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Princesas: Como o gênero feminino é representado em animações

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS 
Graduação em Publicidade e Propaganda 
Anna Carolina Santana 
RESENHA CRITICA
Belo Horizonte
2015
RESENHA CRÍTICA
As duas obras resenhadas analisam o gênero feminino no status de princesa em animações, através da análise do discurso fundada por Michel Pêcheux. Enquanto Fossatti usa a análise do discurso empiricamente, como base norteadora para o estudo de uma saga de princesas (Branca de neve, Cinderela, Aurora, Ariel, Bela, Jasmine, Pocahontas, Anástasia, Mulan e Fiona) de forma sequencial e organizada em capítulos de acordo com a história da figura feminina, Fernandes, Carpenter e Pontes, utilizam dos dispositivos teóricos da análise do discurso para realizar o estudo acerca da princesa Merida, do filme Valente, dando mais espaço para explicação técnica da análise do que para o papel da mulheres, como faz Fossatti. 
Fossatti inicia o processo de análise em seu primeiro capitulo nomeado “A figura feminina na história” aborda inicialmente, a fim de embasamento, o que é estudar gênero e como sua representatividade é feita através das expectativas associadas aos comportamentos sociais previstos ao homem e a mulher, conforme o panorama cultural eminente. Para assim começar uma perspectiva histórica da figura feminina através de Pitágoras, quando a mulher era vista como fruto gerado de um princípio mau, juntamente com as trevas e o caos, através dos chineses, quando o princípio feminino era visto como Yin, caracterizado pelo frio, escuridão, umidade e passividade e através de Aristóteles, que via o corpo feminino como dono de um cérebro menor, portanto, dono de uma incapacidade racional e intelectual, ao ponto de não ser digno de confiança, para assim chegar ao ponto no qual as mulheres foram conquistando novos posicionamentos, mais espaço, comparando inicialmente quando eram submissas ao homem. 
Fernandes, Carpenter e Pontes, iniciam a análise de um único capitulo, dividindo-a em dois momentos: momento atual e momento narrativo. Pois o tempo no qual o filme e o roteiro foram produzidos é diferente do tempo que se passa a narrativa da história, momentos estes que têm influência direta no papel da mulher, principalmente na hierarquia social:
 “As condições de produção do momento atual, tendo em vista o filme na posição de discurso, são representadas pela nossa sociedade: O século XXI, especificamente o ano de 2012, em países ocidentais de sistema capitalista. O momento narrativo da história se enquadra na Idade Média, - período entre os séculos V e XV-, em uma sociedade feudal. Fazendo com que os dois momentos se encontrem em partes opostas do espectro ideológico, principalmente em relação ao papel das mulheres na hierarquia social. ” (FERNANDES, CARPENTER, PONTES, 2013, p. 5)
É importante se atentar aos momentos, segundo as autoras, exatamente pelo fato da narrativa se passar em outro momento – momento este em que as mulheres ainda não haviam adquirido direito algum e não eram donas dos próprios destinos - que faz da história uma história revolucionária. 
Ambos artigos abordam as diferenças dos ideais acerca do gênero feminino que são representados através das princesas. Fernandes, Carpenter e Pontes, observam estas diferenças de forma mais técnica e direta, nas duas personagens principais, Princesa Merida e Rainha Elinior. No entanto, Fossatti aborda durante dois capítulos (“Princesas: uma retrospectiva” e “As princesas: História refletida nas histórias”) as diferenças dos ideais acerca do gênero feminino representado através do status de princesa com uma outra visão, estuda estas diferenças ao longo da história da mulher, realizando um comparativo nas mudanças que atingiram tanto os ideais quanto o status de cada uma das princesas escolhidas como reflexos das conquistas femininas. A fim de equilibrar a resenha, serão escolhidos apenas três blocos de análise das princesas de Fossatti para comparação. 
Fernandes, Carpenter e Pontes, transcorrem de forma mais técnica acerca da relação de forças hierárquicas entre as duas personagens principais justificados pelo tempo narrativo, quando a filha deve respeitar a mãe, não só como uma figura materna, mas também como figura de autoridade, como rainha. As autoras transcorrem a respeito deste assunto através das formações discursivas:
“Ou seja, quando Elinor falar como mãe-rainha, que quer o melhor para a filha-princesa, os discursos das duas se afastam ideologicamente: Elinor não quer apenas que a filha se case. Ela quer que ela se case com os pretendentes dos clãs que deixariam o reino em paz. Já Merida é contra o casamento não para fazer frente à sua mãe ou para causar guerra no reino, mas simplesmente por não achar justo ela ter seu destino já traçado por outros. O problema então se mostra no fato de que Elinor assume as formações imaginárias de mãe e de rainha, mas Merida assume somente a de filha, se tornando rebelde por não conseguir partilhar dos ideais necessários para entrar na FI de princesa tradicional.” (FERNANDES, CARPENTER, PONTES, 2013, p. 6)
Fossatti, divide sua análise em blocos, e em um primeiro momento, desenvolve sua análise a partir da cinematografia das princesas Branca de Neve, Cinderela e Aurora, representantes do Bloco l, que estereotipa o status de princesa no seu âmbito mais clichê, ligando a beleza da mulher à bondade, à ternura, à delicadeza, à fragilidade e à ingenuidade, assim como características mais valorizadas no início do século XX. A três princesas, assim como o começo da história do gênero feminino, são retratadas como ingênuas, submissas, sempre dependentes da espera de um príncipe para serem felizes e com necessidade de proteção – ao contrário de Merida. A autora contrapõe o estereotipo de princesa, à suas rivais em seus respectivos filmes, tais rivais como representação fiel do que não era adequado para uma mulher – assim como a mãe de Merida ditava à filha. 
A análise de Fossatti, diverge com a de Fernandes, Carpenter e Pontes. Enquanto uma é mais empírica, a outra é mais técnica no estudo da linguagem. Os ideais das princesas do primeiro bloco de Fossatti divergem com os de Merida. Ideais estes, de Merida, que a levaram a pedir ajuda à uma bruxa, que devido a opacidade da linguagem, dando sentido físico ao pedido de Merida para conquistar sua tão sonhada liberdade: 
“A transformação da mãe em urso pode ser vista, inclusive, como uma metáfora. A rainha, antes presa pelas regras sociais, é transferida para um animal selvagem, como o urso. É nessa transferência que Elinor ganha liberdade de tomar decisões como mãe e se livrar da maldição com a ajuda da filha. Assim como Merida faz quando rasga o espartilho e o vestido que sua mãe a manda vestir, ato que também pode ser visto metaforicamente como uma libertação de algo que a oprime, Elinor “rasga” a casca de rainha ao ser transformada em urso. E com essa casca vão todas as formações discursivas de realeza que ela possuía, afinal o que um urso deve/pode fazer é totalmente diferente de como uma rainha deve se comportar. ” (FERNANDES, CARPENTER, PONTES, 2013, p. 7)
Diferente das princesas analisadas por Forretti no bloco l, Merida é uma princesa moderna em uma época onde a modernidade ainda não era almejada ou prevista. Ela não possui padrões de beleza que as defina, confronta sua mãe e autoridade a fim de escolher seu próprio destino, não tem necessidade de ser protegida pois ela mesma provém a própria segurança e não espera pelo príncipe encantado para ser feliz. Assim os silêncios são diminuídos, e o não-ser princesa acaba sendo incluído numa nova maneira de a ser (Fernandes, Carpenter e Pontes, 2004). 
Outro momento na análise de Fossatti, corresponde ao bloco lV, um outro e novo momento na história, muito semelhante ao momento e à análise de Fernandes, Carpenter e Pontes, acerca de Merida, composto pelas princesas Pocahontas e Mulan. Diferentemente das princesas do bloco l, as componentes do quarto bloco não são destacadas pela fragilidade e pelanecessidade de proteção, são valentes e corajosas. Seus objetivos não estavam atrelados a busca de um amor, o amor era uma consequência, eles priorizavam sua sociedade, sua tribo, assim como Merida. 
“Ambas vivenciam dilemas entre seus ideais e os ideais de suas aldeias. Ganham notabilidade ao desafiarem uma ordem legitimada, salvando suas civilizações. Revelam novos valores e novas possibilidades do Ser. Não atendem mais ao estereótipo vigente nas demais produções: são fortes, valentes e decididas. ” (FOSSATTI, 2009, p. 11)
Segundo Fossatti (2009), o momento da história na qual estas princesas referenciam é o da revolução sexual na década de 1960 e reafirmada em 1980, quando haviam questionamentos a respeito das desigualdades de gênero. 
Cada um dos artigos aqui resenhados flui de uma maneira diferente, apesar de terem o mesmo objeto empírico de estudo e usaram o mesmo texto como apoio, Fossatti faz sua análise de forma mais histórica e detalhada de várias princesas enquanto Fernandes, Carpenter e Pontes fazem uma análise mais técnica e objetiva acerca da análise de discurso de uma princesa apenas. As autoras destacam o gênero feminino de forma semelhante em suas princesas, criando uma reflexão acerca das produções cinematográficas da Disney, observando características marcantes em cada objeto estudado. 
REFERÊNCIAS: 
LANNER FOSSATTI, Carolina. Cinema de animação e as princesas: Uma análise das categorias de gênero. X Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul, Blumenau – SC, 2009.
FERNANDES, Bárbara; CARPENTER, Laís; PONTES, Paula. O Valente Papel das Mulheres nos Contos de Fada Atuais. XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste, Bauru – SP, 2013.

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