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BOVINOCULTURA DE CORTE E 
LEITE 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Amanda Louise Bruzamolin Oliveira 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta etapa, iremos abordar diversos conceitos importantes relacionados 
ao melhoramento genético dos rebanhos. 
Começaremos esta etapa entendendo como funciona o controle de 
produção e conheceremos também os conceitos básicos de genética, os quais 
são fundamentais na compreensão de outras temáticas ao longo da etapa. 
Em seguida, entenderemos a primeira ferramenta de melhoramento 
genético, que é a seleção de animais. No tópico 3, abordaremos em detalhes 
uma das principais ferramentas de seleção, que é a Diferença Esperada na 
Progênie, chamada de DEP. 
Já no tópico 4, abordaremos a segunda ferramenta de melhoramento 
genético, que são os sistemas de acasalamento. 
Por fim, fecharemos nossa temática com o tópico 5 – características 
zootécnicas de seleção, em que vamos abordar quais são essas características 
e qual a importância de cada uma delas. 
TEMA 1 – CONTROLE DE PRODUÇÃO E CONCEITOS BÁSICOS DE GENÉTICA 
O melhoramento genético é fundamental para a pecuária. Com ele, 
criadores podem melhorar a eficiência e a lucratividade do rebanho, seguindo 
princípios genéticos. A criação de animais geneticamente superiores permite 
utilizar recursos de forma mais eficiente. O desempenho de um animal depende 
de dois fatores principais: sua genética e seu ambiente de criação, o que engloba 
alimentação, saúde, manejo etc. Ambos os fatores são igualmente importantes 
e devem ser trabalhados em conjunto. 
Deve-se salientar, segundo Cardoso (2009, p. 7), “que não adianta 
possuir animais geneticamente superiores se a alimentação é pobre ou ter bons 
recursos alimentares se os animais são inferiores, pois em nenhum dos casos o 
resultado será satisfatório”. 
A interação genética versus ambiente deve ser levada em conta, pois os 
animais considerados geneticamente superiores em um ambiente não serão 
necessariamente os mesmos em condições ambientais diferentes. Por exemplo, 
em ambientes adversos, a melhor genética está associada à adaptação e à 
rusticidade, mas em ambientes favoráveis, tais características não são 
 
 
3 
vantajosas, pois nesses locais os animais podem ser menos rústicos, porém com 
maior potencial produtivo. 
A estratégia mais sustentável, de acordo com Cardoso (2009, p. 7), “é 
buscar animais com características genéticas compatíveis com o ambiente de 
criação que o criador possui, em vez de alterar o ambiente para atender as 
necessidades de animais não adaptados às condições locais”. 
A fim de aumentar a produtividade de seu rebanho, melhorando os índices 
produtivos, o primeiro passo do produtor é obter os dados dos animais a campo, 
ou seja, controlar a produção. Para isso, o produtor precisa repassar 
adequadamente os dados dos animais para o sistema de gerenciamento do 
rebanho, o qual em geral é composto por fichas de controle em algum programa 
computacional. 
Coletar e repassar corretamente os dados do rebanho para o programa é 
essencial, pois “informações inconsistentes ou anotações imprecisas 
comprometem a escolha das práticas de manejo, análises econômicas e 
avaliações genéticas, prejudicando desta forma, a tomada de decisão” (Yokoo 
et. al., 2019, p. 9) em um programa de melhoramento genético. 
Por isso, o controle de produção deve ser realizado englobando todos os 
dados possíveis fornecidos por toda a equipe da propriedade, e os responsáveis 
pela coleta de dados devem ser adequadamente treinados para tal tarefa. 
Quanto mais precisos os dados, melhor será a tomada de decisão. 
O controle de produção, em geral, se inicia analisando a estrutura do 
rebanho, identificando e enumerando todas as vacas e os touros que serão 
utilizados na reprodução, inclusive os touros de inseminação artificial e também 
os bezerros nascidos, tanto machos quanto fêmeas. Dessa forma, com todos os 
animais inseridos no sistema de controle, o produtor saberá com maior precisão 
como proceder para eventuais correções, onde incluir as informações de baixas 
e as informações de localização dos animais. 
Com os dados detalhados do controle de produção em mãos, o produtor 
pode começar a pensar em formas de aumentar a produtividade de seu rebanho, 
melhorando os índices produtivos. 
Para isso, muitos produtores lançam mão do melhoramento genético 
animal, que, segundo Yokoo et al. (2019, p. 10), “tem por finalidade aperfeiçoar 
o desempenho médio dos animais nas gerações subsequentes, que apresentam 
 
 
4 
interesse para o homem, por meio da alteração da constituição genética da 
população”. 
Para entendermos as ferramentas de melhoramento genético e como 
utilizá-las, precisamos inicialmente entender alguns conceitos básicos de 
genética. Vejamos cada um deles a seguir. 
1.1 Fenótipo e genótipo 
Fenótipo e genótipo são dois termos que ouvimos muito quando se fala 
em melhoramento genético. Mas você sabe o que cada um deles quer dizer e 
qual a diferença entre eles? 
1.1.1 Fenótipo 
Fenótipo é a manifestação externa e observável das características de um 
organismo, resultante da interação entre seus genes e o ambiente. Ele inclui 
características como aparência física, comportamento, habilidades e funções 
corporais. Embora sejam influenciadas pelos genes, as condições ambientais 
também desempenham um papel importante no desenvolvimento do fenótipo. 
O fenótipo ou produção de um animal, segundo Cardoso (2009, p. 8), “é 
influenciado pelo ambiente e pelas informações genéticas que ele possui. Como 
exemplo, podemos dizer que o fenótipo de um touro para peso ao sobreano é de 
300 kg aos 550 dias de idade”. 
1.1.2 Genótipo 
Já a palavra genótipo refere-se ao conjunto de todos os genes de um 
indivíduo, representando sua composição genética, pois é o material genético 
que determina as características hereditárias de um organismo. O genótipo é 
passado de geração para geração e é responsável por transmitir as informações 
genéticas de um indivíduo para seus descendentes de forma aleatória. 
É importante destacar que o genótipo pode ser influenciado por mutações 
e outros fatores ambientais, mas não pode ser alterado pelas condições 
ambientais. “Um exemplo é designar de "genótipos adaptados aos trópicos", 
aqueles grupos ou raças de animais que possuem combinações de genes 
favoráveis à tolerância ao calor, aos parasitas e à radiação solar” (Cardoso, 
2009, p. 9). 
 
 
5 
O genótipo é a base da hereditariedade, é estipulado no momento em que 
o animal é gerado e não se altera durante toda a sua vida. 
Para o melhoramento genético, deve-se ter como foco o genótipo e não o 
fenótipo, pois, independentemente da alimentação do animal, a progênie será 
exatamente a mesma, uma vez que não depende do ambiente. 
1.2 Dominância e recessividade 
Outros dois termos muito utilizados na genética são: dominância e 
recessividade. Para entendê-los, precisamos compreender o seguinte: 
Os genes são as unidades fundamentais da hereditariedade, pois 
através destes são transmitidas as características de pais para filhos. 
Cada gene é formado por uma sequência específica de nucleotídeos 
do DNA (ácido desoxirribonucleico) que contém a informação para 
produzir uma determinada proteína ou controlar uma característica. 
Por alelo entende-se as várias formas alternativas do mesmo gene, 
enquanto que lócus é o local fixo (posição) em um cromossomo onde 
está localizado determinado gene. (Cardoso, 2009, p. 8) 
Sabendo disso, podemos afirmar que alelos de um gene podem ser 
dominantes ou recessivos, sendo que os alelos dominantes são capazes de se 
sobrepor e mascarar os efeitos de alelos recessivos. 
Por exemplo, com relação à presença de chifres, o caráter mocho (sem 
chifres) é dominante, e a presença de chifres é recessiva. Assim, ao cruzarmos 
um touro mocho da raça Angus com vacas aspadas, a progênie será toda 
mocha, pois o alelo dominante se sobrepõesobre o recessivo. 
Já em casos em que não existe dominância entre os alelos, seus efeitos 
se somam, gerando progênies intermediárias. Por exemplo, na raça Shorthorn, 
ao cruzarmos um animal de pelagem branca com um de pelagem vermelha, a 
progênie será rosilha, ou seja, uma mescla das duas anteriores. 
É importante ressaltar que a maior parte da variação genética em 
características quantitativas (como peso, ganho de peso, perímetro escrotal, 
intervalo entre partos etc.) se deve a efeitos aditivos de um grande número de 
genes, ou seja, não é um único gene que determinará tais características, mas 
sim uma combinação de genes. 
 
 
 
 
 
6 
1.3 Homozigotos e heterozigotos 
Os últimos dois conceitos essenciais na compreensão da genética são os 
termos: homozigoto e heterozigoto, que são utilizados para descrever a 
presença de alelos em um indivíduo. 
Um indivíduo é considerado homozigoto quando possui dois alelos 
idênticos para um determinado gene. Isso significa que ele herdou os mesmos 
alelos de seus pais. Por outro lado, um indivíduo é heterozigoto quando possui 
dois alelos diferentes para um determinado gene. Isso significa que ele herdou 
um alelo de cada parente. A presença de alelos diferentes em um indivíduo 
heterozigoto pode resultar em variações fenotípicas. 
Para melhor compreender, observe a Figura 1. Nesse exemplo de 
cruzamento, o macho preto é homozigoto dominante, pois a cor preta é um gene 
dominante, que chamaremos aqui de “BB” e a fêmea é vermelha homozigoto 
recessiva, pois a cor vermelha é recessiva, e aqui representaremos como “bb”. 
Ambos são homozigotos, pois apresentam pares de alelos iguais (BB e bb). Ao 
cruzarmos esse macho com essa fêmea, teremos necessariamente uma 
progênie heterozigota, pois ela terá um alelo “B” do pai e um alelo “b” da mãe, 
resultando em “Bb”, e neste caso, como a cor preta é um gene dominante, a 
progênie heterozigota (Bb) será fenotipicamente preta. 
Podemos concluir então que o cruzamento entre homozigotos produz 
progênie uniforme. 
Ainda analisando a Figura 1, vemos que ao cruzarmos dois animais 
heterozigotos pretos (Bb), o resultado da progênie poderá ser de animais pretos 
e vermelhos na proporção 3:1, sendo 3 animais pretos (1 “BB” – homozigoto e 2 
“Bb” – heterozigotos) e 1 animal vermelho (bb). Ou seja, o acasalamento entre 
heterozigotos produz uma gama de genótipos e fenótipos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
Figura 1 – Herança para cor da pelagem, preta (BB) ou vermelha (bb) em bovinos 
Crédito: Elias Aleixo. 
Agora que já compreendemos a função do melhoramento genético e os 
principais conceitos relativos à genética, podemos estudar as ferramentas 
utilizadas no melhoramento genético. 
TEMA 2 – FERRAMENTAS PARA O MELHORAMENTO GENÉTICO: SELEÇÃO 
Para que os criadores de bovinos promovam o melhoramento genético de 
seus rebanhos e aumentem a produtividade de suas empresas rurais, eles 
podem lançar mão de duas ferramentas de melhoramento genético: a seleção 
animal e os sistemas de acasalamento, que nas últimas décadas propiciaram um 
progresso extraordinário de diversas características de interesse econômico em 
 
 
8 
várias espécies (Yokoo et. al., 2019). Aqui falaremos sobre a seleção animal, e 
no tópico 4 desta etapa, abordaremos os sistemas de acasalamento. 
A seleção pode ser natural ou artificial. A seleção natural ocorre 
quando fatores da natureza determinam os indivíduos que deixarão 
descendentes. A seleção artificial ocorre quando esta decisão é 
tomada pelo homem. Assim, a seleção artificial é a escolha de animais 
que serão pais da próxima geração, determinando quantos 
descendentes deverão produzir e por quanto tempo deverão 
permanecer em reprodução na população. (Yokoo et. al., 2019, p. 10) 
Sendo assim, o objetivo geral da seleção animal é definir quais animais 
serão os pais das próximas gerações, decisão esta que é tomada levando em 
conta a escolha dos animais superiores, que irá depender diretamente da 
qualidade dos dados detalhados advindos do controle de produção. 
Como não podemos facilmente analisar o genótipo dos animais, fazemos 
a seleção com base na observação do desempenho dos bovinos (fenótipo), de 
seus parentes, e também avaliação genealógica do animal (pedigree). 
Encontramos aqui a importância de um adequado controle de produção! 
Segundo Cardoso (2009), a seleção procura aumentar nos animais a 
frequência de genes relacionados às características de importância econômica, 
ou seja, aqueles responsáveis por incremento da produtividade do rebanho. 
Ao falarmos que a avaliação para seleção considera as características 
fenotípicas, produtivas, dos animais e seus descendentes, trata-se tanto da 
avaliação do próprio animal quanto da avaliação de seus ancestrais e colaterais, 
de sua progênie, e da combinação de todas essas. 
O resultado da seleção é medido por meio do ganho genético no rebanho, 
o qual depende de alguns fatores, sendo os principais: herdabilidade (h2); 
diferencial de seleção (DS); e intervalo entre gerações (IEG). Vejamos o que 
significa cada um deles. 
De acordo com Cardoso (2009), a herdabilidade avalia a 
transmissibilidade das características herdadas dos genes paternos e maternos. 
É a medição da contribuição genética para as diferenças entre os indivíduos, 
desconsiderando a influência ambiental. Ela é expressa em porcentagem, sendo 
que valores mais altos indicam uma maior transmissão da superioridade dos pais 
para os filhotes. Em geral, as características relacionadas à reprodução, como o 
intervalo entre partos e a taxa de concepção, têm herdabilidade baixa em 
bovinos. Já as características de produção, como o peso e o ganho de peso, têm 
 
 
9 
herdabilidade média. Por fim, as características relacionadas à qualidade do 
produto, como a qualidade da carcaça e da carne, são altamente herdáveis. 
O diferencial de seleção, por sua vez, é basicamente a média dos animais 
selecionados em relação à média da população. Sendo assim, considera-se que 
o ganho genético é proporcional ao DS, ou seja, quanto maior o DS, maior é o 
ganho genético. 
Por fim, o intuito de prever o ganho anual, definimos o intervalo entre 
gerações, que é a idade média dos pais quando nascem os filhos em relação à 
uma característica produtiva. 
Figura 2 – Ganho genético 
 
Crédito: Net Vector/Shutterstock. 
Agora que já sabemos quais informações precisamos para iniciar o 
processo de seleção animal, precisamos descobrir quais são as fontes de 
informação que poderemos utilizar para a seleção. De acordo com Cardoso 
(2009), podemos obter tais informações de diversas fontes: avaliação dos 
pedigrees, desempenho dos próprios indivíduos, testes de progênies, 
 
 
10 
desempenho de irmãos, seleção por diferença esperada na progênie e também 
seleção assistida por marcadores. Vejamos cada uma em detalhes: 
2.1 Pedigrees 
Segundo Cardoso (2009), a avaliação dos pedigrees depende da 
existência de registros sobre os ancestrais. Embora seja menos precisa, ela deve 
ser considerada junto com a produção do indivíduo e de suas progênies assim 
que estes dados estiverem disponíveis. As avaliações de pedigree incluem a 
avaliação de animais mais jovens que ainda não são progenitores, mas 
desempenham um papel importante na avaliação contínua dos animais. Essa 
avaliação inclui medidas obtidas mais tarde na vida dos animais, como a 
longevidade e a habilidade materna. A longevidade se refere ao tempo que o 
animal permanece no rebanho e é importante, por exemplo, em vacas leiteiras, 
relacionado ao número de lactações. Já a habilidade materna é utilizada na 
busca de touros cujas mães tenham produzido animais com altos pesos ao 
desmame. 
2.2 Desempenho do próprio indivíduo 
As características produtivas têm herdabilidade média a alta, portanto a 
avaliação individual de um animal ou de seus progenitores é importante para 
determinar seu valor genético para característicasquantitativas, como ganho de 
peso e produção de leite, e qualitativas, como qualidade da carne e do leite. Para 
uma avaliação precisa, é fundamental registrar o desempenho dos animais e 
compará-los com animais de idade semelhante criados nas mesmas condições. 
(Cardoso, 2009). 
2.3 Desempenho de irmãos 
Quando não é possível medir a característica no reprodutor, por exemplo, 
dados de qualidade de carcaça, o desempenho de irmãos é de grande valia. A 
vantagem dessa fonte de informação é que não aumenta o intervalo entre 
gerações, porém a desvantagem é a consequente menor exatidão. Ao ser 
utilizado em conjunto com o desempenho próprio do indivíduo, pode aumentar a 
precisão da seleção (Cardoso, 2009). 
 
 
11 
2.4 Teste de progênie 
O teste de progênie, segundo Cardoso (2009), é uma avaliação que se 
baseia no desempenho dos filhos de um animal, geralmente um touro. Esse teste 
é utilizado para seleção de características com baixa herdabilidade, 
características específicas de um gênero (como a produção de leite) e 
características medidas após o abate (como dados de carcaça), bem como para 
identificação de portadores de genes recessivos indesejados. Esse método é 
altamente preciso, desde que haja um número suficiente de filhos considerados. 
Porém, tem como desvantagem ser limitado a um pequeno número de touros, 
ter altos custos e requerer um tempo prolongado, resultando em intervalos 
maiores entre gerações. 
2.5 Seleção por diferença esperada na progênie 
Conhecido como DEP, esse método de seleção considera todos os 
métodos anteriores, ou seja, ele é capaz de predizer o mérito genético por meio 
de um modelo matemático que leva em conta as informações de desempenho 
do próprio indivíduo, de seus pais, irmãos, primos, e claro, de seus filhos 
(Cardoso, 2009). Analisaremos este método em detalhes no próximo tópico. 
2.6 Seleção assistida por marcadores 
Segundo Cardoso (2009), a seleção assistida por marcadores (SAM) é 
resultado dos avanços na genética molecular e nas biotecnologias. É importante 
para avaliar características que são específicas para um gênero, como a 
produção de leite, o tempo entre partos e a qualidade do sêmen. Também pode 
ser usada para avaliar características que só podem ser medidas durante a vida 
do animal ou após o abate, como a fertilidade, a qualidade da carcaça e da carne. 
Além disso, a seleção assistida por marcadores permite prever características 
que são difíceis de mensurar, como a resistência a doenças e a eficiência 
alimentar. Esse método de seleção acelera o processo de geração, pois reduz o 
intervalo entre gerações. 
 
 
 
 
 
12 
TEMA 3 – DEFINIÇÃO E INTERPRETAÇÃO DA DEP EM BOVINOS 
Dentre as ferramentas de seleção animal, a DEP, Diferença Esperada na 
Progênie, é a maneira mais precisa de avaliar o valor aditivo dos animais. 
Atualmente, é amplamente utilizada por criadores de bovinos de corte e de leite 
para comparar o mérito genético de diferentes animais em relação a uma ampla 
variedade de características produtivas. Além disso, permite prever a 
capacidade de um progenitor de transmitir seus genes. 
Segundo Yokoo et. al. (2019, p. 19): 
As DEPs são essenciais para a decisão de cada criador, que deve ter 
a liberdade de melhorar seu rebanho segundo seus conceitos e ideias, 
que geralmente estão ligados ao retorno financeiro. Portanto, o 
responsável pela seleção deve ter bem claro o conceito de critério e 
objetivo de seleção. Pois, cada sistema de produção tem algumas 
particularidades que podem não ser a realidade de outros sistemas. 
Assim, o criador deve saber o que ele deve melhorar em seu rebanho 
e comparar as DEPs dos reprodutores disponíveis, de acordo com os 
objetivos de seleção que trarão maior lucro financeiro ao seu respectivo 
sistema. 
Para calcular as DEPs, são necessárias complexas análises estatísticas 
somadas a programas de melhoramento genético que utilizam a DEP para 
determinar o mérito genético dos animais. Ela é calculada por meio de um 
modelo matemático que leva em consideração todas as informações disponíveis 
do animal, incluindo o desempenho do próprio indivíduo, de seus parentes (pais, 
irmãos, primos etc.) e de sua progênie. 
A DEP, segundo Cardoso (2009, p. 13), “é o desempenho médio esperado 
dos filhos de um determinado reprodutor, em relação a uma base (média do 
rebanho, média de uma raça ou um determinado ano). É um valor positivo ou 
negativo em relação a esta base que é igualada a zero”. Os animais acima da 
média têm DEPs positivas, enquanto os animais abaixo da média têm DEPs 
negativas. É importante destacar que, quando se compara animais para a 
seleção na avaliação por DEPs, o importante é avaliar a diferença e não o valor 
absoluto das DEPs. 
Além da predição positiva e negativa, deve-se levar em consideração que 
cada DEP é associada uma acurácia, que é basicamente a correlação entre o 
valor estimado e o real, ou seja, uma medida de confiabilidade. De acordo com 
Yokoo et. al. (2019, p. 35): 
A acurácia é uma medida de risco da DEP, que ajuda o responsável 
pelo manejo genético do rebanho na seleção de um reprodutor pela 
 
 
13 
DEP. Assim, ela é dada como a correlação entre a estimativa do valor 
genético e o valor genético verdadeiro. Seu valor varia entre 0 (zero) e 
1 (um), sendo que, quanto mais próximo do valor 1, melhor a acurácia, 
maior a segurança no valor estimado da DEP. Por exemplo, uma 
acurácia de 0,18 significa que apenas 18% da incerteza, ou risco, 
associado àquela DEP foi removido pelas informações disponíveis e, 
por outro lado, uma acurácia de 0,80 significa que 80% da incerteza 
associada à estimativa da DEP foi removida pelas informações 
disponíveis. 
Ou seja, uma acurácia próxima de 1 ou 100% indica maior confiabilidade. 
Assim, uma baixa acurácia gera grande possibilidade da DEP se alterar caso 
ocorra o incremento do número de informações para calcular a DEP, e a acurácia 
alta credita que o valor da DEP tem pouca probabilidade de ser alterado em 
avaliações futuras (Cardoso, 2009). 
A avaliação da acurácia permite que o selecionador determine a 
intensidade de uso de um determinado animal reprodutor, com base na sua 
diferença esperada na progênie (DEP). No entanto, a acurácia não deve ser o 
fator determinante na seleção do reprodutor, pois a DEP é o critério mais 
importante. Touros mais velhos e com muitas progênies tendem a ter valores de 
acurácia mais elevados, mas isso pode levar a um aumento no intervalo de 
gerações e, consequentemente, a uma redução no ganho genético esperado. 
Por isso, é importante considerar cuidadosamente o uso da acurácia na seleção 
dos reprodutores (Yokoo et. al., 2019). 
Para avaliação do mérito genético dos touros, a forma mais precisa é por 
meio da DEP, a qual será expressa na unidade de medição da característica, por 
exemplo, em quilos para peso, apresentando uma diferença positiva (+) ou 
negativa (-) em relação à base. 
A fim de facilitar a escolha dos melhores touros, estes são classificados 
pelas suas DEPs em percentis (%) de duas diferentes formas: na primeira, 
considera-se que um touro 5% está entre os 5% melhores para a característica 
em questão; na forma alternativa, os touros são “classificados em decas, que 
são classes de 10% para as características avaliadas, assim touros “deca 1” 
estão entre os 10% superiores (ou 10% dos touros com valor mais alto para a 
característica), touros “deca 2” entre os 20% superiores etc.” (Cardoso, 2009, p. 
34). 
Com relação à avaliação dos touros, existem relatórios, chamados 
sumários de touros, que são fontes de informação valiosas sobre o valor genético 
de reprodutores utilizados em programas de melhoria genética. Eles são 
calculados com base no desempenho dos filhos dos reprodutores e fornecem a 
 
 
14 
informação mais precisa disponível para a escolha de touros em programas de 
inseminação artificial ou monta controlada, para melhorar o plantelde animais 
puros ou em cruzamentos industriais (Cardoso, 2009). 
Figura 3 – Touro da raça Brahman 
 
Crédito: Wollertz/Shutterstock. 
Existem diversos sumários disponíveis, os quais são publicados 
anualmente, que são produzidos com base na análise individual das diferentes 
raças. 
Em sua publicação, Cardoso (2009, p. 35) nos traz cinco sugestões 
principais de como utilizar as DEPs na escolha dos touros, são elas: 
- Compare dois touros somente pela diferença entre suas DEPs e não 
pelo valor absoluto das DEPs, pois o que realmente importa é a 
diferença entre os touros; 
- As DEPs somente são comparáveis dentro de um mesmo sumário – 
não compare DEPs entre sumários ou entre raças dentro de um 
mesmo sumário; 
- As DEPs podem mudar à medida que mais informações estão 
disponíveis sobre a progênie dos touros – use os sumários mais atuais 
possíveis; 
- A acurácia não deve ser usada como fator de escolha de touros, pois 
touros jovens têm baixa acurácia (poucos filhos), mas devem ser 
usados, pois suas DEPs em média serão melhores que as dos touros 
provados. Entretanto, a acurácia deve determinar a intensidade de uso, 
avaliando-se a produção dos touros jovens, antes de utilizá-los em 
larga escala no rebanho; 
 
 
15 
- Sumários Americanos e Canadenses devem ser usados com cautela, 
pois o ambiente de criação é bastante diferente nestes países. As 
DEPs são expressas em libras e as médias dos touros ativos têm 
valores bastante altos. 
Para facilitar a compreensão, vejamos alguns exemplos: 
• Exemplo 1: se analisarmos um touro com DEP de peso ao desmame de 
14 kg, podemos dizer que, em média, seus filhos serão 14 kg mais 
pesados na desmama que um touro com DEP zero; 
• Exemplo 2: se analisarmos o peso a desmama com três touros de DEP: 
Touro A = 18kgs; Touro B = 7kgs; e Touro C = - 6kgs, a DEP prediz que 
os filhos do touro A terão 18 kg a mais do que a média dos filhos dos 
touros avaliados neste catálogo, os filhos do touro B serão 7 kg mais 
pesados e os do touro C serão 6 kg mais leves que a média; 
• Exemplo 3: observe o exemplo hipotético exposto na Tabela 1. 
Tabela 1 – DEPs para as características de seleção de peso ao nascer e a 
desmama 
Características Reprodutores 
 A B C 
Peso ao nascer + 6,4 - 3,2 + 2,6 
Peso a desmama + 19,4 + 6,5 + 17,3 
Crédito: Amanda Louise Bruzamolin Oliveira. 
Analisando a Tabela 1, concluímos que o touro A produz animais 6,4 kg 
mais pesados ao nascer, o touro B produz animais 3,2 quilos mais leve ao nascer 
e que o touro C produz seus descendentes 2,6 kg mais pesado ao nascer. E com 
relação à desmama, temos animais 19,4kg, 6,5kg e 17,3kg mais pesados para 
os touros A, B e C, respectivamente. 
No caso de estarmos em busca de animais que nascem mais leves a fim 
de corrigir a ocorrência de problemas obstétricos em um determinado rebanho, 
podemos destacar dois animais, sendo o touro B responsável pelo nascimento 
de animais 3,2kg mais leves, porém desmamados com apenas 6,5Kg de 
vantagem. Por sua vez, o touro C, embora não gere filhos tão leves quanto o 
touro B ao nascer (- 3,2 kg versus + 2,6 kg), o ganho de peso dos seus bezerros 
foi superior em relação ao touro B. Com base neste raciocínio, obtivemos a 
diferença entre os touros. 
 
 
16 
TEMA 4 – FERRAMENTAS PARA O MELHORAMENTO GENÉTICO: SISTEMAS 
DE ACASALAMENTO 
Para melhorar a genética de rebanhos de bovinos e aumentar a eficiência 
de suas propriedades, os criadores de bovinos podem utilizar duas técnicas que, 
nos últimos anos, proporcionaram uma melhoria significativa em muitos aspectos 
econômicos na bovinocultura. São elas: a seleção de animais, que abordamos 
no tópico 2 desta etapa, e os sistemas de acasalamento, que veremos aqui. 
Após a seleção, os sistemas de acasalamento são o segundo caminho, 
para realizar o melhoramento genético de um rebanho. 
Segundo Yokoo et. al. (2019, p. 11): 
Os sistemas de acasalamento têm por definição a maneira como esses 
indivíduos vão se reproduzir, podendo ser baseado no fenótipo ou no 
genótipo. Os acasalamentos dirigidos, que podem tomar como base o 
fenótipo dos animais, são denominados de acasalamentos 
preferenciais positivos ou negativos, e os acasalamentos guiados pelo 
parentesco são nomeados de endogamia ou exogamia. 
Os sistemas de acasalamento determinam qual touro ou tipo de touro será 
acasalado com cada fêmea ou tipo de fêmea. Embora existam quatro sistemas 
diferentes para acasalar animais selecionados, nenhum deles é perfeito para 
todas as situações e objetivos. Por isso, é possível adaptá-los, modificá-los ou 
combiná-los de acordo com as necessidades específicas de cada rebanho. 
Além dos quatro diferentes sistemas de acasalamento, o produtor também 
pode optar por acasalamentos ao acaso dos animais selecionados, que é um 
processo mais fácil e mais simples de ser realizado. Porém, com o acasalamento 
ao acaso, o produtor deixa de utilizar uma ferramenta capaz de contribuir de 
forma significativa com o aumento e a consistência de produção do seu rebanho. 
A primeira etapa no processo de melhoramento genético é a identificação 
de animais com elevado potencial genético. No entanto, escolher animais com 
maior valor genético não é simples, já que o desempenho do animal inclui tantos 
fatores genéticos (genótipo) que são hereditários, quanto fatores ambientais 
(fenótipo) que não são passados para a progênie. Para ajudar na seleção, os 
programas de avaliação genética fornecem relatórios sobre o desempenho 
genético dos animais, com base em modelos genético-quantitativos. Aqueles 
que não participam destes programas de avaliação genética podem recorrer a 
touros provados, utilizando as DEPs disponíveis nos sumários de touros para 
melhorar a genética de seus rebanhos (Yokoo et al., 2019). 
 
 
17 
Agora que já sabemos o que são os sistemas de acasalamentos e como 
funcionam, vamos conhecer em detalhes os quatro sistemas utilizados para 
acasalar animais selecionados. 
4.1 Acasalamentos entre semelhantes 
O acasalamento entre semelhantes é a prática de acasalar animais 
semelhantes em desempenho. Os melhores machos são acasalados com as 
melhores fêmeas e os piores machos com as piores fêmeas. Em alguns casos, 
este tipo de acasalamento é utilizado em raças puras quando o criador adquire 
sêmen de alto valor para inseminar suas melhores vacas. Resulta em uma maior 
presença de indivíduos extremos. 
 
Crédito: Maria Elisa Rol/Shutterstock. 
Esse método é aplicado em casos em que um pequeno grupo de animais 
é formado a partir de uma seleção intensa em uma população grande, com o 
objetivo de produzir reprodutores para uso na população restante (Cardoso, 
2009). 
 
 
 
 
18 
4.2 Acasalamentos compensatórios 
O acasalamento compensatório, segundo Cardoso (2009), consiste em 
juntar indivíduos com desempenhos diferentes entre si. Por exemplo, um touro 
excepcional em uma determinada característica seria acasalado com uma fêmea 
fraca nesta mesma característica, com o objetivo de compensar a deficiência e 
obter uma população mais homogênea. 
Com esse tipo de acasalamento, o criador pode separar os touros e vacas 
de seu rebanho em grupos de tamanhos diferentes e, em seguida, acasalar 
touros grandes com vacas pequenas e vice-versa para produzir animais de 
tamanho médio. 
4.3 Consanguinidade 
O acasalamento por consanguinidade é feito entre indivíduos que sejam 
parentes, ou seja, que possuem ancestrais em comum. Esse tipo de 
acasalamento gera filhos consanguíneos e, por consequência, produz indivíduos 
mais uniformes. 
 
Crédito: Fotomacher.ch/Shutterstock. 
 
 
19 
A consanguinidade foi amplamente utilizada no início do desenvolvimento 
das raças, com o objetivo de fixar o biótipo. Contudo, o aumento da 
consanguinidade pode ter efeitos negativos na produtividade da população, 
especialmente na fertilidade e rusticidade. Por essa razão, é recomendável que 
os criadores evitem a consanguinidade e procuremvariar a origem genética dos 
touros que usam em seu rebanho, introduzindo com frequência novas linhagens. 
É importante não usar touros que sejam parentes entre si e evitar que o 
touro sirva suas próprias filhas na propriedade. Algumas maneiras de prevenir o 
problema incluem não usar o mesmo touro por mais de três anos e evitar usar 
touros idosos com novilhas e vacas jovens (Cardoso, 2009). 
4.4 Cruzamentos 
Por fim, os cruzamentos são acasalamentos entre animais de raças 
diferentes. Na etapa anterior, conhecemos os três tipos de sistemas de 
cruzamentos principais e aqui veremos outros detalhes sobre esse tipo de 
acasalamento. 
O uso de sistemas de cruzamento é essencial na produção comercial para 
aproveitar os benefícios do vigor híbrido e da complementaridade entre raças 
para produzir animais com desempenho superior em características relevantes 
do ponto de vista econômico. 
A heterose ou “vigor híbrido” é a diferença entre a média da progênie 
cruzada (F1) e a média das raças acasaladas para produzir as cruzas. 
A heterose tem efeito positivo na maioria das características de 
importância econômica em bovinos de corte, incluindo reprodução, 
sobrevivência de terneiros, habilidade materna, taxa de crescimento e 
longevidade. Isto significa que, em cruzamentos, a média das 
progênies será superior à média dos pais. (Cardoso, 2009, p. 18) 
Utilizar sistemas de cruzamento para capitalizar os benefícios da heterose 
é importante na produção comercial. Além dos benefícios na produção de 
animais individuais, o uso de vacas cruzadas (heterose materna) tem efeitos 
ainda maiores no aumento de peso ao desmame. Outro fator importante é que a 
heterose é consideravelmente maior em cruzamentos entre raças zebuínas e 
taurinas em comparação a cruzamentos entre diferentes raças taurinas. 
Existem diferenças significativas entre raças para a maioria das 
características econômicas, como taxa de crescimento, tamanho, produção de 
leite, resistência a parasitas e adaptação climática e nutricional. 
 
 
20 
Para todas estas características existe um valor "ótimo", determinado 
pelo ambiente de produção e pelo mercado. Os cruzamentos permitem 
combinar nos animais cruzados características desejáveis de 
diferentes raças para adequar o potencial genético ao mercado, aos 
recursos alimentares e ao clima. (Cardoso, 2009, p. 19) 
A complementaridade entre raças também pode ser utilizada para otimizar 
o desempenho dos animais cruzados por meio da combinação de heterose 
individual e materna. 
Antes de começar com um programa de cruzamento, é crucial que o 
criador avalie os recursos genéticos e ambientais disponíveis e o mercado-alvo 
para alcançar os resultados desejados. É necessário levar em conta fatores 
como as necessidades nutricionais de animais de maior produção de leite, que 
exigem uma alimentação adequada para evitar a falta de reconcepção. Além 
disso, cruzamentos com touros de raças que têm potencial de crescimento até a 
desmama só serão vantajosos se as vacas tiverem produção de leite suficiente. 
É importante também considerar problemas de parto, especialmente ao cruzar 
raças de grande potencial de crescimento com raças maternas pequenas. Neste 
caso, é melhor utilizar vacas com pelo menos dois partos, evitando o uso de 
novilhas (Cardoso, 2009). 
TEMA 5 – CARACTERÍSTICAS ZOOTÉCNICAS DE SELEÇÃO 
Agora que já conhecemos as ferramentas utilizadas no melhoramento 
genético, podemos falar sobre os critérios utilizados na seleção. 
De acordo com Nieto, Alencar e Rosa (2013, p. 110), “a primeira decisão 
a ser tomada pelo criador antes de iniciar um programa de melhoramento, é 
definir quais serão seus objetivos de seleção em médio e longo prazo e esta 
definição depende, basicamente, do sistema de produção e do mercado”. 
Com os objetivos de seleção definidos, o próximo passo é eleger as 
características em função das quais os indivíduos serão avaliados, que 
chamamos de critérios de seleção. 
O critério de seleção pode ser constituído por uma única característica 
ou por uma combinação ponderada de características. Tais 
ponderações, que resultam em um índice final de seleção, devem ser 
estabelecidas, preferencialmente, com base nos valores econômicos 
das características, de modo a representar a contribuição de cada uma 
delas para o retorno econômico da seleção. (Nieto; Alencar; Rosa, 
2013, p. 110) 
 
 
21 
É crucial lembrar que, apesar de os objetivos de seleção estarem ligados 
a aspectos econômicos, os critérios de seleção são de natureza biológica e 
podem ser quantitativos ou qualitativos. Em geral, os critérios de seleção podem 
ser classificados em quatro categorias: reprodução, produção, produto e biótipo. 
As características de reprodução são extremamente importantes 
principalmente para a rentabilidade da produção de bovinos de carne, uma vez 
que rebanhos de alta fertilidade apresentam maior disponibilidade de animais, 
tanto para venda como para seleção, o que permite uma maior intensidade 
seletiva e, por consequência, progressos genéticos mais elevados com maior 
lucratividade. 
Nos programas brasileiros de melhoramento as principais características 
reprodutivas utilizadas nas fêmeas são: 
• Idade ao primeiro parto: a redução da idade ao primeiro parto, segundo 
Nieto, Alencar e Rosa (2013, p.112), “antecipa a idade produtiva, 
proporciona recuperação mais rápida do investimento, aumenta a vida útil, 
possibilita maior intensidade de seleção nas fêmeas e reduz o intervalo 
entre gerações”; 
• Intervalo entre partos: corresponde ao período entre duas parições 
consecutivas e sua magnitude determina a eficiência reprodutiva da vaca 
bem como a produção total de crias ao longo de sua vida útil; 
• Duração da gestação: característica estreitamente relacionada com o 
período reprodutivo, pois em geral, bezerros provenientes de gestações 
mais curtas, apesar de apresentarem menores pesos ao nascer, podem 
possibilitar uma maior produção de kg de bezerro/hectare/ano, além de 
maior vida útil das mães; 
• Habilidade de permanência no rebanho (HPR): indica a probabilidade 
de as fêmeas se encontrarem ativas, em fase reprodutiva a uma idade 
específica, dado que tiveram a oportunidade de alcançar esta idade; 
• Probabilidade de prenhez aos 14 meses de idade (PP14): 
característica reprodutiva recente e de fácil medição. As novilhas são 
colocadas em reprodução ainda jovens e recebem a nota um, se 
conceberem ou zero se não conceberem não. 
A capacidade de produzir bezerros precocemente, persistir no rebanho, 
ter intervalos de partos curtos e gerar retornos financeiros constitui um aspecto 
 
 
22 
afetado pela idade ao primeiro parto, que é uma característica com herdabilidade 
de baixa a média. O intervalo entre partos tem baixa herdabilidade e está 
correlacionada à vida útil das fêmeas. A duração da gestação também é 
influenciada pela genética, mas apresenta baixa herdabilidade e correlações 
positivas com o peso do bezerro ao nascer e negativas com facilidade de parto. 
A vida útil das fêmeas, mensurada pela habilidade de permanência no rebanho, 
também é afetada por fatores genéticos, mas com herdabilidade baixa. A 
probabilidade de prenhez aos 14 meses é a única avaliação reprodutiva com 
herdabilidade elevada, mas está negativamente relacionada ao peso adulto 
(Nieto; Alencar; Rosa, 2013). 
Nos machos, por sua vez, uma das principais características reprodutivas 
utilizadas é o perímetro escrotal, pois essa medição determina a quantidade de 
sêmen que pode ser produzido pelo touro. Essa característica é de moderada à 
alta herdabilidade, e pode associar-se ao ganho de peso, peso ao desmame e 
peso ao sobreano, idade ao primeiro parto, à probabilidade de prenhez, ao 
número de dias para o parto e intervalo entre partos, assim como associar-se ao 
volume testicular, formato testicular e defeitos espermáticos (Nieto; Alencar; 
Rosa, 2013). 
Quanto às característicasde produção, também chamadas de 
características de crescimento, as principais são as seguintes: 
• Peso ao nascimento; 
• Peso maternal e peso à desmama; 
• Peso ao sobreano; 
• Ganho de peso pré e pós-desmame; 
• Peso adulto. 
O peso ao nascimento é uma importante medida a ser avaliada, 
principalmente nas raças europeias, no intuito de diminuir ou eliminar as 
distocias de parto. No Brasil, para a raça Nelore, as estimativas de herdabilidade 
dessa característica variam entre 0,26 e 0,33. O peso maternal é mensurado 
entre três e cinco meses, com herdabilidade de 0,01 a 0,39, e o peso à desmama 
entre seis e nove meses, com herdabilidade de 0,02 a 0,68, ambos com 
correlação positiva com pesos em idades mais velhas. O peso ao sobreano, 
medido entre 13 e 18 meses de idade, tem herdabilidade entre 0,08 e 0,76 e já 
é um já indicativo de ganho de peso no pós-desmama. O ganho de peso no pré 
 
 
23 
e pós desmama é indicativo de precocidade, mas tem baixa herdabilidade (0,13 
e 0,33). Por fim, o peso adulto é utilizado para monitorar o tamanho dos animais 
buscando evitar animais excessivamente grandes, sendo uma característica de 
herdabilidade média (0,26 a 0,42) (Nieto; Alencar; Rosa, 2013). 
As características do produto, por sua vez, apesar de ainda pouco 
utilizadas para melhoramento animal, vêm chamando a atenção dos pecuaristas, 
pois está totalmente relacionada às exigências e à satisfação dos consumidores 
(Nieto; Alencar; Rosa, 2013). 
As características analisadas são: área de olho de lombo (AOL), que 
apresenta herdabilidade de valores de médios a altos; espessura de gordura 
subcutânea (EGS), que indica o grau de acabamento da carcaça e apresenta 
valores de herdabilidade de médios a altos; marmoreio, definido pela gordura 
entremeada no músculo, apresentando valores de herdabilidade elevados; e 
maciez de carne, que dentre os fatores organolépticos de qualidade da carne, é 
um dos mais importantes, sendo determinante na aprovação do consumidor 
(Nieto; Alencar; Rosa, 2013). 
 
Crédito: Natalia Lisovskaya/Shutterstock. 
Além destas, as características de biotipo, também chamadas de 
características morfológicas, nas últimas décadas vêm sendo incluídas nos 
programas de avaliação genética. Essas características variam entre padrões 
 
 
24 
raciais e aptidões, mas de forma geral incluem altura, conformação, precocidade 
e musculatura. 
Por fim, existem outras quatro características analisadas, as quais não se 
enquadram em nenhuma das três categorias: resistência a parasitas; 
temperamento; eficiência alimentar; e produtividade. 
Segundo Nieto, Alencar e Rosa (2013, p.111): 
O sucesso de qualquer sistema de produção de carne bovina depende, 
naturalmente, dos três fatores principais: eficiência reprodutiva, 
eficiência do ganho de peso e qualidade do produto. Naturalmente, 
além disto, os animais selecionados devem apresentar biótipo 
adequado e características de adaptabilidade e funcionalidade de 
acordo com as condições do sistema de produção, de modo a garantir 
adaptabilidade, fertilidade e viabilidade dos produtos nascidos, 
proporcionando maior produtividade e menores custos de produção. 
Assim, para otimizar a eficiência econômica nos sistemas de produção de 
gado de corte, é necessário considerar as características presentes em todas 
essas classes ao escolher critérios de seleção. 
FINALIZANDO 
Chegamos ao fim desta etapa, na qual estudamos diversos conceitos 
essenciais para o melhoramento genético. 
Começamos entendendo o controle de produção, que busca aumentar a 
produtividade melhorando os índices produtivos do rebanho e em seguida 
estudamos seis conceitos base da genética: fenótipo e genótipo, dominância e 
recessividade; e homozigotos e heterozigotos. 
No tópico 2, abordamos a primeira ferramenta de melhoramento genético, 
a seleção, que tem como objetivo principal definir quais animais serão os pais 
das próximas gerações, analisando pedigrees, o desempenho do próprio 
indivíduo, o desempenho de irmãos, o teste de progênie, a seleção por diferença 
esperada na progênie e a seleção assistida por marcadores. 
No tópico seguinte, abordamos com detalhes a diferença esperada na 
progênie, que é a maneira mais precisa de avaliar o valor aditivo dos animais, 
seja, o mérito genético. 
Já no tópico 4, abordamos a segunda ferramenta de melhoramento 
genético, que são os sistemas de acasalamento, os quais determinam qual touro 
ou tipo de touro será acasalado com cada fêmea ou tipo de fêmea na busca por 
melhoramento genético da progênie. Conhecemos os quatro tipos de 
 
 
25 
acasalamento mais utilizados pelos criadores: acasalamentos entre 
semelhantes; acasalamentos compensatórios; consanguinidade; e 
cruzamentos. 
Por fim, concluímos esta etapa analisando as características zootécnicas 
de seleção, que são os critérios de seleção utilizados pelos produtores, os quais 
incluem características de reprodução, de produção, do produto e da morfologia 
dos animais. 
Assim encerramos mais uma etapa. Posteriormente, conheceremos os 
principais sistemas de produção utilizados na bovinocultura, e suas respectivas 
instalações. 
 
 
 
 
26 
REFERÊNCIAS 
CARDOSO, F. F. Ferramentas e estratégias para o melhoramento genético 
de bovinos de corte. Brasília: Embrapa, 2009. Disponível em: 
<https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/657470/1/DT83.pdf>. 
Acesso em: 21 mar. 2023 
NIETO, L. M.; ALENCAR, M. M.; ROSA, A. N. Critérios de seleção. In: ROSA, A. 
N. et al. Melhoramento genético aplicado em gado de corte: Programa 
Geneplus. Brasília: Embrapa, 2013. 
YOKOO, M. J. I. et al. Boas práticas em melhoramento genético de gado de 
corte. Bagé: Embrapa Pecuária Sul, 2019. 
 
	Conversa inicial
	1.1.1 Fenótipo
	1.1.2 Genótipo
	FINALIZANDO
	REFERÊNCIAS

Outros materiais