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Melhoramento Genético de Bovinos - Professor Abílio da Paixão Ciríaco - Zootecnista

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CAPÍTULO X - MELHORAMENTO GENÉTICO DE BOVINOS
INTRODUÇÃO
A população mundial tem crescido a passos largos, tanto que nos dias atuais – novembro de 2.011 - o planeta possui uma contingente de cerca de 7.000.000.000 (sete bilhões de pessoas). Esse fator aliado a o de que algumas sociedades estão experimentando uma melhora no seu poder aquisitivo. Países antes tido como pobres e onde a população não concorria em alimentos com o resto da população do planeta, agora estão demandando por mas alimentos e entre esses alimentos estão as chamadas proteínas animais, e destas destaca-se a carne bovina.
Além disso, a atual crise por que passam as economias dos países desenvolvidos levaram à redução nos subsídios sobre as produções agrícola e pecuária, fazendo com que esses sistemas também encontrem problemas.
Para atender essa crescente demanda se faz necessário incrementos na produção de bovinos, sendo o Brasil um grande produtor e o maior exportador de carne bovina do mundo, com um rebanho de cerca de 200.000.000 de cabeças e com capacidade para ampliar essa atividade. No entanto, apesar do grande rebanho, a taxa de desfrute do rebanho nacional ainda está aquém de realidades com a Argentina e muito abaixo do que se consegue nos Estados Unidos.
Para que essa realidade seja outra, se faz necessário implementar melhorias no manejo, na nutrição e na genética do rebanho nacional. É sobre esse último quesito que abordaremos a seguir.
CONCEITO e DEFINIÇÃO
Entende-se por melhoramento genético, o conjunto de métodos e técnicas que visam o aumento da freqüência dos genes desejáveis ou das boas combinações genéticas em uma população ou a diminuição da freqüência dos genes indesejáveis ou das combinações genéticas ruins. Isso nada mais é do que manter os produtos ou animais que mais se aproximam dos objetivos da criação: maior resultado econômico em um menor espaço de tempo e com menor custo.
PRINCÍPIOS
Devemos considerar animais melhorados e não melhorados para uma determinada característica, como se fossem máquinas; mais especificamente como carros de fórmula um para o primeiro, e veículos antigos como sistemas mecânicos de injeção para o segundo. Um carro de fórmula um é capaz de desenvolver performances de velocidade e manobra excepcionais, porém necessita de condições especiais para que isso aconteça, como combustível e pneus especiais, pistas sem ondulações, etc. Já um veículo comum, antigo, não é capaz de desenvolver a mesma performance daquele, mas é capaz de produzir resultados, embora módicos, em situações em que o outro nem funcionaria.
Dessa maneira, o melhoramento de animais deve respeitar a lógica de uma pirâmide, em que a genética vem em primeiro lugar, em seguida, na ordem, devem se situar o manejo, as instalações, a alimentação e por último a sanidade, conforme figura abaixo.
Fig. 01 – Pirâmide da produção animal
Essa mesma pirâmide pode ser mais bem entendida através de outra figura de mesmo princípio, que especifica as inter-relações existentes entre o animal - sua carga genética - e o meio que o cerca. Essa figura está apresentada abaixo.
Fig. 02 – Inter-relações entre o animal e o meio que o cerca.
Dessas figuras, podemos deduzir o seguinte:
Fenótipo = Genótipo + Ambiente 
Ou que:
Produtividade = Herança + Manejo
DEFINIÇÕES E TERMOS EMPREGADOS
Alguns conceitos específicos são utilizados em melhoramento animal, sendo necessários.
RAÇA - Grupo de indivíduos com características fenotípicas quase idênticas e genotípicas bastante próximas dentro da mesma espécie.
CRUZAMENTO - Cobertura em que o macho é de uma raça e a fêmea é de outra com junção/interação de material genético ou método de reprodução de indivíduos de variedades ou espécies diferentes.
ACASALAMENTO - Formação dos casais; escolha do reprodutor mais adequado à matriz para o objetivo pretendido.
COBERTURA CÓPULA OU MONTA: Ato sexual realizado pelo macho sobre a fêmea.
HIBRIDAÇÃO OU HIBRIDIZAÇÃO - Cruzamento entre espécies diferentes capaz de gerar um indivíduo com características dos pais, mas que, via de regra, não se reproduz (estéril). Também se diz de animais obtidos após sucessivos cruzamentos entre linhagens com características específicas, que é fértil, extremamente produtivo, mas não passa essa capacidade produtiva para seus descendentes (frango).
PC (Puro por Cruza): Animal oriundo de cruzamento contínuo absorvente após a quinta geração (31/32).
P.O. (Puro de Origem): Animal de determinada raça que tem suas origens mantidas sem a “entrada” de outro “sangue” e que não foi purificado através de cruzamento absorvente (exceto controle da ABCZ).
P.O.I. (Puro de Origem Importada): Animal oriundo de importação ou que só recebeu sangue de animais importados, sem nenhuma parcela de outros que não o sejam. São importantes para evitar a erosão genética.
GENEALOGIA - Estudo da origem dos indivíduos numa determinada família; procedência.
GENÓTIPO - Constituição genética de um indivíduo.
FENÓTIPO - Aparência, e aspecto externo do indivíduo, ou seja, aquilo que pode ser mensurado, medido, como peso, tamanho, produção de leite, etc.
DOMINÂNCIA - Quando um gene alelo para um determinada característica domina (gene dominante) sobre o outro (gene recessivo).
RECESSIVIDADE - Processo contrário à dominância.
T.E.(transferência de embriões) - Técnica de reprodução assistida em que o(s) embriões são fecundados dentro do útero de uma matriz (doadora) e, antes de aderirem à parede do útero, são retirados e implantados em outro animal que esteja no mesmo ponto do ciclo reprodutivo.
FIV (fertilização in vitro) - Técnica em que oócitos (células que formarão o óvulo), são aspirados, “processados” e fecundados em laboratório e, após a certo tempo de desenvolvimento, implantados em animas previamente preparados para recebê-los.
DOADORA - Fêmea que doa os oócitos.
RECEPTORA - Fêmea que recebe os embriões.
DEP (Diferênça esperada de progênie) - Estimativa de quanto a progênie de determinado reprodutor difere, em termos de desempenho, da média da raça. Pode ser positiva ou negativa.
PTA – Sigla em inglês para Predicted Transmiting Ability, que significa capacidade prevista de transmissão. O mesmo que DEP.
ACURÁCIA - Indica quanto as DEPs são confiáveis, ou seja, a relação entre valor estimado e valor real. Grau de risco que a utilização daquele touro oferece.
EROSÃO GENÉTICA - Perda genética devido a cruzamentos entre linhagens ou animais que não são tão distantes nas origens, podendo ocorrer no caso do nelore pelo grande número de animais originados de uns poucos importados.
REFRESCAMENTO DE SANGUE - Termo empregado para a prática de introduzir “sangue” (genética) de outros animais da mesma raça que sabidamente não tenham relação nenhuma de paentesco quando se tem risco de erosão genética ou de consangüinidade.
MÉTODOS EMPREGADOS
São dois os métodos empregados no melhoramento animal: a seleção e o cruzamento.
SELEÇÃO
Método de melhoramento animal que consiste em selecionar dentre os animais disponíveis em um determinado rebanho ou em um grupo de indivíduos, aqueles que atendem a(s) característica(s) desejadas, descartando os demais.
Vantagens e desvantagens
Como vantagem a seleção apresenta o fato de obter resultados permanentes com fixação dos caracteres nas gerações futuras; como desvantagens apresenta a característica da lentidão no processo podendo levar anos ou décadas para que se chega ao objetivo proposto ou a um ponto que seja satisfatório, além do alto custo em relação ao resultado.
Tipos de seleção
Pode-se dividir a técnica da seleção em três tipos ou épocas básicas: seleção pelo fenótipo, seleção pela produção e seleção por marcadores moleculares
Seleção pelo fenótipo
Consiste em selecionar os indivíduos pelas características externas apresentadas. É método dos mais antigos, sendo empregado desde tempos remotos, quando o homem antigo, ao observar características diferentes entre os animais do rebanho, passou a separar segundo as características desejadas como (pelagem, presença/ausência de chifres,etc.). Esse método no entanto apresenta valor mais acentuado quando se quer um padrão de aparência, com pouca expressividade para as capacidades produtivas, com pouco resultado econômico.
Seleção pela capacidade produtiva dos pais
Nesse método, os animais são selecionados pela sua capacidade produtiva, avaliada no indivíduo alvo, ou seja, os animais que apresentarem as melhores características são os escolhidos.
Apresenta melhor resultado econômico que o anterior, pois não importa a aparência do indivíduo, e sim sua capacidade produtiva; apresenta porém o inconveniente de não se ter a garantia de que essas características serão transmitidas aos descendentes.
Seleção pelo teste de progênie
Consiste em selecionar indivíduos que farão parte de um programa de melhoramento genético através dos resultados obtidos pelos seus descendentes, através de testes que são realizados nesses descendentes. Trata-se de método com maior precisão dentre os que foram apresentados até agora, pois permite maior confiabilidade sobre os resultados passivos de serem atingidos.
Comparado com os três já mencionados, é o que o apresenta melhor resultado econômico, pois é baseado nos resultados obtidos pelos filhos e não no dos pais; permite ainda utilizar um “raçador” para corrigir problemas de um rebanho (aprumos, peso ao desmame, ganho de peso, espessura de gordura, etc.). Como desvantagem apresenta o inconveniente de que, em alguns casos como rendimento de carcaça, maciez e sabor da carne, etc., os resultados só são obtidos após a morte das progênies.
Há que se observar que o procedimento de montagem de banco de dados deve ser feito por entidades confiáveis (USP, EMBRAPA, ABCZ, etc.), evitando assim conduções para resultados que interessam apenas aos dos pais dos animais testados.
Seleção por marcadores moleculares
É o método mais moderno existente, sendo, portanto, de última geração.
Consiste em se identificar os chamados “locus gênicos” dos caracteres desejados no genoma (código genético) do animal. É feito utilizando-se os modernos conhecimentos de genética que permite saber se um animal possui informação genética para desenvolver determinada característica produtiva, comparando-se seu código genético com um “mapa” básico para a característica envolvida na análise.
Apresenta a vantagem de não precisar do nascimento dos filhos, pois o teste é feito no próprio animal. Como desvantagens, tem-se o fato de que ainda não se tem muitas bases de dados, sendo oneroso.
CRUZAMENTO
Consiste em se atingir os resultados esperados nos indivíduos obtidos, utilizando-se da junção de características já existentes em outros previamente escolhidos, através da complementaridade entre esses indivíduos. Por exemplo: a união da rusticidade de uma raça com a produtividade de outra.
A esse fenômeno, onde ocorre a complementaridade com o aproveitamento de características já existentes em uma ou mais raças dá-se o nome de vigor híbrido ou heterose.
Vantagens e desvantagens
Esse método apresenta a vantagem de se atingir rapidamente os resultados pretendidos, devido ao fato de que essas informações já estão fixadas nos animais escolhidos para o processo, sendo simplesmente transmitidas aos descendentes. Apresenta porém, a desvantagem de que os resultados não são tão sólidos, pelo menos em um curto espaço de tempo; além disso, em alguns casos, depende de maneira constante de animais puros para a continuidade do processo.
Tipos de cruzamento
Basicamente, podem ser classificados em três sistemas:cruzamento terminal (com duas raças ou simples e com três raças), cruzamento contínuo ou absorvente e cruzamento rotacional ou alternado.
Cruzamento terminal simples
É realizado entre duas raças, formando o que se chama de F-1; utilizando-se, geralmente, uma raça de origem zebuína, com característica de maior rusticidade, e uma de origem taurina de maior produtividade. Os produtos obtidos são os que apresentam a maior heterose possível, sendo em caso de gado de corte, esses produtos destinados, tanto os machos quanto as fêmeas, ao abate, por isso o termo terminal ou industrial (indústria frigorífica).
Apresenta com vantagem a simplicidade na execução, e como desvantagem o fato de que ou se reduz o número de matrizes que participam dos cruzamentos ou o se esgota as matrizes do plantel devido ao fato de que não é possível a reposição destas a partir das crias obtidas com necessidade de reposição por aquisição.
Uma variante desse esquema pode ser empregada para gado leiteiro, porém só serão utilizadas para produção as fêmeas, sendo os machos destinados ao descarte.
Esquema desse tipo de cruzamento é apresentado abaixo.
Fig. 03 – Cruzamento terminal simples
Cruzamento terminal com três raças 
Como o próprio nome já diz, envolve três raças, produzindo os chamados F-2 como produtos finais, onde o touro da segunda raça envolvida é acasalado com as fêmeas F-1 obtidas do primeiro cruzamento, sendo, como no caso do primeiro, os produtos finais, tanto machos quanto fêmeas, destinados ao abate (industrial ou terminal), não se prestando portanto para raças leiteiras.
Geralmente, obedece ao seguinte esquema: touros taurinos europeus britânicos acasalados com fêmeas zebus; sendo, dos produtos F-1 obtidos, os machos destinados ao abate e as fêmeas acasaladas ou com touros taurinos adaptados, ou touros bi-mestiços sintéticos, ou ainda touros compostos.
Apresenta a vantagem de exercer menor pressão sobre as matrizes originais, devido à característica de se poderem utilizar as fêmeas F-1 como matrizes dos produtos finais. Como desvantagens, tem-se uma menor heterose que o cruzamento terminal simples; um maior grau de complexidade; viabilidade de utilização somente para gado de corte; e o fato de exercer ainda, caso todas as matrizes zebu originais participem, o esgotamento das matrizes do plantel.
Esquema dessa modalidade é apresentado a seguir.
Fig. 04 – Cruzamento terminal com três raças
Cruzamento rotacional
Nessa modalidade de cruzamentos, utilizam-se duas, três, ou mais raças alternando-se as mesmas entre as gerações, quando se trabalha com gado de corte; para gado leiteiro, a rotacionalidade só tem razão quando executada com duas raças, devendo porém, as duas apresentarem boa capacidade produtiva (Holandês x Jersey – cruzamento realizado na Nova Zelândia). Para o caso do gado de corte, obedece-se ao esquema de uma raça zebuína (ex: nelore), cruzada com raças taurinas.
É importante que, para as raças taurinas se utilize ora um taurino europeu britânico, devido à habilidade materna, ora um taurino adaptado, que trará mais rusticidade aos produtos. Como raças taurinas indicadas cita-se, para os europeus, a Angus e a Hereford, e para os adaptados a Senepol, e a Bonsmara, dentre outras.
Os produtos obtidos seguem o seguinte esquema: os machos vão para o abate e as fêmeas irão para a reposição de matrizes, apresentando estas, excepcional potencial reprodutivo.
Como vantagem apresenta o fato de que permite a manutenção de matrizes no plantel, além de não ser necessário entrar todas as fêmeas base no processo; como desvantagem, apresenta o fato de possuir maior complexidade na execução e de ser necessário o uso de touros de raças várias.
Esquema envolvendo duas e três raças é apresentado abaixo
Fig. 05 – Cruzamento rotacional com duas e três raças
Cruzamento contínuo ou absorvente
Esse tipo de cruzamento tem por finalidade substituir uma raça ou "grau de sangue” através do uso contínuo da segunda, onde a primeira é absorvida pela outra que é continuamente utilizada. Esse tipo de cruzamento gera os chamados "puros por cruza" ou PC, sendo que só se considera puro por cruza a partir da quinta geração ou quando se atinge o grau de sangue equivalente a 31/32 (trinta e um trinta e dois avos) para a raça absorvente.
Para algumas raças zebuínas (nelore e gir) a ABCZ – Associação de Criadores de Zebu, considera, após a quinta geração que os produtos são Puros de Origem (PO), desde que os cruzamentos sejam realizados sempre com touros puros.O esquema do cruzamento absorvente está esquematizado abaixo.
Fig. 06 – Cruzamento absorvente ou contínuo
Formação de raça sintética
O conceito de raça sintética diz respeito a toda raça que é “fabricada” pela mão do homem à partir de outras, podendo ser bi-mestiço ou composto. Essa prática é realizada quando se quer formar nova raça que contemple características das duas envolvidas. Tem a particularidade de conferir certo ganho em heterose, transmitindo essas características para as gerações futuras quando cruzadas entre si, sem perda de características raciais.
Deve obedecer ao esquema de se utilizar uma mais rústica (geralmente zebuína) e a outra mais produtiva (taurino), tendo o produto final, obrigatoriamente, que ter grau de sangue 5/8 europeu + 3/8 zebu.
A mais conhecida raça fruto desse tipo de cruzamento é a Girolando produto do cruzamento do Holandês com Gir, existindo também existem as raças Canchim (Charolês x Guzerá/Nelore), Guzolando (Guzerá x Holandês); Pitangueiras (Guzerá x Red poll), Blonel (Blonde x Nelore) etc.
Para se obter o grau de sangue especificado, várias estratégias são aventadas, no entanto três são as mais práticas. Será exemplificado através do Girolando.
Cruza-se o Holandês com Gir leiteiro atingindo o ½ (meio sangue) Holandês/Gir nos F-1; as fêmeas desse resultado são então cruzadas novamente com Gir Leiteiro, obtendo-se animais ¾ GiL x ¼ Hol (três quartos Gir Leiteiro, um quarto Holandês); finalmente, as fêmeas desses produtos são cruzados com Holandês, obtendo-se assim os produtos 5/8 Hol x 3/8 GiL (cinco oitavos Holandês, 3/8 Gir Leiteiro).
Na segunda possibilidade, se utiliza touros puros da raça Holandesa sobre as fêmeas F-1 (meio sangue), obtendo-se animais ¾ Hol X ¼ GiL (três quartos Holandês, um quarto Gir Leiteiro); sobre as fêmeas desses produtos, são colocados touros F-1 (meio sangue), chegando-se novamente ao 5/8 Hol x 3/8 GiL (cinco oitavos Holandês, 3/8 Gir Leiteiro).
Na terceira possibilidade, são utilizados touros ¾ Hol X ¼ GiL (três quartos Holandês, um quarto Gir Leiteiro), sobre fêmeas F-1 (meio sangue), obtendo-se também os produtos finais.
Duas observações devem ser levadas em conta:
Para a obtenção dos F-1, em locais de clima quente a fêmea indicada é a vaca Gir coberta por touro da raça Holandesa; em casos onde o clima for mais ameno, pode-se utilizar vacas da raça Holandesa coberta por touros da raça Gir Leiteiro;
Em todos esses casos, o produto final só poderá ser considerado bi-mestiço sintético após o acasalamento entre os animais 5/8 Hol x 3/8 GiL.
As três possibilidades estão apresentadas a seguir.
CRUZAMENTO X SELEÇÃO
Diante das possibilidades apresentadas pode se observar que ambas as situações apresentam vantagens e desvantagens, o que nos leva a deduzir que a complementaridade das técnicas é a que traz o melhor resultado pois, se o cruzamento traz ganhos rápidos em relação aos resultados da raça pura sem seleção, em compensação esses ganhos não são permanentes devido a questões de genética que não permitem a transmissão e fixação desses caracteres quando se pratica reprodução entre os F-1; a seleção da raça pura traz benefícios que são fixados ao longo das gerações futuras, mas os resultados são lentos.
Assim, em uma escala de ordem, os melhores resultados são os obtidos com a seleção com posterior cruzamento e em último grau, como o cruzamento com posterior seleção.
A representação desse gráfico de ganhos está exposta abaixo
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim, cabe aos técnicos orientar os produtores rurais sobre a utilização racional de sua propriedade, respeitando a natureza e explorando ao máximo o potencial genético dos animais, aplicando, dessa maneira, tecnologias que permitam aumento de produtividade, redução da pressão das áreas de cultivo sobre os ecossistemas naturais, diminuição da poluição e redução dos custos, sendo competitivo no agronegócio.
MELHORAMENTO GENÉTICO EM BOVINOS
Prof. Abílio da Paixão Ciríaco
Exemplo de cruzamentos terminal simples
25/11/2011
21
MELHORAMENTO GENÉTICO EM BOVINOS
Prof. Abílio da Paixão Ciríaco
Exemplo de cruzamentos terminal com três raças
31/10/2013
23
Animal thre-cross
½ chianina 
¼ nelore 
¼ red angus

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