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CONTRATOS DE TRABALHO AULA 2 Prof.ª Tatiana Lazzaretti Zempulski 2 CONVERSA INICIAL A duração do trabalho possui sentido amplo, correspondente ao tempo em que o trabalhador está à disposição do empregador, inclusive os períodos relativos ao descanso semanal remunerado e às férias anuais remuneradas. Nesta aula, serão tratados os cinco temas a seguir relacionados: duração de jornada; intervalos; salário e remuneração; parcelas salariais e férias. O objetivo é trazer os conceitos atualizados dos conteúdos ministrados, bem como o posicionamento doutrinário, legal e jurisprudencial. TEMA 1 – DURAÇÃO DE JORNADA 1.1 Espécies de jornada As jornadas de trabalho podem ser divididas em: a. jornada de 44 horas semanais e 8 horas diárias; b. jornada de 36 horas semanais e 6 horas diárias; c. jornada 12x36; d. jornada noturna – hora reduzida; e e. turnos ininterruptos de revezamento. a. Jornada de 44 horas semanais e 8 h diárias – é a jornada prevista no art. 7º, inc. XIII, da Constituição de 1988: “duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho” (Brasil, 1988). A CLT, em seu art. 58, dispõe que: “A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite” (Brasil, 1943). b. Jornada de 36 horas semanais e 6 horas diárias – essa jornada pode ser acordada entre empregador e empregados e caracteriza-se pelo exercício do trabalho 6 horas diárias e 36 semanais. Exemplos: operadores de telemarketing e bancários. c. Jornada 12x36 – o art. 59-A. da CLT determinou a possibilidade da jornada 12x36, desde que estabelecida por meio de acordo individual escrito, convenção ou acordo coletivo de trabalho. d. Jornada noturna – hora reduzida, prevista no art. 7º, inc. XXXIII da Constituição de 1988, o qual dispõe: “proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a 3 menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos”. Verifica-se o art. 73 da CLT, conforme o qual: Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração superior a do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20 % (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna. § 1º A hora do trabalho noturno será computada como de 52 minutos e 30 segundos. § 2º Considera-se noturno, para os efeitos deste artigo, o trabalho executado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte. (Brasil, 1946) e. Turnos ininterruptos de revezamento – art. 7º, inciso XIV, Constituição de 1988: jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva. Verifica-se essa jornada para categorias que, devido ao tipo de trabalho, não podem interromper a jornada. Exemplo: operadores de máquinas. 1.2 Horas extras Após analisar várias espécies de jornada, verifica-se que podem ocorrer horas extras, desde que não ultrapassem o máximo de duas horas diárias. O art. 59, da CLT, determina que: “A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho” (Brasil, 2017). Quando as horas extras forem feitas pelo empregado, deverá ser observado o pagamento do adicional de horas extras, conforme determina o art. 7º da Constituição, inciso X: “remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% (cinquenta por cento) à do normal” (Brasil, 2017); e do art. 59, parágrafo 1º, da CLT: “a remuneração da hora extra será, pelo menos, 50% (cinquenta por cento) superior à da hora normal”. 1.3 Exceção ao pagamento de horas extras Existem situações em que o empregado trabalha em jornada elastecida, porém não recebe o pagamento dessas horas a mais: trata-se do acordo de compensação e do banco de horas. No primeiro, o empregado, após acordo com o empregador, trabalha mais em um dia ou em uma semana e compensa na semana subsequente. Exemplo: jornada espanhola – OJ 323 da SDI-I do TST. 4 ACORDO DE COMPENSAÇÃO DE JORNADA. "SEMANA ESPANHOLA". VALIDADE. É válido o sistema de compensação de horário quando a jornada adotada é a denominada "semana espanhola", que alterna a prestação de 48 horas em uma semana e 40 horas em outra, não violando os arts. 59, § 2º, da CLT e 7º, XIII, da CF/88 o seu ajuste mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. Destaca-se também o art. 59, parágrafo 2º, da CLT: § 2o Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias. (Brasil, 2001) Já o banco de horas é modalidade de compensação em que o empregado extrapola a jornada diária ou semanal e não recebe pelas horas extras. Segundo o art. 59, parágrafo 5º, da CLT, pode ser pactuado por acordo individual escrito, desde que a compensação ocorra no período máximo de seis meses (Brasil, 2017). 1.3.1 Controle de jornada Além disso, o controle de jornada é obrigatório para os estabelecimentos empresariais que possuírem mais de 20 trabalhadores e pode ser feito por meio de registro eletrônico ou mecânico, controle por escrito e ainda por meio da leitura biométrica da digital, de acordo com o art. 74 da CLT, que foi modificado por meio da Lei n. 13.874, de 20 de setembro de 2019: Art. 74. O horário de trabalho será anotado em registro de empregados. § 1º (Revogado). § 2º Para os estabelecimentos com mais de 20 (vinte) trabalhadores será obrigatória a anotação da hora de entrada e de saída, em registro manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções expedidas pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, permitida a pré-assinalação do período de repouso. § 3º Se o trabalho for executado fora do estabelecimento, o horário dos empregados constará do registro manual, mecânico ou eletrônico em seu poder, sem prejuízo do que dispõe o caput deste artigo. § 4º Fica permitida a utilização de registro de ponto por exceção à jornada regular de trabalho, mediante acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. (Brasil, 2019) No entanto, existem categorias que não recebem horas extras e não precisam de controle de jornada: são os cargos de confiança. 5 1.3.2 Cargos de confiança Não são abrangidos pelo sistema de recebimento de horas extras nem de fixação de horário. São os cargos de chefia, confiança, teletrabalho e os trabalhadores externos. As exceções estão previstas no art. 62 da CLT: Art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo: I - os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados; II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial. III - os empregados em regime de teletrabalho. Parágrafo único - O regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados mencionados no inciso II deste artigo, quando o salário do cargo de confiança, compreendendo a gratificação de função, se houver, for inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento). (Brasil, 1994) Observe tambémque pode compreender o pagamento de gratificação de função. Atenção Súmula Nº 287 DO TST Jornada de trabalho. Gerente bancário. A jornada de trabalho do empregado de banco gerente de agência é regida pelo art. 224, § 2º, da CLT. Quanto ao gerente-geral de agência bancária, presume-se o exercício de encargo de gestão, aplicando-se-lhe o art. 62 da CLT. TEMA 2 – INTERVALOS Para cada jornada de trabalho, podem ocorrer as pausas, chamadas de intervalos. Dentro da jornada para refeição, é o chamado intervalo intrajornada; o intervalo para descanso entre dias de trabalho, trata-se do intervalo entrejornada. Verificam-se ainda os intervalos especiais e os descansos semanais. 2.1 Intervalo intrajornada Quadro 1 – Intervalo intrajornada Intervalo intrajornada 6 De 4 a 6 horas No mínimo 15 minutos de intervalo art. 71, parágrafo 1º da CLT De 6 a 8 horas No mínimo 1 hora e no máximo 2 horas art. 71 da CLT Acima de 8 horas no mínimo 1 hora e no máximo 2 horas art. 71 da CLT Atenção Exceção 1 – o limite mínimo de uma hora para repouso ou refeição pode ser reduzido, respeitados os requisitos previstos em lei (art. 71, parágrafo 3º, CLT). Exceção 2 – O intervalo poderá ser reduzido e/ou fracionado, entre o término da primeira hora trabalhada e o início da última hora trabalhada, desde que previsto em convenção ou acordo coletivo de trabalho, ante a natureza do serviço no caso de motoristas, cobradores, fiscalização de campo e afins nos serviços de operação de veículos rodoviários, empregados no setor de transporte coletivo de passageiros, desde que mantida a remuneração e concedidos intervalos para descanso menores ao final de cada viagem (Art. 71, parágrafo 5º, CLT). Quando não ocorrer o usufruto do intervalo, a penalidade será o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com acréscimo de 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho. (art. 71, parágrafo 4º, CLT) (Brasil, 2017) 2.2 Intervalo entrejornada Quadro 2 – Intervalo entrejornada Intervalo entrejornada 11 horas de descanso Entre duas jornadas de trabalho Art. 66 da CLT 24 horas de descanso Folga semanal – preferência domingo Art. 67 da CLT 7 Atenção Exceção – Quando não ocorrer o usufruto do intervalo interjornada, ocorrerá o pagamento de horas extras, conforme previsão da Súmula 110 do TST. Súmula 110 do TST – jornada de trabalho. Intervalo. No regime de revezamento, as horas trabalhadas em seguida ao repouso semanal de 24 horas, com prejuízo do intervalo mínimo de 11 horas consecutivas para descanso entre jornadas, devem ser remuneradas como extraordinárias, inclusive com o respectivo adicional. 2.3 Intervalos especiais Quadro 3 – Intervalos especiais Intervalos especiais Serviços Norma Aplicação Mecanografia – datilografia art. 72, CLT intervalo de 10 minutos a cada 90 minutos de trabalho consecutivo, o qual não é deduzido da duração normal do trabalho. Digitadores art. 72, CLT ante a similaridade de atividades como os de mecanografia, o intervalo determinado no referido art. 72 é aplicado por analogia aos serviços dos digitadores nos termos da Súmula n. 346 do TST. Bancários art. 224, parágrafo 1º., CLT parágrafo 1º - a duração normal do trabalho estabelecida neste artigo ficará compreendida entre 7 e 22 horas, assegurando-se ao 8 empregado, no horário diário, um intervalo de 15 minutos para alimentação. Câmaras frigoríficas art. 253, CLT para os empregados que trabalham no interior das câmaras frigoríficas e para os que movimentam mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de 1 hora e 40 minutos de trabalho contínuo, será assegurado um período de 20 minutos de repouso, computado esse intervalo como de trabalho efetivo. Mineiros art. 298, CLT Em cada período de 3 horas consecutivas de trabalho, será obrigatória uma pausa de 15 minutos para repouso, a qual será computada na duração normal de trabalho efetivo. Mulher em fase de amamentação art. 396, CLT para amamentar o próprio filho, até que este complete 6 meses de idade, a mulher terá direito, durante a jornada de trabalho, a 2 descansos especiais, de meia hora cada um. parágrafo 2. os horários de descanso previstos no caput deste artigo deverão ser definidos em acordo individual entre a mulher e o empregador. Telefonia, radiotelefonia e radiotelegrafia art. 229, CLT para os empregados sujeitos a horários variáveis, fica estabelecida a duração 9 máxima de 7 horas diárias de trabalho e 17 horas de folga, deduzindo-se deste tempo 20 minutos para descanso, de cada um dos empregados, sempre que se verificar um esforço contínuo de mais de 3 horas. Médicos art. 8º, parágrafo 1º., Lei n. 3.999/1961 Para cada 90 minutos de trabalho, gozará o médico de um repouso de 10 minutos. Teleatendimento / telemarketing Portaria MTPS 3.214/78 – Anexo II da NR 17 5.4.1. As pausas deverão ser concedidas: b. em 2 períodos de 10 minutos contínuos; c. após os primeiros e antes dos últimos 60 minutos de trabalho em atividade de teleatendimento/telemarketing. 5.4.1.1. A instituição de pausas não prejudica o direito ao intervalo obrigatório para repouso e alimentação previsto no parágrafo 1º do art. 71 da CLT. 5.4.2. O intervalo para repouso e alimentação para a atividade de teleatendimento/telemarketing deve ser de 20 minutos. 5.4.3. Para tempos de trabalho efetivo de teleatendimento/telemarketing de até 4 horas diárias, deve ser observada a concessão de 1 10 pausa de descanso contínua de 10 minutos. 2.4 Descanso semanal remunerado e feriados Lei n. 605, de 5 de janeiro de 1949: “Art. 1º Todo empregado tem direito a um descanso semanal remunerado de vinte e quatro horas consecutivas.” (Brasil, 1949). TEMA 3 – SALÁRIO E REMUNERAÇÃO Para iniciar este tema, é importante destacar a diferença de salário e remuneração. Salário “é no seu sentido próprio e restrito, o pagamento também periódico e habitual, mas diferenciado porque se baseia no critério tempo, obra ou em ambos combinadamente” (Nascimento, 1975, p. 33). Remuneração é a totalidade dos pagamentos habitualmente efetuados ao empregado periodicamente, incluindo as atribuições econômicas emanadas diretamente do empregador, como comissões, gratificações, adicionais, prêmios, gorjetas, etc. Quadro 4 – Art. 574 da CLT Art. 457 da CLT a. remuneração = salário + gorjeta b. salário = contraprestação devida e paga diretamente pelo empregador em face do contrato de trabalho c. gorjeta = importância dada espontaneamente pelo cliente ao empregado (facultativa) ou cobrada pela empresa ao cliente como adicional nas contas, a qualquer título, destinada à distribuição aos empregados (obrigatória). Fonte: Leite, 2018, p. 473. 3.1 Salário O salário pode ser explicado por meio das seguintes teorias: a. salário como preço do trabalho (origem – liberalismo econômico – equiparava: trabalho a mercadoria); b. salário como indenização (pagamento – compensação pelas energias despendidas); c. natureza alimentícia do salário (crítica – o salário não tem caráter alimentar, apenas); d. contraprestação pelo serviço prestado 11 (correspondência entre trabalho e salário – critica: relação de troca); e. resulta em um dever de retribuição (o empregado ao integrar a empresa põe à disposição dela o seu trabalho, sendo o contrato de trabalho sinalagmático em seu todo e não prestação por prestação (Nascimento, 1975). São características do salário (Nascimento, 1975): • Essencialidade – sem a qual não há contrato de trabalho, pois ele é oneroso. • Reciprocidade – sua causa reside no fato de alguém atuar como empregado e, nessa condição, prestarserviços e colocar-se à disposição do empregador. • Sucessividade – o salário é pago em função de uma relação jurídica que se prolonga no tempo. • Periodicidade, em intervalos curtos – em razão da relação prolongar- se no tempo e da necessidade de se prover a subsistência do empregado e seus familiares. Quadro 5 – Espécies de salário Espécies de salário Salário por tempo • por hora, por dia • por semana • por quinzena • por mês • excepcionalmente um tempo maior Salário normativo • Determinado pela Justiça do Trabalho em ações coletivas salário por produtividade • critérios estabelecidos pelo empregador Salário profissional • previsto em lei para determinadas profissões Salário por tarefa • pago com base na tarefa estipulada para um determinado período Salário mínimo • art. 7º, inc. IV Salário contratual • previsto em contrato de trabalho 12 Salário da categoria • previsto em convenção coletiva 3.2 Remuneração Conforme previsto no art. 457 da CLT, a remuneração é o gênero que engloba o salário mais as parcelas de natureza salarial. TEMA 4 – PARCELAS SALARIAIS Parcelas que integram a remuneração, são chamadas de parcelas salariais: a. horas extras (S. 63 do TST); b. adicionais de insalubridade, periculosidade e do trabalho noturno; c. adicional por tempo de serviço; d. adicional por transferência de local de trabalho; e. salário – família, no que exceder do valor legal obrigatório; f. gratificação de férias; g. abono ou gratificação de férias, no valor que exceder a 20 dias do salário (CLT, art. 144) (Brasil, 1998), concedido em virtude de cláusula contratual, regulamento de empresa, CCT ou ACT; h. valor do terço constitucional de férias (art. 7º, inciso XVII da Constituição); i. comissões; j. gorjetas; k. 13º salário; l. RSR e feriados civis e religiosos; m. salário-maternidade; n. férias normais gozadas na vigência do contrato de trabalho. 4.1 Comissões, gorjetas e gratificações contratuais Com relação a comissões, gorjetas e gratificações contratuais, estabelece o art. 457 da CLT: Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. § 1o Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador. § 2o As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário. § 3º Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também o valor cobrado pela empresa, como serviço ou adicional, a qualquer título, e destinado à distribuição aos empregados. (Brasil, 1953) 13 4.2 Adicional de insalubridade e periculosidade O adicional de insalubridade é um adicional pago para os trabalhadores expostos a condições prejudiciais à saúde. Verifica-se quando ocorre a exposição a agentes químicos, físicos e biológicos, podendo ser no grau leve, no percentual de 10%; grau médio, de 20%; e grau máximo, de 40% sobre o salário mínimo da região, conforme perícia e a classificação do grau de risco da empresa. Previsão legal nos arts. 189 a 192 da CLT (Brasil, 1977). O adicional de periculosidade será pago nos casos em que os trabalhadores estiveram expostos: a operações ou atividades perigosas, tais como as que impliquem contato com explosivos; inflamáveis; roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial; as atividades de trabalhador em motocicleta, com energia elétrica ou em condições de risco acentuado, no percentual de 30% sobre o salário-base, conforme previsão do art. 193, da CLT (Brasil, 2012). 4.3 Adicional de transferência Este adicional é considerado uma parcela salarial no valor de 25% do valor percebido, paga quando o empregado é transferido de seu domicílio, conforme previsão do art. 469 da CLT (Brasil, 1975). 4.4 13º Salário O décimo terceiro salário é uma verba de natureza salarial chamada de gratificação natalina, criada pela Lei n. 4.090, de 13 de julho de 1962. A forma de seu pagamento foi instituída pela Lei n. 4.749, de 12 de agosto de 1965, e regulamentada pelo Decreto n. 57.155, de 33 de novembro de 1965. O art. 1º da Lei n. 4.090/1962 estabelece que: Art. 1º - No mês de dezembro de cada ano, a todo empregado será paga, pelo empregador, uma gratificação salarial, independentemente da remuneração a que fizer jus. § 1º - A gratificação corresponderá a 1/12 avos da remuneração devida em dezembro, por mês de serviço, do ano correspondente. § 2º - A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias de trabalho será havida como mês integral para os efeitos do parágrafo anterior. § 3º - A gratificação será proporcional: I - na extinção dos contratos a prazo, entre estes incluídos os de safra, ainda que a relação de emprego haja findado antes de dezembro; e II - na cessação da relação de emprego resultante da aposentadoria do trabalhador, ainda que verificada antes de dezembro. (Brasil, 1962) 14 O pagamento do 13º salário pode ocorrer em duas parcelas, sendo que a última deve ser feita até o dia 20 de dezembro, conforme dispõe os arts. 1º e 2º da Lei n. 4.749/1965: Art. 1º - A gratificação salarial instituída pela Lei número 4.090, de 13 de julho de 1962, será paga pelo empregador até o dia 20 de dezembro de cada ano, compensada a importância que, a título de adiantamento, o empregado houver recebido na forma do artigo seguinte. Art. 2º - Entre os meses de fevereiro e novembro de cada ano, o empregador pagará, como adiantamento da gratificação referida no artigo precedente, de uma só vez, metade do salário recebido pelo respectivo empregado no mês anterior. § 1º - O empregador não estará obrigado a pagar o adiantamento, no mesmo mês, a todos os seus empregados. § 2º - O adiantamento será pago ao ensejo das férias do empregado, sempre que este o requerer no mês de janeiro do correspondente ano. (Brasil, 1965) Quando ocorrer a extinção do contrato de trabalho, salvo na modalidade de rescisão por justa causa, o empregador pagará o décimo terceiro proporcional aos meses trabalhados. Nesse sentido, o art. 1º do Decreto n. 57.155/1965: Art. 1º O pagamento da gratificação salarial, instituída pela Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962, com as alterações constantes da Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965, será efetuado pelo empregador até o dia 20 de dezembro de cada ano, tomando-se por base a remuneração devida nesse mês de acordo com o tempo de serviço do empregado no ano em curso. Parágrafo único. A gratificação corresponderá a 1/12 (um doze avos) da remuneração devida em dezembro, por mês de serviço, do ano correspondente, sendo que a fração igual ou superior a 15 (quinze) dias de trabalho será havida como mês integral. O décimo terceiro salário foi incorporado ao art. 7º, inciso VIII, da Constituição, conforme o qual: “décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;” (Brasil, 1988). TEMA 5 – FÉRIAS, FGTS E AVISO-PRÉVIO As férias são o período de descanso do empregado, após ter trabalhado um ano em uma mesma empresa. No entanto, se a empresa decidir paralisar suas atividades para conceder férias coletivas, e o empregado que tiver menos de um ano de contrato de trabalho, poderá também usufruir das férias. A regra geral é de que as férias devem ser concedidas em um único período, conforme previsão do art. 134, caput, da CLT. Porém, desde que haja concordância do empregado, as férias podem ser usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não pode ser inferiora 14 15 dias corridos, e os demais não podem ser inferiores a 5 dias corridos cada um, conforme previsão do parágrafo 1º do art. 134 da CLT (Brasil, 1977). As férias (interrupção do contrato) são computadas como tempo de serviço. Deve haver a anotação em CTPS e na ficha de registro antes da fruição das férias, e estas são pagas com base no salário vigente à época da concessão. O pagamento das férias deve ser realizado até dois dias antes do início do período de gozo, geralmente por meio de recibo de férias, em duas vias, com a informação do início e do término do período de férias. O empregado deve receber uma via. 5.1 Período aquisitivo e período concessivo O período aquisitivo de férias é o intervalo de tempo em que o empregado adquire o direito ao usufruto das férias decorrente do trabalho e ocorre após 12 meses de vigência do contrato de trabalho, contados da data de admissão do empregado. O período concessivo, ou seja, o momento que o empregado pode usufruir o período de férias deve ser observado dentro dos 12 meses subsequentes à aquisição do direito, sob pena de pagamento em dobro. A época de concessão é determinada pelo empregador, contudo é comum empregador e empregado combinarem a melhor época para a concessão. Esta deverá ser informada ao trabalhador com antecedência de, no mínimo, trinta dias, mediante recibo, geralmente por meio de aviso de férias. Para que não haja o pagamento dobrado, o empregador deve observar o período aquisitivo e o período concessivo. 5.1.1 Espécies de férias As férias podem ser integrais, quando o empregado consegue usufruí-las integralmente ou no momento do rompimento do contrato de trabalho, quando não foram usufruídas, mas encontram-se dentro do período concessivo. As férias coletivas são de liberalidade do empregador, concedidas para todos os empregados ou para alguns setores da empresa. 16 Férias proporcionais ocorrem quando o empregado é desligado ou pede seu desligamento antes de completar o período de aquisição de férias, desta forma recebe proporcionalmente pelo período. Férias indenizadas são as decorrentes do aviso-prévio indenizado. 5.1.2 Abono pecuniário É faculdade do empregado converter um terço das férias em abono pecuniário, devendo ser requerido pelo empregado até 15 dias antes do término do período aquisitivo, sendo de aceitação obrigatória pelo empregador. Se solicitado em período posterior, é facultado à empresa aceitar ou não o pedido do empregado. 5.2 Aviso-prévio O aviso-prévio é a notificação da extinção do contrato de trabalho pelo empregador ou pelo empregado, conforme os prazos previstos em lei “e com o dever de manter o contrato depois dessa comunicação até o decurso do prazo nela previsto, sob pena de pagamento de uma quantia substitutiva, no caso da ruptura do contrato” (Nascimento, 2018, p. 473). O aviso-prévio é cabível a depender do tipo de contrato de trabalho e pode ser trabalhado ou indenizado. O prazo mínimo é de 30 dias, de acordo com o art. 7º, inciso XXI, da Constituição: “aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;” (Brasil, 1988). Nos contratos de trabalho por prazo determinado, a regra geral é que não se utiliza o instituto do aviso prévio, pois os contratos têm prazo de início, e seu término já está preestabelecido – quando ultrapassado o prazo contratual, converter-se em contrato por prazo indeterminado. No entanto, pode ocorrer o término antecipado, por exemplo em um contrato de experiência, em que o prazo contrato é de 90 dias, porém uma das partes, empregador ou empregado, não satisfeita com a prestação de serviços, resolve extinguir antecipadamente o contrato. Deve-se, então, verificar a 17 existência de cláusula assecuratória de reciprocidade1 e, se não existir essa cláusula, aplica-se o instituto do aviso-prévio2. A Lei n. 12.506, de 11 de outubro de 2011, regulamentou o art. 7º, inciso XXI, da Constituição e instituiu o aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço para os trabalhadores com mais de um ano de empresa. Art. 1º O aviso prévio, de que trata o Capítulo VI do Título IV da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943, será concedido na proporção de 30 (trinta) dias aos empregados que contem até 1 (um) ano de serviço na mesma empresa. Parágrafo único. Ao aviso prévio previsto neste artigo serão acrescidos 3 (três) dias por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60 (sessenta) dias, perfazendo um total de até 90 (noventa) dias (Brasil, 2011). Ressalta-se que, na existência de um contrato por prazo indeterminado, quando uma das partes quiser rescindir o contrato, deverá, conforme dispõe o art. 487 da CLT, que trata da modalidade de aviso prévio trabalhado, observar as seguintes regras: Não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo motivo, quiser rescindir o contrato deverá avisar a outra da sua resolução com a antecedência mínima de: I - oito dias, se o pagamento for efetuado por semana ou tempo inferior; II - trinta dias aos que perceberem por quinzena ou mês, ou que tenham mais de 12 (doze) meses de serviço na empresa. § 1º - A falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço. § 2º - A falta de aviso prévio por parte do empregado dá ao empregador o direito de descontar os salários correspondentes ao prazo respectivo. § 3º - Em se tratando de salário pago na base de tarefa, o cálculo, para os efeitos dos parágrafos anteriores, será feito de acordo com a média dos últimos 12 (doze) meses de serviço. § 4º - É devido o aviso prévio na despedida indireta. § 5o O valor das horas extraordinárias habituais integra o aviso prévio indenizado. § 6o O reajustamento salarial coletivo, determinado no curso do aviso prévio, beneficia o empregado pré-avisado da despedida, mesmo que tenha recebido antecipadamente os salários correspondentes ao período do aviso, que integra seu tempo de serviço para todos os efeitos legais. (Brasil, 2011) 1 Cláusula contratual que prevê a possibilidade de rescisão antecipada do contrato por prazo determinado, com o pagamento de uma multa correspondente a metade do número de dias que faltam para a finalização do contrato, conforme prevê o art. 479 da CLT. 2 Súmula n. 163 do TST: “Aviso prévio. Contrato de experiência. Cabe aviso prévio nas rescisões antecipadas dos contratos de experiência, na forma do art. 481 da CLT” (Brasil, 2003). 18 A reconsideração da concessão do aviso-prévio pode ocorrer quando, depois de decorrido o prazo, ocorrer o arrependimento da parte que notificou o aviso-prévio, mas cabe ao notificado aceitar ou não a reconsideração, como estabelece o art. 489, da CLT: Art. 489 - Dado o aviso prévio, a rescisão torna-se efetiva depois de expirado o respectivo prazo, mas, se a parte notificante reconsiderar o ato, antes de seu termo, à outra parte é facultado aceitar ou não a reconsideração. Parágrafo único - Caso seja aceita a reconsideração ou continuando a prestação depois de expirado o prazo, o contrato continuará a vigorar, como se o aviso prévio não tivesse sido dado. (Brasil, 2011) Atenção Súmula n. 376 do TST Aviso-prévio. Renúncia pelo empregado. O direito ao aviso-prévio é irrenunciável pelo empregado. O pedido de dispensa de cumprimento não exime o empregador de pagar o respectivo valor, salvo comprovação de haver o prestador dos serviços obtido novo emprego. 5.3 FGTS O FGTS – fundo de garantia por tempo de serviço, é um percentual recolhido mês a mês pelo empregador, para todos os tipos de contrato de trabalho, que tem como base de cálculo a remuneração. Trata-se de uma obrigação para o empregador e um direito assegurado aos trabalhadoresurbanos e rurais. A multa sobre os depósitos do FGTS apenas é devida em casos de extinção do contrato de trabalho: despedida sem justa causa; despedida indireta; rescisão por força maior; culpa recíproca; distrato (acordo). Quadro 6 – Multa sobre o FGTS Art. 7º, inc. III, CRFB/88 FGTS Art. 10, I, ADCT Multa de 40% Art. 9º, § 1º, do Decreto nº 99.684/90 Multa de 40% Art. 28, do Decreto nº 99.684/90 Depósito em casos de interrupção do contrato de trabalho Art. 15, “caput” da Lei nº 8036/90 Percentual de 8% 19 Art. 15, parágrafo 7º da Lei n. 8.036/1990 Aprendiz no percentual de 2% Art. 18, parágrafo 2º da Lei n. 8036/1990 Rescisão por culpa recíproca Art. 18, parágrafo 2º da Lei n. 8.036/1990 Rescisão por força maior Art. 20 da Lei n. 8.036/1990 Hipóteses de saque dos valores Art. 484-A da CLT Acordo ou distrato Arts. 21 e 22 da LC n. 150/2015 Empregado doméstico FINALIZANDO Nesta aula, foram analisados os seguintes conteúdos: duração de jornada; intervalos; salário e remuneração; parcelas salariais e férias, 13º, aviso- prévio e FGTS. 20 REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 9 ago. 1943. _____. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. _____. Lei n. 12.506, de 11 de outubro de 2011. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 13 out. 2011. _____. Lei n. 1.999, de 1º de outubro de 1953. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 7 out. 1953. _____. Lei n. 6.514, de 22 de dezembro de 1977. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 23 dez. 1977. _____. Lei n. 12.740, de 8 de dezembro de 2012. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 10 dez. 2012. _____. Lei n. 6.203, de 17 de abril de 1975. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 18 abr. 1975. _____. Lei n. 8.966, de 27 de dezembro de 1994. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 28 dez. 1994. _____. Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 14 jul. 2017. _____. Lei n. 13.874, de 20 de setembro de 2019. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 20 set. 2019. _____. Decreto-Lei n. 1.535, de 15 de abril de 1977. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 13 abr. 1977. _____. Lei n. 9.528, de 10 de dezembro de 1997. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 11 dez. 1997. _____. Lei n. 605, de 5 de janeiro de 1949. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Rio de Janeiro, RJ, 14 jan. 1949. _____. Lei n. 4.090, de 13 de julho de 1962. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 27 jul. 1962. _____. Lei n. 4.749, de 12 de agosto de 1965. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 13 ago. 1965. 21 _____. Decreto n. 57.155, de 3 de novembro de 1965. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 4 nov. 1965. LEITE, C. B. Curso de direito do trabalho. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. NASCIMENTO, A. M. Iniciação ao direito do trabalho – de acordo com a reforma trabalhista. 41. ed. São Paulo: LTr, 2018.