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Processo Civil CEJ 18

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PROCESSO CIVIL – Celso Belmiro – 2007 – página � PAGE �379�
18ª aula (27/07/2007)
Estávamos vendo na aula passada os efeitos dos recursos, vimos o efeito obstativo do recurso. Vamos ver os outros. 
	O segundo efeito dos recursos é o efeito devolutivo. Devolutivo vem do verbo devolver, que é igual a remeter. Através desse efeito devolutivo remete-se o conhecimento da matéria impugnada ao Órgão competente para o julgamento do recurso. 
	O efeito devolutivo está presente em todos os recursos? Essa é uma questão que está diretamente relacionada aos Embargos de Declaração. Os Embargos de Declaração têm efeito devolutivo? Quem julga os Embargos de Declaração? É o próprio Órgão prolator da decisão. Quando é o mesmo Órgão quem julga o recurso, ainda assim estará presente o efeito devolutivo? Hoje, tem se entendido que sim, que para que esteja presente o efeito devolutivo não é necessário que haja outro Órgão diferente julgando aquele recurso. Sendo assim, também nos Embargos de Declaração está presente o efeito devolutivo. 
	O terceiro efeito é o efeito dos recursos é o efeito translativo. Através do efeito translativo permite-se ao Órgão competente para julgar o recurso o conhecimento de matérias de ordem pública, ainda que nenhuma das partes tenha alegado. Vimos isto quando falamos do princípio da não reformatio in pejus. 
	
	O quarto efeito dos recursos é o efeito suspensivo. O efeito suspensivo é importante até porque trás diversas questões de ordem prática. Muitas vezes você tem uma decisão judicial que o sujeito que é beneficiado com a decisão quer receber logo, o sujeito que é o prejudicado diz que ainda cabe recurso. Como vamos saber se o que está contido naquela decisão eu já posso buscar efetivar ou tenho que esperar? Quem decide isso? Muitas vezes o sujeito acha que pelo simples fato de ter recorrido aquela decisão não produz efeitos. O que define se a decisão vai ou não produzir efeitos? A presença ou não de efeito suspensivo. 
	Se o recurso tiver efeito suspensivo, a parte quando recorrer impede que a decisão produza efeitos. Agora, se não tiver efeito suspensivo a decisão já produz efeitos. O recurso será julgado, mas a decisão já está produzindo efeitos. O que faz, então, o efeito suspensivo do recurso? Suspende a produção de efeitos da decisão. 
	
	Por exemplo, a apelação é um recurso que tem efeito suspensivo. E aí? 
	Sentença publicada, dentro do prazo de 15 dias da publicação da sentença o Juiz recebe a apelação no duplo efeito (efeito devolutivo e suspensivo). Eu quero saber da produção de efeitos desta sentença. Eu já posso buscar a satisfação do meu direito determinado na sentença? Existem duas possibilidades, a primeira: a sentença publicada começa a produzir efeitos até que o Juiz recebe a apelação e a sentença para de produzir efeitos. A segunda: Sei que a apelação é um recurso que tem efeito suspensivo, não há produção de efeitos depois de interposta a apelação. Então, a sentença só começará a produzir efeito depois de passado o prazo para a interposição da apelação e se esta não for interposta. 
	Pela resposta desse questionamento você estará definindo o que o efeito suspensivo da apelação está fazendo com a sentença. 
	A segunda possibilidade dada acima é a que é a correta. A sentença não vai começar a produzir efeito e depois para. Se a sentença está sujeita a apelação, e via de regra a apelação tem efeito suspensivo, a sentença nem começa a produzir efeitos. 
	Na apelação o que o efeito suspensivo vai fazer? Não vai suspender a produção de feitos, vai impedir a produção de efeitos, isto porque a sentença nem começa a produzir efeitos. 
	Então, o que faz o efeito suspensivo? Ora impede, ora suspende a produção de efeitos da decisão atacada. 
	Quando, por exemplo, suspende? No caso de Agravo. O Juiz quando profere a decisão interlocutória esta já começa a produzir efeitos. Quando a parte agrava e o relator concede efeito suspensivo ao agravo ele vai suspender a produção de efeitos da decisão interlocutória. 
	Os recursos, como regra, têm ou não têm efeito suspensivo? Como regra eles têm efeito suspensivo. 
	Então temos que buscar quando os recursos não têm efeito suspensivo. Porque se o recurso não tiver efeito suspensivo, o que eu tenho mesmo? A decisão já estará produzindo efeito. 
A ausência do efeito suspensivo pode ter duas origens: 
a) a própria lei diz que o recurso não tem efeito suspensivo. 
 Que recurso de acordo com a lei não tem efeito suspensivo? Recurso Extraordinário, Recurso Especial... O que significa isso? O sujeito que quer é beneficiado por um acórdão do TJ ou do TRF já pode buscar efetivar a decisão. Se a outra parte interpuser o Recurso Especial ou Extraordinário, como estes não têm efeito suspensivo o acórdão produzirá efeito. 
		O que mais não tem efeito suspensivo? O Agravo. Atentando-se para o fato de que em relação ao Agravo, especificamente, expressa previsão legal diz que o Relator do agravo pode atribuir efeito suspensivo ao Agravo. 
		O que mais? Apelação. Mas não acabamos de dizer que a apelação tem efeito suspensivo? Apelação tem sim efeito suspensivo, só que o próprio artigo que diz que a apelação tem efeito suspensivo ele mesmo elenca as hipóteses que a apelação não terá efeito suspensivo. Que artigo é esse? O artigo 520 do CPC:
“Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
I - homologar a divisão ou a demarcação; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
II - condenar à prestação de alimentos;  (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
III - julgar a liquidação de sentença; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005)
IV - decidir o processo cautelar; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
V - julgar improcedentes os embargos opostos à execução. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes; (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem. (Incluído pela Lei nº 9.307, de 23.9.1996)
VII - confirmar a antecipação dos efeitos da tutela; (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)”
	A regra do artigo 520 do CPC determina em sua primeira parte que a apelação tem efeito suspensivo. A segunda parte do artigo 520 do CPC, no entanto, estabelece que a apelação será recebida somente no efeito devolutivo, ou seja, sem efeito suspensivo. 
	É preciso gravar os incisos do artigo 520 do CPC, porque sempre cai em prova. 
	O inciso III do artigo 520 do CPC foi revogado pela lei 11.232/05 porque a liquidação de sentença, antes da lei 11.232/05, antes dessa alteração do processo de execução de título judicial, era um processo. A lei 11.232/05 eliminou a divisão entre processo de conhecimento e processo de execução e o processo passou a ser um só. E a liquidação de sentença dentro disso? Quando houver necessidade de liquidação como é que faz? A liquidação perdeu “status” de processo e passou ser incidente processual. A decisão do Juiz que julgar a liquidação era uma sentença e o recurso cabível contra a sentença que julgava o processo de liquidação era a apelação. E aí de acordo com o artigo 520, inciso III do CPC não tinha efeito suspensivo. 
	Isso mudou. A liquidação de sentença com a lei 11.232/05, deixou de ser um processo e passou a ser um incidente processual. Sendo um incidente processual a decisão proferida é decisão interlocutória. Sendo decisão interlocutória o recurso cabível contra esta decisão é o Agravo. Por isso o inciso III do artigo 520 do CPC teve que ser revogado, afinal se não tenho mais sentença julgando a liquidação, eu não tenho mais apelação contra essa sentença. 
	Ressalte-se que no caso do incidente liquidação de sentença da decisão interlocutória que resolve esse incidente cabeAgravo de Instrumento. A lei que 11.187 que alterou o Agravo esqueceu de falar isso, mas mais à frente falaremos disso. 
	No artigo 520 do CPC, portanto, eu tenho apelações sem efeito suspensivo por expressa determinação legal. 
	Existem outras apelações por acaso que não tenham efeito suspensivo? Vamos ver o artigo 1184 do CPC: 
“Art. 1.184. A sentença de interdição produz efeito desde logo, embora sujeita a apelação. Será inscrita no Registro de Pessoas Naturais e publicada pela imprensa local e pelo órgão oficial por três vezes, com intervalo de 10 (dez) dias, constando do edital os nomes do interdito e do curador, a causa da interdição e os limites da curatela.”
	A sentença de interdição está sujeita a apelação, mas produz efeitos desde logo. Isso significa que essa apelação não tem efeito suspensivo. 
	Aonde mais? Artigo 12, parágrafo único da lei 1533/51 (lei do mandado de segurança):
“Art. 12 - Da sentença, negando ou concedendo o mandado cabe apelação. (Redação dada pela Lei nº 6.014, de 1973)
               Parágrafo único. A sentença, que conceder o mandado, fica sujeita ao duplo grau de jurisdição, podendo, entretanto, ser executada provisoriamente. (Redação dada pela Lei nº 6.071, de 1974)”
	A lei 1533/51 fala da sentença que concede a segurança. Então, da sentença que concede a segurança cabe apelação, mas esta não terá efeito suspensivo. A sentença que concede a segurança produz efeito desde logo. 
	Aonde mais eu tenho apelação sem efeito suspensivo? No artigo 58 da lei de locações (lei 8245/ 91): 
	
“Art. 58. Ressalvados os casos previstos no parágrafo único do art. 1º, nas ações de despejo, consignação em pagamento de aluguel e acessório da locação, revisionais de aluguel e renovatórias de locação, observar-se-á o seguinte:
I - os processos tramitam durante as férias forenses e não se suspendem pela superveniência delas;
II - é competente para conhecer e julgar tais ações o foro do lugar da situação do imóvel, salvo se outro houver sido eleito no contrato;
III - o valor da causa corresponderá a doze meses de aluguel, ou, na hipótese do inciso II do art. 47, a três salários vigentes por ocasião do ajuizamento;
IV - desde que autorizado no contrato, a citação, intimação ou notificação far-se-á mediante correspondência com aviso de recebimento, ou, tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, também mediante telex ou fac-símile, ou, ainda, sendo necessário, pelas demais formas previstas no Código de Processo Civil;
V - os recursos interpostos contra as sentenças terão efeito somente devolutivo.”
	Dissemos anteriormente que o fato de o recurso não ter efeito suspensivo pode decorrer da lei, e essa é a fonte normal dessa situação, e pode decorrer de uma segunda origem, que vamos falar agora. 
b) O Juiz pode dar efeito suspensivo ao recurso quando aprecia que o mesmo não tem, ou retirar o efeito suspensivo de recurso que a princípio teria efeito suspensivo, diante do poder geral de cautela. 
Para que ele faria isso? Se o recurso não tem efeito suspensivo significa que a decisão vai produzir efeitos e aí na situação concreta apesar da lei dizer que o recurso não tem efeito suspensivo, ele Juiz dá efeito suspensivo ao recurso. Por que ele faria isso? O Juiz faz isso porque verifica que a decisão pode criar danos irreparáveis para aquela parte. O Juiz pode dar efeito suspensivo ao recurso quando a princípio o recurso não tem. E o contrário também é possível, ou seja, retirar o efeito suspensivo de um recurso quando a princípio o recurso tenha efeito suspensivo. E porque ele vai tirar o efeito suspensivo de um recurso que tem esse efeito? Para dar efetividade ao processo. 
		O que autoriza o Juiz a dar efeito suspensivo a um recurso que a princípio não tem efeito suspensivo, ou retirar o efeito de um recurso que a princípio teria efeito suspensivo? O Poder Geral de Cautela que possui o Juiz.
Hoje o Juiz não está mais tão vinculado à lei no que se refere à atribuição de efeito suspensivo. 
	Então, a ausência de efeito suspensivo, que possibilita que a decisão produza efeito de imediato, que vai possibilitar, se for o caso, uma execução provisória, pode ser dar:
	
						por expressa previsão da lei
						pelo Poder Geral de Cautela do Juiz
	
	II. 9) RECURSOS III
	RECURSOS EM ESPÉCIE
1) APELAÇÃO 
	Por que falamos que a apelação é o mais importante dos recursos do processo civil? Por que os Autores dizem que a apelação é o recurso-tipo do processo civil? Porque toda a estrutura recursal, o esqueleto de nosso sistema recursal, vem da apelação. 
	É na apelação que nós temos a aplicação dos princípios recursais que vimos na aula passada, é na apelação que vamos ver a incidência dos pressupostos recursais que estudamos. Se conseguirmos dominar a apelação, tiramos de letra os outros recursos. Então, devemos estudá-la com carinho. 
	CABIMENTO: a apelação é cabível contra a sentença. 
	Muitos livros definem a apelação assim: a apelação é o recurso cabível contra toda e qualquer sentença proferida no processo civil, seja no processo de conhecimento, de execução ou cautelar, seja procedimento comum ou especial, seja procedimento especial de jurisdição contenciosa ou voluntária. Se eu tenho uma sentença, o recurso cabível é a apelação. 
	Mas temos que verificar as exceções a essa regra. Onde é que eu tenho sentença da qual não vai caber apelação? Na lei de execução fiscal, se a execução for de quantia pequena, contra essa sentença caberá Embargos Infringentes; no Juizado Especial, onde contra a sentença caberá o Recurso Inominado. 
	Tirando essas hipóteses, contra as sentenças caberá apelação. 
	PRAZO: 15 dias
	INTERPOSIÇÃO: A interposição possui duas peças. A primeira é a petição de intrposição e a segunda são as razões de Recurso. 
	A petição de interposição é dirigida ao Juiz. 
	As razões de recurso são dirigidas ao Tribunal, ou seja, a quem vai julgar o recurso. 
	FUNDAMENTAÇÃO: O que o sujeito vai alegar na apelação? A fundamentação da apelação é a existência de erro. 
	O erro pode ser in procedendo (vícios de procedimento) ou o erro pode ser in judicando (vícios de juízo). 
	Na apelação o apelante vai alegar a ocorrência de erro in procedendo ou erro in judicando, ou os dois. 
	Isso não é só uma discussão teórica não, isso vai refletir no que o sujeito irá pleitear na apelação, isso vai refletir nas conseqüências de o Tribunal dizer quem está com a razão. 
	O sujeito alega que existe vício de procedimento. Por exemplo, o Autor pediu a produção de prova pericial e o Juiz indeferiu. A prova pericial era essencial para ele, Autor, demonstrar a existência do seu direito. Ele pediu e o Juiz indeferiu. Indeferir prova é decisão interlocutória e o recurso cabível contra tal indeferimento, portanto, é o agravo. Mas o Juiz não se contentou com o simples indeferimento da prova pericial, indeferiu a mesma e verificando que não havia mais a ser feito no processo julgou antecipadamente a lide. Então, exemplo de vício no procedimento é o indeferimento de prova e julgamento antecipado da lide. Preste atenção, porque se o Juiz simplesmente indeferisse a prova e o processo seguisse adiante ao sujeito caberia interpor agravo. 
	No caso que estamos analisando o Juiz indeferiu a prova e julgou antecipadamente a lide. O julgamento antecipado da lide vem ao mundo sobre a forma de sentença, portanto a sentença desafia o recurso de apelação. Eu vou apelar alegando o quê? Vício de procedimento. Eu tinha direito a prova e o Juiz indeferiu a prova e proferiu sentença. 
	E vício de Juízo? O sujeito apela e sustenta que provou por A mais B que tinha direito. Todas as testemunhas foram a meu favor, aprova documental é inequívoca quanto a existência do meu direito, só que o Juiz não reconheceu, o Juiz julgou mal. Exemplo de vício de juízo é a má valoração da prova. 
	O tipo de erro existente reflete no que o sujeito vai pleitearna apelação. Se o apelante está alegando de erro in procedendo, o que ele vai pedir na apelação dele? Ele vai pedir a anulação ou rescisão da sentença. 
	Quando o sujeito apela e n apelação diz que o Juiz julgou mal o sujeito quer anular aquela sentença? Ele quer que outra sentença seja proferida pelo Juiz? Não. Ele quer a reforma ou substituição da sentença.
	Provida a apelação, o que acontece? 
	Pelos exemplos acima, o sujeito apela alegando vício de procedimento, pede que a sentença seja anulada. O Tribunal diz que realmente houve vício, por exemplo, que realmente aquela prova tinha que ser produzida. A prova será produzida pelo Tribunal? Não. Provida a apelação, o Tribunal baixa os autos para a primeira instância para que seja corrigida a falha, no nosso exemplo, seja produzida a prova pericial e diante disso o Juiz profira uma nova sentença, levando em consideração a prova que foi produzida. 
	
	A lei 11.276/06 incluiu o parágrafo 4º do artigo 515 do CPC: 
	
“Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.
§ 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro.
§ 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.
§ 3o Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
§ 4o Constatando a ocorrência de nulidade sanável, o tribunal poderá determinar a realização ou renovação do ato processual, intimadas as partes; cumprida a diligência, sempre que possível prosseguirá o julgamento da apelação. (Incluído pela Lei nº 11.276, de 2006)”
	Então, o parágrafo 4º do artigo 515 do CPC dispõe que o Tribunal, ao invés de mandar baixar os autos ao Juiz de origem poderá determinar a realização ou renovação do ato processual, no caso de ser possível a correção da nulidade sanável no próprio Tribunal. Não sendo possível, vai ter que baixar os autos e o Juiz praticará o ato e proferirá sentença. 
	O parágrafo 4º do artigo 515 do CPC é uma mitigação da regra de que os autos têm que baixar para que seja realizado o ato em primeira instância. 
	E se o apelante alegou erro in judicando, disse que o Juiz julgou mal e pediu a reforma da sentença? O Tribunal deu provimento a apelação, disse que o apelante tem razão. O que vai acontecer? Vai também haver a baixa dos autos para que o Juiz profira uma nova sentença de acordo com o que o Tribunal está entendendo? Não. Claro que não. É proferido um acórdão pelo Tribunal substituindo a sentença. 
	
	Vamos fazer um exercício para saber com funciona baixar os autos, remeter os autos ao Tribunal, o Tribunal julga:
a) 
 Inicial 	 Decisão 			 Apelação				
	
		Extingue o processo
		sem julgamento do mérito	Provida
		por falta de condição da 
		ação.				 O Tribunal pode 
						 afastar a falta de condição da
						 ação e julgar o mérito e condenar
	Natureza dessa decisão?		 o Réu? 
	 Sentença			 Não. Não teve nada no processo
	Qual é o recurso cabível?		 em primeira instância, o Réu
		 Apelação.			 sequer foi citado. 
							O Tribunal baixa os autos
							ao Juízo de primeira instância
							para que se observe o procedi-
							mento: seja o Réu citado, 
							ofereça contestação. 
	Questão levantada por aluna:
	O Tribunal poderia julgar o mérito improcedente o pedido do Autor? O Autor ajuíza a inicial, o Juiz extingue o processo sem julgamento do mérito por falta de condição da ação. O autor apela, o Tribunal vai julgar a apelação e afasta essa questão preliminar, já julga o mérito no sentido de ser improcedente o pedido do Autor. Isso seria possível? 
	É questão controvertida, encontramos argumentos contra e argumentos a favor. Os argumentos contra são: O Tribunal não poderia fazer isso porque estaria violando o procedimento e pelo princípio da vedação da reformatio in pejus. Como poderia o Autor que recorreu de uma decisão sem julgamento do mérito, ser prejudicado por um recurso que interpôs, já que o Tribunal estaria decidindo contra o Autor e a decisão proferida pelo Tribunal seria de improcedência do pedido, ou seja, piorar a situação. 
	E os argumentos a favor? É o artigo 285-A do CPC. Hoje, depois da lei 11.277, o Juiz pode julgar improcedente sem sequer citar o Réu. Se o Juiz pode, por que o Tribunal não poderia? 
	Para Celso Belmiro parece mais acertado que o Tribunal não possa fazer isso. 
	Mas como estamos numa onda de celeridade, tudo é possível.
b) 
 Inicial Citação Contestação Audiência Provas Decisão Apelação
								 
								
								 Extinguindo 
								o processo sem 
								sem julgamento 
								do mérito por 
								falta de condição
								da ação.
								Qual a natureza 
								dessa decisão?
								 Sentença. 
								Recurso Cabível?
 								 Apelação.
						O Tribunal dá
Aplica-se o parágrafo 3º			Provimento a 
do artigo 515 do CPC, o 			Apelação. 
Tribunal julga o mérito. 			E aí? Pode julgar o mérito, mesmo
						que o Juiz não tenha feito?
Até bem pouco tempo havia divergência em relação a essa questão. 
Havia quem sustentasse que o Tribunal não poderia julgar o mérito já que o Juiz não proferiu uma sentença de mérito. Em função disso, diziam que nessa situação deveria baixar os autos ao Juiz da primeira instância para que ele proferisse uma sentença de mérito. Se o Juiz não proferisse uma sentença de mérito haveria supressão de instância. 
	Uma segunda corrente dizia que não haveria mais nada a ser feito na primeira instância. Se todo o procedimento foi observado, se a causa está pronta, madura para ser julgada, o Tribunal já pode, sim, proferir um acórdão de mérito. 
	O parágrafo 3º do artigo 515 do CPC acabou com essa divergência:
§ 3o Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
	
	Esse parágrafo 3º do artigo 515 do CPC representeou a adoção pelo nosso CPC da TEORIA DA CAUSA MADURA. 
	Podemos associar essa situação à outra que ocorre na primeira instância. O que acontece na primeira instância se eu percebo que não tem mais nada para ser feito no processo? Ocorre o julgamento antecipado da lide. 
	Então, é só transportar as hipóteses que autorizam o Juiz a julgar antecipadamente a lide para o Tribunal. O Juiz pode julgar antecipadamente a lide quando não tiver mais nada pra fazer na primeira instância (quando a questão for só de fato, questão de fatos e de direito onde os fatos estão provados, ou no caso de revelia). Jogando isso pra o Tribunal, este vai verificar se existe alguma coisa para ser feito na primeira instância, se não tiver o Tribunal já pode julgar o mérito. 
	É válido fazer uma remissão no artigo 515, parágrafo 3º do CPC para o artigo 330 do CPC (que trata do julgamento antecipado da lide). 
c) 
 Inicial				Decisão 				 Apelação
				Reconhece a decadência e O Tribunal
				e extingue o processo com base no conhece a
				artigo 269, inciso IV do CPC. Apelação. 
					
										O Tribunal
				Qual é a natureza dessa decisão? pode julgar o
					Sentença.			 o pedido do 
				Qual o recurso cabível?		 Autor proce-
					Apelação. 				dente?
										Não. 
									Provida a apelação
									deve o Tribunal 
									baixar os autos àprimeira instância
									para que seja 
									observado o pro -
									cedimento. 
d) 
 Inicial Citação Contestação Audiência Provas Decisão Apelação
 
								 Extinguo o 
								 Processo com 
								 Resolução de
								Mérito, com 
 Base no artigo 
								269, IV do CPC. 
								Qual a natureza 
								dessa decisão?
								Sentença.
								Qual é o recurso
								Cabível?
								Apelação. 
O Tribunal julga 					
o pedido do Autor.		Provida (Conhecida)		
				O Tribunal pode julgar o pedido
				do autor, já que afastou a decadência? 
				Por quê? 
				Interpretação extensiva do parágrafo 3º
				do artigo 515 do CPC. 
	
	Reparem, o artigo 515, parágrafo 3º do CPC utiliza a seguinte expressão: “nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito”.Nesta nossa hipótese não temos a extinção do processo sem julgamento do mérito. E aí? O Tribunal pode julgar o pedido do Autor? Pode. Por que? Porque se admitimos que o Tribunal julgue nos casos onde o Juiz falou bem antes, admite que o Tribunal complete o Trabalho dele, não tem como sustentar na atual hipótese, onde o Juiz superou as preliminares, entrou no mérito, que o Tribunal não possa decidir. 
	É aplicação do raciocínio de quem pode o mais, pode o menos. 
	Só por curiosidade, na situação “c” que falamos anteriormente. O Autor ajuizou a inicial, o Juiz reconheceu a decadência, O Autor apelou e o Tribunal deu provimento à apelação dizendo que não há decadência e baixou os autos pra que seja observado o procedimento. O Réu foi citado, ele poderá alegar na sua contestação a decadência? Pode. Por que? Porque a decisão tomada pelo Tribunal foi tomada num momento em que ele não fazia parte do processo ainda. O sujeito não pode ser citado e já ter contra ele uma decisão contra a qual ele não possa se insurgir. Ele, Réu, poderá sim alegar. 
	E o Juiz poderá na sentença reconhecer a decadência? Claro que pode. 
	E o Tribunal pode reconhecer a decadência? Pode. 
	Tudo que foi decidido sobre a decadência sem que o Réu participasse do processo não vai produzir efeitos contra ele. 
	EFEITO DEVOLUTIVO: Para entendermos o efeito devolutivo da apelação é preciso utilizar um raciocínio que aprendemos sobre a sucumbência e umas premissas que iremos colocar. 
	Que premissas são essas? Antes de tudo, princípio da voluntariedade, leia-se, recursal. Que significa? Recorrer é um ônus. A pare recorre da decisão se quiser, e uma vez querendo recorrer recorre da parte que quiser. 
	Além deste princípio, vamos tomar por empréstimo para efeito de raciocínio, outro princípio que vimos ao estudar princípios recursais, que é o princípio da congruência, que diz que o princípio ao proferir a sentença está vinculado ao pedido do Autor. 
	E especificamente em relação ao efeito devolutivo da apelação vamos nos valer de alguns artigos, são eles: 505; 512 e 515 do CPC. Na verdade esses artigos são de uma certa forma uma corporificação dessas premissas que estamos falando. 
	O artigo 505 do CPC diz assim: “Art. 505. A sentença pode ser impugnada no todo ou em parte.“
	O artigo 512 do CPC dispõe: “Art. 512. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a sentença ou a decisão recorrida no que tiver sido objeto de recurso.”
	O artigo 515 do CPC estabelece: “Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.”
	Todos os três artigos acima citados traduzem uma mesma realidade: tantum devolutum quantum apelatum, devolve-se ao Tribunal o conhecimento da matéria impugnada. 
	Vamos aplicar as noções que a gente viu, seja dos princípios, seja dos artigos 502, 512 e 515 do CPC. 
	Situação 1 
		Juiz
	 Dano material : R$ 10.00,00
	 Dano moral: R$ 10.000,00
 A B 
	
	Sentença: Dano material R$ 5.000,00; dano moral R$ 0. 
	Quem pode apelar dessa sentença? Tanto o Autor como o Réu. 
	Digamos que só o Autor apele. Do que pode apelar esse Autor? Do resto do dano material e do dano moral. O Autor pode atacar toda a sentença ou apenas parte dela. 
	Na apelação do Autor, só ele recorreu, ele apela apenas no que diz respeito ao dano material. 
	Pergunta: O Tribunal pode ou não proferir acórdão de dano material R$ 10.000,00 e dano moral R$ 10.000,00? O Tribunal não pode proferir acórdão reconhecendo o dano moral. Se na apelação não se tratou de dano moral, se essa matéria não foi objeto de impugnação na apelação, o Tribunal não falar desta matéria. 
	Situação 2 
	 Juiz 
 Ação de indenização pleiteando R$ 30.000,00
 C D 
 (vítima) (motorista)
“C” alega para tanto que o motorista estava bêbado (embriaguez); alta velocidade e avanço de sinal. 
	Sentença: “D” estava bêbado, isto posto, julgo procedente o pedido e condeno a pagar R$ 30.000,00. 
	O juiz precisa se manifestar sobre a alta velocidade e sobre o avance de sinal? Não. Vimos isso na aula passada. 
	
	Quem pode recorrer da sentença proferida? O Autor queria que o fundamento de alta velocidade que ele alegou fosse reconhecido, pode recorrer? Não. Falta sucumbência. Ele pleiteou R$ 30.000,00 e a sentença acolheu seu pedido, não pode recorrer. 
	O Réu apela. O que o Réu vai tentar demonstrar na apelação? O que vai ser objeto da apelação? Que não estava bêbado. Pergunta: O Tribunal pode proferir acórdão no sentido de que o Réu não estava bêbado, mas estava em alta velocidade? Pode sim. 
	Mas qual é a diferença entre a situação 1 e a situação 1? Por que na situação 1 o Tribunal não pode se manifestar sobre dano moral e na situação 2 ele pode reconhecer que o motorista estava em alta velocidade? Na situação 1 o dano moral é pedido e a alta velocidade na situação 2 é fundamento, é causa de pedir. 
	O que faz o efeito devolutivo no fundamento, na causa de pedir? Transfere tudo para o Tribunal. Ainda que o Juiz não tenha se manifestado sobre algum dos fundamentos alegados pelo Autor ou pelo Réu, se isso foi colocado na inicial, na contestação, se foi discutido no processo, mesmo que o Juiz não tenha falado o Tribunal poderá tratar dessa matéria. 
	O efeito devolutivo na apelação transfere tudo par ao Tribunal, em outras palavras, o Tribunal quando vai julgar a apelação está investido nos mesmos poderes de apreciação e valoração da prova, dos argumentos, da fundamentação apresentadas pelas partes, que o Juiz estava ao proferir a sentença. O Tribunal se coloca na mesma posição que o Juiz estava. O Juiz poderia falar obra a alta velocidade? Poderia. O Tribunal pode? Pode. 
	O artigo 515 do CPC dispõe:
“Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.
§ 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro.
§ 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.”
	Tem uma expressão de Machado Guimarães, que diz o seguinte: “Quanto a extensão, apelação pode ser total ou parcial”. O que significa isso? Que o sujeito pode atacar toda a sentença ou parte dela. “Agora quanto à profundidade ela é sempre total”. Ou seja, naquilo que foi objeto de impugnação, a apreciação do Tribunal, pelo efeito devolutivo, a apelação, quanto a profundidade será sempre total. 
	O Tribunal vai atacar a matéria impugnada, mas naquilo que foi objeto da impugnação o Tribunal está livre para apreciar todas as questões que foram alegadas pelas partes em primeira instância. 
	PROCESSAMENTO:
	1ª Instância 
	
Sentença 15 dias 				Apelação
publicada 
O que quer dizer 							Interposta a 
Sentença publicada neste caso? 				Apelação oJuiz 
Publicação significa sair no jornal? 				Pode mexer na 
Publicar significa tornar pública. 				Sentença? 
Quando a decisão é proferida na 				Existe juízo de 
audiência o Juiz torna pública a 				retratação na ape-
Sentença na audiência. E as 					lação? 
partes já saem dali intimadas e o				Não. 
o prazo para apelar conta do primeiro 
dia útil seguinte. 
Se a sentença não é publicada na audiência, 
vai se tornar pública com a entrega da 
sentença em cartório, mas para efeito de 
contagem de prazo vai precisar de intimação,
e esta via de regra é feita pelo D.O. 
	Vamos ver o artigo 296 do CPC: 
“Art. 296. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, reformar sua decisão. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
Parágrafo único. Não sendo reformada a decisão, os autos serão imediatamente encaminhados ao tribunal competente. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)”
	Existe juízo de retratação na apelação? Não. Ou seja, proferida a sentença, ainda que depois a parte apele, o Juiz leia a apelação e se convença de que o apelante tem razão, ele não poderá mais mexer na sentença. Porque ao publicar a sentença de mérito o Juiz cumpre, acaba o seu ofício jurisdicional. Essa é a regra. 
	Em três hipóteses, no entanto, poderá exercer juízo de retratação na apelação. Uma delas está no artigo 296 do CPC, que é no caso de apelação de sentença que indeferiu a inicial. 
	A outra hipótese é a do parágrafo 1º do artigo 285 – A do CPC. Ou seja, no caso de sentença de improcedência do pedido proferida sem ouvir o Réu, com base em sentença anteriormente proferida. 
	Quando que o Juiz vai, excepcionalmente, indeferir a inicial e eu terei julgamento de mérito?Quando o Juiz reconhecer decadência ou prescrição. 
	Atenção!!! O artigo 285-A não é indeferimento da inicial, o Juiz está julgando improcedente o pedido do Autor. 
	Assim dispõe o artigo 285 – A do CPC:
“Art. 285-A. Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já houver sido proferida sentença de total improcedência em outros casos idênticos, poderá ser dispensada a citação e proferida sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormente prolatada. (Incluído pela Lei nº 11.277, de 2006)
§ 1o Se o autor apelar, é facultado ao juiz decidir, no prazo de 5 (cinco) dias, não manter a sentença e determinar o prosseguimento da ação. (Incluído pela Lei nº 11.277, de 2006)
§ 2o Caso seja mantida a sentença, será ordenada a citação do réu para responder ao recurso. (Incluído pela Lei nº 11.277, de 2006)”
	
Além dessa hipótese, o artigo 198, inciso VII do ECA: 
“Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e da Juventude fica adotado o sistema recursal do Código de Processo Civil, aprovado pela Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973, e suas alterações posteriores, com as seguintes adaptações:
I - os recursos serão interpostos independentemente de preparo;
II - em todos os recursos, salvo o de agravo de instrumento e de embargos de declaração, o prazo para interpor e para responder será sempre de dez dias;
III - os recursos terão preferência de julgamento e dispensarão revisor;
IV - o agravado será intimado para, no prazo de cinco dias, oferecer resposta e indicar as peças a serem      trasladadas;
V - será de quarenta e oito horas o prazo para a extração, a conferência e o conserto do traslado;
VI - a apelação será recebida em seu efeito devolutivo. Será também conferido efeito suspensivo quando interposta contra sentença que deferir a adoção por estrangeiro e, a juízo da autoridade judiciária, sempre que houver perigo de dano irreparável ou de difícil reparação;
VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso de agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho fundamentado, mantendo ou reformando a decisão, no prazo de cinco dias;
VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão remeterá os autos ou o instrumento à superior instância dentro de vinte e quatro horas, independentemente de novo pedido do recorrente; se a reformar, a remessa dos autos dependerá de pedido expresso da parte interessada ou do Ministério Público, no prazo de cinco dias, contados da intimação.”
		(grifos nossos)
	Tirando estas situações, não pode o Juiz mexer na sentença por conta da apelação. Aconteceria uma espécie de preclusão pro judicato. Proferiu a sentença, não tem mais como mexer nela. 
Apelação	 		 Juízo de
				Admissibilidade
		 pelo Juiz
			recebe a apelação	 não recebe a apelação
			no duplo efeito
							o apelante poderá
							interpor agravo de
			vista ao apelado		instrumento contra
			para apresentar		essa decisão.
			as contra-razões, 
			prazo de 15 dias.
			apresentadas as 
			contra-razões
			o Juiz analisa as 
			mesmas e vê se é 
			possível o aplicar o 
		artigo 518, parágrafo 2º do CPC.
Não sendo aplicável 	 Se o Juiz entender que
o artigo 518,			 não estão presentes os
parágrafo 2º do CPC, 	 pressupostos, pode 
presentes todos os		 deixar de receber a 
pressupostos,		 a apelação. 
o Juiz determina
a subida dos autos ao 
Tribunal.
	A decisão do Juiz de receber o recurso pode ser objeto de algum recurso? Não. Porque todos os argumentos que o apelado vai colocar para que o recurso não seja recebido serão colocados nas contra razões. 
	No entanto, essa história de não caber recurso contra a decisão que recebe a apelação só irá funcionar se eu disser que depois de apresentadas as contra razões, o processo volta para o Juiz para ele analisar e também para ver se é aplicável o artigo 518, parágrafo 2º do CPC. Como ele vai reexaminar a presença dos pressupostos de admissibilidade do recurso se o processo não voltar para ele? 
	E a decisão de receber ou não o recurso no duplo efeito, caberá recurso contra essa parte da decisão? Pode ser objeto de Agravo de Instrumento, não tem porque ser agravo retido, pois este é julgado junto com a apelação. Se eu quero que seja julgado agora eu tenho que interpor Agravo de Instrumento. 
	Hoje, sabemos que como regra o Agravo é retido, mas em algumas situações será de instrumento. E a própria lei diz quando, excepcionalmente será de instrumento, e essa é uma das situações. 
	O artigo 522 do CPC, com a redação dada pela lei 11.187/05 dispõe:
“Art. 522. Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias, na forma retida, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida, quando será admitida a sua interposição por instrumento. (Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005)
Parágrafo único. O agravo retido independe de preparo. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995)”
	
	O que tem de novo em relação ao recebimento da apelação? O que estamos vendo está no artigo 518 do CPC:
“Art. 518. Interposta a apelação, o juiz, declarando os efeitos em que a recebe, mandará dar vista ao apelado para responder. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Parágrafo único. Apresentada a resposta, é facultado ao juiz o reexame dos pressupostos de admissibilidade do recurso. (Incluído pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
§ 1o O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal. (Renumerado pela Lei nº 11.276, de 2006)
§ 2o Apresentada a resposta, é facultado ao juiz, em cinco dias, o reexame dos pressupostos de admissibilidade do recurso. (Incluído pela Lei nº 11.276, de 2006)”
	Na esteira desse pensamento moderno de evitar a subida do recurso, quando já há a decisão do Tribunal Superior, a lei 11. 276/06 permite que o Juiz não receba a apelação se o que oApelante quer com a apelação for contrária a uma súmula do STJ ou do STF. 
	Se o Juiz deixar de receber o que o qpelante pode fazer? Pode interpor Agravo de Instrumento. 
	
2ª Instância
	Chegando o processo no Tribunal, o que acontece? 
Protocolo/	 Distribuição	Secretaria Conclusão 	Conclusão
Registro/ TJ – Câmara			ao realtor	ao revisor
Autuação	 TRF - Turma
						 Se o relator	 Apõe o
						 não aplicar o seu visto
						 art. 557 do CPC e pede
						 (negar de pronto a inclusão
						 o seguimento do na pauta	
						 recurso ou dar	 de julga -
						 provimento ao mento.
						 recurso), fixa os 
						 pontos controver-
						 tidos. 
										
								Presidente	da Turma
			 Sessão de			 ou Câmara, inclui o 
			 julgamento			 recurso em pauta. 		
Sessão de Anúncio pelo Presidente		Relator
Julgamento 		 do Órgão Julgador			(faz a leitura
			 do recurso que será			do seu relatório)
 Julgado e quem é o 			Na verdade a sua
			 Relator. 					função é levar aos
									demais o que está
 sendo julgado. 
									Sustentação oral
O Presidente colhe o voto Voto do Relator 15 minutos para 
dos demais, revisor e vogal.					cada parte. 
								 (artigo 554 do CPC)
O presidente anuncia 
O resultado do julgamento. 
	A princípio, a distribuição deve ser livre. Só se houver um agravo ou uma medida cautelar no Tribunal, sobre essa mesma relação jurídica que será distribuída a apelação por prevenção. 
	O revisor existirá: na Apelação; nos Embargos Infringentes e na Ação rescisória. E quando, apesar de serem esses os recursos, não terá revisor? Indeferimento liminar da inicial, Ação de despejo e procedimento sumário. 
	Como sabemos disso? Vamos ler o artigo 551 do CPC: 
“Art. 551. Tratando-se de apelação, de embargos infringentes e de ação rescisória, os autos serão conclusos ao revisor.
§ 1o Será revisor o juiz que se seguir ao relator na ordem descendente de antigüidade.
§ 2o O revisor aporá nos autos o seu "visto", cabendo-lhe pedir dia para julgamento.
§ 3º Nos recursos interpostos nas causas de procedimento sumaríssimo, não haverá revisor.
§ 3o   Nos recursos interpostos nas causas de procedimentos sumários, de despejo e nos casos de indeferimento liminar da petição inicial, não haverá revisor. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)”
	
	O revisor apõe o seu visto e pede dia para julgamento.
	Se o Juiz profere a sentença em audiência, vimos que as partes já saem dali intimadas e o primeiro dia doa prazo para a interposição do recurso é o dia útil seguinte. 
	Digamos que as partes estejam presentes na seção de julgamento, o recurso foi julgado ali, elas saíram dali intimadas? O primeiro dia útil seguinte é o início do prazo para a interposição do Recurso Especial? Não. Por que? Porque em se tratando de julgamento no Tribunal, existe uma burocracia ainda a ser observada. Que burocracia é esta? O relator terá que fazer o relatório do que se passou na seção de julgamento, tem que ir para a divisão de registro de acórdãos, só depois de publicado o dispositivo do acórdão é que teremos o início do prazo para o recurso contra aquele acórdão proferido. 
	E o pedido de vista não tinha maiores fiscalizações antigamente, o que fazia com que os Desembargadores muitas vezes se utilizassem do pedido de vista para “sentar em cima” dos processos que interessavam a eles que não fosse julgado. Hoje, o pedido de vista tem uma maior fiscalização. O artigo 555 do CPC teve sua redação alterada e a lei 11.280/06 estabeleceu um prazo para a devolução e uma conseqüência para o não cumprimento do prazo para o pedido de vista:
“Art. 555. O julgamento da turma ou câmara será tomado pelo voto de três juízes, seguindo-se ao do relator o do revisor e o do terceiro juiz.Parágrafo único. É facultado a qualquer juiz, que tiver assento na turma ou câmara, pedir vista, por uma sessão, se não estiver habilitado a proferir imediatamente o seu voto.
Art. 555. No julgamento de apelação ou de agravo, a decisão será tomada, na câmara ou turma, pelo voto de 3 (três) juízes. (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
§ 1o Ocorrendo relevante questão de direito, que faça conveniente prevenir ou compor divergência entre câmaras ou turmas do tribunal, poderá o relator propor seja o recurso julgado pelo órgão colegiado que o regimento indicar; reconhecendo o interesse público na assunção de competência, esse órgão colegiado julgará o recurso. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
§ 2o A qualquer juiz integrante do órgão julgador é facultado pedir vista por uma sessão, se não estiver habilitado a proferir imediatamente o seu voto.(Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)  
§ 2o Não se considerando habilitado a proferir imediatamente seu voto, a qualquer juiz é facultado pedir vista do processo, devendo devolvê-lo no prazo de 10 (dez) dias, contados da data em que o recebeu; o julgamento prosseguirá na 1a (primeira) sessão ordinária subseqüente à devolução, dispensada nova publicação em pauta. (Redação dada pela Lei nº 11.280, de 2006)
§ 3o No caso do § 2o deste artigo, não devolvidos os autos no prazo, nem solicitada expressamente sua prorrogação pelo juiz, o presidente do órgão julgador requisitará o processo e reabrirá o julgamento na sessão ordinária subseqüente, com publicação em pauta. (Incluído pela Lei nº 11.280, de 2006)”

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