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COMPREENDENDO OS CONCEITOS DE EQUIDADE DE RAÇA E ETNIA PARA O TRABALHO DOS AGENTES DE SAÚDE MINISTÉRIO DA SAÚDE CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Brasília - DF 2025 MINISTÉRIO DA SAÚDE CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Brasília - DF 2025 COMPREENDENDO OS CONCEITOS DE EQUIDADE DE RAÇA E ETNIA PARA O TRABALHO DOS AGENTES DE SAÚDE 2025 Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial – Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. A coleção institucional do Programa Mais Saúde com Agente pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: http://bvsms.saude.gov.br Tiragem: 2ª edição – 2025 – versão eletrônica Elaboração, distribuição e informações: MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde Departamento de Gestão da Educação na Saúde Coordenação-Geral de Ações Estratégicas de Educação na Saúde Esplanada dos Ministérios Bloco O, 9º andar CEP: 70052-900 – Brasília/DF Tel.: (61) 3315-2596 E-mail: sgtes@saude.gov.br Secretaria de Atenção Primária à Saúde Departamento de Saúde da Família Esplanada dos Ministérios Bloco G, 7º andar CEP: 70058-90 – Brasília/DF Tel.: (61) 3315-9044/9096 E-mail: aps@saude.gov.br Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D, Edifício PO 700, 7º andar CEP: 70719-040 – Brasília/DF Tel.: (61) 3315.3874 E-mail: svsa@saude.gov.br CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE - CONASEMS Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Anexo B, Sala 144 Zona Cívico-Administrativo CEP: 70058-900 – Brasília/DF Tel.: (61) 3022-8900 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Av. Paulo Gama, 110 - Bairro Farroupilha CEP: 90040-060 – Porto Alegre/RS Tel.: (51) 3308-6000 Coordenação-geral: Cristiane Martins Pantaleão – CONASEMS Hisham Mohamad Hamida – CONASEMS Isabela Cardoso de Matos Pinto - MS Leandro Raizer – UFRGS Lívia Milena Barbosa de Deus e Méllo - MS Luciana Barcellos Teixeira – UFRGS Érika Rodrigues de Almeida- MS Organização: Núcleo Pedagógico do Conasems Coordenação técnica e pedagógica: Andréa Fachel Leal - UFRGS Carmen Lucia Mottin Duro - UFRGS Diogo Pilger - UFRGS Diego Gnatta – UFRGS Fabiana Schneider Pires - UFRGS Kelly Cristina Santana - CONASEMS Luis Carlos Nunes Vieira de Vieira -SGTES/ MS Marta de Sousa Lima - CONASEMS Marilise Oliveira Mesquita - UFRGS Patricia da Silva Campos - CONASEMS Valdívia França Marçal - CONASEMS Elaboração de conteúdo: Fernanda Souza de Bairros Francyne da Silva Silva Fabiana Schneider Pires Revisão técnica: Andréa Fachel Leal – UFRGS Diogo Pilger – UFRGS Luis Carlos Nunes Vieira de Vieira -SGTES/ MS Michelle Leite da Silva – SAPS/MS Patricia da Silva Campos – CONASEMS Ranieri Flávio Viana de Sousa - SVSA-MS Designer educacional: Alexandra Gusmão – CONASEMS Jacqueline Cristina dos Santos – CONASEMS Gustavo Henrique Faria Barra – CONASEMS Lidiane Cristina Porfírio - CONASEMS Colaboração: Ana Claudia Sanches Baptista – SVSA/MS Carolyne Cosme de Souza – SGTES/MS Daniela Riva Knauth – UFRGS Darwin Renne Florencio Cardoso – SVSA/MS Diego Gnatta – UFRGS Eliane Ignotti – SVSA/MS Kauara Brito Campos – SVSA/MS Lanusa Gomes Ferreira – SGTES/MS Rejane Teles Bastos – SGTES/MS Rosângela Treichel S. Surita – CONASEMS Assessoria executiva: Conexões Consultoria em Saúde Ltda. Coordenação de desenvolvimento gráfico: Cristina Perrone – CONASEMS Diagramação e projeto gráfico: Aidan Bruno - CONASEMS Alexandre Itabayana - CONASEMS Caroline Boaventura - CONASEMS Icaro Duarte - CONASEMS Lucas Mendonça - CONASEMS Ygor Baeta Lourenço – CONASEMS Wellington Tadeu Aparecido Silva – CONASEMS Revisão Linguística: Keylla Manfili Fioravante - CONASEMS Fotografias e ilustrações: Biblioteca do Banco de Imagens do Conasems Imagens: Flaticon Freepik Normalização: Luciana Cerqueira Brito – Editora MS/CGDI Valéria Gameleira da Mota – Editora MS/CGD Ficha Catalográfica Brasil. Ministério da Saúde. Compreendendo os conceitos de Equidade de Raça e Etnia para o trabalho dos Agentes de Saúde [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. – Brasília: Ministério da Saúde, 2025. xxxx p. : il. – (Programa Mais Saúde com Agente; E-book 11). Modo de acesso: World Wide Web: Incluir link ISBN xxxxxxxxxxxx CDU xxx I. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. II. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. III. Título. Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS xxxxxxxxx Título para indexação: Healthcare agent workers' Fundamentals 4 COMO NAVEGAR NESTE E-BOOK QR CODE Sempre que surgir o QR CODE, aponte a câmera do seu celular para acessar o conteúdo. Você também pode clicar sobre ele com o botão direito do mouse para abrir em uma nova aba ou navegador. Antes de iniciar a leitura do material, veja aqui algumas dicas para aproveitar ao máximo os recursos disponíveis. SUMÁRIO: uma forma rápida de acessar facilmente os capítulos. Quer retornar à lista do sumário? Basta clicar no ícone do canto superior da página. Este é o seu e-book da Disciplina Compreendendo os conceitos de equidade de raça e etnia para o trabalho dos Agentes de Saúde. Neste material, serão abordados os conceitos de equidade e suas implicações para sua efetivação no cotidiano do SUS. Além disso, você compreenderá os conceitos de raça/cor, etnia, racismo e discriminação racial, relacionando-os ao campo da saúde com base na teoria dos determinantes sociais da saúde. Serão apresentados, também, aspectos sociais, culturais e étnico-raciais que caracterizam as populações negras e indígenas no Brasil, além de uma visão sobre o processo histórico, que posicionou, e ainda posiciona, esses grupos em situações de vulnerabilidade e desvantagem sociais. O racismo (em suas diferentes dimensões) será apresentado, nesta disciplina, como o principal fator determinantes para as condições de vida e de saúde de pessoas negras e indígenas. Veremos, a partir de alguns indicadores, os impactos do racismo no acesso à saúde, educação, trabalho, renda, moradia, entre outros. Acompanhe, também, a aula interativa e a teleaula para ampliar seus conhecimentos, e realize as atividades propostas, para verificar o que conseguiu assimilar das informações apresentadas. Bons estudos! BEM-VINDO (A)! LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ACE | Agente Comunitário de Endemias ACS | Agente Comunitário de Saúde AIS | Agente Indígena de Saúde AISAN | Agente Indígena de Saneamento APS | Atenção Primária em Saúde CAISAN | Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional DSEI | Distritos Sanitários Especiais Indígenas DSS | Determinantes Sociais da Saúde EMSI | Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena e-SUS AB | Estratégia de Informatização da Atenção Básica HIV | Vírus da Imunodeficiência Humana IBGE | Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IPEA | Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS LGBT | Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgênero Lista TIP | Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil MPMG | Ministério Público de Minas Gerais MS | Ministério da Saúde MS/GM | Ministério da Saúde / Gabinete do Ministro OMS | Organização Mundial da Saúde PNAD | Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua PNAN | Política Nacional de Alimentação e Nutrição PNS | Pesquisa Nacional de Saúde PNSIPN | Política Nacional de Saúde Integral da População Negra PNASPI | Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas PSE | Programa Saúde nahttps://www.saude.sp.gov.br/resources/ouvidoria-da-secretaria-de-estado-da-saude-de-sao-paulo/biblioteca/perguntar_nao_ofende.pdf PARA REFLETIR! 69 Clique aqui ou aponte a câmera de seu celular e escaneie o QR CODE e assista ao vídeo "A Importância do Quesito Raça-Cor“. https://www.youtube.com/watch?v=Udywqo4gJOY https://www.youtube.com/watch?v=Udywqo4gJOY 06 PRÁTICAS DE CUIDADO EM SAÚDE ANTIRRACISTAS E DE ENFRENTAMENTO AO RACISMO INSTITUCIONAL: COMO OS(AS) ACSs E ACEs PODEM CONTRIBUIR Os serviços de saúde, em alguns casos, atuam como agentes de dificultação, contribuindo para a ampliação da vulnerabilidade de determinados grupos populacionais, especialmente, das populações negras e indígenas. Essa atuação intensifica barreiras de acesso, reduz as oportunidades de diálogo e acaba por afastar usuários e usuárias desses serviços (Kalckmann et al., 2007). O contato direto com as comunidades e territórios torna a atuação e o trabalho dos(as) ACSs e ACEs fundamentais para a promoção da equidade da saúde da população negra, indígena e para o enfrentamento do racismo nos serviços de saúde. Ações de educação, promoção, prevenção e vigilância em saúde podem e devem ser realizadas por esses(as) profissionais em uma perspectiva antirracista, levando em consideração as necessidades e especificidades das populações no acesso a consultas e exames, vacinação, prevenção e controle de doenças infecciosas, entre outros, conforme veremos, abaixo, em diferentes práticas: Coletar e preencher adequadamente o quesito raça/cor em todos os formulários e Sistemas de Informações utilizados nos serviços de saúde, seja nos instrumentos de cadastros, atendimentos, domicílios, visitas domiciliares, de notificação compulsória, entre outros. Auxiliar os(as) demais profissionais de saúde da sua equipe a preencherem as fichas físicas e os prontuários eletrônicos. As atividades de promoção em educação em saúde, realizadas nas Unidades de Saúde e nos territórios, são espaços essenciais para dialogar com os usuários e usuárias sobre o respeito às diversidades, diferenças, culturas, identidades, modos de vida, direitos e deveres de toda a população no combate ao racismo; podem ser espaços de acolhimento para a população negra e indígena, e de compartilhamento de informações positivas sobre as suas histórias e valorização de suas culturas; 71 Articulação com os Núcleos de Prevenção de Violências e Acidentes, Promoção da Saúde e Cultura da Paz para o desenvolvimento e proteção da juventude negra, bem como a inclusão de práticas culturais afro-brasileiras como capoeira, samba, maracatu, jongo, tambor de criola, hip hop, entre outras manifestações ancestrais e contemporâneas de artes negras, nos programas de promoção da saúde (Brasil, 2018b). Incentivar adesão das escolas de seu estado/município ao Programa Saúde na Escola (PSE), e trabalhar com as escolas ações de promoção da cultura de paz, cidadania e direitos humanos da população como um todo e, em particular, dos grupos étnicos socialmente excluídos (Brasil, 2018b). Racismo é crime e é considerado um tipo de violência, portanto, é preciso denunciar os casos de racismo e discriminação ocorridos nos territórios às ouvidorias municipais e/ou estaduais e, quando pertinente, às delegacias de combate ao racismo e intolerância; Conheça os canais de denúncia e notificação: ▪ Ouvidoria Geral do SUS: disque 136. ▪ Disque Direitos Humanos: disque 100. ▪ Polícia Militar: disque 190 (se o crime estiver ocorrendo no momento). ▪ Unidade de Saúde: o racismo é uma violência de notificação compulsória, e cabe aos serviços e profissionais de saúde, como os ACS e ACE, notificar essa violência, através da Ficha Individual de Notificação Interpessoal e Autoprovocada (SINAN). ▪ Delegacia de Polícia Civil e Delegacias de combate ao racismo e delitos de intolerância para registrar boletim de ocorrência (se o crime já ocorreu). 72 Discriminação positiva, ações afirmativas e específicas realizadas pelos(as) ACSs e ACEs e por toda a equipe de saúde no território, como a organização de equipes volantes que se desloquem às comunidades indígenas, quilombolas, rurais negras e periféricas, para proporcionar o acesso à vacinação, em diferentes momentos do calendário vacinal, reduzir as iniquidades e fortalecer a vigilância epidemiológica das doenças imunopreveníveis nessas populações. • A forma como as pessoas negras e indígenas são recebidas e atendidas nos serviços de saúde pode influenciar nos seus resultados em saúde. A depender desse tratamento, talvez elas nunca mais voltem aos serviços. • Você consegue perceber as diferenças no tratamento destinado às pessoas negras, indígenas e brancas nos serviços de saúde? E no seu trabalho? • Você tem desenvolvido ou pode desenvolver práticas de saúde antirracistas no seu cotidiano de trabalho, para qualificar o atendimento à população negra e indígena? PARA REFLETIR! 73 07 RETROSPECTIVA 75 Você chegou ao final dessa disciplina, que proporcionou reflexões essenciais sobre equidade racial, de cor e etnia. Exploramos os processos históricos que moldaram a trajetória das populações indígenas e negras no Brasil, assim como elementos que ajudam a compreender as desigualdades e vulnerabilidades às quais esses grupos foram — e ainda são — expostos de maneira injusta. O mito da democracia racial foi desmistificado, pois as condições de acesso a oportunidades, bens e serviços públicos nunca foram iguais para pessoas negras e indígenas em relação às pessoas brancas. Infelizmente, o Brasil é um país marcado pelo racismo, e, nesse contexto, o racismo configura-se como um determinante social no processo de saúde, doença e mortalidade da população. Observamos que, por meio da implementação de políticas de equidade, surge a oportunidade de realizar práticas de cuidado em saúde que considerem as necessidades e especificidades das populações negra e indígena. O critério de raça/cor se revela um instrumento poderoso não apenas para a gestão, mas, também, para repensarmos o cuidado em saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diante das inúmeras desigualdades, você, Agente de Saúde, assume um papel importante na identificação das necessidades da população negra e indígena nos territórios, além de promover a equidade por meio de ações afirmativas no acesso à saúde. Esses profissionais desempenham um papel essencial em garantir que essas populações recebam atendimento e cuidados adequados nos serviços de saúde. Agora, você possui conhecimentos e ferramentas importantes para promover a equidade étnico-racial no SUS. Faça sua parte e contribua para um SUS universal, integral e equânime para todas e todos. Sucesso em sua atuação! 08 REFERÊNCIAS Referências bibliográficas ALBRECHT, C.A.M.; ROSA, R.S.; BORDIN, R. O conceito de equidade na produção científica em saúde: uma revisão. Saúde Soc. São Paulo, v.26, n.1, p.115-128, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sausoc/a/kGzLZKCFrh3RVxS7f94rHNf/?format= pdf&lang=pt. Acesso em: 15 jun. 2024. ALMEIDA, S. L. Racismo estrutural. Pólen. São Paulo, 2019. 264 p. ISBN 978-85-98349-75-6. (Feminismos Plurais/coordenação de Djamila Ribeiro). ALVES, F. T. A. et al. Mortalidade proporcional nos povos indígenas no Brasil nos anos 2000, 2010 e 2018. Saúde Debate. Rio de Janeiro, v. 45, n. 130, p. 691-706, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sdeb/a/DjX5mjjj5GjMVrHnMsnvKVx/?format=p df&lang=pt. Acesso em: 15 jun. 2024. ARAÚJO, J. A. P. et al. 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Clique aqui e responda à pesquisa. 87 https://www.youtube.com/watch?v=Udywqo4gJOY https://www.youtube.com/watch?v=d45Woc456DY https://www.youtube.com/watch?v=ufbZkexu7E0 https://www.youtube.com/watch?v=-dKBt5btcq0&t=2s https://customervoice.microsoft.com/Pages/ResponsePage.aspx?id=00pVmiu1Ykijb4TYkeXHBcuyUSjBpEtCq8T0cY9k8jBUN0NRS0FYWVhDWjBKT1FUUUM5OFRLOVNPMS4u Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde bvsms.saude.gov.brEscola SAA | Sistemas de Abastecimento de Água LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS SASISUS | Subsistema de Atenção à Saúde Indígena SESAI | Secretaria Especial de Saúde Indígena SIA | Sistema de Informações Ambulatoriais SI-CTA | Sistema de Informações dos Centros de Testagem e Aconselhamento SIM | Sistema de Informações de Mortalidade SINAN | Sistema Nacional de Agravos Notificáveis SINASC | Sistema de Nascidos Vivos SUS | Sistema Único de Saúde VAN | Vigilância Alimentar Nutricional LISTA DE FIGURAS DIMENSÕES DO RACISMO FIGURA 1 21 SU M ÁR IO EQUIDADE NO SUS 01 11 RAÇA/COR/ETNIA E RACISMO COMO DETERMINANTES E CONDICIONANTES DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA 02 15 DESIGUALDADES ÉTNICO-RACIAIS: POPULAÇÕES NEGRAS E INDÍGENAS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE E DESIGUALDADE SOCIAL 03 28 COMBATE AO RACISMO E POLÍTICAS E PROMOÇÃO DA EQUIDADE ÉTNICO-RACIAL NA SAÚDE 04 51 QUESITO RAÇA/COR/ETNIA: FORMULÁRIO E SISTEMAS DE INFORMAÇÕES DE SAÚDE 05 59 SU M ÁR IO 70 74 PRÁTICAS DE CUIDADO EM SAÚDE ANTIRRACISTAS E DE ENFRENTAMENTO AO RACISMO INSTITUCIONAL: COMO OS(AS) ACSs e ACEs PODEM CONTRIBUIR? 06 76 RETROSPECTIVA 07 REFERÊNCIAS 08 01 EQUIDADE NO SUS 12 Diferentes estudos e pesquisadores definem o conceito de equidade. No entanto, é importante destacar que este conceito começou a ser discutido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1986, sendo mencionado na Carta de Ottawa – documento resultado da Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, como um dos oito pré-requisitos para a saúde (Albrecht; Rosa; Bordin, 2017, p. 2). As principais definições sobre equidade estão relacionadas às dimensões moral e ética e às ideias de justiça social, redução das desigualdades e iniquidades sociais, bem como à igualdade de acesso e oportunidades no âmbito do SUS. A equidade pode ser entendida como um meio ou caminho para eliminar as desigualdades, às quais as populações são expostas e que refletem no acesso e na atenção à saúde (Lima et al., 2012, p.3; Carvalho, S. et al., 2014). Carta de Ottawa Pré-requisitos: ❖ Paz. ❖ Abrigo. ❖ Educação. ❖ Alimentação. ❖ Recursos económicos. ❖ Ecossistema estável. ❖ Recursos sustentáveis. ❖ Justiça social. ❖ Equidade. Considerando o contexto de profundas desigualdades no Brasil, a equidade tem sido incorporada nas políticas de saúde pública, visando a atender indivíduos diferentes e prevendo tratamento diferente aos desiguais, conforme suas necessidades (Fortes, 2015, p.5; Carvalho, S. et al., 2014, p.1). As demandas em saúde variam de acordo com as disparidades sociais, raciais/étnicas, culturais, revelando a relação existente entre a saúde e os determinantes sociais. 13 Clique aqui ou aponte a câmera de seu celular e escaneie o QR CODE para descobrir informações sobre o Programa Nacional de Equidade de Gênero, Raça, Etnia e Valorização das Trabalhadoras no Sistema Único de Saúde. https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sgtes/equidade-no-sus https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sgtes/equidade-no-sus A equidade é um dos princípios doutrinários do SUS e orienta-se pelo respeito às necessidades, diversidades e especificidades de cada cidadão, cidadã ou grupo social, incluindo-se, aqui, o reconhecimento dos Determinantes Sociais da Saúde (DSS), que envolvem os seguintes fatores: Pobreza, trabalho, moradia, gênero, habitação, renda, acesso à educação e ao lazer, entre outros. Nota-se, que esses fatores impactam diretamente as condições de vida e saúde da população. A promoção da equidade tem relação direta com os conceitos de igualdade e de justiça social. O conceito de equidade também considera os impactos das diferentes formas de preconceito e discriminação social, como o racismo, a misoginia, a LGBTfobia e a exclusão social, na saúde de populações que vivem em situação de rua ou em condições de isolamento territorial, como as do campo, da floresta, das águas, dos quilombos e em nomadismo, como no caso dos ciganos. A seguir, você verá como o racismo e a discriminação por raça, cor e etnia determinam o acesso e as condições de saúde de populações negras e indígenas e as formas de proporcionar uma saúde equânime, com vistas à melhoria da qualidade da atenção à saúde e à redução das iniquidades étnico-raciais no contexto do SUS. 14 02 RAÇA/COR/ETNIA E RACISMO COMO DETERMINANTES E CONDICIONANTES DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA A saúde é reconhecida como o conjunto de condições integrais e coletivas de existência, influenciada por fatores políticos, culturais, socioeconômicos e ambientais, expressa no artigo 196 da Constituição Federal como um direito de todos(as) e dever do Estado. Entretanto, a garantia legal ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de saúde não tem sido assegurada de forma igualitária e equitativa para a população. Os determinantes sociais da saúde (DSS) são um conjunto de fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais, que influenciam diretamente a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população (Buss; Pellegrini Filho, 2007). A maior parte da causa das doenças que acometem as populações está relacionada a esses fatores, ou seja, às condições em que as pessoas: nascem, vivem, trabalham e envelhecem. 16 Agora, serão abordados alguns conceitos importantes para a compreensão de como o racismo e a discriminação por raça/cor/etnia são influenciadores para a situação de vulnerabilidade e a morbimortalidade de populações negras e indígenas no Brasil. Antirracismo Prática de identificar e mudar valores, estruturas e comportamentos que perpetuam o racismo sistêmico. Discriminação racial Toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência, origem nacional, ou étnica, que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada (Estatuto da Igualdade Racial, Lei 12.228 de 20 de julho de 2010). Conceitos étnico-raciais Fonte: Ministério Público de Minas Gerais (2022). 17 Raça O conceito de raça vem sendo determinado a partir de critérios sociais e históricos, principalmente, traços fenotípicos e culturais observados nos indivíduos. Esse conceito surgiu para justificar a dominação colonial europeia e branca na África e América, sobre negros e indígenas; e está, atualmente, ligado à discriminação racial, que pode variar de país para país. No Brasil, por exemplo, a classificação racial se dá pela cor da pele e outras características fenotípicas. Etnia Terminologia designativa do sentimento de pertencimento a um grupo de pessoas, marcado pelas afinidades genéticas ou que se refere às culturas, línguas, comportamentos e características físicas - como as populações indígenas no Brasil -, expressando, assim, certa homogeneidade – se comparada a outros grupos. Categoria coletivamente construída para diferenciar grupos que se interrelacionam, formando uma unidade social perante às outras distintas à sua. Preconceito racial Conceito ou noção elaborados sobre pessoas negras e indígenas, sem conhecimento desses grupos sociais, geralmente, um sentimento hostil, assumido após generalização. Segundo Almeida (2019), o preconceito se distingue da discriminação racial no sentido de que o preconceito se atrela mais a ideias, enquanto a discriminação racial se relaciona a ações. 18 Injúria racial Compreende a ofensa à dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional. A Lei 14.532/2023 equiparou a injúria racial ao crime de racismo. Racismo ambiental O racismo ambiental refere-se à discriminação que populações periféricas ou minorias étnicas enfrentam devido à degradação ambiental.Essa expressão destaca que os impactos ambientais não são distribuídos de forma igualitária, afetando mais intensamente as comunidades marginalizadas e historicamente invisibilizadas pela poluição e degradação do meio ambiente (Paes Silva, 2012). Utilizado desde a década de 80, é um conceito construído por ativistas e intelectuais negros norte-americanos, no qual pontuam além da degradação, a ausência de pessoas negras nos espaços de decisão. Racismo São práticas que partem da crença de que uma raça é superior a outra. Essas práticas podem aparecer no comportamento de uma pessoa, instituição ou, até mesmo, no âmbito político. O racismo funciona por meio de violações de direitos e violências contra um grupo humano, cujos corpos estão mais distantes do acesso a direitos, espaços de poder e oportunidades e mais próximos das exclusões, discriminações e preconceitos. Racismo institucional Essa é uma das dimensões, na qual o racismo se apresenta. O racismo institucional é a falha coletiva de uma organização em prover um serviço apropriado e profissional às pessoas por causa de sua cor, cultura ou origem étnica, produzindo barreiras de acesso e garantindo, por mecanismos estruturais, políticos e institucionais, a exclusão seletiva dos grupos racialmente subordinados (negros e indígenas) (Werneck, 2016, p. 17). 19 Portanto, racismo é um determinante social a ser considerado como fundamental dentro do campo da saúde, pois se constitui como barreira estrutural e cotidiana, com repercussões negativas em diferentes aspectos da vida, inclusive, na saúde, com experiências desiguais, ao nascer, viver, adoecer e morrer (Lopes, F. 2005a). De acordo com os conceitos apresentados, verificamos que o conceito de raça não tem nenhuma relação com a dimensão biológica. Ele é definido como uma construção social, uma categoria social e política, que estrutura as relações de poder e dominação e mantém os “racismos populares” vivos (Munanga, 2004). 20 O racismo é reproduzido em diferentes dimensões e níveis. Na figura 1, abaixo, é possível observar como tais dimensões impactam as condições de vida e saúde de indivíduos não brancos. Werneck (2016), aponta que uma atenção especial deve ser dada ao racismo institucional, pois são as intervenções nas instituições que podem permitir mudanças profundas e duradouras na sociedade. O racismo institucional está para além de uma insuficiência ou inadequação, pois se trata também de um mecanismo criado para permitir práticas excludentes, bem como a manutenção do privilégio de uns em detrimento de outros. O racismo e a discriminação por raça/cor/etnia (que ocorrem de forma velada, na maioria das vezes, em virtude de leis que os proíbem), determinam e condicionam a vida, o acesso à saúde, bens e serviços públicos, criando barreiras para que pessoas negras e indígenas tenham chances de estudo, de obterem bons trabalhos, boa moradia, boa alimentação, acesso e assistência à saúde de qualidade, e a outros direitos básicos para o bem viver (Kalckmann et al., 2007). Fonte: Werneck, 2016, p. 542. Figura 1 - Dimensões do racismo 21 Segundo Fernanda Lopes (2006), epidemiologista e pesquisadora na temática de direitos humanos e equidade em saúde, o sentimento de impotência é igual ou maior do que a vivida diante da agressão física, pois as vítimas não têm acesso a recursos e a apoios adequados para se protegerem do agravo e de suas consequências indesejáveis. O racismo reduz as possibilidades de diálogo das pessoas com os serviços de saúde, por isso é fundamental enfrentá-lo. Podemos observar o impacto do racismo e suas diferentes dimensões nas condições de vida e saúde das populações negra e indígena, a partir dos indicadores, ou seja, medidas-sínteses que apresentam dados importantes para nos ajudar a traçar um diagnóstico sobre a situação de saúde das populações. É importante salientar que diante de uma situação não explícita de discriminação, as pessoas que são vítimas tornam-se impotentes. 22 Estudos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram o acesso desigual de distintos grupos populacionais a bens e serviços básicos necessários ao bem-estar, como saúde, educação, moradia, trabalho, renda etc. Os indicadores revelam, que, mesmo com a implementação de programas de transferência de renda, a exemplo do Auxílio Brasil e Bolsa Família, em 2022, pessoas negras e indígenas continuavam com menor acesso a emprego, educação, segurança e saneamento (IBGE, 2023a; 2022). Em 2021, a população que estava ocupada no mercado de trabalho, que é de cor ou raça branca, ganhava, em média, 73,4% mais do que a população de cor ou raça preta ou parda. Verificou-se, também, que as pessoas negras ocupavam mais os trabalhos informais (sem carteira de trabalho assinada, trabalhando por conta própria e não contribuinte para a previdência social) e as atividades econômicas, que normalmente apresentam os menores rendimentos médios – serviços domésticos, agropecuária e construção. De acordo com o IBGE (2022, p. 24), os resultados encontrados apontam para uma desigualdade estrutural, já observada em estudos anteriores. Mercado de Trabalho 23 Segundo o Censo de 2022, a taxa de alfabetização das pessoas indígenas (inclui-se, aqui, também aquelas que se consideram indígenas pelo critério de pertencimento) foi 85%, no ano de 2022, com alta em todas as grandes regiões e faixas etárias. No entanto, permaneceu abaixo da taxa nacional, que foi de 93% e a taxa de analfabetismo dessa população foi de 15,1%, acima da taxa nacional de 7% (IBGE, 2024a). Esse dado demonstra que a expansão das políticas públicas na área da educação indígena segue sendo necessária e se constitui, ainda hoje, como um desafio permanente no país (Brasil, 2010a). Ainda, no ano de 2022, pessoas de cor ou raça preta, parda e indígena, do grupo etário de 15 anos ou mais, tiveram taxas de analfabetismo de 10,1%, 8,8% e 16,1%, respectivamente, enquanto as da população branca e amarela, do mesmo grupo etário, apresentaram taxas de 4,3% e 2,5%. Isto é, as taxas de analfabetismo de negros são mais que o dobro das taxas dos brancos, e a de indígenas é quase quatro vezes maior (IBGE, 2024a). Com relação aos povos indígenas, pode-se afirmar, que apesar dos avanços conquistados nos últimos anos em termos de reconhecimento formal dos direitos dos povos indígenas, ainda existem atrasos significativos para o exercício de seus direitos - fato que os mantém entre os grupos mais vulneráveis -, no que se refere a questões sociais, econômicas, demográficas e culturais. Alfabetização 24 O informativo “Trabalho de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos de idade 2016/2022”, do IBGE, apresentou alguns resultados da investigação sobre o trabalho de crianças e adolescentes no Brasil, através de um módulo específico da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) contínua. Pelo estudo, foi possível classificar crianças e adolescentes, de 5 a 17 anos de idade, em situação de trabalho infantil e identificar se as ocupações por elas desenvolvidas estavam na Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (Lista TIP). No que tange a raça/cor de crianças e adolescentes, foram identificadas disparidades raciais: o percentual de crianças negras (66,3%), de 5 a 17 anos, que realizavam atividades econômicas em situação de trabalho infantil, era duas vezes maior quando comparado às brancas (33,0%). Em 2022, o rendimento médio real dessa população foi estimado em R$ 716 (setecentos e dezesseis reais). No entanto, ao desagregar os dados por cor ou raça, constatou-se que a média para a população preta ou parda era de R$ 660 (seiscentos e sessenta reais), enquanto para a população branca era de R$ 817 (oitocentos e dezessete reais) (IBGE, 2023b). Em 2019, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) estimouque 29,1 milhões de pessoas de 18 anos ou mais sofreram agressão psicológica, física ou sexual, nos 12 meses anteriores à entrevista, no Brasil. No que se refere à raça/cor, a PNS observou que as pessoas pretas ou pardas foram as que mais reportaram terem sido vítimas de violência (IBGE, 2020, p. 35). Violência Trabalho de crianças e adolescentes 25 Dados preliminares, do Censo 2022, identificaram que as restrições de acesso ao saneamento básico eram mais elevadas entre as populações preta, parda e indígena. Em contrapartida, a população de cor ou raça amarela foi a que apresentou maior índice de acesso à infraestrutura de saneamento, seguida pela de cor ou raça branca. O mesmo ocorre para a presença de instalações sanitárias nos domicílios, cujas pessoas mais afetadas pela ausência dessas instalações são negras e indígenas (IBGE, 2024b). Um estudo sobre desigualdades étnico-raciais e mortalidade infantil no Brasil, identificou que as crianças indígenas têm 14 vezes mais chances de morrer por diarreia do que as crianças nascidas de mães brancas. Entre as crianças negras, o risco é 72% maior em relação ao mesmo grupo. Para as autoras do estudo, reconhecer e documentar as evidências do etnoracismo são os primeiros passos para a redução das desigualdades étnico-raciais (Rebouças et al., 2022). Diversos indicadores demonstram o impacto do racismo e da discriminação, não apenas na saúde, mas, também, em áreas como educação, saneamento e renda. Esses dados reforçam a urgência de implementar políticas de combate ao racismo e, especialmente, de promover ações antirracistas em todos os setores. Mortalidade infantil Saneamento básico 26 Em 2005, a OMS elaborou e adotou um conceito mais abrangente de Determinantes Sociais da Saúde (DSS). Nesse modelo foram incluídos outros fatores que são determinantes estruturais para as desigualdades e iniquidades em saúde e bem-estar social, como o preconceito baseado em valores relativos a gênero e raça/cor/etnia (racismo) (Galvão et al., 2021; Carvalho, A., 2013; Solar; Irwin, 2010; OMS, 2005). #PARA SEGUIR APRENDENDO Clique aqui ou aponte a câmera de seu celular e escaneie o QR CODE para acessar o documento na íntegra. Você também pode acessar o documento nos materiais complementares dessa disciplina. 27 https://fpabramo.org.br/csbh/wp-content/uploads/sites/3/2020/11/DOC_0013-2.pdf https://fpabramo.org.br/csbh/wp-content/uploads/sites/3/2020/11/DOC_0013-2.pdf 03 DESIGUALDADES ÉTNICO-RACIAIS: POPULAÇÕES NEGRAS E INDÍGENAS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE E DESIGUALDADE SOCIAL Proporcionalmente, negros e indígenas são os grupos populacionais mais vulneráveis e afetados pelas desigualdades no Brasil. A origem da vulnerabilidade dessas populações, no país, começou no final do século XV e início do XVI, com a violência cometida pelos colonizadores portugueses e espanhóis, que, com o ideário de superioridade dos brancos europeus sobre os demais povos, exterminaram e escravizaram populações inteiras de indígenas e diversos povos africanos, que foram traficados e trazidos à força em navios negreiros (Kalckmann et al., 2007). Agora, veja um pouco de história: a origem das desigualdades A escravidão negra durou mais de três séculos e estima-se que até a sua abolição, em 1888, tenham chegado cerca de 4 milhões de pessoas escravizadas no Brasil, vindas de diversos países do continente africano. Muitas mulheres negras e indígenas foram agredidas sexualmente, a fim de promover que, posteriormente, a população branca fosse a maioria no Brasil, exterminando, assim, indígenas e negros e trazendo o desenvolvimento pleno para o projeto de país arquitetado pelos europeus (Silva & Vieira, 2018; Schwarcz, 2024; Munanga, 2008). 29 Apesar desse processo violento de miscigenação e branqueamento, é preciso sempre lembrar de que a população brasileira tem origem e ancestralidade africana e indígena. PARA REFLETIR! 30 Segundo o Censo 2022, do IBGE, o Brasil possui 1.693.535 de pessoas indígenas, o que representa 0,83% do total de habitantes do país, desses, estima-se que 622,1 mil (36,73%) residem em terras indígenas e 1,1 milhão (63,27%) fora delas (IBGE, 2023d). De acordo com o IBGE (2010b, p. 15), os povos indígenas apresentam configurações particulares de costumes, crenças e língua, de formas de inserção com o meio ambiente, de história de interação com os colonizadores e de relação com o Estado Nacional Brasileiro. Desse modo, inserem-se de distintas maneiras na sociedade nacional envolvente. O reconhecimento étnico se pauta na conjugação de critérios definidos pela consciência da identidade indígena e de pertencimento a um grupo diferenciado dos demais segmentos populacionais brasileiros e pelo reconhecimento por parte dos membros do próprio grupo. Quanto à localização, a maior parte dos indígenas do país está concentrada na região Norte (44,48%), seguido da região Nordeste, (31,22%). Juntas, as duas regiões respondem por 75,71% do total. Populações Indígenas 31 Completam o total da distribuição da população indígena no Brasil as regiões Centro-Oeste (11,8% ou 199,9 mil pessoas indígenas), Sudeste (7,28% ou 123,3 mil) e Sul (5,2% ou 88 mil). Os estados brasileiros com maior quantitativo de indígenas são: Amazonas (490,9 mil), Bahia (229,1 mil), Mato Grosso do Sul (116,3 mil), Pernambuco (106,6 mil) e Roraima (97,3 mil). De todas as cidades, 4.832 têm moradores indígenas, o que representa 86,7% do total de cidades do país (IBGE, 2023d). Dados do Censo de 2010, registraram a existência de 274 línguas indígenas, de 305 diferentes etnias no Brasil (IBGE, 2010b). Com a atualização do Censo em 2022, é possível que esses números tenham mudado e apresentem um novo cenário no país (Simoni; Guimarães; Santos, 2024; IBGE, 2023d). Os povos indígenas não são todos iguais. Embora tenham muitas semelhanças, há uma grande sociodiversidade étnica, linguística e cultural que deve ser (re)conhecida, respeitada e considerada, especialmente, no que tange à promoção da saúde desses povos, pois o processo de saúde-doença está diretamente ligado a essa diversidade. A terra e o território onde habitam têm um valor imensurável para os povos indígenas. Essa relação é profunda e está ligada à identidade, sendo muito importante para a preservação do meio ambiente, além de ser um dos mais importantes determinantes sociais da saúde para essa população. 32 Grande parte dos povos indígenas encontra-se em condições de extrema vulnerabilidade social e econômica em todo o país. Apenas 13,82% das terras indígenas são regularizadas no território brasileiro, e esse baixo número contribui para a presença de indígenas em acampamentos em condições precárias, geralmente, sem esgotamento sanitário, sem coleta regular de lixo e com baixa infraestrutura (Rio Grande do Sul, 2017). Destaca-se que a demarcação das terras indígenas é um direito constitucional, e sua relevância está diretamente relacionada à garantia da autodeterminação, autonomia e à proteção dos direitos dos povos indígenas, assim como sua participação ativa e efetiva na gestão e preservação desses territórios. “A terra não é apenas suporte para a vida material, meio de subsistência ou fator de produção, mas é, também, referencial do seu mundo simbólico. Todas as dimensões da vida de um povo indígena têm por base seu território físico” (Lopes, V. [s.d.]). 33 Um estudo técnico, realizado e publicado pela Secretaria Executiva da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (CAISAN), em 2018, evidenciou que a desnutrição segue sendo um problema de saúde pública importante no país, especialmente, quando se trata de crianças menores de 5 anos, pertencentes a povos e comunidades tradicionais, como as indígenas, negras e quilombolas. No ano de 2016, 8% das crianças indígenase 6,1% das quilombolas apresentaram baixo peso. O mesmo foi identificado para a deficiência de estatura para a idade, em 30,5% das indígenas e 17,0% das quilombolas (Bortolini et al., 2020; Caisan, 2018). 34 A seguir, veremos alguns indicadores de saúde dos povos indígenas. A Atenção Primária em Saúde (APS) em Saúde é a principal porta de entrada do SUS e desempenha um papel fundamental na promoção de melhores desfechos em alimentação e nutrição. Você, Agente de Saúde, com suas atribuições profissionais, pode contribuir ativamente para alcançar esses resultados, promovendo orientações e ações que impactam positivamente a saúde da comunidade. Segundo Bortolini (2020), essas ações devem estar orientadas pelas diretrizes da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) e podem ser potencializadas a partir de ações de vigilância alimentar e nutricional. Nesse sentido, é importante que a equipe da APS, com o apoio dos(as) Agentes de Saúde, conheça as comunidades tradicionais dos seus territórios, bem como seus costumes, hábitos alimentares e culturais, para uma adequada vigilância alimentar e nutricional e enfrentamento à desnutrição, às carências de micronutrientes, ao sobrepeso e à obesidade nessas populações. Os resultados da pesquisa do IBGE (2022a) também encontraram achados, que reafirmam a correlação entre condições socioeconômicas, raça/cor e má-alimentação. Além da desnutrição em crianças, também as adolescentes pretas (10 a 19 anos) pretas apresentaram IMC acima da média em relação às demais cores ou raças, em 2021. Veja, a seguir, dois tipos de Agentes de Saúde, definidos pelo Ministério da Saúde, que desempenham um papel fundamental na promoção da saúde dentro das comunidades indígenas. 35 Os(as) Agentes Indígenas de saúde (AIS) fazem parte da Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI) dos distritos. Eles(as) moram em aldeias e são responsáveis pela prevenção de doenças, acompanhamento de saúde de crianças a idosos, educação em saúde e contato com os profissionais de saúde do DSEI. Eles(as) trabalham, também, como intérpretes e são os articuladores(as) entre a medicina convencional e as práticas tradicionais indígenas, realizando a integração das equipes de saúde com os pajés, xamãs, rezadores, raizeiros e parteiras de cada etnia. Agentes Indígenas de Saúde (AIS) Os(as) Agentes Indígenas de Saneamento (AISAN), são responsáveis pelo monitoramento da qualidade da água, destinação dos resíduos sólidos, apoio na manutenção dos Sistemas de Abastecimento de Água (SAA) e pelo trabalho de educação em saúde. Agentes Indígenas de Saneamento (AISAN) 36 No total, o Brasil possui 7,6 mil Agentes Indígenas, sendo 4,8 mil AIS e 2,8 mil AISAN. Eles(as) representam 52% dos profissionais de saúde que compõem as EMSI, fazem parte da força de trabalho da SESAI, que atua diretamente nas aldeias. Os AIS e os AISAN desempenham papéis importantes no cuidado à saúde indígena. Suas principais funções são: Intermediação cultural: atuam facilitando a comunicação entre as comunidades indígenas e os profissionais de saúde, garantindo que as práticas culturais sejam respeitadas. Educação em saúde: promovem a educação em saúde dentro das comunidades, abordando temas como higiene, prevenção de doenças e cuidados básicos de saúde. Monitoramento e prevenção: ajudam a monitorar a saúde da comunidade, identificando precocemente sinais de doenças e promovendo ações preventivas. Apoio às equipes de saúde: trabalham em conjunto com as equipes de saúde, auxiliando na implementação de programas de saúde e saneamento. Valorização do conhecimento tradicional: colaboram com os profissionais de saúde para integrar o conhecimento tradicional indígena aos cuidados de saúde modernos. 1 2 3 4 5 37 Você, Agente de Saúde, pode auxiliar na realização da Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) no seu território, e auxiliar a detectar precocemente situações de risco nutricional nas famílias negras, quilombolas e indígenas. Todos os profissionais de saúde da APS são responsáveis por realizar a VAN e devem ser capacitados para coletar os dados de antropometria e do consumo alimentar durante os atendimentos e as atividades de rotina. Conhecer a situação de alimentação, nutrição, saneamento e acesso à água da população do seu território, principalmente, aquelas com maior vulnerabilidade e risco social, e realizar a coleta e registro dos dados no e-SUS APS (ou sistemas próprios) pode ser um dos caminhos para a redução dos números de desnutrição e sobrepeso. #FICA A DICA Clique aqui ou aponte a câmera de seu celular e escaneie o QR CODE para conhecer o Guia para a Organização da Vigilância Alimentar e Nutricional na Atenção Primária à Saúde. Você também pode acessar o guia nos materiais complementares dessa disciplina. Você pode acessar, também, a Cartilha O Agente Comunitário de Saúde na Promoção de Hábitos Alimentares Saudáveis, e ajudar contribuir para a promoção da saúde e de hábitos alimentares saudáveis para toda a população. Clique aqui ou aponte a câmera de seu celular e escaneie o QR CODE. 38 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_organizacao_vigilancia_alimentar_nutricional.pdf https://fadc.org.br/sites/default/files/2019-08/o-agente.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_organizacao_vigilancia_alimentar_nutricional.pdf https://fadc.org.br/sites/default/files/2019-08/o-agente.pdf Em um estudo realizado por Araújo et al. (2023), observou-se altas taxas de suicídio entre os indígenas brasileiros, no período de 2000 a 2010. Os números atingiram mais de duas vezes e meia os níveis da população brasileira, em geral, em 2020 (17,57 mortes por suicídio versus 6,35 mortes por suicídio por 100.000 habitantes, respectivamente). Destaca-se o fato de que a faixa etária mais jovem (10 a 24 anos), apresentou as maiores taxas de suicídio em todos os anos do estudo. A pesquisa de Alves (2021), revelou desigualdades e piores indicadores de saúde nos povos indígenas do Brasil. Um exemplo disso, foi a proporção de óbitos em indígenas menores de 1 ano foi maior em todos os anos da série histórica analisada (15,3% em 2000, 17,7% em 2010 e 16,2%; em 2018), e em comparação ao restante do Brasil, que foi de 7,2%, 3,5% e 2,7%, respectivamente. A proporção de óbitos a partir de 50 anos nos indígenas nos mesmos anos foi de 47,0%, 48,1% e 52,0%; e no restante do Brasil, foi de 66,8%, 74,4% e 79,4% (Alves et al., 2021, p.1). 39 Em 2018, indígenas menores de 1 ano morreram mais de afecções perinatais (39,4%), doenças infecciosas e parasitárias (10,1%) e causas externas (9,8%). Em menores de 1 ano do restante da população brasileira, essas causas corresponderam a 57,8%, 3,8% e 2,8%. Indígenas acima de 50 anos morreram mais por doenças circulatórias (28,6%), respiratórias (15,4%) e neoplasias (14,6%); e no restante da população brasileira, essas causas representaram 31,5%, 13,6% e 19,0% (Alves et al., 2021, p.1). O Primeiro Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas, cuja pesquisa de campo aconteceu entre 2008 e 2009, encontrou significativas desigualdades étnico-raciais na atenção Pré-natal de mulheres indígenas, com idades entre 14 e 49 anos, com filhos menores de 60 meses, no Brasil. Dados do estudo de Garnelo et al. (2019, p.1), mostraram que, embora o Pré-natal tenha sido ofertado para a maioria das mães indígenas (86,6%), a região Norte registrou a maior proporção de mulheres que não fizeram o Pré-natal; somente 30% iniciaram o Pré-natal no 1º trimestre (recomendado pelo Ministério da Saúde), e apenas 60% das elegíveis receberam vacinas contra Difteria e Tétano. Apenas 16% das gestantes indígenas realizaram 7 ou mais consultas de Pré-natal, conforme recomendação da OMS e Ministério da Saúde. Foi baixa a solicitação de exames, como Glicemia(53,6%), Urina (53%), Hemograma (56,9%), Citologia Oncótica (12,9%), teste de Sífilis (57,6%), Sorologia para HIV (44,2%), Hepatite B (53,6%), Rubéola (21,4%) Toxoplasmose (32,6%) e prescrição de Sulfato Ferroso (44,1%). 40 Os indicadores mencionados nos permitem visualizar os efeitos do racismo e das desigualdades étnico-raciais nas condições de vida e saúde dos povos indígenas. Muitos dos agravos estão relacionados ao que chamamos de condições sensíveis à APS, o que significa que são condições que poderiam ter sido tratadas no âmbito da APS, de forma oportuna e efetiva, a partir da promoção, educação e prevenção em saúde, evitando que a população adoeça ou evolua para uma possível internação ou venha a óbito. 41 O estudo destaca, ainda, que os percentuais de realização das ações do Pré-natal das indígenas são mais inferiores que os achados para mulheres não indígenas no território nacional, reafirmando a manutenção de desigualdades étnico-raciais, que afetam de forma negativa a saúde e o bem-estar de mães indígenas (Garnelo et al., 2019, p.1). As doenças crônicas não transmissíveis (Diabetes, Hipertensão, Pneumonias bacterianas, Asma etc.), as doenças preveníveis por imunização (Tétano, Sífilis congênita, Difteria, Hepatite B, Rubéola, Malária etc.) e as deficiências nutricionais, como a desnutrição, são condições sensíveis à APS e podem ser enfrentadas de forma efetiva, com o trabalho dos Agentes de Saúde, seja por meio da atuação junto aos domicílios; vistoria dos imóveis residenciais e não residenciais; orientação da população sobre hábitos saudáveis, promoção e prevenção de doenças e sobre vacinação; notificação e encaminhamento das fichas de notificação para o setor competente, conforme estratégia local, dentre outras estratégias a serem desenvolvidas, respeitando a sociodiversidade dos povos indígenas. Agora, você já sabe: os povos indígenas não são iguais! Embora haja semelhanças, há uma grande diversidade étnica, linguística e cultural entre eles. PARA REFLETIR! Clique aqui ou aponte a câmera de seu celular e escaneie o QR CODE para assistir ao vídeo “Quantas línguas indígenas o Brasil tem e como é escutá-las?” e conhecer um pouco sobre a diversidade linguística dos povos indígenas. 42 https://www.youtube.com/watch?v=-dKBt5btcq0 https://www.youtube.com/watch?v=-dKBt5btcq0 De acordo com IBGE, a população negra é caracterizada pela soma de pretos e pardos, que, em 2022, correspondia a 55,5% da população brasileira (IBGE, 2023c). A população quilombola também constitui a população negra no Brasil. São reconhecidos como povos e comunidades tradicionais: ● grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais; ● que possuem formas próprias de organização social; ● que ocupam e usam territórios e recursos naturais, como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas geradas e transmitidas pela tradição (Decreto 6.040, art. 3º, § 1º). Populações Negras 43 A trajetória de luta pelo direito à terra e de combate ao racismo da sociedade brasileira resiste nos quilombos da atualidade, e para Nascimento (2006), essas comunidades são “a materialização da resistência negra à escravização”. Pela primeira vez, o Censo 2022 do IBGE contabilizou os quilombolas no país. Trata-se de uma população de 1,3 milhão de pessoas, distribuída entre 1.696 municípios e 494 Territórios Quilombolas oficialmente delimitados. 44 Apesar de representarem a maioria da população no Brasil, pessoas negras estão entre os grupos com os mais altos índices de desocupação, subutilização, subemprego e trabalho informal, independentemente do nível de escolaridade. Além disso, enfrentam os menores rendimentos no trabalho e na renda per capita, com uma parcela significativa vivendo abaixo da linha da pobreza. Também enfrentam a situação de maior insegurança de posse e de informalidade da moradia própria, vivendo em domicílios sem esgotamento por rede coletora ou pluvial, e sem acesso à rede de abastecimento de água e à coleta de lixo (IBGE, 2022b). As péssimas condições de vida, em que se encontra a maior parte da população negra brasileira, resultam do processo histórico escravista que durou mais de 300 anos, o qual, mesmo abolido, segue desumanizando e deixando às margens a população negra. Histórica e socialmente esses corpos são repetidamente violados por grande parte das instituições, que deveriam proteger e garantir os seus direitos. A seguir, você verá alguns indicadores de saúde da população negra, que refletem os impactos dos determinantes sociais da saúde, principalmente, do racismo estrutural e institucional, na vida dessa população. 45 No que tange à saúde materna, mulheres negras têm apresentado os piores indicadores de acesso e cuidado à saúde, fazem menos consultas de Pré-natal e o iniciam mais tardiamente em comparação às mulheres brancas. São mais acometidas pelo óbito materno e possuem as menores proporções no que se refere ao recebimento de uma assistência adequada (Coelho, Remédios, Campos, 2022). Em 2021, 47.847 pessoas foram mortas por violência (homicídio) no Brasil, segundo os dados oficiais do Ministério da Saúde, esse número representa uma redução de 4,8% na taxa de homicídios em relação ao ano anterior. Todavia, essa redução não se aplicou às mortes de pessoas negras: esse mesmo período foi marcado pelo aumento da violência letal contra negros, indígenas e mulheres (Cerqueira et al., 2023). O Atlas da Violência de 2023 evidenciou taxas de homicídios de homens, mulheres, jovens e idosos negros mais elevadas em relação às pessoas não negras. O risco de um negro morrer assassinado foi 2,9 vezes maior do que um não negro. Ainda, a taxa de mortalidade por homicídio de mulheres negras foi de 4,3 por 100 mil mulheres negras, e a taxa entre não negras foi de 2,4 por 100 mil, isto é, mulheres negras morrem 1,8 vezes mais do que as não negras por homicídio. Entre 2020 e 2021, enquanto a taxa de homicídios para mulheres negras cresceu 0,5%, entre as mulheres não negras houve redução de 2,8% (Cerqueira et al., 2023). 46 O estudo de Batista (2005) evidenciou que homens negros morrem mais que os brancos. Dentre as causas de morte dos homens negros, destacam-se os óbitos por transtornos mentais (uso de álcool e outras drogas); doenças infecciosas e parasitárias (Tuberculose e HIV/Aids) e causas externas (homicídio). O Boletim Epidemiológico Saúde da População Negra, do Ministério da Saúde, evidenciou disparidades raciais no acesso à saúde de pessoas negras e indígenas. Em 2020, aferiu-se uma maior proporção de mães que tiveram acesso a sete ou mais consultas de Pré-natal, em todas as categorias de raça/cor, no entanto, houve um gradiente por raça/cor com maior proporção de sete ou mais consultas nas mães que se declararam ser da raça/cor branca (80,9%), seguida da amarela (74,3%), da preta (68,7%), da parda (66,2%) e da indígena (39,4%) (Brasil, 2023). A pesquisa Nascer no Brasil, realizada pela Fiocruz, identificou que mulheres pretas e pardas apresentam prevalências mais altas de parto pós-termo (após as 42 semanas de gestação; menor aplicação de analgesia; Pré-natal com menor número de consultas e exames; maior peregrinação para parir; maior violação da garantia do direito da mulher ao acompanhante por ocasião do parto; pior relação com as/os profissionais de saúde nos hospitais/maternidade; menor satisfação com o atendimento recebido nos hospitais/maternidade (Leal et al., 2017). Os indicadores da população negra também nos permitem identificar as iniquidades raciais no acesso à saúde. Assim como vimos em relação aos indígenas, são as condições sensíveis parte das causas que levam pessoas negras ao adoecimento e ao óbito. Olhar para essas populações e suas especificidades,bem como construir ações em saúde antirracistas, é fundamental para a promoção da equidade no SUS. 47 Agente de Saúde, ao atender pessoas negras, quilombolas e indígenas na sua Unidade de Saúde, esteja atento aos determinantes sociais da saúde, que afetam as condições de vida dessas pessoas, especialmente, o racismo. No atendimento: • Certifique-se de que as pessoas e seus domicílios estão cadastrados e vinculados a alguma equipe da Unidade de Saúde, e de que os dados estão corretos. Caso a pessoa não seja do território, acolha e a oriente sobre sua Unidade de referência. • Atualize com frequência os dados dessas pessoas (de domicílio, antropométricos, entre outros). • Pergunte se há crianças, idosos, pessoas com deficiência e gestantes nas famílias negras e indígenas. • Confira os cartões de vacinação da gestante e da criança, para verificar o que está faltando, discutindo com a equipe a situação e fazendo o registro de tudo o que for necessário, no que se refere à saúde dessas pessoas. • Identifique informações sobre o número de consultas das gestantes negras e indígenas, sobre as vacinas, exames e testes importantes para cada período da gestação ou do recém-nascido. São dados relevantes para reduzir as chances de adoecimento ou óbito dessas pessoas por agravos evitáveis e sensíveis a APS. #FICA A DICA 48 • Conheça todas as comunidades negras, quilombolas e indígenas localizadas no território da sua Unidade e equipe; faça visitas periódicas e diagnósticos das situações de saúde e condições de vida dessas famílias. • Conheça quais as condições de moradia das famílias negras e indígenas e verifique se as residências possuem instalações sanitárias, saneamento básico, água potável, o tipo de estrutura da casa, se próximo às comunidades quilombolas e indígenas existem focos endêmicos etc. Registre todas as informações, e, junto à equipe, elabore estratégias específicas para essas comunidades e famílias. • Identifique indivíduos ou famílias negras e indígenas em situação de rua e discuta as situações com a sua equipe. A equipe pode acionar outras secretarias e redes do município, para oferecer atendimento e acolhimento a essas pessoas. • Identifique situações de violência, acolha as vítimas e tome as providências necessárias (discussão do caso com a equipe, notificação e eventual denúncia). • Discuta, sempre, as situações que você identificar no território sempre com a sua equipe. Ela pode, quando necessário, acionar outras secretarias e instituições do seu município, como Assistência Social, Educação, Habitação, o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) e os Conselhos de Desenvolvimento das Comunidades Negras e Indígenas para construir ações intersetoriais e mais efetivas a essas populações. #FICA A DICA 49 As pessoas que criaram esse conceito diziam que o racismo não existia no Brasil, que o existia, aqui, era uma harmonia entre as raças e que indivíduos negros e indígenas viviam em condições de plena igualdade em relação aos brancos. A realidade no país sempre nos mostrou e afirmou que esse conceito trata-se de um mito. As pessoas brancas, negras e indígenas são iguais perante a lei. No entanto, na prática, essa igualdade ainda não está dada, por isso a necessidade de olharmos atentamente para os grupos excluídos e que vivem em condições desiguais. O que você observa sobre as relações de trabalho, educação, renda, moradia entre pessoas negras e brancas? São relações e condições semelhantes? Vamos entender melhor o que é democracia racial! Clique aqui ou aponte a câmera de seu celular e escaneie o QR CODE e assista ao vídeo “Desigualdade Racial no Brasil - 2 minutos para entender!”. Assista, também, ao vídeo “As estatísticas que revelam a desigualdade racial no Brasil e nos EUA”, para conhecer dados que expõem a disparidade racial nesses países. Clique aqui ou aponte a câmera do seu celular e escaneie o QR CODE. 50 https://www.youtube.com/watch?v=ufbZkexu7E0 https://www.youtube.com/watch?v=d45Woc456DY https://www.youtube.com/watch?v=ufbZkexu7E0 https://www.youtube.com/watch?v=d45Woc456DY 04 COMBATE AO RACISMO E POLÍTICAS E PROMOÇÃO DA EQUIDADE ÉTNICO-RACIAL NA SAÚDE A equidade é um dos princípios doutrinários do SUS e orienta as políticas de saúde, reconhecendo as necessidades de grupos específicos e atuando para reduzir o impacto dos determinantes sociais da saúde e desigualdades, às quais algumas populações estão submetidas. As Políticas de Promoção da Equidade em Saúde são um conjunto de políticas, programas e ações governamentais de saúde, no contexto do SUS, formuladas para fomentar o respeito à diversidade e garantir o direito à saúde integral e equânime a populações em situação de vulnerabilidade e desigualdade social (Brasil, 2024c). A APS deve ser espaço de fomento à implementação de políticas e ações intersetoriais de promoção da equidade em saúde, acolhendo e articulando as demandas de grupos em situação de iniquidade no acesso e na assistência à saúde (Brandt; Areosa; Rodrigues, 2022, p. 9). Para sua efetivação, é necessária uma rede de serviços sensíveis e comprometidos, a fim de superar as deficiências de cobertura, acesso e aceitabilidade do SUS para essas populações. Clique aqui ou aponte a câmera de seu celular e escaneie o QR CODE para saber mais sobre a iniciativa Saúde sem Racismo, proposta pelo Ministério da Saúde. https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-sem-racismo https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-sem-racismo A Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI), aprovada pela Portaria do MS nº 254, de 31 de janeiro de 2002, integra a Política Nacional de Saúde, em consonância às determinações das Leis Orgânicas da Saúde com as da Constituição Federal, que reconhecem aos povos indígenas suas especificidades étnicas e culturais e seus direitos territoriais (Brasil, 2002). Foi uma política formulada com a participação, em todas as etapas, de representantes dos órgãos responsáveis pelas políticas de saúde e pela política e ação indigenista do governo, assim como de organizações da sociedade civil com trajetória reconhecida no campo da atenção e da formação de recursos humanos para a saúde dos povos indígenas (Brasil, 2002). A PNASPI está vinculada à Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) do Ministério da Saúde. Tal secretaria, criada em 2010, é responsável por coordenar a atenção à saúde das Políticas para os Povos Indígenas e todo o processo de gestão do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SASISUS), no contexto do SUS, em todo o território brasileiro. A criação da SESAI e do SASISUS surgiu a partir da necessidade de reformulação da gestão da saúde indígena no país, demanda reivindicada pelos próprios indígenas, durante as Conferências Nacionais de Saúde Indígena. Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI) 53 Segundo Brasil (2002), a implementação da PNASPI requer a adoção de um modelo complementar e diferenciado de organização dos serviços – voltados para a proteção, promoção e recuperação da saúde –, e que garanta às populações indígenas o exercício de sua cidadania nesse campo. Nesse sentido, a rede de serviços nas terras indígenas é condição fundamental para efetivar o direito à saúde, bem como superar as deficiências de cobertura, acesso e aceitabilidade do SUS pelos indígenas. O propósito dessa política é garantir aos povos indígenas o acesso à atenção integral à saúde, de acordo com os princípios e diretrizes do SUS, garantindo a equidade, contemplando a diversidade social, cultural, geográfica, histórica e política, de modo a favorecer a superação dos fatores que tornam essa população mais vulnerável aos agravos à saúde de maior magnitude e transcendência entre os brasileiros, reconhecendo a eficácia de sua medicina e o direito desses povosà sua cultura. O modelo de organização dos serviços dessa Política se dá por meio dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI). Cada DSEI é orientado para um espaço etnocultural dinâmico, geográfico, populacional e administrativo bem delimitado –, que abrange um conjunto de atividades técnicas, medidas racionalizadas e qualificadas de atenção à saúde, promovendo a reordenação da rede de saúde e das práticas sanitárias e desenvolvendo atividades administrativo-gerenciais necessárias à prestação da assistência, com controle social (Brasil, 2002). 54 As relações sociais entre os diferentes povos indígenas do território e a sociedade regional e a distribuição demográfica tradicional dos povos indígenas, que não coincide, necessariamente, com os limites de estados e municípios onde estão localizadas as terras indígenas, são alguns dos critérios que devem ser considerados para a definição territorial dos DSEI (Brasil, 2002). Cada distrito possui uma rede de serviços de Atenção Básica de Saúde dentro das áreas indígenas, integrada e hierarquizada com complexidade crescente e articulada com a rede do SUS. As equipes de saúde dos distritos deverão ser compostas por médicos, enfermeiros, odontólogos, auxiliares de enfermagem e AIS, contando com a participação sistemática de antropólogos, educadores, engenheiros sanitaristas e outros especialistas e técnicos considerados necessários (Brasil, 2002). Observe que você, ACS, e você, ACE, não atuam nos DSEIs. Nas aldeias, a atenção básica será realizada por intermédio dos(as) AIS, nas unidades de saúde, e pelas equipes multidisciplinares periodicamente, conforme planejamento das suas ações. Portanto, os(as) AISs são como os Agentes Comunitários e de Endemias para toda a população: desempenham papel importante para garantir e promover o acesso dos povos indígenas à saúde. É comum, que no imaginário coletivo a imagem de indígenas seja associada à vida nas aldeias, isoladas em meio às florestas. No entanto, essa é uma das tantas realidades dos povos indígenas no Brasil. Em alguns estados do país, os povos indígenas podem ser encontrados nos centros urbanos e fora das suas aldeias. Podem e devem, inclusive, acessar os serviços de saúde fora dos DSEIs. Assim, outros Agentes de Saúde, como você, ACS ou ACE, podem ter em seus territórios pessoas indígenas, que necessitem de atenção à saúde. 55 56 Clique aqui ou aponte a câmera de seu celular e escaneie o QR CODE para acessar a “Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas” na íntegra. Você também pode acessá-la nos materiais complementares dessa disciplina. Esteja atento(a) ao fato de que uma pessoa indígena, em contexto urbano ou fora do seu território de origem, não deixa de ser indígena. Portanto, ao identificar indígenas no seu território e Unidade de Saúde, lembre-se de acolher e promover a equidade em saúde. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_saude_indigena.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_saude_indigena.pdf A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) é uma resposta do Ministério da Saúde às desigualdades em saúde que acometem a população negra, e o reconhecimento de que as suas condições de vida resultam de injustos processos sociais, culturais e econômicos presentes na história do país. Essa Política tem o compromisso de combater as desigualdades no SUS e promover a saúde da população negra de forma integra (Brasil, 2009). Aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde, em novembro de 2006, mas instituída somente em 2009, a PNSIPN reitera a relação entre racismo e vulnerabilidade em saúde, tendo como objetivos: I – garantir e ampliar o acesso da população negra residente em áreas urbanas, em particular, nas regiões periféricas dos grandes centros, às ações e aos serviços de saúde; II – garantir e ampliar o acesso da população negra do campo e da floresta, em particular, as populações quilombolas, às ações e aos serviços de saúde; III – incluir o tema Combate às Discriminações de Gênero e Orientação Sexual, com destaque para as interseções com a saúde da população negra, nos processos de formação e educação permanente dos trabalhadores da saúde e no exercício do controle social; A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) 57 IV – identificar, combater e prevenir situações de abuso, exploração e violência, incluindo assédio moral, no ambiente de trabalho; V – aprimorar a qualidade dos Sistemas de Informação em Saúde, por meio da inclusão do quesito cor em todos os instrumentos de coleta de dados adotados pelos serviços públicos, os conveniados ou contratados com o SUS; VI – melhorar a qualidade dos Sistemas de Informação do SUS, no que tange à coleta, processamento e análise dos dados desagregados por raça, cor e etnia; VII – identificar as necessidades de saúde da população negra do campo e da floresta, das áreas urbanas e utilizá-las como critério de planejamento e definição de prioridades; VIII – definir e pactuar, junto às três esferas de governo, indicadores e metas para a promoção da equidade étnico-racial na saúde; IX – monitorar e avaliar os indicadores e as metas pactuados para a promoção da saúde da população negra, visando a reduzir as iniquidades macrorregionais, regionais, estaduais e municipais; X – incluir as demandas específicas da população negra nos processos de regulação do sistema de saúde suplementar; XI – monitorar e avaliar as mudanças na cultura institucional, visando à garantia dos princípios antirracistas e não-discriminatório; XII – fomentar a realização de estudos e pesquisas sobre racismo e saúde da população negra (Brasil, 2009). Clique aqui ou aponte a câmera de seu celular e escaneie o QR CODE e acesse a “Política Nacional de Saúde Integral da População Negra” na íntegra. Você também pode acessá-la nos materiais complementares dessa disciplina. 58 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_integral_populacao.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_integral_populacao.pdf 05 QUESITO RAÇA/COR/ETNIA: FORMULÁRIOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÕES DE SAÚDE O quesito raça/cor/etnia é um ponto central para o enfrentamento do racismo nos mais diversos indicadores, sejam da saúde, educação, socioeconômicos, entre outros, conforme observado nos tópicos anteriores (Silveira, 2021). Os Sistemas de Informação em Saúde são fundamentais para compreender a distribuição da saúde na população brasileira. A partir da desagregação racial das informações epidemiológicas, pode-se visibilizar e analisar as iniquidades nas condições de vida, saúde, adoecimento e morte da população no Brasil. No esforço para reduzir as assimetrias e desigualdades na saúde, é necessário que todos(as) os(as) profissionais de saúde qualifiquem as informações, por meio de ferramentas como: Formulário de Cadastro do Cartão SUS Ficha de Cadastro Individual e-SUS AB Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) Sistema de Nascidos Vivos (SINASC) Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA) 60 Sistema Nacional de Agravos Notificáveis (SINAN) Sistema de Informações dos Centros de Testagem e Aconselhamento (SI-CTA) Em cada um desses Sistemas é fundamental o correto preenchimento do campo denominado raça/cor/etnia, respeitando o critério de autodeclaração do usuário e da usuária de saúde, para maior assertividade das ações e práticas de saúde. 61 Além de outros Sistemas não citados nessa lista. Portaria MS/GM nº 344, de 2017 A variável raça/cor, presente nos formulários e Sistemas de Informações em Saúde, é o que nos permite mensurar, identificar e denunciar o impacto do racismo e das iniquidades raciais no acesso aos serviços de saúde. Desde 1º de fevereiro de 2017, por meio da Portaria MS/GM nº 344, a coleta e o preenchimento desse quesito/camposão obrigatórios para todos os profissionais que atuam nos serviços de saúde, o qual deve constar em todas as fichas e formulários dos Sistemas de Informação em Saúde no âmbito do SUS. Critério de autodeclaração da raça/cor/etnia O critério de autodeclaração do usuário de saúde deve ser seguido, orientado pelos padrões utilizados pelo IBGE, que constam nos formulários como: branca, preta, amarela, parda ou indígena (Brasil, 2017a). Segundo o IBGE (2023c): Cor ou raça é uma percepção que o informante tem sobre si mesmo (autoidentificação) e sobre como os outros moradores se autoidentificam (ausentes). O quesito é denominado cor ou raça e não apenas “cor” ou apenas “raça”, pois há vários critérios que podem ser usados pelo informante para a classificação, tais como: origem familiar, cor da pele, traços físicos, etnia, entre outros, e porque as 5 (cinco) categorias disponíveis (Branca, Preta, Amarela, Parda e Indígena) podem ser entendidas pelo informante de forma variável (IBGE, 2023c, p. 123). 62 Conforme discutido, no início da disciplina, é importante sempre lembrar, que raça não é um conceito biológico, mas, sim, uma categoria construída socialmente, e que pode variar, inclusive, ao longo dos anos e em diferentes sociedades. Sendo assim, as categorias podem ser entendidas da seguinte maneira: • Branca - para a pessoa que se autodeclarar branca. • Preta - para a pessoa que se autodeclarar preta. • Amarela - para a pessoa de origem oriental: japonesa, chinesa, coreana etc. • Parda - para a pessoa que se autodeclarar parda, ou que se identifique com mistura de duas ou mais opções de cor ou raça, incluindo branca, preta, parda e indígena. • Indígena - para a pessoa que se autodeclarar indígena ou índia. Essa classificação é utilizada tanto aos indígenas que vivem em terras indígenas, como aos que vivem fora delas, inclusive, em áreas quilombolas (IBGE, 2023c, p. 123). 63 Os usuários devem ser informados pelos profissionais quanto ao método de classificação utilizado pelo IBGE, respeitados diante de sua autodeclaração, para que a produção dos dados seja fidedigna (Brasil, 2018a). A coleta, a análise e o uso dos indicadores e das informações em saúde estratificados por raça/cor têm papel relevante para a formulação, implementação e execução de políticas públicas de saúde no país (Brasil, 2018a; 2018b). Além disso, no âmbito dos serviços de saúde são estratégias de gestão e de atenção à saúde essenciais, para dar visibilidade estatística às populações que fazem parte de grupos étnico-raciais socialmente excluídos e, assim, promover e garantir o princípio da equidade no SUS, por meio de ações que reconhecem e consideram as diferenças nas condições de vida e saúde, bem como as necessidades e especificidades dos usuários. A sua atuação contribui para um elo maior entre os usuários, as equipes e os serviços, pois possuem contato direto com a população e o território adscrito. O preenchimento dos registros e das informações relacionadas aos usuários e aos domicílios atendidos pela Unidade de referência é uma das atividades imprescindíveis para o trabalho desses profissionais. Portanto, você, Agente de Saúde, tem um papel central na coleta e no preenchimento adequado do quesito raça/cor, e de todas as outras informações igualmente importantes, para o diagnóstico da situação de saúde da população e para a elaboração de ações e práticas de saúde universais, integrais e, sobretudo, mais equânimes e antirracistas. Perguntar o quesito raça/cor não é racismo, não ofende e ajuda a prevenir e promover a saúde! 64 Veja algumas orientações que poderão ajudar no registro da informação de “cor ou raça/etnia” (Dias; Giovanetti; Santos, 2009): ● A “cor ou raça/etnia” faz parte das características dos indivíduos, assim como sexo, idade, orientação sexual e outros. Desde os anos 90, o IBGE coleta esses dados para conhecer melhor a sua população. ● A padronização da classificação e do método de identificação são providências importantes para melhorar a qualidade da informação “cor ou raça/etnia”. Todos os formulários devem conter as mesmas categorias de “cor ou raça/etnia”, e a mesma maneira de abordar o(a) usuário(a). ● Como já vimos antes, o método de identificação é a autodeclaração, e as categorias possíveis são branca, preta, amarela, parda e indígena, conforme preconizado pelo IBGE. ● Haverá situações em que será necessária a utilização da heteroclassificação. A heteroclassificação é quando uma outra pessoa, preferencialmente, um membro da família, define a cor ou raça/etnia do(a) usuário(a). Em quais situações específicas pode acontecer a heteroclassificação? No caso de Declaração de Nascidos Vivos, de Declaração de Óbito, no registro de pacientes em coma ou quadros semelhantes. 65 • As pessoas são mesmo dessas cores? Se olharmos bem, não! No entanto, essas categorias foram criadas apenas para classificar os grupos populacionais de diferentes origens étnico-raciais, ou seja, os brasileiros e brasileiras descendentes de europeus, de orientais, de africanos, de indígenas ou da miscigenação (mistura) de dois desses grupos. • É importante ressaltar, que nenhuma dessas cores é utilizada, nas informações em saúde, com sentido pejorativo ou com intenção de discriminar qualquer um dos grupos étnico-raciais. • Devemos utilizar as categorias empregadas pelo IBGE, porque possibilita o cruzamento dos dados obtidos em todo o país. Assim, podemos fazer comparações abrangentes e ter estatísticas em nível nacional. Um estudo, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), relata que o 1º Censo oficial brasileiro, realizado em 1872, utilizou as seguintes categorias: preto, pardo, branco e caboclo. A categoria caboclo, naquela época, foi usada para classificar o grupo dos indígenas. Pardo designava os mestiços; e, mais tarde, com a imigração asiática, criou-se a categoria amarela para designar os orientais/asiáticos. • Perguntar a “cor ou raça/etnia” dos(as) usuários(as) contribui para melhorar a qualidade dos serviços de saúde, para elaborar políticas públicas e identificar as doenças e agravos predominantes nos diferentes grupos que compõem a nossa sociedade. 66 Quais são as possíveis reações desfavoráveis dos usuários, quando perguntamos a sua “cor ou raça/etnia”? Irritação, agressividade, curiosidade, desconfiança, dúvida, constrangimento. Por isso, é fundamental estar preparado(a) para explicar o porquê e para que precisamos dessa informação (Dias; Giovanetti; Santos, 2009). • A informação “cor ou raça/etnia” possibilita que o SUS cumpra um de seus princípios fundamentais que é a equidade, ou seja, o compromisso de oferecer a todos cidadãos e cidadãs um tratamento igualitário e, ao mesmo tempo, atender às necessidades que cada situação apresenta. É um dado que pode orientar o tratamento das populações específicas. 67 Veja mais algumas dicas para enfrentar as dificuldades de perguntar e coletar dos dados de raça/cor: 1. Distribuir folhetos explicativos aos usuários(as), enquanto permanecem na sala ou fila de espera. 2. Naturalizar a pergunta “qual é a sua cor ou raça/etnia?”, ou seja, integrá-la ao conjunto de informações (nome, idade, sexo etc.) de forma natural. 3. Dialogar com cada usuário(a) e orientar como se autoclassificar, quando não souber. 4. Assegurar ao usuário(a) que essa informação não tem por objetivo discriminar, mas, sim, prevenir doenças. 5. Solicitar apoio e orientações à chefia e à supervisão, sempre que for necessário (Dias; Giovanetti; Santos, 2009). Clique aqui ou aponte a câmera de seu celular e escaneie o QR CODE para acessar o documento "Perguntar não ofende. Qual é a sua cor ou raça/etnia? responder ajuda a prevenir" e encontrar mais dicas para coletar e preencher o quesito raça/cor. 68 https://www.saude.sp.gov.br/resources/ouvidoria-da-secretaria-de-estado-da-saude-de-sao-paulo/biblioteca/perguntar_nao_ofende.pdf