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7 Liquigás Distribuidora S. A. – Profissional Jr. com formação em Comunicação Social Para responder às questões 14 e 15, leia o primeiro parágrafo do romance Budapeste, de Chico Buarque. Devia ser proibido debochar de quem se aventura em língua estrangeira. Certa manhã, ao deixar o metrô por engano numa estação azul igual à dela, com um nome semelhante à estação da casa dela, telefonei da rua e disse: aí estou chegando quase. Desconfiei na mesma hora que tinha falado besteira, porque a professora me pediu para repetir a sentença. Aí estou chegando quase... havia provavelmente algum problema com a palavra quase. Só que, em vez de apontar o erro, ela me fez repeti-lo, repeti-lo, repeti-lo, depois caiu numa gargalhada que me levou a bater o fone. Ao me ver à sua porta teve novo acesso, e quanto mais prendia o riso na boca, mais se sacudia de rir com o corpo inteiro. Disse enfim ter entendido que eu chegaria pouco a pouco, primeiro o nariz, depois uma orelha, depois um joelho, e a piada nem tinha essa graça toda. Tanto é verdade que Kriska ficou meio triste e, sem saber pedir desculpas, roçou com a ponta dos dedos meus lábios trêmulos. Hoje porém posso dizer que falo o húngaro com perfeição, ou quase. Quando de noite começo a murmurar sozinho, a suspeita de um ligeiríssimo sotaque aqui e ali muito me aflige. Nos ambientes que freqüento, onde discorro em voz alta sobre temas nacionais, emprego verbos raros e corrijo pessoas cultas, um súbito acento estranho seria desastroso. Para tirar a cisma, só posso recorrer a Kriska, que tampouco é muito confiável; a fim de me segurar ali comendo em sua mão, como talvez deseje, sempre me negará a última migalha. Ainda assim, volta e meia lhe pergunto em segredo: perdi o sotaque? Tinhosa, ela responde: pouco a pouco, primeiro o nariz, depois uma orelha... E morre de rir, depois se arrepende, passa as mãos no meu pescoço e por aí vai. BUARQUE, Chico. Budapeste. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. 14. Levando em consideração as afirmações do texto e as orientações da gramática normativa tradicional, é correto afirmar que (A) nas orações “ao deixar o metrô por engano numa estação azul igual à dela, com um nome semelhante à estação da casa dela” e “porque a professora me pediu para repetir a sentença”, os termos sublinhados não se referem à mesma personagem. (B) na oração “ao deixar o metrô por engano numa estação azul igual à dela”, o uso do acento grave no termo destacado se deve à fusão de preposição regida por verbo com um artigo definido. (C) a leitura do texto permite inferir que a frase “aí estou chegando quase” foi proferida, durante conversa telefônica, pelo narrador e em língua portuguesa, o que causou estranheza à professora. (D) para a tradição gramatical, a regência do verbo “pedir”, na frase “porque a professora me pediu para repetir a sentença” é viciosa. (E) nas duas ocorrências nas frases “a professora me pediu para repetir a sentença” e “Ao me ver à sua porta teve novo acesso”, o pronome destacado exerce a mesma função sintática. 15. Levando em consideração as afirmações do texto e as orientações da gramática normativa tradicional, é correto afirmar que (A) na frase “Hoje porém posso dizer que falo o húngaro com perfeição”, é proibido que a conjunção destacada seja isolada por vírgulas. (B) na frase “Nos ambientes que freqüento”, o pronome relativo destacado deveria ter sido antecedido pela preposição “em”. (C) a frase “roçou com a ponta dos dedos meus lábios trêmulos” estará inadequada gramaticalmente e fugirá ao sentido do texto original, se for reescrita da seguinte maneira: “roçou-me os lábios trêmulos com a ponta dos dedos”. (D) as frases “comendo em sua mão” e “sempre me negará a última migalha”, podem ser entendidas, respectivamente, como “dependendo das lições dela” e “sempre me negará uma explicação definitiva”. (E) no trecho “sempre me negará a última migalha. Ainda assim, volta e meia lhe pergunto”, os pronomes destacados não exercem a mesma função sintática. CONHECIMENTOS GERAIS Leia o trecho a seguir. “A dengue é um dos principais problemas de saúde pública no mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 50 a 100 milhões de pessoas se infectem anualmente, em mais de 100 países, de todos os continentes, exceto a Europa. Cerca de 550 mil doentes necessitam de hospitalização e 20 mil morrem em conseqüência da dengue”. Cecília Melo Do Contas Abertas – UOL 01/12/2007 16. Na avaliação do Tribunal de Contas da União (TCU), foram verificadas ações precárias na execução das tarefas de eliminação do mosquito, como: I. força de trabalho, que não recebe o treinamento adequado ou se revela em número insuficiente. II. precariedade das visitas domiciliares. III. a constatação de que todas as pessoas estão conscientes do trabalho de prevenção, porém não há como evitar a proliferação do mosquito. Está (ão) correta(s) a(s) afirmativa(s) (A) I e II. (B) II e III. (C) III. (D) II. (E) I e III.