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RESUMO TEXTO III

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Perelman e a nova retórica
1 O surgimento da nova retórica
Chaim Perelman contribuiu para o ressurgimento da retórica
Dedicado a lógica formal e inspirado na Obra de Frege, propunha eliminar do campo da justiça todo o juízo de valor pois isto fugia ao racional.
Tese: Formular uma noção válida de justiça de caráter puramente formal, pois deve-se tratar do mesmo modo os seres pertencentes a mesma categoria.
Contando com outros critérios materiais para estabelecer quando dois ou mais seres pertencem a mesma categoria.
Os critérios para distinguir a sociedade ou ideologia são:
A cada um o mesmo
A cada um segundo o atribuído pela lei
A cada em a sua categoria
A cada um segundo seus méritos ou capacidade
A cada um segundo seu trabalho
A cada um segundo suas necessidades
Mas nos últimos é necessário juizo de valor e ele propõe como analisa-los de forma racional.
No entanto só casualmente ao ler um livro de Aristóteles e pode distinguir claramente os raciocínios lógico dedutivos do que ele chamou de dialética e escreve o livro a nova retórica: Traite e argumentaçao em conjunto com Olbrecht-tyteca e o autor passara a expor no item 2 as idéias de Perelmann baseando-se nesta obra, sobre a retórica em geral.
No item 3 o autor se ocupará da lógica jurídica que para perelmann, que considera um paradigma do raciocínio pratico.
2 A concepção retórica do raciocínio prático
21 Distingue os raciocínios lógico dedutivos daqueles que são os dialético retóricos, onde enquadra sua argumento, de forma a ampliar o campo da razão par a alem dos raciocínios dedutivas ,indutivas ou empíricas para dar conta dqueles que ocorrem nas ciências humanas, direito e filosofia.Se interessa pela estrutura da argumentecao e não pelos seus aspectos psicológicos. Para a construção da teoria da argumentação passa a analisar o raciocínio dos juizes, advogados e políticos.
A lógica formal gravita no terreno da necessidade já que se as premissas são vrdadeiras a conclusão necessariamente será.
Os argumentos retóricos no entanto não estabelecem verdades evidentes e sim mostram o caráter razoável, plausível de uma determinada decisão ou opinião. Dá uma enorme importância ao auditório que é a noção central de sua teoria por isto chama sua teoria de retórica e não de dialética.
A argumentaçoa eprocesso em que os elementos interagem constantemente, se distinguindo da concepção dedutiva e unitarista de decartes e do racicinio racionalista, para perelman é impossível separar radicalmente cada element que compõe os argumentos.
Dividindo no TRATADO: OS PRESSUPOSTOS DA ARGUMENTAÇAO /AS TESE DE PARTIDA/TECNICAS ARGUMENTATIVAS.
2.2 Pressuposto da argumentação
Para que haja a argumentação são necessárias certas condições prévias, como a existência de uma linguagem comum ou a participação ideal do interlocutor.
Na argumentação pode-se distinguir 03 elementos: o discurso, o orador e o auditório.
O auditório é o conjunto de todos aqueles em quem o orador quer influir com a sua argumentação.
Existem 03 gêneros oratórios trazidos por Perelman:
o deliberativo: diante da assembléia
o judicial: diante dos juízes
e o epidítico: diante dos expectadores que não têm de se pronunciar
Mas a classificação mais importante dele é a seguinte:
a argumentação que ocorre diante do auditório universal – mais importante hoje
a argumentação diante de um único ouvinte (o diálogo)
e a deliberação consigo mesmo
Aspectos do conceito de auditório universal:
é um conceito limite, pois impera a norma argumentação objetiva
dirigir-se ao auditório universal é o que caracteriza a argumentação filosófica
o conceito de auditório universal não é uma questão de fato e sim de direito
o auditório universal é ideal, pois é formado por todos os seres dotados de razão e também é uma construção do orador ( significa que o auditório universal de um mesmo orador pode mudar)
Função do conceito de auditório universal: permitir distinguir entre persuadir e convencer. Trata-se de distinção imprecisa.
Argumentação persuasiva: é aquela que só vale para um auditório particular.
Argumentação convincente: é a que se pretende válida para todo o ser dotado de razão.
A argumentação é uma ação – ou um processo – com o qual se pretende obter um resultado.
Sua proximidade com a prática não permite se falar em objetividade e sim em imparcialidade. Ser imparcial não é ser objetivo, é fazer parte do mesmo grupo sem ter antecipadamente ter tomado partido de nenhum deles.
2.3 O ponto de partida da argumentação
No tocante às premissas da argumentação temos 03 aspectos: o acordo, a escolha e a apresentação das premissas.
O acordo: para se iniciar a argumentação é preciso partir do que se admite de início. Objetos do acordo: real (fatos, verdades e presunções) – pretendem ser válidos para o auditório universal e preferível (valores, hierarquias e lugares) - pretendem ser válidos para auditórios particulares.
fatos: são fatos de observação ou de suposições convencionais
verdades: são uniões de fatos
presunções: precisam ser justificadas diante do auditório universal
valores: pressupõem um atitude sobre a realidade e não pretendem valer para o auditório universal. Ex: o bem, o belo, o justo.
Enfim, para que uma argumentação seja possível, é necessário pressupor uma infinidade de objetos de acordo.
A escolha: a argumentação é seletiva e é preciso escolher tantos os elementos quanto a forma de apresentá-los. Na escolha do dado é preciso estudar o papel da interpretação, das qualificações e do uso das noções. Ex valor universal – justiça – é instrumento de persuasão por excelência.
Apresentação das premissas: Perelman traça a importância de se utilizar certas formas verbais, das modalidades de expressão do pensamento. Ex: uso de afirmações/negações/interrogações/asserções.
2.4 As técnicas argumentativas
2.4.1 Classificação dos argumentos
As técnicas argumentativas classificam-se em:
procedimentos de união: unem elementos distintos que permitem estabelecer entre eles uma solidariedade.
Classificam-se em:
- argumentos quase-lógicos: cuja forca deriva de sua proximidade, mas não identificação em relação aos argumentos puramente lógicos/matemáticos.
- argumentos baseados na estrutura do real
- e argumentos que dão a base para a estrutura do real: toma como base o caso particular ou a semelhança das estruturas existentes
procedimentos de dissociação: seu objetivo é dissociar/separar elementos considerados elementos de um todo no interior de um sistema de pensamento.
2.4.2 Argumentos quase-lógicos
São aqueles que se baseiam em estruturas lógicas em sentido estrito e podem fazer referencia a noções de contradição, identidade e transitividade.
A contradição formal se liga a noção do absurdo. Uma incompatibilidade se liga ao absurdo. Uma afirmação é ridícula quando entra em conflito, sem justificação, com uma opinião admitida.
A identidade (identificação de seres/acontecimento/conceito) é argumento quase-lógico quando não é arbitrária. Temos a identidade completa e a identidade parcial.
A transitividade é aplicável quando existe relação de solidariedade. Ex: os amigos dos seus amigos são meus amigos.
A noção matemática de inclusão pode ser entendida no sentido da relação entre as partes e o todo. Ex: o valor da parte é proporcional em relação ao que representa o todo. 
Nos argumentos de visão: de duas proposições uma conduz a um resultado inaceitável.
Nos argumentos de comparação: está subjacente a idéia de medida até certo ponto suscetível de prova.
Os argumentos de probabilidade produzem o efeito de dotar de caráter mais empírico o problema. 
ARGUMENTOS BASEADOS NA ESTRUTURA DO REAL
Os argumentos baseados na estrutura do real se utilizam de uniões de sucessões ou coexistência para estabelecer uma união entre juízos admitidos. Os de união de sucessões envolvem um fenômeno e suas consequências, ou suas causas. Exemplo disto é o argumento pragmático que permite que se observe um fato ou ato e suas consequências boas ou más. 
Estamodalidade de argumentação é muito utilizada, tão utilizada que as vezes tende-se a resumir toda argumentação a esta modalidade. Perelman não apoia tal definição, já que para ele é muito difícil se estabelecer todas consequências de um ato, ou ate mesmo distingui-las. Exemplo desta modalidade são os argumentos baseados na relação-consequência ou meio-fim, tão importantes na filosofia política. Nesta mesma linha estão os argumentos que elencam fatos, mas não evidenciam nenhum em primeiro plano.
Os argumentos baseados na estrutura do real, influenciados pela coexistência, associam uma pessoa com seus atos, um grupo com seus integrantes, essa relação ato- pessoa é bem evidente, como meio de interação. Um exemplo desta modalidade é o argumento da autoridade, que serve de base para afirmação de uma tese. Para Perelman, este argumento não pode ser questionado de modo geral já que cumpre um papel importante na organização da sociedade,. Isto se dá no caso do Direito que se baseia largamente em precedentes judiciais, como forma de organização
Perelman acha ser útil aproximar as uniões de coexistência das uniões simbólicas que aproximam o símbolo ao que é simbolizado, numa relação de participação, como tb os argumentos de dupla hierarquia e os relativos ordem e grau.
ARGUMENTOS QUE DÃO A BASE A ESTRUTURA DO REAL
As uniões que dão base a estrutura do real evidenciam 3 argumentos: o exemplo, a ilustração e o modelo. No caso do exemplo um caso serve de referência! O direito por exemplo se utiliza do exemplo da jurisprudência
Já a ilustração garante uma regularidade já estabelecida exemplo disto uma norma servindo como ilustração de um princípio.
ARGUMENTOS DE DISSOCIAÇÃO
As técnicas de ruptura das uniões vem afirmar que a associação de elementos é inapropriada, devendo estar os elementos separados e independentes. No caso da dissociação se busca dar nova roupagem aos elementos ao invés de uni-los independentemente. Seria uma transformação de conceitos para suprir alguma incompatibilidade
Nascida de uma confrontação de varias teses. Exemplo disto é a dualidade entre aparência-realidade. Nem tudo que parece é, há que se buscar o entendimento de que nem toda a aparência é tradução pura do real. EX: cajado submerso
Perelman chama essa dissociação de uma dualidade filosófica que é uma dissociação de noções que são determinantes na formação de uma visão de mundo.
INTERAÇÃO E FORÇA DOS ARGUMENTOS
Para Perelman, essa análise das modalidades argumentativas é insuficiente, por não ser exaustiva nem permitir classes de argumentos que se excluam. Por exemplo, o argumento do real pode ser visto e explicado sob variados métodos argumentativos como o uso da autoridade ou o uso dos exemplos. 
O que realmente importa na argumentação não são os elementos isolados mas o todo de que fazem parte. Todos os elementos estarão em constante interação. Este complexo fenômeno é essencial na hora da escolha dos argumentos pelo orador, que deve utilizar-se de variadas técnicas para o convencimento. 
No tratado é determinante que se vislumbre a adaptação do auditório na escolha da técnica argumentativa mais eficiente. Assim existirá tanto o argumento eficaz que gera a adesão do auditório, assim como o argumento válido, que pode determinar sua adesão. Perelmand divide os argumentos entre fracos e fortes. Assim a força será avaliada graças a regra da justiça: o que foi convincente numa situação poderá ser eficaz em situação semelhante. Assim a aproximação de situações é essencial em cada caso. Assim a atuação num ramo racionalmente sistematizado proporciona uma análise real dos fatos e utilização das modalidades argumentativas mais eficientes. 
3. A LÓGICA JURÍDICA COMO ARGUMENTAÇÃO
Lógica jurídica é o estudo das técnicas e raciocínios próprios dos juristas, mas esses raciocínios jurídicos não podem ser reduzidos a raciocínios lógicos-formais. Sendo, pois, a argumentação jurídica, um paradigma da argumentação retórica. Assim, a lógica jurídica é uma argumentação que depende da maneira como os legisladores e juízes concebem a sua missão e da idéia que eles fazem do direito e do seu funcionamento na sociedade. De acordo com Perelman, surgem 03 teorias segundo o raciocínio judicial:
Escola exegese: conceber o direito como um sistema dedutivo. Para o juiz, só é importante que a sua decisão esteja de acordo com o Direito.
Teleológica, funcional e sociológica: o direito é entendido como um meio de que o legislador se serve para alcançar fins e promover determinados valores. O que conta PE o fim social. O juiz deve usar as técnicas argumentativas, na indagação da vontade do legislador.
Concepção tópica do raciocínio jurídico: é a procura de uma solução que seja não apenas de acordo com a lei, como também, equitativa, razoável e que confira uma determinada segurança jurídica.
4.UMA AVALIAÇÃO CRÍTICA DA TEORIA DE PERELMAN
4.1.Uma teoria da razão prática.
A proposta da obra de Perelman se caracteriza pela amplitude da argumentação, mas também, por levar em conta os raciocínios práticos tal como acontece na realidade, ou seja, a importância sobre o eixo pragmático da linguagem, ao contexto social e cultural em que se desenvolve a argumentação, ao principio da universalidade, as noções de acordo e de auditório, que assim, antecipam elementos essenciais de outras teorias da argumentação para as quais converge, hoje, ao debate sobre a razão prática. 
Entretanto, não está claro, que a sua nova retórica tenha conseguido realmente assentar as bases de uma teoria da argumentação capaz de cumprir as funções que Perelman lhe atribui. Assim, a recepção de sua obra se deu com críticas, sendo estas: conceituais; ideológicas e relativas a concepção do Direito e do raciocínio jurídico. 
4.2. Crítica Conceitual
Do ponto de vista teórico é a falta de clareza de praticamente todos os conceitos centrais da sua concepção da retórica. O proóprio Perelman defendeu a tese de que as noções confusas não só são inevitáveis, como também, desempenham um papel muito importante na argumentação. Ora, a obscuridade conceitual sem duvida tem um limite e também uma coisa é argumentar sobre questões práticas e outra coisa diferente é escrever uma obra teórica sobre a argumentação, com noções confusas. Vejamos alguns exemplos disso.
4.2.1. Sobre a classificação dos argumentos
Ela está longe de ser clara e inclusive útil. Perelman, insistia que a classificação dos argumentos era arbitrária, mas se a arbitrariedade chega a tal extremo que na hota de classificar os argumentos, as dúvidas são maiores que as certezas, então o que não se vê é a utilidade de empreender esse esforço classificatório. Como consequência disso tudo, a análise das diversas técnicas argumentativas, perde o seu valor, pois a analise da estrutura de cada argumento não se pode ser considerada satisfatória quando não está claro qual é a moldura em que ela se insere, e portanto, como se relacionam entre si as diversas estruturas.
4.2.2 Sobre a força dos argumentos
É também suscetível de diversos tipos de críticas, mas precisamente em cinco pontos:
Aos critérios apresentados, seria preciso acrescentar pelo menos mais um, referente à estrutura do argumento, isto é, a relação entre as premissas e a conclusão.
Precisa de regras, que não são fornecidas, sobre como combinar entre si, os critérios anteriores.
Os conceitos usados nesses critérios não são definidos de uma única maneira.
Para descobrir qual seria o grau de aceitação de um argumento, teríamos que antes descobrir qual é a força do discurso, porém isso é muito difícil de determinar, pois a força do discurso está em função de um determinado orador, tempo e contexto.
A dificuldade de passar da força de um discurso à força de um argumento.
Em suma, não parece que a nova retórica de Perelman forneça critérios eficientes para distinguir os argumentos fortes dos fracos, se for atribuído a noção de força de um argumento a um significado empírico.
4.2.3. O auditório universal
É o papel central da obra de Perelman, porém, o seu conceitoé ambíguo. 
Segundo, Aarnio, a ambiguidade reside no fato de o auditório universal ter por um lado um caráter ideal, mas ao mesmo tempo, estar histórica e culturalmente determinado, por depender de fatos contingentes.
Para Alexy, encontram-se 2 sentidos diferentes de auditório universal. Por um lado seria uma construção do orador, daí o seu caráter ideal, mas por outro lado, o acordo de auditório universal seria o acordo de todos os seres racionais ou simplesmente de todos. Nesse caso, Alexy duvida que um conceito tão amplamente formulado possa servir como medida para avaliar argumentos. 
Já Gianformaggio, diz que o conceito de auditório universal é suscetível de duas interpretações diferentes. A primeira seria que, diante de um auditório universal, quem argumenta com seriedade e de boa-fé e está convencido das conclusões e dos procedimentos que utiliza, a noção não seria problema. Porém, de acordo com a segunda interpretação, diante de um auditório universal, quem não apenas está convencido da correção da lealdade do procedimento que usa, como também está convencido da evidencia das premissas em que se baseia.
4.4. Crítica da concepção de Direito e do raciocínio jurídico
Neste ponto será abordado críticas específicas que se referem à concepção perelmaniana do direito e do raciocínio jurídico, que, como vimos ao longo do texto se caracteriza pela rejeição do positivismo jurídico e pela adoção um modelo tópico de raciocínio jurídico.
Assim, a noção de positivismo jurídico que Perelman utiliza é, além de pouco clara é também insustentável. Na visão positivista segundo Perelman, se caracteriza por: 
1) eliminar do direito toda referencia à justiça;
2) entender que o direito é a expressão arbitraria da vontade do soberano, enfatizando assim o elemento de coação e esquecendo o fato de que “para funcionar eficazmente o direito deve ser aceito, e não apenas imposto por meio da coação. 
3) atribuir ao juiz um papel muito limitado, já que não leva em conta os princípios gerais do direito e nem os tópicos jurídicos, apenas o texto escrito da lei.
Mas essas características, que talvez possa ser certas com relação a um determinado juspositivismo do século XIX, são manifestamente falsas referidas ao positivismo atual. Assim, o texto faz uma correlação entre o pensamento de Perelman e Hart ( positivista jurídico), demonstrando que nenhuma das três característica se aplica.
1) Porque Hart não pretende excluir do direito toda referencia à justiça e sim apenas sustentar que é possível separar o direito da moral. 2) ele deixa bem claro que o direito não pode se reduzir a coação. 3) e, por fim, ele considera uma caracteristica do positivismo a tese da discricionariedade judicial, ou seja, nos casos duvidosos ou não previstos, o juiz cria o direito embora ao mesmo tempo esteja submetido a uma serie de condições jurídicas que o limita. 
4.4.2 A concepção tópica do raciocínio jurídico – neste ponto extrai-se a principal crítica a adesão de Perelman ao modelo tópico de raciocínio jurídico. Que o uso dos tópicos no direito moderno precisa ser limitado, a não ser que, com sua utilização, pretenda-se, simplesmente, a conservação e consolidação de um certo status quo social e ideológico.
4.4.3 Direito e retórica- O fato de Perelman situar o centro de gravidade do discurso jurídico no discurso judicial e, em particular, nos discursos dos juízes das instancias superiores, supõe a adoção de uma perspectiva que distorce o fenômeno do direito moderno, na medida em que atribui ao elemento retórico – ao aspecto argumentativo – um peso maior do que ele realmente tem. 
4.4.4 A retórica geral e retórica jurídica- neste ponto são feitos algumas críticas a obra de Perelman que consiste justamente em dizer que se tem algo não está bem resolvido na obra dele é a relação entre o plano da retórica geral e o da lógica jurídica. Segundo, não está claro se o critério do auditório universal se aplica também ao discurso jurídico, quer se trate do discurso do juiz ou do legislador. Terceiro, não está tão pouco claro de que maneira se aplica ou se se aplica ao campo do raciocínio jurídico a sua classificação dos argumentos em técnicas de união e de dissociação. Por fim, Perelman acaba por sustentar um dualismo entre razão dialética e razão científica, pouco compatível com a sua ideia de que na ciência do direito não se pode separar nitidamente avaliação e conhecimento, e de que na aplicação do direito, tampouco se pode separar os juízos de valor dos juízos de fato.
4.4.5 Dedução e argumentação- uma última crítica que se pode dirigir a Perelman se relaciona com a distinção entre o raciocínio científico – dedutivo ou indutivo, e o raciocínio dialético- argumentativo ou prático. Assim, se ele tivesse levado em conta a distinção usual entre justificação interna e justificação externa, teria podido fixar claramente o papel da lógica formal ou dedutiva no raciocínio jurídico, sem precisar contrapor, desnecessária e confusamente a concepção dedutivista ou formalista do raciocínio jurídico à concepção argumentativa ou retórica. Um outro erro consiste também em ele não se dar conta de que a lógica- dedutiva ou não – se move no terreno das proposições e não no dos fatos.
4.5 Conclusão- a conclusão geral é que Perelman não oferece nenhum esquema que permita uma análise adequada dos diversos argumentos jurídicos, nem do processo de argumentação, embora sua obra apareçam suas sugestões de interesse inquestionável. Ainda, cumpre salientar que a concepção do direito e da sociedade, utilizada por Perelman, é de cunho extremamente conservador e a sua teoria da argumentação parece pensada para satisfazer as necessidades de quem aborda o direito e a sociedade com essa perspectiva, mas não para quem adota uma concepção crítica ou conflitualista desses fenômenos.

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