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Processo Civil CEJ 10

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PROCESSO CIVIL – Celso Belmiro – 2007 – página � PAGE �216�
10ª aula (11/05/2007)
	Falamos da petição inicial, falamos da tutela antecipada, vamos falar agora da citação. 
II.2) CITAÇÃO E RESPOSTA DO RÉU
	CITAÇÃO
	Não é função da lei definir os institutos e geralmente quando o faz, faz besteira. 
	Citação é exatamente o que está no artigo 213 do CPC: 
“Art. 213. Citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)”
	EFEITOS DA CITAÇÃO
	O que vai importar para a gente de início é tratar dos efeitos da citação, que estão no artigo 219 do CPC: 
“Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)”
	Temos cinco efeitos básicos da citação neste artigo. 
	A citação válida torna prevento o juízo. O que significa isso? Temos duas ações que por algum motivo devem ser reunidas. Essas ações serão reunidas no juízo prevento. Diz o artigo 219 do CPC que é a citação válida que vai tornar prevento o juízo. Este artigo entra em choque, pelo menos aparente, com outro artigo do CPC, o 106, que diz que o juízo se torna prevento a partir do despacho. Já vimos que o artigo 106 do CPC é uma regra específica para os juízos que possuem a mesma competência territorial. O artigo 219 do CPC é regra geral. 
	A citação válida induz litispendência. O que significa isso? Litispendência neste caso é aquela causa de extinção do processo, quando existem duas ações que são exatamente iguais em curso, onde tenho q extinguir uma? Não.
	Quando a lei fala que a citação induz a litispendência, isso significa simplesmente que depois da citação existe uma lide pendente. Quais são as conseqüências práticas disso? 
	Quando eu quero saber se a venda de um determinado bem foi em fraude a execução, o artigo 593 do CPC dispõe: 
“Art. 593. Considera-se em fraude de execução a alienação ou oneração de bens:
I - quando sobre eles pender ação fundada em direito real;
II - quando, ao tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo à insolvência;
III - nos demais casos expressos em lei.”
	O inciso II do artigo 593 determina um marco temporal para saber se houve fraude ou não a execução. Que marco temporal é esse? Fala a lei que: “corria contra o devedor demanda capaz de reduzí-lo a insolvência.” A partir de quando podemos dizer que corre o devedor uma demanda? Esse marco temporal é a citação. Por quê? Porque a partir da citação que há uma lide pendente. 
	O processo se inicia com a demanda, com o ato de pedir a prestação jurisdicional e se estabiliza com a citação do Réu. 
	A citação faz litigiosa a coisa. O que é coisa? Coisa no artigo 219 do CPC está no sentido técnico: Coisa é bem sobre o qual controvertem Autor e Réu. 
	A partir da citação, aquele bem jurídico é litigioso. Assim, a partir da citação a coisa se torna litigiosa e a destinação final daquele bem jurídico será definido pelo processo. Quais as conseqüências práticas disso? Por exemplo, se eu estou numa ação de reintegração de pose ou numa ação de busca e apreensão e o Réu citado resolve destruir a coisa, resolve desaparecer com a coisa. É possível responsabilizá-lo por atentado, que está previsto no artigo 879 do CPC: 
“Art. 879. Comete atentado a parte que no curso do processo:
I - viola penhora, arresto, seqüestro ou imissão na posse;
II - prossegue em obra embargada;
III - pratica outra qualquer inovação ilegal no estado de fato.”
	Quando o artigo 879 do CPC fala em depois do processo, leia-se: depois da citação. 
	 Se ele pratica outra inovação ilegal no estado de fato: destrói o bem, aliena o bem, esconde o bem, ele estará cometendo atentado. Tudo isso porque depois da citação a coisa torna-se litigiosa. 
	Falamos a um tempo atrás da alienação da coisa litigiosa. A partir de quando a coisa é considerada litigiosa? A partir da citação. 
	A citação válida ainda que ordenada por juízo incompetente constitui em mora o devedor. O devedor estará em mora a partir da citação. 
	Cuidado com isso. Por quê? Porque precisamos fazer uma distinção entre mora ex re e mora ex persona. 
	A mora ex re está ligada às obrigações com vencimento determinado. Por exemplo, eu pego dinheiro emprestado agora e me comprometo a pagar no dia 15/06. Essa minha obrigação possui uma data de vencimento pré-estabelecida. A partir de quando eu estarei em mora? A partir do dia 16/06. A mora ex re independe de aviso, de comunicado, de INTERPELAÇÃO. 
	A mora ex persona está ligada às obrigações sem vencimento determinado. Por exemplo, eu empresto um imóvel para um amigo, realizo um comodato sem prazo estabelecido, para que eu obtenha de volta o imóvel eu terei que interpelá-lo. A notificação é uma espécie de interpelação. A mora ex persona depende de interpelação. 
	Então, quando o artigo 219 do CPC diz que a citação válida constitui em mora o devedor isso não tem aplicação nos casos de mora ex re, pois o devedor estará em mora a partir vencimento da obrigação. A citação só constituirá em mora o devedor nos casos de mora ex persona, nestes casos a citação estará fazendo papel de interpelação. 
	A citação válida interrompe a prescrição. Existe um problema aqui, pois o caput do artigo diz isso e o parágrafo 1º diz o seguinte: 
“§ 1o A interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura da ação.(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)”
	Então, afinal, quando estará interrompida a prescrição, na data citação válida, ou na data do ajuizamento da ação? Primeiro, isso fará diferença? Com certeza fará. Por quê? Imagine que em 10/01 eu tenho o ajuizamento da ação. Em 15/01 o despacho de cite-se, em 25/01 a citação válida. E aí, a prescrição que vinha correndo solta em 20/01 está consumada. Se eu levar em consideração, para interromper a prescrição, a citação, no exemplo que estamos utilizando não haverá mais nada para interromper com a prescrição terá se consumado antes. Se eu considerar como marco de interrupção a propositura ou o ajuizamento, a mesma será interrompida em 15/01 antes de consumar-se. Então, faz diferença o momento da interrupção. 
	Como ficamos? O caput do artigo 219 do CPC fala que a citação válida interrompe a prescrição. O parágrafo 1º do artigo 219 do CPC fala que a interrupção da prescrição retroage a data da propositura da ação. Que data vamos considerar? 
	Considerar como marco interruptivo da prescrição a data da propositura beneficia o Autor. Para que tenha aplicação o parágrafo 1º do artigo 219 do CPC o Autor tem que atender o que está no parágrafo 2º do artigo 219 do CPC, que dispõe: 
“§ 2o   Incumbe à parte promover a citação do réu nos 10 (dez) dias subseqüentes ao despacho que a ordenar, não ficando prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)”
	Para o Autor se valer do que se encontra no parágrafo 1º do artigo 219 do CPC ele tem que atender o que está no parágrafo 2º do mesmo artigo. Este parágrafo determina que ele promova a citação. O que significa promover a citação? Significa requerer, pagar as custas e apresentar a cópia da petição inicial para ser entregue ao Réu (contrafé). Se o Autor realizou todos esses atos ele promoveu a citação. Mas o Réu só foi citado um ano depois... Paciência. Se o Réu vier a ser citado um ano depois a culpa é do serviço judiciário, não é culpa do Autor. Então, se o Autor promoveu a citação do Réu ele se beneficiará do que está no parágrafo 1º do artigo 219 do CPC, ou seja, a prescrição estará interrompida na data da propositura da ação. 
	Se o autor não promoveu a citação no prazo de 10 dias do despacho que a ordenar, se a citação se atrasou por culpa do Autor, aí a prescrição só será interrompida quando o Réu for citado.Surgem outros problemas. O CPC diz que é a citação que irá interromper a prescrição, havendo a possibilidade de retroagir a data da propositura da ação. 
	A lei de execução fiscal diz que é o despacho do Juiz que interrompe a prescrição. Mas o problema não está nem na lei de execução fiscal quando fala do despacho não. O problema está no Código Civil, porque este resolveu eleger outro fato temporal para considerar interrompida a prescrição. Que marco temporal é esse? O artigo 202 do CC dispõe: 
“Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual;
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III - por protesto cambial;
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores;
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor.
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.”
	O CC no artigo 202, inciso I diz que a interrupção da prescrição se dará com o despacho do Juiz ordenando a citação. O CC diz que se leva em consideração o cite-se e não o ajuizamento, e não a citação. E aí, como resolver esse problema? Não leva em consideração o que está no CC, por várias razões, diz Celso Belmiro, primeiro porque ele é professor de Processo Civil. 
	Quando se diz que a prescrição vai ser interrompida com o despacho do Juiz, por mais que o Autor seja diligente, só haverá interrupção da prescrição quando o Juiz resolver despachar. E se o Juiz resolver dar “embargo de gaveta” na sua petição inicial? Rsrsrs O Autor será prejudicado. 
	Quem deve regular matéria referente a interrupção da prescrição é o Código de Processo Civil. Interrupção da citação, citação, despacho são matérias afetas ao processo civil e não ao direito civil. 
	Qual tem sido a solução dos autores para esse problema que surgiu com o CC? O CC trata de matéria estranha ao seu regramento, o CC não tem que se imiscuir em interrupção da prescrição, logo neste embate entre o artigo 219 do CPC e o artigo 202 do CC, tem prevalecido o artigo 219 do CPC. 
	Quando recomeça a contagem do prazo prescricional? Com o trânsito em julgado da decisão. Transitada em julgado a decisão começa a fluir novamente o prazo prescricional. É uma prescrição diferente, agora para a execução. 
	Assim como não se admite que um sujeito que é titular de um direito material tenha durante a vida inteira possibilidade de ajuizar a ação, também não se admite que, depois de encerrado o processo o sujeito tenha durante uma vida inteira a possibilidade de executar aquela sentença. A lei fixa um prazo pra que também a execução seja instaurada. 
	A idéia é que a fixação de prazo para a prática de um ato, pressupõe que o ato já possa ser praticado e a prescrição é uma penalidade para quem pode praticar o ato e não faz. Só pode se impor um prazo para que a pessoa pratique um ato se a prática é possível. 
	Por que a prescrição só se conta da lesão? Porque como vou contar o prazo se a lesão não ocorreu ainda? Com vou fixar um prazo para a pessoa ajuizar uma ação se ela ainda não pode ajuizar a ação? O prazo prescricional só começa quando ocorre a lesão, há o direito subjetivo. A mesma coisa quando o processo está em curso, se o processo está em curso não adianta. Quando formos falar de processo de execução, vamos ver que ao contrário do processo de conhecimento, no processo de execução, no curso do mesmo é possível fixar prazo para o Autor, para o Exeqüente, por quê? Porque uma das causas de suspensão da prescrição é a ausência de bens do devedor. Suspensa a execução, recomeça o prazo prescricional. Por quê? Porque é o Autor quem tem que se mexer, diligência para que bens do Executado sejam apresentados e penhorados. 
	Na execução pode ser fixado prazo porque se tem uma atividade a ser praticada pelo Autor, localizar bens do Executado. 
	Vamos partir para as modalidades de citação. 
	MODALIDADES DA CITAÇÃO
	Existem dois grupos de citação: 
 
			CITAÇÃO POSTAL (Carta AR com aviso de recebimento)
CITAÇÃO REAL
	
	 CITAÇÃO POR OFICIAL DE JUSTIÇA (através de 
									 Mandado)
					CITAÇÃO POR EDITAL
CITAÇÃO FICTA
					CITAÇÃO COM HORA CERTA
	Qual é a diferença entre citação real e citação ficta? A citação real trabalha-se com certeza jurídica. Trabalha-se com a realidade de que o Réu foi citado. Existem conseqüências que advêm dessa certeza. 
	Na citação ficta, trabalha-se com suposição, também conseqüências outras advêm desta suposição.
	O artigo 221 do CPC dispõe: 
“Art. 221. A citação far-se-á:
I - pelo correio;
II - por oficial de justiça;
III - por edital.
IV - por meio eletrônico, conforme regulado em lei própria. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006)”.
	
	A regra da citação hoje é a citação postal, que se encontra no artigo 222 do CPC: 
“Art. 222. A citação será feita pelo correio, para qualquer comarca do País, exceto: (Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)
a) nas ações de estado; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)
b) quando for ré pessoa incapaz; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)
c) quando for ré pessoa de direito público; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)
d) nos processos de execução; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)
e) quando o réu residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência; (Incluído pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)
f) quando o autor a requerer de outra forma. (Incluído pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)”
		Antigamente a regra da citação era a citação por oficial de justiça através de mandado. Em 1993 essa regra foi alterada, passando a ser a regra a citação postal, exceto em algumas hipóteses. 
	Quando não vamos ter a citação pelo correio? Quando estivermos diante de citação por AR frustrada ou inadequada. O que é citação por AR frustrada? Quando foi enviada e não conseguiu realizar a citação, a citação por AR não foi possível porque o Réu não estava no endereço, porque se mudou, porque se recusou a receber. Quando se tem o AR frustrado a citação se faz por oficial de justiça. 
	E AR inadequado, o que é? AR inadequado são as situações previstas na segunda parte do artigo 222 do CPC: ações de estado, quando o Réu for pessoa incapaz, quando for Réu pessoa de direito público, nos processos de execução (a propósito, processo de execução regido pelo CPC, porque na execução fiscal, que é regida por uma lei própria, nós temos sim a citação postal), quando o Réu residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência (quando o correio não vai, o oficial tem que ir), quanto o Autor o requerer de outra forma (ou seja, o próprio Autor na sua petição inicial requer que o Réu seja citado através de oficial de justiça). 
	Quando vamos ter a citação ficta? A primeira das citações fictas é a citação por edital. A citação por edital está prevista no artigo 231 do CPC: 
“Art. 231. Far-se-á a citação por edital:
I - quando desconhecido ou incerto o réu;
II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar;
III - nos casos expressos em lei.
§ 1o Considera-se inacessível, para efeito de citação por edital, o país que recusar o cumprimento de carta rogatória.
§ 2o No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de sua citação será divulgada também pelo rádio, se na comarca houver emissora de radiodifusão.”
	É faculdade do Autor requerer a citação por edital do Réu? Por exemplo, eu tenho um vizinho que enche meu saco porque resolveu a tocar bateria, fica tocando até 03 horas da manhã, e pior que um baterista é uma pessoa aprendendoa tocar bateria. Eu resolvo ajuizar uma ação contra esse vizinho. Na ação eu requeiro a citação dele por edital? Posso? Não. 
	Se fosse mera faculdade do Autor requerer que o Réu fosse citado por edital, o Autor ia sempre querer trabalhar com edital, pois facilitaria a possibilidade de o Réu não comparecer ao processo para se defender e processo sem Réu é muito mais simples de se levar. 
	Pra que tenhamos a citação por edital deve estar comprovada qualquer uma das hipóteses do artigo 231 do CPC. Não é o Autor que irá optar. Só teremos possibilidade de citação por edital quando não há possibilidade de citação por postal, não há possibilidade de mandado, quando estiver uma situação do artigo 231 do CPC. 
	A questão da área de risco, o local é inacessível, o oficial de justiça certifica isso, e aí? Isso deu um problema sério há uns dois anos atrás, porque é uma situação realmente complicada. Não se pode exigir que o oficial de justiça suba no morro onde um traficante não permita. Por outro lado você permitir que o oficial de justiça certifique isso, poderá está abrindo espaço para um monstro, o oficial que não está a fim de ir certifica que o local é inacessível. Isso grou problema porque houve um parecer da Corregedoria dizendo que não cabe ao oficial de justiça determinar em que área do Estado haverá citação e em quais não irá haver citação. Cabe ao oficial de justiça fazer a citação ou usar força policial e for o caso. 
	Mas existem locais que nem oficial de justiça entre. 
	Não há solução para isso. Não é justo o Tribunal de Justiça obrigue que o oficial de justiça disponha da sua vida para realizar a citação, também não dá para deixar simplesmente que o oficial de justiça diga que o local é inacessível e por isso não faça a citação. 
	Existe uma graça que o oficial de justiça faz e não possui previsão legal, que é uma carta enviada pedindo o comparecimento da parte em uma determinada sala do Fórum para resolver assunto de seu interesse. Quando a pessoa comparece é citada. 
	Eventualmente, é possível o ajuizamento de uma ação contra um Réu desconhecido, por exemplo, como você vai exigir a qualificação de pessoas que esbulharam a sua posse e você nunca as viu, se não as conhece? Se a sentença reconhecer que o imóvel é seu e ordenar que as pessoas saiam, quem terá que sair? Quem estiver no imóvel. 
	Citação por hora certa, qual é a história dessa modalidade de citação? Está no artigo 227 do CPC: 
“Art. 227. Quando, por três vezes, o oficial de justiça houver procurado o réu em seu domicílio ou residência, sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar a qualquer pessoa da família, ou em sua falta a qualquer vizinho, que, no dia imediato, voltará, a fim de efetuar a citação, na hora que designar.”
	Para que haja citação por hora certa temos, no mínimo, dois requisitos: um objetivo – o oficial de justiça deve comparecer ao domicílio do réu a fim de citá-lo 03 vezes e um subjetivo - a suspeita de ocultação do Réu. 
	Não é porque foi 03 vezes que vai realizar a citação por hora certa, deve existir a suspeita de que o Réu esteja se ocultando. O oficial pode tentar citar o Réu além das 03 vezes, mas para a citação por hora certa será necessário no mínimo a tentativa de citação 03 vezes. 
	Presentes os dois requisitos faz o que? Avisa a qualquer pessoa da casa ou a um vizinho para que comunique ao Réu que o oficial de justiça voltará para citá-lo tal dia e tal hora e que ele deve estar em casa, senão vou efetuar a citação por hora certa. Se no dia e hora marcado o Réu não estiver lá o oficial de justiça aplica o artigo 228 do CPC: 
“Art. 228. No dia e hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou residência do citando, a fim de realizar a diligência.
§ 1o Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca.
§ 2o Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com pessoa da família ou com qualquer vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome.”
	Então, mesmo que o Réu não se encontre no local, no dia e hora marcados, o oficial de justiça dará por feita a citação. É uma citação ficta porque não temos certeza que o réu tem conhecimento que corre tal ação contra ele, mas supõe-se. 
	Para tentar localizar o Réu e para que seja válida a citação por hora certa, a lei exige mais uma diligência, a do artigo 229 do CPC: 
“Art. 229. Feita a citação com hora certa, o escrivão enviará ao réu carta, telegrama ou radiograma, dando-lhe de tudo ciência.”
	Então, além das 03 vezes que o oficial de justiça compareceu, da suspeita de ocultação do Réu e da não estada do mesmo na hora e local marcados pelo oficial de justiça, deve ser enviada ao Réu telegrama ou carta, dando ciência do que se passou. 
	Falamos que existem conseqüências para a certeza jurídica na citação real e para a suposição na citação ficta. Que conseqüências são essas? 
	Se eu sei que o Réu foi citado e ele não contesta, o que acontece? Revelia, e a principal conseqüência da revelia é a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo Autor. Eu sei que ele foi citado, ele não contestou, não contestou porque não quis, problema dele, presunção de veracidade dos fatos alegados pelo Autor. 
	Na citação ficta, o Réu não contestou, se ele não contestou ele é revel. Aplicar a este Réu os efeitos da revelia, a presunção de veracidade pode ser injusto, porque não temos certeza de que o Réu tomou conhecimento da ação, trabalhamos com suposição. Então, para evitar a injustiça, a lei determina que na citação ficta se o Réu não contestar aplica-se o artigo 9º, inciso II do CPC: 
“Art. 9o O juiz dará curador especial:
I - ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os interesses deste colidirem com os daquele;
II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa.
Parágrafo único. Nas comarcas onde houver representante judicial de incapazes ou de ausentes, a este competirá a função de curador especial.”
	Se tivermos um Réu revel, citado por edital ou por hora certa que não contestou o Juiz dará curador especial. Por que curador especial? Esse curador é o sujeito que vai tomar conta da vida do Réu, administrar os bens do Réu, como numa interdição? Não. É curador especial para aquele processo, que vai defender o interesse do Réu naquele processo. No RJ quem normalmente desempenha o papel de curador especial é a Defensoria Pública. Então, nomeado curador especial este irá contestar. É a contestação mais “modelão” que existe, porque a contestação é dividida em duas partes: que a citação por edital era incabível e que o Autor não esgotou todos os esforços para localizar o Réu. A segunda parte desta contestação é alegar que não são verdadeiros os fatos alegados pelo Autor. Não tem mais o que alegar, porque o curador especial não teve contato com o Réu. 
	O Autor é que tem que provar os fatos constitutivos de seu direito. 
	É a chamada contestação por negativa genérica. 
	Há previsão da citação por meio eletrônico, que foi inserida pela lei 11.419/06, mas está faltando a implementação. Celso Belmiro diz que exige a assinatura eletrônica, certificação digital. Temos que lembrar acima de tudo que temos organizações judiciárias muito avançadas e outras que são paupérrimas. Isso tudo vai depender de pagar para se implementar e efetivar o que a lei prevê. 
	 A revelia é uma situação fática, ou seja, não contestou é revel. Revelia é igual à ausência de contestação. As conseqüências da revelia é que podem variar. 
	Na citação ficta o sujeito é revel, e exatamente por ele ser revel é que haverá a nomeação de um curador especial para que este apresente posteriormente a contestação. Mas o Réu, ele é revel. 
	Só para encerrar citação, o artigo 219 do CPC sofreu uma alteração recente, a lei 11.280/06 deu nova redação ao parágrafo 5ºdele: 
“Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
§ 1º A prescrição considerar-se-á interrompida na data do despacho que ordenar a citação. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
        § 2º Incumbe à parte, nos dez (10) dias seguintes à prolação do despacho, promover a citação do réu. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
        § 3º Não sendo citado o réu, o juiz prorrogará o prazo até o máximo de noventa (90) dias, contanto que a parte o requeira nos cinco (5) dias seguintes ao término do prazo do parágrafo anterior. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
§ 1o A interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura da ação.(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 2o   Incumbe à parte promover a citação do réu nos 10 (dez) dias subseqüentes ao despacho que a ordenar, não ficando prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 3o   Não sendo citado o réu, o juiz prorrogará o prazo até o máximo de 90 (noventa) dias.(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 4o Não se efetuando a citação nos prazos mencionados nos parágrafos antecedentes, haver-se-á por não interrompida a prescrição. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
§ 5o Não se tratando de direitos patrimoniais, o juiz poderá, de ofício, conhecer da prescrição e decretá-la de imediato. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
 § 5o O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição.   (Redação dada pela Lei nº 11.280, de 2006)
§ 6o Passada em julgado a sentença, a que se refere o parágrafo anterior, o escrivão comunicará ao réu o resultado do julgamento. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)”
 
	A nova redação do parágrafo 5º do artigo 219 do CPC aconteceu porque a redação anterior era errada, “não se tratando de direitos patrimoniais”. Se estamos tratando de direitos não patrimoniais e eu tenho uma causa de extinção do processo pelo decurso do tempo que instituto é esse, se estou diante de direitos não patrimoniais? A redação do parágrafo 5º do artigo 219 tratava na verdade de decadência, apesar do código falar que o Juiz poderia reconhecer a prescrição de imediato. Não era propriamente prescrição, era a decadência. Direitos não patrimoniais levam a decadência, não a prescrição. 
	Nessa sistemática, portanto, a prescrição deveria ser alegada pelo Réu, o Juiz não poderia reconhecer de ofício. 
	Desde maio de 2006 ao Juiz é facultado reconhecer de ofício a prescrição. 
	RESPOSTA DO RÉU 
	Nesse tópico iremos ver as possíveis reações do Réu uma vez citado. O Réu foi citado e aí, o que pode acontecer? 
	
a) O Réu pode nada fazer em relação à citação, se omitir – OMISSÃO
b) O Réu pode reconhecer a procedência do pedido – PROCEDÊNCIA 
								DO PEDIDO
c) O Réu pode comparecer ao processo e apresentar defesa – DEFESA
d) O Réu pode além de apresentar defesa, apresentar um pedido - PEDIDO 
										 EM
										 FACE DO 
 AUTOR 
e) impugnar o valor da causa, chamar ao processo, denunciar a lide-OUTRAS
						
	Vamos tratar da omissão. O Réu foi citado e este uma vez citado nada fez. Quais são as conseqüências disso? 
	É natural que as pessoas associem omissão a revelia. Só que devemos tomar cuidado. A revelia possui dois aspectos, dois sentidos: REVELIA EM SENTIDO AMPLO e REVELIA EM SENTIDO TÉCNICO. 
	Dizer que o Réu citado não compareceu é revel é a revelia em sentido amplo. Ou seja, não comparecimento. 
	A revelia no sentido técnico, no sentido estrito, que é o sentido correto, significa ausência de contestação. Então, o Réu é revel se não contestar a ação. O que significa isso? Por exemplo, o Réu apenas impugnou o valor da causa, o Réu compareceu ao processo e apresentou uma exceção de incompetência, ele é Revel? É. Se o Réu não contestar ele será revel. 
	
	EFEITOS DA REVELIA
	Vamos ver o artigo 319 do CPC: 
“Art. 319. Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor.”
	E aí já estamos passando para os efeitos da revelia. Quais são os efeitos da revelia? Também para saber quais são os efeitos da revelia eu também tenho que fazer a distinção entre revelia em sentido amplo e revelia em sentido técnico. 
	Se eu estou falando da revelia em sentido amplo, se estou falando do não comparecimento, esse efeito está colocado no artigo 322 do CPC: 
“Art. 322. Contra o revel que não tenha patrono nos autos, correrão os prazos independentemente de intimação, a partir da publicação de cada ato decisório. (Redação dada pela Lei nº 11.280, de 2006)
Parágrafo único O revel poderá intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no estado em que se encontrar. (Incluído pela Lei nº 11.280, de 2006)”
	Se o sujeito não está no processo eu não vou ficar o intimando, nem tenho como intimar porque não há como publicar no DO as intimações, pois o sujeito não constituiu advogado nos autos. 
	 A conseqüência do não comparecimento é a dispensa de intimações posteriores. 
	O principal efeito, porém, é o decorrente da ausência de contestação. Esse efeito está no artigo 319 do CPC que dispõe: 
“Art. 319. Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor.”
	A conseqüência da ausência de contestação tem como efeito a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo Autor. 
	Esse é o principal efeito que está no artigo 319 do CPC. No entanto, este efeito estará sempre presente? Sempre que o Réu deixar de contestar, deixar de apresentar contestação, ocorrerá a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo Autor? 
	No artigo 320 do CPC ele trata da pergunta acima: 
	
“Art. 320. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo antecedente:
I - se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;
II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público, que a lei considere indispensável à prova do ato.”
	O artigo 320 do CPC trata da revelia sem presunção de veracidade. 
	O Réu deixa de ser revel? Não. Ele é revel. Por quê? O que é revelia mesmo? Ausência de contestação. O que existe no artigo 320 do CPC são hipóteses em que apesar do Réu ser revel não haverá a produção do principal efeito da revelia, a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo Autor. 
	A propósito, qual é a conseqüência de se presumir verdadeiros os fatos alegados pelo Autor? Dentro da dinâmica do processo, se consideramos verdadeiros os fatos alegados pelo autor, acabamos dando um salto, passaremos saltando várias etapas para o julgamento antecipado da lide.
	Nem sempre, porém, o Réu deixa de contestar e haverá essa presunção de veracidade. O artigo 320 do CPC trata dessas hipóteses. 
	O inciso I do artigo 320 do CPC diz que se temos dois ou mais Réus e um deles contesta, em relação aos demais que não contestaram, que são revéis, não vai haver essa presunção de veracidade dos fatos alegados pelo Autor. A contestação de um aproveita ao demais. 
	Lembrando do que falamos em litisconsórcio, a aplicação desse inciso I dependerá do tipo de litisconsórcio que for instaurado. Se temos um litisconsórcio unitário (a decisão do processo deve ser igual para todos os litisconsortes) esse inciso será aplicado. Agora, esse inciso I tem aplicação no litisconsórcio simples (é possível que a decisão do processo seja diferente para os litisconsortes)? A contestação de um litisconsorte irá beneficiar outro no litisconsórcio simples? Depende. Depende de quê? Do que foi alegado na contestação pelo litisconsorte, da defesa que ele apresentouem sua contestação. Se a defesa for comum aos dois, terá aplicação o inciso I, se a defesa apresentada for pessoal, própria do litisconsorte que a apresentou o inciso I não se aplica em relação aos outros litisconsortes. 
	Muito cuidado com o artigo 320, inciso I do CPC. Ele tem aplicação no litisconsórcio unitário, ele tem aplicação no litisconsórcio simples, se a defesa apresentada for uma defesa comum. No entanto, não terá aplicação se estivermos diante de litisconsórcio simples e a defesa apresentada pelo litisconsorte é uma defesa que só diz respeito a ele, é uma defesa pessoal. 
	OBS. feita a partir da seguinte pergunta de aluno: Haverá julgamento antecipado da lide no caso dos Réus litisconsortes revéis que não contestaram e faziam parte de um litisconsórcio simples onde a defesa apresentada por um dos litisconsortes foi pessoal? Não. Não é possível dar um salto para o julgamento antecipado da lide se ficará alguma coisa pendente no processo. 
	O inciso II do artigo 320 do CPC trata dos direitos indisponíveis. O direito disponível ou direito indisponível mencionado neste artigo é referente ao Réu, porque estou dizendo que se ele Réu não contestar vai haver a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo Autor. 
	Se é um direito indisponível do Réu, não haverá presunção de veracidade dos fatos alegados pelo Autor. 
	Por exemplo: Pai ajuíza em face do filho ação de exoneração de alimentos. O filho não contesta, portanto revel. O alimento para o filho é um direito indisponível. E aí, o filho não contestou, o filho é revel, haverá a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo Autor? Não. 
	Pergunta inaudível de aluno, a qual Celso Belmiro respondeu: O direito indisponível é do Autor e sendo do Autor não se aplica o inciso II do artigo 320 do CPC. Aplica-se a solução normal de qualquer processo. Citado o pai, o pai não contestou, revel e haverá a presunção de veracidade dos fato alegados pelo Autor. O indisponível é do Réu. 
	Queremos ver se podemos ou não prejudicar o Réu. Eu não posso prejudicar o Réu quando houver direitos indisponíveis do Réu. 
	Se o direito indisponível é do Autor o processo segue normalmente, presunção de veracidade dos fatos alegados pelo Autor, produção dos efeitos da revelia. 
	
	Inciso III do artigo 320 do CPC. Digamos que um sujeito ajuíze uma ação reivindicatória, logo estou alegando que eu sou proprietário de um imóvel, estou dizendo na minha petição inicial que comprei aquele imóvel por escritura pública e registrei. Quero que meu imóvel me seja entregue. Como eu provo a propriedade nessa hipótese? Com a escritura pública registrada. 
Um sujeito ajuíza uma ação reivindicatória se dizendo dono de um latifúndio no Mato Grosso. O Réu não contesta. O sujeito é o proprietário desse latifúndio no Mato Grosso? Haverá a presunção de que ele é proprietário? Cadê o documento? Nessa hipótese também, não é porque o Réu deixou de contestar que haverá a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo Autor. 
	Então, no artigo 320 do CPC que acabamos de analisar o sujeito é revel, mas não há a presunção dos fatos alegados pelo Autor. 
	Vamos analisar agora revelia, mais presunção de veracidade (ou seja, não é nenhuma das hipóteses do artigo 320 do CPC). Quando dissemos que há presunção de veracidade damos um salto para julgamento antecipado da lide, vai de regra com que tipo de julgamento? De procedência do pedido do Autor. 
	Sempre que o Réu não contestar e houver a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo Autor, o resultado será sempre a procedência do pedido do Autor? Não. A revelia leva a presunção de veracidade, porém o Juiz pode não julgar procedente o pedido. Quando isso pode acontecer? 
	Primeiro, o Réu deixou de contestar. No entanto existem matérias, questões, que o Juiz pode conhecer de ofício. Então a primeira hipótese são as matérias para questões de ordem pública, condições da ação, pressupostos processuais, prescrição, que mesmo que o Réu não tenha alegado o Juiz pode conhecer de ofício. 
	A segunda hipótese versa sobre fatos absolutamente inverídicos. Em outras palavras, o Réu não contestou, presume-se a veracidade dos fatos alegados pelo Autor. Mas o Juiz é obrigado considerar como verdadeiro qualquer “baboseira” que o autor alegue na inicial. Por exemplo, o autor diz que fez um contrato com o Réu, contrato através do qual o Autor se comprometeu a levar os restos mortais da mãe do Réu para Saturno. A mãe do Réu morreu e ele pessoalmente levou os restos mortais da mãe do Réu para Saturno e agora ele não quer pagar o preço pelo serviço prestado. O Réu não contestou. E aí? Se o Juiz está diante de fatos inverídicos não é só porque o Réu não contestou que ele vai julgar procedente o pedido do Autor. 
	A presunção de veracidade é dos fatos. Os fatos é que se presumem verdadeiros. Mas é possível que fatos, ainda que verdadeiros , não levem a procedência do pedido. Não há um liame entre os fatos e aquilo que o sujeito está sustentando. E não há a menor ligação entre os fatos e o que o sujeito está querendo em função disso, os fatos podem até ser presumidos verdadeiros, mas não vai haver o julgamento de procedência do pedido. 
	É possível que mesmo que os fatos se presumam verdadeiros, por convicção formada quanto à matéria de direito, ou até por processos anteriores que já tenha sentenciado, o Juiz, quanto ao direito, não concorde com a tese sustentada pelo Autor. 
	Convicção contrária do Juiz, quanto à matéria de direito. O que há é a presunção de veracidade dos fatos. É possível que quanto a matéria de direito o Juiz, que é quem vai julgar o processo, tenha uma convicção contrária. Convicção contrária porque já houve decisão do STF em sentido contrário, convicção que ele já decidiu em outro caso semelhante... Deve haver um pouco de cuidado em relação a isso, porque pode se violar, até sem querer, o princípio da imparcialidade do Juiz, porque em última análise quem está fazendo a defesa do Réu é o Juiz. 
	Mas o que a lei passou a permitir que o Juiz faça? Artigo 285-A do CPC. O juiz pode julgar improcedente o pedido, antes mesmo de citar o Réu. Então, o que estamos falando cheio de cuidado a própria lei não trata mais com tanto cuidado. 
	
	E se a Fazenda Pública for revel? Onde encaixamos a Fazenda Pública? O direito que a Fazenda Pública está defendendo em juízo é um direito indisponível, é o interesse público. Logo, aplica-se o artigo 320, II do CPC. A Fazenda Pública pode ser revel? Pode, se não apresentar contestação. Ela tem no procedimento ordinário 60 (sessenta) dias para contestar. Pode ainda assim não contestar? Pode. Vai haver a presunção de veracidade? Não, por conta do artigo 320, inciso II do CPC. 
	Assim dispõe o artigo 321 do CPC: 
“Art. 321. Ainda que ocorra revelia, o autor não poderá alterar o pedido, ou a causa de pedir, nem demandar declaração incidente, salvo promovendo nova citação do réu, a quem será assegurado o direito de responder no prazo de 15 (quinze) dias.”
	Qual é a preocupação do CPC neste artigo? Está preocupado com o Autor “olhudo”. 
	É a forma que a lei encontrou para impedir que o Autor acrescentasse inúmeros pedidos por conta da revelia do Réu. 
	O artigo 322 do CPC teve sua redação alterada pela lei 11.280/06. Dizia o artigo 322 do CPC: 
“Art. 322. Contra o revel correrão os prazos independentemente de intimação. Poderá ele, entretanto, intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no estado em que se encontra.” 
	A redação atual do artigo 322 do CPC é: 
“Art. 322. Contra o revel que não tenha patrono nos autos, correrão os prazos independentemente de intimação, a partir da publicação de cada ato decisório. (Redação dada pela Lei nº 11.280, de 2006)
Parágrafo único O revel poderá intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no estado em que se encontrar. (Incluído pela Lei nº 11.280, de 2006)”
	Por que essa modificação? Para justificar as duas idéias de revelia: a revelia em sentido amplo e revelia emsentido técnico. 
	Vai haver essa dispensa de intimação em que hipótese? Se o sujeito não contestou, mas apresentou uma exceção ele será intimado dos atos posteriores? Irá, pois para apresentar exceção ele constitui advogado. Essa dispensa de intimação vai ter lugar quando o Réu não “deu as caras” no processo. 
	A redação anterior dava margem a dúvida. Na situação anterior, o sujeito impugnou o valor da causa, apresentou reconvenção, exceção, mas não contestou, portanto é revel. Tenho que intimar o sujeito dos atos posteriores? A redação anterior dava margem a dúvidas, pois falava que contra o revel correrão os prazos independentemente de intimação. 
	Com a nova redação essas dúvidas cessam, pois a lei fala em revel sem patrono nos autos. Esse revel é o que não compareceu, é a revelia em sentido amplo. 
	Pergunta inaudível de aluno a qual Celso Belmiro deu a seguinte resposta: Estamos falando do rito ordinário. No rito ordinário o sujeito é citado para no prazo de 15 (quinze) dias apresentar a contestação escrita. No rito sumário ele é citado para comparecer à audiência. Então, se ele mesmo que tenha advogado, mesmo que o advogado venha a apresentar a contestação escrita, se o Réu não comparece à audiência, apesar de ser uma questão polêmica, tem se entendido que é revel, pois é citado para comparecer a audiência e não compareceu. O advogado estará no processo, mas aquela contestação será desconsiderada. E por ter advogado nos autos, haverá intimação dos atos subseqüentes. 
	A segunda possível reação do Réu é o reconhecimento da procedência do pedido. O Réu pode comparecer ao processo só para dizer que o Autor está com a razão. O reconhecimento da procedência do pedido está no artigo 269, inciso II do CPC: 
“Art. 269. Haverá resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005 )
I-...
II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
III-...”
	O Autor diz que é credor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) e pede que o Réu seja condenado. O Réu diz que realmente é devedor de R$ 10.000,00. Não seria o caso do Juiz pensar: o Autor diz que o Réu é devedor de R$10.000,00, o Réu confirma esse débito, o que estão fazendo no judiciário? Não seria caso do Juiz reconhecer que falta interesse de agir ao Autor? Qual seria o raciocínio se o Juiz extinguir o processo sem julgamento do mérito por falta de interesse de agir? O réu disse que é devedor, mas não paga. O que o Autor seria obrigado a fazer de novo? Propor nova ação de cobrança. Aí, o Réu novamente reconhece o pedido e o Juiz novamente extingue o processo e o Réu não paga. Quando isso iria acabar? Nunca. 
	É por isso que nas situações onde há o reconhecimento da procedência do pedido o processo é extinto com resolução do mérito, para que se forme o título executivo. A resolução de mérito neste caso não tem outra finalidade que não a formação do título executivo. Porque se o sujeito diz que é devedor e não paga o Autor vai executar o réu, nesse caso, especificamente, para o cumprimento de sentença. 
	O reconhecimento da procedência do pedido é sempre possível? Não. Em que hipóteses o Juiz pode desconsiderar esse reconhecimento do pedido? Quando o Réu reconhece está dispondo de um direito seu. É possível a disposição sobre quaisquer direitos? Não. Então qual é primeira hipótese? Quando tiver diante de direito indisponíveis. 
	Existe outra situação em que o Juiz também não irá levar em consideração esse reconhecimento: quando e verificar que existe um conluio entre o Autor e Réu. Exemplo: Eu estou cheio de dívidas, cheio de ações contra mim. E sei que quando chegar na execução eu vou perder tudo. O que eu faço? Contesto nessas ações e chego pra um amigo e peço que ajuíze uma ação contra mim de R$ 100.000,00, que é o valor do patrimônio do endividado. Este depois de ajuizada a ação irá reconhecer o pedido e forma-se o título executivo e sendo o endividado executado, quando os outros credores forem executar o endividado, não terão mais nada para receber, ou seja, fraude aos credores. É possível que o Juiz obstaculize o reconhecimento do pedido quando verificar o conluio entre o Autor e o Réu. Na verdade esse reconhecimento é uma simulação com o objetivo de fraudar os credores. 
	E quando há reconhecimento parcial? O réu contesta, mas apesar de ter forma de contestação, na verdade esta contestação ela contesta de um lado e do outro reconhece. É o reconhecimento parcial da procedência pedido. O que é possível ao Juiz fazer em relação a essa parcela reconhecida, que é incontroversa? Antecipação de tutela quanto à parte incontroversa da demanda, artigo 273, parágrafo 6º do CPC. 
	
DEFESA PROCESSUAL (DILATÓRIA E PEREMPTÓRIA) E DE MÉRITO (DIRETA E INDIRETA)
	A defesa pode ser: processual e de mérito. 
	Quando se instaura o processo, cria-se uma nova relação jurídica. Uma relação jurídica entre o Autor, o Juiz e o Réu, uma relação jurídica processual. O que o Réu ataca na defesa processual? Na defesa processual o Réu vai atacar esta relação jurídica, vai atacar a relação jurídica processual, a relação jurídica formada com o processo. 
	A defesa processual pode ser: peremptória ou dilatória. O critério para separá-las é a extinção ou não do processo. 
	Defesa processual peremptória, uma vez reconhecida gera a extinção do processo. 
	A defesa processual dilatória não gera a extinção do processo.
	As maiorias das defesas processuais são defesas processuais peremptórias, por exemplo, inépcia da inicial, falta de condição da ação, falta de um pressuposto processual, litispendência, coisa julgada, perempção. São defesas que se reconhecidas levam a extinção do processo.
	E as dilatórias? Conexão (gera a reunião das ações), Incompetência (gera a remessa da ação para o Juízo competente), Ausência de citação (anulam-se os atos subseqüentes e volta para o Réu apresentar sua resposta, o processo não é extinto). 
	E a incapacidade? É uma defesa processual peremptória ou dilatória? 
	Vamos ver o que diz o artigo 13 do CPC: 
“Art. 13. Verificando a incapacidade processual ou a irregularidade da representação das partes, o juiz, suspendendo o processo, marcará prazo razoável para ser sanado o defeito.
Não sendo cumprido o despacho dentro do prazo, se a providência couber:
I - ao autor, o juiz decretará a nulidade do processo;
II - ao réu, reputar-se-á revel;
III - ao terceiro, será excluído do processo.”
	A incapacidade tem essa característica interessante, num primeiro momento ela é defesa de natureza dilatória. Por quê? Porque antes do Juiz extinguir deve marcar prazo razoável para ser sanado o defeito. Tem que intimar a parte para ser sanado o defeito. Se o Autor não cumprir a existência o Juiz extingue o processo sem julgamento do mérito. 
	Na defesa de mérito o que o Réu vai atacar? Atacará a relação de direito material. 
	A defesa de mérito se divide em: direta e indireta. 
	Na defesa direta de mérito o Réu irá atacar os fatos constitutivos do direito do Autor. Como? Os fatos não aconteceram (Autor maluco), os fatos aconteceram de forma diferente (Autor mentiroso), ou os fatos não levam ao pedido do Autor (Autor pretensioso). 
	Por exemplo: A vítima foi atropelada e ajuizou uma ação em face do motorista. O motorista diz que não sabe o que o Autor está dizendo, esses fatos não aconteceram. Quem tem que provar que os fatos aconteceram? O Autor. 
	Se o motorista diz que a vítima estava na beira da estrada discutindo com a namorada, tomou uma “bifa” e saiu rodando e acabou por cair na frente do carro. Os fatos aconteceram de forma diferente. 
	Ou ainda, o sujeito foi atropelado e o motorista foi tentar socorrer, mas o sujeito levantou e disse: “valeu” e foi embora. Agora quer indenização. Para ter indenização tem que ter dano e não houve dano nenhum. Os fatos não levam ao pedido do Autor. Quem tem que provar o que está se passando é o Autor. 
	O ônus da prova quanto aos fatos constitutivos de seudireito é o Autor. Não é o Réu que tem que provar que aquilo não aconteceu. É o Autor que tem que provar que as coisas aconteceram da forma narrada por ele. 
	Já na defesa indireta, a coisa muda de figura. Por quê? Na defesa indireta de mérito o Réu não ataca os fatos. N defesa indireta o Réu concorda com os fatos, concorda até com as conseqüências do fato. Então ele está reconhecendo o pedido do Autor? Não. 
	Os fatos realmente aconteceram, as conseqüências são verdadeiras, porém o Réu alega outros fatos que são extintivos, modificativos ou impeditivos do direito do Autor. 
	Na defesa indireta o Réu concorda com os fatos. 
	Cuidado com a defesa indireta de mérito porque ela costuma freqüentemente cair em prova. 
	Quando o Réu concorda com os fatos alegados pelo Autor, temos um instituto processual: confissão. Então, na defesa indireta de mérito traz implícita a confissão. 
	Como isso é explorado, via de regra, em prova? Verdadeiro ou falso: diante da confissão pelo Réu dos fatos alegados pelo Autor, o Juiz deverá julgar procedente o pedido do Autor? Errado. Porque o Réu está se defendendo. Na defesa indireta de mérito, por exemplo, o Réu concorda com os fatos alegados pelo Autor, só que apresentará outros fatos modificativos, impeditivos ou extintivos do direito do Autor. 
	Quando o Réu confessa não significa que está reconhecendo a procedência do pedido. O reconhecimento da procedência do pedido é uma rendição total do Réu. 
	Na defesa indireta, o Réu está se defendendo, mas para chegar a essa defesa ele passa pela confissão, que traz algumas conseqüências, por exemplo: Na defesa indireta de mérito, quem tem que provar o quê? Quando o Réu apresenta defesa indireta de mérito, ele chama para i o ônus da prova, quem tem que provar agora é o Réu. É o Réu que tem que provar o fato modificativo, impeditivo ou extintivo do direito do Autor. 
Questão de prova: Fulano ajuíza uma inicial alegando o fato A, constitutivo de seu direito. Beltrano, na contestação, apresenta defesa indireta de mérito alegando o fato B, extintivo do direito do Autor. Na instrução probatória, ninguém prova nada. Como deve ser a sentença? Essa sentença é de procedência ou improcedência? Essa sentença será de procedência. 
Mas o Autor não provou os fatos alegados. Pois é. Quando o Autor apresenta defesa indireta de mérito, ele produz a prova para o Autor. A confissão que está implícita na defesa indireta de mérito dispensa o Autor de ter que provar. O Réu é quem produz a prova para o Autor. O réu na defesa indireta de mérito traz pra si o ônus da prova. O Réu é que tinha que provar o fato B. Não provou, e aí? Sentença de procedência do pedido do Autor. 
	Se o Réu dissesse no caso acima que o fato não aconteceu, a sentença aí seria de improcedência, porque o Autor deveria provar e não provou. 
	Outro exemplo, ação de cobrança. O Réu contesta dizendo que já pagou a dívida. Pagamento é uma defesa direta ou indireta de mérito? É uma defesa indireta de mérito, porque quando o Réu diz que já pagou ele acabou dizendo que de fato houve um empréstimo e que a partir desse empréstimo o Autor tem direito de receber o dinheiro de volta, mas que ele já pagou. Então, o Réu tem que provar que já pagou.

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