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KM_DPCI Direito Processo Civil I 3 AULA 02 3 I. DA PETIÇÃO INICIAL 3 I.1. CONCEITO E NOÇÕES BÁSICAS 3 I.2. MOMENTO DA PROPOSITURA 4 I.3. PRINCÍPIOS INQUISITIVO, DISPOSITIVO E CONSECTÁRIOS 5 I.4. REQUISITOS FORMAIS DA PETIÇÃO INICIAL 7 I.4.1. O ART. 282 E INCISOS, CPC: PAUTA MÍNIMA 7 I.4.2. DOCUMENTOS INDISPENSÁVEIS À PROPOSITURA DA AÇÃO 7 I.4.3. CAPACIDADE POSTULATÓRIA 7 I.4.4. ENDEREÇO DO ADVOGADO 8 I.4.5. INDICAÇÃO DO JUÍZO OU TRIBUNAL 8 I.4.6. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES 9 I.4.7. FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO 10 I.4.8. VALOR DA CAUSA 11 I.4.9. REQUERIMENTO DE PROVAS 12 I.4.10. REQUERIMENTO DE CITAÇÃO 12 I.4.11. O PEDIDO, COM SUAS ESPECIFICAÇÕES 13 I.4.11.1. ESPÉCIES DE PEDIDOS 15 I.4.11.1.1. Pedido Mediato e Imediato 15 I.4.12. Requisitos do Pedido 15 I.4.12.1. Pedido Alternativo e Cumulação Alternativa dos Pedidos 17 I.4.12.1.1. Pedido Alternativo 17 I.4.12.1.2. Cumulação Alternativa de Pedidos 17 DPC_AULA 02 14/08/2015 " DE "1 23 KM_DPCI I.4.12.2. Pedido Sucessivo ou Cumulação Sucessiva 17 I.4.12.3. Cumulação Sucessiva 18 I.4.13. DESPESAS 19 II. CONTROLE DE ADMISSIBILIDADE DA PETIÇÃO INICIAL 19 II.1. Indeferimento da Petição Inicial 19 II.2. Saneamento da Petição Inicial 20 II.3. Improcedência Liminar 20 II.4. Despacho liminar Positivo 21 III. MODIFICAÇÕES DA CAUSA DE PEDIR E DO PEDIDO 22 DPC_AULA 02 14/08/2015 " DE "2 23 KM_DPCI Direito Processo Civil I Karina Martins 2015_2 Direito Processo Civil I AULA 02 I. DA PETIÇÃO INICIAL I.1.CONCEITO E NOÇÕES BÁSICAS A petição inicial é ato formal que inaugura o processo, sendo, portanto, o marco inicial deste, que consagra, ademais, o Direito de Ação constitucionalmente assegurado no art. 5º, XXXV, CF. Em regra, deve ser escrita no vernáculo (art. 156, CPC), datada, assinada e apresentada na forma física ou eletrônica, admitindo-se a postulação oral em situações autorizadas por lei (Juizados Especiais Cíveis: art. 14, Lei nº 9.099/99; pedido de concessão de medidas protetivas de urgência em favor da mulher que se afirma vítima de violência doméstica ou familiar: art. 12, Lei nº 11.340/2006 e; no procedimento especial da ação de alimentos: art. 3º, § 1º, Lei nº 5.478/68). A oralidade, contudo, é efêmera, porque a postulação levada a efeito sob tal forma é reduzida a termo, isto é, à forma escrita, quase que instantaneamente pelo auxiliar da justiça responsável. Maria Helena Diniz (2010, pp. 452/454) a conceitua como: Ato declaratório e introdutório do processo pelo qual alguém exerce seu direito de ação, formulando sua pretensão, pretendendo a sua satisfação pela decisão judicial, uma vez que determina o conteúdo daquela decisão. Deve indicar o juiz ou o tribunal a que se dirige, a qualificação do autor e do réu, o fato e os DPC_AULA 02 14/08/2015 " DE "3 23 KM_DPCI fundamentos jurídicos do pedido, o pedido com suas especificações, as provas que se pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados, e, além disso, conter o requerimento para citação do réu. Pode ser entendida, portanto, como ato formal que dá início ao processo, devendo obedecer às prescrições que o Código de Processo Civil e/ou a legislação processual extravagante lhe impõe (m), a fim de que seja considerada apta. I.2. MOMENTO DA PROPOSITURA Marinoni e Arenhart (2008, pp. 72/73) advertem: Distribuindo-se a petição inicial, logicamente nas comarcas que têm distribuir, considera-se proposta a ação. Nas comarcas em que não há distribuidor (ou mais de um órgão, ou de uma repartição vinculada ao mesmo órgão, com competência concorrente), considera-se proposta a ação quando a petição inicial é despachada pelo juiz. A lição é constatada no art. 263, CPC. Os mesmos autores apontam a importância de se precisar o momento no qual a ação é distribuída no sentido de evitar, por exemplo, a prescrição (art. 219 e parágrafos, CPC), ou, ainda, de se estabelecer a competência (art. 87, CPC). O próprio serviço judiciário pauta-se, em alguns casos, precisamente naqueles em que não há pedido de liminar, pela data da distribuição da ação para fins de ordenação das atividades forenses. A petição inicial que deu entrada antes de outra, será, portanto, autuada em primeiro lugar, e assim por diante. DPC_AULA 02 14/08/2015 " DE "4 23 KM_DPCI I.3. P R I N C Í P I O S I N Q U I S I T I V O, D I S P O S I T I V O E CONSECTÁRIOS Destaque-se, ademais, que a petição inicial invoca, formalmente, a prestação da tutela jurisdicional almejada condicionada, evidentemente, ao requerimento nela constante, articulado pela parte ou pelo interessado, a teor do disposto no art. 2º do CPC. Humberto Theodoro Júnior (2012, p. 35) define dois princípios intimamente ligados com a temática da petição inicial e que, modernamente, informam o processo civil mercê da reunião de preceitos tanto de um quanto de outro, não obstante o distanciamento das concepções clássicas. São eles: o princípio inquisitivo e o princípio dispositivo. Para o autor: Caracteriza-se o princípio inquisitivo pela liberdade da iniciativa conferida ao juiz, tanto na instauração da relação processual como no seu desenvolvimento. Por todos os meios a seu alcance, o julgador procura descobrir a verdade real, independentemente de iniciativa ou colaboração das partes. Já o princípio dispositivo atribui às partes toda a iniciativa, seja na instauração do processo, seja no seu impulso. As provas só podem, portanto, ser produzidas pelas próprias partes, limitando-se o juiz à função de mero espectador. Ato contínuo, aduz que o Código de Processo Civil consagra o princípio dispositivo, mas reforça a autoridade do Poder Judiciário, armando-o de poderes para prevenir ou reprimir qualquer ato atentatório à dignidade da Justiça (Ministro Alfredo Buzaid, Exposição de Motivos, nº 18). O art. 2º, CPC, por seu turno, revela, no âmbito legislativo, o princípio da demanda, corolário do princípio dispositivo, pelo qual a iniciativa do processo depende de prévia manifestação de vontade de DPC_AULA 02 14/08/2015 " DE "5 23 KM_DPCI algum interessado (DESTEFENNI, Marcos. Curso de Processo Civil. Processo de conhecimento convencional e eletrônico. Tomo I. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 320). É o que também se depreende do art. 262, CPC. Dinamarco (2009, p. 301) pondera a respeito, salientando que: A única diferença significativa entre ação e defesa consiste que só aquela inclui,e esta não, o poder de dar início ao processo. Como o juiz é proibido de realizar processos e conceder tutelas jurisdicionais sem a iniciativa de alguém (CPC, arts. 2º e 262 – supra, n. 398), a Constituição e a lei lhe municiam do poder de provocar sua atividade todo sujeito que precise do processo como meio para exame e eventual acolhimento de suas pretensões insatisfeitas. Tal é o poder de iniciativa processual. Como bem lembra Fredie Didier (2009, p. 407): A relação entre petição inicial e demanda é a mesma que se estabelece entre a forma e o seu conteúdo... A petição inicial é a forma da demanda, o seu instrumento; a demanda é o conteúdo da petição inicial. Logo em seguida, menciona: Como a demanda tem a função de bitolar a atividade jurisdicional, que não pode extrapolar os seus limites (decidindo além aquém ou fora do que foi pedido), costuma-se dizer que a petição inicial é um projeto de sentença: contém aquilo que o demandante almeja ser o conteúdo da decisão que vier a acolher o seu pedido. A função de bitolar a atividade jurisdicional é resultado do princípio da congruência ou da adstrição previsto nos arts. 128 e 460, CPC, que também deriva do princípio dispositivo. DPC_AULA 02 14/08/2015 " DE "6 23 KM_DPCI Em razão desse princípio, o juiz deverá ficar limitado ou adstrito ao pedido da parte, de maneira que apreciará e julgará a lide “nos termos em que foi proposta”, sendo-lhe vedado conhecer questões não suscitadas pelos litigantes (art. 128), (THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. v. I. 53. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012, p. 35), ressalvada a apreciação das normas de ordem pública no limite necessário para solucionar o litígio descrito pelas partes. I.4. REQUISITOS FORMAIS DA PETIÇÃO INICIAL I.4.1. O ART. 282 E INCISOS, CPC: PAUTA MÍNIMA Quanto aos requisitos formais, o art. 282 elenca a pauta mínima que deve ser observada em uma petição inicial. O dispositivo legal enumera, pois, os requisitos básicos ou mínimos, mas não os esgota. Significa dizer que outros requisitos são exigidos pelo Código de Processo Civil ou pela legislação processual extravagante, podendo variar conforme a modalidade de processo. Embora consagrada pela praxe forense, a denominação da ação é despicienda, já que a lei não a impõe. I.4.2. DOCUMENTOS INDISPENSÁVEIS À PROPOSITURA DA AÇÃO O art. 283, CPC, dispõe que a petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação, estando autorizada a juntada posterior desde que preenchidos os requisitos do art. 397, CPC. I.4.3. CAPACIDADE POSTULATÓRIA Ordinariamente, a petição inicial é assinada por quem possua capacidade postulatória (advogado, defensor público ou membro do Ministério Público), o que conduz à obrigatoriedade de acompanhamento do instrumento de mandato, e dos atos constitutivos em se tratando de pessoa jurídica. DPC_AULA 02 14/08/2015 " DE "7 23 KM_DPCI A lei, todavia, prevê exceções à regra, conferindo capacidade postulatória ao leigo, consoante preconiza o art. 36, CPC, por exemplo. Reza o dispositivo legal: A parte será representada em juízo por advogado legalmente habilitado. Ser-lhe-á lícito, no entanto, postular em causa própria, quando tiver habilitação legal ou, não a tendo, no caso de falta de advogado no lugar ou recusa ou impedimento do que houver. A legislação extravagante disciplina outras hipóteses de capacidade postulatória extraordinária, especificamente no art. 2º da Lei de Alimentos (5.478/68); Habeas Corpus, etc. I.4.4. ENDEREÇO DO ADVOGADO A petição deve indicar, ainda, o endereço profissional do advogado para envio de intimações (art. 39, I, CPC). Crê-se, porém, que a exigência de declinação do endereço profissional do advogado na petição inicial não tem como único objetivo o envio de intimações, eis que também tem a finalidade de informar o colega ex adverso que, eventualmente, pretenda entrar em contato com o fito de remeter uma proposta de composição amigável. O endereço profissional do advogado, normalmente, não se encontra no corpo do texto da petição inicial, mas no cabeçalho ou no instrumento de mandato. Consignado o endereço no cabeçalho ou no instrumento de mandato acostado à inicial, estará cumprida a exigência contida no art. 39, I, CPC. No caso, porém, é importante alertar que o prazo legal para emendar a inicial é de 48h, nos termos do art. 39, parágrafo único, CPC, e não de dez dias (art. 284, CPC). Não se vislumbra, entretanto, óbice à concessão do prazo de dez dias, por inexistir qualquer prejuízo às partes. I.4.5. INDICAÇÃO DO JUÍZO OU TRIBUNAL Observando as regras de competência, o autor deve indicar o juízo ou o tribunal a que a petição inicial é direcionada. DPC_AULA 02 14/08/2015 " DE "8 23 KM_DPCI O inciso I do art. 282, CPC, não só fala em juízo, mas também em tribunal, porque engloba as causas de competência originária dos tribunais. A ação rescisória (arts. 485 e seguintes, CPC) retrata uma dessas causas. O art. 488, CPC, reza que: A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do art. 282, devendo o autor: I – cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento da causa; II – depositar a importância de 5% (cinco por cento) sobre o valor da causa, a título de multa, caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível, ou improcedente. Luiz Rodrigues Wambier (2011, p. 348) destaca que o direcionamento à autoridade judiciária pode ser fruto da escolha do autor, sendo a competência prorrogável. Isto é, havendo, por exemplo, cláusula contratual de eleição de foro da Comarca de Vinhedo, pode o autor propor a ação de cobrança das parcelas vencida e não pagas do contrato na Comarca de Campinas, onde se situa o domicílio do réu (art. 94, CPC). Tratando-se de competência relativa, o juízo, em princípio, incompetente, torna-se competente, não sendo oposta a exceção de incompetência territorial, em virtude do fenômeno da prorrogação, consoante dispõe o art. 114, CPC. O mesmo autor esclarece que: A doutrina adverte – e não é demais repetir – que não se trata do nome da autoridade judiciária, mas sim o cargo, exatamente porque se está diante de exigência de competência. Pouco importa qual seja a pessoa a exercer o cargo de juiz, basta que tenha ele (o cargo), competência para a causa. I.4.6. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES O autor deverá qualificar, da forma mais completa possível, a si e a parte contrária, para que sejam aferidos: a legitimidade ad causam; o litisconsórcio necessário de pessoas casadas (art. 10, § 1º, CPC), domicílio DPC_AULA 02 14/08/2015 " DE "9 23 KM_DPCI necessário do incapaz, servidor público, militar, marítimo e do preso (art. 76, CC); exigência de caução das custas em relação a autores estrangeiros ou nacionais não residentes no país (art. 835, CPC). Havendo pedido de gratuidade processual, pode o juiz determinar, atento à qualificação e outros dados pessoais da parte postulante, que esta comprove, no prazo legal ou judicial assinado, a alegação de miserabilidade jurídica presente na declaração firmada nos termos do art. 4º, § 1º, da Lei nº 1.060/50. Quando, no entanto, a qualificação não for possível deve ser procedido um esboço da identificação do réu, o que abre espaço para a citação editalícia (art. 231, I, CPC). Exemplo clássico da doutrina consiste na demanda possessória relacionada à ocupação de terra. I.4.7. FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO O inciso III do art. 282 traz outros requisitos: os fatos (causa de pedir remota) e os fundamentos jurídicos do pedido (causa de pedir próxima) que devem ser preferencialmente expostos na petição inicial com clareza suficiente para que o exercício do contraditório sejaassegurado ao réu e a tutela jurisdicional seja prestada pelo Estado-juiz. Interessa, a esse respeito, o estudo da teoria da substanciação. Firme em tais questões, a inépcia (ou ausência de aptidão) só deve ser reconhecida nos casos em que haja manifesto óbice ao exercício da ampla defesa e do contraditório e à própria prestação da tutela jurisdicional, conforme entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça: PROCESSO CIVIL. PETIÇÃO INICIAL. INÉPCIA AFASTADA. A petição inicial só deve ser indeferida, por inépcia, quando o vício apresenta tal gravidade que impossibilite a defesa do réu, ou a própria prestação jurisdicional. Recurso especial não conhecido. (STJ, T3, REsp nº 193.100/RS, rel. Min. Ari Pargendler, j. em 15/10/2001, DJ 04/02/2002). DPC_AULA 02 14/08/2015 " DE "10 23 KM_DPCI Importa esclarecer a existência de distinção entre fundamento jurídico e fundamento legal. O CPC não obriga a indicação do fundamento legal, na medida em que incorporou, implicitamente, os princípios da mihi factum, dabo tibi jus e iuria novit curia. Basta que a inicial exponha as consequências jurídicas oriundas dos fatos narrados. Desnecessária, nesse diapasão, a menção dos dispositivos legais. A petição inicial de uma ação indenizatória, por exemplo, não precisa indicar o art. 186, CC, em caso de demanda fundada em responsabilidade civil subjetiva. É bem verdade, porém, que muitos concursos públicos, além do exame da Ordem dos Advogados, exigem o apontamento do fundamento legal do pedido. Tal fato, por óbvio, não pode ser olvidado pelos candidatos de tais concursos. I.4.8. VALOR DA CAUSA Seguindo mais adiante na análise do art. 282, CPC, aparece, no inciso V, o valor da causa como requisito da petição inicial, segundo determina o art. 258, CPC. Os arts. 259 e 260 estabelecem algumas balizas (de ordem pública, diga-se de passagem) para a fixação do valor da causa. O réu, por sua vez, poderá impugnar, no prazo da contestação, o valor atribuído à causa, de conformidade com o art. 261, CPC. Nada impede, certamente, que ofereça primeiro a impugnação e depois a contestação, e vice-versa, desde que esteja dentro do prazo legal de quinze dias. O parágrafo único do art. 261, CPC, trata da aceitação presumida do valor atribuído à causa na petição inicial à míngua de impugnação tempestiva. DPC_AULA 02 14/08/2015 " DE "11 23 KM_DPCI O projeto do novo CPC simplifica a matéria processual, facultando a oferta de impugnação ao valor da causa como preliminar de contestação (art. 256, Projeto do novo CPC). Com efeito, o valor da causa é, portanto, requisito básico da petição inicial, servindo, ainda, de parâmetro para que se fixe o valor das custas e despesas processuais, bem como dos honorários advocatícios em alguns casos (art. 20, § 3º, CPC). I.4.9. REQUERIMENTO DE PROVAS O requerimento de provas (art. 282, VI, CPC) é exigido como requisito capaz de tornar apta a petição inicial. No procedimento ordinário, requerendo o autor a produção de todos os meios de provas em direito admitidos, sem prejuízo de nenhum outro, resta atendido o referido requisito. No procedimento sumário, a especificação dos meios probatórios, na petição inicial, é imprescindível (art. 276, CPC). Theotonio Negrão e José Roberto F. Gouvea (2008, p. 2008) colacionam entendimento jurisprudencial pertinente, verbis: Ao protestarem os autores, na inicial, por todos os meios de prova em direito permitidos, seguiram forma usual, porquanto a precisa indicação das necessárias, muitas vezes, só é possível após a contestação, pois esta até pode admitir como verdadeiros todos os fatos alegados, dispensando-se, assim, a instrução probatória (RTJ 106/157 e STF-RT 580/260). I.4.10. REQUERIMENTO DE CITAÇÃO Outro requisito é o requerimento de citação do réu (art. 282, VII). A ausência deste requisito, todavia, não deve conduzir ao reconhecimento de inépcia da inicial e consequente extinção do processo sem resolução do mérito, se o juiz, acreditando que ela estivesse em DPC_AULA 02 14/08/2015 " DE "12 23 KM_DPCI termos, ordenou a citação do réu (art. 285, CPC) que, por sua vez, se defendeu sem qualquer dificuldade. Em tal requerimento deve ser mencionada a modalidade de citação, não se olvidando das exceções previstas nas alíneas do art. 222, CPC. I.4.11. O PEDIDO, COM SUAS ESPECIFICAÇÕES Ao final da petição inicial, o autor formula o pedido com suas especificações (art. 282, IV, CPC), o que, como dito, delimitará o objeto da sentença. Da exegese do art. … infere-se a regra da interpretação restritiva do pedido. Ou seja, interpreta-se um pedido considerando-se o que foi expressamente formulado. Decerto, a regra cede espaço para algumas exceções em quatro situações distintas: a) Pedidos implícitos: juros legais (arts. 322, §1º e 323, CC); ressarcimento das despesas processuais e dos honorários advocatícios; correção monetária (art. 404, CC; art. 1º da Lei nº 6.899/81); b) Pedidos de prestações periódicas (art. 290, CPC); c) Matérias de ordem pública, tanto de natureza de direito processual; como também de natureza de direito material; d) Ampliação superveniente dos pedidos em caso de reconvenção, pedido contraposto e aqueles ligados ao chamamento ao processo e à denunciação da lide. Renato Montans de Sá (2011, p. 198) ressalva aspecto prático deveras importante e muito esquecido pelos juristas no ambiente forense. Diz ele: ... a procedência que se pede é sempre do pedido, e nunca da ação. O pedido divide-se, ainda, em imediato e mediato. O pedido mediato refere-se ao bem da vida subjacente à demanda. Já o pedido imediato diz respeito à providência jurisdicional almejada. Preleciona o art. 322, NCPC, que o pedido deverá ser certo ou determinado. Renato Montans de Sá (op. cit., p 199) esclarece que tais atributos necessários são obrigatoriamente complementares e não alternativos. Portanto, o pedido deve ser certo e determinado. (destacado). DPC_AULA 02 14/08/2015 " DE "13 23 KM_DPCI No mesmo sentido: Vicente Greco Filho (2012, p. 141); Luiz Rodrigues Wambier (2011, p. 369); Humberto Theodoro Junior (2012, p 382), e toda a doutrina unanimemente. Na lição de Humberto Theodoro Junior: Entende-se por certo o pedido expresso, pois não se admite possa o pedido do autor ficar apenas implícito. Já a determinação se refere aos limites da pretensão. O autor de ser claro, preciso, naquilo que espera obter da prestação jurisdicional... Em conclusão, a certeza e a determinação são requisitos tanto do pedido imediato como do mediato. Acrescenta, ainda, o mesmo jurista, que o pedido deve ser concludente, ou seja, da narração dos fatos deve decorrer logicamente a conclusão (pedido). Os elementos fáticos, todavia, podem impedir a elaboração de pedido (mediato) determinado. É por isso que o Código de Processo Civil admite a formulação de pedido genérico ou determinável. As exceções constituem numerus clausus e se encontram disciplinadas nos incisos do art. 324, CPC: I – nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição inicial os bens demandados; II – quando não for possível determinar de modo definitivo, as consequências do ato ou do fato ilícito; III – quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. Marinoni e Arenhart (2008, p. 84) ensinam que: A petição de herança constitui exemplo de ação universal em que o autor, não podendo individuar os DPC_AULA 02 14/08/2015 " DE "14 23 KM_DPCI bens, pode formular pedido indeterminado. Existindo ato ou fato ilícito, muitas vezes não é possível determinar, desde logo, sua extensão. Trata-se da extensão da responsabilidade que decorre do ilícito afirmado. Em outroscasos o autor não pode precisar o valor que é pedido, por ser esse valor dependente de ato que deve ser praticado pelo réu. Nesses três casos, não sendo possível a determinação do objeto do pedido mediato no transcurso do processo, o juiz está autorizado a proferir sentença que é denominada “ilíquida”, e que, portanto, deve ser liquidada antes da fase de “cumprimento de sentença”, conforme os arts. 475-A e 475-J, introduzidos pela Lei 11.232/2005. I.4.11.1. ESPÉCIES DE PEDIDOS I.4.11.1.1. Pedido Mediato e Imediato Pedido Imediato é o requerimento para a obtenção de uma tutela jurisdicional. Declare e condene são pedidos imediatos pois a pessoa está requerendo uma tutela declaratória condenatória. Pedido Mediato é o requerimento para obtenção de um bem jurídico. Ex: Dinheiro, divórcio e etc. Quando se exige o pagamento de X reais. I.4.12. Requisitos do Pedido a) Certeza (certo) ==> O pedido deve ser expresso. Em princípio não se admite pedido implícito, ou seja, não é porque você fez uma causa de pedir que o juiz irá saber o que você quer. Exceções: Correção monetária e juros legais. Mesmo que você não peça para o juiz incluir a correção monetária e o juros, ele irá incluir (pedido implícito) DPC_AULA 02 14/08/2015 " DE "15 23 KM_DPCI Inclusão das prestações vincendas e prestações periódicas. Se você tem uma prestação que é periódica (aluguel, alimentos, condomínio), você não precisa pedir para o juiz incluir as vincendas (que irão vencer) o juiz pode incluí-las. Condenação do vencido pagamento de honorários advocatícios. Eu como autor não preciso requerer isso, o juiz irá condenar a parte a pagar honorários. *Art. 322, §2º, Novo CPC ==> O pedido não é só o que está no final, pode estar no corpo. A petição deve ser apreciada em todo seu conteúdo. b) Determinação (determinado) ==> O pedido deve especificar a qualidade e a quantidade do que se deseja. Não basta que o pedido seja certo (expresso) ele precisa ser determinado, determinando assim, os critérios qualitativos e quantitativos. Ex. A entrega de um automóvel, onde não é especificado marca, ano, modelo e etc, o pedido é certo mas não determinado. Exceções: Nas ações universais. Que são aquelas que versam sobre universalidade de bens (art. 90 e 91 C.C.) Ex. Um acervo de uma biblioteca é uma universalidade de bens, então se você está pedindo a restituição do acervo não será preciso descrever cada livro individualmente de modo definitivo. Quando não se puder determinar, de modo definitivo, todas as consequências do ato ou do fato. Ex. Terminada aula, os alunos estão saindo da faculdade e um deles é atropelado. Vai passar por terapia, medicamentos, cirurgias e etc. Tudo isso não há como estabelecer na propositura da ação. Para isso se faz um pedido genérico, requerendo a condenação e depois o valor será fixado por meio de liquidação de sentença. Quando a determinação do valor ou do objeto depender de um ato que deva ser praticado pelo réu. Ex: Ação de exigir contas – você é um herdeiro e tem um inventariante que você suspeita que está dando um DPC_AULA 02 14/08/2015 " DE "16 23 KM_DPCI destaque. Em uma situação como essa é possível mover uma ação de exigir contas em que você requer a condenação e posteriormente, após o réu prestar contas, será estabelecido um valor. Danos morais. É admitido pedido genérico. Tem quem peça para o juiz fixar o valor. (Habitualmente a Jurisprudência acerta) I.4.12.1. Pedido Alternativo e Cumulação Alternativa dos Pedidos I.4.12.1.1. Pedido Alternativo Deve ser formulado quando o devedor puder cumprir a obrigação por mais de uma forma. Ex. Foi celebrado um contrato de arrendamento, neste contrato foi estabelecida uma cláusula que o arrendatário pode cumprir sua obrigação de duas formas: pagando X ou entregando parte da produção. Chegou a data de vencimento e o arrendatário não cumpriu a obrigação. Frente a isso, o autor vai pedir ao juiz que determine o cumprimento da obrigação, cabendo ao réu optar a forma que deseja cumprir esta obrigação, se “a” pagando X ou da forma “b” entregando parte da produção. I.4.12.1.2. Cumulação Alternativa de Pedidos Consiste na formulação de mais de um pedido para que o juiz acolha um deles, sem ordem de preferência. Ex. Eu peço ao juiz “a” ou “b” e o juiz é que estabelecerá o melhor, não há uma ordem de preferência, cabe ao juiz determinar qual será a indenização. I.4.12.2. Pedido Sucessivo ou Cumulação Sucessiva Pedido Sucessivo (pedido subsidiário) (cumulação eventual de pedidos) O autor requer ao juiz que acolha um pedido posterior na hipótese de não acolher um pedido anterior. É feito ao juiz um pedido “A” mas caso o juiz não acolha “A” você quer o “B” (isso já é estabelecido de DPC_AULA 02 14/08/2015 " DE "17 23 KM_DPCI antemão na petição). Ex: Pede a anulação do casamento e se o juiz não acolher a anulação, você pede o divórcio. (motivo: economia processual) * Fazendo isso, acaba enfraquecendo (psicologicamente) o pedido principal. I.4.12.3. Cumulação Sucessiva O autor requer ao juiz que acolha um pedido posterior na hipótese de acolher um pedido anterior. Peço que acolha “A” e se acolher “A”, peço que acolha também o “B”. Ex: Se for acolhida a paternidade quero que acolha pensão alimentícia. Para cumulação de pedidos há 3 requisitos que devem ser respeitados: Os pedidos devem ser compatíveis entre si; Devem ter o mesmo juízo competente; Devem possuir compatibilidade de procedimentos relativos a cada pedido. Existem procedimentos especiais que são previstos para certos pedidos. Ex: Mandado de Segurança tem um procedimento especial bem diferente e optar por além deste, fazer um pedido pelo procedimento comum, abre-se mão do Mandado de Segurança. Dessa forma é possível cumular pedidos. OBS: Ação você propõe, promove move ou ajuíza; Mandado de Segurança, mandado de injunção, habeas corpus ou habeas data você impetra; Embargos você opõe; Recurso você interpõe; OBS2: A conexão não é um requisito para a cumulação de pedidos. (conexão é algo que se dá quando há o mesmo pedido e a causa de pedir). Nos Juizados DPC_AULA 02 14/08/2015 " DE "18 23 KM_DPCI Especiais, ao contrário do que diz o CPC, exige a cumulação da conexão como requisito. I.4.13. DESPESAS O processo, como regra, é oneroso. De acordo com o art. 82, NCPC: Salvo as disposições concernentes à justiça gratuita, cabe às partes prover as despesas dos atos que realizam ou requerem no processo, antecipando-lhes o pagamento desde o início até a sentença final; e bem ainda, na execução, até a plena satisfação do direito declarado pela sentença. Assim, deverá o autor comprovar, initio litis, o recolhimento das custas iniciais, salvo se pleitear a concessão dos benefícios da justiça gratuita. Não pode, entretanto, comprovar o recolhimento das custas iniciais e, simultaneamente, pleitear os benefícios da justiça gratuita, por se tratar de atos incompatíveis entre si, configuradores de preclusão lógica. Tal conduta, por si só, conduz ao indeferimento da justiça gratuita ou gratuidade processual. II. CONTROLE DE ADMISSIBILIDADE DA PETIÇÃO INICIAL Quando a ação é proposta, a petição inicial chega as mãos do juiz, e quando chega, quais são as atitudes que o juiz pode tomar ao receber a petição? Isso é chamado de juízo de admissibilidade. Existem basicamente 4 atitudes: II.1. Indeferimento da Petição Inicial Acontece quando existe um vício insanável, o juiz irá indeferir a petição inicial. Ex: A prescrição é um vício incorrigível. Esses vícios estão previstos no Art. 330 do CPC. DPC_AULA 02 14/08/2015 " DE "19 23 KM_DPCI – A inépcia da petição inicial é um dos casos de indeferimento, ou seja, todo casode inépcia é um caso de indeferimento, mas nem todo indeferimento é caso de inépcia. Dica: Os casos de inépcia estão todos relacionados a causa de pedir ou do pedido. O indeferimento da petição inicial se dá por meio de sentença. O recurso cabível é a apelação, normalmente é dirigida ao juiz, e este manda para o tribunal. Nesse caso do indeferimento da petição inicial, o juiz, ao receber a petição e analisá-la, pode vir a se retratar. *Isso também pode ocorrer no caso de improcedência de liminar. II.2. Saneamento da Petição Inicial Se houver um vício sanável, o juiz concederá ao autor o prazo de 15 dias para que emende ou complete a petição inicial. Ex: A parte esqueceu de juntar documentos que são indispensáveis à aquela petição. O esquecimento de juntar documentos é um vício sanável. Se por acaso após os 15 dias, estabelecido no CPC, o autor não fizer nada o juiz indefere. Esse é um direito do autor, o juiz é obrigado a dar este prazo. Previsto no artigo 321 do novo CPC, ao indeferir a petição inicial, o juiz deve esclarecer qual o vício que gerou o indeferimento. II.3. Improcedência Liminar Está previsto no Art. 322 do CPC. Se o pedido contrariar uma súmula do STJ ou do STF o juiz já poderá julgar improcedente. Se o STJ ou STF julgar um recurso repetido e o pedido contrariar essa decisão, antes de citar o réu, o juiz julgará improcedente. Se o pedido contrariar o entendimento formado no incidente de resolução de demandas repetitivas, ou na Assunção de Competência, o DPC_AULA 02 14/08/2015 " DE "20 23 KM_DPCI juiz pode julgar improcedente antes de citar o réu. Se o pedido contrariou Súmula do TJ o juiz pode julgar improcedente. Quando houver prescrição ou decadência é contado como um caso de improcedência liminar. OBS: O juiz estará proferindo uma sentença em todos estes casos. E o recurso cabível será o de apelação. Se houver apelação, o juiz terá 15 dias para se retratar. II.4. Despacho liminar Positivo Não ocorrendo as situações anteriores, o juiz ordenará a citação do réu. No código de 73 o réu seria citado para apresentar uma resposta. No código de 2015, o réu é citado à comparecer à uma audiência chamada de “audiência de conciliação ou mediação”. OBS: O conciliador propõe solução, o mediador não propõe solução, ele apenas cria o ambiente para que a solução (autocomposição) ocorra. Essa audiência não ocorrerá quando: a) O direito não admite autocomposição (transação). Por exemplo os direitos indisponíveis. Em casos assim o juiz não marcará a audiência, pois o direito não admite. b) Ambas as partes se manifestam contrárias a audiência. Se um autor disser que aceita e o réu disser que não, haverá audiência, inclusive em litisconsórcio. O autor se manifesta positivamente na petição inicial. O réu tem até 10 dias antes da audiência para se manifestar. (art. 334 do novo CPC). DICA: O novo CPC, unificou os prazos todos em 15 dias ÚTEIS, o que facilita muito e causa menos confusão para os advogados estagiários profissionais. DPC_AULA 02 14/08/2015 " DE "21 23 KM_DPCI III. MODIFICAÇÕES DA CAUSA DE PEDIR E DO PEDIDO Antes de tudo, é preciso distinguir ampliação, redução e alteração do pedido. Em todos esses casos, há modificação do pedido. O art. 264, do CPC, veda a modificação do pedido ou da causa de pedir depois de efetivada a citação do réu. Em raciocínio paralelo, permite-se, portanto, a modificação do pedido até a citação. Depois de efetivada a citação, a ampliação ou a alteração do pedido dependem da aquiescência do réu. O consentimento do réu, tácito ou expresso, é condição imprescindível para que a ampliação (art. 294, CPC) ou a alteração (art. 264, parágrafo único, CPC) do pedido sejam deferidas. Não se trata de exigência legal inócua, pois, inúmeras razões poderão existir para que o réu consinta com a ampliação ou alteração objetiva da demanda. É possível, por exemplo, que o réu manifeste concordância com eventual pedido nesse sentido, por entender que o pedido aditado é manifestamente improcedente, embora o pedido primitivo tenha grandes chances de êxito, o que conduzirá fatalmente à sucumbência recíproca (art. 21, CPC). Humberto Theodoro Júnior (2012, p. 388) enfatiza que: Sendo possível a modificação, deve-se observar se o réu é, ou não, revel. Se o for, após a inovação, ter-se-á de promover nova citação do demandado. Se o réu tiver advogado nos autos, terá de ser intimado, a fim de obter-se o assentimento à modificação, seja de forma explícita, seja implícita. Somente até o saneamento do processo, contudo, poderá haver ampliação ou alteração do pedido, estabilizando-se, a partir daí, a demanda em sua face objetiva. A redução objetiva da demanda, por seu turno, não encontra óbices temporais. Nessa esteira, Marinoni e Arenhart (2008, p. 87) destacam: DPC_AULA 02 14/08/2015 " DE "22 23 KM_DPCI O pedido pode ser reduzido em virtude de: i) desistência da ação no tocante a uma parte do pedido ou a um dos pedidos (quando houver cumulação de pedidos); ii) renúncia a uma parte do direito postulado; iii) transação parcial (na pendência do processo); iv) convenção de arbitragem em relação a parte do objeto do litígio (na pendência do processo); e v) recurso em relação a uma parte da sentença. Nesse sentido, fica claro que a redução do pedido não é subordinada aos limites temporais definidos pela citação e pelo saneamento do processo. DPC_AULA 02 14/08/2015 " DE "23 23
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