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Prévia do material em texto

Francisco Gilberto Fernandes Pereira 
Rhanna Emanuela Fontenele Lima de Carvalho 
Bruna Michelle Belém Leite Brasil 
(Organizadores) 
 
 
 
 
Segurança do Paciente 
reflexões teórico-filosóficas e aplicação prática 
 
 
1ª Edição 
 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO 
ESTÁCIO DO CEARÁ 
 
 
 
Fortaleza – Ceará 
2019 
Copyright 2019. Francisco Gilberto Fernandes Pereira, Rhanna 
Emanuela Fontenele Lima de Carvalho, Bruna Michelle Belém 
Leite Brasil (Organizadores). 
 
Editora 
Janete Pereira do Amaral 
 
Revisão do Texto 
Bruna Michelle Belém Leite Brasil 
 
Normalização e Padronização 
Luiza Helena de Jesus Barbosa - CRB-3/830 
 
Programação Visual e Diagramação 
Janete Pereira do Amaral 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Fonte 
 
S456 Segurança do paciente: reflexões teórico-filosóficas e 
 aplicação prática / Organizadores: Francisco 
 Gilberto Fernandes Pereira, Rhanna Emanuela Fontenele 
 Lima de Carvalho, Bruna Michelle Belém Leite Brasil. 
 Fortaleza: Centro Universitário Estácio do Ceará, 2019. 
 194p.; 30cm. 
 ISBN 978-85-69235-32-3 
1. Cuidados de enfermagem 2. Gestão de 
segurança 3. Promoção da saúde I. Pereira, Francisco 
Gilberto Fernandes II. Carvalho, Rhanna Emanuela 
Fontenele Lima de III. Brasil, Bruna Michelle Belém 
Leite IV. Centro Universitário Estácio do Ceará. 
 CDD 610.73 
Bibliotecária Luiza Helena de Jesus Barbosa CRB-3/830 
 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DO CEARÁ 
Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão 
Núcleo de Publicações Acadêmico-Científicas 
CONSELHO EDITORIAL 
 
 
 
Dr. Alberto Sampaio Lima - Universidade Federal do Ceará 
Dra. Ana Cristina Pelosi - Universidade Federal do Ceará 
Ms. Ana Flávia Alcântara Rocha Chaves - Centro Universitário Estácio 
do Ceará 
Dra. Andrine Oliveira Nunes - Centro Universitário Estácio do Ceará 
Ms. Janete Pereira do Amaral - Centro Universitário Estácio do Ceará 
Ms. Joana Mary Soares Nobre - Centro Universitário Estácio do Ceará 
Dra. Kariane Gomes Cezario - Centro Universitário Estácio do Ceará 
Dra. Letícia Adriana Pires Ferreira dos Santos - Centro Universitário 
Estácio do Ceará, Universidade Estadual do Ceará, Universidade 
Federal do Ceará 
Dra. Marcela Magalhães de Paula - Embaixada do Brasil na Itália 
Dra. Maria Elias Soares – Universidade Federal do Ceará e 
Universidade Estadual do Ceará 
Dra. Maria da Graça de Oliveira Carlos – Centro Universitário Estácio 
do Ceará 
Dra. Margarete Fernandes de Sousa – Universidade Federal do Ceará 
Dra. Rosiléia Alves de Sousa – Centro Universitário Estácio do Ceará 
Dra. Suelene Silva Oliveira Nascimento - Universidade Estadual do 
Ceará 
Dr. Vasco Pinheiro Diógenes Bastos - Centro Universitário Estácio do 
Ceará 
 
 
 
__________________________________________________
Núcleo de Publicações Acadêmico-Científicas 
Rua Vicente Linhares, 308 - Aldeota 
CEP: 60.135-270 - Fortaleza – CE - Fone: (85) 3456-4100 
www.publica-estaciofic.com.br 
 
SOBRE OS ORGANIZADORES 
 
FRANCISCO GILBERTO FERNADES PEREIRA – UFPI 
Enfermeiro - Universidade de Fortaleza. 
Doutorando em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde pela Universidade 
Estadual do Ceará. 
Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará. 
Especialista em Farmacologia pela Universidade Católica Dom Bosco. 
Integrante do Grupo de Pesquisa, Segurança, Tecnologia e Cuidados Clínicos 
em Enfermagem e Saúde-UECE 
 Professor do curso de graduação em enfermagem da Universidade Federal do 
Piauí. 
 
RHANNA EMANUELA FONTELENE LIMA DE 
CARVALHO – UECE 
Enfermeira - Universidade Federal do Ceará - UFC. 
Mestre e Doutora em Enfermagem Fundamental pela Escola de Enfermagem 
de Ribeirão Preto (USP). 
Docente da Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual do Ceará 
Docente da Pós-Graduação em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde e 
do Mestrado Profissional em Saúde da Criança e do Adolescente. 
Tutora do Programa de Educação Tutorial - PET/ Enfermagem/UECE. 
 Membro da Rede Brasileira de Segurança do Paciente (REBRAENSP-Ceará). 
Líder do Grupo de Pesquisa Segurança, Tecnologia e Cuidados Clínicos. 
 
BRUNA MICHELLE BELÉM LEITE BRASIL 
Enfermeira - Universidade Federal do Ceará-UFC. 
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação Cuidados Clínicos em 
Enfermagem e Saúde - UECE 
Mestre em Enfermagem -UFC 
Especialista em Unidade de Terapia Intensiva - UECE 
Integrante do Grupo de Pesquisa, Segurança, Tecnologia e Cuidados Clínicos 
em Enfermagem e Saúde -UECE 
Coordenadora do Curso de Graduação em Enfermagem do Centro 
Universitário Estácio do Ceará. 
Docente da Especialização em Emergência e UTI no Centro Universitário 
Estácio do Ceará. 
Docente da Especialização de Saúde do Idoso da Universidade Estadual do 
Ceará. 
LISTA DE AUTORES 
 
 
Ana Lívia Araújo Girão .............................................. 5, 53, 143 
Antônio Rubens Alves da Silva ........................................... 115 
Bruna Michelle Belém Leite Brasil .........................1, 2, 85, 99 
Consuelo Helena Aires de Freitas....................................... 131 
Edgla Graciela Ferreira Moreira de Brito .......................... 163 
Fernanda Fontenele .............................................................. 143 
Fernanda Pereira de Sousa ................................................... 115 
Francisco Gilberto Fernandes Pereira .............. 1, 2, 5, 17, 31 
Isabelly Costa Lima de Oliveira ...................................... 17, 53 
Ismael Brioso Bastos ........................................................ 85, 99 
Katarina Milly Pinheiro de Sousa........................................ 115 
Lúcia de Fátima da Silva......................................................... 69 
Maria Célia de Freitas .......................................... 41, 69, 85, 99 
Maria Isis Freire de Aguiar .................................................. 131 
Maria Lígia Silva Nunes Cavalcante ..................................... 41 
Maria Salete Bessa Jorge ....................................................... 131 
Maria Vilani Cavalcante Guedes .................... 5, 41, 69, 85, 99 
Mayara Magna dos Santos ................................................... 143 
Patrícia Freire de Vasconcelos .................................... 115, 131 
Pedro Holanda Souza Neto ................................................. 115 
Raelly Ramos Campos Ximenes ..................................... 85, 99 
Rhanna Emanuela Fontenele Lima de Carvalho1, 2, 5, 17, 
31, 41, 53, 69, 85, 99, 131 
Roberta Meneses Oliveira .................................................... 163 
Saiwori de Jesus Silva Bezerra dos Anjos .......................... 131 
Samia Freitas Aires ............................................................ 17, 31 
Samla Sena da Silva Souza ..................................................... 69 
Sherida Karanini Paz de Oliveira ........................................ 143 
Tamires Ferreira do Nascimento ........................................ 115 
Vanessa Emille Carvalho de Sousa Freire ......................... 115 
Vitória Talya dos Santos Sousa ........................................... 131 
 
1 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
PARTE I – REFLEXÕES TEÓRICO-
FILOSÓFICAS SOBRE SEGURANÇA DO 
PACIENTE ....................................................... 3 
PENSAMENTO, LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO: 
REFLEXÕES FILOSÓFICAS PARA O CUIDADO DE 
ENFERMAGEM E SEGURANÇA DO PACIENTE ............. 5 
CUIDADO CLÍNICO DE ENFERMAGEM E 
SEGURANÇA DO PACIENTE: UMA COMBINAÇÃO 
NECESSÁRIA NAS PRÁTICAS DE SAÚDE ........................17 
O CUIDADO DE SI E A PARTICIPAÇÃO DO 
PACIENTE PELA SUA SEGURANÇA ...................................31 
A LINGUAGEM DE ENFERMAGEM NO CONTEXTO 
DO CUIDADO, DO ENSINO E DA PESQUISA ................41 
SISTEMAS INTERATUANTES DE KING, 
COMUNICAÇÃO E SEGURANÇAde 
conhecimentos In: CONGRESSO BRASILEIRO DE 
ENFERMAGEM 48. São Paulo. Anais. São Paulo, 
Associação Brasileira de Enfermagem, Seção São Paulo, 
1996, p.337-345. 
51 
 
TERRA, A.C.; VAGHETTI, H.H. Proxemics 
communication in nursing work: an integrative literature 
review. Ciência e Enfermeria, v. 20, n. 1, p. 23-34, 2014. 
TERRA, M.G.; GONÇALVES, L.H.T.; SANTOS, E.K.A.; 
ERDMANN, A.L. Fenomenologia de Maurice Merleau-
Ponty como referencial teórico-filosófico numa pesquisa de 
ensino em enfermagem. Rev. Gaúcha Enferm., v. 30, n.3, 
p. 547-51, 2009. 
VALE, E.G.; SILVA, M.J. A Pesquisa em Enfermagem e 
os novos rumos a partir do SENPE. Rev Bras Enferm., v. 
68, n.4, p.571-2, 2015. 
52 
 
53 
 
SISTEMAS INTERATUANTES DE KING, 
COMUNICAÇÃO E SEGURANÇA DO PACIENTE: 
aplicabilidade da teoria de enfermagem* 
 
Ana Lívia Araújo Girão 
Isabelly Costa Lima de Oliveira 
Rhanna Emanuela Fontenele Lima de Carvalho 
 
INTRODUÇÃO 
A Segurança do paciente representa um dos maiores 
desafios enfrentados para os prestadores do cuidado, 
reabilitação e cura na área da saúde. A abordagem do tema 
ganhou relevância mundial, após o ano 2000, com a 
divulgação do relatório To err is human pelo Institute of 
medicine o qual demonstrou que erros são frequentes durante 
a prestação dos cuidados de saúde. Dessa maneira, esse 
documento revelou a necessidade que os sistemas de saúde 
fossem repensados para garantir a segurança do paciente, 
afirmando que o cuidado, que antes era executado de forma 
mais simples e segura, agora se dá de maneira mais 
complexa e efetiva, porém potencialmente perigosa 
(KOHN; CORRIGAN; DONALDSON, 2000). 
Após a ascensão das discussões sobre como prestar 
uma assistência de qualidade e segura a Organização 
Mundial de Saúde (OMS), em 2004, criou o projeto Aliança 
Mundial para a Segurança do Paciente, cujo objetivo 
principal era definir metas e estratégias para que fossem 
diminuídos os riscos e danos decorrentes do cuidado 
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2004). No 
contexto brasileiro, o Ministério da Saúde instituiu em 2013 
54 
 
a portaria que criaria o Programa Nacional de Segurança do 
Paciente, compartilhando os mesmos objetivos de envolver 
paciente, família e profissionais nas ações de segurança 
(BRASIL, 2013). 
Dentre as metas internacionais estabelecidas pela 
OMS, e adotadas pelo Brasil, destaca-se o estabelecimento 
efetivo da comunicação e da interação como um alvo a ser 
atingido para que possam ser mitigados os eventos 
adversos e danos. E, ao tratar-se da Enfermagem, a qual 
possui a comunicação como um instrumento básico do 
processo de cuidar, é fundamental que se viabilize a 
construção de um relacionamento efetivo com a equipe e 
com paciente. 
Por meio da comunicação, a equipe de enfermagem 
pode compreender melhor as necessidades do paciente e da 
família, e para fundamentar o desenvolvimento de um 
cuidado científico optou-se pelo modelo conceitual dos 
sistemas interatuantes de Imogene King. A teórica 
desenvolveu dois arcabouços: o Modelo Conceitual de 
Sistemas Abertos Interatuantes e a Teoria do Alcance de 
Metas, e dentre os diversos objetivos propostos por ela, o 
mais intencional foi procurar centrar-se no que a condição 
do doente exige ou o que o doente deseja (BORGES et al, 
2017). 
Ao adentrar nos conceitos estruturados por King e 
optar pelo estudo aprofundado dos sistemas interatuantes, 
a comunicação se destaca como uma das chaves para a 
compreensão do modelo conceitual. Assim, elegeu-se 
fundamentar a comunicação como ferramenta para o 
desenvolvimento de um cuidado de enfermagem mais 
seguro. 
55 
 
Questiona-se, então, como a teoria dos sistemas 
interatuantes proposta por King pode ser aplicável as 
questões relacionadas a segurança do paciente no cuidado 
de enfermagem? A partir dessa indagação objetivou-se tecer 
uma reflexão acerca da aplicabilidade da teoria dos sistemas 
interatuantes de Imogene King aos conceitos e práticas da 
comunicação e da segurança do paciente nas instituições de 
saúde. Espera-se que possamos viabilizar uma discussão 
que desperte o interesse nos profissionais para 
proporcionar um cuidado seguro através da fundamentação 
de uma teoria de enfermagem. 
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: ESTRUTURA 
DOS SISTEMAS DE INTERAÇÃO DE IMOGENE 
KING 
Conceitualmente em sua teoria King define saúde 
como “experiências dinâmicas da vida de um ser humano, 
o que implica em ajustamento a estressores no ambiente 
interno e externo” e Enfermagem como “um processo de 
ação, reação e interação através do qual enfermeira e cliente 
partilham informações sobre suas percepções na situação 
de enfermagem”. Por meio dessas definições percebe-se o 
interesse da teórica em explanar a percepção, o pensamento 
e julgamento dos indivíduos envolvidos em uma relação de 
cuidado (SIELOFF, 2004). 
O modelo conceitual de sistemas abertos 
interatuantes é descrito a partir de três sistemas interativos: 
pessoal, interpessoal e social. Cada um deles identifica o ser 
humano como elemento básico, e a unidade de análise é o 
comportamento em diferentes ambientes (SIELOFF, 2004; 
MOREIRA; ARAÚJO, 2002). 
56 
 
O sistema pessoal, ou seja, consigo mesmo 
compreende os conceitos de imagem corporal, ego, 
percepção, crescimento, desenvolvimento, tempo e espaço. 
No sistema interpessoal que trata das interações da pessoa 
com os grupos, e que pode ser composta por díades 
(enfermeiro-paciente) ou ainda tríades (enfermeiro-
paciente-família), estão presentes os conceitos de interação, 
função, stress, transações e comunicação, esse último que é 
o ponto de destaque para nossa aproximação com a 
segurança do paciente. Já o sistema social diz respeito aos 
grupos que o indivíduo participa (religião, educação, 
costumes, cuidados específicos de saúde), estão presentes 
os conceitos de autoridade, tomada de decisão, 
organização, poder e estatuto (MOREIRA; ARAÚJO, 
2002). 
Cada conceito desse esquema representa as 
dimensões organizativas e o conhecimento essencial para 
que se perceba as interações entre os três sistemas. Essa 
primeira parte da teoria de King representa uma forma 
mais concreta de visualizar a aplicabilidade dos conceitos 
oferecidos pelo referencial, além de ser também a base para 
a Teoria do Alcance de Metas. 
A autora utiliza a abordagem dos sistemas de 
interação para facilitar a compreensão de que se faz 
necessário estudar o sistema como todo e não apenas 
partes fragmentadas, a figura 1 exemplifica o sistema 
interatuante e mostra as relações que acontecem em cada 
nível e que podem as modificações resultante em cada nível 
podem refletir nos níveis subsequentes. Outro ponto de 
destaque que ela exemplifica nesse esquema conceitual são 
as transações humanas em vários tipos de ambientes e não 
a fragmentação entre os seres humanos e o ambiente 
(SIELOFF, 2004). 
57 
 
Baseando-se na apropriação do conhecimento acerca 
dos sistemas interatuantes de King, este tópico destaca a 
relevância do sistema interpessoal para que se torne 
possível a compreensão de que ele permeia fatores que 
podem interferir na comunicação e na interação entre 
enfermeiros e usuários. Na enfermagem, ao agir de modo a 
estabelecer interação com as pessoas cuidadas, os 
enfermeiros compreenderiam e praticariam o cuidado 
como ação capaz de propiciar as melhores condições 
ambientais e conceituais possíveis para favorecer o 
desenvolvimento humano, sob o ponto de vista bio-psico-
espiritual do indivíduo e familiar, visando a promoção ou o 
restabelecimento da saúde, a partir da relação interativa 
(MOREIRA; ARAUJO; PAGLIUCA, 2001). 
 
Figura 1- Sistemas dinâmicos de interação 
 
Fonte: King, 1981 
58 
 
INTERAÇÃO E COMUNICAÇÃO COMO 
INSTRUMENTOS EFETIVOS DE SEGURANÇA NAS 
INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 
Autores afirmam que o processo de interações entre 
dois ou mais indivíduos representa uma sequência de 
comportamentos verbais e não-verbais que são 
metadirigidos, assim pode-se considerar que cada indivíduo 
sofre influênciasda integridade mental, de suas 
necessidades, objetivos, expectativas, percepções e 
experiências passadas (BEZERRA et al, 2010). Pela 
interação, os seres humanos influenciam a forma de agir e 
de pensar um do outro, isto é, assume-se um nível de 
interdependência na relação. Por meio das relações 
interpessoais, com o uso do processo de comunicação na 
sua complexidade, criam-se laços de interação. E essa 
interação precisa ser estendida ao paciente de modo a 
proporciona-lhe acolhimento para que se consiga 
identificar e resolver os problemas trazidos por eles 
(RENNÓ; CAMPOS, 2014). 
Nesse contexto, para que condução do cuidado de 
enfermagem seja eficaz é fundamental desenvolver 
habilidades de modo a aplicar bem o processo de 
comunicação como uma importante base para a interação 
com o paciente, considerando as suas modalidades: verbal e 
não-verbal. King descreve que para se concretizar, a 
comunicação verbal depende de símbolos que compõem a 
linguagem, incluindo a língua falada e escrita. O toque, 
considerado expressão não verbal de comunicação, assim 
como demonstração de distanciamento, a postura, a 
expressão facial, a aparência física e os movimentos 
corporais, podem significar interesse, indiferença, 
desânimo, entre outras aparências (KING,1982). 
59 
 
Além da interação com o paciente, é fundamental 
destacar a interação entre enfermeiro e os demais 
profissionais, evidenciada também pelos sistemas 
interpessoais da teorista, já que a enfermagem é uma 
profissão praticada em equipe, em que a atuação de seus 
membros se complementa. 
Também por isso, é preciso valorizar e entender as 
múltiplas relações que permeiam o processo de 
comunicação no cuidado em saúde/enfermagem e 
enfrentar o desafio de ser um agente transformador, 
adotando uma prática baseada na comunicação sensível. 
Nesse intuito, os profissionais poderão entender e 
compreender melhor suas formas de lidar com esse objeto - 
a comunicação - não só no que se refere a sua relação com 
a equipe, mas ao cuidado do paciente, e com a equipe 
multidisciplinar (BROCA; FERREIRA, 2012). 
Acredita-se, portanto, que para se alcançar a 
interação entre os profissionais da equipe de enfermagem, e 
até mesmo da equipe de saúde em geral, é importante o 
compartilhamento e trocas de saberes e experiências para 
que haja o crescimento gradual do relacionamento 
interpessoal (SANTOS et al, 2013). 
SISTEMAS INTERATUANTES E A PROMOÇÃO 
DA CULTURA DE SEGURANÇA DO PACIENTE 
No que diz respeito a relevância dos erros de 
comunicação nas instituições de saúde e sua influência no 
comprometimento da segurança do paciente, dados do 
Institute of medicine revelaram que a atenuação dos problemas 
decorrentes da falta de comunicação poderia economizar 
60 
 
$240 bilhões por ano nos EUA (INSTITUTE OF 
MEDICINE, 2010). 
Diante do exposto, é importante ressaltar que a 
enfermagem é a equipe que mais interage com o paciente, 
onde há demasiadas atribuições, e na maioria das vezes os 
pacientes, família e a sociedade apresentam dificuldades de 
reconhecer os diferentes integrantes da equipe de 
enfermagem, fato esse que pode ser solucionado quando 
cada profissional se identifica citando nome, categoria e o 
procedimento a ser realizado, assim conferirá mais 
segurança ao paciente (STEFANELLI; CARVALHO, 
2012). 
A comunicação é essencial para o relacionamento 
enfermeiro/paciente. Pela maneira de se expressar, o 
profissional de enfermagem pode identificar os significados 
que o paciente atribui à situação de adoecimento. Dessa 
maneira, destaca-se a comunicação terapêutica como a 
competência do profissional de saúde em compreender a 
interação humana para ajudar o outro a descobrir e utilizar 
sua capacidade e seu potencial para solucionar conflitos, 
reconhecer as limitações pessoais, ajustar-se ao que não 
pode ser mudado e a enfrentar os desafios a 
autorrealização, procurando aprender a viver da forma mais 
saudável possível (STEFANELLI; CARVALHO, 2012). 
Também é fundamental ressaltar que a comunicação 
é essencial para a relação entre enfermeiro e equipe de 
saúde. Estudos apontam que falhas no trabalho em equipe 
e na comunicação entre os profissionais de saúde tem sido 
um dos principais fatores que contribuem para os erros 
médicos, eventos adversos e, consequentemente, 
diminuição da qualidade dos cuidados (MARTINS et al, 
2014). 
61 
 
Entre os principais desafios encontrados para a 
comunicação efetiva no trabalho em equipe da saúde, tem-
se: a diversidade na formação dos profissionais, em que o 
treinamento para comunicação pode diferir entre os 
indivíduos; a tendência de uma mesma categoria 
profissional se comunicar mais uns com os outros; o efeito 
da hierarquia, geralmente com o médico ocupando posição 
de maior autoridade, situação que pode inibir os demais 
membros da equipe interdisciplinar (ROWLANDS; 
CALLEN, 2013). 
Dessa maneira, a inexistência de equipe torna as 
dificuldades maiores, e as ferramentas para aprimorar a 
comunicação passam a ser menos efetivas. Outro 
importante ponto dessa discussão é reconhecer que, em um 
ambiente no qual o cuidado é exageradamente 
fragmentado, além do necessário e do justificável, a 
efetividade também fica comprometida. A fragmentação do 
cuidado é considerada por muitos especialistas em 
segurança do paciente um dos grandes desafios ou 
problemas da atualidade. Na saúde, o resultado de uma 
fragmentação necessária e da injustificável gera grande 
vulnerabilidade aos erros de comunicação nas 
transferências de pacientes ou nas trocas de informações 
(BARCELLOS, 2014). 
A literatura descreve que os profissionais de saúde 
convivem constantemente com problemas de comunicação, 
os quais, consequentemente, interferem na continuidade, 
qualidade e consecução do trabalho ou na satisfação das 
necessidades dos profissionais, de forma que o trabalho 
transcorra de maneira produtiva e eficaz (BROCA; 
FERREIRA, 2012). A comunicação é, portanto, em uma 
importante e essencial ferramenta na obtenção de valiosas 
62 
 
informações para a condução terapêutica (ALMEIDA; 
CIOSAK, 2014). 
Diante do exposto, no contexto da promoção da 
segurança fundamentada pela teoria, aqui abordada em seus 
níveis de sistemas pessoal, interpessoal e social, destaca-se a 
definição da cultura de segurança do paciente, que pode ser 
compreendida como valor, atitude, norma, crença, práticas, 
políticas e comportamentos da equipe, instituição, 
profissionais da saúde e do paciente, substituindo a culpa e 
a punição pela oportunidade de aprender com as falhas e 
melhorar o cuidado em saúde (TOBIAS et al, 2014). 
Ao fundamentarmos os estudos da comunicação 
como meta internacional de segurança do paciente e 
buscarmos a sua compreensão a partir dos sistemas 
interatuantes de King, acredita-se que a forma como os 
enfermeiros são em essência (sistemas pessoais), como 
interagem com os demais (sistemas interpessoais) e com o 
seu ambiente (sistemas sociais) é substancial para preservar 
a saúde do paciente. Nesse contexto, a segurança do 
paciente se apresenta de maneira transversal aos três 
sistemas já que é desenvolvida a partir de uma cultura de 
segurança que deve existir da essência dos profissionais às 
políticas institucionais, conforme ilustra o modelo a seguir: 
63 
 
Figura 2- Sistemas dinâmicos de interação 
 para a segurança do paciente 
 
 
Fonte: elaborada pelos autores 
 
Com base nas reflexões, considerando a segurança 
como atributo da qualidade, ressalta-se que a qualidade da 
assistência ao paciente provém de um atendimento seguro, 
e, para isso, é necessária uma cultura de segurança 
estabelecida. Essa cultura envolve o comprometimento da 
instituição e de seus gestores em identificar a necessidade 
da cultura de segurança e estabelecê-la como eixo 
norteador de sua organização, além de envolver-se com as 
situações cotidianas e buscar conhecer as dificuldades e 
desafios que o prestador do cuidado direto enfrenta 
diariamente, para, assim, criar um canalde comunicação 
efetivo com os níveis hierárquicos e permitir a construção 
da confiança entre todos os envolvidos (PAESE; DAL 
SASSO, 2013). 
64 
 
Assim, acredita-se que uma cultura organizacional 
pautada na comunicação efetiva para a segurança do 
paciente, refletirá positivamente no cuidado de 
enfermagem, nos processos assistenciais interdisciplinares 
e, consequentemente, na qualidade dos serviços e satisfação 
do paciente. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Constatou-se que a segurança do paciente mesmo 
sendo uma área de destaque relativamente nova na saúde, 
mostra sua relevância por ser transversal a todas as 
profissões, e está imbuída no cuidado de excelência que 
deve ser prestado. A enfermagem como profissão que tem 
o seu fazer centrado no cuidado deve estar mais envolvida 
e atuante nas medidas de segurança. 
A abordagem do Modelo Conceitual de Sistemas 
Interatuantes proposto por King, desenvolvendo os 
conceitos de Interação e Comunicação como instrumentos 
para segurança do paciente é inovadora, pois nos leva a 
refletir sobre a base das nossas relações como profissionais 
e como pessoa. Foi compreendido que o cuidado prestado 
não está apenas nos atos, se fazendo fundamental entender 
e absorver relações paralelas, as quais são de fato 
diferenciais quando se deseja individualizar o cuidado 
disposto ao paciente. 
Um dos princípios que fortalecem a cultura de 
segurança dentro das instituições de saúde é considerar os 
valores, percepções, crenças e comportamentos dos 
indivíduos e equipe. A partir dessa compreensão pode-se 
trabalhar com uma realidade mais próxima da desejada 
pelos envolvidos, e, desse modo, através da comunicação 
65 
 
efetiva e da interação, alcançar a solução de possíveis 
conflitos que implicariam em um cuidado inseguro e 
desqualificado. Ao tratar de questões relacionadas à 
promoção da segurança, compreender e estabelecer uma 
comunicação efetiva, seja entre enfermeiro-paciente e 
enfermeiro-equipe, mitiga as possibilidades de erros e 
danos. 
Acredita-se que essas reflexões possam direcionar o 
enfermeiro que ao trilhar o percurso em busca da melhoria 
da sua assistência, precisa estabelecer a comunicação como 
uma ferramenta de segurança, reconhecendo sua 
importância e valorização. Constata-se também a 
importância de aprofundar, por meio de outros estudos, 
essas questões, que por sua amplitude, não permitem 
esclarecimento a partir somente dessa reflexão. Espera-se, 
portanto que esse estudo sirva de pontapé inicial para que 
questões relacionadas à garantia da segurança do paciente 
estejam imbrincadas no ato de relacionar-se do enfermeiro. 
REFERÊNCIAS 
ALMEIDA, R.T.; CIOSAK, S.I. Comunicação do idoso e 
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69 
 
SEGURANÇA NO PROCESSO DE 
ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS DE 
ACORDO COM A TEORIA DAS NECESSIDADES 
HUMANAS BÁSICAS DE WANDA HORTA: UMA 
REFLEXÃO 
Samla Sena da Silva Souza 
Lúcia de Fátima da Silva 
Maria Célia de Freitas 
Maria Vilani Cavalcante Guedes 
Rhanna Emanuela Fontenele Lima de Carvalho 
 
INTRODUÇÃO 
A partir da vivência da autora na assistência direta a 
pacientes transplantados renais, e da reflexão sobre a 
importância da administração segura e eficaz da terapia 
medicamentosa, em especial a terapia imunossupressora 
para estes pacientes, cuja a finalidade é assegurar uma maior 
sobrevida do órgão transplantado e o sucesso do 
transplante, surgiu o seguinte questionamento: qual teoria 
de enfermagem embasa cientificamente o processo seguro 
de administração de medicamentos? 
O tratamento medicamentoso é fato inerente à 
internação hospitalar. A grande maioria dos pacientes que 
estão submetidos à permanência em uma instituição 
hospitalar, fazem, fizeram ou ainda farão o uso de alguma 
medicação, durante esse período. A administração 
medicamentosa é um processo que, caso não seja realizado 
da forma correta, pode causar danos irreversíveis ao 
paciente e por esse motivo merece uma atenção especial. 
70 
 
De acordo com estudo realizado nos Estados Unidos 
da América, são registrados anualmente, nas instituições 
hospitalares, no mínimo 400.000 eventos adversos evitáveis 
relacionados a medicamentos (ASPDEN et al., 2007 apud 
BRASIL, 2013a). No que se refere a terapia 
imunossupressora, esta é fundamental para a sobrevida do 
órgão transplantado e para o sucesso do transplante, desde 
que seja administrada e acompanhada da forma indicada 
segundo protocolos e diretrizes estabelecidos pelos órgãos 
responsáveis. 
Nesse contexto surge a temática Segurança do 
Paciente, que consiste em reduzir, a um mínimo aceitável, 
do risco de dano desnecessário ao cuidado de saúde 
(BRASIL, 2014). No Brasil, desde a criação do Programa 
Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), em 2013,vem 
se fortalecendo o incentivo as práticas de assistência segura, 
e com isso vem se modificando e aprimorando o 
desenvolvimento da implantação dos núcleos de segurança 
nas unidades hospitalares. 
Uma das metas estabelecidas como prioritárias pelo 
Ministério da Saúde, para a segurança do paciente se refere 
ao uso seguro de medicamentos. Esta meta pode ser 
praticada por meio da implantação do protocolo de 
segurança na prescrição, uso e administração de 
medicamentos, estipulado pela Agência Nacional de 
Vigilância Sanitária - ANVISA (BRASIL, 2013a). 
A teoria das Necessidades Humanas Básicas de 
Wanda Horta, se insere nesse contexto, com o objetivo de 
atender o ser humano em suas necessidades básicas 
afetadas por meio do Processo de Enfermagem, 
embasando e direcionando a prática do enfermeiro no 
71 
 
atendimento dessas necessidades (SILVEIRA; ROBAZZI, 
2014). 
Tendo em vista que o processo de administração 
medicamentosa faz parte de uma das metas priorizadas pela 
Organização Mundial de Saúde (OMS) para a segurança do 
paciente e que uma das etapas do processo de enfermagem 
corresponde ao plano assistencial com vistas a priorização 
de necessidades de cuidados, procurou-se fundamentá-lo 
na Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda 
Horta. 
Face ao exposto, o presente artigo objetivou refletir 
sobre a segurança no processo de administração de 
medicamentos, nele incluso a administração de 
imunossupressores, associado a teoria das Necessidades 
Humanas Básicas. 
TEORIA DAS NECESSIDADES HUMANAS 
BÁSICAS E O PROCESSO DE ENFERMAGEM 
 A palavra teoria tem origem grega e significa visão, 
ou ainda “olhar através de”. Uma teoria consiste em um 
corpo de conhecimento que pode ser aplicado a prática 
profissional de qualquer disciplina (GEORGE, 1993). 
 Santo (2006) revela que as teorias se configuram em 
um eixo norteador para o agir e pensar de um profissional, 
fornecendo bases para consolidar a identidade de uma 
profissão. Complementa ainda que se busca com as teorias, 
identificar a finalidade profissional, o objeto de trabalho e 
os seus instrumentos. 
 Para George (1993), as teorias têm como propósito 
descrever, explicar, prever e controlar os acontecimentos, 
72 
 
de forma sistemática. Horta (1979) complementa, trazendo 
que as teorias são importantes como roteiros de atividades, 
onde não se estabelece a maneira como determinada 
atividade será realizada, mas sim qual resultado será 
alcançado se esta atividade for realizada utilizando um 
método estabelecido. 
 Em suma, as práticas das disciplinas são baseadas 
nas teorias, as quais, por conseguinte são validadas por 
meio de pesquisas. As teorias inicialmente são baseadas em 
suposições, e compostas por conceitos e definições que as 
fundamentam, assim como em modelos e proposições 
(GEORGE, 1993). 
As teorias de enfermagem começaram a se 
desenvolver em meados do século XX, face as mudanças 
da formação educacional, surgindo como estratégia para a 
profissão garantir um espaço de conhecimento próprio, 
visando sua consolidação enquanto ciência (KAMIYAMA, 
1984). A partir de então, vários pesquisadores da área 
foram desenvolvendo suas pesquisas para a elaboração de 
teorias de enfermagem. 
No Brasil, Wanda de Aguiar Horta recebeu destaque 
ao desenvolver uma teoria que visava elucidar a natureza da 
enfermagem, definido seu campo de ação e sua 
metodologia específica. A teoria proposta por Horta foi 
baseada na teoria de motivação de Maslow, a qual se 
fundamenta nas necessidades humanas básicas compostas 
por necessidades fisiológicas, seguidas por necessidades de 
segurança, de amor, de estima e de auto realização, 
formando uma pirâmide onde só se chega ao nível seguinte 
após a satisfação dos níveis anteriores. (HORTA, 1979) 
73 
 
 Horta (1979) fundamenta sua teoria a partir do 
pressuposto de que o homem é parte integrante do 
universo e como parte ele está sujeito ao equilíbrio e 
desequilíbrio deste. Além disso, o homem participa como 
agente de mudança do universo, o que causa equilíbrio e 
desequilíbrio em seu dinamismo. Este desequilíbrio o leva a 
um estado de tensão, que quando não satisfeito, gera uma 
necessidade. Esta necessidade não sendo atendidas 
prontamente gera desconforto, e este desconforto 
prolongado gera a doença. 
 Em um processo de doença, o ser humano tem 
necessidades básicas que precisam ser atendidas 
objetivando o seu bem-estar. Nos estados de desequilíbrio, 
a enfermagem, como parte integrante da equipe de saúde, e 
utilizando de seu conhecimento técnico e científico, assiste 
ao ser humano, no sentido de procurar atender suas 
necessidades básicas, objetivando reverter o estado de 
desequilíbrio, assim como prevenir outros desequilíbrios. 
(HORTA, 1979) 
 Além de se basear na teoria de motivação de 
Maslow, Horta utilizou a classificação do padre João 
Mohana para simplificar o estudo das necessidades 
humanas básicas, a qual se dividia em três níveis: 
necessidades de nível psicobiológico, psicosocial e 
psicoespiritual. Todas inter-relacionadas, fazendo parte de 
um todo indivisível, o ser humano (CIANCIARULLO, 
1987). 
 De acordo com Marques, Moreira e Nóbrega 
(2008), as necessidades de nível psicobiológicas, 
correspondem a forças ou instintos inconscientes, que não 
possuem um planejamento prévio, e se exprimem por meio 
das necessidades de alimentação e sexualidade, por 
74 
 
exemplo. Segundo Horta (1979), as necessidades 
psicossociais, abrangem a segurança, o amor, a liberdade, a 
comunicação, a autoestima e conclui que as necessidades 
psicoespirituais compreendem as necessidades religiosas ou 
teológicas, ética ou de filosofia de vida. 
Para implementar sua proposta teórica, Horta (1979) 
propõe um método, para a atuação da enfermagem, 
denominado por Processo de Enfermagem, o qual foi 
dividido em seis passos. Estes passos ou fases são 
dinâmicos e inter-relacionadas entre si, e compreendem: 
histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, 
plano assistencial, plano de cuidados ou prescrição de 
enfermagem, evolução e prognóstico. 
Os modelos teóricos de enfermagem fortalecem e 
consagram a prática profissional, deixando em segundo 
plano o empirismo que caracterizou a profissão por muito 
tempo. 
 A teoria das necessidades humanas básicas, 
formulada por Wanda Horta, foi um fato de grande 
importância para o avanço científico da profissão, sendo 
pioneira na idealização de uma teoria de enfermagem, a 
nível nacional. 
 Muito embora, ainda haja dificuldades na 
implementação da sistematização do processo de 
enfermagem, não se pode negar a grande relevância desta 
teoria para a construção de saberes a partir de práticas 
pautadas em cientificidade. 
75 
 
SEGURANÇA DO PACIENTE E O PROCESSO DE 
ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 Os cuidados com a assistência à saúde, vem sendo 
praticados desde os primórdios da humanidade. Este 
cuidado visava a cura ou tratamento das enfermidades, 
muito embora ainda não estivesse bem esclarecido como as 
doenças se instalavam. 
Historicamente, o primeiro a referenciar segurança 
do paciente, durante o processo de assistência à saúde, foi 
Hipócrates, considerado pai da medicina, ao afirmar que o 
médico, em sua prática deveria abster-se da maldade e do 
dano. No decorrer dos anos, foram sendo introduzidos 
mudanças de comportamentos, baseados em teorias 
comportamentais, por médicos e enfermeiros, muito 
embora, inicialmente, não tenham sido bem aceitos pela 
comunidade médica. Apenas no século XX, a partir de 
estudos retrospectivos em universidades norte americanas, 
é que foi tomado conhecimento sobre a magnitude dos 
problemas de segurança que poderiam ser apresentados por 
pacientes durante a internação hospitalar (TRINDADE; 
LAGE, 2014). 
 Foi somente no ano 2000, a partir do relatório To 
Err is Human, o qual evidenciou uma alta mortalidade por 
erros evitáveis, nos Estados Unidos, que os profissionais, 
gestores e organizações se alertaram para a dimensão do 
problema. Em 2004a Organização Mundial de Saúde 
promoveu um programa conhecido como Patient Safety 
Program com o objetivo de melhorar a segurança do 
paciente a nível mundial, por meio da redução de riscos de 
eventos adversos (TRINDADE; LAGE, 2014). 
76 
 
No Brasil, os pioneiros na realização de processos 
que vislumbravam a segurança do paciente foram os 
serviços de transfusão de sangue, de controle e prevenção 
de infecção relacionada ao cuidado a saúde e os serviços de 
anestesia. A rede sentinela é uma iniciativa específica no 
campo de segurança do paciente, que desde 2002 passaram 
a trabalhar com gerenciamento de risco por meio de busca 
ativa de eventos adversos, notificação dos eventos adversos 
e uso racional das tecnologias em saúde, desenvolvendo 
posteriormente, eixos que incluíam o uso racional de 
medicamentos como uma das prioridades (BRASIL, 2014). 
Nesse contexto, foi instituído pelo Ministério da 
Saúde em 2013, o Programa Nacional de Segurança do 
Paciente (PNSP) que tem como objetivo geral contribuir 
para a qualificação do cuidado em saúde em todos os 
estabelecimentos do território nacional (BRASIL, 2013). 
Entende-se por Segurança do Paciente a redução, a 
um mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário 
associado ao cuidado de saúde (BRASIL, 2014). Para uma 
assistência à saúde de qualidade, segura e livre de danos, são 
necessários a implementação de medidas que objetivem a 
redução dos riscos. Assim, a cultura de segurança ganha 
destaque por perpassar os eixos que envolvem uma prática 
segura. 
Cultura de segurança envolve a participação de todos 
os trabalhadores, tanto os profissionais envolvidos no 
cuidado direto, como gestores, assumindo a 
responsabilidade pela sua própria segurança, de seus 
pacientes e familiares, priorizando a segurança acima de 
metas financeiras, encorajando e recompensando a 
identificação, notificação e resolução de problemas 
relacionados a saúde (BRASIL, 2013). 
77 
 
A portaria n° 529 de 1° de abril de 2013, estabelece 
um conjunto de protocolos básicos definidos pela OMS 
que devem ser elaborados e implantados, são eles: prática 
de higiene das mãos, cirurgia segura, segurança na 
prescrição, uso e administração de medicamentos, 
identificação do paciente, comunicação no ambiente dos 
estabelecimentos de saúde, prevenção de quedas, úlceras 
por pressão, transferência de pacientes e uso seguro de 
equipamentos e materiais. Dentre estas, o PNSP priorizou 
seis metas para a segurança do paciente, dentre as quais está 
inclusa o uso seguro de medicamentos, que será abordado 
no presente estudo. 
O processo de medicação em hospitais envolve várias 
etapas (desde a prescrição médica, transcrição ou 
verificação da prescrição, dispensação e administração de 
medicamentos) as quais são realizadas por pelo menos três 
diferentes áreas: médica, farmacêutica e de enfermagem 
(MAGALHÃES et al., 2015). Em função da múltipla 
execução no processo de medicação, eventuais erros 
podem ocorrer em qualquer etapa do processo, por 
qualquer um dos profissionais envolvidos. 
 Existem diversos tipos de erros, porém os mais 
comumente percebidos são encontrados durante a última 
fase, que se refere a administração e preparo de 
medicamentos, realizadas pela equipe de enfermagem 
(SILVA; PASSSOS; CARVALHO, 2012). 
No Brasil, o enfermeiro é responsável pelo processo 
de administração de medicamentos, se constituindo no líder 
da equipe de enfermagem, e assumindo papel fundamental 
tanto no cuidado ao paciente que se encontra em terapia 
medicamentosa, quanto na disseminação do conhecimento 
78 
 
acerca dessa prática para a equipe (MACHADO et al., 
2012). 
A maioria dos tratamentos necessitam de medicações 
específicas, e estas devem ser fornecidas de forma segura e 
eficaz. No caso do paciente transplantado, as medicações 
imunossupressoras serão administradas inicialmente no 
hospital e posteriormente em seus domicílios, pelo próprio 
paciente ou familiares. 
Por ser um procedimento que exige uma um alto 
grau de atenção no seu processo de administração, visto os 
riscos de falência ou rejeição do órgão transplantado, caso 
não seja realizado da forma prescrita e com os cuidados 
específicos, na prática assistencial da autora, estes são 
administrados exclusivamente por enfermeiros. 
Um erro na administração de medicamentos pode 
ocasionar danos irreversíveis ao paciente, no caso 
específico do paciente transplantado, este erro pode causar 
também a perda do órgão. A fim de reduzir ao mínimo 
possível o risco destes erros acontecerem, a implantação 
dos protocolos preconizados pelos órgãos competentes de 
saúde é algo que deve ser cada dia mais estimulado e 
inserido dentro dos serviços de saúde. 
SEGURANÇA NA ADMINISTRAÇÃO DE 
MEDICAMENTOS E A TEORIA DAS 
NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS 
 A administração de medicamentos é uma tarefa de 
extrema complexidade, visto que envolve conhecimento de 
diversas áreas e sua prática deve ser cercada de cuidados. 
79 
 
Tal atividade é uma responsabilidade legal do 
exercício da enfermagem, tendo o profissional enfermeiro, 
a competência técnica para planejar a ação de administrar 
drogas aos doentes sob seus cuidados (LAGANÁ, et al. 
1989). 
 Atualmente, existem protocolos elaborados por 
órgãos governamentais, que orientam para a prática segura 
na prescrição, dispensação e administração de 
medicamentos, as quais visam a redução de riscos de erros 
neste processo, vislumbrando a segurança do paciente. 
 Os erros no processo de administração de 
medicamentos podem afetar os pacientes ocasionando 
reações adversas, danos, lesões temporárias ou 
permanentes em alguns casos até ao óbito. Estes erros 
correspondem, segundo Gimenes, et al. (2010) a um dos 
principais eventos adversos sofridos pelo paciente durante 
uma internação hospitalar. 
 Entende-se por eventos adversos qualquer 
incidente que resulte em dano à saúde. (BRASIL, 2013c). 
Erros de medicação são considerados eventos adversos 
passíveis de prevenção com possibilidade de ocorrer em 
um ou em vários momentos durante o processo de 
medicação, desde a prescrição até a administração do 
medicamento. Portanto, torna-se cada vez mais necessário 
o planejamento das ações de enfermagem no processo de 
medicação, e para que isso ocorra é fundamental, além de 
um embasamento científico baseados em teorias próprias 
da enfermagem, aspectos individuais como: ética, atenção, 
conhecimento científico, habilidade e segurança. 
Com vistas a proporcionar uma assistência segura, os 
cuidados devem ser individualizados mediante a 
80 
 
sistematização da assistência de enfermagem utilizando do 
processo de enfermagem. 
O processo de enfermagem, baseado na Teoria das 
Necessidade Humanas Básicas de Wanda Horta tem como 
uma de suas etapas o plano assistencial, que engloba o 
plano de cuidados e prescrição de enfermagem. 
O plano assistencial resulta da análise dos 
diagnósticos de enfermagem prioritários, estabelecidos a 
partir dos problemas de enfermagem identificados, 
baseados nas necessidades básicas afetadas. De acordo com 
a classificação de Horta (1979), primeiramente devem ser 
colocados no plano, os cuidados referentes às necessidades 
com grau de dependência total, ou àquelas que o 
profissional de enfermagem deve realizar, como por 
exemplo a administração de medicamentos. 
O plano de cuidados ou prescrição de enfermagem 
corresponde a um roteiro diário que sistematiza as ações da 
equipe de enfermagem nos cuidados adequados ao 
atendimento das necessidades básicas e específicas do ser 
humano (HORTA, 1979). 
A administração de medicamentos quando realizada a 
partir de um plano estabelecido pela enfermeira, embasado 
em conhecimento científico, ou seja, por meio do processo 
de enfermagem, permite uma redução nos riscos de erros. 
Embora aparentemente o processo de administração 
de medicamentos seja de natureza elementar para os 
enfermeiros, estes devem estar atentos aos princípios gerais 
do processo. Ao realizar a prescriçãode enfermagem, as 
enfermeiras devem utilizar-se do conhecimento científico 
adquirido e de pensamento crítico, com o objetivo de 
aprazar o horário mais adequado para administração de 
81 
 
cada medicamento, tanto para o conforto do paciente, 
quanto para sua melhor absorção no organismo, reduzir ao 
mínimo as interações medicamentosas, atentar para os 
eventos adversos e para os cuidados gerais que estão 
envolvidos no processo. 
A abordagem da assistência ao paciente em relação a 
terapêutica medicamentosa, tem implicações não apenas 
física e psicológicas, mas também culturais sociais e 
espirituais (LAGANÁ, et al. 1989). 
Na referência citada acima pode-se observar a clara 
associação que a autora faz acerca das múltiplas conexões 
entre o processo de administração medicamentosa e a 
teoria das necessidades humanas básicas, com foco no ser 
humano, ser único, individual, que a partir de um momento 
de desequilíbrio pode apresentar diversas necessidades as 
quais devem ser atendidas pela equipe de atenção a saúde. 
Estudos que associam as teorias de enfermagem as 
questões da atualidade são cada vez mais frequentes. Perão 
et al. (2017), traz uma reflexão acerca dos 10 passos para a 
segurança do paciente atrelado a teoria das necessidades 
básicas de Wanda Horta (psicológicas, psicossociais, 
psicoespirituais) o qual verificou que há conexão entre estas 
necessidades e o cuidado seguro ao paciente. 
Tal fato demonstra o interesse dos enfermeiros pelo 
conhecimento e aplicação das teorias em sua prática 
assistencial, tornando o cuidado cada vez mais científico. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 A prática de enfermagem fundamentada em teorias, 
torna a profissão cada vez mais científica e reconhecida 
82 
 
perante as demais profissões da área da saúde. O cuidado 
seguro deve ser o objetivo de toda assistência prestada 
dentro dos serviços de saúde. A administração de 
medicamentos, por ser de grande risco e possível causador 
de eventos adversos com danos é uma atividade que 
merece uma maior atenção pela equipe de enfermagem. 
 As reflexões teóricas deste estudo poderão 
colaborar para a realização de cuidados seguros no 
processo de administração de medicamentos, 
fundamentado na Teoria das Necessidades Humanas 
Básicas de Wanda Horta, por meio da utilização do 
Processo de Enfermagem. 
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principais desenvolvimentos da segurança do paciente. In: 
SOUSA, P. (org.). Segurança do Paciente: conhecendo os 
riscos nas organizações de saúde. Rio de Janeiro: 
EAD/ENSP, 2014. p. 39-56. 
 
 
 
 
85 
 
A COMUNICAÇÃO E A SEGURANÇA DO 
PACIENTE: UMA REFLEXÃO FILOSÓFICA 
 
Bruna Michelle Belém Leite Brasil 
Ismael Brioso Bastos 
Maria Célia de Freitas 
Maria Vilani Cavalcante Guedes 
Raelly Ramos Campos Ximenes 
Rhanna Emanuela Fontenele Lima de Carvalho 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
As discussões sobre segurança do paciente (SP) 
configuram- se uma tendência mundial e frequentemente 
tem sido abordada pela mídia questões que envolvem esta 
temática (DUARTE et al, 2015). 
A SP pode ser compreendida como a redução, a um 
mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário associado 
ao cuidado de saúde (BRASIL, 2013a). 
O movimento mundial pela SP e a criação de 
programas que buscam garantir a qualidade da assistência 
tem contribuído para o crescente interesse pela temática da 
notificação e prevenção de eventos adversos (EA) nos 
sistemas de saúde (FEREZIN et al, 2017). 
O tema SP está relacionado com EA, pois a 
ocorrência de incidentes interfere diretamente na qualidade 
de vida dos que recebem assistência à saúde (SIMAN; 
CUNHA; BRITO, 2017). Os incidentes podem ser: 
incidentes sem danos, incidentes com dano (eventos 
adversos), ou near misses (quase erro), caracterizado quando 
86 
 
um incidente poderia atingir o paciente, causando danos ou 
não, mas foi interceptado antes de chegar a ocorrer (WHO, 
2009). 
Os EAs podem levar a complicações indesejáveis, o 
que compromete a segurança do paciente e representam, 
atualmente, um dos maiores desafios para o aprimoramento 
da qualidade no setor saúde (SILVA-BATALHA; 
MELLEIRO, 2015). 
Nessa perspectiva, o Ministério da Saúde incentiva 
os serviços de saúde a desenvolverem ações de melhorias, 
tais como: identificação do paciente; incentivo à 
higienização das mãos; prevenção, controle e notificação de 
eventos adversos; cirurgia segura; administração segura de 
medicamentos, sangue e hemocomponentes; estímulo à 
participação do paciente na assistência prestada, ações de 
prevenção de quedas e úlceras por pressão; e comunicação 
efetiva entre profissionais do serviço de saúde e entre 
serviços de saúde (BRASIL, 2013b). 
Dessa forma, mediante a complexidade das 
transformações sociais, políticas e econômicas atuais, o 
cuidado em saúde demanda mudanças pragmáticas na 
atuação do enfermeiro nas instituições hospitalares visando 
à segurança do paciente (SILVA et al, 2018). 
Nesse contexto, a SP e todas as questões 
relacionadas a esse tema trazem para a reflexão sobre os 
erros humanosna área da saúde, sua gravidade e o impacto 
na vida das pessoas, profissionais e do próprio sistema de 
saúde (FORTE et al, 2019). 
No estudo de Silva et al (2018), demonstrou que a 
práxis do enfermeiro, na SP no ambiente hospitalar, 
concretiza- se na assistência fundamentada na comunicação 
87 
 
com foco nas tecnologias leves (empatia e diálogo), bem 
como em uso de instrumentos como protocolos, planos 
terapêuticos, notificação de EA e planos de ação, os quais 
ampliam e melhoram suas práxis profissional. 
Em vista disso, segundo a hermenêutica de 
Gadamer, a linguagem pertence ao diálogo, isto é, a 
linguagem não é proposição e julgamento, mas apenas 
pergunta e resposta – resposta e pergunta. O diálogo é um 
fenômeno essencial à espécie humana, que é provavelmente 
a única capaz de dialogar. Além disso, não há possibilidade 
de funcionamento da sociedade sem diálogo (OTERO, 
2018). 
Araújo, Paz e Moreira (2012) ressaltam que o 
pensamento Gadameriano permite a possibilidade de 
articulação com a saúde, fundamentando o modo de pensar 
e fazer da enfermagem. O enfermeiro, ao agir de forma 
aberta para o outro e com disposição para ouvi-lo, 
permitirá- se dialogar com o usuário que vem em busca dos 
seus cuidados. O filósofo Gadamer chama atenção para um 
ponto importante no estabelecimento do diálogo 
terapêutico: não haverá diálogo quando apenas o 
profissional com seu conhecimento técnico- científico 
sobre a saúde e a doença conduz o encontro com o 
usuário. 
Sendo assim, uma vez estabelecido que a linguagem 
não possa ocupar simplesmente um papel instrumental, 
resulta que, em matéria de hermenêutica, a linguagem é a 
nossa maneira de experimentar o mundo. Diante disso, se 
quer dizer que o homem experimenta o mundo, o 
compartilha, se relaciona com ele e o expressa (OTERO, 
2018). 
88 
 
Vale ressaltar que é fundamental que os 
profissionais de saúde sejam detentores de conhecimentos, 
habilidades e recursos que lhes permitam utilizar a 
comunicação como estratégia de ajuda ao outro, de forma a 
maximizar os ganhos em saúde (SEQUEIRA, 2014). 
Partindo dessas considerações, estabeleceu- se a 
seguinte pergunta norteadora: Qual a importância da 
comunicação do enfermeiro, no contexto da segurança do 
paciente, e sua relação com o pensamento filosófico de 
Gadamer? 
A partir do exposto, o presente estudo tem como 
objetivo refletir sobre a comunicação do enfermeiro, no 
contexto da segurança do paciente, sob a luz filosófica da 
linguagem de Gadamer. 
METODOLOGIA 
Trata-se de um estudo reflexivo, realizada na 
disciplina de “Filosofia da Ciência de Enfermagem e 
Saúde”, do Programa de Pós-Graduação Cuidados Clínicos 
em Enfermagem e Saúde, da Universidade Estadual do 
Ceará (UECE), realizada sob a luz da filosofia de Gadamer 
e a comunicação da enfermagem ao paciente diante a 
segurança do paciente. 
O percuso teórico- metodológico foi estruturado 
em duas etapas, a seguir: 
A primeira etapa consistiu em busca de referencial 
teórico que tratassem da filosofia e da sua relação com a 
enfermagem, bem como a comunicação do enfermeiro na 
segurança do paciente. Os artigos científicos selecionados 
foram provenientes da busca realizada nas bases de dados 
89 
 
contidas na Biblioteca Virtual da Saúde (BVC), entre os 
meses de abril e maio de 2019, por meio dos Descritores 
em Ciências da Saúde (DECS): filosofia em enfermagem; 
comunicação em saúde; e segurança do paciente. Assim, foram 
inclusos artigos disponíveis na íntegra, sem restrição quanto 
ao ano de publicação, com teor para discussão proposta. 
Ressalta- se que esta busca foi realizada com o intuito de 
organizar e sustentar a reflexão aqui proposta, não houve, 
portanto, intenção de busca integrativa ou sistemática da 
literatura. 
Na segunda etapa, a pesquisadora consolidou o 
material teórico da literatura selecionada, para tal 
emergiram as seguintes temáticas: (1) A linguagem de 
Gadamer e a comunicação na saúde; (2) A comunicação da 
enfermagem no contexto da segurança do paciente. 
A linguagem de Gadamer e a comunicação na saúde 
Discorrer sobre a linguagem na filosofia, no 
contexto da segurança do paciente, é algo bastante 
desafiador e complexo, no entanto, uma reflexão inicial 
pode ser realizada acerca do pensamento filosófico de 
Gadamer, no tocante a linguagem, atrelada a comunicação 
terapêutica na saúde. 
Gadamer é um dos autores mais importantes acerca 
da hermenêutica contemporânea. A hermenêutica 
desenvolvida por esse, afasta- se de uma doutrina de 
métodos das ciências do espírito e procura caminhar para 
um olhar além de sua autocompreensão metódica através 
da experiência do homem no mundo, ou seja, refletir sobre 
a questão da verdade nas ciências do espírito. É um 
(re)pensar o universo da compreensão. Sendo um 
90 
 
afastamento dos modelos clássicos hermenêuticos, nos 
quais a exegese era considerada um conjunto de métodos 
(MELLO, 2012). 
De acordo com Gadamer (1999), é preciso buscar a 
palavra e se pode encontrar a palavra que alcance o outro. 
Isso pode tornar a linguagem como uma linguagem que fala 
não só do uso adequado dos termos para conseguir um 
bom entendimento, mas da possibilidade inerente à 
linguagem de chegar ao outro. Alcançar a outra demanda e 
sair de si mesmo, pensando no outro e sobre si mesmo 
como um outro, termos próprios do diálogo e do convívio. 
Dessa forma, Gadamer reflete o porquê das 
palavras não conseguirem dar conta de tudo o que se 
entende quando algo é compreendido e tudo o que é dito 
quando algo é dito, pois elas sempre ficam aquém e 
chamam a continuar procurando mais palavras, a fim de 
desenvolver a compreensão, dizer, interpretar, e, 
finalmente, fazer a filosofia (OTERO, 2018). 
Portanto, somos interpretação e compreensão no 
mundo da existência e vivência no mundo. Assim, o 
caminho para compreender começa no exercício da 
negação, do estranhamento (de quem quer conhecer), pois 
as palavras e os discursos dizem muito mais do que está na 
aparência do dito. Quem interpreta precisa levar em conta 
as individualidades contextualizadas das manifestações 
linguísticas, ou seja, o enigma que se esconde na construção 
do pensamento e que se materializa através da linguagem e 
do diálogo (ARAÚJO; PAZ; MOREIRA, 2012). 
É certo que, para a hermenêutica de Gadamer, a 
única chance que os seres humanos têm de se compreender 
é a linguagem. Isso não significa que só se pode 
91 
 
compreender com quem se fala, mas a relação de 
entendimento é feita com tudo o que fala, seja este sujeito 
um ser humano ou um texto. É chegar ao outro 
linguisticamente. Linguagem é diálogo, compreensão, 
reunião, inter-relação, comunicação. Na medida em que se 
reconhece que há uma incapacidade para o diálogo, 
reconhece-se também a perda da dimensão humana na 
comunicação e a precariedade das interações (OTERO, 
2018). 
É neste contexto, que a escuta e o diálogo em saúde 
possibilitam transformações e mudanças na forma como 
usuários dos serviços de saúde enfrentam o tratamento 
proposto e os aspectos de sua subjetividade. Dessa forma, a 
comunicação terapêutica se apresenta como uma 
ferramenta fundamental para a condução do tratamento em 
saúde e a relação profissional paciente que se estabelece 
durante esse processo (SEQUEIRA, 2014). 
A comunicação terapêutica é considerada um tipo 
singular de comunicação dos profissionais de saúde. É 
utilizada para apoiar, informar, educar e capacitar às 
pessoas no tocante do processo de adaptação à situação de 
saúde vivenciada. Diz respeito, também, ao diálogo 
efetuado pelo profissional de saúde que tem um potencial 
terapêutico no processo de recuperação, com intuito de 
atender às necessidades do paciente em suas dimensões, 
bem como considerando a sua cultura, o ambiente e o seu 
ser (SEQUEIRA, 2014). 
Para tal, incumbe a reflexão que a comunicação 
pode ser compreendida como instrumento terapêutico, o 
profissional de saúde deve ter conhecimentos fundamentais 
sobre as bases teóricas da comunicaçãoe adquirir 
habilidades de relacionamento interpessoal para agir de 
92 
 
forma positiva na assistência ao paciente. O profissional 
precisa realizar mudança de atitude, onde consiga ouvir, 
entender, abranger e identificar necessidades de seu 
paciente (GUARILHA et al, 2013). 
Cabe ressaltar que a comunicação terapêutica é uma 
ferramenta que traz contribuições para o ensino e à 
pesquisa, bem como para a oferta de uma assistência 
integral que fortalece o relacionamento interpessoal e as 
ações promotoras da saúde, oportuniza a utilização de uma 
comunicação eficaz, consciente e voltada para uma 
dimensão holística (TORRES et al, 2017). 
Portanto, a visão da linguagem de Gadamer, no 
contexto de segurança do paciente, busca trazer ao leitor 
uma análise reflexiva sobre tal temática, pois esse elucida 
que a compreensão está atrelada ao diálogo, e que através 
do estudo aprofundado sobre a realidade que adquirimos 
conhecimento, dessa forma, sua aplicabilidade prática, a 
práxis, ocorre por um processo de experiência. 
A comunicação da enfermagem no contexto da 
segurança do paciente 
O ser humano é um ser social e precisa interagir 
com seus semelhantes. E essa interação se tornaria 
impossível sem comunicação. Comunicar é transmitir uma 
mensagem, um pensamento, uma ideia, uma experiência. 
Entretanto, para que haja, de fato, comunicação, é preciso 
que haja o compartilhamento da simbologia, é preciso que 
se compartilhe a linguagem (OTERO, 2018). 
A habilidade de comunicação é uma característica 
relevante nas relações enfermeiro-paciente. Para que os 
profissionais possam exercer uma assistência segura e de 
93 
 
qualidade, a fim de minimizar e/ou prevenir erros e evitar a 
realização de atividades desnecessárias ou redundantes 
dentro do serviço, o diálogo é elemento chave (OLIVEIRA 
et al, 2016). 
Dessa maneira, o ser humano utiliza-se da 
comunicação para fornecer informações, para persuadir, de 
forma a gerar mudanças de comportamento numa troca de 
experiências e para ensinar e discutir os mais variados 
assuntos (MASSOCO; MELLEIRO, 2015). 
Na comunicação dialógica estabelecida com o 
paciente, o profissional da enfermagem pode compreendê-
lo como ser holístico e, dessa forma, perceber sua visão de 
mundo, considerando o seu modo de pensar, sentir e agir. 
Assim, poderá perceber as necessidades do paciente, 
prestando uma assistência adequada, personalizada, 
minimizando seu sofrimento e insatisfação. Nesse 
contexto, a comunicação ocupa um lugar insubstituível e se 
ela não é eficaz, todo o trabalho torna-se falho 
(OLIVEIRA et al, 2016). 
Sendo assim, um profissional preparado e 
competente em comunicação constrói uma relação 
estruturada através de informações trocadas, diminuindo os 
riscos e falhas para seu paciente, favorecendo, assim, uma 
melhor segurança, promovendo qualidade na saúde sem 
gerar danos, o profissional se mostra mais aberto a criação 
de vínculo para com seu paciente. Um paciente bem 
assistido, que compreende tudo que irá ocorrer durante a 
sua hospitalização se mostra menos ansioso, e aceita sua 
condição de forma realista, tornando-os mais seguro 
(GUARILHA et al, 2013). 
94 
 
Então, a comunicação aberta entre os profissionais 
de saúde permite a identificação de problemas de 
comunicação, o estabelecimento de mecanismos e 
ferramentas eficazes de comunicação e, ainda, a notificação 
de incidentes. É importante que os profissionais de saúde 
tenham uma comunicação efetiva não apenas pelo impacto 
na segurança do paciente, mas também pelas consequências 
causadas na esfera profissional e pessoal desses 
trabalhadores (MOREIRA et al, 2019). 
Nesse sentido, uma comunicação eficiente traz 
confiança para o enfermeiro e influencia no bem-estar do 
paciente que está internado, além de que quando somada a 
um trabalho eficiente entre a equipe multiprofissional e o 
paciente, resultará numa hospitalização mais confortável e 
segura (GUARILHA et al, 2013). 
Nesse contexto, a consolidação da segurança do 
paciente se configura como subsídio para as propostas de 
melhoria da qualidade, pois os seus constructos permitem 
remodelar os processos de trabalho, fazendo com que 
estratégias seguras aprimorem a assistência em saúde 
(SILVA-BATALHA; MELLEIRO, 2015). 
Assim, é importante o investimento na 
disseminação da cultura de segurança, com ênfase em 
educação e comunicação, adoção de condutas baseadas em 
protocolos, diretrizes e procedimentos operacionais padrão 
(POP), ampliando, assim, o conhecimento em segurança, 
na perspectiva da construção contínua, levando em 
consideração a realidade da instituição e, também, os 
significados e os valores que os profissionais atribuem à 
segurança do paciente (SIMAN; CUNHA; BRITO, 2017). 
95 
 
Dessa maneira, reflete- se que uma comunicação 
eficaz, centrada na pessoa e no seu contexto, garante que os 
cuidados prestados sejam além da competência técnica do 
profissional de saúde, mas também como uma competência 
relacional e humana. 
Diante do fato, quando a comunicação é 
adequadamente empregada, há maior compreensão e 
reciprocidade entre as pessoas, aumentando a relação de 
confiança, bem como a segurança do paciente. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Evidenciou-se por meio dessa reflexão, através do 
pensamento filosófico da linguagem de Gadamer, que a 
comunicação terapêutica possibilita contribuições 
importantes para a relação de cuidado entre o enfermeiro e 
o paciente diante o contexto da segurança do paciente, pois 
é através da comunicação o meio pelo qual as pessoas 
interagem para troca de informações e compreensão do que 
se fala e ouve. 
Diante do fato, verifica-se, então, que o 
instrumento básico de trabalho dos enfermeiros é a 
comunicação. Portanto, eles devem reconhecer os 
princípios deste processo e desenvolver habilidades para 
estabelecer uma comunicação eficaz. 
Sendo assim, profissionais que focalizam a 
segurança do paciente no que concerne à terapêutica 
comunicativa no contexto hospitalar, proporcionam 
melhor assistência aos pacientes. 
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[Internet] 2009. Acesso em: 15 de maio de 2019. 
Disponível 
em:cinco anos que abordaram a 
segurança do paciente no cuidado de enfermagem levando 
em consideração os desafios da produção científica 
nacional dos últimos cinco anos, realizado por meio da 
busca eletrônica no período de 06/05/2019 a 10/05/2019 
nas bases da Literatura Latino-Americana e do Caribe em 
Ciências da Saúde (LILACS) e Base de Dados em 
Enfermagem (BDENF), a partir do uso dos descritores 
“enfermagem”, ”cuidado” e “segurança do paciente”, e 
operador booleano AND, e com delimitação temporal de 
2015 a 2019. 
 Foram utilizados os seguintes critérios de inclusão: 
artigos, publicados em português, nos últimos 5 anos, 
disponível na íntegra eletronicamente, que no seu titulo 
aborde a temática de cuidado em enfermagem e segurança 
do paciente. Foram excluídos artigos de revisão, cartas ao 
leitor e artigos de opinião. 
RESULTADOS 
Após o levantamento bibliográfico realizado nas 
bases de dados LILACS e BDENF, obteve-se 119 artigos 
na primeira base e 142 na segunda, respectivamente. Após a 
aplicação dos critérios de inclusão estabelecidos para a 
revisão e mediante a leitura dos títulos e resumos que 
104 
 
atendiam o objetivo da pesquisa que era a segurança do 
paciente no cuidado de enfermagem. Considerou-se, a 
partir da leitura e da análise dos estudos selecionados, um 
total de10 artigos, que compuseram a amostra em estudo. 
Após a leituras dos artigos selecionados emergiram duas 
temáticas para a reflexão que foram: o cuidado de 
Enfermagem na segurança do paciente e os desafios de 
enfermagem na segurança do paciente. 
Dos 10 artigos selecionados 4 eram das bases de 
dados LILACS e 6 BDENF, havendo um maior número de 
publicações nos anos de 2017 e 2018, quatro artigo em cada 
ano. O periódico com maior número de publicações foi à 
revista de Enfermagem da Universidade Federal de 
Pernambuco online com três artigos. 
O CUIDADO DE ENFERMAGEM NA 
SEGURANÇA DO PACIENTE 
Após leitura dos artigos selecionados no que se 
refere ao cuidado de enfermagem na segurança do paciente 
evidenciou que a Enfermagem é pioneira nas ações que 
envolvem a cultura de segurança e assume a liderança na 
salvaguarda do paciente nas instituições de saúde, porém 
esse cuidado foi bem mais evidenciado no âmbito do 
executável para o alcance de um fim, em vez de ser uma 
ação prática com aplicabilidade consciente e reflexiva. 
Esse fato corrobora com o que Heidegger (2006) 
expõe em seu livro “Ensaios e Conferências” ao afirmar 
que a técnica não é, portanto, um simples meio. A técnica é 
uma forma de descobrimento que se dará, em sua 
105 
 
propriedade, todas as vezes que o homem se sente 
chamado e estimulado a acontecer em modos próprios de 
desencobrimento. Levando isso em conta, abre-se um 
âmbito para a essência da técnica. 
 Nos dias de hoje, a tendência de entender a 
responsabilidade ou em sentido moral, como culpa, ou 
então, como uma espécie de ação. Em ambos os casos, 
obstrui-se o caminho para o sentido originário do que se 
chamou posteriormente de casualidade. Enquanto este 
caminho não se abrir, também não se percebe o que é 
propriamente a instrumentalidade do que repousa na 
casualidade (HEIDEGGER, 2006). 
 Outra evidência identificada foi a de que os 
profissionais de enfermagem desenvolvem o cuidado em 
busca da segurança do paciente com fundamentação 
técnica científica, embora também valorizem as 
experiências empíricas do cotidiano. 
Nessa perspectiva Gadamer (2006) relata que o 
conhecimento começa pela experiência, sendo que essa 
experiência não é só visualizada na área profissional, mas na 
existência privada e pessoal, bem como, na experiência que 
o ser humano tem consigo mesmo e com seus semelhantes. 
É certo que tal saber é subjetivo, quer dizer, em grande 
parte incontrolável e instável. 
Dessa forma o autor afirma que a ciência possibilita 
um saber direcionado a uma capacidade de fazer, um 
domínio da natureza, quer dizer, da técnica. E isso não é, 
um saber obtido como soma de diversas experiências da 
106 
 
prática de situações da vida e de circunstâncias de ações, 
mas trata-se de um saber, que, por seu lado, possibilita, 
antes, uma nova e específica relação de práxis, com 
aplicação construtivista. 
Outro achado científico identificado nos artigos 
selecionados foi o de que pensar em cuidado seguro deve 
está atrelado a uma teoria de enfermagem e ao processo de 
Enfermagem, que por si só, constitui um dispositivo 
transversal às metas de segurança do paciente e está 
diretamente relacionado à qualificação da assistência de 
enfermagem e a cientificidade da enfermagem como 
ciência. 
De acordo com Kalinkin e Ilvin (1985) a ciência 
aparece proeminentemente em uma série de teorias e sua 
missão é a reflexão sobre a base para determinar uma linha 
de demarcação entre ciência e não ciência. Para essa 
determinação é necessário à identificação de certos 
indicadores, objetivos ou critérios de cientificidade, o que 
acaba por se tornar um desafio. Pode-se determinar que os 
critérios de cientificidade as normas, definições, assim 
como a definição de quaisquer outras normas, sendo 
especificada pelas disposições, sanções e condições de ação. 
Segundo o mesmo autor a ciência é metódica e um 
dos instrumentos de validade para os conhecimentos 
científicos é o método utilizado para investigar, comprovar 
e sistematizar. 
 Diante do exposto afirma-se que as teorias e o 
processo de enfermagem nascem da utilização de um 
107 
 
método científico, por meio da observação, na qual os 
teóricos organizaram uma percepção ao descrever os fatos 
e por base nesses constroem suas pressuposições, conceitos 
e proposições, dando um corpo às mesmas, as quais 
somente depois de validadas são publicadas e utilizadas na 
prática profissional tornando-se ciência a Enfermagem. 
As teorias e o processo de enfermagem foram 
construídos para melhorar a prática da Enfermagem a 
partir do seu uso pelos profissionais da área com a 
finalidade de descrever, explicar, prever ou prescrever o 
fenômeno, entendido como o cuidado de Enfermagem 
(HICKMAN, 2000). 
OS DESAFIOS DE ENFERMAGEM NA 
SEGURANÇA DO PACIENTE 
Após a leitura dos artigos foram identificados 
alguns desafios enfrentados pela enfermagem para a 
aplicabilidade da segurança do paciente no ato de cuidar, 
foram eles: 
A segurança do paciente não foi priorizada como 
diretriz estratégica da política institucional e nem para 
todos os membros da equipe, o que dificulta a sua 
aplicabilidade em busca de cuidado seguro, uma vez que 
para tal objetivo a instituição precisa participar das 
diretrizes, pois de acordo com Gadamer (2006) o saber 
teórico e aplicação prática uma vez implementada deve ser 
prioridade para a instituição e para os profissionais que 
integram a equipe de trabalho, à medida que a ciência faz 
também com que a política de aplicação na respectiva área 
108 
 
seja um tema e a trata como ciência aplicada. Quanto mais 
intensiva a área de aplicação e a experiência prática esta 
passa a ter o seu verdadeiro sentido por meio dos 
resultados alcançados. 
Outro problema identificado foi de que trabalho 
realizado não corresponde exatamente àquele proposto 
pelas regras e protocolos de segurança no cuidado de 
enfermagem, devido o desconhecimento da aplicabilidade 
ou da falta de capacitação da equipe. 
Para Gadamer (2006) existe uma tensão entre o 
saber teórico e aplicação prática, a qual se encontra no 
centro da questão, uma vez que quanto mais intensiva a 
área de aplicação é racionalizada, mais falta o próprio 
exercício do juízo e, com isso, a experiência prática no seu 
verdadeiro sentido. 
Para isso é necessário valer as expectativas e 
especulações do conhecimento empírico, dessa maneira o 
aspecto processual, quer dizer, do aspecto provisório e da 
respectiva limitação daquilo que a ciência sabe, é um 
corretivo especial. Através disso, a ciência pode combater a 
superstição de que ela poderia eximir o individuo da 
responsabilidade pela sua própria decisão prática.DO PACIENTE: 
aplicabilidade da teoria de enfermagem* .....................................53 
SEGURANÇA NO PROCESSO DE ADMINISTRAÇÃO 
DE MEDICAMENTOS DE ACORDO COM A TEORIA 
DAS NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS DE 
WANDA HORTA: UMA REFLEXÃO ....................................69 
2 
 
PARTE II – A PRÁTICA DA PESQUISA 
SOBRE SEGURANÇA DO PACIENTE ...... 113 
CONSTRUÇÃO DO PLANO DE AÇÃO PARA O 
CUIDADO SEGURO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À 
SAÚDE .......................................................................................... 115 
SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO 
PRIMÁRIA À SAÚDE: O OLHAR DOS GESTORES, 
TRABALHADORES DE SAÚDE E PESSOAS USUÁRIAS131 
EVIDÊNCIAS SOBRE A CULTURA DE SEGURANÇA E 
AS BOAS PRÁTICAS NAS MATERNIDADES ................. 143 
ERROS DE MEDICAÇÃO EM TERAPIA INTENSIVA 
NEONATAL: PRINCIPAIS TIPOS, FATORES 
CONTRIBUINTES E AÇÕES DE MELHORIA................ 163 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
PARTE I – REFLEXÕES TEÓRICO-
FILOSÓFICAS SOBRE 
SEGURANÇA DO PACIENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
5 
 
PENSAMENTO, LINGUAGEM E 
COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES FILOSÓFICAS 
PARA O CUIDADO DE ENFERMAGEM E 
SEGURANÇA DO PACIENTE 
 
 
Ana Lívia Araújo Girão 
Francisco Gilberto Fernandes Pereira 
Maria Vilani Cavalcante Guedes 
Rhanna Emanuela Fontenele Lima de Carvalho 
 
 
INTRODUÇÃO 
Acredita-se que a busca pela filosofia da ciência 
enfermagem nos encaminha para um pensamento além do 
científico ao considerar o cuidado sob um aspecto 
particular, visto que é fundamental a compreensão de que 
enquanto saber especializado toda ciência está feita de 
formulações que dizem respeito a um aspecto determinado 
sob o qual ela considera o real; cada ciência existe, por 
assim dizer, em função dos limites que a separam das 
outras ciências (LAUAND, 2015). 
Diante da busca pela apropriação filosófica da ciência 
enfermagem e da afinidade com a pesquisa relacionada à 
segurança do paciente, optou-se pelo aprofundamento do 
estudo do pensamento e da linguagem como ferramentas 
fundamentais ao exercício da profissão com vistas a 
prestação de um cuidado seguro, com minimização de 
eventos adversos. 
6 
 
Dessa forma, observa-se que pensamento e 
linguagem são dimensões fundamentais à comunicação no 
contexto do cuidado de enfermagem. A linguagem, definida 
em seu sentido mais amplo como todo sistema de sinais 
que possa servir como meio de comunicação, surge como 
inseparável do pensamento de que é instrumento 
(HUISMAN, 1978). 
A comunicação não se constitui apenas na palavra 
verbalizada. Tem-se de captar mensagens, interpretá-las 
adequadamente e potencializá-las criativamente. Tal 
interação com o meio e com as pessoas atribui à linguagem 
fundamental destaque no estudo da comunicação dentro 
das relações humanas e das instituições de trabalho. 
Na área da saúde, a comunicação ineficaz está entre 
as causas-raízes de mais de 70% dos erros na assistência, 
visto que falhas no trabalho em equipe e na comunicação 
entre os profissionais de saúde contribuem para os erros 
médicos, eventos adversos e, consequentemente, 
diminuição da qualidade dos cuidados, e, portanto, a 
maneira como ocorre a comunicação entre os profissionais 
tem sido apontada como fundamental para um cuidado de 
saúde seguro (BAGNASCO, 2013). 
Diante do exposto, o presente estudo objetivou 
compreender o pensamento e a linguagem como 
dimensões fundamentais à comunicação no contexto da 
assistência de enfermagem para a prestação de um cuidado 
seguro. 
METODOLOGIA 
Trata-se de um estudo de reflexão teórica 
desenvolvido a partir de inquietações oriundas da disciplina 
7 
 
de Filosofia da Ciência em Enfermagem e Saúde, do curso 
de doutorado do Programa de Pós-Graduação Cuidados 
Clínicos em Enfermagem e Saúde da Universidade 
Estadual do Ceará (UECE), acrescidas à aproximação com 
estudos voltados para a segurança do paciente 
desenvolvidos pelo Grupo de Pesquisa de Segurança, 
Tecnologia e Cuidado Clínico da UECE. 
As leituras e desenvolvimento do estudo foram 
realizados entre os meses de abril e junho de 2017, e para 
compor os campos de discussão e reflexão aqui propostos, 
elegeu-se a relação entre pensamento e linguagem na 
perspectiva de Hans-Georg Gadamer e a perspectiva 
relacional do cuidado no seu domínio da comunicação a 
partir da Teoria da Ação Comunicativa de J. Habermas. Por 
fim, as inter-relações do referencial teórico adotado foram 
discutidas juntamente com os pressupostos da 
comunicação eficaz defendida pela segurança do paciente. 
PENSAMENTO E LINGUAGEM: COMPREENSÕES 
NECESSÁRIAS PARA AS RELAÇÕES ENFERMEIRO-
PACIENTE 
O homem, aqui compreendido enquanto espécie 
Homo sapiens sapiens, apresenta características que o diferem 
das demais tipologias animais, dentre as quais se sobressai 
sua racionalidade, ou seja, capacidade de pensar, estruturar 
o pensamento, produzir uma ação a partir deste, expressá-
lo de forma consciente e por fim refletir sobre essa ação. 
É complexa e também exaustiva a tentativa de 
compreender como se estrutura o pensamento humano a 
partir de uma interpretação filosófica, visto que vários 
pensadores já se propuseram a explicar este fenômeno ou 
característica (HEIDEGGER, 2007). Neste estudo, será 
8 
 
utilizada a perspectiva proposta por Hans-Georg Gadamer, 
filósofo alemão que compreende o homem e suas relações 
interpessoais a partir de uma hermenêutica da compreensão 
e da interpretação, em que o processo de pensar é 
dinâmico, inacabável e reciclável num modelo espiralado 
(GADAMER, 2007). 
O pensamento é, portanto, um componente da 
natureza humana que é gerado de forma intencional 
quando o indivíduo se dispõe para aquilo que a ele se 
apresenta de forma material ou imaterial, e que será 
transcendido ao mundo exterior na forma da linguagem. 
Esta por sua vez, retroalimenta o pensamento, fazendo o 
homem refletir, compreender e interpretar as relações 
sociais, o que compõe, portanto, a perspectiva 
hermenêutica (ARAUJO; PAZ; MOREIRA, 2012). 
Com base nessa proposição, é lúcido concluir que o 
pensamento e a linguagem estão intrinsecamente 
relacionados e dependentes. Esta última corresponde à 
expressão do sentido humano e jamais poderá ser alcançada 
plenamente, explicando que a linguagem é a expressão 
máxima da forma de comunicação do homem e sua 
capacidade de interagir consigo mesmo, com os outros e 
com o mundo. Alerta ainda que ela não possui um eu, ou 
seja, sua expressão deve ser baseada a partir de um diálogo, 
visto que tem um caráter oniabrangente (GADAMER, 
2007). 
Estudos expressam que os princípios defendidos por 
Gadamer se aplicam fortemente à prática da relação 
enfermeiro-paciente, visto que o diálogo que é produzido 
nessa interação só é possível quando a linguagem é 
traduzida por meio de valorização da subjetividade e da 
colaboração entre ambos (GADAMER, 2007). 
9 
 
Portanto, essa fundamentação se apresenta de forma 
explícita nas relações sociais a todo tempo, visto que o 
homem é um ser social e que no seu contexto relacional 
necessita se comunicar e ser compreendido, e estas ações 
só podem acontecer quando a linguagem é utilizada de 
forma clara, com signos comuns a um grupo, e que permita 
a construção de sentidos e significados sobre o que se 
pretende comunicar. 
A TEORIA DA AÇÃO COMUNICATIVA DE 
HABERMAS 
A comunicação, que é a expressão em forma de 
linguagem verbal ou não-verbal do pensamento humano, 
só é desenvolvida com a disponibilidade de compreensão e 
atenção mútua dos sujeitos implicados nesse contexto. 
Portanto, na tentativa de contextualizar a necessidade de 
um processo comunicativo compreensivo no âmbito da 
saúde, e mais especificamente na relação enfermeiro-
paciente, recorreu-se à Teoria da Ação Comunicativa de J. 
Habermas. 
Habermas propôs um novo paradigma em que a 
comunicação e a valorização das intersubjetividades 
existentes entre os sujeitos, e destes com o ambiente em 
sua volta, fossem consideradas relevantes, o que chamou de 
racionalidade comunicativa (HABERMAS,Dessa forma é necessária a capacitação permanente 
da equipe, uma vez que o conhecimento se encontra em 
constante transformação, bem como o treinamento e 
aprimoramento teórico e prático de toda a equipe na 
utilização de protocolos de segurança de forma que 
109 
 
propicie ao profissional um raciocínio crítico na sua 
aplicabilidade diária. 
Nos resultados dos estudos foi possível identificar 
uma interface entre a segurança do paciente e o processo 
de enfermagem que precisa ser mais explicitada na prática, 
uma vez que agrega e fortalece o cuidado científico da 
enfermagem e a prática profissional. 
Para Nerici (1992) a ciência é metódica e um dos 
instrumentos de validade para os conhecimentos científicos 
é a metodologia adotada pela ciência que usa o método 
para investigar, comprovar e sistematizar o que é possível 
por meio da aplicação do processo de enfermagem. 
Dessa forma o autor citado anteriormente afirmar 
que a Ciência tem duas funções: especulativa e prática. Na 
especulativa, o homem encontra interesse no seu próprio 
trabalho, no descobrir novas relações de casualidade. 
Enquanto que na prática, o homem tem interesse na 
aplicação dos conhecimentos teóricos para tender a 
necessidade de vida, para atender as solicitações sociais. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Ao construir este trabalho foi permitido aos autores um 
maior aprofundamento sobre os temas cuidado de 
enfermagem, segurança do paciente e o pensamento crítico, 
em uma percepção filosófica. Por meio da ciência é 
possível entender o contexto histórico dos fenômenos em 
estudo, construído a partir de um contexto e mediante 
110 
 
interesses diversos com o objetivo de criar soluções para 
problemas observados, sendo possível refletir sobre a 
veracidade da ciência e sobre os paradigmas e a 
cientificidade que envolvem o cuidado em enfermagem e a 
segurança do paciente. 
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113 
 
 
 
 
 
 
 
PARTE II – A PRÁTICA DA PESQUISA SOBRE 
SEGURANÇA DO PACIENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
114 
 
115 
 
CONSTRUÇÃO DO PLANO DE AÇÃO PARA O 
CUIDADO SEGURO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À 
SAÚDE 
 
Patrícia Freire de Vasconcelos 
Fernanda Pereira de Sousa 
Antônio Rubens Alves da Silva 
Pedro Holanda Souza Neto 
Vanessa Emille Carvalho de Sousa Freire 
Katarina Milly Pinheiro de Sousa 
Tamires Ferreira do Nascimento 
 
INTRODUÇÃO 
A qualidade nos serviços de saúde é uma temática 
amplamente discutida nos diversos segmentos de saúde. 
Para que seja possível seu alcance, resultados da assistência 
à saúde têm sido utilizado como parâmetro avaliador das 
condições dos cuidados prestados. 
Pode-se citar como exemplo de resultados 
assistenciais, a incidência de eventos adversos, ou seja, 
qualquer erro que cause dano total ou parcial ao paciente. 
Essas informações, quando registradas, podem servir de 
subsídio para a melhoria contínua da qualidade dos serviços 
de saúde (CAPUCHO, 2013). 
A preocupação com os eventos adversos 
impulsionou a Organização Mundial de Saúde (OMS) criar 
em 2004 uma Aliança Mundial para a Segurança do 
Paciente, onde o Brasil juntamente com outros países tem 
somado esforços sobre a temática (MARCHON, 2015). No 
116 
 
mesmo estudo, a autora aponta que dentre os eventos 
adversos mais comuns nas APS estão associados a falhas 
no tratamento medicamentoso e durante a fase de 
diagnóstico. 
A Atenção Primária à Saúde (APS) como ponto de 
atenção que atua na organização do sistema de saúde tem 
entre seus atributos o papel de coordenadora das redes de 
atenção (MENDES et al, 2009). Desse modo, a mesma 
exerce papel fundamental na gestão da saúde, à medida que 
é porta de entrada e ordenadora de todos os serviços, sejam 
eles de baixa, média ou alta complexidade. 
Nos últimos anos, a segurança do paciente na 
atenção primária à saúde tem sido prioridade nas principais 
organizações internacionais de saúde e em vários países 
desenvolvidos. No Brasil, o tema ganhou maior 
notoriedade, a partir da instituição do Programa Nacional 
de Segurança do Paciente em 2013, que incluiu a atenção 
primária à saúde como ponto estratégico no 
desenvolvimento de ações para a melhoria de segurança do 
paciente. Entretanto, deve-se ressaltar que as pesquisas 
neste campo ainda estão em fase inicial (MARCHON, 
2015). 
Diante desse contexto, ferramentas gerenciais 
auxiliam nos processos de mudanças e direcionam a 
tomada de decisão por meio da análise, priorização dos 
problemas e identificação de situações que exijam mais 
atenção, controle da situação identificada e planejamento 
(MEIRELES, 2014). 
Portanto, o objetivo desse estudo foi identificar 
problemas existentes em um território de saúde da família 
que afetem a segurança do paciente e construir um plano 
117 
 
de ação a partir dos problemas relados por gestores, 
profissionais de saúde e usuários de uma Unidade Básica de 
Saúde. 
METODOLOGIA 
Trata-se de uma pesquisa-ação. Como proposto no 
presente estudo, a pesquisa-ação é uma forma de 
investigação baseada em uma autorreflexão coletiva 
empreendida pelos participantes e busca o entendimento 
dessas práticas e de situações onde essas práticas 
acontecem. Além disso, uma abordagem é de uma 
pesquisa-ação apenas quando ela é colaborativa (KEMMIS 
e MC TAGGART, 1988). 
Para a aproximação do campo, realizou-se entre os 
meses de fevereiro e março de 2018, visitas às Unidades 
Básicas de Saúde (UBS) e às suas respectivas equipes da 
Saúde da Família (eSF). A UBS pertence à área urbana e 
localiza-se em uma cidade do interior do nordeste 
brasileiro. Possui duas equipes de Saúde da Família. 
Em seguida, estendeu-se um período de observação 
no período de agosto a setembro de 2018. Para esta fase, 
utilizou-se um checklist elaborada para nortear a 
observação, dividindo-o por setores. 
Após essa fase, investigou-se junto à 01 gestora, 02 
enfermeiras, 01 médico, 05 técnicos de enfermagem, 03 
agentes comunitários de saúde e 01 representante dos 
usuários do Conselho Municipal de Saúde, as causas dos 
principais problemas identificados na fase anterior. A partir 
disso, foi construído o diagrama de Ishikawa. 
118 
 
Posteriormente, construiu-se o plano de ação 
mediante todas as informações obtidas. Para tal, utilizou-se 
a ferramenta 5W2H. 
Todos os participantes assinaram o Termo de 
Consentimento Livre e Esclarecido para formalizar sua 
participação. O projeto possui aprovação do Comitê de 
ética em Pesquisa da UNILAB com protocolo CAAE: 
62445816.0.0000.5576. 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
A aproximação do campo foi essencial para o 
andamento do estudo por estabelecer o vínculo e relação de 
confiança entre os pesquisadores e profissionais. 
A comunicação entre os usuários e os profissionais, a 
falta de insumos e medicamentos, os recursos humanos e a 
abordagem durante a consulta médica e de enfermagem 
foram os problemas mais citados pelos participantes. 
Corroborando com a observação realizada. Identificou-se 
que a comunicação é o problema mais comum e o 
momento do cuidado que mais havia erros eram na 
prestação do cuidado direto/tratamento e no acesso ao 
serviço no instante que chegavam a UBS. 
Tais dados são confirmados por Silva (2017). Ele 
aponta que a fragilidadena comunicação foi que mais 
contribuiu para a ocorrência de erros. Ressalta também que 
a melhoria do acesso dos usuários aos serviços de saúde foi 
possível, além de outros fatores, decorrente da efetividade 
de comunicação entre as equipes da eSF. Reforça ainda que 
a comunicação efetiva é ponto crucial para a melhoria da 
qualidade dos serviços e é um desafio para a segurança do 
paciente. 
119 
 
Os resultados do presente estudo apontaram ainda 
que 62,96% dos usuários não entendiam a prescrição no 
receituário. No decorrer da coleta de dados, pode-se 
perceber que os usuários que relataram não entender as 
informações eram pessoas idosos, fato preocupante já que 
os usuários idosos são em grande parte os maiores 
consumidores dos serviços de saúde. Esse dado revela a 
necessidade da realização de ações personalizadas para o 
melhor atendimento a esse público, seja por meio de 
atividades em grupo, para que sejam dadas orientações 
gerais quanto ao uso de medicamentos mais comuns por 
essa população, seja em forma de capacitação da equipe 
para melhor receber seus pacientes idosos. 
Atrelado a isso, a baixa escolaridade ainda é uma 
realidade presente na região nordeste, onde está localizada a 
cidade onde foi feita a pesquisa. Nessa região 67,3% das 
pessoas usuárias dos serviços de APS são não-alfabetizados 
ou só tem até o ensino fundamental, o que pode gerar 
maior grau de dificuldade no entendimento das orientações 
prestadas e a necessidade de uma adequação do cuidado a 
esses usuários (GUIBU et al, 2017). O que justifica ainda 
mais a necessidade da personalização das receitas médicas e 
de enfermagem. 
Desse modo, haveria uma dignificação no cuidado 
prestado à medida que a pessoa usuária tornar-se-á 
detentora do saber relacionado ao seu autocuidado, o que 
gera benefícios para si mesma. Também é pertinente que a 
equipe de saúde da família engaje os familiares dos 
pacientes nos cuidados realizados, pois propiciará a 
melhora na manutenção das terapias medicamentosas e o 
estreitamento de laços entre pacientes e familiares e entre a 
equipe de saúde e sua população adscrita. 
120 
 
Na sala onde são realizados procedimentos pelos 
técnicos de enfermagem, foi observado que 74,04% dos 
usuários não foram orientados quanto aos cuidados 
domiciliares. Atrelado a isso, existe um déficit de materiais 
para realização dos procedimentos. 
Sabe-se que a orientação feita antes dos 
procedimentos tem grande impacto na forma como o 
paciente irá perceber o cuidado recebido. Quando 
orientado, o paciente tende a se manter calmo e confiante, 
sentindo maior segurança (COUTO, HELL, LEMOS, 
CASTRO, 2015). Isso facilita a realização do procedimento 
tornando-o mais seguro. 
Diante desse contexto, a falta de compreensão das 
prescrições após as consultas médicas e de enfermagem e a 
falta de orientação aos cuidados domiciliares na sala de 
procedimentos foram os dados mais alarmantes. Optou-se 
desta forma por escolhê-los para a construção do plano de 
ação. 
Para esses dois problemas, foram criados dois 
diagramas de Ishikawa, juntamente com os profissionais 
envolvidos (médico, enfermeiros e técnicos) para verificar o 
que poderia estar causando esses problemas. Para isso, 
conversou-se individualmente com participantes da 
pesquisa. 
Após discursão com os profissionais de saúde e 
representantes dos usuários, evidenciou-se que as causas do 
problema da falta de compreensão das prescrições pelos 
idosos foram: falta de engajamento dos profissionais, 
pressa para finalização da consulta, letra ilegível, usuário 
apressado, usuário teme perguntar ao profissional suas 
dúvidas, idosos frágeis desacompanhados, demanda 
121 
 
reprimida, unidade sem sistema informatização, falta de 
avaliação e monitoramento do processo de trabalho, falta 
de insumos para prescrição personalizada, falta de 
padronização e gestão da clínica. 
Para o problema “falta de orientação aos pacientes 
quanto aos cuidados domiciliares”, as causas elencadas 
foram: usuário com pressa de ir embora, falta de protocolo 
de atendimento, falta de conhecimento técnico-científico, 
desmotivação, falta de organização institucional, pessoa 
idosa desacompanhada, falta de protocolo, falta de gestão 
da unidade para acompanhar desempenho profissional, 
cultura punitiva e repressão e falta de comunicação entre os 
profissionais. 
 Esses fatores geraram dois planos de ação, 
elaborados pelos autores, para possíveis soluções, 
conforme demonstrado na tabela 1 e 2 a seguir. 
 
Tabela 1 – Plano de Trabalho “Falta de entendimento das 
prescrições por pacientes idosos”. Acarape, 2019 
 
What (O quê) Who (Quem) When 
(Quando) 
Where 
(Onde) 
Why (Por 
quê) 
How (Como) 
Treinamento 
sobre prescrição 
personalizada 
Bolsista da 
Unilab 
10 de 
janeiro 2019 
Unidade de 
Saúde - 
Centro 
Demostrar 
formas de 
elaborar uma 
prescrição de 
forma mais 
compreensível 
para pacientes 
idosos e 
reforçar a 
importância da 
explicação da 
prescrição. 
- Iniciar o 
workshop com a 
apresentação dos 
participantes do 
encontro. 
- Breve 
introdução do 
contexto da 
pesquisa, 
justificando o 
encontro. 
- Demonstração 
das ferramentas 
como lápis de 
cor, tecidos ou 
papeis coloridos 
e desenhos 
122 
 
ilustrativos que 
permitam a 
construção de 
prescrições mais 
lúdicas e sua 
utilização. 
- Demonstrar 
como elaborar 
uma prescrição 
personalizada 
utilizando os 
materiais citados 
acima. Simular 
uma situação e 
pedir que o 
profissional 
reproduza a 
receita. 
- Durante o 
Workshop, 
enfatizar a 
importância de 
explicar a 
prescrição ao 
paciente até que 
ele seja capaz de 
repetir a 
orientação. *O 
workshop 
ocorrerá em 
janeiro, na 
Unidade de 
Saúde. O 
encontro terá 
duração de no 
mínimo 1hora e 
contará com a 
participação de 
médicos e 
enfermeiros da 
unidade. 
Reforçar a 
importância da 
utilização da letra 
legível 
Bolsista da 
Unilab 
10 de 
janeiro 2019 
Unidade de 
Saúde - 
Centro 
Para minimizar 
erros de 
interpretação e 
leitura. 
Durante o 
workshop que 
ocorrerá em 
janeiro, realizar 
uma roda de 
conversa com os 
profissionais 
médico e de 
enfermagem para 
utilizar letras de 
forma ou que 
seja 
compreensível 
pelo usuário. Ao 
final do encontro, 
será sugerido 
123 
 
que a 
coordenação da 
Unidade realize 
após 6 meses 
uma nova 
avaliação através 
de entrevista com 
os usuários 
idosos para 
verificar se estes 
continuam a 
relatar problemas 
de compreensão 
das prescrições, 
caso seja 
necessário, o 
bolsista poderá 
realizar a 
avaliação para 
não comprometer 
as atividades da 
coordenação. 
Reavaliar a 
demanda de 
atendimentos e 
tempo de 
consulta por 
paciente 
Bolsista 07 de 
janeiro 
2019 
Unidade 
de Saúde 
– Centro 
Para que 
seja utilizado 
o tempo 
adequado 
em cada 
consulta sem 
que seja 
necessário 
apressá-las 
para atender 
a todos 
dentro do 
tempo pré-
definido 
Realizar o 
levantamento 
atual do tempo 
médio de 
permanência 
dos pacientes 
nos 
consultórios e 
a quantidade 
de pacientes 
atendidos 
diariamente 
através dos 
mapas diários 
de consulta e 
cálculo da 
quantidade de 
pacientes 
atendidos 
dividido pelo 
tempo total de 
horas 
trabalhadas no 
dia. Esse 
levantamento 
auxiliará na 
avaliação do 
atendimento. 
Será um 
levantamento 
único somente 
124 
 
para verificar 
se há 
necessidade 
de 
redimensionar 
os 
atendimentos 
de modo a não 
interferir na sua 
qualidade. 
Verificar se o 
paciente / 
acompanhante 
compreendeu a 
prescrição 
Profissionais 
que realizam 
prescrições 
A partir de 
14 de 
janeiro 
Unidade 
de Saúde 
- Centro 
Para 
minimizar 
erros de 
interpretação 
e 
consequente
mente, uso 
incorreto da 
medicação 
Após o 
workshop, o 
bolsista passará 
2 semanas em 
dias alternados 
na Unidade 
avaliando se o 
paciente idoso 
sai do consultório 
sabendo 
reproduzir a 
orientação do 
profissional 
quanto a 
prescrição 
recebida para 
verificar se 
houve uma 
compreensão 
correta.Sugerir que seja 
criado 
protocolo onde 
pacientes acima 
de 70 anos 
precisem estar 
acompanhados 
durantes as 
consultas. 
Bolsista 10 de 
janeiro 
2019 
Unidade 
de Saúde 
– Centro 
Para que se 
tenha maior 
segurança 
quanto à 
compreensão 
das 
informações 
repassadas. 
Caso a gestão 
acate a 
sugestão, criar 
um documento 
onde fica 
definido que o 
paciente acima 
de 70 anos ou 
com deficiência 
cognitiva 
deverá 
comparecer à 
unidade de 
saúde com 
acompanhante. 
Divulgar na 
Unidade de 
Saúde e rádios 
locais. 
Insumos para Gestão do 19 a 23 de Unidade Para que Realizar um 
125 
 
prescrição 
personalizada 
município novembro de Saúde 
– Centro 
seja possível 
a produção 
das 
prescrições 
personalizad
as 
levantamento 
dos materiais 
necessários, o 
custo deste e 
verificar a 
viabilidade 
financeira para 
a aquisição 
desses 
materiais pela 
secretaria de 
saúde. 
Padronização 
do atendimento 
de pacientes 
idosos 
Bolsista 19 a 23 de 
novembro 
Unidade 
de Saúde 
- Centro 
Para melhor 
organização 
do serviço 
Criar fluxo de 
atendimento 
para 
atendimento de 
pacientes 
idosos e quais 
as melhores 
decisões a 
serem tomadas 
(necessidade 
ou não de 
receita 
personalizada). 
 
Tabela 2 – Plano de Trabalho “Falta de orientação aos pacientes 
quanto aos cuidados domiciliares na sala de procedimentos”. 
Acarape, 2019 
 
What (O quê) Who 
(Quem) 
When 
(Quando) 
Where 
(Onde) 
Why (Por quê) How (Como) 
Curso de 
atualização 
dos 
profissionais 
de nível médio 
Bolsista e 
enfermeiro 
convidado 
11 de 
janeiro 
2019 
Unidade 
de 
Saúde 
do 
Centro 
Para atualizar os 
profissionais 
quanto aos 
cuidados de 
pacientes com 
doenças crônicas 
(diabetes e 
hipertensão) 
- Será feito o 
convite do encontro 
aos funcionários 
que realizam 
aferição de 
pressão, glicemia e 
curativos da 
unidade e os 
agentes 
comunitários de 
saúde. O encontro 
ocorrerá dia 11 de 
janeiro de 2019. 
Acontecerá a 
apresentação do 
enfermeiro 
convidado. O 
126 
 
enfermeiro 
convidado 
conduzirá o 
encontro falando 
sobre a correta 
aferição de PA, 
glicemia e curativo 
e como orientar o 
paciente acometido 
com essas doenças 
quanto aos 
cuidados 
domiciliares e a 
importância da 
correta orientação 
para garantir a 
continuação do 
cuidado bem como 
a importância de 
cada profissional 
nesse processo. 
Será aberto um 
momento para tirar 
dúvidas. Ao final 
será realizado um 
teste básico de 
conhecimentos. O 
treinamento terá 
uma duração 
mínima de 2horas. 
Criação de 
protocolo de 
atendimento a 
pacientes que 
precisam de 
cuidados 
domiciliares 
Bolsista, 
enfermeiros 
da Unidade, 
pelo menos 
2 ACS 
08 de 
janeiro 
2019 
Unidade 
de 
Saúde 
do 
Centro 
Para identificar 
pacientes que 
precisam de 
acompanhamento 
da equipe e de 
orientação 
diferenciada 
- Verificar se na 
unidade existe 
protocolo de 
atendimento para 
pacientes em 
cuidados 
domiciliares. 
Verificar a 
periodicidade do 
comparecimento do 
paciente à Unidade. 
Convidar 
enfermeiros e ACS 
para redesenhar o 
fluxo desses 
pacientes (caminho 
percorrido pelo 
paciente 
hipertenso, 
diabético e que 
precise de curativo, 
durante o 
atendimento na 
Unidade de Saúde). 
Criar protocolo de 
atendimento desses 
pacientes na sala 
127 
 
de procedimentos. 
Orientação do 
profissional da 
sala de 
procedimentos 
quanto aos 
pacientes em 
cuidados 
domiciliares 
Bolsista e 
enfermeiro 
11 de 
janeiro 
2019 
Unidade 
de 
Saúde 
do 
Centro 
Para que a 
funcionária saiba 
identificar que 
protocolo utilizar e 
o que fazer 
quando receber 
esses pacientes. 
A funcionária 
receberá todas as 
informações de 
como proceder 
quando receber um 
paciente na sala de 
procedimentos que 
precise de 
orientação para 
realizar o 
autocuidado em 
casa através de um 
treinamento sobre 
os protocolos 
criados, bem como 
qual deles utilizar 
em cada situação e 
como orientá-los da 
forma adequada. 
 
O estudo teve algumas limitações como: dificuldade 
de articular reuniões devido à baixa disponibilidade dos 
profissionais, dificuldade de comunicação com a gestão, 
embora a demanda tenha sido uma solicitação do 
município, dificuldade em localizar os conselheiros de 
saúde e medo de alguns profissionais em se posicionar 
quando perguntados sobre alguns aspectos relacionados ao 
funcionamento da Unidade, isso decorre às questões 
políticas que têm forte influência na conduta dos 
profissionais. 
CONCLUSÃO 
A observação da comunicação entre profissional x 
profissional e profissional x paciente foi uma etapa de suma 
importância para a detecção de fatores que influenciam 
positiva ou negativamente na segurança do paciente. A 
partir dessa perspectiva é possível desvelar os problemas 
existentes. Verificou-se ainda que os profissionais se 
comunicam entre sim. Entretanto, ainda há fragilidades 
128 
 
para engajar o usuário para a continuidade do cuidado, seja 
pela adesão à prescrição medicamentosa, seja pela execução 
adequada dos cuidados no ambiente familiar. 
É necessária que constantes avaliações do processo 
de trabalho sejam realizadas e rotinas e protocolos pré-
definidos sejam implantadas a fim de garantir a 
comunicação efetiva na UBS. 
 Desta forma, antes de engajar os usuários, engajar 
os profissionais envolvidos na prestação de cuidado deve 
ser feito. Profissionais motivados e direcionados a partir da 
construção coletiva do plano de ação favorece o 
engajamento para que a cultura de segurança seja alcançada. 
Nota-se, portanto, que a utilização de ferramentas 
aplicadas à gestão de problemas no setor saúde, em especial 
na APS, aliados à uma comunicação efetiva entre a equipe e 
os usuários do serviço pode ser um caminho para melhoria 
do cuidado prestado nos serviços de saúde, por ser possível 
a identificação de fragilidades, suas causas e possíveis 
soluções de forma pontual e direcionada. 
REFERÊNCIAS 
CAPUCHO, H.C.; CASSIANI, S.H.B. Necessidade de 
Implantar Programa Nacional de Segurança do Paciente no 
Brasil. Rev Saúde Pública. v. 47, n. 4, p. 791-8, 2013. 
COUTO, A.M.; HELL, C.A.I.; LEMOS, I.F.; CASTRO, 
E.A.B. Cuidado domiciliar sob a ótica de idosos 
dependentes: contribuições para à enfermagem. Revista 
Baiana de Enfermagem, v.30, n.4, p.1-12, 2016. 
129 
 
DA SILVA, A.P.F.; RIBEIRO, A.C.; SACCOL, A.L.; 
COLOMÉ, J.S. Segurança do paciente na atenção básica 
em saúde. Disciplinarum Scientia, v.18, n. 3, p. 563-73, 
2017. 
GUIBU, I.A.; MORAES, J.C.; JUNIOR, A.A. G.; COSTA, 
E.A.; ACURCIO, F.A.; COSTA, K.S.; KARNIKWSKI, 
M.G.O.; SOEIRO, O.M.; LEITE, S.N. Características 
principais dos usuários dos serviços de atenção primária à 
saúde no Brasil. Revista de Saúde Pública, v.52, 2017. 
KEMMIS, S.; McTAGGART, R. Como planificar la 
investigación-acción. Barcelona: Laertes, 1988. 
MARCHON, S.G.; JUNIOR, W.V.M.; PAVÃO, A.L.B. 
Características dos eventos adversos na atenção primária à 
saúde no Brasil. Card, Saúde Pública. Rio de Janeiro, 
v.31, n. 11, p. 2313-30, 2015. 
MEIRELES, T.O.; SILVA, K.T.; SÁ, L.L.F. A importância 
da adoção do Método de Análise e Solução de Problemas 
(MASP) utilizando o ciclo PDCA na gestão em serviços de 
saúde. Boletim Informativo, Teresina, v. 5, n. 3, p. 12-22, 
jul/set 2014. 
MENDES, W. et al. The assessment of adverse events in 
hospitals in Brazil. Int J Qual Health C 
 
 
 
 
 
130 
 
131 
 
SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO 
PRIMÁRIA À SAÚDE: O OLHAR DOS GESTORES, 
TRABALHADORES DE SAÚDE E PESSOAS 
USUÁRIAS 
Patrícia Freire de Vasconcelos 
Rhanna Emanuela Fontenele Lima de Carvalho 
Maria Isis Freire de Aguiar 
Saiwori de Jesus Silva Bezerra dos Anjos 
Vitória Talya dos Santos Sousa 
Maria Salete Bessa Jorge 
Consuelo Helena Aires de Freitas 
 
INTRODUÇÃO 
Em 2012, quando ocorreu a primeira reunião Safer 
Primary Care Expert Working Group promovida pela 
Organização Mundial de Saúde (OMS), um novo momento 
surgiu e se tornou necessário entender e analisar as lacunas 
relacionadasà temática. Com ele, iniciou-se também, o 
Programa de Segurança do Paciente no Cuidado Primário com o 
objetivo de compreender sobre os riscos existentes para o 
usuário nos cuidados da atenção primária à saúde, a 
magnitude e a natureza dos danos evitáveis devido a 
práticas inseguras e os mecanismos de segurança para 
usuário (OMS, 2012). 
Ainda segundo a OMS (2012), há poucos estudos 
relacionados à segurança do paciente na Atenção Primária a 
Saúde (APS). Pouco se sabe, por exemplo, do quantitativo 
dos eventos adversos e tampouco da incidência de riscos 
associados para sua ocorrência, já que existe uma falsa 
percepção que na atenção primária o usuário está menos 
susceptível a práticas não seguras. Por outro lado, apesar 
dos incidentes na APS não apresentarem consequências 
drásticas, seus efeitos são em maior magnitude, por serem 
132 
 
erros repetitivos e por exporem um maior número de 
pessoas (RUNCIMAN, EDMONDS, PRADHAN, 2002; 
BRASIL, 2013). 
Raimondi et al (2019) ao avaliar sobre a cultura de 
segurança na atenção primária à saúde verificou que os 
enfermeiros eram aqueles que mais tinham pontuação 
positiva à cultura de segurança na APS (67,7%), enquanto 
os agentes comunitários de saúde 46,73%. Já os dentistas 
apresentaram 58,06% e os médicos 51,79%. Atrelado a 
isso, não se conhece muito bem sobre os aspectos 
relacionados à segurança do paciente na atenção primária à 
saúde. Tais dados fortalecem a necessidade de discussão 
do tema para melhoria da qualidade do cuidado. 
Diante desse contexto, neste estudo objetivou-se 
compreender a concepção do conceito “segurança do 
paciente” pelos trabalhadores de saúde, pessoas usuárias e 
gestores na APS. 
METODOLOGIA 
Esta pesquisa se caracteriza por uma investigação 
qualitativa. A pesquisa qualitativa considera a subjetividade 
do pesquisador. Dessa forma, as intencionalidades e 
subjetividades de quem processa a pesquisa, assim como 
também suas reflexões, atitudes e sentimentos tornam-se 
dados em si mesmos e constituem material para 
interpretação. Consideram a comunicação do pesquisador 
em campo como parte explícita da produção de 
conhecimento, tornando-se parte do processo de pesquisa a 
subjetividade do pesquisador e daqueles que estão sendo 
estudados (FLICK, 2009). 
133 
 
Sobre a abordagem utilizada, adotou-se a 
participativa, que objetiva engajar os atores no processo de 
avaliação, visando à sua capacitação e desenvolvimento, 
como foi vislumbrado nessa investigação. Por meio do 
processo investigativo foi possível instigar seus 
participantes sobre a temática. Tal abordagem apoia-se no 
paradigma construtivista, já que o desenho é aberto à 
invenção; à obtenção de dados e ao descobrimento; e à 
análise e à interpretação. Para o construtivismo, a crítica e a 
transformação estariam centradas nas metas de 
reconstrução dos pontos de vista dos implicados no que 
está sendo estudado (SILVA, 1998). 
Os sujeitos do estudo foram 19 trabalhadores de 
saúde e 03 gestores das Unidades Básicas de Saúde. Os 
critérios de inclusão foram trabalhar há, no mínimo, um 
ano na UBS em que estavam locados, pois já participaram 
do processo de territorialização e conhecem a realidade de 
sua área adstrita. Já para as pessoas usuárias foram 
consideradas aquelas cadastradas e acompanhadas pelas 
equipes de Saúde da Família, totalizando 24 pessoas. 
Os dados foram coletados no período de agosto a 
dezembro de 2014. Para a coleta de dados com os gestores 
e profissionais de saúde (médicos, dentistas e enfermeiros) 
foram utilizadas técnicas de entrevista semiestruturada. Foi 
feito previamente um encontro para agendar o melhor 
horário possível para sua realização. O local e o horário da 
entrevista foram definidos ajustados previamente. 
 Em relação aos usuários foram aplicados grupos 
focais, realizados em um ambiente reservado, sem 
interrupções, com tempo médio de 60 minutos de duração. 
Foram feitos 3 grupos focais com usuários e no período 
previamente combinado com os profissionais de saúde, já 
134 
 
que a atividade foi feita antes do atendimento dos usuários 
com o profissional, que em um momento anterior já havia 
participado da pesquisa. Quanto aos agentes comunitários 
de saúde foi realizado um grupo focal no turno da manhã, 
antes de encaminharem-se para sua área adstrita com 
duração de 58 minutos. 
Anteriormente ao início do grupo focal, foi explicada 
a importância da participação dos colaboradores. Reforçou-
se que todos os aspectos éticos foram cumpridos, 
informando inclusive que as entrevistas seriam gravadas e 
transcritas, garantindo o anonimato posterior para 
divulgação dos dados obtidos. 
As entrevistas e os grupos focais foram gravados na 
íntegra com autorização prévia dos entrevistados. Após 
gravação, foi colocado à disposição do entrevistado, para 
que o mesmo pudesse ouvi-la, e caso desejasse modificar 
ou acrescentar questões relativas ao seu depoimento ficasse 
a vontade para fazê-lo. Dessa forma, foram utilizadas letras 
para identificar as falas utilizadas. Usou-se “E” para 
enfermeiros, “M” para médicos, “G” para gestores, “ACS” 
para agente comunitário em saúde e “U” para usuário. 
As informações coletadas por meio de entrevistas e 
atividade grupal, após transcrição integral das gravações, 
foram analisadas utilizando a técnica de análise categorial 
temática, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos 
de descrição do conteúdo das mensagens em três fases: 
Pré-análise; Exploração do material; Tratamento dos 
resultados, inferência e interpretação. 
Para tratamento do material qualitativo, escolheu-se 
utilizar o software QRS (Qualitative Solutions Research) 
NVivo® versão 10.0, doravante escrito como NVivo. O 
135 
 
NVivo é o software mais utilizado em pesquisas qualitativas 
(30%), seguida pelo software Atlas (26%) e do MaxQDA 
(9%). Seu uso está bem demonstrado por sua facilidade e 
contribuição para a investigação (PINHO et al, 2014). 
Ressalta-se que o software não realiza análise, sendo esse 
processo feito pelos pesquisadores. O software limitou-se a 
organização dos dados, o que facilitou a análise do material 
empírico. 
O projeto foi submetido à análise do Comitê de Ética 
em Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual do Ceara 
(UECE) e a pesquisa de campo se iniciou após sua 
aprovação mediante parecer de aprovação no. 735.550 de 
01/08/2014. 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
A temática Segurança do Paciente é considerada por 
muitos na Atenção Primária à Segurança (APS) como algo 
novo. Isso também foi relatado por todos os entrevistados: 
“[...] uma temática que no universo da atenção primária é 
uma coisa ainda muito incipiente [...] uma temática nova 
para nós profissionais da ponta” (D1, G4, E4). Talvez isso 
ocorra porque poucos são os estudos relacionados à 
segurança do paciente em países em desenvolvimento. 
Apesar da vigência da Política Nacional de Segurança 
do Paciente, a temática ainda não está institucionalizada na 
APS, o que reforça ainda mais o desconhecimento sobre a 
temática. Atrelada a isso, observou-se que as pessoas de um 
modo geral, não percebem os riscos que podem estar 
imbuídos no cuidado prestado na APS. 
Há uma falsa impressão que o cuidado prestado na 
APS é seguro, o que já foi questionado pela Organização 
136 
 
Mundial da Saúde na reunião inaugural do grupo de 
trabalho em segurança do cuidado na APS que ocorreu em 
Genebra em 2012 (OMS, 2012). Nas Unidades Básicas de 
Saúde (UBS) investigadas, apenas uma gestora conhecia a 
temática, pois trabalhava em uma unidade hospitalar onde 
o tema estava sendo bastante debatido. Por isso, ela tinha a 
percepção que o erro também poderia ocorrer nas UBS, 
como pode ser percebido no relato a seguir. 
[...] eu acho que é um tema que passa despercebido 
dentro das unidades. A gente vê muito isso dentro das 
unidades hospitalares por conta dos erros e aqui a gente 
também é passível de erro [...] O risco que ele corre de ter uma 
medicação mal aplicada, de receber um remédio erradona 
farmácia [...] (G4, E1) 
Decorrente do desconhecimento sobre a temática, 
durante as entrevistas ao instigá-los por meio de 
tempestade de ideias sobre o tema, foi frequente a 
associação pelos colaboradores com a Segurança Pública, 
relacionando com violência vivenciada por usuários na 
UBS. Pelo o que se observou isso se deve a sensação de 
insegurança vivida: “[...] eu pensei na segurança publica 
mesmo [...]” (D6, E1). 
A segurança do paciente na APS também foi bastante 
associada à biossegurança em procedimentos, 
especialmente odontológicos. Foi dada bastante ênfase ao 
uso de equipamentos de proteção individual (EPI) pelos 
profissionais de saúde. Quanto aos gestores, a segurança do 
paciente ficou ligada a suprimento destes materiais para que 
o cuidado fosse prestado de forma segura: “[...] no sentido 
de segurança de atendimento mesmo, de procedimentos e a 
forma como ele é tratado dentro das normas de 
biossegurança [...]” (G1, D6, D1, D4, M4). 
137 
 
É interessante que apesar de os profissionais no 
primeiro momento não conhecerem a temática, eles 
conseguiram perceber e despertar por meio de insights sobre 
aspectos relacionados a controle de infecção, que é uma das 
metas internacionais propostas pela Organização Mundial 
da Saúde. 
[...] a questão de barreiras de proteção para evitar 
contaminação / infecção cruzadas... o profissional que esta 
atendendo deve usar de higiene, limpeza, lavagem das mãos, 
troca de luvas, higienização de estetoscópio entre um paciente 
e outro, coisas que muitas vezes nós não temos tempo de fazer 
por conta da alta demanda [...]. (M2, D1) 
Alguns profissionais enfatizaram a segurança do 
paciente ao cuidado prestado e as condutas clínicas 
tomadas. No entanto, pouco se sabe sobre os possíveis 
riscos para os pacientes na APS. É sabido que uma 
proporção significativa de incidentes relacionados à 
segurança do paciente nos hospitais tenha origem em 
pontos anteriores de cuidado, como na atenção primária à 
saúde (OMS, 2012). Ainda sobre os relatos, valorizou-se a 
importância da anamnese e do exame físico adequados de 
forma a evitar que erros ocorressem. Assim como também, 
atender as necessidades básicas do usuário. Entretanto, 
observou-se que nem sempre isso ocorre, já que a vontade 
do profissional prevalece em detrimento ao que o usuário 
deseja. 
[...] a questão da tentativa da segurança vem 
muito ligada a anamnese, conduzir da melhor forma 
possível para ter o menor risco possível [...] sentir 
amparado pelas necessidades básicas que a equipe pode 
suprir [...]. (D4, D6, M1) 
Inferiu-se também pelos colaboradores da 
investigação, há uma percepção de que a relação terapêutica 
usuário e profissional é determinante para o cuidado 
138 
 
seguro. Confiança e aptidão foram apontados como 
fortalezas nessa relação: “[...] eu acho que a segurança 
também envolve isso de você confiar no profissional que 
você tá nas mãos [...]” (D4, E1). 
Já para os usuários, houve fortemente relatos de que 
a segurança está intimamente ligada com o acesso. Alguns 
profissionais fizeram essa realação de que para se alacançar 
segurança, o acesso deve estar garantindo. Para a OMS, a 
cobertura universal por meio do acesso seguro a APS é 
uma meta prioritária (OMS, 2012). Para os usuários, o 
acesso é um ponto chave para se sentir seguro: “[...] mas 
quando se pensa em segurança, é a gente pensando em 
acesso [...]” (M1, E6, M1, U1, U2, U4, U5, U7, U13). 
Na perspectiva de acesso, a continuidade do cuidado 
é outro fator associado à segurança do paciente pelos 
colaboradores da investigação. 
[...] falando em continuidade, eu tento ao máximo 
conseguir com que ele saia daqui, encaminhado, com 
seguimento pra que ele possa ter a segurança do seu 
atendimento garantido. (M1, M2, E6) 
Além disso, referiu-se a necessidade de protocolos 
para a padronização dos processos e procedimentos. No 
que tange ao uso de protocolos, os resultados do Programa 
de Melhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica 
(PMAQ) apontaram que 62% dos profissionais de saúde 
não utilizam os protocolos recomendados para realizar a 
avaliação clínica inicial, indicando espaço para melhorias 
das práticas seguras. Observou-se que não foram utilizados 
protocolos, apesar destes serem apontados como 
necessários para a segurança do paciente: “[...] o 
acompanhamento seguindo os padrões já estipulados 
[biossegurança]” (M1). Isso reforça ainda mais a 
139 
 
necessidade de monitoramento ações de prestação do 
cuidado, sobretudo dos processos. 
Apesar da dificuldade em definir o que seria 
segurança do paciente, para um gestor a segurança do 
paciente está relacionada a evitar erros. Importante frisar 
que a gestora já tinha conhecimento prévio por exercer 
atividades laborais em uma unidade hospitalar onde a 
temática está sendo discutida. 
[...] é uma ferramenta que a gente tem que tá utilizando 
constantemente para evitar os erros dentro das unidades, 
dentro dos procedimentos que são executados dentro da 
unidade [...] (G4) 
Para uma profissional, percebeu-se que a sua 
percepção sobre o que seria segurança do paciente estava 
alinhada com a definição proposta pelo Ministério da Saúde 
(MS) (BRASIL, 2013), que define que segurança do 
paciente estaria relacionada à redução do risco de dano 
desnecessário à atenção à saúde. Com isso, percebe-se a 
necessidade de abordar ainda mais o assunto na APS. 
[...] são todas as ações desempenhadas no sentido de 
preservar o cliente, tanto no sentido de fazer menos 
intervenções possíveis, as intervenções que a gente faz 
necessárias a gente faça com eficiência, naquela ação com 
qualidade e sempre e preservando o cliente [...] (E4) 
Este conceito está intimamente relacionado também 
com o proposto pela IOM (2000), que define segurança do 
paciente como a capacidade de um sistema de atenção à 
saúde evitar os danos da atenção que se supõe ser prestada 
para ajudá-las a melhorar suas condições de saúde. 
A seguir na Figura 1, por meio do software NVivo®, 
a árvore de palavras ilustra panoramicamente os diversos 
140 
 
contextos em que foram utilizadas a palavra “segurança” e 
a associação deste conceito pelos participantes da pesquisa. 
 
Figura 1 - Árvore de palavras da subcategoria Percepções 
atribuídas à Segurança do Paciente pelos usuários, trabalhadores 
e gestores. Via QRS NVivo. Fortaleza, 2015 
 
Fonte: Elaborado pelos autores 
141 
 
CONCLUSÃO 
No transcorrer deste estudo procurou-se apresentar 
de forma singular a segurança do paciente na atenção 
primária em saúde na perspectiva por quem dela participa 
diariamente: o gestor local, o trabalhador de saúde e o 
usuário. Atrelada a isso, a experiência de uma das 
pesquisadoras no decorrer da pesquisa foi fundamental 
para inserção neste campo, no qual também estava inserida 
por fazer parte da equipe de Saúde da Família. 
O estudo demonstrou ainda o quanto o tema 
segurança do paciente no Brasil precisa ser aprofundado. 
Reconhecer que a APS não é um espaço totalmente seguro 
e livre de riscos foi uma singularidade da pesquisa. Isso foi 
possível por meio da reflexão gerada pelos colaboradores 
no transcorrer de sua construção, podendo ser evidenciado 
pelo relato dos colaboradores ao admitir o quanto esse 
tema é importante e necessário para as práticas de 
produção de cuidado. 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução RDC Nº 36, de 
25 de Julho de 2013. [Institui ações para a segurança do 
paciente em serviços de saúde e dá outras providências]. 
Diário Oficial da União: seção 1: Poder Judiciário, 
Brasília, p. 32, 25 jul. 2013. 
FLICK, U. W. E. Introdução à pesquisa qualitativa. 3. 
Ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 
INSTITUTE OF MEDICINE (IOM). Crossing the 
Quality Chasm. A New Health System for the 21st 
Century. National Academy Press, Washington, 2001. 
142 
 
OMS. World Health Organization. Summary of 
Inaugural Meeting of Safer Primary Care Expert 
Working Group. Safer Primary Care: A Global Challenge. 
Geneva,2012. 
PINHO, I. et al. Determinantes na adoção e recomendação 
de software de investigação qualitativa: estudo exploratório. 
Internet Latent Corpus Journal, v.4, n.2, 2014. 
RAIMONDI, D.C. et al. Cultura de segurança do paciente 
na atenção primária a Saúde: análise por categorias 
profissionais. Rev. Gaúcha Enferm., v. 40, 2019. 
RUNCIMAN, W. B.; EDMONDS, M. J.; PRADHAN, M. 
Setting priorities for patient safety. Qual Saf Health Care, 
v. 11, p. 224-229, 2002. 
SILVA, T. T. As pedagogias psi e o governo do eu nos 
regimes neoliberais. In:____ (Org.) Liberdades 
reguladas: a pedagogia construtivista e outras formas de 
governo do eu. Petrópolis: Vozes, 1998, p. 7-13. 
VASCONCELOS, P. F. Avaliação da Segurança do 
Paciente na Atenção Primária: atributos para o cuidado 
clínico seguro. 2015. 152f. Tese (Doutorado em Cuidados 
Clínicos em Enfermagem e Saúde) – Programa de Pós-
Graduação Cuidados Clínicos em Enfermagem 
 
 
 
 
 
143 
 
EVIDÊNCIAS SOBRE A CULTURA DE 
SEGURANÇA E AS BOAS PRÁTICAS NAS 
MATERNIDADES 
 
Sherida Karanini Paz de Oliveira 
Mayara Magna dos Santos 
Ana Lívia Araújo Girão 
Fernanda Fontenele 
 
INTRODUÇÃO 
O Brasil instituiu, no ano 2000, o Programa de 
Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN), com o 
propósito de reduzir as altas taxas de morbimortalidade 
materna e perinatal, implementando medidas para melhoria 
do acesso, da cobertura e da qualidade do 
acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e 
puerpério. Porém, muitos desses protocolos não estão 
sendo desenvolvidos de maneira satisfatória em vários 
lugares do Brasil (MARTINELLI et al. 2014). 
De acordo com a Organização Mundial de Saúde 
(OMS), de 130 milhões de nascimentos que acontecem 
todos os anos, 303 mil estão relacionados à morte da mãe; 
2,6 milhões aos natimortos e os outros 2,7 milhões de 
recém-nascidos morrem nos primeiros 28 dias após o 
nascimento (WHO, 2015). 
Entre os anos 2000 e 2015, mais de 1,5 milhões de 
mortes maternas teriam sido evitadas, porém apesar do 
progresso alcançado, a mortalidade materna continua sendo 
inaceitavelmente alta com cerca de 280 mil mortes 
144 
 
maternas em todo o mundo a cada ano (WHO, 2014; 
GAFFEY et al., 2015). 
Para uma assistência materna segura e de qualidade, é 
necessário o desenvolvimento de uma cultura de segurança. 
Conforme o Ministério da Saúde, segurança do paciente é 
definida como a redução, a um mínimo aceitável, do risco 
de dano desnecessário associado ao cuidado de saúde 
(BRASIL, 2013). Já cultura de segurança, para a Health and 
Safety Comission (HSC), configura-se como um conjunto 
de comportamentos, atitudes, percepções, crenças e valores 
de profissionais de uma organização de saúde que 
oportuniza a identificação e o aprendizado a partir dos 
erros, determinando o empenho, o compromisso, o estilo e 
a competência da administração de uma determinada 
organização (HSC, 1993). Pode ser, ainda, o produto 
individual ou coletivo, de valores, de atitudes, percepções, 
competências e padrões de comportamentos que 
determinam o compromisso, o estilo e a competência de 
uma organização de saúde na promoção de segurança 
(SAMMER et al., 2010). 
Com uma cultura de segurança positiva, os resultados 
surgem naturalmente, pois gestores e profissionais 
enxergam o erro como oportunidade de melhoria e não 
como fracasso que merece ser penalizado. 
Diante da importância da implementação e 
manutenção de uma cultura de segurança nas maternidades 
e assistência obstétrica, surgiu o seguinte questionamento: 
existem cultura de segurança e implementação de boas 
práticas nas maternidades brasileiras? 
Devido a preocupação com as boas práticas na 
maternidade e o elevado número de mortes evitáveis de 
145 
 
mulheres, se faz necessário conhecer a cultura de segurança 
das maternidades, bem como se boas práticas estão sendo 
implementadas a fim de evitar erros e danos e garantir uma 
assistência de qualidade e segura. 
Acredita-se que esse estudo proporcionará subsídios 
para avaliação e ciência acerca da cultura de segurança nas 
maternidades e servirá de reflexão para o desenvolvimento 
de estratégias com vistas a uma assistência efetiva, além da 
diminuição da morbimortalidade materna e perinatal nas 
maternidades. 
Ante o exposto, teve-se como objetivo descrever as 
evidências disponíveis acerca da cultura de segurança e as 
boas práticas nas maternidades brasileiras, segundo a 
literatura científica. 
MÉTODO 
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura 
seguindo os preceitos de Mendes, Silveira e Galvão (2008), 
quais sejam: identificação do tema e seleção da hipótese ou 
questão de pesquisa; estabelecimento de critérios para 
inclusão e exclusão de estudos, amostragem ou busca na 
literatura; definição das informações a serem extraídas dos 
estudos selecionados/categorização dos estudos; avaliação 
dos estudos incluídos na revisão integrativa; interpretação 
dos resultados; e apresentação da revisão/síntese do 
conhecimento. 
Inicialmente, foi definido como tema do estudo as 
ações promotoras de segurança nas maternidades, 
considerando a importância da temática na obstetrícia, cuja 
finalidade é melhorar a qualidade da assistência prestada na 
hora do parto e pós-parto. 
146 
 
Assim, surgiu a seguinte questão norteadora do 
estudo: “qual a cultura de segurança das maternidades e que 
ações estão sendo praticadas para garantir a segurança a 
gestantes e ao bebê?”. 
A coleta de dados ocorreu no mês de dezembro de 
2017 por meio de busca nas bases de dados eletrônicas: 
Scientific Electronic Library Online (SCIELO); Base de 
Dados da Enfermagem (BDENF) e Literatura Latino-
Americana em Ciências da Saúde (LILACS). 
Como critérios para inclusão dos artigos, 
estabeleceram-se: artigos disponíveis na íntegra, artigos 
com texto completo e artigos que respondessem a questão 
norteadora. Em relação aos critérios de exclusão, tem-se: 
artigos repetidos nas bases de dados; trabalhos de 
conclusão de curso (monografias, dissertações, teses); 
artigos de revisão e resumos de congressos. 
Utilizaram-se os descritores controlados dos 
Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “segurança do 
paciente”, “enfermagem obstétrica”, “qualidade da 
assistência a saúde”, “humanização da assistência” e 
“enfermagem materno-infantil”. A busca dos artigos foi 
realizada colocando os descritores no campo assunto ou 
descritor de assunto nas bases de dados, utilizando o 
descritor “segurança do paciente” como palavra chave e 
entrecruzando-o em suas diversas possibilidades com os 
outros descritores. 
Após a identificação e seleção dos artigos, conforme 
os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos, foi 
realizada uma leitura pormenorizada de cada um e 
elaborou-se um quadro que auxiliou na coleta das 
informações presentes nos estudos, quais sejam: título, ano, 
147 
 
periódico, país de realização do estudo, objetivo e enfoque 
temático. 
Em seguida, realizou-se uma segunda leitura a fim de 
aprofundar as questões de pesquisa e fazer levantamento 
criterioso das variáveis de interesse de cada artigo, ou seja, 
as principais ideias-chave as quais foram dispostas nas 
seguintes variáveis: erros/eventos adversos, cultura de 
segurança na maternidade, ações para segurança do 
paciente e cuidados de enfermagem. 
Buscou-se em cada estudo identificar e estudar as 
variáveis e construir um texto revisando todo o escopo de 
questões envolvidas na cultura de segurança nas 
maternidades e as ações de segurança. 
Assim, os artigos foram analisados quanto ao nível de 
evidência, principais achados e a sua resposta às variáveis 
selecionadas para a revisão. Tais achados foram 
apresentados nas seguintes categorias temáticas: Cultura de 
Segurança na maternidade e Ações e ferramentas adotadas 
para garantir a segurança da gestante e do bebê e para 
prevenção de erros e eventos adversos. 
Esta etapa corresponde à fase de discussão dos 
principais resultados, na qual o pesquisador realiza a 
comparação dos estudoscom o conhecimento teórico, a 
identificação de conclusões e implicações resultantes da 
revisão integrativa. É possível identificar fatores que afetam 
a política e os cuidados de enfermagem (prática clínica). 
Permite assim que o revisor aponte sugestões pertinentes 
para a melhoria da assistência à saúde (MENDES; 
SILVEIRA; GALVÃO, 2008). 
Portanto esta etapa proporcionou a resposta da 
questão norteadora e também levou a observação de erros 
148 
 
e condutas da equipe de enfermagem que são passíveis de 
modificação na prática clínica. 
O estudo foi organizado em etapas delineadas o que 
facilitou a compreensão dos passos seguidos a fim de obter 
uma síntese do conhecimento confiável, de modo a suscitar 
reflexões que podem proporcionar mudanças na prática 
clínica. Os resultados são apresentados de maneira 
confrontável e discursiva, possibilitando ao leitor a 
avaliação da finalidade deste estudo, absorvendo os 
aspectos positivos, atingindo assim o objetivo deste estudo. 
No tópico a seguir, apresenta-se a revisão integrativa na 
íntegra. 
APRESENTAÇÃO DA REVISÃO / SÍNTESE DO 
CONHECIMENTO 
Compuseram essa revisão 20 artigos selecionados 
após busca e leitura minuciosas, sendo os resultados 
apresentados em categorias temáticas discursivas. O 
procedimento de levantamento dos artigos nas bases de 
dados pode ser visualizado na Figura 1 por meio do 
Preferred ReportingItems for Systematic Reviewsand Meta-Analyses 
(PRISMA). 
149 
 
Figura 1. Preferred ReportingItems for Systematic Reviewsand 
Meta-Analyses (PRISMA) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
T
R
IA
G
E
M
 
Publicações após 
retirada de 
duplicidades (n=450) 
E
LE
G
IB
IL
ID
A
D
E
 
Artigos avaliados na 
íntegra (n=100) 
Artigos com texto completo 
excluídos (n=80) 
• Mesmo previamente selecionado, após a 
leitura identificou-se que o estudo foi 
realizado em outras áreas (fora da 
maternidade) (n=80) 
IN
C
LU
ÍD
O
S
 
Artigos incluídos na 
revisão (n=20) 
ID
E
N
T
IF
IC
A
Ç
Ã
O
 
Artigos identificados 
por meio de pesquisa 
nas bases de dados 
(n=500) 
Publicações excluídas após leitura 
dos resumos (n=350) 
• Publicações excluídas por não 
atenderem aos critérios 
estabelecidos ou não responderem 
à questão norteadora (n=180); 
• Revisão integrativa (n=30); 
• Artigo não localizado na íntegra 
(n=50); 
• Teses/Dissertações/Monografias 
(n=90). 
150 
 
Houve um incremento nas publicações a partir de 
2014, após a divulgação e publicação da Resolução da 
Diretoria Colegiada (RDC) no 36 de25/07/2013 que institui 
ações de segurança do paciente em serviços de saúde. 
O ano de publicação dos artigos situou-se entre 2006 
e 2018, demonstrando que esta é uma temática que obtém 
atenção dos estudiosos há algum tempo. Contudo, os anos 
de 2015 e 2016 foram os que concentraram maior número 
de estudos o que pode estar relacionado ao fato do 
Programa Nacional de Segurança do Paciente ser instituído 
no Brasil em 2013 (BRASIL, 2013) o que impulsionou as 
pesquisas na área. Salienta-se que não foi estabelecido 
critério de tempo para a presente pesquisa, com vistas a 
obter maior amostra de artigos possíveis. 
Os estudos foram publicados em periódicos de 
ampla circulação e de elevado impacto para a área de 
Enfermagem com qualis A1(02 artigo), A2 (08 publicações), 
B1 (06 artigos) e B2 (04 artigos). 
De acordo com o nível de evidência, os artigos foram 
classificados como nível de evidência 6, pois todos os 
artigos tratam de estudos descritivos e exploratórios, sendo 
14 quantitativos e 6 qualitativos, conforme classificação 
proposta por Melnyk e Fineout-Overholt (2005), a saber: 
Nível 6 - evidências derivadas de um único estudo 
descritivo ou qualitativo. Ressalta-se a importância da 
realização de estudos com desenho metodológico que 
favoreçam maior nível de evidência, como os ensaios 
clínicos randomizados. 
A seguir, são apresentados os achados da revisão 
segundo as variáveis de interesse em categorias temáticas. 
151 
 
CATEGORIA 1 - CULTURA DE SEGURANÇA NA 
MATERNIDADE 
As atitudes identificadas nos artigos para garantir 
uma assistência de qualidade e promover uma cultura de 
segurança foram: auxílio do gestor, trabalho em equipe, 
comunicação efetiva e constante, notificações dos erros, 
resposta não punitiva em relação ao erro e feedback entre 
gestão e profissionais acerca dos erros. 
O desenvolvimento de uma cultura de segurança é 
um elemento essencial para melhorar a segurança e 
qualidade do atendimento (WEAVER et al., 2013), porém a 
criação e implementação de uma cultura de segurança ainda 
é um desafio para os gestores e pesquisadores (ALVES; 
GUIRARDELLO, 2016). 
O apoio do gestor é importante, contudo, ainda é 
comum os gestores tratarem com superioridade, e de forma 
punitiva e autoritária os profissionais de saúde. Esse tipo de 
relação distância e dificulta a implementação da cultura de 
segurança (SILVA et al, 2016). 
A satisfação no trabalho, a forma como a gestão 
reage diante dos erros e a percepção dos profissionais em 
relação à gestão é considerada indicadores da presença de 
atitudes que favorecem o clima de segurança nas unidades 
de saúde (ALVES; GUIRARDELLO, 2016). 
Atitudes negativas em relação aos profissionais 
podem gerar sentimentos negativos dentro do ambiente de 
trabalho, ocasionando falhas no processo de cuidado. 
Sentimentos como desespero, desconfiança, medo e 
insegurança em relação à gestão demonstram o intenso 
sofrimento vivido pelos trabalhadores e trazem 
152 
 
consequências indesejáveis não só para os pacientes como 
também para os próprios profissionais (PADILHA et al., 
2002). 
O trabalho em equipe é um aspecto fundamental 
para um atendimento de saúde seguro e de qualidade. Gera 
segurança e reduz o número de erros e seu potencial para a 
gravidade da situação. É importante lembrar que, em 
relação aos erros, deve-se refletir sobre o assunto e 
procurar sempre a resolução para o problema (FRAGATA, 
2010). 
Problemas de comunicação prejudicam, 
sobremaneira, a segurança do paciente e o trabalho em 
equipe. A falta de comunicação leva à culpabilização, o que 
favorece o desgaste emocional, atrasos na administração de 
medicações ou na insegurança de falar sobre a realização de 
algum procedimento. Isso gera sérios problemas e gastos 
evitáveis para as instituições hospitalares (SILVA et al., 
2007). 
O preenchimento das notificações dos erros/eventos 
adversos ainda é frequentemente não realizado pelos 
profissionais de saúde. Porém, é fundamental a utilização 
dessa ferramenta de gestão, visto que se configura como 
uma forma de avaliação e monitoramento dos processos e 
serviços (SORRA; DYER, 2010). 
Os eventos adversos estão sendo utilizados como 
importantes indicadores em relação à qualidade dos 
serviços e da assistência prestada. Embora esse não seja o 
esperado, esses eventos são observados frequentemente na 
prática durante a assistência (PELLICIOTTI; KIMURA, 
2010). 
153 
 
Dentre as principais dificuldades para as notificações 
está o medo de punições e ausência de feedback da gestão 
em relação ao erro, o que leva os profissionais 
considerarem-na inútil. As respostas punitivas também são 
um fator que contribui para a não notificação de incidentes 
o que acarreta na negligência de informações sobre os 
erros, limitando a análise dos mesmos e consequentemente, 
a implementação de medidas corretivas (SORRA; DYER, 
2010). 
Ademais, os profissionais preocupam-se com a 
possibilidade dos erros cometidos ficarem registrados no 
seu processo pessoal (SILVA et al., 2016). Em uma cultura 
de segurança justa, isso não deve existir, pois o uso correto 
das notificações irá garantir um meio de comunicação 
prático em prol da construção e reflexão de dados e 
indicadores, permitindo, assim, a efetivação de mudanças 
necessárias e favoráveis para assistência de saúde segura e 
de qualidade (PAIVA et al., 2010). 
Esse medo crescente no ambiente de trabalho acaba 
prejudicandoa implantação de uma cultura de segurança e 
vale lembrar que é importante a existência de um ambiente 
livre de culpa, até porque a ocorrência de erros é uma 
condição humana. Cada pessoa, independente da profissão, 
idade, experiência ou aptidão profissional, pode em alguma 
situação da vida cometer um erro. O segredo é reconhecer 
cada incidente, aprender com ele e usar esse conhecimento 
para diminuir a ocorrência de eventos no futuro (PAESE; 
SASSO, 2013). 
Percebe-se na prática a existência de um círculo 
vicioso que precisar ser urgentemente rompido para que as 
práticas sejam analisadas e as estratégias sejam 
implementadas, buscando sempre à melhoria da 
154 
 
comunicação e a garantia de cuidados seguros aos pacientes 
(OLIVEIRA et al., 2014). 
Pensando nos desafios a serem superados, percebe-se 
que ainda há muito o que fazer para promover a cultura de 
segurança no ambiente de trabalho, principalmente nas 
maternidades, onde foi possível observar que a falta de 
comunicação com a gestão é preocupante visto que 
acompanhar a mulher durante um momento tão delicado 
requer atenção e compromisso. Essa cultura irá favorecer 
não só a segurança da gestante, mas também a qualidade 
dos cuidados prestados. 
CATEGORIA 2 - AÇÕES E FERRAMENTAS 
ADOTADAS PARA GARANTIR A SEGURANÇA DA 
GESTANTE E DO BEBÊ E PARA PREVENÇÃO DE 
ERROS E EVENTOS ADVERSOS. 
Uma das ações para garantir a segurança e redução 
dos erros é a identificação do paciente. A identificação é 
destacada como uma das soluções e uma ferramenta de 
grande importância para a assistência segura. Quando 
utilizada da maneira correta, é uma ótima ação para 
prevenir erros ou eventos adversos nos diversos 
atendimentos relacionados ao cuidado (TASE; 
TRONCHIN, 2015). Podemos citar como instrumento na 
identificação do paciente, a pulseira que deve permanecer 
durante toda a permanência da gestante e do bebê na 
maternidade. 
O uso dessa identificação é uma prática de fácil 
implementação, mas para que sejam praticados de forma 
correta os profissionais e os pacientes devem compreender 
sua importância (LATHAM et al., 2012). 
155 
 
Complementando as ações promovidas pelos 
profissionais dentro das maternidades, destaca-se também a 
presença do acompanhante. Em 2001, o Ministério da 
Saúde publicou, o Manual do Parto, Aborto e Puerpério: 
assistência humanizada à mulher. Esse documento destaca 
a qualidade do cuidado à mulher no parto e pós-parto e a 
presença de um acompanhante como suporte emocional 
durante todo o ciclo gravídico-puerperal (BRASIL, 2001). 
O acompanhante transmite suporte emocional, 
conforto e segurança e pode trazer benefícios para a 
mulher (KRUEL; LOPES, 2012). Cabe ressaltar a 
necessidade de educação em saúde a fim de que as 
gestantes obtenham informações importantes, como o 
direito a um acompanhante durante o trabalho de parto. 
Outro aspecto mandatório e que deve ser eliminado é 
o risco de queda, principalmente dos bebês. Para os 
profissionais de enfermagem um dos principais fatores de 
risco para queda de recém-nascido, principalmente no 
alojamento conjunto, é a falta de orientação para as 
mulheres sobre adormecer com a criança no leito 
(MARTINS; MELLO, 2001). 
Como estratégia para evitar as quedas, pode-se 
oferecer um suporte para a mãe descansar, principalmente 
no período noturno. Além de orientar o acompanhante 
para ajudá-la nos cuidados com o RN, garantindo assim 
melhores condições de descanso para a mãe e, assim, 
minimizar o risco de quedas nas maternidades (TORINO et 
al., 2016). 
Importante destacar outro fator risco à saúde da mãe 
e do bebê: o erro de medicações definido como um 
processo evitável, que pode ou não causar danos ao 
156 
 
paciente, seja temporário ou permanente e ocasiona 
prejuízos para a saúde da mãe e do bebê (ROSA; PERINI, 
2003). 
Algumas estratégias para garantir uma prática segura 
na administração de medicamentos incluem o sistema de 
dupla checagem em qualquer parte do processo de 
medicação, a monitorização e avaliação da resposta do 
paciente quanto à terapêutica adotada, tomada de decisão 
rápida relacionada às intercorrências que requerem imediata 
modificação dos medicamentos instalados (BOHOMOL, 
2014). 
E por fim, aponta-se o Check List do Parto Seguro 
como boa prática realizada nas maternidades. O Programa 
de Segurança no Parto da OMS desenvolveu uma lista de 
verificação para apoiar os cuidados essenciais às práticas 
maternas e perinatais por profissionais de saúde que 
atendem os partos em ambiente hospitalar (WHO, 2013). 
A Lista de Verificação aborda as principais causas 
dos óbitos maternos (hemorragias, infecções, parto 
obstruído e problemas de hipertensão) e das mortes 
neonatais (asfixia no parto, infecções e complicações 
relacionadas com a prematuridade do parto). Com foco 
nessas causas e com sua implementação de forma correta, 
consegue-se diminuir as altas taxas de mortalidade (WHO, 
2015). 
Para promover a melhoria do cuidado nas 
maternidades e garantir a segurança é necessário que os 
profissionais tenham sensibilidade, responsabilidade e 
capacitação. Com o apoio de uma gestão focada na 
qualidade do serviço e na segurança do paciente, essa 
mudança nas boas práticas se torna algo concreto, 
157 
 
mudando assim a realidade encontrada hoje no cenário da 
obstetrícia. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Pode-se notar com o presente estudo, depois de 
realizada a análise das evidências científicas, que é comum 
encontrarem nas maternidades erros e eventos adversos, e 
principalmente e igualmente preocupante, a ausência de 
uma cultura de segurança. Foi possível estudar as principais 
falhas e conhecer as estratégias utilizadas na tentativa de 
mudar essa realidade relacionada à saúde. 
A cultura de segurança nas maternidades foi 
evidenciada como algo a ser melhorado e estimulado com 
vistas a atender aos requisitos preconizados pelo Programa 
Nacional de Segurança do Paciente, além de garantir um 
cuidado de excelência livre de erros e danos. Uma cultura 
de segurança favorável deve ser a ação primordial realizada 
pelas instituições de saúde e gestores. 
Por fim, foram identificadas as boas práticas tais 
como: uso de pulseiras para identificação, incentivo à 
presença do acompanhante, ações preventivas relacionadas 
à prevenção de quedas e de erros com medicação, utilização 
do check list do parto seguro, além de otimização da 
comunicação e capacitação contínua. 
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162 
 
163 
 
ERROS DE MEDICAÇÃO EM TERAPIA 
INTENSIVA NEONATAL: PRINCIPAIS TIPOS, 
FATORES CONTRIBUINTES E AÇÕES DE 
MELHORIA 
 
Edgla Graciela Ferreira Moreira de Brito 
 Roberta Meneses Oliveira 
 
 
INTRODUÇÃO 
A unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN) 
constitui-se em um ambiente terapêutico destinado para o 
tratamento de pacientes com até 28 dias de vida, nascidos a 
termo ou prematuros, em situação grave ou com risco de 
morte, necessitando de cuidados intensos e monitorização 
hemodinâmica constante. Trata-se, portanto, de uma 
unidade complexa com características peculiares (COSTA, 
PADILHA, 2011; TAMEZ, SILVA, 2010). 
Para atuar nestas unidades e atender às necessidades 
dessa população, é preciso que os profissionais garantam 
uma observação rigorosa a esses recém-nascidos cujas 
patologias podem ocasionar morte ou sequelas que 
interferirão no seu desenvolvimento (COSTA, PADILHA, 
2011). 
Quando se trata de assistência a recém-nascidos de 
alto risco, são requeridos cuidados específicos, além de 
disponibilidade de recursos, tais como estrutura física em 
conformidade com padrões técnicos, recursos materiais e 
164 
 
equipe capacitada. Porém, outros componentes, como os 
relacionados aos processos de trabalho, interferem no 
produto final do serviço de saúde, afetando sua efetividade 
(BOSI, UCHIMURA, 2007). 
Considerando a complexidade das unidades de 
terapia intensiva neonatais, faz-se necessário o 
desenvolvimento de estudos que abordem a cultura de 
segurança do paciente nessas unidades, uma vez que esse 
ambiente pode oferecer maiores riscos ao neonato, devido 
suas particularidades e a intensa assistência demandada 
(TOMAZONI ET AL., 2014). 
Pensar em segurança do paciente remete ao estudo 
da ocorrência de erros e eventos adversos oriundos da 
assistência prestada. Diante disso, torna-se imperativo 
estabelecer estratégias efetivas para minimizar as 
possibilidades, dentro do processo de trabalho, de 
ocorrência destes incidentes. Portanto, considera-se que a 
presença de eventos adversos em terapia intensiva neonatal 
tem se tornado um importante desafio na assistência aos 
recém-nascidos. No entanto, estudos epidemiológicos que 
abordem este tema ainda são escassos (VENTURA, 
ALVES, MENESES, 2012). 
Em UTIN, a peculiaridade da clientela atendida 
aumenta a suscetibilidade ao erro e a eventos adversos. 
Entre os erros mais comuns está o de medicação, e os seus 
eventos adversos podem ocorrer até oito vezes mais 
frequente quando comparado com os pacientes adultos 
(GRAY, GOLDMANN, 2004). 
Um erro de medicação é definido como uma falha no 
planejamento do processo de fornecimento da terapia 
medicamentosa, em qualquer etapa deste (prescrição, 
165 
 
transcrição, dispensação, administração ou 
acompanhamento uma medicação) (FRAK ET AL., 2011) 
Diante desse contexto, questiona-se: quais os erros 
de medicação mais comuns em UTIN, seus fatores 
contribuintes e resultados para os pacientes? e que ações de 
melhoria tÊm sido propostas e implementadas para reduzir 
a ocorrência de eventos adversos relacionados a medicação 
em Neonatologia? 
Esta pesquisa teve como objetivo identificar os 
principais erros de medicação que ocorrem em UTIN, bem 
como seus fatores contribuintes, os resultados para os 
pacientes e as ações de melhoria utilizadas para minimizá-
los. 
MÉTODO 
Trata-se de revisão integrativa da literatura, que reúne 
achados de estudos desenvolvidos mediante diferentes 
metodologias, permitindo aos revisores sintetizar resultados 
sem ferir a filiação epistemológica dos estudos empíricos 
incluídos. Para que esse processo se concretize de maneira 
lógica, a revisão integrativa requer que os revisores 
procedam à análise e à síntese dos1994). 
A Teoria da Ação Comunicativa é naturalmente 
interparadigmática, visto que os conceitos e pressupostos 
que alicerçam sua base são derivados de correntes 
anteriores, como: fenomenologia, marxismo e 
funcionalismo (PINTO, 1995). Assim, o paradigma que 
orienta esta teoria é o da comunicação, que é 
10 
 
fundamentado nas relações intersubjetivas entre os sujeitos, 
motivados pelo entendimento entre si. Ou seja, é 
imprescindível que os atores comunicativos se expressem 
por meio de uma linguagem natural, e a partir daí se 
reconstruam, sem desconsiderar as interpretações culturais 
que ambos carregam individualmente. 
Habermas considera que toda expressão 
comunicativa envolve uma ação (linguagem) e uma reflexão 
(pensamento), a qual ele traduz como ação comunicativa, 
que significa “uma interação de, no mínimo dois sujeitos, capazes de 
falar e agir, que estabelecem relações interpessoais com o objetivo de 
alcançar uma compreensão sobre a situação em que ocorre a interação 
e sobre os respectivos planos de ação com vistas a coordenar suas ações 
pela via do entendimento” (HABERMAS, 1994). 
Nesta ação, os contextos de subjetividade e 
individualidade são fundamentais. A esta situação, 
denomina-se mundo da vida, que é, portanto aquilo que 
não é expresso por meio da linguagem verbal, mas que 
domina a formação de personalidade do sujeito e gera 
diretamente os modos como este se expressa. O mundo da 
vida é construído a partir dos seguintes componentes 
estruturais: cultura, sociedade e pessoa (HABERMAS, 
1994). 
No contexto da saúde, há que se considerar que a 
linguagem, mesmo com todo esse aspecto subjetivo, 
necessita certa racionalidade, quer dizer, aquele que inicia 
um processo comunicativo, que se pretende a construir 
uma ação comunicativa, deve estar motivado para que o 
outro ator compreenda e reaja a esta ação. Neste sentido, é 
possível compreender que a Teoria da Ação Comunicativa 
possui relação estreita com a perspectiva de cuidado, 
manifestada por uma forma de comunicação em que as 
11 
 
linguagens podem expressar o acolhimento e a interação 
positiva e compreensível. 
A LINGUAGEM COMO FERRAMENTA DE 
COMUNICAÇÃO PARA A PROMOÇÃO DA 
SEGURANÇA DO PACIENTE 
Baseando-se no cuidado pautado na relação 
profissional-paciente através do uso da linguagem, tem-se a 
comunicação como uma ferramenta fundamental para bons 
resultados dos procedimentos e melhora na qualidade de 
vida dos que se encontram sob cuidados, em particular do 
enfermeiro por permanecer maior parte do tempo junto ao 
paciente (OLIVEIRA; SOARES, 2014). 
Estudos mostram que os profissionais de saúde têm 
dificuldades de manter uma comunicação que favoreça o 
trabalho em equipe e, consequentemente, a segurança do 
paciente. Os principais fatores citados são as diferenças 
hierárquicas e conflitos no contexto do trabalho, que têm 
influenciado diretamente no modo como a comunicação se 
estabelece, fazendo com que as categorias profissionais 
atuem em paralelo, em detrimento do trabalho em equipe, 
que tem em sua força na interação e na comunicação entre 
diferentes pessoas com distintas habilidades e 
conhecimentos para a gestão de um problema em comum 
(JOHNSON; KIMSEY, 2012). O silêncio organizacional e 
a dificuldade de os profissionais se expressarem frente aos 
seus colegas de trabalho também tem sido considerado 
uma barreira para a comunicação e o trabalho em equipe 
(NOGUEIRA; RODRIGUES, 2015) . 
Dessa maneira, a existência de algum tipo de 
informação imprecisa ou omissão acerca da doença e do 
12 
 
tratamento poderá resultar em prejuízos diretos para a 
assistência prestada ao paciente. Portanto quando a 
comunicação é empregada de forma eficaz além de 
propiciar segurança ao paciente e um cuidado humanizado, 
ela permitirá identificar as reais e potenciais necessidades 
do cliente e ajudá-lo a enfrentar a situação de doença e de 
hospitalização a que está inserido. 
Para a compreensão da comunicação enfermeiro-
paciente, faz-se necessária, portanto, sua adoção como 
comunicação terapêutica, porque tem a finalidade de 
identificar, atender as necessidades de saúde do paciente e 
contribuir para melhorar a prática de enfermagem ao criar 
oportunidades e despertar nos pacientes a confiança, 
permitindo que eles se sintam satisfeitos e seguros 
(ATIKINSON; MURRAY, 1989). Além disso, faz-se 
necessário o rompimento de um círculo vicioso para que 
processos sejam revistos e estratégias sejam implementadas, 
visando à melhoria da comunicação e à garantia de 
cuidados seguros aos pacientes (OLIVEIRA et al, 2014). 
Nesse contexto, faz-se importante ressaltar o 
conceito de cultura de segurança, o qual é entendido como 
um comportamento individual e organizacional, que busca 
continuamente estabelecer o compromisso com o almejo 
contínuo da minimização dos riscos relacionados à 
assistência e, consequentemente, auxiliar no alcance da 
qualidade dos serviços prestados (BRASIL, 2013). 
Considera-se, portanto, que a comunicação contribui 
para a qualificação da prática de enfermagem e cria 
oportunidade de aprendizagem do paciente, podendo 
despertar sentimentos de confiança, o que o permitirá 
experimentar a sensação de satisfação e segurança nos 
serviços de saúde (OLIVEIRA; SOARES, 2014). Por esse 
13 
 
motivo, a busca pelo atendimento seguro deve ser um 
objetivo incessante, além de um compromisso ético, de 
busca amplamente disseminada nas organizações de saúde. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Foi possível reconhecer a importância que o estudo 
pautado na apropriação filosófica do pensamento e da 
linguagem possui para a compreensão da comunicação 
como ferramenta fundamental para a qualificação e 
segurança do cuidado de enfermagem. 
A Teoria da Ação Comunicativa de J. Habermas, 
proporcionou a percepção de que a comunicação, como 
expressão em forma de linguagem verbal ou não-verbal do 
pensamento humano, só é desenvolvida com a 
disponibilidade de compreensão e atenção mútua dos 
sujeitos implicados nesse contexto. 
Acredita-se, portanto, que a apropriação das teorias 
contribuirá para o ensino, pesquisa e melhoria da prática 
profissional da enfermagem e segurança do paciente 
pautado na compreensão de um processo comunicativo 
assertivo e compreensivo no âmbito da saúde, e mais 
especificamente na relação enfermeiro-paciente e 
enfermeiro-equipe. 
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636-640, 2015. 
OLIVEIRA, A. M.; SOARES, E. A Comunicação como 
Importante Ferramenta nas Orientações em uma Unidade 
de Hemodiálise: umdados primários de 
forma sistemática e rigorosa. Este rigor refere-se a: 
definição clara de problemas e hipóteses; critérios de 
seleção dos estudos; análise dos estudos selecionados, 
envolvendo dois revisores independentes; e apresentação 
detalhada dos resultados da análise, se possível em tabelas e 
quadros-síntese (SOARES ET AL., 2014). 
As etapas da revisão integrativa contemplaram: 
amostra, estratégias de busca, critérios de inclusão e 
exclusão, avaliação das publicações selecionadas, análise das 
166 
 
publicações incluídas na revisão para produção de 
resultados originais. 
Para compor a amostra do estudo, foi realizada uma 
busca de manuscritos sobre erros de medicação em UTIN, 
em periódicos indexados nas seguintes bases de dados: 
LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em 
Ciências da Saúde), SciELO (Scientific Electronic Library 
Online), PubMed (USA National Library of Medicine), 
BDENF (Base de Dados de Enfermagem) e CINAHL 
(Cumulative Index to Nursing and Allied Health 
Literature). Esta busca dos artigos se deu no período de 
abril a agosto de 2016. 
Como estratégias de busca, foram utilizados 
descritores de assunto cadastrados nos Descritores em 
Ciências da Saúde (DeCS) e no Medical Subject Heading 
(MeSH): Erros de medicação (Medication errors); Unidade 
de Terapia Intensiva Neonatal (Intensive care unit, 
neonatal); Cuidado Intensivo Neonatal (Intensive care, 
neonatal); Recém-nascido (Infant, newborn). 
O descritor-chave (erros de medicação) foi 
combinado com os demais descritores por meio do 
operador booleano “AND”, nos campos título, assunto e 
resumo. 
Como critérios de inclusão, foram adotados: artigos 
originais disponíveis integralmente de forma gratuita; 
publicação em português, inglês ou espanhol; cujo tema 
central abordasse o erro de medicação em UTIN; sem 
delimitação de período de publicação. Como critérios de 
exclusão, aqueles artigos que se repetiam entre as bases 
(duplicidades) e os estudos de reflexão teórica, editoriais, 
revisão, dissertações e teses. 
167 
 
Para avaliação das publicações selecionadas, os 
estudos foram submetidos a uma leitura exaustiva e 
compreensiva. Em seguida, informações relevantes foram 
extraídas para elaborar os resultados. Elaborou-se, para 
tanto, um instrumento de coleta de dados com o intuito de 
reunir as seguintes variáveis da publicação: Título, Ano de 
publicação, periódico, Autores e local do estudo. Também 
foram contempladas as variáveis de interesse da revisão 
integrativa: Tipos de erros de medicação em unidades de 
terapia intensiva neonatal, fatores contribuintes, resultados 
para o paciente e ações de melhoria implementadas para 
redução/mitigação do dano. Estes dados foram 
apresentados em quadro síntese, para melhor visualização e 
interpretação dos resultados. 
Finalmente, para a análise das publicações incluídas 
na revisão para produção de resultados originais, os estudos 
foram distribuídos em categorias de acordo com as 
variáveis de interesse: Categoria 1. Erros de medicação em 
unidades de terapia intensiva neonatal: principais tipos e 
fatores contribuintes; Categoria 2. Resultados para os 
pacientes: o impacto do erro de medicação para a saúde do 
recém-nascido em unidades de terapia intensiva neonatal; e 
Categoria 3. Ações de melhoria e boas práticas para a 
prevenção de eventos adversos relacionados a 
medicamentos em unidades de terapia intensiva neonatal. 
RESULTADOS 
Foram incluídos, na amostra, 27 artigos dos 689 
artigos encontrados. Constatou-se que a maioria (92,5%) 
dos artigos foi publicada em periódicos estrangeiros, sendo 
a maior parte dos Estados Unidos da América (44,4%). 
168 
 
Em relação ao ano de publicação dos artigos, 
verificou-se que os estudos inseridos nesta revisão foram 
publicados no período de 1989 a 2015, com um 
quantitativo expressivo de manuscritos sobre o tema no 
período de 2008 a 2015 (19 artigos). Este resultado 
demonstra que os estudos sobre erro de medicação em 
unidades de terapia intensiva neonatal vêm crescendo, 
coincidindo com o avanço das pesquisas sobre segurança 
do paciente. 
Os estudos abordaram, em sua maioria, os principais 
erros de medicação que acontecem em nessas unidades 
(59,26%) e as estratégias desenvolvidas para minimizar 
eventos adversos relacionados a medicamentos (40,74%). 
Os tipos de erros de medicação que ocorrem em 
unidades de terapia intensiva neonatal, bem como seus 
fatores contribuintes, estão sintetizados na Figura 1. 
169 
 
ERROS DE MEDICAÇÃO EM TERAPIA INTENSIVA 
NEONATAL 
FATORES 
CONTRIBUINTES 
PRINCIPAIS TIPOS 
Individuais/interpessoais 
• Déficit de desempenho; 
• Transcrição incorreta; 
• Estresse; 
• Sobrecarga de trabalho; 
• Dificuldade em realizar 
diluições manuais com 
dispositivos inadequados; 
• Inexperiência; 
• Não seguimento de política 
/protocolos; 
• Falhas de comunicação; 
• Distração; 
• Trabalho em equipe falho. 
 
Organizacionais 
• Falha na entrada de pedidos 
na farmácia; 
• Grande volume de receitas/ 
prescrições por dia; 
• Dimensionamento de pessoal 
inadequado; 
• Rotulagem inadequada. 
Outros 
• Várias etapas no processo de 
preparação da medicação/uso 
de volumes pequenos; 
• Variação do peso dos recém-
nascidos. 
Prescrição 
• Dose incorreta (2, 4, 11, 12, 
18, 22, 23, 24); 
• Transcrição incorreta (4, 5, 
20); 
• Ausência/especificação 
incorreta da via de 
administração (4, 11); 
• Escolha incorreta do 
medicamento (24) 
• Droga requisitada incorreta 
(17) 
• Não determinado (20) 
Administração 
• Dose incorreta (3, 5, 7, 14, 15, 
17, 19, 21, 27); 
• Ausência/erro do intervalo 
de dose (2, 3, 14, 18) 
• Hora errada (6, 9, 19, 27) 
• Via incorreta (2, 9, 21); 
• Programação incorreta das 
bombas de infusão / tempo 
de administração (7, 14) 
• Droga errada (21) 
• Não determinado (10, 18, 20, 
26) 
Distribuição 
(5, 17,19, 20, 27) 
Preparo 
(10, 13, 14, 16, 19) 
Omissão 
(5, 19, 21) 
 
Figura 1 – Tipos de erro de medicação em terapia intensiva 
neonatal e seus fatores contribuintes segundo os artigos 
analisados na revisão. Fortaleza, CE, 2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
170 
 
DISCUSSÃO 
Verificou-se que a maioria dos estudos abordou os 
tipos de erro de medicação mais comuns em unidades de 
terapia intensiva neonatal, havendo maior referência aos 
erros de prescrição relacionados ao cálculo de doses e aos 
erros de administração relacionados a horários e vias. 
Outros tipos de erros foram relatados com menor 
frequência, como erro de preparação, escolha da droga, 
erro de dispensação, tempo de infusão e erro de omissão. 
No que diz respeito aos fatores contribuintes, foram 
apontados fatores humanos e sistêmicos, principalmente 
envolvendo a complexidade do processo da terapia 
medicamentosa, a inexperiência dos profissionais, a falha na 
entrada do pedido médico na farmácia, a sobrecarga de 
trabalho e a rápida variação de peso dos recém-nascidos. 
No que se refere aos resultados para os pacientes, os 
estudos mostraram que em muitos casos não há dano 
grave, mas houve referência a danos no tecido local, 
hiperglicemia e hipoglicemia, depressão respiratória, perda 
de central venoso cateter, intoxicação por drogas, aumento 
da monitorização, tratamento específico ou outras 
intervenções, aumento do risco de depressão respiratória, 
óbito dentre outros. 
Quanto às ações de melhorias a serem 
implementadas, consideradas as boas práticas para a 
segurança da administração de medicamentos em unidades 
de terapia intensiva neonatal, foram citadas diferentes 
medidas, com ênfase nas intervenções educativas, no bom 
uso das inovações tecnológicas, no feedback de 
desempenho e na padronização das ações, visando à 
redução da oportunidade de erros. 
171 
 
A seguir, os resultados dos estudos encontram-se 
apresentados em categorias temáticas, em que foi possível 
aprofundar estes achados e tecer inferências relacionadas às 
variáveis de interesse da revisão,na busca de se responder 
às questões norteadoras. 
CATEGORIA 1. ERROS DE MEDICAÇÃO EM UNIDADES 
DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL: PRINCIPAIS TIPOS 
E FATORES CONTRIBUINTES 
Em alguns estudos relacionados a eventos adversos 
que envolvem medicações, pesquisadores têm procurado 
apontar causas e fatores relacionados com o acontecimento 
do erro de medicação, bem como características dos 
incidentes para melhor atuação. 
A possibilidade de erro está sempre presente na 
prática dos profissionais de saúde. Em unidades de terapia 
intensiva neonatal, os erros não são apenas mais frequentes, 
mas também potencialmente mais graves do que os que 
acontecem em unidades de pediatria (VILLEGAS et al., 
2006; SERRA et al., 2012). 
Embora os erros que envolvem medicamentos sejam 
potencialmente perigosos, a maioria não resulta em danos 
para a saúde do paciente de unidade de terapia intensiva 
neonatal (CAMPINO et al., 2008; STAVROUDIS et al., 
2010). 
Entre os erros que eventualmente ocorrem em 
unidades de terapia intensiva neonatal, os que envolvem 
medicação são os mais frequentes (STAVROUDIS et al., 
2010; RAJA et al., 2009). Um estudo apontou que o erro 
medicamentoso foi o mais comum registrado, com uma 
taxa de 84,2% (LERNER et al., 2008). 
172 
 
 Existem muitos processos de cuidados de saúde para 
serem analisados a fim de melhorar a segurança do 
paciente, porém a gestão de medicamentos devem ser 
destacadas devido à sua complexidade (CAMPINO et al.., 
2008). Os pacientes neonatos requerem uma atenção 
especial devido à sua grande vulnerabilidade aos efeitos 
adversos de erros de medicação, devido seu metabolismo e 
excreção de drogas serem relativamente menos eficientes, 
em comparação com adultos (RAJA et al., 2009). 
O processo para fornecimento da terapia de drogas 
para um paciente neonato é complexo, envolvendo várias 
etapas e vários profissionais. Por isto proporciona 
múltiplas oportunidades para o surgimento de um erro em 
qualquer etapa desde a prescrição de uma medicação até 
sua administração podendo ocasionar um dano significativo 
(LUCAS, 2004; CHEDOE et al., 2012). 
A prescrição é a fase na qual os erros de medicação 
são mais frequentes (PALLAS,2008) .Um estudo mostrou 
que o erro de prescrição foi encontrado em quase 50% das 
prescrições de medicamentos intravenosos (SERRA et al., 
2012). Também foi encontrado que a maioria dos erros 
estava relacionada com a dosagem (SULLIVAN et al., 
2013). 
A etapa de cálculo de dose, em unidades neonatais, é 
apontada como aquela em que o erro é propício, pois 
cálculos tem que ser realizados repetidamente para que a 
dose ideal para cada recém-nascido seja alcançada 
(PALLAS, 2008). Além disso, a dose tem que ser 
individualizada com base na idade gestacional, idade, peso, 
com ou sem área de superfície corporal, considerando que 
alterações no peso e comprimento, maturação do sistema 
enzimático e da função renal requerem frequentes 
173 
 
adaptação da administração e da dose de medicamentos 
(CHEDOE et al., 2012). 
Outra etapa que foi identificada como pasível de erro 
é a de preparação do medicamento, por envolver vários 
procedimentos (AGUADO et al., 2013). 
Um fator de risco apresentado nos estudos foi a 
idade gestacional, que seria inversamente proporcional ao 
risco de erro, ou seja, número de erros foi 
significativamente maior em prematuros (LERNER et al., 
2008; MACHADO et al.,2015). Em contrapartida, outra 
pesquisa mostrou que não havia nenhuma associação entre 
idade e erros de medicação que resultaram em dano 
(STAVROUDIS et al., 2010). O peso ao nascer não 
demonstrou ter relação com o erro de medicação (HORRI 
et al., 2014). 
Outro fator contribuinte diz respeito aos 
medicamentos potencialmente perigosos. Um estudo 
revelou que os recém-nascidos tratados com opióides 
tiveram o risco de um evento adverso evitável bem maior 
que os outros pacientes (FRAK et al., 2011). Também foi 
apontado como fator de risco a quantidade de intervenções 
a que o neonato está exposto, pois a ocorrência de erros foi 
significativamente menor no momento da alta hospitalar, 
em comparação com o primeiro dos três momentos de 
internação (MACHADO et al., 2015). 
Alguns fatores que interferem na precisão do 
processo, favorecendo o erro, são apontados nas pesquisas 
como a falta de material apropriado e apresentações 
farmacêuticas para dosagens neonatais (CAMPINO ET 
AL., 2012). Grande parte dos medicamentos utilizados em 
recém-nascidos estão disponíveis em dosagens e unidades 
174 
 
adequadas apenas para crianças e adultos. Devido a isto, é 
necessário que vários cálculos sejam realizados, gerando um 
potencial para erros (JAIN, BASU, PARMAR; 2009). 
Uma pesquisa apontou como a causa mais frequente 
do erro a falha humana. Entre estes fatores humanos, o 
déficit de desempenho e o erro de transcrição foram as 
causas mais comumente citadas. O estresse e alta carga de 
trabalho foi a causa menos citada (STAVROUDIS et al., 
2010). 
Outros fatores estão associados a falhas no processo 
de uso de medicamentos, em que nunca devem ser 
considerados como erro humano e nem atribuídos a 
responsabilidade a alguém, mas analisar suas causas para 
evitar erros repetidos (VILLEGAS et al., 2006). 
Também são reconhecidos como pontos fracos do 
processo a falta de comunicação ou falta de 
reconhecimento da importância de todos os profissionais, 
desde o médico, enfermeiros e auxiliares envolvidos no 
processo de medicação (CAMPINO et al., 2012). 
Diante do exposto, podemos inferir que todo o 
processo de medicação, considerando cada uma de suas 
etapas, está predisposto a erros e a eventos adversos que 
podem gerar danos irreversíveis à saúde dos neonatos. 
Desse modo, a equipe de saúde atuante nessas unidades 
deve estar preparada para trabalhar os riscos inerentes a 
esse processo, melhorar a comunicação em cada etapa e 
fortalecer o trabalho em equipe. Assim, poderão minimizar 
as falhas e os erros resultantes da interação ineficaz entre os 
profissionais. 
175 
 
CATEGORIA 2. RESULTADOS PARA OS PACIENTES: 
O IMPACTO DO ERRO DE MEDICAÇÃO PARA A 
SAÚDE DO RECÉM-NASCIDO EM UNIDADES DE 
TERAPIA INTENSIVA NEONATAL 
Devido à maior fragilidade do organismo dos 
neonatos, erros de medicação podem causar sérios danos 
para sua saúde. Entretanto, mesmo que os erros que 
envolvem medicamentos sejam potencialmente perigosos, a 
maioria não resulta em danos para a saúde dos paciente de 
unidades de terapia intensiva neonatal (CAMPINO et al., 
2012; STAVROUDIS et al., 2010; SIMPSON et al., 2004) 
Em vários estudos não foram identificados danos 
visíveis à saúde dos recém-nascidos. Porém, alguns autores 
revelam os estes erros podem resultar em morbidade, 
mortalidade, maior monitoramento, aumento de custos e 
permanência hospitalar, além dos prejuízos para a família 
(RAJA et al., 2009; LERNER et al., 2008). 
Um estudo apontou que 72% dos erros reais não 
resultaram em danos ao paciente, 4% dos erros reais 
resultou em prejuízo permanente, necessitando de 
intervenção para sustentar a vida ou morte do paciente. 
Uma pequena proporção de todos os erros prejudiciais 
resultou em fatalidade (0,4%). Na maioria dos pacientes, o 
monitoramento ou a hospitalização aumentaram (40,9%), 
em 31,8% a terapia medicamentosa precisou ser modificada 
ou iniciada, em 21,8% os testes diagnóstico aumentaram e 
em 1,3% dos casos houve compromisso das vias 
respiratórias ou necessidade de reanimação 
(STAVROUDIS et al., 2010). 
Foi ressaltado que erros que envolvem narcóticos 
em recém-nascidos podem causar depressão respiratória e 
176 
 
neurológica levando a uma intubação e ventilação mecânica 
de urgência (SULLIVAN et al., 2013). Outra pesquisa 
apresentou apenas danos no tecido local que não exigiu 
qualquer tratamento adicional, casos de hiperglicemia e de 
hipoglicemia (RAJU et al., 2004). 
Percebe-se que embora existam casos em que não há 
prejuízo para a saúde do paciente, em outro casos podem 
ocorrer danos irreverssíveis comoaté mesmo a morte. 
Portanto, os profissionais de saúde devem identificar as 
fragilidades do serviço oferecido para que o objetivo da 
assistência de saúde seja alcançado com sucesso. 
CATEGORIA 3. AÇÕES DE MELHORIA E BOAS 
PRÁTICAS PARA A PREVENÇÃO DE EVENTOS 
ADVERSOS RELACIONADOS A MEDICAMENTOS 
EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA 
NEONATAL 
Em virtude da grande preocupação com a segurança 
do paciente, se faz necessário adotar medidas para melhorar 
a qualidade da assistência. Em especial, no caso de erro de 
medicação em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal, 
devido à maior vulnerabilidade dos recém-nascidos. 
A estratégia adotada para alcançar uma assistência de 
melhor qualidade, com base na segurança do paciente, não 
pode ter a cultura da busca pelo culpado, mas entender os 
erros como falhas no sistema pediatria (VILLEGAS et al., 
2006) . O foco principal das ações deve ser a melhoria do 
sistema, na tentativa de eliminar a possibilidade de 
acontecer erro humano (LUCAS, 2014). 
Em primeiro lugar, sabe-se que o reconhecimento 
dos erros é uma ferramenta fundamental para a sua 
177 
 
prevenção. É importante que os profissionais tenham 
consciência das suas próprias falhas e que aprendam com 
os próprios os erros e os dos outros. Maior conscientização 
do erro é uma importante ferramenta de prevenção 
(SIMPSON et al., 2004). 
O acompanhamento de incidente crítico é uma 
medida cada vez mais utilizada como ferramenta para 
melhorar a qualidade dos cuidados de saúde. Sabe-se que a 
comunicação em sistemas de notificação tem um grande 
potencial para melhorar a segurança do paciente (SURESH 
et al.,2004). Porém, as notificações de erros nem sempre 
são realizadas. Logo, é provável que o frequência de erros 
seja muito maior do que as taxas apresentadas nos estudos 
(RAJU et al.,1989). 
Para que haja colaboração dos profissionais de saúde, 
o monitoramento de incidentes deve ter um caráter 
incentivador e não punitivo, mostrando que o objetivo da 
estratégia é identificar a causa do erro para melhorar o 
processo envolvido (FREY et al., 2002). Sistemas de 
notificação voluntários e anônimos, baseados na Internet, 
para erros médicos na unidade de terapia intensiva neonatal 
tem sido desenvolvido por algus estudiosos (SURESH et 
al., 2004). 
Informações sobre os erros podem contribuir para 
aumentar a consciência de que eles existem e precisam ser 
eliminados para que seja oferecida uma assistência livre de 
danos. A discussão dos erros relatados colaboram para o 
aprendizado da equipe multidisciplinar (SURESH et al., 
2004). 
A gestão da medicação deve receber atenção especial 
devido à sua complexidade e por envolver muitas etapas 
178 
 
desde prescrição à administração. No caso de incidentes 
que envolvem medicação, a melhoria deve ser feita 
pricipalmete através de alterações no sistema (CAMPINO 
et al., 2008; FREY et al.,2002). 
As intervenções educativas para a equipe 
multiprofissional, reforçando procedimentos operacionais 
padrão e monitoramento periódico, tem apresentado bons 
resultados. Em um estudo, a taxa de erro de administração 
de medicação foi reduzida em 50% (RAJA et al.,2009). Tais 
intervenções são reconhecidas como uma estratégia simples 
e de baixo custo, que produziram uma redução significativa 
da taxa de erro de prescrição de 20,7 para 3% (CAMPINO 
ET AL.,2008). 
Outro autor relata que a intervenção educativa 
contribui para uma redução significativa do erro de 
medicação, mas ainda insuficiente, sendo necessário adotar 
outras medidas para alcaçar o nível de segurança da 
medicação desejado ( TAYLOR et al.,2008) 
As estratégias educativas complementam as 
inovações tecnológicas para que haja sucesso. Nenhuma 
das práticas isoladas são eficazes. Em sistemas de gestão da 
medicação ou em qualquer outro processo de saúde, 
afetando a segurança do paciente, é necessário não apenas 
novas tecnologias, mas principalmente contínuas medidas 
educativas para modificação de comportamento de todos 
os profissionais de saúde envolvidos (CAMPINO et al., 
2008). 
As intervenções educativas, quando associadas com 
inovações tecnológicas, pareceram ter bons resultados. 
Como foi o caso do sistema de cálculo automático de dose, 
179 
 
onde a taxa de prescrições incorretas diminuíu de 39,5% 
antes da intervenção para 11,9% (PALLAS, 2008). 
Outra tecnologia mostrada em vários estudos foi o 
Sistema Computadorizado de Entrada de Ordens médicas 
na farmácia, pois a entrada de pedidos farmacêuticos foi 
identificada como um dos fatores que contribuem para a 
erros de medicação na unidade de terapia intensiva neonatal 
(LUCAS.,2004). 
O referido sistema garante padronização, legibilidade 
e prescrições completas no formato padrão (CORDERO et 
al., 2004). Estudos apresentam resultados que indicam que 
sua introdução em uma unidades de terapia intensiva 
neonatal obteve uma redução significativa nos desvios de 
administração de medicação (19,8% -11,6%) (TAYLOR et 
al., 2008) Erros de cálculo de dose foram eliminados em 
sua totalidade, apoiando a ideia de que o sistema pode 
reduzir os erros de administração da dose de medicação. 
Foi demonstrado que este sistema diminui o tempo de 
resposta e melhora as práticas para a seguraça da prescrição 
de medicação em unidades de terapia intensiva neonatal 
(CORDERO et al., 2004). 
Entretanto, existem alertas de que o sistema 
computadorizado de entrada de ordens médicas na 
farmácia tem um impacto limitado nos seus resultados, 
pois, mesmo havendo redução, as taxas de erros ainda 
permanecem altas como as relatadas na literatura 
(SULLIVAN et al., 2013). 
Outra tecnologia descrita na literatura foi o Sistema 
de administração de medicação assistido por código de 
barras, que é uma ferramenta utilizada para ajudar a 
organizar o fluxo de trabalho. A implementação do código 
180 
 
de barras em uma unidade de terapia intensiva neonatal 
reduziu significativamente o risco de eventos adversos 
preveníveis em 47% (MORRISS et al., 2009). Outro autor 
mostra resultados semelhantes decorrentes do sistema de 
código de barras, que, em seu estudo, comprovou que o 
risco de um evento adverso pode ser reduzido em cerca de 
50% (FRAK et al., 2011). 
Uma outra estratégia alternativa que vale a pena 
explorar na prevenção de erros é o uso de feedback de 
desempenho para auxiliar os médicos a prescreverem mais 
cuidadosamente, informando-os sobre erros cometidos e 
como evitá-los, envolvendo-os nos esforços da equipe para 
reduzir erros de prescrição. O programa de feedback de 
erro de prescrição obteve sucesso na sua implementação, 
permitindo que os prescritores identificassem as sua 
vulnerabilidades no processo de prescrição, resultando em 
mudanças. Os erros de prescrição foram reduzidos em 83% 
após o início do programa, aumentando o número de dias 
entre erros de 3,94 para 22,63 dias (SULLIVAN et al., 
2013). 
A disponibilidade de um farmacêutico clínico na 
unidade de terapia intensiva neonatal também foi mostrada 
como uma meneira eficaz na redução dos erros de 
medicação através da conferência das doses prescritas e da 
orientação para os outros membros da equipe(27,31). 
(SIMPSON et al., 2004; CORDERO et al., 2004). 
A tomada de decisão diante dos incidentes é 
fundamental para a melhoria dos cuidados de saúde. Foi 
ressaltado que, nas complicações mais raras da terapia 
medicamentosa, toda a equipe tem conhecimento e ações 
preventivas são tomadas imediatamente, porém, no caso de 
incidentes menores, estes não são reconhecidos pela 
181 
 
equipe. Porém, ficou claro que são estes incidentes que nos 
permitem detectar falhas do sistema e, assim, apresentar 
oportunidades de melhorar a qualidade da terapia 
medicamentosa (FREY et al., 2002). 
Um outro fator que vale a pena ser lembrado é o 
envolvimento das autoridades de saúde, agências 
reguladoras de medicamentos e compahnias farmacêuticas 
no desenvolvimento de medicamentos com apresentações 
farmacêuticas voltadas para o recém-nascido (CAMPINOet al., 2008). 
Pode-se considerar, portanto, que o sucesso das 
medidas para melhorar a qualidade da terapia 
medicamentosa em unidades de terapia intensiva neonatal 
depende do componente educativo, da tecnologia utilizada 
e da mudança de comportamento da equipe 
multiprofissional, com ênfase na qualidade da comunicação 
e do relacionamento interpessoal. 
CONCLUSÃO 
Esta revisão integrativa permitiu identificar o erro de 
medicação como um evento comum em unidades de 
terapia intensiva neonatal, com destaque aos erros de 
prescrição relacionados ao cálculo de doses e aos erros de 
administração relacionados a horários e vias. 
Como principais fatores contribuintes para tais erros, 
destacam-se a inexistência de apresentações farmacêuticas 
adequadas para recém-nascidos, falhas no processo de 
trabalho e falta de capacitação de profissionais envolvidos. 
Para alcançar a redução das taxas de erro de 
medicação faz-se necessário, primeiramente, o 
182 
 
reconhecimento do erro a partir de notificações 
espontâneas. Em sequência, a adoção de estratégias 
educacionais associadas a inovações tecnológicas para 
melhores resultados. 
Percebe-se que pesquisas que abordam erros de 
medicação em unidades de terapia intensiva neonatal ainda 
são escassas, principalmente, quando se fala em estudos 
desenvolvidos em território nacional. Diante desse cenário, 
o desenvolvimento de pesquisas voltadas para determinado 
assunto é fundamental para os avanços na segurança do 
neonato. 
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CUIDADO CLÍNICO DE ENFERMAGEM E 
SEGURANÇA DO PACIENTE: UMA 
COMBINAÇÃO NECESSÁRIA NAS PRÁTICAS DE 
SAÚDE 
 
Francisco Gilberto Fernandes Pereira 
Isabelly Costa Lima de Oliveira 
Samia Freitas Aires 
Rhanna Emanuela Fontenele Lima de Carvalho 
 
 
INTRODUÇÃO 
Nas duas últimas décadas o crescente debate sobre 
qualidade da assistência oferecida pelos profissionais e 
instituições de saúde, tem produzido um movimento de 
profunda reflexão sobre o modo como o cuidado se 
manifesta nos diferentes cenários da prática clínica 
(CAVALCANTE et al., 2015). Este cuidado deve possuir 
atributos que garantam, sobretudo, a segurança do paciente, 
no sentido de lhe permitir alcançar os melhores resultados 
do processo terapêutico com o menor número de danos 
possível. 
Inevitavelmente ao se considerar qualquer discussão 
acerca do cuidado, evoca-se a enfermagem, que como 
ciência possui sua fundamentação no ato de cuidar, aqui 
interpretado como um compromisso de zelo, implicação e 
aproximação com o outro (WALDOW, 2001). Embora 
tenha um componente majoritariamente subjetivo, o 
cuidado que é realizado pela enfermagem deve possuir 
18 
 
bases científicas robustas, que atendam às necessidades 
múltiplas do indivíduo que é cuidado. 
Prestar cuidados de excelência apresenta-se como um 
desafio importante a qualquer profissional de Enfermagem, 
e o alcance dessa excelência relaciona-se diretamente com a 
arte de saber cuidar, que vai além de importar-se com as 
questões clínicas que precisam ser sanadas, ao passo que 
possibilita ajudar alguém a desenvolver sua capacidade 
máxima, ou em alguns momentos, pode concentrar-se 
apenas em dar vez e voz a um ser humano. 
É nesse contexto, de correlacionar raciocínio objetivo 
e subjetividade individual e das relações, que se concebe a 
prática do cuidado clínico, o qual ainda em processo de 
definição, corresponde à essência da enfermagem, balizado 
como uma forma de pensar e agir do enfermeiro, que 
conecta o saber técnico e científico ao objeto do cuidado, a 
partir de uma relação dialógica, na busca pela manutenção 
ou reestabelecimento da saúde (MONTEIRO et al., 2015). 
Neste sentido, convém refletir sobre quais as 
convergências possíveis de serem verificadas no tocante ao 
cuidado clínico de enfermagem e a proposta defendida pela 
segurança do paciente, visto que correspondem a conceitos 
igualmente necessários e relevantes para o contexto de 
qualquer ambiente que se propõe a realizar atividades de 
assistência à saúde. 
Questiona-se, então, como o cuidado clínico de 
enfermagem pode contribuir para a segurança do paciente 
nas práticas em saúde? A partir dessa indagação, objetivou-
se fazer uma reflexão acerca da relevância do cuidado 
clínico de enfermagem no contexto da segurança do 
paciente. Espera-se que essa discussão sobre a temática 
19 
 
possa sensibilizar os enfermeiros para uma reflexão que 
consolida o cuidado seguro e de qualidade. 
O CUIDADO DE ENFERMAGEM 
A essência humana encontra-se no cuidado, o ethos 
fundamental que significa aquela porção do mundo que 
reservamos para fazer nosso habitat, ou seja, a existência 
humana repousa no cuidado. No cuidado identificamos 
princípios, valores e atitudes que fazem da vida um bem 
viver (BOFF, 2004). 
Heidegger em sua obra “Ser e Tempo” esclarece que 
o cuidado antecede qualquer atitude humana, antes até 
mesmo que ele tenha qualquer ação, e se a tiver, por menor 
que seja, será acompanhada de cuidado, transferindo dessa 
forma um aspecto ontológico do cuidar na existência 
humana (HEIDEGGER, 2006). Notavelmente, isso nos 
revela que sem cuidado deixamos de ser humanos. 
Ao indagar-se sobre a profissão Enfermagem 
essencialmente vem à memória o ato de prestar cuidados, 
pela sua historicidade e origem, fica imbuído que todo 
enfermeiro esteja preparado para exercer tal finalidade. 
O Cuidado, que em latim significa cura, sempre esteve 
presente na história da humanidade, e é um ato que tem 
como fim permitir que a vida continue a desenvolver-se. 
Não que o enfermeiro não tenha o objetivo de trabalhar a 
cura do seu paciente, mas a base motivacional de suas 
ações, direcionam-se para cuidar daqueles que necessitam 
de atenção. A cura e o cuidado não devem ser entendidos 
como processos que ocorrem numa colateral, mas sim 
como processos complementares. O cuidado proporciona 
suporte à cura, e mesmo quando a cura não é possível, o 
20 
 
cuidado de enfermagem continua sendo estabelecido 
(WALDOW, 2001; COLLIÉRE, 1999; TORRALBA, 
2009). 
Jean Watson e Madeleine Leininger foram as teoristas 
pioneiras a apresentarem o termo cuidado humano na 
Enfermagem. Whatson, em 1985 ressaltou o mecanismo de 
“cuidar de” outro ser humano, e que tal mecanismo implica 
em uma abordagem além de humanística, uma abordagem 
comportamental. Leininger, em 1991, identificou e definiu 
o cuidado profissional, diferenciando-o do cuidado 
genérico; assim, esse cuidado profissional é entendi-do 
como a forma que as pessoas são apresentadas aos sistemas 
de cuidado à saúde e atendidas por profissionais de 
enfermagem ou outros (TORRALBA, 2009). 
Nessa perspectiva, estudos e discussões sobre o 
cuidado como característica basal na Enfermagem tem se 
expandido gradativamente. Atualmente percebe-se que 
além do interesse em aprofundar o conceito cuidado na 
profissão ainda existem algumas dissonâncias e ambíguas 
interpretações desse conceito na prática de Enfermagem 
como também nas áreas de ensino da Enfermagem 
(WALDOW, 2001). 
Assim, percebe-se que o cuidado científico, aquele 
que é o objeto de estudo da Enfermagem, necessita de 
apropriação por parte dos enfermeiros. Sua plenitude e 
dimensionalidade precisam ser alcançadas para que se faça 
o exercício do cuidar, um cuidado responsável pautado na 
proficiência, no belo e ético. 
21 
 
CUIDADO CLÍNICO DE ENFERMAGEM: UMA 
DEFINIÇÃO EM CONSTRUÇÃO 
Com base nas considerações acerca do cuidado, cabe 
refletir sobre a união desse termo à clínica, palavra que 
também carrega uma grande complexidade. 
A palavra clínica é derivada de klinikos, do grego, que 
significa à beira do leito. Em português, clínica pode ser 
entendida como a medicina que se faz à beira do leito do 
doente, ou a que abrange o tratamento das doenças dos 
indivíduos, ou o estudo da doença pela observação direta 
dos indivíduos (MONTEIRO et al., 2015). 
No entanto, é preciso considerar que quando se 
aborda a doença, deve-se perceber que ela é manifestada 
em um corpo que se encontra limitado a partir de 
determinados padrões, normas e condutas. Mas, 
atualmente, a clínica vista desse ângulo está cada vez mais 
escassa, sendo sufocada pela expansão dos instrumentos 
tecnológicos (SILVEIRA et al., 2013). 
Então, percebe-se a importância de resgatar essas 
reflexões acerca do adoecimento. Afinal, onde o cuidado e 
a clínica se encontram no fazer do enfermeiro? Ora, são 
condições inerentes ao trabalho do enfermeiro, 
direcionando a produção do cuidado nos serviços de saúde. 
Assim, o conceito de cuidado clínico surge como 
possibilidade de provocar o encontro desses grandes 
conceitos, à fim de potencializar a prática da enfermagem, 
onde a subjetivação possa ser construída a partir dos 
desejos desses sujeitos e das formas de conceber saúde e 
doença, fora das classificações e fragmentações (SILVEIRA 
et al., 2013). 
22 
 
A proposta é caracterizar esse cuidado clínico de 
enfermagem, que com o seu fazer singular engloba as 
necessidades do sujeito e pode contribuir a partir de 
conhecimento próprio, técnico e científico,com a saúde 
dos indivíduos. 
Tal cuidado instiga o autocuidado, utilizando a 
educação em saúde, a habilidade técnica e o conhecimento 
científico, onde inclui-se o uso das teorias de enfermagem, 
embasadas por pesquisas científicas. O processo de 
enfermagem é o principal instrumento para a realização 
desse cuidado, garantindo um fazer sistematizado com o 
intuito de tornar a atenção melhor e mais eficiente 
(MONTEIRO et al., 2015). 
Em tempos onde se discute sobre a qualidade da 
assistência prestada, essas questões são bastante pertinentes 
com vistas à contribuir com esse debate, fornecendo uma 
atenção que se importa em oferecer o melhor, com base na 
humanização e na integralidade. Nessa perspectiva, a 
escuta, o olhar e os afetos são ferramentas indispensáveis 
quando se considera o sujeito como o centro da atenção. É 
nesse ponto que o cuidado clínico incorpora a clínica 
ampliada, ao compreender as necessidades além do corpo, 
incluindo os sentidos e significados e a busca da 
ressignificação do cuidado na enfermagem, superando a 
fragmentação e a exclusão (MONTEIRO et al., 2015; 
SILVEIRA et al., 2013). 
O diálogo da clínica com o cuidado na enfermagem 
baseia-se na clínica apresentada pelos sujeitos. Apesar de 
parecer redundante o uso do termo clínica atrelado ao 
termo cuidado, essa união faz-se necessária com o objetivo 
de ressaltar o cuidado profissional, pautado na 
cientificidade, na responsabilidade, na ética e no 
23 
 
compromisso social através do olhar clínico, pela tentativa 
em atender as reais necessidades do sujeito cuidado 
(MONTEIRO et al., 2015). 
Tendo essas considerações em vista, observa-se que 
Cuidado Clínico em Enfermagem é um conceito ainda em 
plena construção e não se pretende aqui concluí-lo, mas 
sim através dessas reflexões posicionar a profissão de 
enfermagem, caracterizando o seu saber e o seu fazer a fim 
de contribuir com a segurança do paciente, e 
consequentemente, com a qualidade da assistência em 
saúde. 
CUIDADO CLÍNICO DE ENFERMAGEM NO 
CONTEXTO DA SEGURANÇA DO PACIENTE 
Fundamentalmente o cuidado clínico de enfermagem 
possui como elementos básicos: o saber-saber, que 
corresponde ao corpo de conhecimento teórico adquirido 
intelectualmente; o saber-ser, em que o diálogo e a 
valorização do outro, são dimensionados a partir de uma 
perspectiva ética; e o saber-fazer, correspondendo ao 
aspecto instrumental do trabalho de enfermagem (SÁ, 
2010). 
Nessa interação entre os saberes é que o enfermeiro 
se reconhece como agente produtor do cuidado, sendo 
capaz de cooperar para o resgate da autonomia do sujeito 
quando este é capaz de cuidar de si, ou favorecendo 
condições de conforto quando o indivíduo é 
impossibilitado de se auto cuidar. 
Por esta perspectiva, observa-se que os profissionais 
de enfermagem necessitam refletir sobre suas ações 
assistenciais de saúde para alcançar a melhoria do cuidado e 
24 
 
assim contribuir para a segurança do ser cuidado. É 
primordial que o cuidado clínico ao ser humano envolva 
um ambiente seguro, no qual o paciente seja esclarecido 
sobre o tratamento, limitações, riscos e cuidados 
necessários no processo de recuperação. Neste contexto, a 
enfermagem como ciência e profissão que cuida de pessoas 
e coletividade de maneira singular e multidimensional, 
necessita que as teorias, a pesquisa e a prática estejam 
relacionadas para promoção de um cuidado clínico seguro 
(PETERSEN et al., 2016). 
Alerta-se que em toda ação de cuidado existe a 
possibilidade de ocorrer danos ou eventos adversos, visto 
que estes são inerentes ao processo de cuidar 
(CAVALCANTE et al., 2015). É neste território que se 
manifesta a segurança do paciente, que compreende um 
conjunto multidimensional de ações, cuja finalidade é 
prevenir e melhorar os resultados adversos ou as lesões 
oriundas do atendimento nos serviços de saúde, com 
práticas que devem ser executadas por todos os membros 
desse sistema, relacionando-se diretamente com a qualidade 
do atendimento (NATIONAL PATIENT SAFETY 
FOUNDATION, 2000). 
Apesar da segurança do paciente ser considerada um 
atributo indispensável do sistema de cuidados em saúde, 
ainda é uma área de conhecimento em construção, em que 
modelos inovadores e pesquisas vêm sendo executadas, 
despertando o interesse de profissionais e pesquisadores 
em todo o mundo, bem como o surgimento progressivo, 
porém embrionário, de organizações e agências que 
discutem sobre o tema e sugerem soluções que buscam 
atender a sociedade de um modo geral. 
25 
 
É possível verificar convergências entre o cuidado 
clínico de enfermagem e a segurança do paciente ao analisar 
cada uma das dimensões a seguir: 
• No âmbito do saber-saber: desenvolvimento de 
programas institucionais e governamentais que 
produzam protocolos e diretrizes sobre boas práticas 
para reduzir eventos adversos durante as ações de 
cuidado (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA 
SANITÁRIA, 2013); 
• No âmbito do saber-ser: quando traz a discussão sobre 
a ética necessária para realizar o cuidado clínico de 
forma segura, valorizando o paciente em todo o 
processo decisório do tratamento, e comunicando-lhe 
os eventos adversos de forma clara, aberta e objetiva 
(PEREIRA; CAETANO, 2014); 
• No âmbito do saber-fazer: com a aplicação de 
tecnologias leve-duras e duras que visam maximizar a 
eficiência e eficácia do melhor resultado para o paciente 
com menor taxa de possibilidade de erro possível 
(BARTON; MAKIC, 2015). 
Ao analisarem o conceito de segurança do paciente já 
o apresentavam sobre duas perspectivas, numa primeira 
compreensão intrinsecamente relacionada ao cuidado 
direcionado à pessoa com algum tipo de adoecimento, e 
noutra como o princípio basilar para o cuidado em 
qualquer de suas dimensões (ANDRADE; PEREIRA; 
NUNES, 2015). 
É evidente, portanto, que a qualidade do cuidado 
clínico de enfermagem estabelece relação coesa com os 
princípios da segurança do paciente, e que ambos se 
26 
 
complementam quanto a finalidade de alcançar metas 
positivas para o indivíduo que é cuidado. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A segurança do paciente é primordial quando se 
aspira o cuidado em saúde de qualidade. Desse modo, a 
enfermagem tem papel de destaque por ser a profissão que 
tem o cuidado como centro do seu fazer. Mas, um cuidado 
sistemático imbuído de ciência, arte e ética, que aqui 
denomina-se Cuidado Clínico de Enfermagem. Assim, 
utiliza os recursos ao seu favor, tendo a atenção ao paciente 
como destaque. 
A excelência do cuidado perpassa pelo desafio de 
criar condições mais seguras e fiáveis aos pacientes, mesmo 
tratando-o em ambientes desfavoráveis no ponto de vista 
da sua segurança. O enfermeiro precisa se capacitar para tal 
propósito, baseando-se nos pilares: saber-saber, saber-ser e 
saber-fazer. 
O saber-saber reflete a busca pelo conhecimento que 
fortalece o cuidado científico, a ampliação de saberes 
favorece a prática, desperta e estimula o senso crítico que 
transmite autonomia para a tomada de decisões, e esse 
quesito é imprescindível para a segurança. Saber-ser 
necessita de autoconhecimento e de reconhecimento do 
outro, é preciso estar disponível para compartilhar 
vivências e aprender com o outro. O saber-fazer, 
corresponde as habilidades para exercer o cuidado, e 
necessita de responsabilidade e competência profissional, 
haja vista que esse é um fator extrínseco que pode, 
potencialmente, colocar em risco a segurança do paciente. 
27 
 
Acredita-se que essas reflexões possam direcionar o 
enfermeiro que ao trilhar o percurso em busca da melhoria 
da sua assistência, precisa caracterizar o seu fazer, 
reconhecendo sua importância. Nesse caminho, espera-se 
que exista uma busca constante em prestar o melhor 
cuidado ao paciente que transcende a segurança. Constata-
se a importância de aprofundar, por meio de outros 
estudos, essas questões que por sua amplitude não seria 
possível apenas nessa reflexão, mas que sirva de pontapé 
inicial para que questões relacionadas à garantiada 
segurança do paciente estejam imbrincadas no fazer do 
enfermeiro. 
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O CUIDADO DE SI E A PARTICIPAÇÃO DO 
PACIENTE PELA SUA SEGURANÇA 
 
Francisco Gilberto Fernandes Pereira 
Samia Freitas Aires 
Rhanna Emanuela Fontenele Lima de Carvalho 
 
 
INTRODUÇÃO 
O tema segurança do paciente tem ganhado cada vez 
mais importância no mundo inteiro, sendo elementar ao 
cuidado nos serviços de saúde e na busca pela qualidade. 
No entanto, garantir um cuidado livre de danos ainda é um 
grande desafio que exige esforços dos profissionais, 
gestores, assim como dos pacientes e familiares. 
Já em 2004, a Organização Mundial da Saúde, por 
meio da divulgação da Aliança Mundial pela Segurança do 
Paciente, reconheceu a importância de envolver o paciente 
no seu cuidado como forma de garantir a segurança nesse 
processo (WORLD HEALTH ORGANIZATION). No 
entanto, o assunto ganhou notoriedade apenas nos últimos 
anos, sendo crescente o número de publicações que 
abordam o papel do paciente no cuidado seguro, seja pela 
construção de instrumentos ou pela realização de 
intervenções (SILVA, 2014). 
Apesar da crescente preocupação com o tema, ainda 
persistem muitos questionamentos sobre como efetivar sua 
participação e tornar o cuidado em saúde cada vez mais 
32 
 
seguro e de qualidade. Nesse sentido, é de grande 
relevância refletir sobre essas questões e contribuir com a 
comunidade científica acerca do tema. Para isso, cabe trazer 
o conceito do cuidado de si em Foucault, tendo em vista 
que estudo anterior já evidenciou que seus pressupostos 
podem apresentar convergências com a segurança do 
paciente (GASPERI, 2013). 
Assim, questiona-se: “Qual a contribuição do 
conceito de cuidado de si com vistas à participação do 
paciente pelo cuidado seguro?” A partir dessa indagação, 
objetivou-se realizar uma reflexão sobre o conceito de 
cuidado de si e suas contribuições para a participação do 
paciente pelo cuidado seguro. 
O CUIDADO DE SI 
O cuidado de si é abordado nas obras de Michel 
Foucault. Na obra “A hermenêutica do sujeito”, o cuidado 
de si é trazido como uma atitude de olhar para si mesmo, 
uma análise do que é melhor para o próprio indivíduo, “do 
que aceitamos, rejeitamos, daquilo que queremos mudar em 
nós mesmos” (FOUCAULT, 2004). 
Trata das relações consigo, onde o sujeito preocupa-
se com ele mesmo e tem em suas mãos o poder de 
transformar o que lhe convém e conduzir sua vida da 
melhor maneira para si através de cuidados que perpassam 
o cuidado com o corpo e alcança o cuidado com a alma, 
purificando-a e corrigindo-a (FOUCAULT, 2010). 
 Os primeiros séculos da época imperial são 
considerados a idade de ouro do cuidado de si. Foucault 
cita que na época dos platônicos, Apuleu, no final do Deus 
de Sócrates, afirma que cada um deve cuidar do seu corpo 
33 
 
conforme suas preferências, e esse cuidado deve ocorrer 
com todas as partes do corpo, assim como com a alma, 
visto que “não existe outro órgão da vida que não a alma” 
(FOUCAULT, 2014). 
 Essa ocupação consigo mesmo é designada pelo 
termo epimeleia que caracteriza um conjunto de ocupações, 
um labor, com vistas ao cuidado de si mesmo. No entanto, 
apesar dessa preocupação consigo, o exercício do cuidado 
de si não é solitário, muito pelo contrário, ele é entendido 
como uma prática social. E é aqui que se reconhece a 
importância da ajuda do outro; tarefa definida como to di’ 
allelon sozesthai. Esse apelo ocorre quando se reconhece a 
aptidão do outro, e é entendido como um direito do 
indivíduo. Da mesma forma, é um dever do outro ajudar, é 
“o cuidado que se tem com o cuidado que os outros devem 
ter consigomesmos”. Desse modo, identifica-se um jogo 
de trocas (FOUCAULT, 2014). 
E é nesse ponto que o cuidado de si encontra a 
prática médica, sendo preciso compreender que o sujeito 
que adoece não é simplesmente um indivíduo que precisa 
ser corrigido, mas sim como alguém que sofre e que precisa 
cuidar de si, seja por si mesmo, ou por alguém que para 
isso tem competência (FOUCAULT, 2014). Dessa forma, o 
sujeito precisa ser reconhecido como alguém que se opõe a 
qualquer tipo de sujeição, ele é a autoridade, o governador 
de si mesmo, e ao profissional da saúde cabe direcionar o 
ser humano, sendo um mediador do cuidado (BUB et al., 
2006; SILVA et al., 2009). 
O conceito cuidado de si ainda gera algumas 
confusões e, para esclarecê-las é importante refletir sobre o 
paradigma em que se pauta o cuidado de si: o paradigma da 
simultaneidade (SILVA et al., 2009). “Tal paradigma tem 
34 
 
como pressuposto que o todo é maior que a soma de suas 
partes, e cada parte representa o todo” (NASCIMENTO; 
TRENTINI, 2004). 
 Nessa perspectiva o cuidado é uma atitude bastante 
abrangente que vai muito além daquele cuidado pontual. É 
um modo de viver em que o cuidado de corpo e alma se 
complementam para que o indivíduo seja o melhor que 
pode ser. Assim, a saúde é particular de cada um, é uma 
construção individual, onde somente a pessoa que vive 
conhece e compreende, sendo a única que sabe o que é 
melhor para si. 
PARTICIPAÇÃO DO PACIENTE COM VISTAS À 
SUA SEGURANÇA E O CUIDADO-DE-SI 
As questões atuais em torno do debate do cuidado 
científico, incluído aqui o cuidado de enfermagem, suscitam 
reflexões referentes à segurança do paciente durante todo o 
processo terapêutico, de forma a produzir um fazer em que 
os erros ou eventos adversos ocorram apenas dentro do 
mínimo aceitável, e as ações de prevenção e vigilância 
aconteçam concomitante em todo o processo de 
tratamento e recuperação do paciente. 
As questões de segurança na assistência em saúde 
envolvem basicamente três componentes: infraestrutura 
dos serviços ofertados, qualificação dos profissionais 
envolvidos com a atenção à saúde e participação ativa e 
protagonista dos pacientes e familiares, ou seja, a 
efetividade do cuidado perpassa por envolver o paciente 
em todo o processo terapêutico, desenvolvendo neste a 
autonomia do saber-fazer ações de cuidado para 
manutenção de níveis satisfatórios de recuperação clínica, 
35 
 
sempre com fomento à criticidade e livre arbítrio 
(PEREIRA et al., 2015). 
Sobre a participação do paciente nas situações 
relativas à sua segurança ainda se encontra certa dificuldade 
com o uso deste conceito, visto que o termo participação é 
confundido com envolvimento ou até mesmo com adesão, 
mas análise de conceito realizada em 1996 (CAHILL, 1996) 
já explicava objetivamente por meio da análise de conceito 
que a participação do paciente corresponde à sua 
predisposição em querer contribuir para melhorar seu nível 
de saúde. 
A participação do paciente depende de fatores 
internos (habilidade física, disposição e capacidade de 
tomar decisões racionais, atitude em relação ao 
autocuidado, desejo de ser participativo e nível de 
conhecimento prévio sobre a doença e o tratamento), e 
fatores externos (comunicação com os profissionais e 
estrutura inadequada dos serviços de saúde) (SAHLSTEN et 
al., 2008). 
A participação do paciente se desenvolve a partir de 
três facetas: a perspectiva do paciente; a do profissional de 
saúde; e, a das instituições. Deste modo, não se pode 
considerar que o nível de participação efetiva ou não dos 
pacientes em questões relativas à sua segurança dependam 
exclusivamente de sua vontade, mas que a partir de sua 
predisposição a fazê-la, estas outras facetas poderão ser 
influenciadas (SOUSA; MENDES, 2014). 
Considerando, portanto, essa condição de que a 
necessidade de participação deve partir do próprio sujeito, 
vislumbra-se certa consonância com as dimensões do 
cuidado de si, uma vez que este é um ato essencial que se 
36 
 
apresenta a partir de uma complexa interação e 
interpretação do sujeito consigo mesmo e com o ambiente 
de suas relações. Foucault o traduz como uma construção 
humana que constitui o resultado de um processo social 
compreendendo costumes, hábitos, atitudes, crenças e 
valores, representando a autovalorização, a sensibilidade e o 
compromisso consigo mesmo (FOUCAULT, 2014). 
Assim, quando o paciente se apropria do cuidado de 
si, ele se desprende da necessidade de estar passivo no 
processo terapêutico, e poderá produzir no profissional de 
saúde a reflexão acerca das relações de poder e domínio 
que perpassam as relações entre o sujeito que cuida e 
aquele é cuidado. Tais relações que estão cercadas ainda 
pelo poder exercido pela instituição que provê o cuidado 
com normas, algumas vezes engessadas, que não levam em 
consideração que o paciente deve ser o centro de todas as 
ações. Nesta condição, o paciente não se sacia apenas com 
o ensino para o autocuidado, mas ele visualiza na sua 
condição de estar participativo do cuidado de si, uma 
oportunidade de cidadania e autonomia. 
Ao considerar a perspectiva do cuidado de si, 
evidencia-se que por meio deste, a pessoa passa a ter 
consciência de si e desta forma produzirá atitudes que 
possam representar um ato de liberdade, criação e 
transformação, em que ela se conhece e tem consciência 
dos seus desejos e motivações, de modo que quanto mais 
ampla a consciência de si, menos impulsivas serão suas 
atitudes de cuidado de si (BECKER; CROSSETTI, 2007). 
É exatamente neste ponto que se encontra a 
coerência do cuidado de si com a segurança do paciente, 
pois ao mesmo tempo em que explica o desejo do paciente 
de participar do seu cuidado, também o faz compreender 
37 
 
que há limites para sua participação/intervenção, visto que 
ele passa a entender que há situações em que é necessário 
permitir ao outro que faça ou o instrumentalize a fazer 
aquilo que não conhece ou pode. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
É perceptível, portanto, que o cuidado de si 
apresenta um conceito essencial para incentivar a 
participação do paciente em questões relacionadas à sua 
própria segurança, visto que a partir da perspectiva em que 
se procurou refletir nesse estudo, produz no sujeito o 
desenvolvimento de senso ético, cooperativo e dialógico 
consigo e com os fatores externos dos quais dependem a 
manutenção de sua saúde. 
Talvez o desafio da contemporaneidade ainda 
permaneça na necessidade de dissolver as configurações de 
poder que se desenvolvem nas relações instituição x 
profissionais x pacientes que fragilizam a consolidação do 
cuidado de si. 
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40 
 
 
 
 
41 
 
A LINGUAGEM DE ENFERMAGEM NO 
CONTEXTO DO CUIDADO, DO ENSINO E DA 
PESQUISA 
 
Maria Lígia Silva Nunes Cavalcante 
Maria Vilani Cavalcante Guedes 
Maria Célia de Freitas 
Rhanna Emanuela Fontenele Lima de Carvalho 
 
 
INTRODUÇÃO 
A linguagem é a primeira das grandes invenções do 
homem, apresenta-se como a mais original das técnicas 
(MONDIN, 1980). É definida como todo um sistema de 
sinais que possa servir como meio para compreensão e 
comunicação dos fatos (HUISMAN; VERGEZ, 1978). 
A comunicação é a função fundamental da 
linguagem. É única ao homem e é considerada a medição 
entre a experiência e a consciência, podendo ser expressa 
por meio da comunicação verbal e não verbal (TERRA et 
al., 2009). Ela emerge do cotidiano profissional dos 
enfermeiros envolvendo símbolos e significados 
construídos a partir das interações com os atores sociais 
que participam dessa prática (CAVALCANTI; COELHO, 
2007). 
As experiências de cada ser humano são singulares e 
ocorrem a partir da linguagem estabelecida pelas diferentes 
relações e interações culturais com o outro (TERRA et al., 
2009). A linguagem não é meramente a expressão das 
42 
 
palavras, ela carrega costumes, tradições, culturas e normas, 
é um fenômeno universal que pode conectar as pessoas 
(RODGERS, 2005). 
A comunicação tem como premissa o 
desenvolvimento do entendimento mútuo entre os 
participantes da interação (RODGERS, 2005). Segundo 
Habermas, a troca livre e igual de ideias é essencial para o 
desenvolvimento da compreensão (HABERMANS, 1994). 
A enfermagem, como disciplina, tem um forte papel 
nas interações sociais. A comunicação dá-se em todos os 
momentos dispensados ao paciente e aos familiares, bem 
como os membros da equipe, sendo considerado elemento 
essencial para fornecer um cuidado de qualidade. 
 Diante do exposto, a presente análise reflexiva 
objetivou elucidar a influência e a importância da linguagem 
na enfermagem em três contextos: do cuidado, da pesquisa 
e do ensino. 
Para a construção da reflexão foram utilizadas 
produções bibliográficas nacionais e internacionais que 
discorrem sobre a importância da linguagem no fazer da 
enfermagem. 
A LINGUAGEM DE ENFERMAGEM NO 
CONTEXTO DO CUIDADO 
A enfermagem tem o objetivo de promover o 
cuidado visando à saúde e a dignidade humana. A 
comunicação entre os profissionais e os clientes configura-
se como elemento essencial para que haja um cuidado 
humanizado (PONTES et al., 2014). 
43 
 
Na Política Nacional de Humanização (PNH), a 
diretriz da transversalidade destaca a importância do 
aumento da comunicação intra e intergrupos e a 
transformação dos modos de comunicação entre os sujeitos 
participantes do processo de produção de saúde, de forma 
a desestruturar as fronteiras dos saberes, dos territórios de 
poder e dos modelos estabelecidos das relações de trabalho 
(BRASIL, 2013). 
Entretanto ainda percebe-se a presença marcante do 
modelo biomédico nas organizações de saúde, com ênfase 
nas ações curativas e no tratamento das doenças, na 
medicalização, e no bruso intensivo da tecnologia, em 
detrimento da análise dos determinantes do processo 
saúde-doença, da orientação para a demanda espontânea e 
do conhecimento dos aspectos culturais, éticos e das 
vivências dos sujeitos (FERTONI et al., 2015). 
O enfermeiro deve buscar o foco da sua prática na 
pessoa, evitando a sua objetivação e reconhecendo que 
cada indivíduo possui uma realidade única, construída pela 
cultura, linguagem e tradição (RODGERS, 2005). 
O uso da linguagem biomédica, técnica e rebuscada, 
distancia essa capacidade do enfermeiro em compreender 
essa individualidade e multidimensionalidade do ser 
humano. Uma boa comunicação não é uma tarefa fácil, 
principalmente em situações que envolvem saúde e doença 
(TERRA; VAGUETHETTI, 2014). No entanto, a 
comunicação é uma das competências que precisam ser 
colocadas em prática pela equipe de enfermagem (TERRA; 
VAGUETHETTI, 2014), pois ela permite identificar as 
reais e as potenciais necessidades do paciente, 
proporcionando um cuidado humanizado e seguro. 
44 
 
O enfermeiro, como o profissional que permanece 
mais tempo ao lado do paciente, deve buscar ser o 
facilitador na promoção do bem-estar, conduzindo-os as 
melhores formas de enfrentamento no processo saúde-
doença. 
 Destaca-se também a importância da comunicação 
eficiente entre todos os membros da equipe de enfermagem 
e da equipe multidisciplinar, as inter-relações profissionais 
estabelecidas no trabalho são imprescindíveis para o 
fornecimento de uma assistência de qualidade ao paciente 
(BROCA; FERREIRA, 2012). 
A comunicação entre si e com outros membros de 
sua área perpassa pela questão de como o conhecimento da 
profissão está organizado (CARVALHO; CRUZ; 
HERDMAN, 2013). Para isso há uma necessidade de 
padronizar a linguagem utilizada pelos enfermeiros, 
buscando transformar a prática de enfermagem. Sem uma 
linguagem universal, a enfermagem torna-se invisível nos 
sistemas de saúde e seu valor e importância não serão 
reconhecidos e nem valorizados (AFFARA; OGUISSO, 
1995). 
Sabendo dessa importância da linguagem na 
comunicação entre os profissionais e os pacientes, e que é 
por meio dela que se dividem as experiências, a valorização 
desse processo possibilita a modificação da nossa prática e 
do contexto em que estamos inseridos (STEFANELLI, 
1993). 
45 
 
A LINGUAGEM DE ENFERMAGEM NO 
CONTEXTO DO ENSINO 
Convém neste tópico também refletir a linguagem no 
processo de ensino-aprendizagem da enfermagem. Comoos enfermeiros estão saindo do mundo acadêmico? 
A aprendizagem é definida como a mudança 
duradoura no processamento mental, no funcionamento 
emocional e/ou no comportamento como resultado de 
experiência (BASTABLE, 2010). É considerada um 
processo dinâmico e permanente pelos quais os indivíduos 
adquirem novos conhecimentos ou habilidades e 
modificam seus pensamentos, sentimentos, atitudes e ações 
(BASTABLE, 2010). 
A adoção de novos modelos de ensino, com 
mudanças paradigmáticas, deve ser refletida no programa 
curricular da enfermagem, em destaque para a atuação dos 
docentes (BEZERRA, 2005). 
Ressalta-se a importância de uma proposta 
metodológica de ensino que trabalhe na perspectiva de um 
novo paradigma, que propicie o diálogo entre os saberes, 
conforme sugerem os grandes pensadores de educação, 
como Paulo Freire, Edgar Morin, Humberto Maturana, 
entre outros (GERMANO, 2003). 
Os docentes devem explorar os conteúdos 
programáticos curriculares em sala de aula de modo eficaz, 
objetivando a facilitação no entendimento do docente 
quanto às suas práticas de ensino e ao aprendizado dos 
alunos (COSTA; SANTOS; SANTOS, 2006). Para isso a 
comunicação e a interação entre professor e aluno neste 
processo de ensino-aprendizagem tornam-se fundamentais 
46 
 
(COSTA; SANTOS; SANTOS, 2006), sendo a linguagem 
considerada o instrumento essencial nessa formação 
(educação) (MONDIN, 1980). 
A aprendizagem é um processo em que o estudante 
elabora seus saberes por meio de interações estabelecidas 
com o professor (CUBAS et al., 2015). Na sala de aula, 
discentes e docentes estabelecem relações sociais e trocam 
informações, construindo um conhecimento científico 
(COSTA; SANTOS; SANTOS, 2006). 
As competências que dão suporte ao exercício 
profissional são construídas com base nos saberes 
construídos durante esse processo formativo. O ato 
educativo deve acentuar as relações e não as características 
de uma só pessoa, remetendo ao atual paradigma da 
comunicação, que coloca o emissor e o receptor em nível 
de igualdade (BEZERRA, 1996). 
O estímulo à formação crítica e reflexiva do aluno, 
dando voz ao seu conhecimento e quebrando a hegemonia 
do ensino autoritário, é fundamental para formar um 
enfermeiro consciente, para atuar transformando a 
realidade e buscar respostas aos problemas 
contemporâneos. 
A LINGUAGEM DE ENFERMAGEM NO 
CONTEXTO DA PESQUISA 
O processo comunicativo da enfermagem também 
acontece por meio das pesquisas e publicações. E a partir 
disso, algumas reflexões fazem-se necessárias: como a 
produção de conhecimento chega ao público e aos 
profissionais de saúde? Será que a linguagem dos 
pesquisadores se faz compreensível à população? 
47 
 
A investigação científica “é uma prática social e um 
ato político, pela qual a enfermagem obtém ferramentas 
para se fortalecer enquanto ciência e melhorar a qualidade 
de vida do homem” (SILVA, 1996). O produto das 
investigações científicas pertence a todos que possam vir a 
utilizá-lo na melhoria das condições de educação, saúde e 
conhecimento do homem, seja no âmbito da coletividade 
ou desse como indivíduo. 
Para isso, a linguagem do pesquisador tem que ser 
adequada à linguagem da prática (STEFANELLI, 1993) e 
da coletividade. Um dos grandes desafios encontrado pelos 
pesquisadores é como a disciplina está se comunicando 
com a sociedade. 
A complexidade das pesquisas, a falta de interesse ou 
a dificuldade dos pesquisadores em explicar seus estudos 
em uma linguagem acessível e de fácil entendimento para a 
sociedade é uma realidade que necessita ser modificada. 
A linguagem cientifica acrescenta clareza e precisão e 
é derivado da linguagem geral (ROGERS, 1989), que não 
pode ser esquecida quando direcionada a sociedade. 
Para Silva (1996), a pesquisa é “um mecanismo de 
propulsão, um instrumento de redimensionamento e 
redirecionamento do saber¨. O acesso do público leigo, 
pouco familiarizado com a linguagem científica, aos 
resultados das pesquisas, é imprescindível para que eles se 
tornem consumidores deste saber (VALE; SILVA, 2015). 
Os enfermeiros pesquisadores precisam lidar com o 
compromisso de mudança, inserindo a enfermagem no 
conjunto das diferentes áreas do saber, contribuindo para o 
desenvolvimento científico e tecnológico (CABRAL; 
TYRREL, 2010). 
48 
 
A disseminação do conhecimento de enfermagem de 
forma adequada e adaptada é fundamental para reduzir a 
distância entre o contexto de formação 
acadêmica/produção científica e a prática assistencial, 
buscando transformar a prática de enfermagem baseada nas 
evidências cientificas. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 O processo de comunicação, que tem como 
instrumento a linguagem, é compreendido como algo 
muito mais do que a palavra expressada, é algo complexo e 
imprescindível, que emerge do cotidiano profissional em 
diversos contextos. 
A compreensão da importância da linguagem pelos 
enfermeiros é o modo mais efetivo de solucionar 
problemas relevantes a prática, ao ensino e a pesquisa. A 
apropriação do processo comunicativo pelos profissionais 
contribuirá para melhoria da prática profissional e para 
transformação do contexto em que estão inseridos. 
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