente das outras matrizes, esta concebe o fenômeno tanto em sua causa quanto em sua 
consequência, ou seja, numa dinâmica circular: um efeito é causa de outro efeito, uma causa é 
efeito de outra causa. Surge a premissa de que a parte (funcionalidade, organização, mecânica) 
é expressão de um todo: suas partes são interdependentes entre si, e do todo, e vice-versa. Isto 
implica que, a historicidade do fenômeno começa a implicar em seu acontecimento. De modo 
diferente do que se preconizou nas outras matrizes cientificistas (subdivisão e identificação de 
elementos), na Matriz Funcionalista e Organicista se enfatiza a identificação e análise de Sistemas 
Funcionais. Sob a égide da inteligibilidade científica, as escolas de pensamento oriundas desta 
matriz desenvolveram suas teorias sob uma lógica que expressão algum valor e significa. É daí a 
concepção de funcionalidade entre as diferentes partes do sistema.
3.3 As matrizes Românticas e Pós-Românticas
As matrizes desta lógica são, literalmente, tudo o que foi refugado pelas Matrizes Cientificistas. 
Traduzidas em atitudes e perspectivas intelectuais que concebem um carácter qualitativo 
aos fenômenos psicológicos. No que tange à Matriz Vitalista e Naturalista, são enfatizados 
conhecimentos que favoreçam a vida espiritual do homem, a natureza fluida das coisas, uma vez 
que o interesse científico é suplantado pelo interesse estético, de modo que “[...] se anulam as 
diferenças entre sujeito e objeto do conhecimento e a diferença entre ser e conhecer” (FIGUEREDO, 
2008, p.32). Vale destacar as correntes humanistas e corporais da Psicologia, que mais forcam-se 
nas práticas clínicas e nas representações sociais do que em validações conceituais.
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Figura 5 - Olhares românticos 
Fonte: Undrey, Istock, 2020.
#ParaCegoVer: Matrizes Românticas e Matrizes Pós-românticas Os fenômenos das teorias 
aqui abarcadas, são preconizados e concebidos em termos de validade e experimentação.
Agora no que se refere às Matrizes Compreensivas, estas são guiados por um interesse 
comunicativo, não é à toa, que Figueiredo (2008) a classificou como de interesse comunicativo, 
em essência, pelas formas simbólicas do fenômeno psicológico. Estruturadas em três linhas, 
vejamos a seguir.
Historicismo Ideográfico
Interessado em captar a vivência imediata do sujeito: significados, valores, sem generalizações 
e esquemas formalizantes.
Estruturalismo
Focado na compreensão das estruturas geradoras de mensagens, suas regras, organizações, 
formatos e processos.
Fenomenologia
Crédulo na premissa de que todo o conhecimento e juízo está alicerçado em uma estrutura 
cognitiva definidora de formas, de mecânicas, de processos, os quais se constituem e se validam, 
a si mesmos.
Cabe destacar que, as matrizes compreensivas se caracterizam, talvez com exceção do 
estruturalismo, por secretarem o culto da experiência única. Isto é, algo que sinaliza a exclusividade 
da escolha e indeterminável do ser psicológico. Em contraponto às matrizes científicas valorizam 
um pensamento psicológico centrado na ideia de um sujeito, enquanto objeto de estudo, como 
qualquer outro.
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Já as matrizes compreensivas concebem um pensamento psicológico norteado pela premissa 
de um sujeito retraído a si mesmo (subjetividade), livre à sua própria prisão: indeterminável, 
exclusivo e irreproduzível, em suma único.
Este ziguezague conceitual, para estudiosos da História da Psicologia, tais como Schultz e 
Schultz (2009), Figueiredo (2008), Figueiredo; Santi (2008), Abib (2005), e muitos outros, é uma 
das marcas idenitárias. A história dos preceitos e conceitos psicológicos, em grande parte, revela 
a presença de várias filosofias científicas, que “correm por baixo” (ADDIB, 2005) de suas correntes 
e escolas de pensamento, uma verdadeira ‘colcha de retalhos’, que entrelaça diferentes crenças 
metafísicas, epistemológicas, sociais etc. A cada intérprete de seus fenômenos, a Psicologia, com 
suas proposições e entendimentos, revela-se mais e mais modulável Figueiredo e Santi (2008).
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4 CONSTITUIÇÃO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA
Ao início de uma ciência, de um ramo científico, torna-se imprescindível a consecução de um 
projeto e, por conseguinte, de marcos que concretizam e materializam suas etapas. No caso da 
Psicologia, se, nos seus primórdios, houve todo um conjunto de pré-condições socioculturais, no século 
XIX, para sua condição científica, a citar: a experiência da subjetividade privatizada, a Modernidade e 
sua consequente crise e efeitos à subjetividade, o sistema mercantil e a individuação, a ideologia liberal 
iluminista, romântica e o regime disciplinar. Cabe destacar três projetos, como apresenta Figueiredo e 
Santi (2008): o projeto de Wundt, o projeto de Tichner e o projeto funcionalista, que se sinalizam como 
marcos para a emergência de uma ciência psicológica independente.
4.1 A Psicologia Intermediária de Wundt
Willhem Wundt, psicólogo alemão, ostenta o reconhecimento de fundar, pioneiramente, o 
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primeiro projeto de uma psicologia científica de forma independente. Ao criar de um conjunto de 
instituições voltadas a ações de pesquisa e ensino da Psicologia, formando assim um expressivo 
número de profissionais: psicólogos (FIGUEIREDO;SANTI, 2008; TORMAN, 2015).
A partir de uma visão interscectiva, Wundt concebia a Psicologia como posicionada 
entremeada por outras ciências: da natureza e da cultura. Neste sentido Wundt, produziu uma 
extensa obra que variou entre experimentos fisiológicos e sociais. Justamente, por quê Wundt 
interessou-se na experiência imediata do indivíduo, como ele a vivencia, antes mesmo de se pôr 
a pensar sobre ela.
[...] Contudo, Wundt não reduz a tarefa da psicologia à descrição dessa experiência subjetiva. Ele 
quer ir além e tenta fazê-lo de duas formas: a) utilizando o método experimental, ele pretende. pesquisar 
os processos elementares da vida mental que são aqueles processos mais fortemente determinados 
pelas condições físicas do ambiente e pelas condições fisiológicas dos organismos. Com o método 
experimental, em situações controladas de laboratório, Wundt procura analisar os elementos da 
experiência imediata e as formas mais simples de combinação desses elementos. Mas isso é apenas o 
começo da psicologia, e não é o mais importante para Wundt; e b) por meio da análise dos fenômenos 
culturais - como a linguagem, os sistemas religiosos, os mitos, etc. (FIGUEIREDO; SANTI, 2008, p.62-63).
De modo muito característico, a Psicologia wundtiana posicionava-se entre duas causalidades: 
a física e a psíquica, entre princípios físicos/fisiológicos e princípios que explicariam a conduta 
humana. Os preceitos do projeto experimental de Wundt buscavam, justamente, articular estas 
duas causalidades, tentando explicar como elas interagia, integrando-se, em uma dinâmica 
psicofísica. Figueiredo; Santi (2008, p.63) destaca que, mesmo sem perceber, Wundt já iniciou 
não uma Psicologia, mas sim duas ciências psicológicas:
[...] a) a psicologia fisiológica experimental, em que a causalidade psíquica é reconhecida, mas não 
é enfocada em profundidade - e nesse sentido não se cria nenhum problema mais sério para ligar essa 
psicologia às ciências físicas e fisiológicas; e b) a psicologia social ou “dos povos”, cuja preocupação é 
exatamente a de estudar os processos criativos emque a causalidade psíquica aparece com mais força.
Em síntese, justamente, por conceber o fenômeno psicológico como sendo vasto e complexo, 
que demandava um suporte interseccional, entre as ciências naturais e as socioculturais, Wundt 
inaugurou um marco inaugural para a psicologia.
4.2 A Psicologia Estruturalista de Titchener
Aluno de Wundt, o psicólogo americano Edward Bradford Titchener, é considerado o 
responsável pela divulgação da obra de seu mestre em terras estadunidenses. Suas premissas 
de estudo estabelecem não mais na experiência imediata de um sujeito psicofísico, mas sim, 
na experiência dependente de um puro organismo: um sistema nervoso. O foco vai além da 
experiência em sim, como pensado por Wundt. Titchener baseia-se nas justificativas fisiológicas 
da vida mental (FIGUEIREDO; SANTI, 2008).
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As explicações psicológicas do projeto de Titchener está alicerçada, de modo emprestado, de 
conceitos oriundos das ciências naturais,
[...] com isso, a psicologia deixa de ser tão independente como pretendia Wundt. Em compensação, 
começa a desaparecer o problema com a unidade psicofísica: Titchener defende a posição denominada 
paralelismo psicofísico, em que os atos mentais ocorrem lado a lado a processos psicofisiológicos. Um 
não causa o outro, mas o fisiológico explica o mental (FIGUEIREDO; SANTI, 2008, p.65).
Titchener tem baseado na lógica de que é possível fazer uma Psicologia exclusivamente, 
em métodos como a experimentação e a observação. Sendo que, em terras psicológicas, tais 
métodos, em especial observação, seriam empreendidos a partir de auto execução. Os sujeitos 
(treinados) seriam capazes de descrever, objetiva e detalhadamente, suas experiências subjetivas 
(em experiências laboratoriais).
Assim, em primeiro a Psicologia, em sua essência, precisaria focar, tão somente na descoberta 
e na compreensão da natureza das experiências conscientes elementares. Já em segundo lugar a 
consciência deveria ser analisada de forma estrutural (TORMAN, 2015).
FIQUE DE OLHO
Para saber mais sobre a fundação do Laboratório de Wundt convido você a ler o texto de 
Saulo de Freitas Araujo (2009), intitulado “Wilhelm Wundt e a fundação do primeiro centro 
internacional de formação de psicólogos”.
ARAUJO, S.F. Wilhelm Wundt e a fundação do primeiro centro internacional de formação 
de psicólogos. Temas psicol., Ribeirão Preto, v.17, n.1, p.09-14, 2009. Disponível em: http://
pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2009000100002&lng=pt
&nrm=iso. Acesso em: 28 mar. 2020.
FIQUE DE OLHO
Para saber mais sobre a proposta metodológica de Titchener, convido você a ler o texto de 
Cíntia Fernandes Marcellos (2014), intitulado “O Introspeccionismo Ainda Não Considerado: 
O Caso de Edward Titchener”.
MARCELLOS, C.F. O Introspeccionismo Ainda Não Considerado: O Caso de Edward 
Titchener. Psicol. pesq., Juiz de Fora, v.8, n.1, p.127-131, jun.2014. Disponível em: http://
pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-12472014000100012&lng=pt
&nrm=iso. Acesso em: 28 mar. 2020
25
Se Wundt serviu de subsídios para a moderna psicologias cognitivas e a contemporânea 
psicologia social, e mesmo a psicolinguística; Titchener se esforçou e agregou à Psicologia seu 
caráter subordinativo às Ciências Naturais. muitas das correntes de pensamento atuais, em 
especial aquelas que se articulam com as Ciências Naturais, devem aos estudos de Titcherner, 
muitas de suas premissas e referências.
4.3 A Psicologia Funcionalista de James
William James, expoente da Psicologia Funcional, concebia uma Psicologia – alicerçada nas 
Ciências Naturais – interessada nos processos, operações e atos psíquicos (mentais) como forma 
de interação adaptativa (FIGUEIREDO; SANTI, 2008). Sob a lógica evolutiva de que os seres vivos 
(homens e outros animais) só sobrevivem se portadores de características que permitam sua 
adaptação ao ambiente que os circundam.
A Psicologia Funcional de James, pressupõe, que as características orgânicas e comportamentais 
evoluem, e por efeito, adaptam o indivíduo (ou qualquer ser vivo) ao ambiente
[...] certo nível de adaptação envolve as capacidades de sentir, pensar, decidir, etc., ou seja, o nível 
propriamente psíquico. As operações e processos mentais seriam, assim, instrumentos de adaptação e 
se expressariam claramente nos comportamentos adaptados (FIGUEIREDO; SANTI, 2008, p.65).
Mas para compreender com tais processos mentais operam no cotidiano humano, é preciso uma 
ampla variedade de técnicas e métodos de pesquisa. A mente pode ser estuda, de modo confiável, 
não pela introspecção titcheneriana, mas sim, pela observação dos comportamentos adaptativos.
4.4 A Psicologia Associativa de Thorndike
Edward Lee Thorndike, é o principal representante do Projeto de Psicologia, denominado 
Associacionismo. Centrado, principalmente, por desenvolver pesquisas comportamentais com 
animais de modo comparativo ao comportamento humano, especialmente, aqueles manifestos. 
Ou seja, aqueles que pudessem ser observados e mensurados (TORMAN, 2015).
Thorndike concebe uma Psicologia centrada na objetividade. Seu foco era compreender 
a aprendizagem, não em termos subjetivos, mas sim, no âmbito das concessões concretas, 
FIQUE DE OLHO
Para saber mais sobre a teoria funcionalista de James, leia o texto de Saulo de Freitas Araujo 
de Aldier Félix Honorato (2017), intitulado “Para Além dos Princípios de Psicologia: Evolução 
e Sentido do Projeto Psicológico de William James”.
26
exclusivamente, via a relação entre estímulos e respostas. Suas descobertas tiveram grandes 
impactos na área da Educação, de modo à contribuir com a inserção da psicologia tanto 
como disciplina aplicada na área educativa quanto como um ramo diversificado (Psicologia da 
Educação). É dele a chamada Lei do Efeito (SCHULTZ; SCHULTZ, 2009), bastante cara à correntes 
psicológicas mais contemporâneas, como o behaviorismo radical, por exemplo.
5 A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO EM 
PSICOLOGIA
Como destacado por Figueiredo e Santi (2008, p.17) os projetos científicos para uma 
Psicologia independente, precisam ser entendidos em função das condições socioculturais que 
os circunscrevem
[...] as condições para a emergência de projetos de psicologia científica eram duas: a) um 
alto nível de elaboração da experiência subjetiva privatizada; e b) a crise dessa experiência, com o 
reconhecimento de que o sujeito não é tão livre como julga, nem tão único como crê. É isso que leva à 
necessidade de superar a experiência imediata para compreendê-la e explicá-la melhor.
Seja pela via das Ciências Naturais, em que alguns projetos tentaram explicar – fisiológica, 
biológica e objetivamente – os fenômenos psicológicos. Seja pela via das Ciências da Sociedade e 
das Culturas, em que foram enfatizados aspectos mais subjetivos e menos observáveis. Dois lados 
de uma moeda, facilmente perceptível e de difícil compatibilização.
De um lado uma perspectiva científica em que a objetividade é a premissa básica, e que 
se vale da identificação das forças biológicas e ambientais que causa, produzem e controlam o 
comportamento, de modo a reproduzi-lo.
No oposto, outra perspectiva que se presta a capturar as vivências, de modo íntimo e privativo, 
mas que não se interessa em causas nem efeitos, mas sim, no como, no estado, na condição. 
Tanto comportamentos quanto vivências são lados de uma moeda difíceis de articulação. 
Figueiredo e Santi (2008, p.87), tentam explicar esse aspectos, pontuando que
[...] nós não somos para nós mesmos facilmente compreensíveis, nem sabemos ao certo como 
somos, por que somos e por que agimos de uma ou de outra maneira. Ora, isso reflete muito bem a 
nossa condição existencial: ternos uma clara noção, vivemos intensamente e atribuímos um alto valor à 
nossa experiência da subjetividade privatizada e, ao mesmo tempo, sentimos que nossa subjetividade 
e nossa individualidade estão ameaçadas.
Estas diferentes linhas de pensamento, que dividem e compõe a psicologia científicacontemporânea, não ocorrem por acaso. Elas são expressão do estado natural produzido no 
seio de sua condição de ciência independente: a crise. seja a subjetividade a ser compreendida, 
27
perscrutada; seja o comportamento a ser observado, mensurado e sequenciado; a Psicologia, 
encontra-se, desde seu início, em uma constante intermediação de seus conhecimentos com 
outros saberes científicos, naturais e sociais.
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
A produção de conhecimento psicológico sobre a vida humana é perpassada por modos 
de pensar práticas científicas, sociais, profissionais e humanas. Esses modos atravessam tanto 
a execução de comportamentos quanto a sua observação. Neste sentido, a todo momento a 
Psicologia, enquanto ciência independente, designa-se em uma constante crise, intercambiando 
conhecimento com outras áreas do saber, seja para seus próprios movimentos, seja, para 
subsidiar os movimentos de outras áreas que de tais conhecimentos faça uso das Ciências Sociais 
Aplicadas, Educação, Pedagogia, Administração, Ciências da Saúde etc.
28
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• descrever a evolução histórica da psicologia e suas relações com as ciências humanas 
e sociais;
• demonstrar a psicologia na contemporaneidade e seus desafios;
• introduzir as questões relativas à psicologia, sua constituição enquanto conhecimento 
científico.
• conhecer a contrução do conhecimento em Psicologia.
PARA RESUMIR
ABIB, J.A.D. Prólogo à história da psicologia. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, v.21, n.1, p.053-
060, Apr. 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0102-37722005000100008&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 27 mar. 2020.
ARAUJO, S.F. Wilhelm Wundt e a fundação do primeiro centro internacional de 
formação de psicólogos. Temas psicol., Ribeirão Preto, v.17, n.1, p.09-14, 2009. 
Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
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BRASIL. Lei n. 4.119, de 27 de agosto de 1962. Dispõe sôbre os cursos de formação em 
psicologia e regulamenta a profissão de psicólogo. Brasília, DF: Presidência da República. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/l4119.htm. Acesso 
em: 27 mar.2020.
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cultura. São Paulo: Editora UNESP, 2015.
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FIGUEIREDO, L.C.M.; SANTI, P.L.R. Psicologia, uma (nova) introdução: uma visão histórica 
da psicologia como ciência. 3. ed. São Paulo: EDUC, 2008.
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dade. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
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Edward Titchener. Psicol. pesq., Juiz de Fora, v.8, n.1, p.127-131, jun. 2014. 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. História da psicologia moderna. 9 ed. São Paulo, SP: Cenga-
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TORMAN, R. O conceito de ciência em psicologia. In: OLIVEIRA-MENEGOTTO, L.M.; RIBEI-
RO, M.M.S.M. (org.) Psicologia em debate [recurso eletrônico]. Novo Hamburgo: Feevale, 
2015. Disponível em: https://www.feevale.br/Comum/midias/2262f7e5-1367-4ba-
5-9829-0500c0264f50/Psicologia%20em%20Debate.pdf. Acesso em: 28 mar. 2020.
TUFANO, W. Contextualização. In: FAZENDA, I.C.A. (org.). Dicionário em construção: inter-
disciplinaridade. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
UNIDADE 2
Atuação e produção do conhecimen-
to em psicologia
Você está na unidade Atuação e produção do conhecimento em Psicologia. Conheça 
aqui os avanços e alternativas para a construção do conhecimento em Psicologia, 
percebendo o quanto o estudo nessa área importante para o processo de legitimação e 
solidificação da imagem do psicólogo como alguém que pode ajudar a transformar a vida 
de indivíduos, grupos, comunidades e a própria sociedade, em última instância. Nesse 
sentido, compreenda a história e marcos cronológicos da Psicologia como profissão no 
Brasil. Entenda o processo de regulamentação da profissão, no Brasil, a partir da Lei n. 
4.119/1962 e, ao perceber a intrínseca relação entre a formação e acadêmica e a prática 
profissional, reflita sobre as críticas e propostas acerca do currículo mínimo do curso de 
Psicologia, delimitado pelo Parecer n. 403/1962. 
Bons estudos!
Introdução
33
1 CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO EM 
PSICOLOGIA
Ao partir do pressuposto de que a Psicologia é classificada como uma ciência pura e aplicada, 
podemos perceber que a teoria e a prática são indissociáveis, uma vez que o conhecimento 
científico desenvolvido pela Psicologia provê o alicerce para que o psicólogo possa atuar em 
diferentes campos e orientar sua atuação a partir de diversas abordagens teóricas. 
Também, podemos analisar a Psicologia como uma área de ensino, pesquisa e profissão. 
Entretanto, para que alguém possa atuar como psicólogo é necessário que possua graduação em 
Psicologia e, aqui, estamos destacando a importância da formação (ensino) deste profissional, 
bem como de todo o conhecimento construído e em construção (pesquisa) da ciência psicológica.
O conhecimento empírico e do senso comum são utilizados cotidianamente pelas pessoas 
para orientar suas ações e decisões, mas, eles podem propiciar compreensões imprecisas ou 
equivocadas da realidade. Por outro lado, o conhecimento científico, por ser validado e pautado 
na fidedignidade, confiabilidade e racionalidade pode ser entendido como o principal insumo 
para potencializar intervenções profissionais assertivas. 
A conhecimento científico da Psicologia tem se estruturado ao longo do tempo pela diversidade 
e funcionalidade dos seus modelos teóricos-metodológicos de acesso e compreensão do fenômeno 
psicológico. “De fato, a abordagem científica em Psicologia é um processo dinâmico entre a reflexão 
teórica e a possibilidade de verificação de fenômenos psicológicos na realidade” (CRUZ, 2016a, p.251).
Figura 1 - Relação teoria e prática 
Fonte: Media Pix, Shutterstock, 2020.
#ParaCegoVer: na imagem temos a palavra teoria e a palavra prática ligadas com flechas que se 
retroalimentam, ilustrando que a teoria e a prática formam uma relação dialética e indissociável.
34
A análise das bases epistemológicas da Psicologia permitem compreender como se estruturou 
o modelo tradicional de atuação eprodução do conhecimento nos principais espaços de atuação 
do psicólogo que, por décadas, concentrou-se na clínica, na escola e na indústria.
Quando pensamos nos avanços e alternativas para a construção do conhecimento em 
Psicologia, devemos ter em mente que as transformações da sociedade, impulsionadas pelo 
desenvolvimento tecnológico e mudança de valores, direcionam as necessidades de redefinição 
das temáticas da Psicologia e dos métodos e procedimentos de acesso aos fenômenos psicológicos 
e de intervenção sobre os mesmos.
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
Em outras palavras, a construção do conhecimento em Psicologia e a apropriação de conceitos 
e métodos de outras áreas, ampliam as possibilidades descritivas, explicativas e preditivas dos 
fenômenos psicológicos. Portanto, é apoiada na ciência que a Psicologia conquista legitimidade e 
espaço de atuação em diferentes contextos. 
1.1 Avanços e alternativas para a construção do conhecimento em Psicologia
Caro estudante, você sabe como caracterizados os primeiros modelos de intervenção em 
Psicologia? Vamos pensar, por exemplo, a respeito dos primórdios da Psicologia nas organizações. 
A atuação dos psicólogos industriais levava em consideração, apenas, os fatores individuais 
relacionados aos problemas que deveriam ser solucionados como o ajustamento no trabalho, 
por meio da busca da pessoas certa para o lugar certo.
O foco, aqui, era a análise do perfil de personalidade e de inteligência para apoiar as 
atividades de seleção e orientação profissional, desconsiderando outras variáveis do desempenho 
humano. Com o passar do tempo, os fatores sociais e ambientais passaram a ser incluídos para se 
compreender a multideterminação dos fenômenos psicológicos. Para tanto, novos conhecimentos 
35
se fizeram necessários. 
Uma outra forma de refletirmos sobre o processo de evolução da construção de conhecimento 
em Psicologia é pela análise de livros, que discorrem sobre a história da Psicologia e, com fins de 
exemplificação, poderíamos mencionar o trabalho de Jacó-Vilela et al (2018) quando abordam o 
conhecimento produzido na área, nos últimos séculos, não restringindo-se, apenas, às produções 
europeias e norte-americanas, incluindo as brasileiras.
[...] A Psicologia, organizada em torno de um corpus científico, ou seja, um conjunto de evidências 
e análises teóricas acerca de fatos e fenômenos humanos, produziu, ao longo da segunda metade do 
século XX, as condições necessárias ao processo de institucionalização da profissão de psicólogo no 
Brasil”. Adjetivar a Psicologia como ciência e profissão, portanto, resulta da compreensão histórica da 
necessidade de associar um corpus científico a um projeto de intervenção profissional em diferentes 
contextos sociais (CRUZ, 2016 a, p. 251).
Para caracterizar a Psicologia Contemporânea, enfatiza-se o diálogo da área com o contexto 
social, defendendo-se a premissa da influência sócio-histórica na constituição e formação do ser 
humano. Para subsidiar este entendimento, resgata-se as construções referentes à Psicologia 
das Massas, o pensamento das Escolas de Frankfurt e de Chicago, o movimento institucionalista, 
a teoria das representações sociais e a incorporação das ideias marxistas para subsidiar a 
abordagem crítica da Psicologia (JACÓ-VILELA et al., 2018). 
Dizemos, ainda, que os avanços para a construção do conhecimento em Psicologia estão 
diretamente relacionados às atividades de pesquisa. Os achados das investigações científicas 
alimentam o desenvolvimento e a aplicação de princípios científicos em diferentes contextos de 
atuação do psicólogo, potencializando as intervenções profissionais, bem como instigando novas 
demandas sociopolíticas e tecnológicas a serem investigadas.
Segundo Spector (2012), a pesquisa fornece princípios que podem ser utilizados na prática. 
A atuação profissional, portanto, incorpora princípios psicológicos que são colocados em prática 
para intervir em problemas do mundo real, por exemplo, desenvolvimento de competências 
gerenciais em programas de treinamento corporativos. 
Para que possamos ter uma ideia dos diferentes assuntos que são investigados no âmbito 
acadêmico nas diversas especialidades da Psicologia, tomemos como base a estruturação 
fornecida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Essa 
estrutura é conhecida como árvore do conhecimento, formada por uma hierarquia de quatro 
níveis, que vão do mais geral aos mais específicos, como: 1º nível - Grande Área; 2º nível – Área; 
3º nível – Subárea; e 4º nível – Especialidade (CNPQ, 2018).
Especificamente em relação à área da Psicologia, a mesma encontra-se subordinada à grande 
área de Ciências Humanas, derivando-se em diversas subáreas e especialidades.
36
A representação do conhecimento em uma estrutura classificatória e de organização dos 
dados da produção científica publicada e de outras atividades de Ciência, Tecnologia e Inovação 
(C&TI) serve como um instrumento de gestão e avaliação com fins de subsidiar o planejamento, 
implementação, monitoramento e avaliação de políticas públicas (SOUZA, 2004).
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
2 PSICOLOGIA COMO PROFISSÃO NO BRASIL
Com relação à profissão do psicólogo faz-se pertinente considerar as questões de sua formação 
acadêmica, uma vez que a partir da regulamentação da profissão, a conclusão do ensino superior 
no curso de Psicologia é condição indispensável para o exercício legal da profissão. 
A temática formação acadêmica do profissional, já vem sendo estudada desde 1964 a partir dos 
trabalhos de Angelini e Maria, Benko e Azzi (YAKAMOTO et al., 2010). Quase duas depois, já havia mais 
de cem trabalhos abordando esta temática. Em relação à profissão, Yakamoto et al (2010) afirmam que 
no início do século XXI já havia em torno de mil documentos de naturezas diversas sobre o assunto.
Conforme abordado anteriormente, é claramente perceptível que a demanda social, 
cultural, tecnológica, política e econômica da sociedade e do mercado de trabalho influenciaram 
FIQUE DE OLHO
A classificação das Áreas do Conhecimento constitui um instrumento de sistematização da 
informação proveniente de atividades de pesquisa em ciência, tecnologia e inovação. Esse 
tipo de classificação permite organizar e padronizar as pesquisas na área Psicologia, bem 
como orientar a investigação do estado da arte da produção do conhecimento em Psicologia. 
Para que você possa ter uma ideia dos tipos de pesquisa em andamento ou concluídos, 
classificados na área Psicologia, no estado de São Paulo, por exemplo. 
37
diretamente as searas da academia. É com base neste entendimento que iremos abordar agora a 
História da Psicologia brasileira e seus marcos cronológicos.
2.1 História da Psicologia brasileira e seus marcos cronológicos
A profissionalização da Psicologia, no Brasil, foi marcada, segundo Pereira e Pereira Neto 
(2003) e Jacó-Vilela (2012), por três momentos principais, assim denominados: pré-profissional; 
profissionalização e profissional. Vejamos, a seguir.
Pré-profissional (1833-1890): período marcado pela falta de sistematização dos saberes e 
práticas psicológicas e não regulamentação da profissão de psicólogo;
Profissionalização (1890-1975): período caracterizado pelos a gênese da institucionalização 
da prática psicológica até culminar com a regulamentação da profissão e o estruturação dos 
dispositivos formais;
Profissional (1975): período marcado pela organização e consolidação da profissão e demanda 
crescente pelos serviços em função de significativas mudanças culturais, econômicas, sociais e 
políticas ocorridas no país e disseminação das faculdades de Psicologia, gerando um excedente 
de profissionais no mercado do trabalho.
Para discorrermos sobre os principais acontecimentos que impulsionaram a institucionalização 
e consolidação da profissão do psicólogo brasileiro, vamos conhecer alguns fatos marcantes 
ocorridos ao longo dos séculos XIX e XX, e compartilhadospor meio das publicações do Conselho 
Federal e de Psicologia e de Conselhos Regionais, tais como o do estado de São Paulo, do Rio 
Grande do Sul e de Santa Catarina, para comemorar, em 2012, os 50 anos de profissionalização 
da Psicologia no Brasil.
No Brasil, até o início do século XXI, não existia a Psicologia enquanto campo de atuação 
profissional. Seu surgimento foi impulsionado pelos interesses da classe dominante pela produção 
e aplicação de saber e práticas da área.
A chegada da família real no Brasil, em 1808, e a proclamação da independência, em 1822, 
provocaram significativas mudanças de natureza social, cultural, econômica e política que 
culminaram com o surgimento dos primeiros cursos superiores e das sociedades científicas. 
Dentre eles, destaca-se a oferta do curso de Medicina, em 1833, na Bahia e no Rio de Janeiro. 
Os estudos ali desenvolvidos, norteavam-se, de preferência para a aplicação social da Psicologia, 
para a Criminologia, para Psiquiatria Forense e Higiene Mental (SOARES, 2010). 
[...] No século XIX, com a transferência da corte portuguesa para o Brasil, foram criadas instituições 
destinadas à administração pública e à vida cultural, como bibliotecas, academias e instituições de 
ensino, Faculdades de Medicina e de Direito, Escolas Normais. Salvador e Rio de Janeiro tornam-se 
38
grandes centros urbanos, apresentando problemas relacionados ao aumento de um contingente 
populacional excluído das condições mínimas de dignidade, como os leprosos, loucos, prostitutas, 
alcoólatras, crianças abandonadas, muitos dos quais ex-escravos que, já não mais produtivos, eram 
abandonados à própria sorte e se tornavam alvos de práticas higienistas, como a reclusão em prisões e 
hospícios, respaldada pelo discurso médico (CRP/SP, 2011, p. 7).
Nesta época, observava-se que a aplicação dos conhecimentos psicológicos para 
enfrentamento de problemas sociais de ajustamento e sua relação com a área da neuropsiquiatria 
e neurologia para compreensão e tratamento dos problemas de saúde mental. Soares (2010, p. 
12) corrobora este entendimento afirmando que “[...] as primeiras contribuições para o estudo da 
Psicologia, no Brasil, são oferecidas por Médicos”. A partir de 1840 foram construídos os primeiros 
hospícios no Brasil, com fins de oferecer tratamento adequado aos ‘loucos’ (CRP/SP, 2011, p. 8).
Em 1890, houve uma importante reforma, denominada Reforma Benjamim Constant que 
incorporou a disciplina de Psicologia no currículo das Escolas Normais, podendo perceber aqui 
sua relação com as questões de aprendizagem. Segundo Soares (2010, p. 19), “[...] a reforma 
introduziu noções de Psicologia para a disciplina de Pedagogia”.
Em 1906 é criado o primeiro Laboratório de Psicologia Experimental, no Rio de Janeiro. Em 
1922 foi instituída a Liga Brasileira de Higiene Mental, que dentre suas diversas ações, promoveu 
as Jornadas Brasileiras de Psicologia com fins de estimular o interesse pela pesquisa pura e 
aplicada em Psicologia (SOARES, 2010). Segundo Jacó-Vilela (2012, p. 35), “[...] o movimento 
higienista aparece com um caráter missionário, progressista, de melhoria das condições de vida 
das camadas mais pobres da população”.
Mesmo com a organização do movimento higienista que, pregava melhoria nas condições 
das classes menos abastecidas da sociedade, a história da Psicologia brasileira demonstra ter tido 
pouca ou praticamente nenhuma contribuição de melhorias na vida da maioria da população. 
Na verdade, durante um longo período, “[...] o saber psicológico foi utilizado como instrumento 
político-ideológico ligado aos interesses das elites brasileiras” (BOCK, 2004, p.1). O mote principal 
era livrar a sociedade da desordem e dos desviantes.
Nesta direção, em 1923, também em terras fluminenses, foi instalado o Laboratório de 
Psicologia Experimental, na Colônia de Psicopatas do Engenho de Dentro. Segundo Soares (2010, 
p. 15), o laboratório “[...] preparou profissionais de diversas especialidades. Foi o primeiro centro 
brasileiro de pesquisa pura, em Psicologia” 
Quase uma década depois, em 1932 é criado o Instituto de Psicologia da Secretaria Estadual de 
Educação e Saúde Pública com fins de formar profissionais. Entretanto, o mesmo foi fechado em 
menos de um ano de funcionamento, sendo reaberto somente em 1937, quando foi incorporado 
à Universidade do Brasil.
39
Em 1934, a disciplina Psicologia Geral passou a ser obrigatória nos cursos de Filosofia, Ciências Sociais 
e Pedagogia, na Universidade de São Paulo (USP) e assim surgiram as primeiras Cátedras de Psicologia.
Pré-profissional (1833-1890)
Período marcado pela falta de sistematização dos saberes e práticas psicológicas e não 
regulamentação da profissão de psicólogo.
Profissionalização (1890-1975)
Período caracterizado pelos a gênese da institucionalização da prática psicológica até culminar 
com a regulamentação da profissão e o estruturação dos dispositivos formais.
Profissional (1975 até os dias atuais)
Período marcado pela organização e consolidação da profissão e demanda crescente pelos 
serviços em função de significativas mudanças culturais, econômicas, sociais e políticas ocorridas 
no país e disseminação das faculdades de Psicologia, gerando um excedente de profissionais no 
mercado do trabalho.
O final dos anos de 1930, demandou a necessidade de amparar nos conhecimentos psicológicos 
para orientar os primórdios da industrialização brasileira e consequente urbanização dos grandes 
centros com fins de “ [...] favorecer a organização do trabalho, mas também para atuar nas 
escolas e clínicas infantis, principalmente” (BERNARDES, 2009, p.10, apud SILVA BAPTISTA, 2010, 
p. 172). Na década de 1940, os conhecimentos de Psicologia são demandados na área do trabalho 
para ajudar no processo de industrialização do país, buscar o ajustamento dos funcionários e 
realizar processos de recrutamento e seleção de pessoal. Segundo Jacó-Vilela (2012), são criadas 
neste período, as primeiras Associações de Psicologia e os primeiros periódicos científicos para 
disseminação do conhecimento em Psicologia.
Conforme Angelini (2011), em 1945 é criada a Sociedade de Psicologia de São Paulo (SPSP) 
e seu periódico intitulado Boletim de Psicologia, tem sua primeira edição publicada quase meia 
década depois. Segundo Costa et al. (2010), o objetivo da SPSP estava ligado à articulação 
do desenvolvimento da Psicologia como ciência e profissão, por meio do intercâmbio entre 
profissionais e acadêmicos vinculados à área da Psicologia e à áreas afins.
Com a criação das associações da área e a veiculação de periódicos especializados, a Psicologia 
se institucionaliza e se consolida como “[...] uma ciência capaz de formular teorias, técnicas e 
práticas para orientar e integrar o processo de desenvolvimento demandado pela nova ordem 
política e social” (CRP/SC, 2011, p. 12). Os serviços psicológicos são praticados na área da clínica, 
trabalho e educação e subsidiados pelo uso de testes e procedimentos de avaliação psicológicos, 
principalmente, na região sudeste, nas instituições públicas de orientação infantil.
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Em 1946, é elaborado o Decreto Lei n. 9.092, ampliando o regime didático das Faculdades 
de Filosofia, referindo-se à área da Psicologia, no art. 4, parágrafo 1, ao obrigar os alunos do 
quarto ano de licenciatura, a cumprirem um curso de Psicologia Aplicada à Educação. Dois meses 
depois, em abril, o Ministério da Educação e Saúde, publica a Portaria n. 272 que determina que 
os diplomas de especialização em Psicologia estão à aprovação nos três primeiros anos do curso 
de Filosofia, bem como em cursos de Biologia, Fisiologia, Antropologia, Estatística, e em cursos 
especializados de Psicologia e estágio em serviços psicológicos.
Em 1947, Mira Y Lopez cria o Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP), no Rio 
de Janeiro, oferecendo diversos cursos de extensão (JACÓ-VILELA, 2012). No ano seguinte é 
publicada a obra “Psicologia Evolutiva da Criança e do Adolescente” (SOARES, 2010).

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