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anotações | direito das obrigações (m. requião)

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Direito das Obrigações
Professor: Maurício Requião
 (OUVINTE)
1. Introdução: 
Obrigação é uma relação jurídica. Existem diversas obrigações não-jurídicas. A relação jurídica é o efeito de um fato. Não tem sentido dizer que uma obrigação é nula, o correto é dizer que o contrato que é nulo. Não tem sentido dizer que um efeito é nulo. Toda obrigação decorre de um fato. É um tipo específico de efeito. 
Toda relação jurídica tem dois sujeitos e afeta a esfera de ambos os sujeitos. Para haver obrigação é necessário que haja dois sujeitos: um credor (polo ativo) e um devedor (polo passivo). Não existe obrigação sem pelo menos dois sujeitos, pois consiste em uma relação de crédito e débito. Logicamente, não é possível um mesmo sujeito dever algo para si próprio. 
A obrigação é uma relação jurídica que está no plano da eficácia. 
Para ser credor ou devedor não é necessário ser capaz. Um menor pode ser credor ou devedor de uma obrigação. O relativamente incapaz mesmo que não tenha obrigação de exercício pode ter obrigação de direito, não devemos confundir. Não é necessária a capacidade para ser parte em uma obrigação. 
Os sujeitos, na maioria das vezes, nas relações obrigacionais, são pré-determinados. Porém, é possível ainda que haja situações em que os sujeitos são determináveis. Apenas determináveis, indetermináveis não. 
A obrigação é uma relação jurídica com dois sujeitos (credor e devedor) e uma prestação, o objeto da obrigação. O devedor tem que cumprir uma prestação em beneficio do credor, e se não cumprir, poderá ser responsabilizado. O objeto da obrigação sempre é uma prestação. Essa prestação sempre é uma conduta. A prestação não é o celular e sim a ação de entregar o celular. A coisa em si é o objeto do objeto, o objeto da prestação. 
A obrigação tem que ser lícita, possível, determinada ou determinável. 
A maior parte dos autores afirma também que a prestação tenha ainda valor econômico. O professor concorda com certa ressalva. Essa ideia do valor patrimonial nem sempre está tão clara, como no caso de quando você faz um contrato com um amigo seu para que ele vá em seu lugar fazer sua matrícula. 
Essa prestação também deve ser determinada ou determinável. O sujeito precisa ter os mecanismos para saber o que vai pagar quando tiver que pagar, mesmo que essa informação não seja fornecida imediatamente. 
Três elementos na relação obrigacional: sujeitos, objeto e vínculo jurídico. 
O vinculo jurídico é o elemento abstrato, é o que descreve o que se dá entre credor e devedor. A primeira coisa que se destaca é a ideia de dever, mas com o tempo começou a se discutir que falar que existe o dever é insuficiente. 
Expressões alemãs muito usadas: 
Schuld = dever. 
Haftung = responsabilidade. 
Em alguns ordenamentos, no Brasil não, se colocam mais um elemento: a causa. A ideia de que para haver obrigação é fundamental uma causa que justifique a sua existência. 
Essa definição clássica de obrigação é insuficiente para descrever algumas situações que ocorrem no cotidiano. Surgem muitos outros tipos de deveres que ainda podem ser cobrados do sujeito mesmo que não tenham sido pactuados.
2. A Obrigação como um Processo: 
A obrigação tem que ser entendida como um processo, uma série de atos que acontecem para alcançar um objetivo. A obrigação não é só o momento que é criada e cumprida. 
O cumprimento da obrigação não é somente cumprir a prestação principal, conforme o primeiro entendimento. Cumprir a obrigação é cumprir outros deveres além da prestação principal. Alguns desses deveres devem ser cumpridos até mesmo por credor e devedor. 
A doutrina coloca pelo menos duas categorias de deveres: deveres secundários (ex. Pagamento de uma multa por não pagamento de um boleto - o dever de pagar o boleto é o dever primário), esses não sofrem alteração da lógica, e os deveres anexos (4 modalidades: dever anexo de informação, dever anexo de cuidado, dever anexo de assistência e dever anexo de lealdade). 
Os anexos são deveres que devem ser cumpridos pelo sujeito, independentemente de serem pactuados ou não. Não dependem de ser pactuados pelas partes, podem ser ou não. São deveres que tem que ser cumpridos e ponto final. Trazem de modo muito claro a ideia de obrigação como processo, pois estão presentes ao longo de toda relação obrigacional. É possível que o sujeito cumpra a prestação principal e mesmo assim restem deveres anexos a serem cumpridos. 
Quando dizemos que algo está de acordo com a boa-fé objetiva isso significa que se atende a um padrão ideal de conduta. Os deveres anexos surgem de uma das funções da boa-fé objetiva: a função supletiva ou função de criação de deveres jurídicos. 
A boa-fé subjetiva não deve ser confundida com a boa-fé objetiva. A subjetiva é o conceito que já conhecemos, de agir com boas intenções. 
A obrigação que leva em conta esses deveres anexos tem seu campo ampliado. Significa dizer que é possível estar inadiplente mesmo após cumprir a obrigação principal. 
3. Princípios e Normas de Textura Aberta: 
As normas de textura aberta são um gênero onde se encontram os princípios. 
A norma pode ter um tipo mais aberto ou mais fechado. As normas de textura aberta são criadas de uma maneira a que se permita que essa norma tenha uma maior capacidade de adaptação ao caso concreto. Com isso, não se quer dizer que seja melhor ou pior que as outras, pois cada norma tem a sua funcionalidade. 
Possuem uma tendência a ter maior longevidade, se adequando as mudanças sociais sem perder sua terminologia. Contudo, também seriam normas que trazem mais incerteza ao ordenamento. 
Conceito indeterminado, cláusula geral e princípios são termos que estão em planos diferentes, portanto a ideia de complementariedade. 
O conceito indeterminado está no plano da semântica. Consiste na palavra ou expressão dotada de alto grau de vagueza. Na vagueza entende-se o sentido, mas resta a possibilidade de discutir. A vagueza aqui só é semântica. 
Por conseguinte, na cláusula geral, estamos no plano da técnica legislativa. Estuda-se de que forma a norma foi estruturada. 
Por fim, os princípios promove conflitos em concreto, isto é, não se nagativam. Uma mesma situação pode ser resolvida por mais de um princípio, inclusive princípios que se contrariam. 
O primeiro princípio obrigacional que vamos analisar é a autonomia. Em boa parte das obrigações vamos encontrar a autonomia presente. Consiste em uma derivação da liberdade, que envolve um sentido de escolha. 
Divide-se em autonomia da vontade e autonomia privada. A maior parte dos autores (mas não todos) trabalham as duas como a mesma ideia de autonomia, mas em momentos históricos distintos. A autonomia da vontade refere-se ao modelo do liberalismo clássico. Com o tempo passa-se a falar em autonomia privada, que deve ser exercida dentro do limite que o ordenamento permite. Não se encontra completamente desregrada. 
Nesse contexto, temos que trazer outros princípios para dialogar com a autonomia, é o caso da boa-fé objetiva, que não tem apenas a função supletiva. Além de atuar para inserir em uma obrigação os deveres que não estejam expressos, também pode ter outras funções: a função corretiva, que coíbe o abuso de direito e a função interpretativa, que exerce a função de interpretar as cláusulas contratuais, afim de aproximar a norma ao comportamento ideal da boa-fé objetiva. 
Autonomia e boa-fé constantemente estão em conflitos. O fato da boa-fé interferir diretamente no contrato seria um ataque a autonomia? 
Vamos agora analisar o princípio da função social. O contrato, embora tenha que atender aos interesses das partes, não podem trazer prejuízos sociais. A função social é interessante até mesmo para que o mercado funcione, porque quando se tem uma mega corporação e as outras competirem é mínima. É o caso da Amazon que se sobrepõe a todas as suas concorrentes. A função social resgata uma ideia de solidariedade. Na função dos interesses não podemos desconsiderar o impacto social. 
Na visão do professor, esses são os princípios básicospara o campo obrigacional. 
4. Fonte das Obrigações: 
O que dá origem as obrigações? 3 momentos históricos diferentes: 
Direito Romano: no início a classificação se dividia entre contractos e delictos. Os contractos não tinham muito a ver com os contratos de hoje e os delictos estavam associados a conduta causadora de prejuízo a outrem. Posteriormente, cria-se uma terceira categoria: a figura de muitas causas, onde se encaixava tudo que não pertencesse as duas categorias iniciais. Cria-se também as figuras do quase-contrato e do quase-delito, a segunda sendo algo parecido com o que temos hoje com dolo e culpa. 
2. Código de Napoleão: realiza um acréscimo importante: se diz que além das categorias já existentes, deve-se considerar como fonte das obrigações a lei como fonte direta. Por vezes surgiriam obrigações exclusivamente por vontade da lei, e não por força de um contrato ou um delito. 
3. Direito Civil Brasileiro: a classificação mais utilizada das fontes das obrigações seguinte: 1. contratos, 2. atos unilaterais, 3, atos ilícitos e a 4. lei. 
Critica-se que a lei não é fonte, pois o fato de algo estar na lei não gera obrigação nenhuma. A lei é meramente suporte fático hipótetico abstrato. O que gera a obrigação são os fatos jurídicos. 
Logo, agrupa-se os fatos, para saber que regras devem ser usadas, em: 1. fatos negociais (fatos que tem origem na vontade: contrato, gestão de negócio, etc.), fatos que geram 2. responsabilidade civil e fatos que geram obrigações em virtude do 3. enriquecimento sem causa - só aplica-se a terceira categoria por determinação legal quando o ato não se encaixa nas duas primeiras modalidades. 
5. Obrigações versus Direito das Coisas: 
Por que trabalhar essa distinção? O direito civil patrimonial é regulamentado pelo direito das obrigações e o direito da coisa, sempre. Mesmo os atos do direito da família, direito das sucessões, etc. estão dentro desses dois gêneros. 
Contudo, os ramos são bem distintos. A ótica do direito das obrigações é muito mais dinâmica, porque trata-se do direito de crédito. No direito das coisas a ideia da propriedade vislumbra uma ótica muito mais estática. 
O direito das coisas regulamenta uma quantidade de entes muito diferentes, o que não acontece no direito das coisas que possui um objeto específico: a prestação. 
A relação no campo das coisas é sempre uma relação de domínio do sujeito sobre a coisa, não existe relação jurídica com os outros. O que se tem são situações jurídicas. 
Qualquer pessoa pode violar o direito das coisas, porque é oponível erga omnes. Diferentemente do direito das obrigações, que conta com sujeitos específicos. 
A obrigação tem um caráter eminentemente transitório, é criada para ser cumprida, e quando tal, em tese, se extingue. Já quando eu penso na propriedade o sujeito é dono até quando quiser, tende-se a se perpetuar no tempo. 
Quando eu sou titular de uma obrigação o exercício, em tese, extingue-se a obrigação. O exercício do direito obrigacional depende sempre do outro. Já o exercício do direito de propriedade não precisa de ninguém. 
As regras são bem diferentes, mas ainda é possível em uma relação transitar sobre as duas áreas. É o caso da venda de um laptop, onde se faz o pagamento do objeto (direito das obrigações) e a transferência de titularidade (direito das coisas). 
O primeiro ponto de contato entre os dois ramos é a obrigação em razão da coisa ou propter rem. É a obrigação que surge em virtude do sujeito ser dono de um bem, titularidade dada pelo direito das coisas. 
O segundo ponto de contato: obrigação de ônus reais. Surge em beneficio de outra pessoa ou da coletividade, diferentemente da obrigação em razão da coisa, que é condição para o direito de propriedade. 
A distinção perde seu valor com a exceção das taxas condominiais, que se consistui uma obrigação propter rem, com suas particularidades. 
A obrigação com eficácia real é exemplificada pelo direito de preferência. O locador é obrigado a oferecer o imóvel ao locador antes de colocar a venda. É um direito geral gerado por uma obrigação, surge de uma situação obrigacional. 
Por fim, os direitos reais de garantia dividem-se em penhor, hipoteca e anticrese. Constituem direitos reais que só tem razão de existir no contexto de uma obrigação. Apenas existem para garantir uma obrigação. 
O penhor aplica-se a bens móveis, EMPENHA-SE - diferente de PENHORA-SE, os bens móveis (Caixa Econômica realiza penhor com jóias). A hipoteca tem uma lógica registral. Pode-se aplicar a aviões, barcos, etc. Faz-se uma averbação, no registro do imóvel, associando-o ao pagamento de uma dívida. Já a anticrese é o único que a execução da garantia não envolve a perda da propriedade. O sujeito ganha autoridade de explorar o bem, extrair os frutos, para sanar a dívida que lhe devem. Mas que credor prefere explorar um bem e adquirir capital com seus frutos podendo simplesmente vendê-lo? Quase nenhum, por isso a anticrese é tão pouco utilizada. A hipoteca também vem sendo cada vez menos comum. 
6. Classificação das Obrigações: 
Consiste em um recorte dentre inúmeras outras classificações. O professor realiza um apanhado geral e posteriormente realiza aulas específicas sobre aquelas que estão reguladas no Código com mais detalhes. 
6.1. Quanto ao objeto: 
A obrigação pode ser de dar, fazer ou não-fazer. É o critério mais comum, mais utilizado, especifica a natureza da prestação. Que tipo de conduta a prestação envolve? 
A obrigação de dar existe sempre que a prestação está associada a uma entrega. Uma compra e venda, por exemplo, envolve apenas obrigações de dar: dar o dinheiro e dar o bem. 
Quanto a obrigação de fazer, embora possua um conteúdo positivo, não envolve entrega de coisa. É a obrigação de ministrar uma aula enquanto professor de uma Universidade. 
Já a de não-fazer tem um conteúdo negativo. O sujeito se obriga a não ter certa conduta, como no caso dos vizinhos que se obrigam a não construir muros no meio de suas casas. 
Posteriormente, temos as obrigações simples, cumulativas e alternativas. O critério aqui não é mais a natureza e sim a quantidade de prestações. 
A obrigação simples tem apenas uma única prestação. A cumulativa tem mais de uma prestação e para que seja adimplida todas elas precisam ser cumpridas, contudo não precisam ser da mesma natureza, admite-se qualquer combinação. A alternativa também possui pluralidade de prestações, mas com possibilidades de adiplemento. O devedor ou o credor pode escolher qual dessas prestações é que vai ser cumprida. 
É possível que uma obrigação seja simultaneamente cumulativa e alternativa. 
Ainda tem-se a obrigação facultativa, que o professor não vai explicar hoje. É facilmente confundível com a alternativa. 
Por fim, temos as obrigações divisíveis e indivisíveis. Qual é a lógica aqui? Assemelha-se a utilizada em Privado I na diferenciação de bens divisíveis e indivisíveis. Aqui a pergunta que se faz é: eu posso fracionar a obrigação? 
6.2. Quanto ao sujeito: 
As obrigações podem ser únicas, múltiplas ou solidárias. A única conta com apenas dois sujeitos, um em cada pólo. O fato da obrigação ser divisível ou indivisível aqui não quer dizer muita coisa, que ganha mais relevância quando se tem mais de um sujeito em cada pólo, como ocorre nas múltiplas. 
As obrigações para serem solidárias precisam ser múltiplas (diferentemente do inverso). A ideia da solidariedade vai modificar o modo como se dá a relação de um mesmo sujeito de um mesmo pólo, bem como com o sujeito do pólo oposto. O credor é apto para cobrar a qualquer um dos sujeitos o valor integral, porque os devedores são solidários e devem se acertar entre si posteriormente. A lógica é a mesma para os credores solidários. Facilmente confunde-se a solidária com a indivisível. A diferença está na causa da cobrança. Não existe presunção de solidariedade. 
6.3. Quanto à liquidez: 
As obrigações podem ser líquidas ou ilíquidas. As obrigações liquidas não necessitam nenhum outro evento para precisar o objeto da obrigação. Na ilíquidaa lógica é inversa: embora se saiba o que é a prestação, não se tem preciso o seu conteúdo. Você precisa da ocorrência de algum evento para alcançar o conteúdo da prestação. Toda obrigação que é ilíquida, em algum momento, precisa tornar-se líquida para que se possa se pagar. 
6.4. Quanto ao conteúdo do adimplemento: 
As obrigações podem ser de meio ou de resultado. Todas as obrigações tem um resultado que se quer alcançar. No caso das obrigações de meio se verifica se o devedor utilizou dos meios adequados para se alcançar o resultado, conseguir ou não conseguir é irrelevante para o adiplemento. Por outro viés, a obrigação de resultado exige um resultado específico. 
6.5. Quanto à eficácia: 
As obrigações podem ser simples, condicional, modal ou a termo. A obrigação simples produz eficácia imediatamente, sem nenhum tipo de impedimento. A condicional está vinculada a uma condição. A modal está vinculada a modo ou encargo. E por fim, a obrigação à termo está vinculada a um termo. Em regra, se nada for dito, a eficácia é simples, imediata. Assim que é criada já pode ser exigida. 
6.6. Reciprocamente consideradas: 
As obrigações podem ter principais ou acessórias. Uma obrigação é principal quando tem sua existência de modo independente de qualquer outra. Já a acessória vincula-se, depende de alguma outra. 
6.7. Quanto à exibilidade: 
Por fim, as obrigações podem ser civis ou naturais. A obrigação civil é a que estamos estudando, com dever e responsabilidade (elementos do vínculo jurídico que compõe a relação obrigacional). As obrigações não-civis são as obrigações de cortesia, cuidado, etc. Aqui não existe dever nem responsabilidade. O ordenamento escolhe o que ele vai tornar civil. Nas obrigações naturais se reconhece o dever, mas não se reconhece a responsabilidade. O ordenamento entende que a obrigação é uma dívida, porém se esse devedor não pagar voluntariamente o credor não pode usar o Judiciário para lhe obrigar a pagar. É o caso da dívida de jogo e aposta ou da dívida preescrita (alguns autores discordam). 
7. Quanto ao objeto: 
7.1. Obrigação de dar: 
A obrigação de dar remete obrigatoriamente a entrega da coisa. A doutrina divide a obrigação de dar em três espécies, duas com regulamentação específica no código: a obrigação de dar coisa certa e a obrigação de dar coisa incerta, e um terceiro tipo com regulamentações esparsas, não tendo uma remissão específica: a obrigação pecuniária. A obrigação pecuniária é a mais fácil de se entender, pois a coisa é sempre a mesma: o dinheiro. 
7.1.1. Obrigação de dar coisa certa:
A coisa está definida em concreto. Não é uma coisa dessa espécie, não é uma coisa desse tipo, é essa e pronto. Por mais que existam descrições, se não houver a coisa propriamente tomada não é coisa certa. 
Na coisa certa o Código se preocupa com o que acontece se a coisa for destruída, ou prejudicada ou mesmo melhorada. A regulamentação é totalmente diferente da coisa incerta. 
De acordo com o Código na obrigação da coisa certa se segue a lógica vista de bens que os acessórios acompanham o principal. Acessórios não devem ser confundidos com pertenças, vale ressaltar. Está no CC a partir do art. 233. 
São suas espécies da obrigação de dar coisa certa: a obrigação de dar coisa certa propriamente dita e a obrigação de restituir. 
A propriamente dita, em regra, tem o devedor também como dono da coisa. O ato da entrega, normalmente, remete a uma transferência de propriedade. É o caso do professor que vende o celular específico à alguém. A coisa é certa, o professor é devedor e dono do aparelho e ocorre uma transferência de propriedade. 
Já na obrigação de restituir, em regra, o dono da coisa é o credor. Ou seja: a coisa está sendo devolvida para o sujeito que é o dono. É o caso do empréstimo de um celular, em que a pessoa que recebe o aparelho tem a obrigação de devolvê-lo, de restituir. 
Perda e deterioração:
Duas premissas: 1. Se uma coisa sofre um dano e alguém é culpado por esse dano quem vai responder? O culpado. 2. Se uma coisa sofre um dano, mas o dano não é culpa de ninguém quem fica com o prejuízo? O dono. 
Perda sem culpa na propriamente dita: se eu havia me obrigado a entregar o celular, mas perco ele antes da data, sem culpa, porque fui roubado, a obrigação se resolve. Como não há culpa não existe indenização. Quando o Código se refere a perda se refere a coisa desaparecida, destruída, roubada, etc. 
Perda com culpa na propriamente dita: se a perda resultar de um ato culpável do devedor, deve-se pagar o equivalente, o valor pecuniário do bem, acrescidos de perdas e danos, qualquer prejuízo que decorra desse inadiplamento. 
Perda sem culpa na obrigação de restituir: as soluções são parecidas. De início, a lógica é que a obrigação se resolva e quem fique com o prejuízo é o credor. A única diferença é que aqui ficam ressalvados os direitos do credor até o dia da perda. 
Perda com culpa na obrigação de restituir: responde pelo equivalente acrescido de perdas e danos, exatamente como na propriamente dita com culpa. 
A deterioração consiste em qualquer dano sofrido que não inviabilize sua utilidade. Um celular com a tela trincada, um carro que sofreu um arranhão, etc. 
Deterioração sem culpa na propriamente dita: nesse caso, o credor tem 2 opções: resolver a obrigação e desistir de comprar o celular com a tela trincada, ou aceitar comprar o aparelho, mas sem pagar o valor completo. Não é uma indenização, porque não houve culpa. O que acontece é somente um reequilibro do valor da coisa. 
Deterioração com culpa na propriamente dita: a mesma lógica. Se mantém a solução inicial, de pagar o equivalente com perdas e danos, ou renegocia-se o valor a ser pago, realizando o equilíbrio do valor da coisa. 
Deterioração sem culpa da obrigação de restituir: a pessoa que pegou o carro emprestado tem que restitui-lo no estado em que recebeu-o, sem pagar indenização, mas arcando com possíveis prejuízos, como o de uma batida. 
Deterioração com culpa na obrigação de restituir: exige-se o equivalente com perdas e danos ou o carro reparado. Adota-se o art. 239. 
O que realmente muda na deterioração é que o prejudicado tem mais de uma opção para escolher, o que não acontece na perda. 
Melhoramentos acrescidos e frutos:
Nos melhoramentos acrescidos vamos seguir a mesma lógica de antes. Se a coisa melhorou, é normal que o ganho permaneça com o vendedor. Sendo assim, é possível que se exija acréscimos no valor. Contudo, não é justo que o comprador seja obrigado a arcar com esse acréscimo. 
Se o melhoramento for advindo de um trabalho ou despedido do devedor a lógica é a proteção do possuidor de boa-fé. A regra do Código é que o possuidor de boa-fé tenha o direito de ser indemnizado pelas benfeitorias necessárias e úteis. No que toca as voluptuárias não pode obrigar o credor a restituição. O possuidor de má-fé só recebe pelas benfeitorias necessárias. 
O possuidor de boa-fé tem o direito de ser indenizado pelas benfeitorias úteis e necessárias e ainda possui o direito de retenção sobre a coisa. 
Com os frutos subverte-se a mesma lógica. O possuidor de boa-fé tem direito aos frutos percebidos durante a posse enquanto os pendentes devem ficar para o proprietário. Já o possuidor de má-fé não tem direito a nenhum fruto e ainda tem que responder ao proprietário sobre os frutos que surgiram ou deixaram de surgir durante a sua posse. 
7.1.2. Obrigação de dar coisa incerta: 
O regramento aqui é bem menor, só 4 artigos. A aula de coisa certa é uma aula com muitos controles de regras. Já na coisa incerta o Código não trás muitos detalhes, mas há importantes discussões a ser feitas. 
Aqui tem-se a coisa definida em sentido abstrato. A coisa se encontra indeterminada ao menos em gênero e quantidade. O fato de trazer mais informações não retira o seu caráter de coisa incerta. 
A obrigação de dar coisa incerta também não nasce e se extingue como a coisa certa. Em certo momento, deixa de se pautar como uma obrigação de coisa incerta e passa a ser tratada como coisa certa. 
A perda e adeteriorização não tem nenhum sentido aqui, ressalvada as exceções. A obrigação é abstrata, interna. 
Muito depende essa obrigação da escolha. A coisa está inicialmente definida em abstrato e o ato de concentração, tornar a coisa abstrata uma coisa concreta, ou trazer do caráter múltiplo para o individual é que deve se chamar de escolha. 
É função do devedor essa escolha, porém esse direito de escolha não é completamente livre. O código coloca 2 limites: um obrigatório que diz que o credor não pode dar a coisa pior e outra facultativa que diz que o devedor não está obrigado a prestar a melhor. Alguns autores chamam de princípio do meio termo. Pretende-se dizer que a coisa que se estima aqui corresponde a sua qualidade média. 
Essa concepção tem muito mais força com a coisa natural que com a coisa industrializada. A variação de uma fruta é infinitamente maior que a variação de um livro. 
Se contrualmente o direito de escolha migrar do devedor para o credor, deve ele se guiar pelo princípio do meio termo? O que se analisa é que normalmente parte-se do pressuposto que o credor vai escolher o melhor. A regra não é aplicável ao credor, de acordo com os usos e os costumes. Apenas ao devedor. 
E é possível que o que é o meio termo seja diferente em diferentes momentos? O padrão pode mudar, conforme as adversidades consideradas? Quando a negociação é feita apresentando um universo específico, o padrão médio passa a ter que ser alcançado levando em conta aquele universo específico.
Mais um ponto de escolha: só é possível falar de perda e deteriorização depois que se realiza a escolha e a coisa passa a ser de dar coisa certa. E se o gênero todo perecer? Se eu compro as últimas 4 garrafas um vinho, que não existe mais, e resolvo vender, mas destruo os vinhos antes de vender, como proceder? 
A obrigação de dar coisa incerta não se aplica aqui. Nesses casos, onde há um perecimento sem culpa do devedor, a ideia é que simplesmente se resolva a obrigação. 
E qual é relativamente o momento que passamos a tratar a coisa como certa e deixamos de considerar coisa incerta? Não basta escolher, é preciso cientificar. E o que é cientificar? Uma primeira interpretação, mais literal, entende como o mero ato de notificação. A segunda, ao ver do professor, mais coerente, é tornar possível, fornecer ao credor, elementos suficientes para que ele saiba o que de fato é a coisa. É um ato de informação. O primeiro significado da palavra dá um espaço de decisão muito amplo ao credor. É o caso do vendedor dos filhotes de cadelas que pode justificar uma venda alegando que o filhote morreu, porque o seu dever é meramente de informação. Quem compra não pode dizer: mas eu tinha pretendido levar a outra e não a que morreu. 
7.1.3. Obrigação pecuniária: 
A obrigação pecuniária é considerada, em tese, como uma obrigação de dar, mas a coisa a ser entregue é sempre uma quantia em dinheiro. Essa obrigação, ao contrário da obrigação de dar coisa certa, ou de dar coisa incerta, não possui uma secção específica no CC. 
Na pecuniária não se aplica a ideia de escolha. O dinheiro é algo que ao ser criado revolucionou o modo como ocorrem as relações. O contrato de compra e venda é o mais comum, porém só se torna possível quando o dinheiro passa a existir, pois antes disso o que existia na verdade era a troca. Está, envolve ter o bem que o outro quer e o outro ter o bem que eu quero.
O dinheiro pode ser analisado tanto pelo seu poder de compra (o que eu consigo comprar com 5 reais?) quanto pelo seu cambio (quanto vale 100 reais em dólar?). O dinheiro em si, por si, não possui valor. 
A pecuniária apesar de se assemelhar mais a obrigação de dar coisa incerta, não é, porque a coisa em si aqui não importa. O que importa é o valor. Tanto faz dar uma nota de 5 reais velha ou uma nota de 5 reais nova. Na obrigação de dar coisa certa existe sempre uma prestação melhor que outra. 
A coisa pode ser entregue (obrigação de dar) ou mesmo serem realizadas operações econômicas sem a utilização do dinheiro, como é o caso do cartão de crédito. O número aqui é fantasioso. Existe mais dinheiro virtualmente falando do que verdadeiramente falando. O modo de execução da coisa pecuniária é totalmente diferente do modo da coisa certa ou coisa incerta, conforme o CPC. 
7.2. Obrigação de fazer: 
Sua disposição está nos artigos 247, 248 e 249 do CC. 
A obrigação de fazer é determinada por meio de uma comparação a obrigação de dar. A conduta envolve uma ação, mas aqui sem a entrega da coisa. Todavia, ambas são obrigações positivas. O professor ao ministrar uma aula está cumprindo com a sua obrigação de fazer, não existe entrega de nada. 
Em alguma situações pode existir duvida se estaremos diante de uma obrigação de dar ou uma obrigação de fazer. É o caso da costureira que é contratada para costurar um vestido. Obrigação de dar ou fazer? Entende-se que essa é uma obrigação de fazer e o ato de dar o vestido é mera consequência. E se a costureira se recusar a fazer o vestido? Violação de uma obrigação de fazer. E se a costureira fizer o vestido mas se recusar a te entregar? Violação de uma obrigação de dar. Tudo depende do momento do inadiplemento no momento da execução da obrigação. 
Sao duas especies de obrigação de fazer: a obrigação de fazer fungível ou a obrigação de fazer infungível também chamada de personalíssima ou intuito persona. 
Na fungível o que importa é somente o fazer, não importa quem vai fazer. O que importa é analisar se a ação foi realizada. Já a infungível, além do fazer em si, o inadiplemento passa pelo quem fez. Não basta fazer, tem que ser feito por aquela pessoa específica. No mais das vezes, a infungibilidade afeta no que seria a contra-prestação. O modo que se tem para resolver cada uma das situações é diferente. 
Caso não seja possível obter aquela ação daquele sujeito, na obrigação de fazer infungível, é licito fazer com que ele arque com perdas e danos. No caso da fungível, é possível que a ação seja realizada por terceiro recaindo as custas sobre o devedor. Aqui é muito mais fácil alcançar a tutela específica da obrigação. 
O objetivo maior do contrato é sempre alcançar a tutela específica da obrigação e não ser indenizado. A indenização é sempre remédio de uma frustração. portanto, existem mecanismos, que mesmo na infungível, auxilie no alcance dessa tutela específica da obrigação. 
A lógica do incumprimento com ou sem culpa permanece a mesma das obrigações anteriores.
Obs. A obrigação de fazer não se resume a contratos de trabalho e contratos de prestação de serviços. 
7.3. Obrigação de não-fazer: 
O regramento da obrigação de não-fazer segue a mesma lógica da obrigação de não-fazer. Ambas remetem condutas sem entrega de coisa. Aqui, de forma negativa. A obrigação de não-fazer tem uma aplicação muito ampla, sobretudo em relações empresariais. 
É o caso da empresa que só trabalha com uma marca de bebidas. O contrato de exclusividade trás em si uma obrigação de fazer e uma obrigação de não-fazer. Ou do ator que assume a obrigação de só aparecer em determinada emissora de televisão. 
O art. 251 é igualzinho o 249 só que inverso. Quando é feito o que não deveria ser feito, o credor pode desfazer por ele ou mandar desfazer por terceiro através de autorização judicial. É caso de urgência, pode fazer por ele mesmo sem nenhuma autorização. Caso não seja possível se desfazer: indenização por perdas e danos, solução que resta. 
8. Obrigação alternativa: 
Na obrigação alternativa eu tenho uma pluralidade de prestações possíveis, que se colocam ali como possibilidades para o adiplemento. 
Existem obrigações que podem ser alternativa e cumulativa, simultaneamente. Caso uma das obrigações se perca, não se tem, necessariamente, a perda do adiplemento, pois ainda existe a possibilidade cumprir com outra prestação. 
Na obrigação de dar coisa certa a pessoa escolhe a coisa. Na obrigação alternativa a pessoa escolhe a prestação. 
A escolha, uma vez realizada, pode vir a modificar totalmente a estrutura da obrigação. 
O CC também trásuma regra geral de escolha: a regra de escolha é do devedor, como já vimos anteriormente. E a regra em que não pode escolher a pior das coisas nem está obrigado a entregar a melhor? Não, porque em termos lógicos não existe ideia de melhor ou pior quando se trata de prestações. 
Na obrigação alternativa de prestação periódica a cada vez que você tem que pagar novamente, porque renova-se a obrigação, renova-se o direito de escolha. É uma nova obrigação que surge. 
O CC também regulamenta a questão da escolha quanto aos sujeitos. Pode ser o devedor, o credor, por uma pluralidade de optantes e por terceiro. 
Por uma pluralidade de optantes o que o Código determina é que esse direito de escolha terá que se dar de forma unânime. O que deve acontecer é um acordo unânime entre eles. Se não houver unanimidade o juiz é obrigado a interferir. 
Quanto a escolha deferida a terceiro, quando as partes ocasionam por utilizar um sujeito a parte, o escolhido assume uma obrigação de fazer. Se por acaso for impossibilitado, morrer, for internado, etc. não se volta a posição original de todas: o devedor escolhe. Retorna-se ao acordo entre as partes. Se esse acordo não for possível, o juiz interfere. 
Aqui a questão da obrigação que não é cumprida é mais complexa que o comum, onde quando não há culpa a obrigação se extingue e quando há culpa aplica-se perdas e danos. 
Se uma obrigação se impossibilitar sem culpa do devedor, utiliza-se a restante. Não se precisa analisar o direito de escolha, porque a solução é a mesma: se uma se impossibilitou, paga com a restante. Se as duas se impossibilitarem se extingue a obrigação. 
E quando o devedor tem culpa? Com culpa do devedor é necessário analisar o direito de escolha. Se não se puder utilizar nenhuma das prestações que eram possíveis, paga-se perdas e danos da prestação que por último se impossibilitou. A lógica é que a quando se impossibilitou a primeira prestação a concentração foi transferida para a segunda prestação. 
Quando o conflito é derivado da culpa do credor e ele escolhe a prestação que se impossibilitou, o devedor precisa arcar com perdas e danos. Se ele escolhe a que não foi impossibilitada, tudo certo. Caso ambas sofram a impossibilidade, o credor deve escolher com qual prestação deseja ser indenizado. 
Uma última situação que o CC não prevê é aquela em que a escolha é do devedor e se impossibilita a prestação A com culpa. Posteriormente, se impossibilita a prestação B sem culpa. Qual será a solução aqui? O devedor tem que indemnizar o credor? Requião considera que sim, porque faz entende que no descumprimento da obrigação, como um todo, sem analisar cada prestação de forma particular, houve culpa. Sendo assim, qual prestação deve ser indenizada? Ao ver do professor, deve se indenizar B. Se não está no Código, deve-se realizar um analogia: se a culpa é entendida na obrigação como um todo, indeniza-se a prestação que por último se impossibilitou: a prestação B. 
Obs. A obrigação alternativa não deve ser confundida com a obrigação facultativa. Na alternativa, no momento em que a obrigação é criada, duas prestações possíveis são estabelecidas. A facultativa segue uma ordem inversa. Em termos de débito, de prestação devida, embora o sujeito deva X, há uma permissão para que se libere de pagar X e pague com Y. Aqui também há uma escolha, apesar de não existir alternatividade na dívida. 
O artigo 1.234 diz que quem acha coisa alheia perdida tem a obrigação de restituir quem encontrou-a com 5% do valor da coisa. Contudo, pode liberar-se do encargo com a faculdade alternativa de mudar a coisa. 
9. Obrigações Divisíveis e Indivisíveis: 
Aqui o critério é a divisibilidade das prestações. A obrigação ser divisível ou indivisível não deve ser confundido com o modo como deve se dar o adiplemento das obrigações. 
O art. 314 diz que ainda que uma obrigação seja possível de ser resolvida com pluralidade de prestações, tendo como objeto prestação divisível, não pode o credor se obrigar a receber a obrigação por partes se assim não for estipulado pelas partes. A regra é pagar tudo de uma vez, pouco importando se a obrigação é divisível ou indivisível. 
Na obrigação divisível, embora a regra seja pagar de uma vez só, é possível que se convencione o pagamento fracionado. Na obrigação indivisível, é impossível fracionar, tem que ser pago o valor inteiro. 
Essa indivisibilidade é pensada, em um primeiro momento, a partir da natureza da prestação. Ou seja, coisas e fatos indivisíveis não podem ser fracionados, consiste na insuscetibilidade da obrigação pela natureza da coisa. 
Contudo, existem outras razões para a indivisibilidade: a vontade das partes, a lei, uma razão de ordem econômica (bens que fracionados perdem muito do seu valor econômico, como o caso do diamante). Não somente a substância da coisa que pode tornar uma obrigação indivisível. 
O Código realiza algumas distinções entre a obrigação divisível e a indivisível: 
A questão do pagamento: quando a obrigação é divisível considera-se que existem tantas obrigações quanto sejam os credores ou devedores. Se eu devo 100 reais a 2 pessoas, se entende que na verdade o que devo é 50 reais para uma pessoa 50 reais para outra. Aqui é muito simples a solução: deve se analisar cada relação devedor-credor de um modo separado, o que o outro faz não te atinge. Já quando a obrigação é indivisível isso é impossível. Aqui o credor precisa cobrar o valor inteiro para uma só pessoa, por mais que a dívida pertença 2 pessoas. Esse adiplemento ou inadiplemento nesse caso não vai acontecer individualmente, embora cada um em termos de fração ideal só deva uma parte. Na obrigação indivisível o credor pode exigir de qualquer um dos devedores o inteiro da obrigação. Ou seja, tem-se que realizar um equilíbrio no caso do sujeito que paga na totalidade uma obrigação que não é sua por inteiro. O devedor ao pagar a totalidade se sub-roga nos direitos do credor. O que acontece é que vai haver um pagamento, mas não ocorre a extinção da obrigação. No direito, subrogação tem ideia de substituição. O credor pode existir de qualquer um dos devedores, por uma questão circunstancial, e o alguém que paga se sub-roga nos direitos do credor para cobrar do outro devedor o que lhe compete. Isso não afeta a divisibilidade da obrigação. 
E quando se tem vários credores? Aqui temos um quadro que cada credor pode exigir o todo, por mais que o todo não seja seu crédito. Para isso, o devedor tem que tomar alguns cuidados para não correr o risco de ter que pagar novamente aos outros credores. Ou ele paga a todos conjuntamente ou paga a um dos credores, desde que ele tenha caução de ratificação dos demais credores (documento em que o restante dos credores autorizam aquele credor à receber o valor inteiro sozinho). Se não ocorrer de uma dessas duas formas, é possível que o devedor permaneça devendo ao restante dos credores.
E como se resolve entre os credores? Vai depender do que eles acertarem. Se não acertarem nada e um credor receber a prestação por inteiro, terá que manter a coisa, manter a prestação, e pagar aos outros o valor que deve a eles em dinheiro. Mas é claro que os credores podem optar por qualquer outra solução. 
É dessa forma que se resolve o inadiplemento, com multiplicidade de credores ou multiplicidade de devedores. 
A questão da extinção: a obrigação além de se extinguir através do pagamento também pode ser alvo de extinção direta. Um credor sozinho pode perdoar uma obrigação indivisível somente de um devedor? Sim, mas a prestação não deixa de existir. O objeto indivisível permanece tendo que ser entregue. O credor que recebe o celular inteiro, mas na verdade só tinha direito a metade dele, até recebe o objeto inteiro, mas tem que pagar ao outro devedor a quantia que ele correspondia no objeto. Essa é a ideia da remissão, notadamente uma remissão parcial. A remissão uma espécie de extinção direta. 
Além da extinção direta pela remissão, o Código também trata do inadiplemento. A obrigação é divisível ou indivisível por conta daprestação. Em uma situação de inadiplemento absoluto, ou perda da prestação, arca-se com perdas e danos. E a obrigação continua sendo indivisível em caso de perda da prestação? Como no caso do celular que se perde antes de ser entregue. Não, porque a indivisibilidade é vinculada a prestação. No momento que a divisibilidade deixa de ser possível e se converte em perdas e danos não é mais possível. 
Quando a culpa do inadiplemento é de um só devedor: ficaram exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos. Não está escrito mais tem-se que entender que essa exoneração é em relação as perdas e danos, mas não em relação ao equivalente. É a interpretação que se costuma fazer. Pelo equivalente da prestação todo mundo continua tendo que pagar. O intuito aqui é fazer uma distinção da obrigação solidária, que a consequência é outra. 
Quando a culpa é de todos os devedores: responderam por partes iguais. 
10. Obrigações Solidárias: 
A maior confusão da disciplina é a diferenciação entre indivisibilidade e solidariedade, pois existe um efeito igual, efeito único, nada mais é igual: o fato da cobrança e do pagamento do todo. 
A obrigação é indivisível por conta de uma prestação, é uma classificação que parte da análise do objeto. Por outro lado, a obrigação solidária analisa a relação entre sujeitos. Na obrigação solidária, perante ao credor, ambos podem ser tratados como devedores do todo. Cada um é como se fosse devedor do todo, independente de questões circunstanciais, como ocorre na obrigação indivisível, que só é paga no todo posto uma razão de circunstância. Esse fundamento muda todo o funcionamento em relação a indivisível. 
Aqui, se A pagar a obrigação inteira, mesmo que B e C participem da dívida, ninguém deve mais nada perante ao credor. 
Não existe presunção de solidariedade. Ou resulta da lei ou por ato de vontade das partes. Precisa ser estipulado, mesmo que não seja da forma expressa ideal, utilizando o termo solidariedade. 
Os vínculos jurídicos são independentes. Quando eu tenho uma obrigação solidária, eu posso configurá-la de maneira diferente a depender dos credores. Colocar um lugar pra cada credor pagar, dizer que um deles só paga se houver algum acontecimento, etc. Realiza-se a configuração que desejar, embora não seja tão comum essa diversidade. 
10.1. Solidariedade ativa: 
A solidariedade ativa engloba uma situação de no mínimo dois credores. A obrigação ser múltipla é pré-requisito para que seja solidária. Como eles são credores solidários, cada um deles tem o direito de exigir a prestação por inteiro, embora a obrigação seja apenas uma. A prestação paga, extingue-se a obrigação perante ao credor. 
Assim como qualquer um dos credores pode exigir a obrigação do devedor, o devedor pode pagar a obrigação a qualquer um dos credores, ressalvada uma hipótese: se algum dos credores demandar do devedor, como quando entra com ação judicial e obtém decisão que exige que a prestação tem que ser paga especificamente a ele. 
A conta conjunta é um exemplo de caso de solidariedade ativa, com dois credores (os titulares da conta) e um devedor que é o banco. Todavia, a espécie da solidariedade ativa é pouco utilizada, posto o alto grau de confiança.
Em caso de falecimento do credor solidário os herdeiros do credor falecido não serão credores solidários, mas são credores. Cada herdeiro só pode exigir a parcela que diz respeito ao seu quinhão hereditário. Em caso de 2 herdeiros entende-se que cada herdeiro tem direito à 50% do valor. Contudo, se a obrigação for indivisível é lógico que cada um daqueles herdeiros possa cobrar o todo, não porque é solidário, mas devido a natureza indivisível do objeto. 
Se não houver nenhum herdeiro, a obrigação solidária torna-se do Estado. 
A questão do inadiplemento aqui também muda completamente em relação a indivisível. O fato da obrigação se converter em perdas e danos afeta a prestação, mas como a solidariedade diz respeito a relação entre sujeitos, não deixa de existir. A obrigação continua sendo solidária diante da perda da prestação. 
No que toca à remissão (o perdão do credor perante devedor) qualquer um dos credores pode perdoar o todo, não só uma parte. Se ele pode exigir 300 também pode perdoar 300. Contudo, embora na relação externa esteja agindo de modo legítimo, o credor solidário gera um prejuízo aos outros credores solidários, ao perdoar o todo de forma individual. Logo, terá que responder perante eles, pagar o valor proporcional. 
São exceções pessoais, para o direito, modos de defesa. O sujeito não nega o direito do outro, mas coloca uma observação ao exercício daquele direito. Você até tem esse crédito comigo, mas eu não tenho que lhe pagar devido ao motivo X. A exceção pode ser geral, quando aplicável a qualquer pessoa, ou especial, quando aplicável a um sujeito específico, como é o caso da compensação. A exceção pessoal só é oponível a quem ela se aplica e não à outros sujeitos. 
Por fim, a questão da coisa julgada - art. 274, teve sua redação mudada quando mudou-se o CPC em 2015. Como são independentes, qualquer um desses credores pode entrar com ação sozinho contra o devedor. e o resultado dessa ação produz efeitos para os outros credores? É isso que o artigo vai solucionar: o julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável, aproveita-lhes, permanecendo oponíveis as exceções pessoais. O devedor conserva seu direito de apresentar exceção pessoal à qualquer um dos credores. 
10.2. Solidariedade passiva: 
Situação em que há pluralidade de devedores, sendo que o credor pode exigir de qualquer um deles o cumprimento integral da prestação. A prestação é uma só, se um dos devedores pagou tudo a obrigação se extingue. A mesma lógica anterior, só que no polo passivo. 
A mesma lógica do adimplemento anterior serve para remissão aqui: se o credor perdoar a dívida de um dos devedores, os outros continuam devedores solidários. Qualquer adimplemento ou extinção vai afetar todos os devedores envolvidos. 
Em caso de falecimento do devedor solidário a lógica permanece a mesma da solidariedade ativa, com uma ressalva: o que muda é o modo como os sujeitos poderão cobrar de seus parceiros no caso de um deles realizar o pagamento do todo. Aos herdeiros, tem a opção de cobrar de cada um a sua parte ou reúne-os e trata os reunidos como um só, como se ali estivesse presente a pessoa falecida. Ou cobra de forma fracionada ou cobra de forma inteira. 
Quanto ao agravamento da obrigação é possível que na obrigação solidária, como os vínculos são independentes, o devedor solidário pode realizar acordo de forma independente. Qualquer obrigação estabelecida de forma adicional entre um credor e um dos devedor não poderá afetar os outros envolvidos. 
O inadimplemento ocasiona que todos os devedores, independente de quem teve culpa, tenha que pagar o valor da prestação integral, culpado ou não culpado. O credor pode exigir o integral de qualquer um. Contudo, perdas e danos só pode exigir, de forma específica, do culpado. O sujeito cobrar de um só não impede que cobre dos outros. 
O raciocínio do Código foi que a consequência do inadiplemento só o culpado que arque.
Todos os devedores respondem pelos juros da mora, podem ser cobrados de qualquer um, culpado ou não culpado. Todavia, o não culpado poderá cobrar do culpado aquilo com que se pagou.
O professor considera contraditório o raciocínio no artigo, que aplica raciocínios opostos nos casos de perdas e danos e juros da mora. 
As exceções pessoais seguem a mesma lógica da solidariedade ativa, invertendo-se somente os pólos. Cada devedor só poderá opor exceções gerais, comuns a todos, ou pessoais de forma individual. 
A renúncia à solidariedade, que é um benefício do credor, a lei confere a ele a possibilidade de renunciar esse direito. O credor pode renunciar à um dos devedores ou a todos, como preferir. A renúncia a solidariedade não é remissão. Aqui o indivíduo não está perdoando a dívida de ninguém, somente mudando a quem se devecobrar. O fato de renunciar à solidariedade à A, continuam solidários B e C entre si. 
E por que o sujeito abriria mão dessa regalia? Antecipação do pagamento a vista, questão do parentesco são possibilidades. 
Outra possibilidade é o rateio da parcela do insolvente. O credor é livre para cobrar de quem ele quiser. Hipoteticamente A paga a dívida de 300. Quando vai cobrar à B e C sua parte descobre que B é insolvente, não tem os 100 que lhe. O Código estabelece que nesse caso a parcela de B será rateado por todos os outros devedores, inclusive os excluídos da solidariedade. O ônus da insolvência não recai em apenas um dos devedores. Se houver um devedor insolvente o direito de regresso do devedor que pagou será responsável por aplicar a insolvência a todos os demais devedores. 
A exclusão da solidariedade é o credor abrindo mão de um direito enquanto o rateio da parcela do insolvente é uma proteção do Código. 
Na dívida de interesse exclusivo de um dos devedores independente de quem pague ao credor, quem suporta integralmente o ônus dessa divida é o sujeito que ela é de interesse exclusivo. O credor continua podendo cobrar de cada um, o que muda é a repartição da dívida internamente. 
Até então trabalhávamos na perspectiva que a obrigação é de interesse de todo mundo, porém em determinadas vezes isso é falso, não acontece. 
11. Transmissão das Obrigações: 
O tema da transmissão das obrigações está previsto no Código do art. 286 ao 298. São três situações de transmissão das obrigacões: cessão de crédito, assunção de dívida e cessão de contrato ou posição contratual. A terceira situação não está regulamentada no CC, regula-se por analogia. 
A transmissão de uma obrigação caracteriza-se por uma mudança do sujeito que está naquela obrigação ou naquele contrato. 
11.1. Cessão de crédito: 
Na cessão de crédito tem-se uma substituição do polo ativo, muda o credor. O credor sai, ou não, mas normalmente sai, e um novo sujeito passa a ser o credor. As razões para a cessão de crédito são as mais variadas, podendo ser a título gratuito (visa-se beneficiar um outro alguém) ou a título oneroso (eu transmito o crédito mas a pessoa me dá algo em troca), etc. 
Na cessão de crédito tem-se o sujeito que era o credor, o cedente, o que recebe o crédito, o cessionário, e o devedor, chamado de cedido. A cessão de crédito, na teoria, é possível, mas pode ser limitada por vontade das partes. Para que o documento que gere o crédito tenha efeito perante terceiros é fundamental ser expressamente previsto mediante cláusula que aquele crédito não pode ser cedido. Pode ser também que a lei ou a própria natureza do credito proíba a cessão. 
A cessão inclui todos os acessórios do crédito. 
Para acontecer a cessão de credito só é preciso que o cedente (credor 1) e o cessionário (credor 2) desejem, o devedor não precisa necessariamente concordar. Mas para ter efeito em relação ao cedido e a terceiros alguns requisitos precisam ser observados: a notificação (de interesse principal do cessionário, que agora é o novo credor, com quem o devedor tem um ônus) e a celebração da cessão por instrumento público ou por instrumento particular seguindo o que está posto no Código, realizando o registro disso. Sendo que no caso do credito hipotecário o cessionário tem o direito de fazer averbar a cessão no registro de imóveis - as formas de celebração da cessão estão relacionadas a eficácia em relação a terceiros. 
O Código se preocupa com a possibilidade da ocorrência de múltiplas cessões. Para o caso de um credor agir de má-fé e ceder um mesmo crédito para pessoas diferentes, o CC devedor deve se precaver no momento de realizar o pagamento: 
O devedor deve pagar para aquela pessoa que além de deter o documento da cessão também apresentar o titulo original do crédito - se for escritura pública a primeira notificação é quem gera eficácia. 
Mesmo enquanto não haja eficácia em relação a terceiros, o cessionário é apto para tomar as medidas relativas aos seus direitos, para proteger seus direitos. Se for medida assecuratória de seu crédito, pode realizar sem problemas. 
No que toca a questão da responsabilidade do cedente nos temos duas situações para analisar: a responsabilidade proveniente da existência do crédito e o que toca a solvência do devedor. 
Para saber se o cedente tem responsabilidade proveniente do crédito ou não temos que saber se a cessão foi a título oneroso ou gratuito. No oneroso, se o crédito não existe, o cedente responde perante ao cessionário. Contudo, se for a título gratuito, o cedente só responde em relação a existência do crédito se tiver agido de má fé. 
Quanto a responsabilidade pela solvência do devedor a regra é que o cedente não responde. Mas é possível, que por acordo das partes, se o devedor for insolvente, o cedente ter que responder perante ao cessionário. Contudo, a lei limita essa regra: o cedente só irá responder por aquilo que recebeu, juros e despesas que o cessionário teve com a dívida ou com a própria cessão. 
11.2. Assunção de dívida: 
A cessão de crédito é muito mais comum, não é nem um pouco usual que um sujeito assuma a dívida de outrem. Já assumir um crédito todo mundo tem interesse. 
A cessão ocorria entre dois polos, o devedor não opinava, somente era notificado para que houvesse notificação em relação a ele. Para o devedor não haveria tanta diferença em quem seria o credor. Todavia, na assunção de dívida para o devedor muda muito quem é o credor. Tanto é que só pode acontecer com o assentimento expresso do credor. Só da para alguém deixar de ser devedor e transferir essa posição a um outro sujeito, isto é, transferir a dívida, se o credor concordar expressamente. 
As partes podem ate fixar um prazo para que o credor se manifeste, mas se entende que em caso de silêncio, interpreta-se a falta de manifestação como uma não aceitação, com exceção do adquirente do imóvel hipotecado, que agora quer assumir a divida do imóvel que é seu. Aqui o silencio significa a aceitação. 
A assunção de divida não depende da autorização do devedor. Tem-se assunção de divida por delegação, que se explicou até então, onde todos participam. Mas também é possível a assunção de dívida por expromissão, em que o terceiro provoca diretamente o credor, e o devedor não participa. 
Em regra, a assunção de divida é liberatória. Entra um novo devedor e o antigo está liberado. Mas, não há nenhuma proibição em que se faça uma assunção de dívida cumulativa, em que o devedor antigo continue respondendo. 
Uma outra ressalva que o Código faz é no que toca as exceções pessoais. A exceção é um modo de defesa em que não se nega, mas se impede o direito do outro. O devedor primitivo tem uma exceção com o credor. Ao entrar esse novo devedor, ele não pode usar a exceção pessoal do antigo. 
Se não houver assentimento do devedor primitivo, as garantias deixam de existir, em via de regra. Mas, mais uma vez, sabe-se que é possível mudar isso. 
Ainda é possível a anulação da assunção, como na possibilidade de uma coação para o sujeito assumir a dívida. Com a assunção anulada o devedor primitivo volta ao seu cargo, juntamente com as suas garantias. Mas as garantias prestadas a terceiros não retornam, a não ser que aquele terceiro tivesse conhecimento da causa que gerou anulação. O terceiro só volta a garantir se conhecer a causa que gerou a anulação. Não precisa ter participado, basta saber. 
11.3. Cessão de contrato ou posição contratual: 
Até então estávamos analisando situações em que se cedia uma posição em uma obrigação, de credor ou devedor. 
Na situação em que o sujeito cede a sua posição em um contrato, hipótese que não aparece no Código, usa-se as regras provenientes das modalidades anteriores, por analogia. 
Em um contrato de compra e venda um sujeito assume a posição de outro, somatizando direitos e deveres. Aqui se assume um complexo de obrigações. O sujeito assume a dívida, mas também recebe o crédito. Para tal, é necessária a autorização de quem assume a posição contratual. 
12. Adimplemento das Obrigações:Aspectos Gerais:
Finalmente, trabalharemos com o adimplemento (ato de cumprir uma obrigação) e extinção das obrigações. 
A obrigação existe para ser cumprida, como foi visto no tópico da obrigação como um processo. Sendo assim, a ideia do adimplemento serve de guia para o cumprimento da obrigação. 
No momento em que acontece o adimplemento temos como consequência a extinção da obrigação. Normalmente, as duas figuras andam juntas, embora não seja verdade 100% das vezes. Existem situações em que pode ocorrer o adimplemento sem a extinção e temos também situações em que a obrigação vai se extinguir sem que tenha havido adimplemento. 
No dia-a-dia, a palavra pagar é associada, automaticamente, a ideia de obrigação pecuniária. Mas o verbo pagar também pode ser sinômimo de adimplir, é válido para qualquer tipo de obrigação. 
Tem-se também a ideia de obrigação de adimplir em sentido amplo, qualquer situação que se adimpla, e obrigação de adimplir em sentido estrito, onde o adimplir atende diretamente o que está descrito na obrigação, exatamente o que é devido. 
O tema está descrito a partir do art. 304º, vamos analisar sua previsão legal. 
12.1. De quem deve pagar (pólo passivo): 
Devedor: o devedor não é um terceiro. Ou você é parte da relação ou você não é parte, logo, é terceiro. 
Terceiro interessado: a análise aqui é do interesse jurídico. Se eu digo que um alguém é um terceiro interessado estou dizendo que, mesmo sem ser parte da obrigação, o sujeito poderá sofrer efeitos das obrigações. É o caso do fiador, do sublocatário de apartamento, dentre outros. 
Terceiro não interessado: aqui não existe interesse jurídico. É o caso do filho que paga dívida da mãe, exercendo papel de terceiro não interessado. A obrigação da mãe não produziria nenhum efeito jurídico sobre ele. O interesse é meramente pessoal. 
O terceiro interessado possui os mesmos meios, amparados pelo Código, de adimplir a obrigação que o devedor possui. Se o devedor conta com determinado instrumento para pagar a dívida o terceiro interessado pode deter-se do mesmo instrumento, da mesma forma. O que muda aqui é apenas o credor. 
A coisa muda um pouco de figura quando se trata do terceiro não interessado. O parágrafo único evidencia que, caso deseje adimplir a dívida de outro sujeito, o terceiro não interessado pode realizar o pagamento em seu próprio nome ou em nome e à conta do devedor, como se ele mesmo tivesse pagando. 
Se pagou em seu próprio nome, a quitação será em nome do terceiro e não do sujeito que realmente devia. Se pagou no nome de outra pessoa, o adimplemento ocorre como se o devedor real ali fosse. 
O terceiro interessado paga e passa a ocupar a posição que o credor tinha, se sub-roga. O não interessado que pagou em seu próprio nome extingue a obrigação, mas tem direito ao reembolso, nasce uma nova obrigação, a de cobrar ao devedor o que ele pagou. Contudo, é preciso observar a data de vencimento da obrigação anterior. A nova obrigação só pode ser exigida a partir da data que seria o vencimento da outra. mas se o não interessado paga no nome do devedor, na segunda hipótese, está realizando uma liberalidade e, portanto, não tem direito à nada. 
Recapitulando, são 3 situações: terceiro interessado, terceiro não interessado que paga no seu nome e terceiro não interessado que paga no nome do devedor - cada uma com suas particularidades. 
O Código, no mais das vezes, permite que o terceiro pague a dívida. O interesse maior é que a obrigação seja adimplida. Todavia, há uma preocupação com o direito do devedor. No caso da dívida que prescreveu, em que o devedor não tem mais como pagar, mas ainda assim um terceiro vai lá e paga, com desconhecimento ou oposição de quem realmente devia, não há sub-rogação. Ou seja, o terceiro não poderá cobrar nada do devedor, pagou porque quis. Aplica-se a qualquer situação em que o devedor detém algum meio de não pagar a dívida. 
O art. 307º preocupa-se mais com o fazer cumprir do direito das coisas que o fazer cumprir do direito das obrigações. Quando o adimplemento envolver um ato de transmissão de propriedade, para a obrigação de fato se extinguir, a coisa deverá ser entregue, alienada. Nesse viés, essa alienação de propriedade ocorre quando o sujeito é apto à realizar essa entrega, tem legitimidade para alienar a propriedade. Eu não posso entregar o celular de Maurício à Cláudio, mesmo que esse tenha intenção de vendê-lo. 
12.2. Daqueles à quem se deve pagar (pólo ativo): 
Trata-se aqui do credor, quase sempre o sujeito legitimado à receber o pagamento. Contudo, nem sempre isso acontece. 
Eventualmente, se esse credor detém um representante, com poderes especiais (precisam estar expressos na procuração), pagar ao credor ou pagar ao representante vai dar no mesmo. 
Quanto ao credor incapaz de quitar. Você quer pagar ao sujeito, mas ele não tem capacidade de emitir uma quitação (ato jurídico stricto sensu - só pode ser realizada por capazes). logo, o pagamento para ser plenamente eficaz tem que ser feito ao representante. O pagamento é ato fato jurídico, mas o que realmente importa aqui é a quitação. 
E no caso do devedor que sabe que o seu credor é incapaz de quitar, mas ignora esse fato? O que deve ser feito? O caso do pai que entrega um valor referente à sua obrigação de alimento nas mãos do filho incapaz (menor de 16 anos) em vez de depositar na conta da mãe. O filho, em vez de entregar a quantia a mãe, gasta todo o dinheiro. 
Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu. 
O pagamento aqui não é feito em proveito do filho, porque a sua real destinação não era essa. Caso utilizasse a quantia para pagar a mensalidade da sua escola, diferentemente, o pai não teria que pagar novamente esse alimento. A quitação do absolutamente incapaz é nula. Já quitação do relativamente incapaz é anulável, e até que se reclame, produzirá seus efeitos. 
As duas situações a seguir são extremamente parecidas. O pagamento está sendo feito à alguém que não é a pessoa a quem deveria estar sendo feito. São os casos do credor putativo e do portador da quitação. 
Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor 
Art. 311. Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante.
Em ambos os casos observamos duas circunstâncias: a teoria das aparências: o contexto torna razoável que alguém pense que aquele é o credor mesmo não sendo, e a questão da boa-fé, aspecto subjetivo, o indivíduo no fundo acaba acreditando na palavra daquele indivíduo, acredita naquela ilusão. 
Mesmo pagando a pessoa errada o devedor estará liberado. As situações se parecem tanto em termos de pressupostos quanto em termos de consequência. 
No caso do credor putativo, embora não seja realmente o real credor, possui uma imensa aparência de que seja. O pagamento tem seu efeito liberatório para o devedor, é eficaz. 
Quanto ao portador da quitação, o legislador presumiu que se o sujeito está de posse da quitação, e tem o poder de liberar o devedor, o pagamento é eficaz. Contudo, há ressalvas. Existem circunstâncias que impossibilitam essa circunstância, como no caso em que Maurício diz que vai enviar A como seu portador da quitação, mas acaba enviando B, sem avisar ao credor. 
Art. 312. Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor. 
Luiza deve uma determinada quantia pra Vanessa e resolve não pagar. Vanessa entra com ação judicial e tem ganho de causa. Na execução, parte para procura de bens de Luiza para realizar a penhora. Encontra um crédito que Luiza tem com Lila e resolve penhorar esse crédito, de modo que o valor que Lila iria pagar à Luiza deve ser revertido emfavor de Vanessa. Lila sendo avisada dessa troca de credoras, não pode mais pagar à Luiza. Se assim fizer, Vanessa é apta para cobrá-la novamente. Tudo depende da notificação da penhora. 
12.3. Objeto do pagamento: 
A identidade do pagamento é uma das principais características do adimplemento, alguns juristas chegam até a considerá-la como um princípio. Sendo assim, o credor não é obrigado a receber objeto diferente, mesmo que tenha igual ou maior valor. O que tem que ser pago é aquilo que é devido, simplesmente. Se por um lado o credor não é obrigado a aceitar prestação distinta, o devedor não deve ser exigido a pagar com outra prestação que não seja aquela a qual se obrigou. A vinculação é mútua. 
Quanto a indivisibilidade do pagamento, em regra, o pagamento tem que ser de forma indivisível, pouco importando se a prestação é divisível ou indivisível. Essa é a regra geral, o que não quer dizer que não possa existir convenção entre as partes. 
Por conseguinte, o nominalismo, de maior aplicação no âmbito das obrigações pecuniárias, as obrigações devem ser pagas em valor nominal. Se eu te devo 100 reais o que eu tenho que lhe pagar é 100 reais e não o equivalente ao valor de 100 reais daqui à 2 meses. 
Contudo, é possível que se coloque no contrato uma cláusula de de escala móvel, para reajustar o valor dessa obrigação. As partes são livres para convencionar esse reajuste. Isso apenas tem sentido em contratos de prestações sucessivas ao longo do tempo. 
Por fim, o CC estabelece que as obrigações pecuniárias devem ser pagas no curso forçado da moeda, o curso corrente. O sentido aqui está em atender interesses públicos (evitar a desvalorização da moeda) e privados (trazer segurança as partes). O caráter é protetivo. Contudo existem exceções, como o contrato de câmbio e o contrato de importação e exportação. 
Tratamos agora da Teoria da Imprevisão, que diz respeito a questão da revisão dos contratos. Além do 317º, o assunto também é abordado nos arts. 478º e seguintes, na parte de Contratos. 
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação. 
No cenário da pandemia, existe um PL estabelecendo alguns parâmetros para que determinadas circunstâncias, extremamente comuns no momento atual, não sejam consideradas imprevisíveis, afim de oferecer segurança jurídica. Não é dizer que a pandemia não pode ser utilizada como argumento para revisão contratual, mas proteger algumas situações, inevitáveis, no momento atual. Se não se considera fato imprevisível, não pode ser aplicado o 317º. 
A pandemia por si só não é razão para nenhum descumprimento contratual. A teoria da imprevisão segue uma análise objetiva, não é específica. Não é imprevisão para o sujeito, mas para situação. Se eu estabeleço um contrato de locação, perco meu emprego, e fico impossibilitado de pagar o aluguel, posso ser abarcado pela teoria da imprevisão? Não. O cenário precisa ser macro. E se eu perdi meu emprego por causa da pandemia? Aqui já existe discussão, mas na primeira hipótese não. O Corona vírus mudou o cenário de tal forma que possibilitou a aplicação da teoria da imprevisão à questões em que antes não se aplicaria. 
O que acontece, nas situações abarcadas pela Teoria da Imprevisão, são situações de extremo desequilíbrio no valor da prestação, que se torna necessária a revisão. Lembrando que esse desequilíbrio precisa ser superveniente. O desequilíbrio que já existe no momento em que o contrato é estabelecido pode ser objeto do instituto da lesão, mas não da revisão contratual estabelecida no 317º e no 478º. 
A premissa inicial dos contratos é a de pacta sunt servanda, contudo, em algumas circunstancias manter os termos do contrato seria descumprir o objetivo do contrato. 
Eu vendo hoje uma casa para uma pessoa, eclode uma guerra que dura X tempo, com surto inflacionário absurdo. Não há mais como vender essa casa pelo mesmo preço, que agora tem valor de um big-big. 
Existem uma infinidade de teorias que discutem a revisão contratual. As majoritárias são a teoria da imprevisão e a teoria da onerosidade excessiva. O art. 317º traz ambas as ideias. Os dois requisitos são abarcados pela Lei. Contudo, sua explicação é rasa. Valora-se algumas coisas que não são imprevisíveis, com base em decisões tomadas pelo STJ, mas não se estabelece, de forma objetiva, o que deve ser abarcado pela teoria. 
No que diz respeito as despesas presume-se a cargo do devedor as despesas com pagamento e quitação. Contudo, qualquer fator gerado por parte do credor, esse deve arcar com possíveis eventualidades. A natureza do artigo é supletiva, pois as partes podem acordar diferentemente. 
Por último, se o pagamento tiver de ser feito por pesos e medidas se aplicará o peso ou a medida do lugar do cumprimento. Novamente, a natureza é supletiva. As partes são livres para acordar diferentemente. 
12.4. Prova do pagamento: 
A prova do pagamento está na mesma seção do objeto. O professor separa com fins didáticos, para facilitar a visualização. 
Em regra, a prova do pagamento é a quitação, um documento elaborado pelo credor, com natureza de ato jurídico stricto sensu, que serve para o devedor provar que pagou. 
Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada.
Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante.
Como a quitação é um ato jurídico stricto sensu, o descumprimento de qualquer um daqueles pré-requisitos, em tese, culminaria em inadiplemento da obrigação. Contudo, a Legislação flexibilizou essa regra. Ainda que a quitação não atenda aos requisitos do 320º, a quitação não se torna, de imediata, inválida. Se pelas circunstâncias for possível provar que ocorreu pagamento, a quitação valerá. Consiste em uma regra de ordem prática. A quitação é um documento essencial no mundo comercial, uma coisa muito do dia-a-dia. Vale lembrar que a quitação é o documento. Uma trasnferência bancária, por exemplo, não é quitação, é apenas um indício que a obrigação foi adimplida. 
Além da quitação, o Código traz algumas situações de presunção do pagamento. Isto é, não foi emitida a quitação quanto aquilo, o documento em si, mas o Legislador resolveu presumir que o pagamento aconteceu em três tipos de situações. 
A primeira quando trata-se de quotas periódicas. O pagamento da última quota, a mais recente, gera a presunção de que as anteriores estão pagas, salvo prova em contrário, obviamente. 
O segundo caso é quando na prestação existe capital e juros. Se eu faço um pagamento e recebo a quitação do capital, que não menciona os juros, presume-se que estão pagos. 
Por fim, a ultima situação é a de entrega do título. A obrigação substanciada em um título, um documento, como uma nota promissória, é o próprio documento que se utiliza para realizar a cobrança. A devolução do título, dentro da normalidade, implica em uma presunção do pagamento. Se eu devolvo o instrumento que possuo para cobrar do meu devedor, entende-se que já foi pago. 
E no caso da pessoa que mente dizendo que já pagou o que devia só para receber a promissória, e ser abarcado por essa presunção? Nesse caso, o credor tem 60 dias para entrar com ação judicial alegando o não pagamento. Se não o fizer, presume-se que o pagamento foi feito, da mesma forma. 
12.5. Lugar do pagamento: 
A primeira discussão do tema é a de quesível x portável. A regra geral, segundo o art. 327º, é que o pagamento se dará no domicílio do devedor, o que implica, implicitamente, que o credor tem que ir ao devedor. O dever de se movimentar é por parte do credor. 
A obrigação com pagamento à ser efetuado no domicílio do devedor chama-se de quesível.Já a obrigação com pagamento à ser efetuado no domicílio do credor chama-se de portável. Falar que uma obrigação é quesível ou portável, além da sua óbvia consequência de indicar onde o pagamento deve ser feito, é algo que influencia na análise de um possível inadiplemento. Se chega o dia do pagamento, e nenhuma das partes de movimenta, quem é o inadiplente? Depende. A regra geral é que seja o credor, mas poderá ser o devedor também, se a obrigação for portável e não quesível. 
E a obrigação que é paga em um estabelecimento bancário digital, como por meio de aplicativos? O pagamento também pode acontecer em um lugar neutro, como em um banco, um local convencionado entre as partes, etc. 
E se as partes marcam de acontecer o pagamento em um local, mas nenhuma das partes comparecem? O que isso significa? Os dois estão inadiplentes? Ou nenhum está inadiplente? As duas respostas são defensáveis. Contudo, existem consequências do inadiplemento do devedor que não incompatíveis com o inadiplemento do credor, tornando mais difícil a aplicação da primeira hipótese. A segunda hipótese traz um fundamento jurídico mais plausível: se eu, enquanto devedor ou credor, tanto faz, não estou cumprindo com minha obrigação de me locomover, como posso exigir do outro que cumpra a sua? 
Na possibilidade de dois ou mais lugares possíveis para o pagamento se realizar, quem escolhe entre esses é o credor.
Quanto a prestação relativa a imóvel ou que se relacionem com imóvel a regra é que o pagamento se dará no imóvel. 
Por conseguinte, no caso de ocorrência de motivo grave, que impossibilite o devedor de pagar no lugar pactuado, está ele autorizado a pagar em lugar diverso, contanto que não resulte em prejuízo ao credor. Consiste em uma ressalva. O pagamento aqui, mesmo em lugar diverso, produz os mesmos efeitos, não resulta em inadiplemento. Nessa hipótese, não pode haver nenhum tipo de prejuízo ao credor, quem deverá arcar com possíveis custos a mais que venham a surgir, obrigatoriamente, é o devedor. O credor em nada se prejudicará. 
Por fim, o pagamento reiterado em local diverso faz presumir renúncia do credor relativamente ao que estava estabelecido em contrato. Aqui presume-se que o pagamento deve ocorrer em momentos diversos. No caso de um pagamento de locação de imóvel, em que se pactua que ocorrerá no domicílio do locador, mas ao em vez disso, o pagamento começa a ser realizado no domicílio do locatário, durante os cinco primeiros meses do contrato, ao chegar no sexto mês, e nenhuma das partes se movimentarem, o que acontece? Afim de valorizar a boa-fé, a doutrina e a jurisprudência acreditam que deve se aplicar supressio e surrectio. A expectativa criada é a de que o pagamento será realizado, no sexto mês, no mesmo local em que se realizou o pagamento nos cinco primeiros meses: no domicílio do locatário. O locador perde o direito de cobrança no lugar previamente pactuado e o locatário ganha o direito de cobrar no lugar em que o pagamento começa a ser realizado. 
12.6. Tempo do pagamento: 
No que se refere ao vencimento, em regra, se não houver nada que modifique o efeito da obrigação, poderá ser exigida imediatamente. No momento que é criada a obrigação já pode ser exigida. A questão do vencimento determina quando começa a exigibilidade da obrigação. Na maior parte das vezes, o momento do vencimento é o mesmo do surgimento. Contudo, poderá haver obrigações com vencimento em momento posterior. As obrigações condicionais, obrigações a termo (boleto), são exemplos dessa hipótese. 
No caso de obrigação com termo à favor do devedor, a mais comum, o termo é o limite, até quando quem deve pode pagar. Por outro lado, se o termo for neutro, não existe momento até qual o devedor pode pagar e sim um momento preciso em que o pagamento tem que acontecer. 
Quanto a cobrança antecipada, explicada no art. 333º, existe uma controvérsia na doutrina se essa cobrança seria mesmo uma cobrança antecipada ou um vencimento antecipado. O professor defende a cobrança antecipada, que protege mais o devedor. Lhe parece que se já está gerando essa vantagem ao credor, de se pagar antes do pagamento, seria excessivo atribuir as consequências do inadiplemento. 
Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste Código:
I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor;
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes.
O inciso III, ao contrario dos anteriores, é o único que não autoriza, de imediato, a cobrança antecipada. O credor precisa, inicialmente, intimar o devedor à reforçar as garantias. A ocorrência do evento não autoriza automaticamente a cobrança antecipada. 
Aspectos Especiais:
12.7. Pagamento com sub-rogação:
Em linhas gerais, tem-se uma situação em que o pagamento realizado por um sujeito, fará que excepcionalmente, a obrigação não se extingua. Acontece o adimplemento, mas esse não gera a extinção da obrigação, afim que o sujeito que pagou se sub-rogue nos direitos do credor. Já vimos isso anteriormente. 
São duas espécies desse pagamento com sub-rogação:
1- Legal: situação em que o fato de o sujeito pagar atendendo a certos requisitos previstos na lei faz com que ele automaticamente se subrogue. Os casos de sub-rogação legal estão previstos no art. 346 no CC. 
Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:
I - do credor que paga a dívida do devedor comum;
É o caso mais incomum. É difícil enxergar situações que motivem o credor a fazer isso, a menos que seu desejo seja o de controle de patrimonialidade sobre o devedor. 
II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel;
No primeiro caso a pessoa assume uma dívida hipotecando o seu próprio imóvel. Antes de acabá-la, vende o apartamento hipotecado. A hipoteca continua. Se o adquirente do imóvel hipotecado desejar, pode ele pagar a dívida e, automaticamente, subrogar-se nos direitos do credor. Em consonância, a situação de terceiro que paga a dívida, afim de não ser privado de um direito sobre um imóvel, incorre a sub-rogação da mesma forma. 
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.
Esse é a mais comum de todas. É o exemplo do fiador, que ao pagar a dívida que indiretamente também é parte, sub-roga-se nos direitos do credor. 
2. Convencional: o pagamento para que gere a sub-rogação precisa acontecer dentro de certas circunstâncias, diferentes da sub-rogação legal. 
Art. 347. A sub-rogação é convencional:
I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos; 
Segue a mesma lógica da seção de crédito. É o mesmo mecanismo. 
II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito. 
Uma pessoa tem uma dívida e pede empréstimo a outra para pagar a dívida. O sujeito que irá emprestar a quantia aceita, desde que passe a ser o credor nessa dívida. A sub-rogação é uma condição. 
O credor da sub-rogação legal se sub-roga no limite do que ele pagou e não no que era o valor total da dívida. Diferentemente do que ocorre na convencional, em que se objetiva a transferência do crédito. 
E na situação em que o fiador paga parcialmente para extinguir apenas uma parte da dívida, e o credor segue credor da parte faltante, o que acontece? O Código faz uma ressalva para dizer que, quando os credores forem cobrar o crédito que lhes diz respeito, a preferência é do credor originário e não do sub-rogado,

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