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Do Adimplemento e Extinção das Obrigações - Compensação

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DISCIPLINA: DIREITO CIVIL II
Do Adimplemento e Extinção das Obrigações 
DA COMPENSAÇÃO 
Conceito
A compensação tem por objetivo a extinção da obrigação, até o valor da quantia, entre pessoas, que for ao mesmo tempo, credora e devedora uma da outra. 
É um instituto de grande utilidade e que oferece vantagens. Uma das vantagens reside no fato de que evita o risco de insolvência do credor pago. Além do que, existe sensível economia de tempo e dinheiro, com despesas desnecessárias ao pagamento de dívidas antagônicas. 
Exemplo: José é credor de Júlio da importância de R$10.000,00 e Júlio, por sua vez, também é credor de José na mesma quantia. Neste caso, as dívidas se extinguem automaticamente, dispensando o duplo pagamento. Este é o caso da compensação total.
Porém, se Júlio fosse credor de apenas R$5.000,00, as dívidas se compensariam até a concorrência dos respectivos valores, isto é, Júlio ainda estaria devendo R$5.000,00 para José. Esta é a compensação parcial, que abate o valor até onde concorrer com o da outra obrigação. 
Portanto, a compensação será total, quando ocorrer valores iguais nas duas obrigações; e será parcial, quando os valores das obrigações forem desiguais. 
 
Espécies de compensação
A compensação também pode ser: legal, convencional ou judicial.
Compensação legal
É aquela que tem por base os pressupostos exigidos por lei, e que produz os seus efeitos ipso iure (de pleno direito). 
A compensação legal pode acontecer mesmo que uma das partes se oponha e opera-se automaticamente. No mesmo instante em que o segundo crédito é constituído, extinguem-se as duas dívidas. O juiz, desde que provocado, apenas reconhece e declara a sua configuração. 
São requisitos da compensação legal: 
a reciprocidade
Tem que existir duas obrigações, entre as mesmas partes, ao mesmo tempo com direitos opostos. Pois só existe compensação se duas pessoas forem ao mesmo tempo credora e devedora, uma da outra e por isso a compensação provoca a extinção de ambas as obrigações.
 
a liquidez das dívidas
Somente se compensam dívidas cujo valor seja certo e determinado, isto é, expresso por uma cifra. Não se compensa dívida líquida e exigível com créditos a serem levantados ou com simples pretensão a ser ainda deduzida.
a exigibilidade das prestações
Para existir a compensação, também é essencial que as prestações sejam exigíveis. O que significa dizer que as dívidas necessitam ser vencidas.
No caso das obrigações condicionais, a compensação só pode ocorrer depois do implemento da condição. Nas obrigações alternativas, só depois de feita a escolha será possível a compensação. 
a fungibilidade dos débitos
Também se faz necessário que as prestações sejam fungíveis, da mesma natureza. Não basta que sejam fungíveis, têm que ser fungíveis entre si.
Se Antonio tem uma dívida de R$1000,00 com André, e André lhe deve um computador, ainda que seja no valor de R$1000,00, A Antonio não é possível a compensação legal, pois, embora os bens sejam fungíveis, não o são entre si, pois ninguém é obrigado a receber prestação diversa do pactuado.
Compensação convencional
Este tipo de compensação é o que resulta do acordo de vontade das partes para superar a falta de um ou de todos os pressupostos de homogeneidade, liquidez e exigibilidade de prestações recíprocas. 
As partes podem dispensar alguns dos requisitos para que as dívidas ilíquidas ou inexigíveis possam ser compensadas com dívidas líquidas e exigíveis ou, ainda, quanto a homogeneidade, como a dívida de açúcar se compensar com a dívida de dinheiro. 
Quanto à forma, a compensação convencional resulta de convenção entre as partes e se regula pelo que entre elas ficar estabelecido. O que significa que é necessário documento escrito.
Compensação judicial
Esta espécie de compensação é determinada pelo juiz, nos casos em que se acham presentes os pressupostos da compensação legal. 
Exemplo: artigo 21 do CPC – se cada litigante for em parte vencedor e vencido, sejam compensados entre eles os honorários advocatícios e as despesas.
Dívidas que não podem ser compensadas
Existem casos em que as dívidas não podem ser compensadas, seja em decorrência de acordo entre as partes, seja por determinação legal.
O art. 375 (exclusão convencional) prevê a possibilidade de as partes excluírem ou uma delas renunciar a possibilidade de extinguir a obrigação pela compensação. O que significa dizer que, não será possível a compensação se as partes, por mútuo acordo, a excluírem como forma de extinção da dívida. 
A compensação também poderá ser afastada por apenas uma das partes. Este é um ato de renúncia unilateral e cabe ao devedor a quem ela beneficia. No entanto, os requisitos da compensação não poderão estar presentes por ocasião da renúncia, porque, neste caso, a compensação opera-se automaticamente.
O art. 373 dispõe que a diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto nos seguintes casos:
se provier de esbulho, furto ou roubo
 O direito nega dar efeitos a situações antijurídicas, tendo em conta que ninguém pode valer-se da própria conduta ilícita para alcançar benefícios legais. Em outras palavras, o esbulhador ou o gatuno não pode querer compensar seu crédito com a coisa esbulhada ou furtada.
se uma originar de comodato, depósito ou alimentos
O comodato é empréstimo de coisa infungível e as dívidas que dele decorrem têm por objeto a entrega da própria coisa emprestada. O depósito, da mesma forma, gera obrigação ao depositário de devolver a coisa certa. O depositário poderá exercer o direito de retenção e conservar a coisa em seu poder até que lhe sejam reembolsadas eventuais despesas decorrentes do depósito. Trata-se do direito de retenção e não de compensação. Em ambos os contratos, falta a homogeneidade das dívidas.
No caso de alimentos, este não pode ser objeto de compensação em razão de seu caráter assistencial. O objetivo de prestar alimentos é garantir a sobrevivência do beneficiário. Sendo que se o alimentante compensar sua dívida com eventual crédito contra o alimentado, a prestação deixaria de ser satisfeita e estaria comprometida a sobrevivência do hiposuficiente. 
se for uma coisa não suscetível de penhora
A compensação trata de coisa que pode ser judicialmente alienada, que pressupõe a possibilidade de ser transferida do patrimônio de uma pessoa para o patrimônio de outra. 
Por exemplo: o salário não pode ser penhorado e, por conseqüência não pode ser compensado com dívida de outra natureza. Porém, quando da indenização da rescisão do contrato de trabalho, se o empregado tiver débitos para com a empresa, esses débitos poderão ser compensados com a indenização. 
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