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Processo Civil CEJ 8

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PROCESSO CIVIL – Celso Belmiro – 2007 – página � PAGE �175�
8ª aula (27/04/2007)
	Na aula passada vimos o artigo 282 do CPC até o inciso II. Vamos continuar então, vamos ver o inciso III. 
	O inciso III do artigo 282 do CPC diz que a petição inicial indicará os fatos e os fundamentos jurídicos do pedido. Fatos e fundamentos jurídicos do pedido compõem o que? A causa de pedir. Então o que está colocado no inciso III do artigo 282 do CPC é que a petição deve conter a causa de pedir. 
	Fato não tem muito que explicar. É o fato constitutivo do direito do Autor. Portanto, os fatos que o Autor alega, apresenta, vai se coadunar com o pedido lá na frente. 
	E como entram os fundamentos jurídicos? Os fundamentos jurídicos servem como nexo de causalidade entre os fatos que o Autor alega e o pedido que ele está formulando em Juízo. Deve haver um nexo ou liame entre o que Autor alega e o que ele está pedindo. 
	Quando se fala em fundamento jurídico isso quer dizer indicação de dispositivo de lei? Não. Até porque, o Juiz tem o dever de conhecer a lei. 
	O sujeito pode ajuizar uma ação onde se discute matéria tributária e colocar a lei de alimentos, o Juiz vai indeferir a petição inicial por causa disso? Não. Quando se fala em fundamento jurídico não se está restringindo isso a indicação de dispositivo legal, até porque, eventualmente, essa indicação é até irrelevante. O que se quer na realidade é que o Autor demonstre nexo entre o que ele está alegando e o que ele está pedindo. 
	No inciso IV do artigo 282 do CPC trata finalmente do pedido. A petição inicial indicará o pedido com as suas especificações. 
	O pedido é a parte mais importante de uma petição inicial. Por quê? Já vimos na parte de princípios processuais o princípio da congruência (a sentença deve estar de acordo com o pedido formulado pelo Autor). O pedido vai balizar, vai determinar toda a atividade jurisdicional subseqüente. Tudo que vai ocorrer no processo está relacionado ao pedido que o Autor formulou. 
	O pedido é o seu cartão de visita. 
	
	Qual é a seqüência de leitura que o Juiz vai fazer da sua petição inicial? A leitura é ao contrário. O Juiz vai direto ver o que está sendo pedido. Se o pedido estiver bem feito ele lerá o que está antes, lerá a história que o Autor está contando. Não ache que o Juiz vai ler a sua petição inicial como um romance. 
	Então, se o pedido for mal feito a chance do que você escreveu antes não ser lido é bem maior. 
	Quer ver um exemplo de um pedido mal feito, um pedido “lambão”: O sujeito recolheu imposto a mais, logo tem um crédito contra a Fazenda Pública. Em razão de ter esse crédito o que o sujeito pode pleitear? Pode pleitear restituição ou compensação. A diferença prática entre elas é imensa. Na restituição, você quer que o Estado “meta a mão no bolso e pegue dinheiro para devolver” o sujeito tem que ajuizar uma ação de cobrança, depois fazer execução dessa sentença, depois entrar em fila de precatório. E na compensação? Se for um tributo que tem uma periodicidade pequena, por exemplo, mensal, trimestral, você tendo seu crédito reconhecido, já no mês seguinte será feita a compensação, você não pagará. 
	Então, quando você tem duas possibilidades de pedido para solucionar o mesmo fato, o sujeito poderá colocar na petição que quer uma coisa ou outra, Ou seja, fazer um pedido alternativo. Também é possível, que o sujeito queira o pedido A, mas se não for possível aceita o pedido B. Existem dois pedidos na petição inicial, mas o sujeito quer apenas um deles, ele estabelece uma ordem de preferência, ou seja, um pedido sucessivo (segundo Liebman, pedido subsidiário). Quando eu coloco dois pedidos na petição inicial e quero os dois, temos pedido cumulativo ou cumulado. 
	O sujeito que alega ter um crédito contra a Fazenda, dá uma aula de direito tributário no início da petição e quando chega ao pedido ele pede compensação ou restituição. O Juiz reconhece a ele a restituição. Aí, o autor fica “louco”, recorre e diz que queria a compensação porque era muito mais vantajosa para mim do que a restituição. 
	E o sujeito colocou pedidos alternativos na petição inicial e o Juiz reconheceu um deles não há sucumbência para ele recorrer. 
	Muito cuidado com o pedido, pois ele pode arrasar a vida da parte!!!!
	O artigo 282, inciso V do CPC determina que a petição inicial indicará o valor da causa. Tem que ter valor da causa? Qualquer causa tem que te um valor? Essa questão está regulada no artigo 258 do CPC: 
“Art. 258. A toda causa será atribuído um valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediato.”
	Vamos completar o que o artigo 258 do CPC, a toda causa tem que ser atribuído um valor certo ainda que não tenha conteúdo econômico nenhum. 
	Toda causa tem que ter um valor. 
	E qual é o valor da causa? Qual é a importância do valor da causa? Para que serve o valor da causa? Serve, primeiro, para a fixação da competência; serve para determinação do procedimento; serve para calcular as taxas judiciárias 
OBS. sobre o cálculo da taxa judiciária: Quantos por cento de taxa judiciária sobre o pedido da ação? 2%. Então o pedido A é para que o Réu seja condenado a pagar R$ 100.000,000 (cem mil reais); pedido B, citação do réu; pedido C, pagar honorários de 20% e por aí vai. Qual é o valor que você tem que recolher no GRERJ? Há um tempo atrás perceberam que a base de cálculo da taxa judiciária é o pedido e não propriamente o valor da causa. E qual o pedido aqui? R$ 100.000,000 (cem mil reais) mais 20% de honorários. Então o pedido é de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais). A taxa judiciária é 2% do valor do pedido e não do valor da causa. Nesse exemplo, ter-se ia que recolher R$ 2. 400,00 (dois mil e quatrocentos reais). A base de cálculo da taxa judiciária é o valor do pedido. Os honorários apesar de não irem no final da causa para o Autor e sim para o advogado, é um pedido que está sendo formulado. Então, temos que pegar todos os pedidos formulados e somar para ver o valor do pedido e sobre esse valor calcular os 2%. 
	Se na ação há uma efetiva pretensão econômica, o valor da causa é essa pretensão econômica. 
	A taxa judiciária é um tributo. O sujeito passivo é o Autor que está recolhendo esta taxa. Não é possível que o sujeito passivo da tributação determine a base de cálculo do tributo, escolha quanto tem que pagar. Não existe essa possibilidade. Se há uma pretensão econômica, o valor da causa é aquela pretensão econômica. 
	Quando a ação não possuir uma pretensão econômica imediata é possível atribuir um valor da causa que ache justo para feitos fiscais, recolher a taxa mínima. 
	Isso vale também para o Autor que quer forçar uma barra para ajuizar uma ação nos Juizados Especiais. O Juizado Especial Estadual só admitem causas até 40 salários mínimos, aí o sujeito coloca em seu pedido R$ 1.000.000, 00 (um milhão de reais) e no valor da causa o valor correspondente a 40 salários mínimos. Não pode. 
	O artigo 282, inciso VI determina que a petição inicial indicará as provas com que o Autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados. A lei exige que na inicial esteja a indicação das provas. A prova tem estar lá? 
	Vamos partir do mais genérico para o mais específico. 
	Temos o protesto genérico: Todas as provas em direito admitida.
	Afunilando, vamos para o requerimento: prova oral, pericial, documental superveniente. 
	Afunilando ainda mais, parte-se para a indicação, na indicação eu vou pormenorizar: requeiro a perícia e os quesitos dessa perícia são a e b; requeiro testemunha e as minhas testemunhas são José e Manoel. 
	O que a lei exige no inciso VI do artigo 282 do CPC? Está exigindo uma indicação pormenorizada? Não. Isso no procedimento ordinário. No procedimento sumário está indicação pormenorizada na petição é necessária. 
	
	Existe uma implicância com o protesto genérico. Diz-se que no protesto genérico o sujeito na verdade não está requerendo nada. E o que acontece quando existe um momentodeterminado para que certo ato processual seja praticado e ele não o é? Ocorre a preclusão. Se o Autor tem que requerer as provas na petição inicial e não requer, ocorre a preclusão, ou seja, o sujeito não poderá produzir prova depois, pois não requereu nem poderá requerer mais. 
	Então, ao invés do protesto genérico faça um requerimento, pois neste você está efetivamente requerendo alguma coisa. Por que se fala em prova documental superveniente? Porque a prova documental deve ser apresentada junto com a petição inicial. Então, não se pode, em tese, requerer na petição inicial a produção de prova documental. O requerimento de prova documental superveniente serve para que eu apresente depois aquilo que a legislação permitir que eu apresente depois. 
	A lei exige que o Autor na inicial requeira suas provas e que o Réu requeira na contestação as suas provas. 
	Mas lá na frente o Juiz não abre um momento processual próprio para que as partes requeiram suas provas? Esse despacho que o Juiz diz, especifiquem as partes as provas que pretendem produzir, ou digam as partes sobre as provas, não está previsto em lei. É comum que os Juízes façam, mas não há previsão legal, então a parte não deve contar com esse despacho, pois o Juiz não está obrigado a fazê-lo. 
	Pergunta inaudível de aluno a qual respondeu Celso Belmiro: A prova possui três momentos distintos – requerimento, deferimento e produção. O fato de a parte ter requerido a produção de determinada prova não significa que a prova será produzida, pois para isso o Juiz deve deferir a produção da prova requerida. Isso é indispensável, é imprescindível, pois muitas vezes as partes requerem provas dispensáveis. O Juiz é quem deve verificar se aquela prova deve ou não ser produzida. 
	O inciso VII do artigo 282 do CPC dispõe que a petição inicial deve conter o requerimento para a citação do Réu. Celso Belmiro diz que de todos os requerimentos da petição inicial, talvez esse seja o mais estúpido. Na verdade este inciso não trata propriamente do requerimento de citação do Réu, mas que o Autor indique a forma pela qual o Réu seja citado. Se o Autor não fala nada, o Réu será citado pelo correio, pois a regra geral da citação é a citação postal. 
	Então, na verdade, o que diz o inciso VII do artigo 282 do CPC é que se o Autor pretender que o Réu seja citado de forma diferente, deverá indicar na petição inicial e pagar as custas pro tal citação. 
	Tratamos da apresentação da petição inicial, vamos ver agora a emenda da petição inicial. 
	Emenda da Petição Inicial 
	A emenda da petição inicial encontra-se no artigo 284 do CPC que dispõe: 
“Art. 284. Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requisitos exigidos nos arts. 282 e 283, ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor a emende, ou a complete, no prazo de 10 (dez) dias.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.”
	A primeira pergunta que se faz é: Essa emenda é uma faculdade do Juiz ou é um direito do Autor? O Juiz manda emendar a petição inicial se quiser? 
	A idéia que se tem hoje da emenda da inicial é que ela é um direito do Autor. É um direito subjetivo do Autor, não é uma mera faculdade, uma arbitrariedade do Juiz. 
	Se o Juiz mandar emendar e o Autor não corrige a falha, pode o Juiz mandar emendar novamente? Pode. O Juiz poderá mandar emendar a inicial quantas vezes entender. Mas a partir da primeira determinação de emenda da inicial estará autorizado a extinguir o processo e a indeferir a inicial se essa irregularidade não for corrigida. A segunda e outras determinações para emendar a inicial são facultativas, é faculdade do Juiz. 
	O que é importante que o Juiz faça e normalmente não faz é dizer o que está errado na petição inicial, o que deve ser emendado. 
	Caso real: Uma ação de cobrança de aluguéis. O Juiz manda que emende a inicial em 10 dias sob pena de indeferimento. O Autor ao ler a inicial não viu nada de errado com a petição e entendeu que faltava reconhecer a firma na procuração e o fez. O Juiz novamente mandou emendar a inicial em 10 dias e o Autor agora entendeu que eram os documentos que não estavam autenticados e autenticou. O Juiz novamente mandou o Autor emendar a inicial em 10 dias sob pena de extinção do processo. Aí o Autor resolveu ir falar com o Juiz. O Juiz disse que se foi ajuizada uma ação de cobrança deveriam ser apresentados os recibos que não foram pagos pelo Réu. Celso Belmiro diz que é uma exigência estapafúrdia, exigir que o Autor prove um fato negativo, comprovar o não pagamento. Ainda que não fosse um absurdo, ainda que o Juiz entendesse que era uma prova imprescindível, deveria ter colocado na primeira determinação de emenda da inicial. 
	Obs. em relação à necessidade de reconhecimento de firma na procuração de parte para advogado – Existe certa divergência quanto a isto e uma visão errada em relação a esta dispensa. Por quê? Em 1994 o CPC foi alterado e foi dispensado o reconhecimento de firma para a procuração ad judicia, Se a procuração que os advogados exibem é do tipo “... a quem confere poderes contidos na cláusula ad judicia, entre estes: dar e receber citação, receber quitação, transigir, reconhecer ....” não e exigia o reconhecimento de firma. Num primeiro momento observava-se os poderes contidos na procuração para exigir ou não o reconhecimento de firma. Havendo poderes outros que não somente os da cláusula ad judicia exigia-se o reconhecimento de firma. 
	A jurisprudência do STJ evoluiu e mudou o foco. Para exigir-se ou não o reconhecimento de firma não se deve olhar mais para os poderes contidos na procuração, mas sim, para onde a procuração será utilizada. Se a procuração vai ser utilizada num processo judicial não há necessidade de reconhecimento de firma, mesmo que tenha poderes além da cláusula ad judicia, se via ser utilizada num processo judicial não é necessário o reconhecimento de firma. 
	No entanto, se ela vai ser utilizada fora do processo, aí sim há necessidade de reconhecimento de firma. 
	Se eu sou advogado, e preciso utilizar uma procuração e estou em dúvida se precisa ou não reconhecer a firma, eu reconheço. Por exemplo, num procedimento administrativo. 
	Obs. em relação à necessidade de autenticação dos documentos – esse é outro problema. Sustenta-se, consoante o CC e algumas alterações recentes do CPC, que se o advogado afirmar que aquela é uma cópia autêntica não haveria necessidade de autenticação pelo Cartório. Mais uma vez o advogado deve avaliar se vale a pena autenticar o documento ou colocar uma cópia simples no processo. Isso tudo é um movimento muito novo. 
Se puder ser cópia simples ou tem que ser autenticada é ainda uma questão em aberto. Celso Belmiro sugere que se formos fazer uma petição inicial autentiquemos o documento. 
	
Indeferimento da Petição Inicial 
	
	O artigo 295 do CPC trata do indeferimento da petição inicial: 
“Art. 295. A petição inicial será indeferida: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
I - quando for inepta;  (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
II - quando a parte for manifestamente ilegítima;  (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
III - quando o autor carecer de interesse processual; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
IV - quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição (art. 219, § 5o);   (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
V - quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder à natureza da causa, ou ao valor da ação; caso em que só não será indeferida, se puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal;  (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Vl - quando não atendidas as prescrições dos arts. 39, parágrafo único, primeira parte, e 284.   (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Parágrafo único. Considera-se inepta a petição inicial quando:  (Redação dadapela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
I - Ihe faltar pedido ou causa de pedir; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
III - o pedido for juridicamente impossível; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)”
	Antes de mais nada temos que entender que o indeferimento da petição inicial deve ser excepcional, por vários motivos. Um desses motivos é que o indeferimento da petição inicial causa uma frustração para todo mundo. Frustrações, expectativas erradas. Para o Autor é frustrante porque ele quer a prestação jurisdicional, quer a solução para aquele conflito que levou ao judiciário e não vai ter. É ruim para a atividade jurisdicional porque é mais um processo que movimentou a máquina do judiciário inutilmente. E o indeferimento da inicial gera também uma expectativa errada para o Réu de que ele está certo, quando na verdade nada se disse sobre quem estava com a razão. 
	Além disso, o indeferimento da inicial não diminui o número de processos. 
	A petição inicial será indeferida quando for inepta, diz o inciso I do artigo 295 do CPC. Petição inicial inepta é a petição inicial “monstrinho”, é a petição “sem comentários”. Quando a inicial é inepta? Todas as causas de inépcia da petição inicial estão relacionadas a um pedido mal feito. 
	Que conclusão que decorre da narração dos fatos é essa de que trata o inciso II do parágrafo único do artigo 295 do CPC? É o pedido. 
	Todos os incisos do parágrafo único do artigo 295 do CPC, que trata da inépcia da inicial, são relacionados a pedido mal formulado. 
	Mas não é só quando é inepta que a petição inicial é indeferida não. O artigo 295, inciso II do CPC diz que a petição inicial será indeferida quando a parte for manifestamente ilegítima. Neste caso o Juiz verifica de cara que a parte é ilegítima. Vai indeferir a petição inicial e extinguir o processo sem resolução do mérito. Lembre-se que se essa análise é postergada, se o Juiz só consegue analisar a legitimidade quando analisar o mérito, não dá mais tempo de indeferir a inicial, não dá mais tempo de extinguir o processo sem resolução do mérito, porque já está se julgando o mérito. Neste caso o Juiz irá julgar improcedente o pedido do Autor. 
	O caso do inciso II do artigo 295 do CPC é de ilegitimidade manifesta, aquela que “está na cara”. O Juiz indefere a inicial e extingue o processo. 
	O inciso III do artigo 295 do CPC fala em interesse processual, que é interesse de agir. 
	Uma questão atual de interesse de agir que já falamos dentro de condições da ação é a nova lei permitindo divórcio e inventário em cartório. Há quem sustente que o divórcio consensual e o inventário sem menor e em que todos os herdeiros concordem só poderiam diante da nova lei ser fito em Cartório. Se o sujeito ajuíza uma ação de divórcio consensual, quando ele poderia fazer em cartório estaria faltando a ele interesse. 
	Celso Belmiro diz que prefere entender que é faculdade da parte escolher se faz em Cartório ou em Juízo. 
	O inciso IV do artigo 295 do CPC trata do indeferimento da inicial pelo reconhecimento da decadência ou da prescrição. 
	Fazia-se um comentário antigo que na verdade o que o Juiz pode verificar desde logo é a decadência, pois a prescrição só se fosse alegada, Hoje, não. Hoje o Juiz já pode de ofício também conhecer a prescrição. 
	Quando se lê o inciso V do artigo 295 do CPC pensa-se que a adaptação é excepcional, salvar, aproveitar o que for possível é excepcional quando não é verdade. O aproveitamento da petição inicial é a regra, só deverá ser indeferida quando não tiver jeito. 
	O inciso IV do artigo 295 do CPC fala do não atendimento das prescrições do artigo 39, parágrafo do CPC e do artigo 284 do CPC (que trata da emenda da inicial). 
	O artigo 39, parágrafo único do CPC trata do endereço do advogado: 
“Art. 39. Compete ao advogado, ou à parte quando postular em causa própria:
I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço em que receberá intimação;
II - comunicar ao escrivão do processo qualquer mudança de endereço.
Parágrafo único. Se o advogado não cumprir o disposto no no I deste artigo, o juiz, antes de determinar a citação do réu, mandará que se supra a omissão no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de indeferimento da petição; se infringir o previsto no no II, reputar-se-ão válidas as intimações enviadas, em carta registrada, para o endereço constante dos autos.”
	Se o advogado utiliza papel timbrado, onde consta o endereço, está atendido o requisito? Está, porque faz parte da petição inicial. 
	E se não está no papel timbrado nem no texto escrito da petição inicial? Está na procuração. Está atendido o artigo 39 do CPC? Friamente, não. Por que não? O que a lei exige? Exige que seja na petição inicial ou na contestação. A procuração faz parte da petição inicial? Não, a procuração, geralmente, fica depois da petição inicial. Logo, se fica depois da petição inicial não faz parte da petição inicial. 
	Tecnicamente, então, se não há endereço onde o advogado receberá as intimações na petição inicial, não está atendido o requisito do artigo 39 do CPC e há uma nulidade. Mas devemos lembrar que em processo civil só se decretará a nulidade se houver prejuízo para a parte. Mas existem princípios que devem ser trazidos para o processo, simplicidade, economia processual,... Não é razoável que se anule todo um processo porque o endereço está apenas na procuração e não na petição inicial. 
	Ainda em relação à petição inicial temos uma questão nova, que questão é essa? Não é propriamente um caso de indeferimento. Mas é uma situação parecida. 
	O indeferimento da petição inicial proposta gera que tipo de extinção? Extinção sem resolução do mérito. Salvo, se o Juiz indefere a petição inicial reconhecendo decadência ou prescrição. 
	Mas especificamente no inciso IV, do artigo 295 do CPC o Juiz não pode aplicar o artigo 267 do CPC, tenho que aplicar o artigo 269 do CPC. Então, faça essa remissão do artigo 269, inciso IV do CPC no inciso IV do artigo 295 do mesmo Código. 
	Tirando essa situação, o indeferimento da petição inicial vai levar a extinção do processo sem resolução do mérito. 
	Pergunta respondida por Celso Belmiro a pergunta inaudível de aluno: 
	A quem cabe alegar a prescrição? A parte a quem ela interessa. Se evoluímos ou não, passando a admitir que o Juiz se imiscua numa alegação que é própria da parte, que é Réu que tem que alegar. Se a lei passou a admitir que o Juiz possa conhecer de ofício a prescrição, essa mesma ordem de idéia pode ser julgada para essa decadência convencional. Mas, veja bem, essa é uma percepção de Celso Belmiro, se eu posso de ofício reconhecera prescrição, por que não poderia reconhecer a decadência convencional. 
	Ou você leva em consideração o aspecto temporal, onde a lei posterior revoga a anterior ou pode entender que é uma norma específica e aí a lei processual não poderia revogar a lei específica de direito material. 
	Assim dispõe o artigo 285-A do CPC: 
“Art. 285-A. Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já houver sido proferida sentença de total improcedência em outros casos idênticos, poderá ser dispensada a citação e proferida sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormente prolatada. (Incluído pela Lei nº 11.277, de 2006)”
	A lei 11.277 de fevereiro de 2006 fez acrescentar ao CPC o artigo 285- A. 
	Esse artigo é extremamente criticado, pois suprime o contraditório, o devido processo legal, suprime instância, suprime prestação jurisdicional. Estávamos numa fase em que até súmula vinculante se discutia. 
	Hoje, estão pra ser votadas as primeiras súmulas vinculantes. 
	A EC 45 criou a súmula vinculante que foi regulamentada ano passado e já estão quase prontas para serem votadasas primeiras súmulas vinculantes. 
	O que se criticava na súmula vinculante? O engessamento da jurisprudência. Por quê? Porque se existe a súmula vinculante, o Juiz ao receber a petição inicial vai proferir a decisão de plano. 
	O que o artigo 285-A do CPC está permitindo? Que o Juiz de pronto profira uma decisão se aquilo que o Autor está pleiteando naquela ação, naquela Vara já tiver havido caso semelhante, se naquele Juízo já tiver havido decisão em caso idêntico. 
	Essa lei 11.277/06 é a lei do copiou, colou. Por quê? Porque o Juiz pega uma sentença anterior copia e coloca na decisão do processo atual. É muito prático, mas para o Autor que está querendo a prestação jurisdicional não é muito satisfatório. Cabe recurso? Cabe. Mas só o fato de possibilitar que o Juiz abrevie de cara o processo por conta de já ter decidido uma situação análoga, é muito complicado. 
	O que diz a lei? Artigo 285-A, parágrafo 1º: 
“§ 1o Se o autor apelar, é facultado ao juiz decidir, no prazo de 5 (cinco) dias, não manter a sentença e determinar o prosseguimento da ação. (Incluído pela Lei nº 11.277, de 2006)”. 
	É facultado ao Juiz, no prazo de 05 (cinco) dias não manter a sentença. Determinar o prosseguimento da ação. Então, o Autor apela e o Juiz diante desta apelação reconsidera a sentença anterior e manda citar o Réu. 
	O parágrafo 2º do artigo 285-A dispõe: 
“§ 2o Caso seja mantida a sentença, será ordenada a citação do réu para responder ao recurso. (Incluído pela Lei nº 11.277, de 2006)”. 
	O Réu será citado não para contestar, mas para apresentar contra-razões a esse recurso do Autor. 
	Críticas a parte, esta é a realidade que temos. 
	Então, o Juiz, hoje, pode julgar improcedente o pedido do Autor, reparem, não é propriamente um caso de indeferimento de petição inicial, porque o Juiz vai julgar improcedente o pedido do autor e improcedência do pedido é decisão de mérito. 
	Pergunta inaudível de aluno a qual Celso respondeu: Se o Juiz não reconsiderar, decidir manter a sentença, mandará citar o Réu para que este apresente contra-razões. Apresentadas as contra-razões o processo sobe para o Tribunal julgar. Se o Juiz reconsiderar ele citará o Réu para se defender e o processo segue na primeira instância. 
	O prazo de 05 (cinco) dias que consta no parágrafo 1º do artigo 285-A do CPC é para o Juiz reconsiderar sua decisão e não para a parte recorrer. 
	Examinada a petição inicial, vamos falar agora de uma questão que muitos Autores tratam lá na frente quando falam de sentença, mas que como estamos buscando acompanhar o procedimento ordinário desde quando ele nasce até o seu encerramento, e dentro disso examinando os eventuais incidentes que dentro dele podem ocorrer, vamos tratar agora de uma situação que pode ocorrer antes mesmo da citação, antes que o Réu se manifeste: a tutela antecipada. 
	TUTELA ANTECIPADA 
	O CPC passou por diversas alterações recentes e continua passando, cada ano temos alguma coisa nova. O primeiro ciclo de modificações do CPC aconteceu em 1994/1995. Essa primeira reforma foi chamada de reforma do CPC. Na primeira reforma do CPC diversos dispositivos foram alterados, diversos sistemas foram criados. 
	O que houve de relevante lá em 1994? Modificou-se o mecanismo de interposição do Agravo de Instrumento, antes era na primeira instância e passou a ser direto no Tribunal; modificou-se o procedimento sumário; colocou-se como dever do Juiz buscar a conciliação das partes; foi criada a audiência preliminar, que até então não existia; foi criada a tutela específica das obrigações de fazer e não fazer, entre outras. Mas dentro desse grupo de modificações, da primeira reforma, talvez a mais significativa tenha sido a criação da tutela antecipada. Por quê? Pelas conseqüências que dela advieram. 
	Para entendermos o que significa a tutela antecipada precisamos fixar quais eram as dificuldades que havia até então. 
	O sujeito está dentro de um procedimento ordinário: inicial; citação; contestação; réplica; audiência; provas; sentença. Se o Autor na inicial formular ou pedisse, dentro do procedimento ordinário como ele era só havia a possibilidade de obtenção do pedido lá na sentença. 
	Que problema havia dentro dessa sistemática? 
	Separando, distanciando a inicial da sentença há o tempo, a demora do processo. A distância entre a lesão e a reparação existe o tempo. A demora do processo levando a uma situação de ineficácia da prestação jurisdicional. 
	Ainda hoje a tônica do processo é a busca da efetividade do mesmo. 
	De nada adianta ter processo, prestação jurisdicional que reconheça ao Autor o que ele pretende se isso demorar demais. A prestação jurisdicional deixa de ser efetiva, deixa de ser eficaz ela só vem muito depois que a lesão é denunciada ao judiciário. 
	Houve, então, a necessidade de se criar um novo instrumento que permitisse ao Autor, atendidos determinados requisitos, que ajuizada a inicial ele já obtivesse o reconhecimento provisório do pedido. E isso veio com a tutela antecipada. 
	Na dinâmica do procedimento ordinário o que faz a decisão do Juiz que concede a tutela antecipada? O que estava na sentença é trazido até mesmo para antes até de o Réu ser citado. 
	Não havia isso antes. E até para entendermos que diante da impossibilidade de obter X antes, já que não havia nenhum instrumento para isso, era muito comum antigamente o sujeito ajuizar uma ação de rito ordinário e junto com ela uma ação cautelar. Na ação cautelar o sujeito pedia uma liminar, pois na ação cautelar existia a previsão da liminar, na liminar da ação cautelar ele pedia que o Juiz já concedesse provisoriamente o seu pedido da ação do rito ordinário. Isso é um desvirtuamento da ação cautelar. A ação cautelar não tem essa finalidade, mas era o que havia para garantir a efetividade da atividade jurisdicional. 
	Esse desvirtuamento deixou de ter sentido com a criação da tutela antecipada. Se o sujeito hoje quer já o que está pedindo, ele irá demonstrar ao Juiz o atendimento dos requisitos e dentro do próprio processo de conhecimento requerer a concessão da tutela antecipada. 
	Com a criação da tutela antecipada o que passamos a observar? Que o foco, que o eixo do processo se desloca. Antes nós trabalhávamos com certeza e segurança. Com a tutela antecipada nós passamos a trabalhar com probabilidade. A decisão que o Juiz profere concedendo uma tutela antecipada não é com base em certeza, é com base em probabilidade. 
	Abre-se mão da certeza para se ter em troca agilidade, celeridade, rapidez da prestação jurisdicional. O conjunto disso nos leva a entender o princípio que norteou o legislador na criação da tutela antecipada que é o da EFTETIVIDADE (do processo para alguns e da jurisdição para outros). 
	Vamos partir para a análise do artigo 273 do CPC: 
“Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 1o Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razões do seu convencimento. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 2o Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do provimento antecipado. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 3o A execução da tutela antecipada observará, no que couber, o disposto nos incisos II e III do art. 588. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 3o A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza, as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4o e 5o, e 461-A. (Redaçãodada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
§ 4o A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, em decisão fundamentada. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 5o Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo até final julgamento. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 6o A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
§ 7o Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)”
	
	A primeira pergunta que se faz é se o “poderá” do caput do artigo 273 do CPC significa faculdade do Juiz ou é dever? A concessão da tutela antecipada do está no âmbito da discricionariedade, da arbitrariedade do Juiz? O que nós vamos falar agora serve não só para tutela antecipada, mas para um conjunto mais amplo da qual a tutela antecipada faz parte, que é a das chamadas TUTELAS DE URGÊNCIA. 
	A TUTELA DE URGÊNCIA é gênero do qual fazem parte a tutela antecipada e as medidas cautelares. 
	Presentes os requisitos o Juiz DEVE conceder a tutela antecipada. 
							TUTELA ANTECIPADA
								(espécie)
	TUTELA DE URGÊNCIA 
		 (gênero)				 MEDIDA CAUTELAR
								 (espécie)
	É claro que se o Juiz não quiser conceder a tutela antecipada ele não vai dizer que os requisitos estão presentes, mas não concede a tutela antecipada. Ele vai dizer que os requisitos não estão presentes. 
	Por que é então importante ser dever do Juiz conceder a tutela antecipada se o estiverem presentes os requisitos? Porque se o Juiz não conceder e os requisitos estiverem realmente presentes o sujeito poderá recorrer, no caso, interpor Agravo de Instrumento, e obter no Tribunal a concessão da tutela antecipada. 
	
	É possível a concessão da tutela antecipada de ofício? Existem algumas decisões que o Juiz concede de ofício. Por exemplo, hoje já se admite a concessão de medidas cautelares de ofício, sem que a parte requeira, isto está dentro do poder geral de cautela do Juiz. 
	Mas o problema não está em relação às medidas cautelares, essas o Juiz pode conceder de ofício. Mas e a tutela antecipada? Há algumas decisões, algumas liminares que têm natureza de tutela antecipada, por exemplo, alimentos provisórios o Juiz pode conceder de ofício, mas pode por quê? Porque a lei expressamente prevê. Mas neste caso não estamos falando da tutela antecipada genérica, estamos falando dessas situações que a lei prevê. 
	O que queremos saber é sobre a tutela antecipada prevista no artigo 273 do CPC. 
	Mais a frente iremos ver que existem diversas decisões espalhadas pelo ordenamento, por exemplo, ação possessória, ação de alimentos, mandado de segurança, que têm natureza de tutela antecipada. Mas o que nós estamos analisando agora é a tutela antecipada do artigo 273 do CPC, a tutela antecipada genérica. E aí vem a pergunta: esta tutela antecipada do artigo 273 do CPC o Juiz pode conceder de ofício? Não. Há necessidade de requerimento da parte. 
	Que parte? Quem pode requer a concessão da tutela antecipada? A tutela antecipada é uma antecipação da sentença de procedência do pedido. Quem vai formular requerimento para a concessão da tutela antecipada? É o Autor. Devemos lembrar que dentro da noção de Autor entra: quem ajuíza a demanda; o opoente; o reconvinte; o denunciante. São autores de ações incidentais. 
	Só o Autor pode? Quem mais além do Autor pode requerer a tutela antecipada? Aí a questão passa a ser puramente jurisprudencial: o assistente do Autor, o MP (custos legis). 
	Pode o Réu requerer a concessão da tutela antecipada? A lei fala em “requerimento da parte”, mas também fala em “antecipação dos efeitos do pedido inicial”. Quem formula pedido? É o Autor. 
	A resposta imediata é que se a tutela antecipada é a antecipação dos efeitos do pedido e o Réu não pede nada, este não pode requerer a antecipação da tutela. 
	Mas é preciso separar três situações distintas: 
	A situação A, réu clássico – o Réu que na Contestação veicula apenas a sua Contestação, a sua defesa. Nessa primeira situação o Réu pode requerer tutela antecipada? Não. O sujeito que só se defende não formula pedido nenhum, ele resiste à pretensão do Autor. O final de sua contestação você requere que seja julgado improcedente o pedido do Autor, isso não é pedido, inclusive nem deve vir sob o título de Pedido, mas sob o título de Conclusão. 
	A situação B – o Réu que na Contestação veicula sua defesa e também apresenta a Reconvenção. 
	Reconvenção é uma ação do Réu contra o Autor. 
	Nessa hipótese o Réu vai poder requerer a tutela antecipada? Poderá, mas na Reconvenção. E na Reconvenção ele é o que? Ele é o Autor. Então, também não é hipótese de Réu requerendo tutela antecipada, 
	A situação C – o Réu que apenas contesta, na sua Contestação apresenta sua defesa só que em algumas situações a lei permite que ele Réu exija alguma coisa do Autor. Veja que ele não se torna Autor, ele continua sendo Réu, mas a lei lhe possibilita exigir na própria Contestação alguma coisa do Autor, pode formular na contestação um pedido em face do Autor. O pedido que ele formular em face do Autor é o chamado pedido contraposto. 
	Tínhamos dito que Réu não poderia requerer tutela antecipada porque Réu não pede nada, porque Réu não formula pedido. Mas nesta situação o Réu pode formular pedido. Aliás, onde o Réu pode formular pedido? O réu pode formular pedido nas chamadas ações dúplices, no procedimento sumário, nas ações possessórias e no Juizado Especial. 
	Existe uma expressão “mágica” para sabermos quando o Réu tem pedido contraposto, vai aparecer assim: é lícito ao Réu. Se aparece a expressão “é lícito ao Réu” é porque ele pode formular pedido contraposto. 
	Vamos ver o artigo 278, parágrafo 1º do CPC: 
“Art. 278. Não obtida a conciliação, oferecerá o réu, na própria audiência, resposta escrita ou oral, acompanhada de documentos e rol de testemunhas e, se requerer perícia, formulará seus quesitos desde logo, podendo indicar assistente técnico. (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995) 
§ 1º É lícito ao réu, na contestação, formular pedido em seu favor, desde que fundado nos mesmos fatos referidos na inicial. (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995) “.
	Vamos ver o artigo 922 do CPC: 
“Art. 922. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.”
	O artigo 31 da lei 9099/95 dispõe: 
“Art. 31. Não se admitirá a reconvenção. É lícito ao réu, na contestação, formular pedido em seu favor, nos limites do art. 3º desta Lei, desde que fundado nos mesmos fatos que constituem objeto da controvérsia.”
	Então, quem pode requerer a concessão de tutela antecipada? O Autor, o Assistente, o Ministério Público e o Réu nas ações dúplices. 
	O caput do artigo 273 do CPC traz expressões que são contraditórias, ou eu tenho prova inequívoca ou eu tenho verossimilhança. Inequívoca é que não deixa dúvida nenhuma. E verossimilhança é uma aparência de verdade. 
	Precisamos então entender o que a expressão “prova inequívoca” está fazendo neste artigo. O que pretendeu o legislador ao colocar essa expressão no artigo? 
	Para entendermos isso temos que visualizar uma velha distinção entre cognição sumária e cognição exauriente. 
	O que significa cognição exauriente? Cognição exauriente é aquela onde o Juiz somente irá proferir sua decisão com base em certeza e segurança, após esgotadas todas as etapas do procedimento. 
	O que significa cognição sumária? A cognição sumária possui diversos outros nomes, como por exemplo: cognição incompleta, cognição não exauriente, cogniçãorarefeita, cognição superficial, cognição percumptória. Na cognição sumária o Juiz irá proferir a sua decisão em probabilidade, com base em fumus boni iuris. 
	Fumus boni iuris significa probabilidade, plausibilidade do direito alegado, do direito invocado pela parte. 
	A tutela de urgência é com base em cognição sumária. Então o que está fazendo a expressão “prova inequívoca” no caput d artigo 273 do CPC? É simples, guardem isso: o fumus boni iuris para a concessão de uma tutela antecipada deve ser mais forte, mais robusto do que aquele que se exige para a concessão de uma medida cautelar. 
	Se estou diante de uma tutela antecipada, que dará antecipadamente ao Autor o que ele está pedindo no final, é natural que se exija um fumus boni iuris mais forte do que para uma medida cautelar. Na medida cautelar você não entrega o pedido final antecipadamente, você resguarda uma situação. A tutela antecipada dá mais ao Autor do que a medida cautelar, logo a probabilidade de que o direito doa Autor existe tem que ser mais forte. 
	Alguns autores resolvem colocar em ordem crescente de nomes: um fumus boni iuris muito tênue é uma plausibilidade; um pouco menos tênue seria possibilidade; ainda menos tênue seria uma probabilidade; se é uma quase verdade seria verossimilhança. 
	Isso acaba por confundir, pois outros classificam diferente.
	Então, o melhor é gravar que prova inequívoca significa que para a concessão da tutela antecipada o fumus boni iuris tem que ser mais forte do que para a concessão de uma medida cautelar. 
	Os incisos I e II do artigo 273 do CPC tratam das hipóteses de cabimento de tutela antecipada. Vamos tratar dessas hipóteses em função dos requisitos exigidos para elas. 
	Devemos lembrar que acabamos de falar de um dos requisitos e que ele se encontra no caput, que é o fumus boni iuris. Então, se esse requisito está no caput, ele vai se irradiar tanto para o inciso I, como para o inciso II. 
	O primeiro requisito é o fumus boni iuris. 
	O segundo requisito é fundado no periculum in mora. Está no inciso I. 
	O terceiro requisito é fundado na certeza protelatória do Réu. Está no inciso II. 
	Em função do que foi dito duas questões surgem. 
	Primeiro: A concessão da tutela antecipada é imprescindível o periculum in mora? Não é imprescindível. Quando não é imprescindível? Na hipótese do inciso II. 
	Então é preciso prestar atenção nisso, embora a tutela antecipada seja espécie de tutela de urgência e quando há tutela de urgência está implícito o periculum in mora, por isso urgente, nós temos o inciso II do artigo 273 do CPC e neste caso não há necessidade do Autor provar o periculum in mora. Mesmo que ele possa esperar o fim do processo, ainda assim será possível a tutela antecipada. Por que? Porque a defesa protelatória reforça o direito do Autor. Além de ter o fumus boni iuris o Réu protelando só reforça o direito do Autor, tanto o Autor tem razão que ao Réu não resta outra alternativa se não apresentar defesa protelatória. 
	
	Segundo: Qual é o momento para ser requerida a tutela antecipada? É na inicial. Mas é possível que faça no curso do processo? Pode. Pode requerer quando está quase sendo proferida a sentença? Pode. Pode requerer depois da sentença? Pode. Mas tutela antecipada não é a antecipação dos efeitos da sentença, como vai requerer tutela antecipada depois de já proferida a sentença? A tutela antecipada pode ser requerida a qualquer momento. Só que não será mais antecipação da sentença. Se eu recorro e quero que o Relator conceda uma tutela antecipada ele antecipará os efeitos do acórdão e não da sentença. 
	O Autor, então, pode requer a antecipação de tutela a qualquer momento, salvo uma hipótese: na inicial na hipótese do inciso II do artigo 273 do CPC. Como eu vou requer uma tutela antecipada com base no inciso II do artigo 273 do CPC na inicial? Como vou saber se o réu vai apresentar defesa protelatória antes mesmo de ser citado? A defesa protelatória acontece dentro do processo, e só surge no mínimo depois da contestação. 
	Qual é a relevância do parágrafo 1º do artigo 273 do CPC? Nenhuma. Por quê? Porque fundamentar a decisão é um princípio constitucional, princípio da fundamentação das decisões judiciais. Além de serem um princípio constitucional, o próprio CPC exige que o Juiz fundamente as suas decisões. 
	O parágrafo 2º do artigo 273 do CPC fala em “provimento antecipado”. Qual é a natureza desse provimento antecipado concedido pelo Juiz? É uma decisão interlocutória. 
	O que este dispositivo quer dizer não é não se concederá antecipação de tutela quando houver perigo de irreversibilidade do provimento, da decisão, porque a decisão é sempre reversível, pois o Juiz pode reconsiderar, o Tribunal pode caçar a decisão. O que então pode não ser reversível? Os efeitos da decisão. 
	Então o que o dispositivo quer dizer é que não se concederá a tutela antecipada quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos do provimento. 
	A contrario sensu temos neste parágrafo 2º do artigo 273 do CPC mais um requisito para a concessão da tutela antecipada. E que requisito é esse? A reversibilidade dos efeitos da decisão. 
	A reversibilidade pode ser de duas formas: in natura, que é o desfazimento, o retorno ao estado anterior e reversibilidade através de indenização. 
	Como a tutela antecipada representou um avanço, como ela busca atender ao princípio da efetividade, a sua concessão deve ser incentivada. E incentivamos a concessão de que forma? Quando houver a possibilidade de reversibilidade in natura, mas também quando houver a possibilidade de reversão através de indenização. 
	Somente não será concedida a tutela antecipada quando estiverem em jogo direitos que não admitam sequer indenização. 
	Situação prática: É proposta uma ação de demolição de um prédio de valor histórico inestimável. É requerida a concessão de tutela antecipada para essa demolição. Você é o Juiz, e aí, concede ou não? Não. Por quê? É possível a reversibilidade in natura? Não. É possível a reversibilidade por indenização? Eu posso trocar o valor histórico pelo dinheiro? Não. Diante dessa situação eu não concedo a tutela antecipada. 
	E se em vota deste prédio moram diversas família e esse prédio está ameaçando desabar e é proposta essa mesma ação de demolição e a mesma tutela antecipada? Concede ou não? Concede. 
	Mas não é o mesmo prédio e a mesma ação? Por que temos essa quase compulsão de dizer que vai conceder a tutela antecipada? Porque internamente adotamos um princípio, o da proporcionalidade, ou ponderação de interesses. 
	Então a ponderação de interesses, o princípio da proporcionalidade tem aplicação na tutela antecipada. Deve o Juiz, diante de cada caso concreto, ponderar os interesses jurídicos envolvidos e eventualmente conceder a tutela antecipada ainda que esteja diante de decisão que vá produzir efeitos irreversíveis. 
	Ainda que a reversibilidade seja um requisito para a concessão da tutela antecipada e não esteja presente o Juiz irá aplicar a ponderação de interesses.

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