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I' 'L~nd 11 1111 1 , > s mais 11 li ·, 111 o .· 1 ampo da ual e das ,1111 1 l:í .· 1i ·as "m jl II I u objetivo 1• :1 1·:1 11tlr ~1 1m público de ,1111, 1:1 ,', ·ríli tudiosos • .111innl ·s a art 111 I () :q p 1 .' ln ali:ctr m a história ' t >s 111a1 uais e estudos proporcionam nt s essenciais 1 :i ru a mpreensão da 1 ru n 1tti a la comunicação vis ia l. a Ci\ l'i\ 1'1•0J to gl'áfico Kmia 1-Carumi Terasaka lm 11,4cm 'í'IP Bridg man/ Keystone. Bruce N1 1111111111 , A11thro!S cio (Rincle Spinning), 1992. l l11111hurf.11: r Kunstha lle, Hamburgo, Alemanha. NOVAS MÍDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA .. ' NOVAS MÍDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA Michael Rush Tradução: Cáss ia Maria Nasser Revisão da tradução: Marylene Pinto Michael Martins Fontes São Paulo 2006 A Bill Castellino Agradecimentos A ajuda e orientação generosas, gostaria de agradecer a John Hanhardt, David Ross, Graham Leggat, Lorie Zippay, Barbara Lon - don, Tony Conrad, Jeffrey Shaw, Dan Sandin, Timothy Druckrey, Vito Acconci, George Fifield, Grahame Weinbren, Regina Cornwell, Galen Joseph-Hunter e o staff de Electronic Arts Intermix, Alexan dra Anderson-Spivey, Albert Sabatini, Pauline Hubner, Philip Wat son e, sobretudo, Nikos Stangos. Esta obra foi publicada originalme11te em inglês com o tft11lo NEW MEDIA IN LATE 20' "-CENTURY ART por Thames a11d Hudson. Copyright © 1999 Tliames mui /-J11dso11 Ltd, Londres . Copyrigltt © 2006, Livraria Martin s Fontes Editora Ltda., São Paulo, para n presente ediçílo. l ' edição 2006 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Rush, Michael Novas mídias na arte contemporânea / Michael Rush ; tradução Cássia Maria Nasser; revisão da tradução Maryle ne Pinto Michael. - São Paulo : Martins Fontes, 2006. - (Co leção a) Título original: New media in late 20th-century art. ISBN 85-336-231.3-5 1. Arte moderna - Século 20 2. Movimentos artísticos 3. Mul timídia (Arte) L Título . n. Série. 06-5349 CDD-709.0407 Índices para catálogo sistemático: 1. Multimídia : Arte contemporânea 709.0407 2. Novas mídias : Arte conternporânea 709.0407 Todos os direitos desta edição para o Brasil reservados à Livraria Martins Fontes Editora Ltda. Rua Conselheiro Ramalho, 330 01325-000 São Paulo SP Brasil Te/. (11) 3241.3677 Fax (11) 3101.1042 e-mail: info@martinsfontes.com.br http://www.martinsfontes.com.br 1-3 (página do titulo) Pipi lotti Rist, três cenas de /'m not the Girl Who Misses Much [Não sou a garota que sente fa lta de muita coisa], 1986. SUMÁRIO Introdução..... ... .......... ........ .. .... .................................. 1 Arte temporal 3; Filme e cinema de vanguarda I 9; De Duchamp e Cage ao Fluxus 14; Filme e cinema de vanguarda II 21 1. Meios de comunicação de massa e performance . . . .. . . . . .. .. . .. . .. . . . ..... ... ... .. .. . . .. .. . .. . .. . . . . . . . 30 Performances multimídia dos anos 60 30; Perfor mances de" estúdio" 39; Gutai japonês e acionismo vienense 47; Sexo e performance com meios de co municação de m assa 52; Tendências conceituais e minimalistas 55; Política, pós-modernismo e o novo espetáculo 58 2. Videoarte .. . . .. . . . .. .. . ..... ... .. . . . .. ... .. . . .. . . . .. . . . . . .. . . . . . . . . .. . 72 Um novo m eio de expressão 72; Vídeo conceitua! 86; Narrativas pessoais 101 3. Videoinstalação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110 Espaço escultural e vigilância 111; Explorar a política 119; Explorar o lírico 132; Explorar identidades 142 4. Arte digital . .. .. ... ... .. .. . ... ... .. . .. .. . . . . .. . . . .. ... .. ... . . . . . . . .. . 162 Arte computadorizada 165; Fotografia alterada digi talmente 175; Arte da Web 186; Arte digital interati- va 192; Realidade Virtual 202 Bibliografia...... ............. .. ....... .... .... .................. ........... 213 Lista de ilustrações..... ...... ... ... .. .... ... .. ....... .. .... ............ 215 Índice remissivo ............ ............. ....... .... ... .... ........... ,. .. 221 -- .- 1111 1 Ili! l111rél Prince, My Best 11 li 111 1111llirn L '1996 . Palavras e 111111111,11 11 11 11 (>( m em te las desde , 1111, 111 1111 •,rc11 lo XX, mas o que 11111 ,, l11111il l ilu d 11 arte, à política do dia, ou à política do eu. A maneira pela qual a ex pressão é transmitida e o meio é usado para atingi-lo levaram a tal proliferação de materiais que um crítico, Arthur Dan to, ·declarou" o fim da arte" como a conhecíamos. "Chegou ao fim", ele escreve, "quando a arte, como costumava ser, reconheceu que não havia nenhuma maneira especial segundo a qual uma obra de arte de via se apresentar." A vanguarda final do século XX, se é que devemos chamá-la assim, é aquela arte que engaja a revolução mais duradoura em um século permeado por revoluções: a revolução tecnológica. Iniciada por invenções fora do mundo artístico, a arte baseada na tecnolo gia (englobando uma variedadeArt Make-up [Maquiagem de arte], eles o mostram aplicando diversas cores à pele para mascarar sua identidade. Este tema veio à tona, mais tar de, em seus vídeos com palhaços. Nauman usava freqüentemente o palhaço como um ícone em performances com vídeo que ilustram o interesse do artista em linguagem e os extremos do comporta mento humano. O palhaço em Clown Torture [Tortura do palhaço] 41 (1987) era forçado a ficar em uma perna só e, em outra ocasião, a equilibrar dois aquários e um balde de água, enquanto gritava o tempo todo"Não, não, não"e"sinto muito, sinto muito". Este inte resse em comportamentos extremos reflete o grande interesse de Nauman por Beckett, cujas narrativas sucintas quase sempre mos tram pessoas em situações impossíveis: presas em latas de lixo ou enterradas na areia até o pescoço. A performance com vídeo de Nauman, Slow Angle Walk [Caminhada angular lenta] (1968), à qual ele deu o subtítulo Beckett Walk [Caminhada de Beckett], mos- tra o artista fazendo uma caminhada forçada no estúdio. Ele ergue a perna esticada, depois gira o corpo 180 graus antes de deixá-la tocar o chão. Pode-se imaginar Buster Keaton, que Beckett esco lheu como ator em seu único filme, intitulado Film [Filme] (1964), inventando tal movimento. Ações destrutivas, como aquelas da ita liana Gina Pane que cortou os dedos dos pés em sua escultura para a performance Le corps pressenti (1975), ressurgem na obra do artista Pier Marton (1950-), cuja série Performance for Vídeo [Performance para vídeo] (1978-82) continha seqüências onde Marton batia em si mesmo com um violão até este se desintegrar. Representações de extremos de linguagem e gestos lembram a idéia de Bertolt Brecht de alienação no teatro como meio paradoxal de atrair o público para mais perto da peça. Ao excitar as emoções dos espectadores, mesmo negativamente, o artista os envolve com a ação ou narrativa. 41. (d ireita) Bruce Nauman, cena de Slow Angle Walk (Beckett Walk) [Caminhada angular lenta (Caminhada de Becket!)], 1968. Em sua obra de vídeo e performance, Nauman estava interessado em apresentar ao espectador um processo esclarecedor, e não uma obra de arte comp leta, objetiva. Palhaços e pessoas pegas em situações extremas também refletem o interesse de Nauman na obra do escritor Samuel Becket!. 42, 43. (página ao lado) Bruce Nauman, duas cenas de Clown Torture [Tortura do palhaço), 1987. 44 NOVAS MÍDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA Acconci, cujo envolvimento com os meios de comunicação de massa engloba vídeo single-channel (uma fita e um monitor), insta lação e performance, expressou a essência de sua arte performáti ca em um ensaio de 1979, Steps Into Perfonnance (And Out): Se me especializasse em um meio de expressão eu estaria determi nando uma área para mim mesmo, uma área da qual teria de me li bertar, constantemente, à medida que um meio de expressão fosse substituído por outro - assim, em vez de me voltar para a."área", eu voltaria 'minha atenção para o "instrumento", focar-me-ia em mim mesmo como o instrumento que atuaria em qualquer área disponível. Acconci via a cena de vídeo ou de filme como algo que o sepa rava do mundo externo, colocando-o em uma "câmara de isola mento", como ele dizia, onde se conectava intimamente com seu material básico, o corpo. Fez seu primeiro vídeo, Corrections [Cor reções], em 1970, a pedido do curador e escritor americano Wil loughby Sharp, que fundou a efêmera Avalanche, uma revista dedi cada à arte corporal, à arte processual e ao vídeo. Corrections refletia seu interesse no imediatismo do vídeo. Podendo se ver no monitor enquanto gravava, Acconci tenta queimar uma mecha de cabelo da nuca, usando a imagem no monitor corno guia . Anteriormente, na quele mesmo ano, fez um filme de 8 mm, Three Adaptation States [Três estados de adaptação], uma gravação simples de movimentos em seu estúdio, que ele viu como sua transição da página (havia sido poeta) para a arte."Tive de deixar a página", diz ele,"e ao me nos cheguei ao chão." Em Centers [Centros) (1971), sozinho em seu estúdio com uma filmadora fixa, ele aponta para a lente em um 46 NOVAS MÍDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA gesto que vira a câmera de volta para o espectador. Fica em pé, de olhos vendados, em Contacts (Contatos] (1971), com uma mulher ajoelhada diante dele, mantém a mão diante de diversas partes de seu corpo, sem contudo tocá- lo. Novamente, uma câmera fixa re gistra suas tentativas de dizer o nome das partes de seu corpo à medida que ela move a mão em torno dele. Acconci não gostava do termo"performance" devido a suas as sociações com o teatro: "Odiávamos a palavra 'performance'. Não podíamos, não denominaríamos o que fazíamos de 'performan ce' .. porque performance tinha um lugar, e esse lugar, por tradi ção, era um teatro, um lugar ao qual se ia como se ia a um museu. " Contudo, apresentou-se em público. Em Pryings [Espreitadas] (1971) e Pull [Tração] (1971), Acconci e Kathy Dillon empenham-se em uma batalha de desejo e resistência enquanto Acconci tenta manter as pálpebras dela abertas, ou cada um deles tenta hipnoti zar e controlar o outro com jogos visuais. Acconci trouxe suas investigações do tempo e do corpo para o espaço das galerias quando, em 1971, colaborou com Dennis Op penheim e Terry Fax na galeria Reese Paley em Nova York. Fitando um enorme relógio de parede, de costas para o público, Acconci realizou movimentos particulares enquanto os outros artistas ja ziam no chão perto de um monitor de vídeo e sistema acústico. Em seu Command Pe1jormance [Performance de comando], 1974, Ac conci confronta o espectador da galeria, ao incorporá-lo ao am biente de vídeo. Em uma sala estreita, o espectador senta-se em um banquinho diante de um monitor localizado no chão. O moni tor mostra uma fita de Acconci, também deitado no chão, de cos tas, força ndo a cabeça em direção à câmera, implorando ao espec tador que o seduza, em um monólogo divagante que repete frases como: "Venha, meu bem, conquiste-me." Em outro monitor atrás do banquinho aparece uma imagem do espectador que está sendo filmado por uma câmera presa à parede acima do banquinho. To dos tornam-se voyeurs nesta dança de sedução múltipla. Naquela época Nam June Paik também estava trabalhando com meios de comunicação de massa e performance. Durante seu período no Fluxus no início dos anos 60, em várias colaborações com a música Charlotte Moorman, Paik criou performances musi cais e com vídeo que contestavam a maneira tradicional de tocar e ouvir música. Em TV Bra (Sutiã na TV] (1968), Moorman é filmada sem sutiã, tocando violino, e usando dois espelhos circulares sobre os seios, que refletiam câmeras focadas em seu rosto. Ele e Moor man foram presos em 1967 pela apresentação dela sem sutiã em Sextronique, onde as costas de Paik, sem camisa, tornaram-se o "baixo" para o arco de Moorman."Eu queria agitar as águas monó tonas compostas por mulheres e homens assexuados, trajando ter nos pretos, que tocavam música", disse ele certa vez. Paik e Moor man colaboraram em vários desses projetos, inclusive Concerto for 11'1 1 1 I / (('Squerda) Vito. Acconci, , 1111e / li nd [Segunda mão ou l ,111 l1 l1c1 rios segundos], I' 11t11 111,111ce na Galeria Reese ·1 1h y, 1enfatizar", escreveu em 1962, antes de sua apresentação na Galeria Pa rnass em Wupperta[,"que meu tra b~lho não é pintura, nem escultu ra, mas sim um a arte temporal: nao gosto de nenhum gênero em especial. " Embora Paik tenha aba ndonado a performa nce ao vivo nos anos 80, voltando-se para construções maciças de vídeo com vários monitores, sua ligação com a perform ance continua óbvia. É como se tivesse feito do monitor um artista por seu próprio mérito. Ele in jeta uma vida tão fren ética em suas instalações, com imagens cor rendo pelas tel.as, que as esculturas com vídeo mais parecem orga msmos mecamzados do que monitores inertes. Na verdade, desde 1964 ele fez vários "videorobôs", inclusive Family of Robot, Aunt (Fa mília de robô, tia] (1986) e Family of Robot, Uncle [Família de robô, tio] (1986), nos quais a principal impressão visual é criada pelos apa relhos de televisão, e não pelas imagens neles contidas. Ele agora ena o que se pode denominar instalações feitas para performances. Gutai japonês e acionismo vienense O grupo Gutai de pintores e artistas foi proeminente no Japão de 1954 a 1958, embora tenha existido até 1972. Em resposta à de vastação da Segunda Guerra Mundial, os artistas do Gutai expres saram um envolvimento violento com seu material. Filmes como 50. (página ao lado) Nam June Paik, Family of Robot, Aunt and Une/e [Famíl ia de robô, tia e tio), 1986. Paik ficou fascinado pela idéia cientifica de que o cérebro humano cresceu apenas depo is que o homem começou a caminhar ereto. Por volta de 1986 ele havia criado uma famíl ia de robôs, inclu indo avós, t ia e tio, pais e três filhos. 49. (d ireita) Nam June Pa ik, Concerto for TV, Ceifo and Video Tape. TV Cello Premiere [Concerto para TV, violoncelo e vídeo. Primeira apresentação de violoncelo pa ra TV], 1971. Nam June Paik contesta constantemente a idéia de "realidade" da imagem de televisão, ao colocar aparelhos de TV em posições inesperadas ou ao distorcer as imagens na tela. 48 NOVAS MÍDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA Guiai on Stage [Gutai no palco] (1957) e Gutai Painting [Pintura Gu tai] (1960) mostram artistas" atirando" em telas com flechas embe bidas em tinta, atingindo-as com luvas de boxe cheias de tinta, ou espatifando pinturas com seus próprios corpos. Embora ansioso para que suas ações antiarte fossem vistas e filmadas, o grupo Gu tai permaneceu envolvido com a pintura em vez de explorar novos meios de expressão. Foi apenas mais tarde que, no Japão, grupos como o Dumb Type empenharam-se totalmente nos meios de co municação de massa dos quais os japoneses, principalmente a Sony Corporation, tinham sido pioneiros . A expressão pós-guerra mais {adical de performance com meios de comunicação de massa foi a dos Wiener Aktionisten, os acionistas vienenses, principalmente Hermann Nitsch (1938-), Otto Muehl (1925-), Kurt Kren (1929-) eValie Export (1940-), muitos dos quais começaram como pintores. Repelidos pela guerra, pelo nazismo e seu legado, embora rejeitassem o modernismo aceito pelos museus, esses artistas procuraram fazer uma arte sensacional em termos programáticos. Buscavam inspiração tanto no entendimento de Freud do inconsciente quanto nas práticas artísticas liberais adota das pelo Fluxus. Com exceção de Valie Export, cujo âmbito artístico talvez tenha sido o mais amplo de todos, estendendo-se a escultu ra, vídeo, film e, fotografia, instalação e performance, os acionistas exa ltavam a "destruição" como via primária para a liberdade artísti ca e socia 1. "Não posso imaginar nada significativo onde nada seja sacrificado, d struído, desmembrado, queimado, perfurado, ator mentado, assed iado, torturado, massacrado ... esfaqueado, destruí do ou ani qu ilado", escreveu Muehl em 1963.As ações oriundas des sa maneira de pensa r quase sempre envolviam mutilação corporal, sexo sadomasoqu ista, esquartejamento de animais e práticas misó ginas, todas executadas para a câmera, às vezes com observadores (público), quase sempre em. Em Funebre (1966), uma das primeiras ações filmadas por Muebl, Ltm corpo nu jaz em uma cama, e é bor rifado com pigmento e manipulado por outras figuras nuas. Muehl li 1 1 50 NOVAS MIDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA fez as performances de Yves Klein no início dos anos 60 com mode los nus e tinta parecerem inocentes jogos de salão. Mais extremo foi Scheiss-Kerl [Homem-merda], 1969, um filme de 16 mm que mos tra graficamente atos de coprofilia. Um comportamento tão extremo em filme viria à tona novamente nos anos 80, na obra dos america nos Paul McCarthy e Ron Athey. Para Muehl, atos normalmente vistos como perversos ou de gradantes eram, de fato, formas de escapar às limitações impostas pelos padrões sociais. Por volta de 1971 ele abandonou a arte e as ações para formar uma comunidade, que existe até hoje, na qual a livre expressão sexual e interações desinibidas são a regra. Quando foi descoberto que algumas dessas práticas envolviam crianças, Muehl ficou na prisão por sete anos, de 1991 a 1998. Suas trans gressões e práticas supostamente utópicas eram, obviamente, into leráveis para a sociedade que ele achava estar tentando libertar. Kurt Kren, que colaborou como cineasta com vários artistas acionistas, estava particularmente interessado nas capacidades téc nicas de edição e manipulação de imagens. Ele fazia filmes experi mentais desde os anos 50, os quais eram estruturalmente influen ciados por práticas musicais em série do mesmo período. As técnicas de edição rápida e de repetição de fotogramas acentuavam as qua lidades materiais do filme, ao mesmo tempo que proporcionavam um novo vocabulário para" tempo", conforme experimentado pelo espectador. Kren foi atraído pela complexidade visual das ações de Gunther Brus (1938-) e Muehl, e viu nelas o potencial para criar seu tipo próprio de colagem em filme. Segundo a descrição do his toriador de arte Huber Klocker: "Os filmes de Kren são meios de expressão de armazenamento pictórico semelhante à colagem, or ganizados em uma nova forma de espaço e tempo, que comprime a massa pictórica como uma máquina, convertendo-à em pura energia." O filme colorido de 3 minutos Leda and the Swan [Leda e o cisne] (1964), uma das ações gráficas de Muehl, torna-se, nas mãos de Kren, uma ária sincopada de caos e abstração. Valie Export, que participou do final do acionismo, criou perfor mances, vídeos, filmes e eventos com meios de comunicação de massa desde meados dos anos 60, análises destemidas e quase sempre gráficas do papel da mulher na sociedade. Ela fundou a Austrian Filmmakers Co-operative e seus primeiros experimentos com performance e filme (Menstruationsfilm, 1966, Orgasmus, 1966) colocaram-na na vanguarda da performance feminista, opondo-se fortemente ao abuso de mulheres encontrado entre outros acionis tas como Muehl. Seus filmes e performances feministas, bem como seus primeiros experimentos em fo tografia arranjada, também são marcados por investigações tecnologicamente sofisticadas no cam po da percepção, da imagem fo tográfica e filmada, e da linguagem corporal. Por volta do início dos anos 70, ela já usava o vídeo em performances como Bewegungsimaginationen [Imaginação do movi- MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA E PERFORMANCE 51 mentol, 1974, que apresenta imagens filmadas e vídeo ao vivo. Já em meados dos anos 80, ela combinava meios de expressão (foto grafia arranjada, vídeo e filme de 16 mm) em obras como Syntagma 51 (1983). O objetivo a longo prazo de Export era resgatar a figura fe minina na arte. "No filme", ela diz, "o corpo feminino torna-se a imagem da mulher até que a história do filme e a história do cor- po da mulher sejam pra ticamente uma só." Enquanto os acionistas vienenses exercitavam supostamente sua liberação do socialismo nacional, artistas do bloco oriental de dicavam-se a atividades secretas que, quando descobertas, eram punidas com a prisão. Câmeras e vídeos eram ferramentas de vigilância usadas para espionar cidadãos e não deviam ficar nas mãos de indivíduos, muito menos de artistas, que poderiam usá-las de forma subversiva. Entre os grupos artísticos mais isolados do leste europeu estavam os romenos, aos quais era proibido qualquer tipo de reunião pública sem autorização. Assim, as performances, tais como eram, consistiam principalmente em ações particulares. Ion Grigorescu criou vários filmes de curta metragem e ensaios foto gráficos que exploravam seu sentido de identidade fraturado pelas mentiras e códigos secretos necessários para a sobrevivência em um Estado totalitário. Em filmes Super-8 como Boxing [Boxe] (1977), Man as Center of the Universe [O homem como centro do universo] (1978) e Dialogue with Nicolae Ceausescu [Diálogo com Nicolae Ceausescu] (1978), ele filma a si mesmo no isolamento de seu próprio quarto ou em um campo distante, refletindo o confina mento extremo de sua situação. Usava freqüentemente várias ima gens de si mesmo dentro da tela para sugerir o eu fragmentado e a eliminação de identidade pessoal imposta pelo governo. Tibor Hajas (1946-80) ainda era pouco conhecido fora de sua Hungria natal, mas suas performances fotográficas, nos anos 70, eram tão perigosas quanto subversivas. Em Oark Flash [Clarão es curo] (1976), ele pendia do teto de uma sala escura, preso por uma corda amarrada em torno das mãos. Segurando uma câmera em uma das mãos amarradas, tentou fotografar clarões de luz que oca sionalmente perfuravam a escuridão. Ao final da performan ce ha via um enorme clarão de magnésio enquanto Hajas, agora incons ciente, era libertado da corda. Já o quadro vivo em que se combinavam a performance l' os meios de comunicação de massa criado pelo famoso arti sta nl1• mão Gerhard Richter, do pós-guerra, e por Konrad Fischer, seu II H sistente, com a colaboração do pintor Sigmar Po]ke, era r ln liv.i mente conservador em comparação com a obra de Hajas. )1 11 111111 organizaram A Demonstration for Capítalist Realis111 [Ma ni Íl'ci l11 ~·1 111 em favor do realismo capitalista] (1963), durante a qu iJ I oc t1 p11 1111 um canto totalmente decorado de um a loja de 111 óvc is 1• 1·1·11111111111 maram um aparelho de televisão co111 i1m1g' ns d ' lt•111 1111 l11!t11 Aqui pode-se fazer certas ligações vi. uaiH m m '/ 'V 1 >,• 111///11,1:11 d1 1 51. Va lie Export, Syntagma, 1983. Este filme começa com a cena de duas mãos femininas forçando para abri r espaço entre duas tiras de celulóide. As mãos com unhas bem-fe itas começam, então, a "falar", em linguagem de sinais, o nome do fi lme. 52. Richard Hamilton, Just what is it that makes today's homes so different, so appealing? [O que exatamente torna os la res atuais tão diferentes, tão atraentes?], 1956. 52 NOVAS MÍDIAS NA ARTE CONTEM PORÂNEA Vostell e a colagem de Richard Hamilton, Just what is it that rnakes today's hornes so different, so appealing7 [O que exatame_nte torna os lares atuais tão diferentes, tão atraentes?] (1956), desafiando a apa rente tranqüilidade da vida doméstica com implicações de subleva ção social e política. Sexo e performance com meios de comunicação de massa A historiadora de arte Moira Roth estabelece o vínculo entre arte performática feminista e o chamado"teatro de rua", no qual haviam se engajado a tivistas feministas, como a interrupção do concurso ?e beleza Miss América em 1968. A revolta feminista contra os papeis aos quais os sexos se achavam limitados fazia parte de um_ mo~elo cultural de movimentos de liberação em todo o mundo, que mcluiam estudantes, pessoas de cor e homossexuais. Com Jonas e Sclmee mann como modelos, artistas feministas adotaram os meios de co municação de massa como parte de suas ações para performances; Em seu Video Live Pe1formances [Performances ao vivo com v1- deo] dos anos 70, a artista alemã Ulrike Rosenbach (1944-) mon- 1i l C, rhard Richter e Kon rad 11 1 l1 11 r, A Demonstration for 1 //1/ln/ist Realism [Manifestação , 111 l 1vor do rea lismo capita lista], l '111 l , Gerhard Richter e Konrad 11 , linr formam um quadro vivo 1111 11111 a loja de móveis , 111 p1,111Lo imagens de teor 1111 111 1c o aparecem em uma tela h IV MEIOS DE COMUNICAÇÃO DL MIi', !\ 1 1'1 HI ()IIM/\NC 1 ~ tou quadros gráficos, que eram executados ap •11 ns pu1,1a d nwrn . Suas performances públicas multimídia, que, cm sunCombinando ação ao vivo no palco e um filme computadorizado tridimensional (feito por Jeffrey Kleisc1· e Diana Walczak), a obra oscila entre ilusão e realidade, tudo sob a ação de um painel de controle computadorizado. O compositor americano Robert Ashley (1930-) cria óperas x perimentais desde os anos 70, que combinam música motivada pelo som de um texto falado e imagens de vídeo projetadas, in cor porando imagens abstratas, imagens apropriadas (às vezes de prn gramas de televisão) e palavras. Music with Roots in the Aether [M ú sica com raízes no éter] (1976) foi um trabalho de 14 horas, base.:, do na música e obra de compositores contemporâneos, n tre OH quais Philip Glass, Alvin Lucier e Steve Reich. Dust [Pó], de Ash lvy (1999), uma meditação fragmentada sobre a solidão na A1rn.\icn contemporânea, incorporou cinco telas eletrolurninescentes, hl•111 corno uma grande tela horizontal acima da área de perfon11n 1w1•, sobre as quais foi projetada urna série de imagens vertiginos, H l'i11 boradas pelo artista japonês Yukihiro Yoshihara. Para Wil son 1' Â H hley, bem corno para muitos outros artistas que in oq m11 111 11 meios de comunicação de massa à sua obra, o víd o o íi l11w 11111 porcionam elementos arquitetônicos adicionais ao 0111bi1•1111 • il11 palco e permitem maior manipulação do tempo. 56 . Robert Wilson, Deafman Glance [Vislumbre do surdo], 1971. 56 NOVAS MÍDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA Eiko e Koma, dançarinos japoneses associados ao minimalismo e ao teatro japonês de vanguarda, usaram tanto o filme quanto o vídeo em seu projeto de 1998 para o Museu Whitney, Breath [Res piração], onde apareceram ao vivo em meio a um ambiente de pro jeção de vídeo e filme. Paisagens fluidas de formas da natureza e fo rmas mutáveis de seus corpos em movimento sugeriam relações entre o corpo vivo e a imagem filmada"ao vivo". A natureza maleável das percepções que os espectadores têm da realidade é preponderante na obra de Douglas Davis (1933-). Em 1977, como parte de documenta vi, Davis planejou uma transmissão internacional via satélite para mais de 25 países. Davis, que estava em Caracas, Venezuela, apresentou The Last Nine Minutes, no qual falou com o público sobre a distância espacial/temporal entre eles. Foram incluídas na transmissão performances de Nam June Paik e Charlotte Moorman (TV Bra, TV Cello e TV Bed [Sutiã na TV, Violon celo na TV e Cama na TV]) e uma performance/palestra de Joseph Beuys sobre uma de suas teorias utópicas de arte. Davis ampliou esta mesma prática em 1981 com Double Entendre, outra performan ce ao vivo, via satélite, ligando o Museu Whitney em Nova York ao Centro Georges Pompidou em Paris, na qual Davis examina um caso de amor transatlântico. Ao mesmo tempo, ele contesta idéias de conexão eletrônica, limites sexuais e culturais bem como teorias da linguagem; tudo isso baseado em um texto do teórico francês Roland Barthes, A Lover's Discourse [Fragmentos de um discurso amoroso] (publicado pela primeira vez na França em 1977). A ligação intelectual com arquitetura, teorias de espaço públi co e privado e questões de percepção levou Dan Graham (1942-) l,11 lm ) Dan Gra ham, 1 /i 1111111nce/Audience/Mirror 11 i/111 11 11111ce/Público/Espelho], 1977. ( il111lxo) Robert Wilson e 1111 111 11 il,1 s, Monsters of Grace li (1111, 11 0s da Graça], 1998. Para li 111 1, (,)S lementos de design 11 11 1, l!'ntam meramente a 1 1 1 11 1! 1~ sao a obra, o próprio 1111 111!0 de seu teatro. "Ouça l1111 1u11 11s", diz ele. MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA E PERFOHMJ\N 1 7 a criar obras de performance e instalação que envolviam os es pL'l' tadores, ao focarem diretamente sua posição de observadores m determinado espaço e tempo. Espelhos, sistemas de vídeo de ci1· cuito fechado e ambientes complexos de observação são freqüen temente usados por ele para envolver o espectador em suas idéias sobre público e espaço físico. Em Performance!Audience!Mirror [Ar tista/Público/Espelho] (1977), Graham posicionou-se em um espaço para performance, de costas para um espelho, de frente para o pC1- blico. Ele analisou os movimentos do público e seu possível signi ficado e, depois, virou de frente para o espelho, analisou seus mo vimentos e os do público quando"filtrados"pelo espelho. Questões de subjetividade/objetividade, o observador e o observado, público ~ artista fo ram tratadas como relações variáveis e muito subjetivas. A medida que seu uso de tecnologia de vídeo foi ficando mais so fisticado, Graham começou a incorporar o vídeo aos seus ambien tes espelhados. Em 1983, Pe1formance and Stage Set Utilizing Two Way Mirrar and Video Time Delay [Performance e montagem de pal co com espelho dupla -face e vídeo de reprodução diferida], criado para sua retrospectiva no Kunsthalle de Berna, consistia em músi cos e público sentados de frente'um para o outro, com um enorme espelho dupla-face no meio. Um vídeo filmado ao vivo era proje tado sobre o espelho com um atraso de seis segundos, criando um caleidoscópio virtual de imagens com percepção deformada, e du rante essa projeção o público observava os artistas apenas através do filtro do espelho e do vídeo, enquanto também via a si mesmo e aos artistas com um atraso temporal. Esta sensação de desorien tação contestava a postura do público como observador. Graham 1 , 59. Dan Graham, Three Linked Cubes/Interior Design for a Space Showing Vídeos [Três cubos conectados/Projeto de interiores para um espaço de mostra de vídeos]. 1986. 60. T. R. Uthco e Ant Farm (Doug Hall, Chip Lord, Doug Michels, Judy Procter), The Eternal Frame [O fotograma eterno]. 1975. Cada fotograma do f ilme amador de 8 mm, de Abraham Zapruder, do assassinato do presidente Kennedy, foi objeto de mais especulações que qualquer outro filme na história. 58 NOVAS M ÍDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA continua a criar ambientes de observação, por exemplo, Three Lín ked Cubes/Interior Design for a Space Showíng Vídeos [Três cubos c~ nectados/Projeto de interiores para um espaço de mostra de Vl deos] (1986), um espaço com vidro transparente e espelhado, apr_e sentado na exposição de 1997 no Museu Guggenheim, Rooms wzth a Víew: Environments for Vídeos [Salas com uma vista: amb1ente_s para vídeos], e uma versão atualizada deste, New Space Showmg Vz deos [Novo espaço para mostra de vídeos] (1995). Em ambos os ca sos, os alJ)bientes permitem ao espectador v:r e ser visto; o espec tador torna-se, ao mesmo tempo, artista e publico. Política, pós-modernismo e o novo espetáculo As práticas interativas de Graham refletem as teoria_s da Situa tionist International, uma coletiva informal de artistas e intelectuais europeus, cujo principal porta-voz, Guy Debord (1931-94), teve profunda influência sobre artistas na Europa Ocidental e nos Est~ dos Unidos. Central ao pensamento situacionista (uma combmaçao de marxismo, psicanálise e existencialismo) era que a teona p~de, e deve, ser O foco de" ações artísticas" de artistas e outros md1V1duos envolvidos. Guiados por Debord, principalmente em seu :nsaio de 1967 "The Society of the Spectacle" [A sociedade do espetaculo], os situacionistas, sobretudo por meio de escritos, agitaram em f~vor do controle popular de espaços urbanos. Uma de suas pubhcaçoes, 0 11 the Poverty of Student Life [A pobreza da V1da _estudantil] (1966~67), prenunciou as revoluções estudantis mundiais_ de 1968. Arhstas como Graham e Douglas Hall retrataram vanaçoes sobre os mani festos situacionistas em sua obra. Hall tornou-se d1Ietam_ente asso ciado ao teatro político como um dos fundadores da coletiva de per formance multimídia T. R. Uthco, de São Francisco. Imciado em MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE M ASSA E 1 ~Rl·0 11Mi\Nao vivo, fihnes de arqL1ivo do assassinato real e filmagens das reações de espectadores à" repmd u ção" do evento, este projeto tornou-se um registro mordaz do fa scí nio americano por mitos, heróis e imagens televisuais. Hall também parodiou a política americana em sua performan e com vídeo The Speech [O discurso] (1982), durante a qual apresentou um discurso de campanha política vazio e repleto de lugares-comun , de pé em um palai1que, cercado pela "imprensa" e "simpatizantes". Em Amaril/o News Tapes [As fitas dos noticiários de Amarillo J (1980) Thís Is the Truth [Esta é a verdade] (1982), Hall contestou a própria no ção de "verdade" no contexto dos meios de comunicação de massa, enquanto engajava sua inquirição consta11te sobre o poder da lingua gem no contexto do "espetáculo público". Sem se desculpar pela fal ta de conteúdo intelectual, Mike Smith (1942-), em suas performa11- ces, vídeos e instalações desde o final dos anos 70, dá alfinetadas na banalidade da televisão comercial dos Estados Unidos na pessoa de seu personagem fictício"Mike". ,Sem idéias próprias, Mike é um re ceptáculo vazio que acolhe tudo o que a televisão tem a oferecer. Smith criou várias comédias na forma de performance, apresentando seu humor conceitua] e inexpressivo em obras como Down ín the Rec Roam [Na sala de recreação] (1979), Secret Horror [Horror secreto] (1980) e Mike Builds a Shelter [Mike constrói um abrigo] (1985). 6'1-65 Esse"humor conceitual"ficou evidente desde o final dos anos 60 e atingiu a apoteose no pós-modernismo dos anos 80. Embora es tudiosos ainda questionem as definições de pós-modernismo, cer- tas tendências na prática de artistas nos ajudam a defini-lo. No tea- tro multimídia, as obras hipercinéticas do Wooster Group de Nova York são representativas da performance pós-moderna. O grupo oferece interpretações de peças clássicas - como Emperor fones [O imperador Jones] de Eugene O'Neill, apresentada pelo grupo pela primeira vez em 1994, Hairy Ape [Macaco peludo], 1995, ou Hou se!Lights [Casa/Luzes], 1997, baseada em Dr. Faustus Lights the Lights 66 [Dr. Fausto acende as luzes] de Gertrude Stein - combinadas com meios de expressão modernos. Os textos originais das peças, embo- ra intactos, ficam quase irreconhecíveis no meio do grande número de decibéis, vozes amplificadas e artistas ao vivo competindo pela atenção dos espectadores com versões em vídeo de si mesmos mos tradas em vários monitores espalhados pelo palco. Ao capitaliza r a singularidade de O'Neill ou Stein, proporcionam a representaç5o gráfica do que o crítico e teórico social Fredric Jameson cita 1110 o artista pós-moderno "apoderando-se de suas idiossincrasias t' t'X centricidades para produzir uma imitação que ridiculariza o 01 lgl na!". Mas, em vez de participar da banalidade da cultu ra loH 11Wlrn de comunicação de massa, esses artistas (liderados I or l ,iil l ,1• Compte, que dirige a maioria de suas produções), na Vl'rd 1d •, t• Ia não eclipsar a ação no palco." La Fura deis Baus, o grnpo internacional de performan ce fundado em Barcelona em 1979, contestou abertamente os meios de comunicação de massa em seu fantasmagórico F@usto: Version 3.0 [F@usto: Versão 3.0] (1998). Corpos ensangüentados, o fogo do inferno projetado em telas enormes e atores pendendo do teto ou flutuando no ar em" úteros" mecanizados, cheios de água, compunham representações gráficas ousadas para ilustrar a histó ria de Goethe sobre o pacto entre o homem e o demônio. Lepage afirma gue foi influenciado pelos métodos de trabalho improvisados do diretor de teatro britânico Peter Brook (1925-), cuja companhia internacional com sede em Paris criou obras quase sem pre baseadas em fontes clássicas e literárias (por ex., The Mahabara ta, uma epopéia de nove horas de duração, desenvolvida ao longo de vários anos na década de 80) . Embora Brook tivesse sido também diretor de cinema no início da carreira, ele não é associado aos meios de comunicação de massa. Contudo, fez uso significativo de vídeo ao vivo, de grande formato, em sua produção de 1992, The Man Who [O homem que], basea3o no livro de Oliver Sacks, The Man 72. (direita) Peter Brook, The Man Who [O homem que]. 1992. Na adaptação feita por Brook de The Man Who Mistook His Wife for a Hat [O homem que confundiu sua mulher com um chapéu]. de Oliver Sacks, as imagens de vídeo funcionam como mecanismos espelhados para o personagem cent ra l, que esquece os acontecimentos assim que eles ocorrem. 73. (pág ina ao lado, acima) Ping Chong, Deshima, 1993. 74. (página ao lado, abaixo) Kristin Lucas, Host [Anfitriã]. 1997. A fi lmadora funciona como uma extensão do próprio corpo para Kristin Lucas, que g ralmente prende pequenas câmeras e projetores à cabeça durant performances ao vivo. 66 NOVAS MIDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA Who Mistook His Wife for a Hat [O homem que confundiu sua mu lher com um chapéu], sobre um homem com lesão cerebral. Outras companhias de teatro experimental que quase sempre usam meios de comunicação de massa em seu trabalho incluem grupos como Squat Theater (fundado na Checoslováquia), Dumb Type do Japão, Impossible Theater (uma coletiva americana dos anos 80, cujo uso de métodos sofisticados com meios de comuni cação de massa em produções como Social Amnesia [Amnésia so cial] , 1986, te.ve como objetivo criticar a tecnologia) e companhias associadas aos espaços al ternativos para performances, como La MaMa ETC em Nova York, para as quais artistas como Ping Chong, com formação em film e e dança, e o autor deste livro, com forma ção em teatro e fo tografia, usam meios de comunicação de massa como elementos poéticos em obras abstra tas que combinam músi ca, dança e textos em ambientes visuais imagistas. Embora o uso sofisticado de meios de comunicação de massa tenha entrado em produções teatrais experimentais nos anos 80, grande parte da performance de baixa tecnologia é praticada por artistas mais jovens, cujas apresentações despojadas mais parecem eventos do Fluxus do que teatro. Nos Estados Unidos, Kristin Lu cas (1969-) representa uma linhagem jovem entusiasmada para quem a filmadora da linha Hi-8 funciona como objet trouvé, permi tindo a criação de colagens com meios de comunicação de massa (ou "improvisações com vídeo", como ela gosta de chamá-las), , elegantes em sua simplicidade. Ao prender uma câmera ou peque no projetor a um capacete, Lucas, quase sempre trajando macacão alaranjado de operário, como em Host [Anfitriã] (1997), faz perfor mances em tempo real, projetando sobre as paredes de galerias ou de espaços temporários para performances, imagens recentemen te filmadas de encontros com policiais ou com outras pessoas que ela conhece. No final dos anos 90, técnicas multimídia, iniciadas tão espon taneamente por grupos experimentais de teatro e dança no final dos anos 60, tinham se infiltrado em espetáculos realizados em es tádios e no teatro convencional, especialmente em shows de rock 75. Montagem na Broadway do musical Tommy, 1995. A tecnologia de vídeo tornou-se marca registrada de shows de rock e de muitas produções teatrais comerciais em grande escala, por exemplo, Tommy do grupo The Who. 68 NOVAS MÍDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA O musical da Broadway, Tommy, composto como ópera-rock pelo grupo The Who nos anos 70 e apresentado na Broadw~y. em 1995, mostrava várias projeções de vídeo em torno do proscerno do tea tro. Agora quase todo show de rock apresenta projeção de vídeo ao vivo dos artistas, expandindo o ca1::po de visão par~, grandes mu;, tidões, além de aumentar a sensaçao de um evento s1gmficativo , hipercinético, que ocorre no palco. . , . . Atrás das cenas da maioria das performances multim1d1a do fi nal do século estão os painéis de controle digital que, com o toque de um botão, comandam iluminação, som, vídeos, filmes e muito mais. Os vídeos usados são feitos cada vez mais em câmeras digi- /l 1 (tl baixo) Foirades/Fizzles de n11111el Beckett, adaptado e il lrlf) ldo por Michael Rush, 1994. li1 111gcns animadas e congeladas ,11 1 r• centam camadas de tempo 11 111 mória às vozes dos 11111 1,onagens de Beckett. 11 , IJlnas seguintes: I / , Robert Lepage, Need/es and , !/1/um [Agulhas e ópio], 8-12 d,,, mbro, 1992. MEIOS DE COMUNICAÇAO DE MASSA I i' l lU OHMN li 1 tais e editados com tecnologia computadorizad a ligilnl. l(11 i1 1 11,p 11 pamento compara-se à filmadora Portapak, trinta e nos 11 11 11 11111 meio relativamen te barato consegue efeitos que, oul t'Ol'll , q 11 11111 produtores comerciais poderiam custear. É esta disp nibilitl 11tl1 1 ti,• tecnologia acessível que sempre manteve um paralelo 01111 1· 11 ti, senvolvimento da arte e os meios de comunicação d' 11111: 1Hr1 À• 1 mesmo tempo que artistas filmavam suas performan C'~ 011 1111 ·111 paravam filme e vídeo ao teatro e à arte performática, oul1111 111 ziam vídeos single-channel que eram, freqüentemente, n1fi[1111tl11 pessoais a um meio de expressão que raramente profcssavn 111•1 111 tístico: a televisão. 2. VIDEOARTE Um novo meio de expressão Talvez os críticos ainda estivessem (na verdade, ainda estão) debatendo a viabilidade estética de Fountain [Fonte] (o urinol de cabeça para baixo enviado a uma exposição de arte em 1917) de Marcel Duchamp em meados dos anos 60, mas já naquela época as fronteiras da arte tinham sido tão ampliadas que não existiam mais "limites". Na verdade, objetos manufaturados como Fonte foram apenas o começo. Em Nova York os Happenings de Allan Kaprow, Claes Oldenburg e Jim Dine, as telas com diversos materiais (com camas, galinhas recheadas e cabos) de Robert Rauschenberg, as instalações corporais de Carole Schneemann e os painéis de néon de Dan Flavin são apenas alguns exemplos da multiplicidade das obras de arte em exposição naquela época. A máxima do crítico Clement Greenberg de que o significado da arte (que para ele sig nificava pintura ou escultura) deveria ser encontrado no próprio objeto agora era contestada pela idéia de que, na prática da arte, o conceito e o contexto eram o fundamental. O minimalismo e o conceitualismo, seu produto, eram as for mas dominantes do período."Desembaraçados da condição de ob jeto", escreveu a crítica de arte Lucy Lippard,"os artistas ficaram livres para deixar a imaginação correr solta." Nas artes visuais, re jeitou-se o ilusionismo em favor de uma simplicidade despojada, mais próxima do desenho industrial que do pictorialismo. Esta ati tude refletiu a crescente tendência, na arte, de eliminar as fronteiras entre ela e o cotidiano, ou, segundo a história, entre"alta" e"baixa" arte. E, além dos limites do mundo da arte, o meio que predomina va na cultura de massa nessa época era a televisão. As histórias da arte do período começam quase sempre com Flag [Bandeira] (1954-55) de Jasper Johns, Stripe Painting [Pintura de listras] (1959) de Frank Stella ou Brillo Boxes(1964) de Andy Warhol, e não com algum debate de videoarte. Em parte isto acon tece porque deve-se considerar a videoarte, que surgiu em meados dos anos 60, partindo do ponto de vista de um mundo cada vez mais dominado pelos meios de comunicação de massa, sobretudo a televisão; e isto, para muitos críticos, está bem longe das preocu pações da arte. Contudo, como observa a curadora do Museu de Arte Moderna de São Francisco, Christine Hill, "uma idéia funda mental defendida pela primeira geração de videoartistas era que, para existir uma relação crítica com a sociedade televisual, era pre so primeiramente participar de forma televisual". li,:"'' Mr. ~J,t1,,'.ma:,t1 l,ip hi1H1tl/-Cnil B. ~ Mill• - voj{,yi"l M"&'u.,m.v B1i-P1a1deoarte. Aparentemente, Paik pegou a fita m imag ns lo f 'np11, 79. TVTV, Four More Years [Mais quatro anos], 1972. A aparência das entrevistas com câmeras portáteis, de baixa tecnologia, logo passou a ser admirada pelo noticiário da televisão convencional por causa do caráter imediato e autêntico que sugeriam. 76 NOVAS MÍDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA filmadas de um táxi, e naquela noite mostrou os resultados em um ponto de encontro de artistas, o Cafe à GoGo, concretizando assim a primeira apresentação de videoarte. O que leva a filmagem do Papa, por Paik, a ser classificada como videoarte? Basicamente, con sidera-se que ela seja arte porque um artista reconhecido (Paik), as sociado à performance e à música experimental, fez o vídeo como uma extensão de sua prática artística. Ao contrário de um jornalis ta fazendo seu trabalho com o Papa, Paik criou um produto tosco, não comercial, uma expressão pessoal. Ele não estava " cobrindo" a notícia da visita do Papa, mas captando uma imagem que, para ele, possuía valor cultural e artístico. É provável, de uma perspectiva histórica, que a filmagem do Papa feita por Paik tenha recebido a designação de" o primeiro" trabalho de videoarte nos Estados Uni dos, em grande parte devido à subseqüente designação de Paik como o primeiro videoartista mais prolífico e influente. Além disso, ele tornou-se o primeiro "porta-voz" de videoarte. "Assim como a técnica de colagem substituiu a tinta a óleo", disse ele,"também o tubo de raios catódicos substituirá a tela." Aqui, o que está em questão é a intenção do artista, ao contrá rio da intenção do executivo de televisão, do cineasta comercial ou mesmo do videomaker: a obra não é um produto para venda ou con sumo de massa. A estética de videoarte, por mais intencionalmente VII li l 11\IUI 11 informal que possa ser, exige um ponto de J rlldu nil í111 lc11, 11111 parte dos videoartistas, semelhante ao do empr ' ' 11 llnwnlo 1•1111111 coem geral. O vídeo, como forma de arte, deve ser d isl inguldo tl1 H usos de vídeo, mesmo os executados de modo artís ti co, l' l11 d1w11 mentários, notícias e outros campos significativos, ou s jn, nd11 11111 dos. "Arte" e "artístico" são termos distintos, embora ligados, q111• existem para nos ajudar a diferenciar entre o que pode, ou niio, r11•1 considerado arte. Técnicas artísticas podem dar vida à televisão L'O mercial, propaganda etc., mas não são, em si mesmas, o que nor malmente chamaríamos de arte. A arte está na intenção do arliSlii : fazer ou conceber algo sem a limitação de algum outro objetivo. Â intenção dos videógrafos ativistas, por mais artística que foss sun execução, não era criar um momento de expressão pessoal qual quer que fosse sua aplicação prática (aqui, uma alternativa para a reportagem tradicional). Certamente isto não quer dizer que a única análise histórica le gítima de videoarte deva começar com aqueles artistas oriundos d meios de expressão mais tradicionais, como a pintura ou a música, e que incorporaram o vídeo a uma cultura artística essencialmen te pictórica. Mas precisamos reêonhecer, como destaca John Ha nhardt, curador do Museu Guggenheirn em Nova York, que é a cul tura museológica conservadora que se tornou a fonte corroborante máxima para todas as obras de arte . Os artistas reconhecidos por esse sistema, na maioria das vezes, vieram de meios de expressão estabelecidos: a pintura e a escultura. Paik, que estudou estética e música no Japão nos anos 50, é cla ramente representativo do videoartista, ao contrário do ativista ou repórter. Nascido na Coréia, mudou-se para Nova York em 1964 (vindo da Alemanha, onde fora estudante) especificamente, como ele diz, por causa de John Cage, cujo trabalho experimentai em música e performance causou enorme impacto sobre muitos artis- tas jovens na época. Enquanto vivia na Alemanha Ocidental, co nheceu Cage e outros artistas do Fluxus e participou do que ele considerou o primeiro festival Fluxus, o Fluxus Intemational Festival of Very New Music, realizado no auditório do Stãdtisches Museum em Wiesbaden. No festival, Paik"encenou"um"roteiro" do compo- sitor LaMonte Young que consistia inteiramente na instrução: "De senhe uma linha reta e siga-a."Paik mergulhou a cabeça, as mãos HII, HI e a gravata em um recipiente com tinta e suco de tomate, e, com eles, produziu um rastro sobre uma tira comprida de papel, colocado na horizontal. Posteriormente, retomou a esta linha reta única 111 seu Video Buddha em 1968, que apresenta o Buda sentado diant dt• uma tela de TV, na qual aparece apenas uma linha horizontal pl'l' ln, Para Paik e outros praticantes do início da videoarte, in luHiVl' Dan Graham, Bruce Nauman, Joan Jonas e John Bald ssari, íol 11 capacidade de transmissão instantânea da i1nage111 pel ví il'O q111• mais os atraiu, além de seu preço rela tivam 'nt a ssív L l\11'11 •11 78 NOVAS MIDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA ses artistas, todos eles preocupados com temas referentes ao tem po (e, freqü entemente, também à memória), a espontaneidade e a instantaneidade do vídeo foram cruciais. O vídeo registrava e re velava o tempo instantâneo, ao passo que o filme tinha que ser tratado e processado. Segundo Graham, "o vídeo devolve dados originais ao ambiente imediato, em tempo presente .. º filme é contemplativo e 'distante', afas ta o observador da realidade pre sente e faz dele um espec tador". Além disso, à medida que foram formulados meca nismos de projeção múltipla, especialmente por Paik, foi possível rep1·esentar a percepção quase sempre caótica e aleatória de várias imagens competindo constantemente por nos sa atenção. O vídeo também proporcionou uma sensação de intimidade gera lmente im pere ptível no filme. Nas mãos de artistas como Vito Acconci e Bruce Naurna:n, que literalmente viravam a câmera para si mesmos em situações fabricadas (Acconci) ou no estúdio (Nau man, Howard Fried) , vídeo tornou-se uma extensão do gesto ar tístico há tanto tempo associado à pintura, e principalmente aos expressionistas abstratos, que nfatizaram o próprio ato físico de 11 (pl'ig ina ao lado, esquerda) l l 11 11 l11 ne Paik, Zen for Head 1 11 11 p.ira a cabeça], 1962. 1 (p,\q ina ao lado, direita) 11111 1 lt lllC Paik apresentando 11111111':/tion 1960 #10 1 ,,11q imiçao 1960 n? 10] de La 11111111 Young para Bob Morris li li II ti 11 \Cu Zen for Head nos 1111 11 111 /crnationale Festspiele 1 111 1111 Musik [Festiva is ,111, 11 1111 kmais do Fluxus de 111 11 l l{lf nte], Wiesbaden, 1111111! ,1, 1962. 1,l11 11llil) Nam June Paik, 1 1111 , 11 d TV na galeria 111 1 , 11111 Wuppertal , 1963. l11il111 11 1lrn nas telas de TV 1 1 1lf 11 1IINia, na verdade, a 11 11 l1 ,1 lt 11 ilgcm a aparecer 1111111110 ,1parelho de 1 11 110 fina l dos anos 30. VlltJ11 111 pintar. Com o vídeo, era possível gravar o gt'~l11 d() 11 1!!11 1111• 1tl 111 1 var seu corpo no ato da criação. Na época em que comprou sua Portapak, l'nik j11 t•11 l11 v1 11•11 v1 ti vido com o uso da televisão em sua arte. Em 19/,,, 11li 1 uma caixa de madeira atrás de uma tela branca. "Declara -se que () aparelho de TV é a escultura d9 século XX", disse ele na época dn l'X 83. Nam June Paik, Zen for TV [Zen para TV], 1963-75. 80 NOVAS MÍDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA posição, parecendo tão confiante quanto Paik havia sido sobre a mor te da tela de pintura. Seu entusiasmo inicial proporcionou um ponto de convergência para a nova arte eletrônica.Vostell e Paik recolocaram o monitor em outro contexto, inaugurando assim uma nova maneira de ver a pequena tela divorciada do local usual, comercial, dentro dos lares. Agora que a televisão estava liberada, por assim dizer, do con trole dos produtores comerciais, os artistas podiam analisar o que co locariam nela para substituir a maioria do conteúdo comercial. Uma atitude crítica em relação à televisão dominou a videoar te desde sua origem até meados dos anos 80. Como os artistas de filmes do Fluxus antes deles, os videoartistas encarregaram-se de comentar, freqüentemente no tom irônico do pós-modernismo, as guerras culturais em torno da televisão e sua prevalência no am biente doméstico do século XX. Television Delivers People [A televi são liberta] (1973), de Richard Serra (1939-), apresenta um texto criticando a televisão como entretenimento comercial. Para enfati zar sua crítica cultural, Serra usa uma trilha sonora de musak, uma música híbrida e insípida tocada em elevadores e shopping centers no mundo todo. Em uma série de teipes do início dos anos 70, en tre os quais Studies in Black and White Videotape [Estudos em video teipe em preto-e- branco) (1971), Talk-Out (1972) e Street Sentences 11•1 Wolf Vostell, TV De-coll!age N11. t, 1958. VIDEOARTE 81 [Sentenças de rua) (1972), o artista e crítico americano Douglas Davis (1933-) aproveitou sugestões recebidas sobre o uso do tem po e do espaço pela televisão, ao romper a"quarta parede" e abor dar diretamente o espectador. Como Acconci, ele desmascara a su posta intimidade deste meio de comunicação de massa e o revela como o dispositivo de distanciamento que de fato é. Taka Iimura (1937-) lutou com a natureza ilusória da linguagem e da imagem filmada em seus vídeos, do início dos anos 70, que alteram a per cepção. Em Double Portrait [Retrato duplo] (1973), retardando are produção de áudio e invertendo a de imagem, Iimura expõe a"rea lidade" questionável das imagens eletrônicas. Os efeitos entorpecentes dos comerciais de televisão são entre meados com imagens de guerra perturbadoras em Das Softiband [O teipe Softi] do artista alemão Klaus vom Bruch (1952-). Repetições aparentemente intermináveis de um comercial de lenços faciais enfatizam o poder da televisão para banalizar até mesmo os even tos mais pungentes, enquanto filmes de guerra de arquivos compe tem, com o comerci al, pa ra conquistar a atenção do espectador. Críticas culturais e de meios"de comunicação de massa chegam a uma síntese kafkiana nos vídeos do artista japonês Mako ldernit su (1940-) sobre membros de uma família que são torturados e / Abaixo, em sentido horário a partir do canto superior esquerdo: 85. Douglas Davis, Video against Video [Vídeo contra vídeo], 1972. 86. Douglas Davis, Street Sentences [Sentenças de rua ], 1972. 87 . Douglas Davis, Talk Out, 1972. 88. Douglas Davis, Studies in 8/ack and Wh ite Videotape [Estudos em videoteipe em preto-e-branco], 1971. 82 NOVAS MÍDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA nunca conseguem escapar ao olho vigilante da mãe porque ela está sempre espreitando-os por meio de um monitor de televisão, aon de quer que vão. Idemitsu expressa a natureza rígida da vida japo nesa por meio de novelas de televisão melodramáticas que passam continuamente no fundo de suas narrativas psicológicas como HI DEO, It's Me, Mama [HIDEO, sou eu, a mamãe] (1983) e na trilogia Great Mother [Grande Mãe] (1983-84). Além de criticar a televisão, vários dos primeiros videoartistas adotaram a tecnologia da câmera e criaram meios de expressão inovadores que eram tanto usados por outros artistas, quanto co mumente usurpados pela propaganda e pelos meios de comunica ção de massa convencionais. O americano Ed Emshwiller (1925- 90), pintor expressionista abstrato, cineasta e professor, analisou as apacidades de sintetizadores de vídeo e sistemas computadoriza dos com suas próprias estratégias eletrônicas e artísticas originais. Em Scape-mates [Companheiros de fuga] (1972), Emshwiller uti li zou uma forma de animação computadorizada que resultou em uma dança quase psicodélica de elementos abstratos e figurativos. Anteriormente, naquele mesmo ano, ele pegou seus próprios dese nhos em preto-e-branco e, com a ass istência de engenheiros da Dolphin, uma das primeiras corporações envolvidas em imagem computadorizada nos Estados Unidos, criou Thermogenesis [Termo- , li Mako ldemitsu, HIDEO, lt's ~ /11, Mama [HIDEO, sou eu, a 1111 1111 e], 1983. Mais de quinze 111111 à frente do famoso f ilme //111 11 n, no qual a vida do 111 111onagem principal é filmada 1 li 1p rcebidamente e projetada 1111 1parelhos de TV em todo o 1111111clo; Mako ldemitsu criou um p111 11onagem chamado Hideo, 1p 11 1 é constantemente 1111•1( rvado e julgado pe la mãe, a ljllilÍ parece em telas de vídeo 111111 quer que ele esteja. VIDEOARTE 83 gênese], uma obra em vídeo que dança com imagens em um am biente sonoro feito com um sintetizador acústico Moog em colabo ração com o próprio Robert Moog. Dan Sandin, cujo interesse pelo vídeo nasceu do seu envolvi mento com protestos estudantis no final dos anos 60, desenvolveu o Processador de imagens em 1973. O PI, como é chamado, é um computador analógico para a manipulação de imagens de vídeo. Em seu Spiral PTL, Sandin usa o PI para mover uma espiral linear fei ta de pontos em ritmo musical, com o acompanhamento de uma trilha sonora composta de barulho de água corrente e zumbidos eletrônicos. Em um espírito decididamente abstrato, o artista ame ricano Keith Sonnier (1941 -) usou uma versão precoce de um scan ner computadorizado, o Scanimate, para criar colagens de diversas imagens sensuais. Painted Foot: Black Light [Pé pintado: luz negra] (1970) e Calor Wipe (1973) mostram intensa experimentação formal com luz e cor.Animation II [Animação II] (1974) é uma gravação de 91 formas e cores abstratas que servem como metáforas para as pro priedades de tinta e pinturas. O casal Steina e Woody Vasulka, que imigrou para os Estados Unidos em 1965 (ela nascida na Islândia em 1940 e ele na Checoslo váquia em 1937), também se sobressai entre os primeiros inovadores tecnológicos de videoarte. Tomando as rédeas da televisão comercial, 90. Ed Emshwi ller, Thermogenesis [Termogênese], 1972. 91. Keith Sonnier, Animation li [Animação li ]. 1974. eles se propuseram a aprimorar a tecnologia de vídeo, criando meca nismos, para artistas, sobretudo nos campos de processamento digital e eletrêmico de imagens. Ao manter a antiga prática artística da explo ração Constante das ferramentas de seu meio de expressão, o casalVa sulka Cjemonstrou possuir paixão pelo entendimento do funciona mento interno do vídeo: energia elétrica organizada sob a forma de voltagl':>ns e freqüências em um evento temporal. Cc:imo pintores envolvidos com os conteúdos de sua paleta, es ses inc:ivadores investigaram o vídeo da mesma maneira que os co loristas ou artistas abstratos fizeram com a pintura. Distinguindo se do~ engenheiros elétricos da televisão comercial, eles estavam , ,l11l11a e Woody Vasu lka, ,./1/1111 Vi yage, 1973. VII >l ( li\1111 li interessados no funcionamento artístico dos rn eca ni. ·111[Lar] (1973), na qual o casa l in orpor:1 :1 1 I is ticamente técnicas de colorização e imagem eletrôn ica pora gl,11 1111 rizar objetos cotidianos, e Golden Voyage [Viagem dourada 1 ( 197:1), uma homenagem a Magritte, com vários níveis, eles inv nl an111 novos meios de manipulação eletrônica que alteraram a per pçflo dos espectadores, como o Pontilhismo e o Impressionismo íizernm na pintura um século antes. Vocabulary [Vocabulário] (1973-74) rc sultou de suas experiências com a manipulação digi tal de irn ag •ns que lembram muito as imagens computadorizadas e flutuantes dos dias de hoje, vistas em toda parte, em telas de computadores e na televisão. Usando a imagem de uma mão filmada em cl ose-u1 como metáfora para a criação artística, os artistas produzem urna escultura eletrônica da qual a luz emerge e pela qual outros obje tos são moldados e impregnados com vida própria. Nam June Pai.k, que influe11ciou praticamente toda a videoart , contribuiu com uma das primeiras tecnologias inovadoras com seu sintetizador Pai.k/Abe, um mecanismo para colorização e manipula ção de imagens, desenvolvido com o engenheiro eletrônico Shuya Abe. Suite 212 [Suíte 212] (1975, reeditado em 1977) é o caderno pes soal de Pai.k sobre Nova York. Basicamente urna colagem elctrônicn monumental de imagens alteradas, acentuadas por cores es tontean tes, esta obra abriu espaço para as investigações posteriores de l"aik sobre imagens e cultura, cujo exemplo clássico é Butterfly [Borbole 111, ta] (1986), um amálgama vibrante de música e colagem de imagens. 1 1 86 NOVAS MIDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA Vários artistas, seguindo os passos de Paik e do casal Vasulka, incorporaram tecnologia sofisticada às suas críticas de tecnologia. MaxA!my (1948-), um artista de Los Angeles, usa animação com putadorizada e efeitos digitais em suas interpretações pós-moder nas de um mundo desumanizado pela tecnologia. Em Leaving the 20th Century [Deixando o século XX] (1982), Almy cria uma paisa gem futurista, na qual as relações humanas e as tentativas de co municação fracassam completamente. Neste experimento do início da videoar.te computadorizada, a viagem no tempo é realizada por meio do chip de computador. A televisão também beneficiou os artistas. As estações públicas de televisão nos Estados Unidos e na Europa fomentaram a experi mentação, permitindo o acesso a estúdios bem equipados. Come çando no final dos anos 60, a estação pública de televisão de Boston, WGBH, com recursos da Fundação Rockefeller, produziu a New Te levision Workshop sob a liderança de Fred Barzyk. Em 1969, seis ar tistas (Nam June Paik, Allan Kaprow, Otto Piene, James Seawright, Thomas Tadlock e Aldo Tambellini) fizeram vídeos usando equipa mentos da WGBH para um programa chamado"The Medium is thc Medium" [O meio é o meio], transmitido em todo o país. Essa foi a divulgação mais ampla que a nova prática de videoarte já recebeu. Robert Zagone, trabalhando na estação de televisão pública KQED em São Francisco, criou a desintegração misteriosa de for mas abstratas por meio de técnicas de feedback com várias câme ras em Videospace (1968). Além disso, reproduziu um estado onírico no teipe, de diversos níveis, de um dançarino, Untitled [Sem título] (1968), que parece uma versão atualizada e animada de um cronó grafo de Muybridge . Os artistas suecos Ture Sji:ilander, Lars Weck e Bengt Modin produziram Monument [Monumento] (1967), um programa para a televisão experimental que combinava filmes pré gravados, slides e videoteipes em um processo que distorcia ima gens durante a transmissão da imagem, do teipe para a televisão. Depois de vê-las pela primeira vez, o historiador Gene Youngblood disse: "Vemos os Beatles, Charlie Chaplin, Picasso, Mona Lisa, o rei da Suécia e outras figuras famosas deformadas por um tipo ti l' doença eletrônica insana." TeleTapes (1981), de Peter d'Agostino (1945-), produzido pelo influente Laboratório de Televisão da Estação Pública de Televis5o de Nova York, WNET, incorpora jogos de cartas, truques e uma a111 pia variedade de efeitos televisivos, para confrontar o espectado1 com a" realidade experiencial" e a" realidade televisual" . Vídeo conceituai Algumas outras investigações iniciais em videoarte vieram d1 1 artistas que já praticavam suas próprias formas de arte conccitu.il 11 minimalista, misturadas à forte influência da arte performci lirn 11 1111de práticas de fotografia, filme, ví deo, realidade virtual e muito mais, entre outras) direcionou a arte para áreas outrora dominadas por engenheiros e técnicos. Curiosamente, embora a nova tecnologia envolva uma grande quantidade de máquinas, cabos e densos componentes físicos e matemáticos, a arte nascida do casamento entre arte e tecnologia talvez seja a mais efêmera de todas: a arte temporal. Diz-se que uma fotografia capta e preserva um momento do tempo; uma imagem criada no computador não reside em nenhum lugar ou tempo. Ima gens, digitalizadas no computador, depois editadas, montadas, apa gadas ou embaralhadas, dão a impressão de levar a um colapso as fronteiras normais de passado, presente e futuro. De todos os novos materiais e meios de expressão introduzidos na arte neste século, este livro investigará as tendências dominan tes em meios de comunicação de massa e performance, videoarte, arte digital e videoinstalação, inclusive manipulações fotográficas, realidade virtual e outras formas interativas. Artistas que empre gam estes novos meios de expressão, não se intimidando com a mudança tecnológica, vêem-se como parte dessa mudança e que rem participar dela. Entusiasmam-se com as possibilidades da tec nologia, sem deixar que ela os aliene. O filme e a televisão infor maram sua experiência cotidiana, mas, ao contrário dos que buscam usos comerciais para tecnologias, esses artistas procuram fazer de clarações pessoais sem levar em con_sideração o valor comercial do 11 I I IMne-Jules Marey, Gymnast /11 1111 1/ng o ver a Chair [Ginasta i1 1,1mlo sobre uma cadeira], 1111 L que fazem. Como outros artistas que trabalham com tinta, ma lei ra ou aço, estes exploram, e quase sempre subvertem, tanto o po tencial crítico quanto o tecnológico dos novos meios de expressão. O fato de que os avanços tecnológicos originaram-se de algun d s artistas que investigaram os usos de meios de comunicação 1 massa em sua obra é, em si, um subproduto interessante. Embora o uso de novos meios de expressão em arte tenha real mente sua história, não é fáciYtraçá-la. Ela ainda tem de ser escri ta, principalmente porque está em constante desenvolvimento. Ist não significa que não possamos tentar resgatar uma história ou, ao menos, uma síntese de suas diversas abordagens; pois é dever da história da arte sugerir conexões e apontar o caminho para a com preensão histórica, mesmo dentro das fronteiras do que seria uma descrição geral limitada. A maneira mais simples de delinear a história de novos meios de expressão na arte seria traçar o desenvolvimento da própria tec nologia (por exemplo, de Marey e Muybridge em fotografia, a Ed i son e os irmãos Lumiere no cinema, e assim por diante), mas en tão tudo o que teríamos seria uma cronologia semelhante àquela ded i cada ao desenvolvimento da aviação. Embora certos artistas e movi mentos de grande importância na arte do século XX se apresentem como precursores de artistas que trabalham com meios tecnológicos de expressão (por exemplo, que ramo de arte contemporânea não citaria Marcel Duchamp como predecessor?), com esta arte é im possível qualquer narrativa linear simples. Além de ainda esta rm s no meio da história, ela própria começou e continua com atividades simultâneas entre vários tipos de artistas em lugares distin tos no mundo. Por essas razões, uma abordagem temática parec mnis adequada do que uma abordagem estritamente cronológica. Arte temporal A partir da metade do século, como disse a críti a · curndrn 11 Anne-Marie Duguet, "o tempo surgiu não apcnns ' Omo l l'l l l l 11• corrente, mas também como parâm tro consl iluin l ' dn p111pil, 6. Eadweard Muybridge, Descending Stairs and Turning Around [Descendo a escada e virando-se) da série Animal Locomotion [Locomoção an imal], 1884-85. 7. Eadweard Muybridge, La Nature: Studies in Animal Locomotion [A natureza: estudos de locomoçáo animal]. 1878. 6 NOVAS MÍDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA natureza de uma obra de arte" . Com o aparecimento de perfor mances, eventos, Happenings, instalações, depois vídeos, a tempo ralidade da forma artística passou a ser central. Atualmente, a arte interativa computadorizada proporciona e requer uma suspensão do tempo, enquanto o observador celebra um contrato com a má quina que inicia e sustenta a ação artística. A história da arte com meios de comunicação de massa do final do século XX está inextricavelmente ligada ao desenvolvimento da fotografia no decorrer do século. ~nemória, tanto pessoais quanto históricos, são a substância da fotografia e, com a imagem fixa e animada, artistas e amadores passaram a adotar uma nova maneira de visualizar o tempo. A representação envolve claramen te o es12aço (o espaço ocupado pelo objeto representado e o espaço c[a própria pintura ou escultura; a disposição da imagem etc.). O tempo, todavia, é menos óbvio, e é aí que a revolução criada pela fo tografia e sua prima agora maior, a fotografia animada - o filme - assume seu lugar de importância. Com a fotografia, os seres hu manos começaram a participar da manipulação do tempo em si: capturando-o, reconfigurando-o e criando variações com intervalos de tempo, avanço rápido, câmara lenta, e todas aquelas outras frases relacionadas ao tempo, próprias da arte e da ciência da fotografia. O filósofo francês Henri Bergson (1859-1941) influenciou for temente a preocupação deste século com o tempo entre artistas de todos os tipos: fotógrafos, pintores, escritores, coreógrafos, videó grafos. Bergson colocou o tempo no centro da metafísica; para ele, a realidade consistia em fluxo, essencialmente o movimento do tempo. "A essência do tempo é o fato de ele passar", escreveu em seu livro bastante influente, Matéria e memória (1896)."0 que cha mo de 'meu presente' tem um pé em meu passado e outro no fu turo."Essas idéias foram adotadas por artistas e críticos, e em todo o mundo ocidental até mesmo revistas populares discutiam as idéias de Bergson sobre tempo porque abordavam a fome univer sal de entendimento. Para os artistas, que sempre foram fascinados com o corpo no espaço e no tempo, ele tornou -se a musa que defendia a interação entre intuição e percepção. Ironicamente, em - bora suas idéias fossem importantes para os artistas, Bergson des prezava a introdução de tecnologia nas artes, acreditando que a percepção pura permitida pela intuição, sem a ajuda de máquinas, era o que importava. Desde os primórdios da fotografia, contudo, arte e tecnologia coexistiram em um vínculo essencial que beneficiou ambas por mais de cem anos. Etienne-Jules Marey (1830-1904), cientista e médico cuja permanência no College de France seguiu-se à de Bergson no início da década de 1900, e Eadweard Muybridge (1830-1904), artista, foram os pioneiros da fotografia instantânea, ou"cronofotografia", que teve efeito profundo sobre artistas, desde os futuristas, sobretudo Giacomo Baila, a Marcel Duchamp, Kurt 8. Giacomo Baila, Dynamism of a Dog on a Leash [Dinamismo de um cão em uma coleira]. 1912. Bai la cria a ilusão de movimento por meio de uma série de minúsculas diagonais radiantes. 8 NOVAS MIDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA Schwitters e cineastas de vanguarda de meados do século como Hollis Frampton e Stan Brakhage. Seurat, Degas e muitos outros artistas também eram dotados de habilidade com a máquina foto gráfica para captar movimento sucessivo em fotogramas, mas seu interesse não era diretamente visível em suas telas. Artistas como os futuristas, que propunham uma ~ética Jnecanicista, adotaram a tecnologia fotográfica e aplicaram-na à pintura. Em meados do sé culo, como veremos, foram os avanços tecnológicos em filme e ví deo que f9ram adotados por artistas para criar o que hoje conhece mos como arte multimídia. As fotografias de cavalos em movimento feitas por Muybridge em 1878 foram as primeiras a captar o que parecia ser a seqüência real e discreta de_movimento. Muybridge concebeuperformances narcisistas de Acconci em vídeo são o realce perfeito para os obcecados por celebridades, cujos hábitos são alimentados pela televisão s n acionalista. Se Acconci reve lou a falsa intimidade da imagem televisual a partir de uma p rspectiva masculina, nos anos 70 várias artistas chamaram a atençã para a representação de mulheres, comum em televisã , film s p rnografia . Um grito de batalha comumente ouvid ," t ma pessoa l ' político", resultou na abertura mais am pla d di urs artístico para incluir perspectivas femininas. Ques t- s d g' n 1· , s xualidade (homossexual e heterossexual) e o pa p I d s rnu lh r na arte e na sociedade tomaram conta da arte. Joan J nas (1 9 6-) é conhecida por suas performances, e o grand v lum d suas bras em vídeo vem definir a complexidad d 111 i I xpr são. Vertical Rol/ [Faixa vertical] (1972), que se r fer a um sinal letr " nico interrompido que faz com que a ima ge m t J visual fiqu r !ando incessantemente, utiliza o poder da r p tição, tantas vez s vista em coreografia e na escultura minima lista, para fragmentar e desorientar as percepções do corpo femin i no. Enquanto Jonas é filmada, ora corno dançarina de dança do ventre, ora como estrela de cinema dos anos 30, sua imagem é in terrompida pela incessante rolagem eletrônica. O tempo todo eln bate uma colher contra o que parece ser a frente da câmera, umo metáfora simples para a vida doméstica, com o fim de desorientar ainda mais o espectador e transmitir a fúria que ela sente. 111 1 (nbaixo) Joan Jonas, • 11,1,111 /c Honey's Vertical Rol/ li 11 11 vertical de Organic Honey], 1 · 1 /J Copyright © 1976, 1 1111•1 Ir Mangolte, todos os ll11 ll11~ de reprodução ' r IVIKlos. '11' ( li rei ta) Joan Jonas, Organic 1 •111 V'I Vertical Rol/ [Fa ixa 11 11 ,11 ele Organic Honey], ' 1 ' 1 lonas, como Acconci 11 111i ltl a relação entre o ' 111 r l,11lor e a imagem televisual , ,11 1!1indir qualquer sentido 111 11p •ctiva por meio do uso i l 1111, espe lhos. VIDLOAI( 11 De um modo mais excêntrico, em Left Side, Right Side [Lni/1, "" querdo, lado direito] (1972), Jonas apresenta truques com n 1, 11111, ra e um e_spelho, para confundir ainda mais a percepção de csq11 ,,1 da e d1Ie1ta quando se olha urna imagem invertida. Jonas x111 ,,1,1,1 este ~!lema, repetindo ,~ te1;1po todo: "Este é meu lado esq ul' id11, e~te e meu, lado dJieito , ate que o espectador não consegul' 11 111 111 dizer qual e realmente seu lado esquerdo ou direito. Como Arei 111 c1, ela transforma o meio de expressão em si mesmo, confundi,ido a perspectiva_ convencional e criando, ao mesmo tempo, uma pnl sagem fem1rnsta, pessoal e surpreendente, ao usar o próprio coi po de _uma forma que o corpo da mulher era raramente visto nmi meios de comunicação de massa convencionais. "Trabalhar com vi deo", diz ela, "_permitiu que eu desenvolvesse minha própria li n guagem, uma lmguagem poética. O vídeo foi algo para eu escalar l' explorar como elemento espacial e comigo dentro dele." 111 103. (aba ixo) Joan Jonas, Left Side, Right Side [Lado esquerdo, lado direito], 1972. Jonas, como Acconci, perturba a relação entre o espectador e a imagem televisual ao confundir qualquer senso de perspectiva com o uso de vários espelhos. "Desde o início", diz ela, "o espelho me ofereceu uma metáfora para minhas investigações, bem como um mecanismo pa ra alterar o espaço ... e refletir o público, trazendo-o para dentro do espaço." 104. (página ao lado, acima) Hannah Wilke, Gestures [Gestos], 1973. O que, a princípio, parece um comercial de cosmético transforma-se em sátira grotesca da imagem feminina idea lizada . 92 NOVAS MÍDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA A artista alemã Hannah Wilke (1940-1993) também trabalhou a dinâmica da artista e seu corpo em relação aos retratos convcn cionais de mulheres, como em Gestures [Gestos] (1973) . Nesta ob1 o1 ela dá um close-up em seu rosto e passa a realizar gestos sexuJI mente sugestivos com os dedos e a língua. Aos poucos, eles se to1 nam grotescos conforme ela distorce o rosto, desmistificando assi11 1 o corpo feminino como mostrado na tela. De modo semelhante, 11 artista americana Lynda Benglis (1941-) em Now [Agora] (197:1) projetou irpagens pré-filmadas de si mesma, com close-up da fan ·, e representou em tempo real para a câmera, interagindo com s1111 própria imagem, explorando as possibilidades deste novo meio dl' expressão, ao mesmo tempo que se envolvia em uma crítica de S\' ll uso para degradar o corpo feminino. Dara Bimbaum (1946-), em Technology Transformation: Wond,·1· wornan [Transformação tecnológica: Mulher maravilha] (1978-79 , manipulou imagens de um programa de televisão americano fn moso nos anos 70, Mulher maravilha, e contestou o mito da mullm como amante e trabalhadora miraculosa, belamente esculpida. 1 '01 meio da edição minuciosa de imagens únicas, Birnbaum apresc nl 11 a Mulher maravilha girando e rodando em uma orgia de imagm 1 fragmentadas e repetidas que, literalmente, desmistificam o mil 11 televisivo convencional. ' 1 il 111lxo) Dara Birnbaum, 111, 1/, 1tJV Transformation: 11/, 11v,1111an [Transformação 11 11111 1h ,1: Mu lher maravi lha] /li) lllrnbaum usa um ,1111 11111 1 f moso de TV e 11 l 11 11illo da "m ulher '' 11111 " VID EO/\H 11 O Em levantamentos históricos da arte feminista com m ios dl ' comunicação de massa, a cubana Ana Mendieta (1948-86) quasv sempre é desprezada. Durante sua graduação no Interrnedi.a 1 ' partment da Universidade de Iowa, Mendieta criou performan cs, vídeos e filmes que expressavam as conexões viscerais que senti a entre seu próprio corpo e a terra. Ela se apresentava para a câm t't distorcendo o corpo, pressionando-o contra grandes painéis de vi dro, ou despejando grandes quantidades de sangue de animais so bre si mesma e imprimindo parte do corpo em papel ou em outras superfícies. Em seu filme de 1974 Burial Pyramid [Pirâmide mor tuária], filmado na paisagem desolada de El Yaagul, México, um monte de pedras começa a se mover como se sacudido por um ter remoto. À medida que as pedras se deslocam, Mendieta aparece nua sob elas, deitada de costas, movendo-as com os movimentos do corpo. Esses videoteipes com performances, iniciados em 1972, estão reunidos na série Body Tracks [Trilhas corporais] (1974). 106 Contudo, explorações do corpo não se limitaram às artistas. As explorações radicais do corpo-em-risco, feitas pelo americano Chris Burden (1950-), subverteram quaisquer noções de"alta arte"no pro cesso de trabalho artístico. O objetivo de suas performances era cho car os espectadores com um novo relacionamento entre o artista e o público, no qual o espectador é envolvido nas ações extremas do ar- 106. Ana Mendieta, Body Tracks (8/ood Sign #2) [Trilhas corpora is (Sina l de sangue n~ 2)], 1972-74. Em muitas de suas performances, Mandieta usava o corpo ensangüentado como metáfora espiritual para o sacrifício. 94 NOVAS MIDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA tista. Os primeiros vídeos e filmes de Burden eram documentações de suas performances quase sempre chocantes, inclusive Shoot [Tiro) (1971), na qual uma bala é atirada em seu braço, e Through the Night Softly [Pela noite tranqüilamente) (1973), no qual, deitado de bruços, as mãos amarradas às costas e trajando apenas um short, ele se ar rasta por uma rua coberta por cacos de vidro. Em Icarus [Ícaro J (1973), ele é filmado nu, deitado no chão do estúdio, diante de al guns amigos convidados, que atuam como testemunhas/público, en quanto ele, por pouco, escapa de se queimar quando as cortinas que pendem acima e em torno dele pegam fogo . Corno sempre ocorre com esses trabalhos de videoarte, o próprio Burden os narrou, dan do a impressão de ser um jovem conceitualista arrojado. Sua voz não deixa transparecer nenhuma ironia. Obviamente ele acreditava que suas ações arriscadas revelavam conhecimentos psicológicos sobre a relação de seu corpo com o mundoe com a arte. Entre os primeiros artistas de videoarte que exploraram a iden tidade espacial e pessoal por meio de performance em vídeo está Peter Campus (1937-), cujo Dynamic Fie/d Series [Série dinâmica de campo] (1971) apresenta o artista em seu estúdio envolvido em um conjunto de proezas de resistência auto-impostas, como escala r uma corda, enquanto a câmera o mostra de tantos ângulos dife rentes que o espectador nunca sabe ao certo o que é real ou ima ginário. Three Transitions [Três transições] (1973), de sua autoria, é considerado um clássico. Usando o vídeo como metáfora para o eu l 11 / , Chris Burden, Through the N/11/11 Softly [Pela noite l t1 1tlqüilamente], 1973. Burden q111 111u sempre desafiava o 1111 li n so artístico ao usar o 1111 po como arte em situações , 11 11111 s, por exemplo, t 1 111/,indo sobre cacos de vidro 111 lovAndo um tiro no braço. 11111 /1 ter Campus, Dynamic 11 /1 / ',ories [Série dinâmica de 11 111111 1. 1971 . externo e interno, Campus cria ilusões de transformação nas quais aparece esfaqueando-se nas costas, apagando a superfície de se u rosto ou escalando as próprias costas quebradas. Bruce Nauman (1941-) também fez vídeos usando o próp rio corpo: em Wall!Floor Positions [Posições na parede/no chão] (1 968), 1111/ 11 assum: poses esculturais na parede e no piso do estúdio. O espec tador e convidado para um encontro voyeurístico com o artista ('111 s~u. espaço de trabalho, enquanto ele define o espaço físico do !'H tud10,com o corpo. Várias dessas fitas, que são encenações lil l'f'11i H dos titulos (Bouncing in the Comer no. 1, Revolving Upsidr D0w11 1 Stampzng zn the Studio [Pulando no canto n~ 1, Girand o de rn iw1; 1 11 1 para baixo, Sapateando no estúdio], todos de 1968), reve la m o 1'111 po como material escultural, conforme ele se d esloca p lo l'H i1í d l11 em diversas configurações. Esses teipes também r fl t n, 11 p1 ·11 1l, •1 1 96 NOVAS MIDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA comum, entre os primeiros videoartistas, de simplesmente deixar_ o teipe correr até o final, rejeitando, assim, deliberadamente.ª-ed1ça.o convencional. Foi apenas em 1975 que eqmpamentos de ed1çao mais acessíveis surgiram no mercado. , Nauman é um bom exemplo do artista que se voltou,r.ara o ;1- deo como apenas mais um meio de expressão de sua pratica arhs tica. Para Nauman e outros de sua geração novos meios de expres são eram constante e incansavelmente buscados para "descobnr como fazer", como ele diz. Sem interesse em simplesmente reapre sentar problemas tradicionais com a pintura (ele ,admiravaHuman Sleep [Sono puramente humano], 1980, e Allegory of Oblivion [Alegoria do es quecimento], 1981) refletiam seus interesses em semiótica e psica nálise lacaniana, enfatizando certa intimidade entre linguagem e imagem, o eu e o outro, real ou imaginário. Feingold usou símbo los de linguagem para representar a existência pós-moderna como um mundo" fragmentado pela filosofia, meios de comunicação dL' massa e arte". Investigações intelectuais de linguagem, som e imagem, pela~ quais o cineasta Jean-Luc Godard tinha grande preferência 1108 116, 117. Ken Feingold, duas 11 1nas de Purely Human Sleep l ',ono puramente humano] l 1JBO. Feingold revela med~s Ili onscientes que se insinuam 11 11 1 nossas vidas por meio de 111lliciários, propagandas e lnlovisão. anos 60, também se refletem na obra de Robert Cahen (1945 -), um dos V1?e~art1stas mais influentes da França. Sua afinidade com Go dard e rntida. em. teipes como Juste /e Temps (1983) e Boulez-Repons (1~85) · No pnmeiro, Cahen cria wna paisagem abstrata de imagens mult1plas que aparecem e desaparecem pela janela do trem no qual a protagonista está sentada. Em Boulez-Repons, Cahen aplica técni cas de processamento eletrônico para envolver uma composição musical de Pierre Boulez em imagens de água ce'u e ' o · , arvores. s VIdeoartistas dos anos 80 e 90 voltaram sua atenção em gran de parte, embora não exclusivamente, para narrativas pessoais qu refletiam a ~usca de identidade (sobretudo cultural ou sexL1al) li berdade política. Esses desenvolvimentos quase se111p1· xpreSSíl lll 11 8. Robert Cahen, Juste /e Temps, 1983. Imagens de Cahen quase sempre parecem pertencer a filmes e não a vídeos, mas ele consegue combinar a sensação de profundidade texturizada do filme com o imediatismo em tempo rea l do vídeo. 100 NOVAS MIDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA realidades econômicas. Artistas da Europa ocidental, América do Norte e alguns do Japão, vivendo em uma época de relativa paz (' prosperidade econômica, da qual outros se sentem excluídos, procu raram o vídeo para transmitir seu intenso desejo de obter igualdad1· social pessoal (no caso de mulheres e minorias sexmis e rac~ais), 8() passo que no leste (inclusive o Leste Europeu, o Onente Med10 e o Oriente) a luta política permanece na linha de frente da preocupa ção econômica e artística. Em parte por razões econômicas, mas cni grande partra de brinquedo fabricada por Fisher-Price, Benning registra os 1 t (11clma, à esquerda) Bill 111111 I Oo Not Know What lt Is I 111 / /~1 1 [Não sei como sou]. 1 1111, [l sde 1975, Viola 11111 11l1ou-se em rigorosa auto " lt 11 por meio do vídeo. Aqui 1111 ,\11 fi lma a própria imagem 1111111 d uma coruja. 1 1 (111,q,1 rda) Cheryl Donegan, 11/ l ',1 1xo oral]. 1993. l,11 lina) Sadie Benn ing, tf 1 11!, l t tad a Diary [Se toda 11 il I ilvl'~ e um diário]. 1990. Ih li 1111lng, aos 16 anos de 1 li 111,ou uma câmera de ,1111111111 10 11ara fazer um 11 1111 11 1 li • ~cu despertar sexual. sentimentos de uma jovem que chega à maturidade sexual, em tei- pes corno A New Year [Um novo ano] (1989) , If Every Girl Had 11 121, Diary [Se toda garota tivesse um diário] (1990) e Flat is Beautif11/ [Ter peito achatado é bonito] (1998). Living Inside [Vivendo encer rada] (1989) registra o período de três semanas d e Benning quan - do ela abandonou os estudos aos 16 anos de idade e se filmou no quarto sozinha. A inocência e o patético se unem nesta história ela adolescente sentindo-se urna estranha. As incongruências da vida mais "adulta" são exploradas pelos teipes com performances le Phyllis Baldino, nos quais ela constrói e destrói objetos cotidianos diante de uma câmera que film a continuamente. Seu qt1 esti on;;i menta da preocupação feminina estereotipada com a rnaqui agc111 é mostrado em Cosmetic!Not Cosmetic [Com cosm ético/Sem cosm0 tico] (1993-94), em que ela destrói uma caixa de maquiagcm 0111 uma furadeira elétrica, mesmo estando toda"maquiada" traj ,111 do uma combinação de cetim. Já os videoartistas homens dos anos 90 parecem ter Sl'guid11 um caminho mais lírico em sua abordagem de questões ck id1•11\1 dade. Sua obra é menos furiosa, quase sempre exprcss.i ndo 1111 seios. O coreano Seoung Cho explora atividades dom ' si irnH, 111 1111 de forma reflexiva e criativa. Em seu teipe de 1996, ro/Ji1 n,1111 til 1111 • 1 11, [robinson ou eu], a tividades rituais corno beber c há ou !modo que outros tipos de arte de instalação que ex pandem o processo criativo para além do :stúdio até o espaço so cial, a instalação com meios de comurncaçao de massa, segundo a percepção de Gary Hill, é o reconhecimen~o do espaço ext:rno ao monitor. De igual importância é o ponto ate onde a mstalaç~o apri mora a exploração de" tempo", um conceito central para videom VIDEOINSTALAÇ;\(J 111 tistas. Se o tempo pode ser manipulado de várias form as clcnl ro d11 vídeo single-channel, as possibilidades aumentam dramatica nwn 11• em videoinstalações que utilizam diversos monitores ou supcrfídvH de projeção, e quase sempre vários teipes, aumentando em gra ndv número a quantidade de imagens. Espaço escultural e vigilância Videoinstalações com o uso de multimídia surgiram pra tica mente ao mesmo tempo que a videoarte feita com vídeo single channel, até mesmo um pouco antes. TV De-coll!ages do artista ale- H11 mão Wolf Vostell (iniciada em 1958), hoje seria considerada uma instalação, consistindo sua composição em um grupo de aparelhos de televisão que mostravam imagens distorcidas e estavam coloca dos sobre móveis e mesas na vitrine de urna loja de departamentos parisiense. Do mesmo modo que outras práticas do Fluxus naque- le período, Vostell questionava tanto os materiais de arte quanto as práticas culturais, neste caso a intrusão ubíqua da televisão na vida cotidiana. Ao refletir sobre sua"obra, Vostell observou: Marcel Duchamp declarou que os objetos manufaturados são arte, e os futuristas apresentaram ruídos corno arte - é urna característi ca importante de meus esforços e de meus colegas definir, como arte, o evento total, compreendendo ruído/objeto/movimento/cor/ &psicologia - urna mistura de elementos para que a vida (homem) possa ser arte. Vostell declarou, assim, a base essencial do que posteriormente a crítica americana Lucy Lippard denominou a " desmaterialização cio objeto de arte": obra na qual a forma material é secundária às noções ou idéias que estão por trás da arte. Arraigada nesta abordagem con ceituai, e incorporando as práticas da performance, da arte corpo ral e da arte acústica, bem corno outros aspectos do Fluxus, surgiu a instalação multimídia, tanto como resposta à inclusão de idéias e objetos diversos no domínio da arte, quanto como contestação às instituições que dominavam os meios de comunicação de massa, so bretudo a televisão e sua companheira, a publicidade. Este " evento total" do qual falou Vostell, refletindo a influência da performance cm videoarte, reconheceu que a arte ocorre em um contexto. Em pouco tempo, o contexto transformou-se em conteúdo, enquanto efcilos esculturais eram incorporados à apresentação de vídeo. Abordagens esculturais eram e continuam sendo utilizadas po1 Nam June Paik para obter efeitos dramáticos. A exposição d J>nik em 1963 em Wuppertal, na Galeria Parnass, continha a par lh os dl' 11' televisão no piso da galeria, sobre os quais ele projetava im, g1•11:1 distorcidas, na tentativa de perturbar a complacência los l'S IWl'i ll dores diante do aparelho de TV. "A TV nos atacou a vida Lodn", di 11 se Paik, "agora estamos contra-atacanclo l" A preo LI/ 01,'iio dl• l '1111 129. Nam June Paik, Electronic Superhighway [Via expressa eletrônica]. 1995. A reg ião continental dos Estados Unidos é formada por 313 TVs; o Alasca - 24 TVs; o Havaí - 1 TV por ilha. Cinqüenta aparelhos de reprodução de discos laser. 50 discos· laser, aproximadamente 60 amplificadores de distribu ição de vídeo e 20 vent iladores, 1 f ilmadora, andaimes, " fronteiras de estados" fabricadas em aço, néon, sistema acústico de 200 watts. A via expressa de Paik é perm eada pelos detritos da cultura de meios de omunicação de massa, mas suas imagens ainda mostra m ai rla de guerras e revoluções cullL11ais. 112 NOVAS MÍDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA com as imagens televisuais é visível em muitas de suas videoescul turas, de Vídeo Jung/e [Selva de vídeo] (1977), em que aparelhos de TV foram arrumados em n'ieio a uma flora selvagem, a Electronir Superhighway: Bill Clinton Stole My Idea [Via expressa eletrônica: Bill Clinton roubou minha idéia], sua obra maciça na Bienal de Ve neza em 1993. Dúzias de monitores lotaram o pavilhão alemão do piso ao teto, projetando um bombardeio de imagens do que pare eia ser um banco de dados universal: do mundano ao político, de cenas da natureza a explosões nucleares . 1 Ili Nam June Pa ik, Electronic 1// ll!fhighway [Via expressa li li !'\nica]. 1993. Parte do 1 11,11090 de vídeo " de Paik 111,1!111.ildo para a exposição 111111 1,in le nacional The Electronic 1//IPthighway, que estreou no l li1u1u de Arte em Fort 11111 l111dale, Flórida. 131. Shigeko Kubota. Duchampiana: Nude Descending tl Staircase [Nu descendo uma r••,cndaria]. 1976. Participante 1illvn cio movimento artístico l11lr111111 lon I Fluxus, Kubota l111111111111q(li Marcel Duchamp e 1111111 r 11(11 , q,10 x reeram forte 1111111 111 l11 •1C1i11r1 s , rtisl s do 1111~11 . 114 NOVAS MÍDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA Shigeko Kubota (1937-), que participou do Fluxus com John Cage, Paik e outros, criou uma grande série de obras, variando do escultural ao estilo de diário (incluindo-se anotações em vídeo de uma viagem pela Europa no início dos anos 70 (Europe on 1/2 Inch a Day [Europa, 1/2 polegada por dia], 1972). Ela incorpora freqüentes referências da história da arte, como em sua homenagem a Marcel Duchamp, Nude Descending a Staircase (1976), onde a imagem de uma mulher nua se move de tela em tela em uma série de monito res configurados em escadaria. A influência de Paik também é óbvia na obra do artista nova -iorquino Ray Rapp (1948-), cujas videoes cultura imprevisíveis, que quase sempre incorporam vários apare lhos de TV, referem -se a Marcel Duchamp, Richard Artschwager, Jo seph Beuys, Mer t Oppenheim e outros. Em Fur Wrap [Invólucro de 1 li. . Ray Rapp, TV Furniture l 1v1obllia de TV], 1997. Rapp dá 111 11 loq ue tecnológico às obras 11111rlcrnistas clássicas como 1 J/1/ocl [Objeto]. de Meret 1 11111 nheim, de 1936. pele] (1997), vê-se o vídeo de um artista transpirando dentro de um aparelho de TV desmontado, embrulhado em pele, uma alusão ao Object [Objeto] (1936) de pele de Oppenheim. Outras práticas anteriores de videoinstalação envolviam a parti cipação do espectador, embora involuntária, por meio de câmeras de vigilância. A primeira instalação de Les Levine, Slipcover (1966), na Galeria de Arte de Toronto, mostrava aos espectadores imagens fil madas de si mesmos em uma série de monitores. Nunca antes reali zada, esta experiência foi, ao mesmo tempo, assustadora e empolgante. Bruce Nauman que, como vimos, é outro dos primeiros videoartistas a usar o vídeo single-channel, apresentou Video Conidor [Corredor de vídeo] em 1968. Este recinto claustrofóbico consistia ein duas paredes paralelas do chão ao teto fom1ando um túnel, com dois monitores, um sobre o outro, ocupando uma das extremidades do espaço. O es pectador caminha pelo corredor para ver os vídeos que, na verdade, passam a ser cenas simultâneas de vigilância exercida sobre ele. O impacto do vídeo depende do contexto de deslocame nto e até mes mo do medo, criado pelas construções de alvenaria. A crítica Margaret Morse, ao conhecer Video Corrídor, a primei ra videoinstalação que tinha visto, escreveu:"Para mim foi como s 133. (acima) Bruce Nauman, Performance Corridor [Corredor para performance]. 1968-70. 134. (acima, à di reita) Bruce Nauman, cena de Wa/k with Contrapposto [Caminhada com contraposto]. 1968. 135 . (d ireita) Dieter Froese, Nota Model for Big Brother's Spy Cyc/e [Não é um modelo para o ciclo de espionagem do Big Brother] (Unpraez ise Angaben), 1987. meu corpo tivesse descolado de minha própria imagem, como se c1 base de minha orientação no espaço tivesse sido retirada de sob meus pés ." No início dos anos 70, Nauman explorou a vigilânciaem vídeo em outras obras. Em Corridor Installation [Instalação no corredor] (1970), uma série de paredes dividiu as Galerias Nicholas Wilder em Los Angeles em seis corredores, dos quais apenas tr's eram transitáveis. Visitantes tentando desvendar o labirinto eram filmados, sempre de costas, por câmeras montadas na parte supc rior das paredes, e as imagens eram projetadas em monitores exis tentes em todas as passagens. Peter Campus (1937-), que ao lado de Nauman e Acconci ro i um influente videoartista da primeira geração, explorou aspectoH psicológicos de percepção em instalações interativas como Negali ve Crossing [Travessia negativa] (1974), na qual os visitantes sabia 111 que eram filmados executando ações diante de um espelho, quv então eram projetadas em grandes telas. A técnica de vigilância foi utilizada pelo alemão Dieter Frocsl' (1937-) em Not a Model for Big Brother's Spy Cycle [Não é um modl' lo para o ciclo de espionagem do Big Brother], 1987, onde o artis l11 combinou circuito fechado de televisão com um vídeo pré-gravado em dois canais. Os espectadores eram filmad os quando entrava 111 na sala de instalação, os corpos projetados em monitores enquan l11 observavam outros sendo entrevistados sobre atividades políticas. O interesse em vigilância surgiu não apenas de revelações púb ll cas na imprensa sobre práticas reais de policiamento, mas tarnbr lll da própria natureza da televisão, que parece estar observando cons tantemente o espectador, mesmo quando este a observa. As insla l11 ções de "arte vigilante" confrontaram diretamente esta qualidnd1• reflexiva da televisão e devolveram a responsabilidade de ver ao l'il pectador, que se entrega a um relacionamento passivo com a tela d1 • TV. As videoinstalações assumiram o papel ativo de energizar o l'fl pectador para que reagisse ao objeto visto. Ao mostrar os próp1i1111 espectadores, os artistas engajavam-nos intencionalmente de fr>111111 136. David Goldenberg, Microwave and Freezerstills [Microondas e cenas congeladas]. 1992. Câmeras de vigilância, onipresentes na cultura contemporânea (em lojas, bancos, parq ues etc.), surgi ram nas galerias de arte nos anos 70, prenunciando o que estava por vir 118 NOVAS MIDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA bastante direta, às vezes até o ponto de fúria ou choque. Ainda mais importante, o espectador tornava-se um artista perforrnático, urna maneira totalmente nova de assistir à televisão. Ao contrário das es tratégias para performances em Happenings, em que os espectadores iam ao evento esperando tornar-se parte dele, o espectador de uma obra instalada no museu não suscita essa expectativa. A privacidade de ver é invadida e, voluntariamente ou não, o espectador passa a ser observado não apenas por si mesmo, mas também por outros. Por ser um meio de expressão temporal (a gravação em tempo real), a videoarte permite várias manipulações da experimentação do tempo. Não há maneira mais imediata de sentir o tempo pre sente do que quando nos vemos, subitamente, em um monitor no meio de urna expos ição. O intervalo de tempo também pode pro porcionar a xperiência imediata do tempo que acabou de passar, por exemplo, quando a imagem anteriormente gravada do espec tador aparece em um monitor e sua imagem atual, em outro. Em urna exposição realizada em 1992 no London Museum of Installa tion, David Goldenberg fez com que suas câmeras monitorassem espectadores que podiam ver a própria imagem em salas espelha das nas quais não lhes era permitido entrar. Passado, presente e fu turo sofreram um colapso em um redemoinho de autoprojeções. l 1n11 k Gillette em 1 il 1111,1~11o com Ira Schneider, , i,1 /r•, 1969. Wipe Cycle 11 ,11 111111 sistema de circuito 11 1tl 11 d!' televisão que filmava 1 111 11 , d.i galeria, integrando- ' 11 11 1 , Informação vista nos 111111111,, VIDEOINSTALAÇ/\.0 11 Explorar a política Embora Doug Hall e Sally Jo Fifer, em seu livro Jlluminating Vi deo (Vídeo iluminado] (1990), alertem que a videoarte contesta a classificação de termos consagrados na história da arte, existem tendências reconhecidas em videoinstalação. Intimamente ligadas às primeiras instalações esculturais de Vostell e Paik estão as insta lações de vários canais, com teor político, dos artistas americanos Les Levine, Frank Gillette, e dos cineastas de documentários John Reilly, Arthur Ginsberg e Skip Sweeney. , Como se respondendo ao crítico francês do final do seculo XVIII, Saint-Simon, que instigava os artistas a se transformarem na vanguarda da sensibilidade política, os artistas dos anos 60 e 70 reagiram à inquietação política de várias maneiras, entre _as quais performances, eventos e instalações, fomentando a interaçao de fa zer e ver a arte. A instalação de Frank Gillette, Wipe Cycle (1969), produzida em colaboração com Ira Schneider e apresentada na influente exposição TV as a Creative Medium [TV corno meio criativo], na galeria Howard Wise em Nova York, resultou dos experimentos de Gillette co::n feed back e reprodução retardada de imagens. Integrando infonnaçoes gra vadas anteriormente com uma alin1entação ao vivo da irnagem do es pectadot~ Gillette contestou a maneira passiva tradicional de assistir à televisão. "A função mais importante de Wipe Cycle", disse Sc~ne1der ao crítico Gene Youngblood, "foi integrar o público às infonnaçoes. Foi o sistema de feedback ao vivo que permitiu ao espectador ficar dentro do ambiente para ver a si mesmo, não apenas agora, no tempo e no espaço, mas também oito segundos e dezesseis segundos a trás;" Gil: lette acrescentou: "Foi uma tentativa de demonstrar que o indiVJduo e informação tanto quanto as manchetes de amanhã." 138. John Reilly e Stefan Moore, cena de The lrish Tapes [Teipes irlandeses], 1974. 139. Dara Birnbaum, PM Magazine [Revista PMJ, 1982. 120 NOVAS MÍDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA Membros dos grupos de vídeo underground dos Estados Uni dos, como TVTV e GlobalVillage, faziam instalações ocasionalmen te como parte de seu trabalho com vídeo. John Reilly, um dos fun dadores de Global Village, criou uma instalação de vários canais de seu polêmico trabalho Irish Tapes [Teipes irlandeses] em 1974. Bombardeando o espectador com imagens do conflito na Irlanda do Norte, em várias telas, Reilly criou uma instalação vigorosa, aprimorando seu objetivo de apresentar o maior número possível de imagens çle suas centenas de horas de teipes não editados. À med ida que o uso do vídeo em instalações aumentava, as dis tinçõ s entre artistas e ativistas dissipavam-se, e muitos artistas en gajavam-se em críticas da sociedade e dos meios de comunicação de massa dentro do contexto de sua arte. Dara Birnbaum (1946-), que co nqu is tou grande destaq ue com o vídeo single-channel anterior mente mencionado Technology 'fransfonnation: Wonderwoman (1978- 111 1 li) , Dara Birnbaum, Rio 1 1i /11owa//, 1 989. Perspectiva da 111•,li1 lação de videowa/1 no , 1111l cxto do espaço público, Rio li11pping Entertainment , 11111p lex, Atlanta, Geórgia, EUA li11•, lo1lação permanente ao ar 11,111), A videoarte deixa as 11 i11 •rlas e chega ao espaço 11111illco com a obra de vários 1111111ltores de Birnbaum. VIDEOIN 1/\1 /\C, i\() 1l 1 79), criou várias instalações que engajam a política da telcvis5o: 11M Magazine [Revista PM] (1982-89), um ataque virtual de imag ns bn nais, usurpadas dos meios de comunicação de massa; e a política mundial, Tiananmen Square: Break-In Transmission [Praça Tiananmen: plantão jornalístico] (1990), um breve exame do papel dos meios de comunicação de massa nas revoltas estudantis amplamente divul ga das na China em 1989. Birnbaum foi uma das primeiras a fazer "pa redes" de vídeo (videowalls) à moda dos vendedores de aparelhos de TV que os empilham uns sobre os outros para expô-los nas lojas. Seu Rio Videowall (1989) instalado em um shopping center em Atlanta, Geórgia, é uma videoinstalação permanente, ao ar livre, consistindoem 25 monitores. A enormidade estrutural de instalações como esta confere novo peso à união entre escultura e arquitetura nos meios da instalação. Além disso, a imagem de vídeo em movimento expande a noção do campo da escultura, tornando-o mais fluido e ativo. 11 (1•1querda) Judith Barry/Brad 1 1,111 , Hard Ce/1, 1994. ,1 11lorcs de computador , 11 t,1dos funcionam como , 111l~mos de projeção para 11 , l 'ulS entre máquinas e seres 1111,1110s filmadas em vídeo. 1 ' t, 11 lma) Fabrizio Plessi, 11 , 1985. Sugerindo que a ,1, , ,1corre para todas as , 1 , ,M mesmo para 1pi1 11,1•, , Fabrizio Plessi 111, 111p l,1 aqui o fim da 111,!1,ql,1. 111111 •,11guin tes: 111111 111 Barry/Brad Miskell, , / 1 , ,/f, 1994 (deta lhe). A função pública da arte e cl.os meios de comunicação de mas sa foi submetida a um amplo escrutínio nas instalações da artista americana Judith Barry (1954-). Oriunda do movimento femini sta dos anos 70, Barry examinou ques tões de identidade feminina em seus vídeos iniciais como Kaleidoscope [Caleidoscópio] (1979), no qual personagens da família debatem a teoria feminista. Seu reper tório de temas expandiu-se para incluir instalações de grande es cala que abrangem todo o espectro de tecnologias modernas. Em Hard Cell (1994), monitores de vídeo, projetores, computadores descartados, um desfibrilador e outros detritos da era moderna saem de um caixote corroído. Um verdadeiro túmulo, escavado em um local para antigos aparelhos de televisão, foi fabricado pelo ita liano Fabrizio Plessi (1940-) na Bienal de Veneza em 1986 em sua instalação Bronx. Ele colocou 26 aparelhos de televisão de cabeça para baixo em contêineres de metal enfe rrujado e enfiou pás nas telas. As pás eram, por sua vez, refletidas em uma projeção de água azul em cada um dos aparelhos. Plessi, para começar, vê a câmera portátil simplesmente corno parte de sua prática artística, como n tinta ou a madeira. "A TV é um material que o artista submete às suas idéias poéticas", disse Plessi em relação à sua obra, sobretudo a instalação Matria Prima (1989). "Um momento de descanso, Jt, pensamento, um fóssil silencioso, no fim a tecnologia cessa. Sut1 forma não é diferente da forma no mármore." Development Pln11 lo Build A/bania [Plano ele desenvolvimento para construir a AlbâniuJ (1992), do artista americano Peter Fend (1950-), apresenta vú ri, 1H monitores de vídeo com transmissões ao vivo, via satélite, ci o solo da Albânia e partes da Iugoslávia . Fend considera suas instllli1 \'0t'H como" estações de trabalho" para urna redistribu ição globa I dt' l li 1 der e recursos. 11·1, (esquerda) Willie Doherty, 11/ 1111~ de desolação deixados pela q11111ra em sua Irlanda natal. 1 li ,, (abaixo) Fabrice Hybert, 111, l,r lcJção no pavilhão francês da 111,111,11 de Viena em 1997. 1 lyl 11•rt, outrora participante nos llll1ll'S de Andy Warhol, 111 1111stituiu um estúdio de 11 l,•vls~o em uma instalação fei ta 1, 11, 1 uma performance. VIDEOINSTALAÇÃO 127 A desordem política há tanto tempo existente na Irlanda do Nor te é o tema das instalações do artista irlandês Willie Doherty At the End of the Day [Ao final do dia] (1994) e Somewhere Else [Em algum outro lugar] (1998). Doherty usa paredes inteiras para a projeção de imagens de carros incendiados, estradas que não levam a lugar a l gum, escuridão total e gravações repetitivas de frases como"Ao final do dia não haverá volta", para ilustrar o lado patético da guerra. Visando diretamente os meios de comunicação de massa con temporâneos, temos o artista canadense Stan Douglas (1960-), cuja instalação suave e tranqüila Evening [Noite] (1994), reencena o ri tual da família assistindo ao noticiário noturno nos anos 60 e 70. Usando imagens de arquivo do período como fundo, e atores/re pórteres em primeiro plano, Douglas mostra os "âncoras" sorrindo independentemente dos horrores (histórias da guerra do Vietnã, le vantes inter-raciais) que possam estar relatando. A onipresença das notícias transmitidas em rede, elevada a um nível internacional sem precedentes pela Cable News Network (CNN) de Ted Turner, que pode ser vista em praticamente todos os países do mundo, torna a imagfm de um evento mundial (crianças morrendo de fome na Somália; guerra no Iraque; a morte da prin - cesa Diana) instantaneamente reconhecida no mundo todo. Mui tos artistas internacionais refletem em suas videoinstalações essa preocupação com a imagem da notícia. O artista francês Fabrice Hybert criou todo um estúdio de transmissão completo, com mo nitores, móveis, salas de controle e edição, na Bienal de Veneza de 1· 1 1 1, 1 1 147. Marcel Odenbach, Eine Faust in der Tasche Machen [Punho cerrado dentro do bolso], 1994. O uso de vá rios monitores em uma instalação sugere um ambiente escultural artisticamente distante da atmosfera de "sala de estar" associada ao monitor individual. 148. Chantal Ackerman, Bordering on Fiction: Chanta/ Ackerman's 'D'Est' [A beira da ficção: "D'Est" de Chantal Ackerman], 1993/1995. Projeções em grandes telas que se encontram em cantos ou se cruzam em paredes tornaram-se comuns em videoinstalações no final dos anos 90. 1 11 I ~ 1 (aba ixo, da esquerda 1111,i ,1 direita) 1 l,11l11a Abramovic, Ba/kan , 11, 1c1ue (Father) [Barroco 1111, ,1nico (Pai)], 1997. 11111 11a Abramovic, Ba/kan ' 11,1r1ue (Marina Abramovic), l '1' 1/ , 11,11111,1 Abramovic, Balkan 1 11111111e (Mother) [Barroco 1 11,, 11ico (Mãe)], 1997. As 111 1, 1i,1çôes de Abramovic, com 111,1', leias, são uma reação 1 · 1 ,11 11,1llssima às batalhas 11111 , t•, em sua terra natal, a 111llq,1 Iugoslávia. VIDEOINSTALAÇA 1:;>1) 1997. Atuando dentro da própria instalação, Hybert realizou cnlrl' vistas, fez comerciais e "reuniões de produção" nesse loca l qut' substituía o local de transmissão. Eine Faust in der Tasche Machen [Punho cerrado dentro do bo l so], uma instalação de 1994 do artista alemão Marcel Odenbach (1953-), mostra como sete países (Alemanha, EUA, Inglaterra, Fran ça, Itália, Tchecoslováquia e México) mantiveram a ordem durante as revoluções políticas de 1968. Sete monitores, enfileirados um ao lado do outro, mostravam clips de notícias da época, em cada país, intercalados com imagens de arquivos da queima de livros pelo Ter ceiro Reich. Esta estratégia de vários monitores foi usada pela artis ta belga Chantal Ackerman (1950-) em uma desconstrução de vídeo de seu filme de 35 mm D'Est, em 1993. Ackerman dispôs 24 moni tores em oito conjuntos de três e projetou fragmentos de seu diário, transformado em filme, de uma viagem pela Europa Oriental, a ter ra natal de seus pais e avós. Ao filmar pela janela aberta de um car ro andando lentamente, ela registra em detalhes so111brios o coti diano de pessoas caminhando para ir trabalhar, esperando o ônibus ou em pé, na fila do pão. Em sev projeto contínuo de vídeo Xeno logif Immigrant Instruments [Xenologia: instrumentos imigrantes] (iniciado em 1992), o artista Krzysztof Wodiczko (1943-), de origem polonesa, combina entrevistas com imigrantes em diversos países com imagens das mesmas pessoas andando de metrô ou em pé, diante de prédios públicos, nos países que haviam adotado recente mente. A artista turca Sukran Aziz adota outra abordagem para a experiência de imigrantes em sua instalação Reminiscences [Remi niscências] (1998). Entrevistas com pessoas, gravadas em vídeo em Istambul, Nova York, Paris e outras cidades, são projetadas em pare des, enquanto do teto pendem centenas de 111inúsculos alto-falan tes escondidos em recipientes metálicos, que revelam conversas so bre lembranças e mudanças, gravadas anteriormente. O artista escocês Douglas Gordon (1966-) reexamina arquivos de imagens filmadas,extraindo-as e dissecando-as, freqüentemente 152. Douglas Gordon, Hysterical [Histérico], 1995. 130 NOVAS MIDIAS NA ARTE CONTEMPORÂN EA em câmera lenta, e, no processo, revela aspectos psicológicos e so cioculturais históricos. Hysterical [Histérico J (1995) reciclou um fil me médico da virada do século, no qual uma mulher mascarada, aparentemente sofrendo de histeria, era maltratada por médicos supostamente empenhados em uma cura. Em Through the Looking Glass [Através do espelho] (1999), ele seleciona uma cena de 71 se gundos do filme Taxi Driver de Martin Scorcese, no qual o perso nagem principal fa la consigo mesmo no espelho e "ensaia" uma confrontação com um inimigo anônimo. Na instalação de Gordon, o personagem, Travis Bickle, representado por Robert de Niro, é projetado nas paredes opostas de uma galeria, e repete: "Você está falando co migo?" enquanto retira uma pistola automática de sob a ca mi sa e a aponta para a câmera. O espectador se vê em meio a um ato aleatório de violência, cometido por um louco armado. Sempre englobando um grande número de questões sociais e críticas em sua arte multidisciplinar, a artista e música Laurie An derson abordou nossa relação com a tecnologia moderna em Dan cing in the moonlight with her wigwam hair [Dançando ao luar com l 11 l . Laurie Anderson, Your 1, 1//unate One $ Animatronic I' 111 ot de Dancing in the 11111onlight with her w1gwam hair l 111 11 íeliz papagaio an imatrônico , h• 'G 1, de Dançando ao luar com , , lundamente, depois 111111qulha de novo, sugerindo o , li lo recorrente de nascimento , 1@rte . VIDEOINSTALAÇÂO 135 se sobre o mar Báltico e depois pondo-se sobre as águas de Vene za é gerada, reflete-se num espelho colocado no fundo de uma pa nela e projeta-se sobre a parede. A obra de Bill Viola, talvez mais do que qualquer outra, repre senta a tendência para o lirismo na arte. Desde o início dos anos 70, Viola cria uma grande variedade de instalações e vídeos single channel. Ele próprio descreve seus vídeos como poemas visuais, nos quais aborda questões de identidade e significância espiritual no mundo moderno. Desde meados dos anos 80, a instalação tornou se seu meio favorito de apresentação. Suas explorações de luz e forma, aliadas aos seus interesses por materiais de origem espiri tual (o Alcorão, textos budistas e misticismo sufi), encontram ex pressão em projeções de grande formato expostas em várias partes do mundo. Com Slowly Turning Narrative [Narrativa giratória lenta] (1992), Viola utilizou uma superfície de projeção espelhada, girató ria, para sugerir uma mente em constante movimento, absorvida em si mesmo. O artista pretendia que "a sala e todos ali presentes se tornassem uma tela de projeção continuamente mutável, englobando imagens e reflexões" como vistas pela mente do homem, re presentado na parede giratória ."Em Stations [Estações] (1994), uma 160. (esquerda) Bill Viola, The r rossing [A travessia], 1996 (detalhe). 161. (abaixo) Bill Viola, The \ /opping Mind [A mente pclralisada], 1991. l I qüentemente, Viola 111 eocupa-se com a passagem do tempo. Aqui, imagens 1 ringeladas aparentemente l1,1nqüilas explodem em 1,1ovimento e som violentos, ,r11quanto o art ista tenta "deter a 111t1rcha do tempo" visualmente. VIDEOINSTALAÇAQ 1 I videoinstalação acústica computadorizada, com cinco canais, ns imagens são projetadas em lajes verticais de granito que, por suu vez, refletem-se em lajes espelhadas colocadas no piso, perpen di culares às de granito. Corpos parecem cair no ar ou tombar na água nesta interpretação das Estações da Via Sacra. Fire, Water, Breath [Fogo, água, respiração] (1996), uma instalação de três partes, uma das quais intitulada The Messenger [O mensageiro], foi projetada inicialmente no teto da catedral de Durham na Inglaterra e apre senta o homem em contato e/ou conflito com os três elementos bá sicos: um homem nu submerge na água, sobe à superfície, respira fundo e volta a mergulhar. Em seu contexto original no domo da igreja, os espectadores também são abrangidos pela imagem pro jetada e pelos sons que acompanham este ritual. Em um contexto de museu, oposto ao The Messenger, Viola colocou The Crossing [A travessia], duas projeções, do piso ao teto, de um homem gradati vamente consumido pelas chamas, e afogando-se lentamente em gotas de água que se acumulam sobre ele. Embora essas imagens possam parecer horripilantes, com Viola há sempre a sensação de 162. Gary Hill, Tal/ Ships [Navios de mastros], 1992. Hill utiliza tecnologia interativa em Tal/ Ships. Visitantes do espaço da estreita ga leria acionam as projeções de imagens m telas suspensa no spaço. 138 NOVAS MIDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA que, de alguma forma, uma redenção também está ocorrendo. Câ mera lenta, sons profundamente penetrantes, rica coloração e grande escala contribuem para uma experiência cinemática do ho mem imerso na natureza. A retrospectiva de Viola em 1997 no museu Whitney de Arte Americana em Nova York demonstrou a veia romântica do artista em dia com a era da arte eletrônica. Como o videoartista pioneiro Nam June Paik, Viola estudou música e design acústico. Toda a sua obra coloca o spm e a imagem em um mesmo nível. The Stopping Mind [A mente paralisada] (1991), uma instalação de quatro telas, Hil e a primeira que o visitante encontrava na re trospectiva Whitney, apresenta uma voz quase inaudível, murmurando frases so~re o corpo e a perda de sensações, enquanto imagens (close-up de arvo res, prados), outrora congeladas, movem-se subitamente e dep01s param. Explosões sonoras acompanham o movimento. Esta obra serve ao espectador como uma prévia do que está por vir: choques VIDl:OIN . 11\I i\(, i\() 1 11 inesperados de imagens e ruídos que despertam nossns nw11lt•r para outras maneiras de perceber o momento presente. E os d,• Jean-Luc Godard e Samuel Beckett se fazem presentes quando Viola engaja um de seus temas comuns: um único homem suplan tado pela enormidade da natureza - uma natureza que pode, às ve zes, consumi-lo, como acontece em The Crossing. Para os místicos dos tempos antigos, que Viola reverencia, o fogo e a água são símbolos de um amor que tudo consome, que aniquila o antigo eu em uma nova união contemplativa. Isto é mais evidente em Roam for St. John of the Cross [Sala para São João da Cruz] (1983), uma imaginada recriação da cela na qual o místico carmelita do século XVI foi preso pela Inquisição. Ouve-se uma voz recitando os poemas do santo em espanhol, alguns dos quais falam de vôos da alma em êxtase na noite escura e sobre montanhas co bertas de neve. Em determinado momento, urna montanha se move violentamente, acompanhada por um estrondo, como em 163. Mary Lucier, Last Rites (Positano) [Últimos sacramentos (Positano)]. 1995. Lucier relembra detalhes da vida da mãe nos Estados Unidos e na Itália, ao dispor móveis, fotos e vídeos em um espaço construído como um sonho. 140 NOVAS MÍDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA um terremoto. Durante aquele mesmo ano Viola confinou-se em um quarto de uma casa, onde tentou ficar acordado por três dias. A crônica filmada desse confinamento auto-imposto, Reasons for Knocking at an Emphj House [Razões para bater à casa vazia], ilustra como a passagem do tempo pode ser árdua."Minha obra", diz Vio la," é centrada em um processo de realização e descoberta pessoal. O vídeo é uma parte de meu corpo; é intuitivo e inconsciente." 1154. Mary Lucier, Ohio at e ilverny [Ohio em Giverny], 1983. Lucier elogia sua terra 11e1ta l. associando-a com a l,1mosa casa de Monet em e ilverny. VIDEOINSTALAÇÂO 141 Gary Hill considerou sua primeira videoinstalação, Hole in lhe Wa/l [Buraco na parede] (1974), uma transição da escultura para o vídeo. Ele filmou a si mesmo derrubando a parede de uma galeria e projetou a fita em um monitor colocado na abertura resultante. Onde poderia ter havido uma escultura, ele colocou, em suas pala vras," a memória em vídeo de urna performance". Desde o início, Hill preocupou-se com a poesia da linguagem e da imagem. Suas projeções em telas múltiplas, intelectualmente rigorosas, quase sempre fazem referência à semiótica, à filosofi a de Ludwig Witt genstein, à teoria pós-moderna francesa e à história do cinema. Ta/l Ships [Navios de mastros] (1992) é uma instalação intera tiva con- 162 sistindo em várias superfícies de projeção, cujas imagens de diver- sas pessoas são desencadeadas pela entrada de um espectador na sala onde se encontra a instalação . À medida qu e o visitante entra, figuras aparecem como se"do nada", aproximando-se dele e mur murando frases quase inaudíveis.Linguagem, imagem e uma forte sensação de desconhecido são características das videoinstalações da artista americana Susan Hiller (1940-), que as cria desde 1983. Wild Talents [Talentos selvagens] (1997), inspirada pelas conhecidas habilidades telepáticas e telecinéticas do médium polonês Stefan Ossowiecki, incorporou fragmentos de film es americanos e euro peus dos anos 60 até os dias atuais, principa lmente do gênero de horror, que mostravam os poderes sobrenaturais de crianças. Utili zando a estratégia minimalista da repetição, a instalação de Hiller, que ocupava dois cantos de urna parede da galeria, criou um ritual hipnotizador na interseção entre crenças religiosas popu lares e os meios de comunicação de massa . Luz e paisagem (tanto internas quanto externas) permeiam as videoinstalações da artista americana Mary Lucier (1944-). Em 142 NOVAS MIDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA obras como Ohio at Givemy [Ohio em Giverny] (1983) e Wildemess (1986), Lucier presta homenagem a Monet e aos iluministas ame ricanos do século XIX. Em duas obras anteriores, Dawn Bum (1975) e Bird's Eye (1978), ela apontou um laser diretamente parno olho da câmera, queimando o vidicon. Depois, mudou o compnme~to focal da lente e deslocou o laser, na tentativa de" gravar" alteraçoes na luminosidade, associando assim seu trabalho tecnológico às ob servações dos impressionistas sobre a luz. Oblique House (Valdez) [Casa oblíqua (Valdez)], 1993, mostrou o interior vazio, remaneia do, de uma ·antiga concessionária de automóveis em Rochester, Nova York, que Lucier transformou em uma casa de placas de_ges so sem janelas, apenas com monitores. Para Lucier, este ambiente arquitetônico estava "ligado a imagem e som: do lado _de fora: a casa não tem janelas; dentro dela, monitores de telev1sao func10- nam como janelas através das quais não se vê uma paisagem, po rém, a parte mais íntima da alma humana". Explorar identidades Seguindo a iniciativa dos primeiros a usarem o vídeo single channel Goan Jonas, Vito Acconci, Hannah Wilke, Dara Birnbaum), os artistas que criavamvideoinstalações no final do _século usaram,o meio para um exame cada vez mais profundo de s1 mesmos. A ca mera tem a propriedade especial de ser um condutor para imagens do eu em tempo real; quando colocada em determinado ambiente, corno uma instalação, ela tem o poder de representar uma perspec tiva abrangente do eu. Como Tracey Moffatt (1960-), uma artista australiana de meios de comunicação de massa, declarou corai osa mente: "Não estou preocupada com verossimilhança .. . não estou preocupada em captar a realidade; estou preocupada em criá_-la."_ O ambiente de instalação também permite maior part1c1paçao do espectador no processo de"completar o objeto de arte", segundo a famosa frase de Duchamp. Em muitas instalações, o espectador entra de fa to na obra de arte em um sentido literal para vivenciá la. Para artistas ocupados com questões de identidade, esta fusão fundamental de observador e observado é bastante pertinente. O colapso de fronteiras também reflete a influência que certos artis tas sofreram do ambiente psicoterápico inspirado por Lacan l' Freud, tão dominante nos círculos de crítica de arte dos anos 70. Combinado ao princípio do conceitualismo de que artistas seriam responsáveis pelo contexto de sua arte, isto alimentou diretame1~ll' o novo realismo da instalação, no qual o mundano e o pessoal sao reinventados de muitas maneiras diretas . À medida que as capacidades técnicas dos meios de comunicn çã.o de massa expandiram-se, a integração de diversos : lemenluma maneira de representar a velocidade de um cavalo correndo por meio da ação de várias máquinas fotográficas (12, neste caso), enfileiradas e preparadas para disparar em seqüência quando o cavalo passasse correndo. Ele prendeu um pedaço de cordão ao obturador e o esti cou através do caminho do cavalo. À medida que o cavalo passava correndo diante das máquinas fotográficas de Muybridge, seus INTRODUÇÃO 9 movimentos sobre o cordão acionavam os obturadores, criando cada um deles uma imagem a 1/200 de segundo. As imagens resul tantes, quando colocadas em seqüência, mostravam o cavalo no que parecia ser um movimento rápido contínuo. Muybridge che gou a usar 24 máquinas fotográficas na tentativa de aperfeiçoar a captação de movimento. Os resultados de seus esforços compreen dem os onze volumes de Studies in Animal Locomotíon [Estudos de 7 locomoção animal] (1888). Inicialmente, o objetivo de suas fotogra fias era complementar estudos científicos, mas logo foram adota das por artistas em seus estudos de movimento humano e animal. Em 1911, o futurista Cario Carrà representou o movimento em Funeral of the Anarchist Gallí [Funeral do anarquista Galli], e em 1912 Giacomo Balia pintou o extraordinário Dynamism of a Dog on a Leash [Dinamismo de um cão em uma coleira]. Umberto Boccio ni, como eles, voltou-se para os estudos fotográficos para aprender como a representação de movimento era feita por meio da repeti ção. Seu Dynamism of a Cyclist [Dinamismo de um ciclista] (1913) oferece provas do drama na seqüência dinâmica de imagens. Nude Descending a Staircase, N? 2 [Nu descendo uma escadaria, rn nº 2] (1912) de Marcel Duchamp, uma das pinturas mais polêmicas da época, inspirou-se diretamente em vários dos estudos de Muy bridge, ta lvez de modo especial em Ascending and Descending Stairs [Subindo e descendo uma escada] (1884-85), no qual pode-se ver uma mulher carregando um balde d' água, enquanto sobe e, depois, desce os degraus. Filme e cinema de vanguarda 1 Por mais revolucionários que esses" estudos sobre tempo" pos sam ter parecido, outro meio de captar movimento evoluía do ou tro lado do Atlântico, movimen to esse que marcaria o surgimento de uma das maiores influências artísticas do século: o cinema. Tan to o cinema popular quanto o de vanguarda do início do século vi rié!rn a ter um profundo impacto sobre a arte dos meios de comu nicação de massa em meados do século. O cinema desenvolveu-se nos laboratórios do inventor ameri cano Thomas Edison (1847-1931) que designou seu assistente, Wil liam Kennedy Laurie Dickson (1860-1935), para usar o fonógraro como modelo para fazer imagens animadas que pudessem ser ob servadas através de um visor. Em 1890, Dickson fez uma máqui nil fotográfica de imagens animadas chamada cinematógrafo, que, u111 ano depois, foi seguida pelo visor cinetoscópio. Em 1895, vári o11 inovadores, começando com os irmãos Lumiere, tinham projetad(I imagens filmadas em telas para um público pagante. Em rápida su cessão, o francês George Melies (1861 -1938), freqü entemente h11 mado de "o primeiro artista da tela", introduziu fusões, fotogrn ll t com intervalo de tempo e iluminação artística (a essência da i111' 9. (acima) Eadweard Muybridge, Ascending and Descending Stairs [Subindo e descendo uma escada] da série Animal Locomotion [Locomoção animal], 1884-85. 1 O. (di reita) Marcel Duchamp, Nude Descending a Staircase, No. 2 [Nu descendo uma escadaria, n~ 2], 191 2. Duchamp abstra iu os estudos de movimento de Muybridge em suas próprias investigações de tempo e da quarta dimensão. 12 NOVAS MÍDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA rnatografia) em filmes corno Cinderella (1899) e The Dreyfus Affair [O caso Dreyfus] (1899). Muito parecido com urna cena cortada de um filme de ficção científica dos anos 50, A Trip to the Moon [Via gem à Lua], de Melies, em 1902, mostra um"foguete"pousando no olho do"homem na lua". Em 1903, Edwin S. Porter do laboratório de Edison fez The Great Train Robbery [O grande roubo do trem], no qual foram usadas, pela primeira vez, técnicas de edição para im primir continuidade e criar tensão narrativa. A art~ da filmagem atraiu imediatamente vários profissionais que fizeram contribuições duradouras à forma. Já em 1915, o ame ricano D. W. Griffith (1875-1948) fez o épico The Birth of the Nation [Nascimento de uma nação] seguido, apenas um ano depois, por Intolerance [Intolerância], um entrelaçamento de quatro narrativas expondo os perigos da hipocrisia no decorrer da história. Na cate goria desses primeiros diretores, cuja obra ainda é citada como re ferência por artistas no cinema internacional, devem ser incluídos os franceses Louis Feuillade e Abel Gance (1889-1981), os alemães F. W. Murnau (1888-1931) e Fritz Lang (1890-1976), o sueco Victor Sjóstrõm, o britânico Charlie Chaplin (1889-1977) e o russo Sergei Eisenstein (1898-1948). A obra de Eisenstein é um produto óbvio da interação dinâmica entre arte, tecnologia e vida durante o período de vanguarda sovié tica (mais ou menos de 1915 a 1932). Ele representou um novo tipo de artista de meios de comunicação de massa com conhecimentos em matemática, engenharia e arte, e foi, durante muitos anos na ju ventude, um designer teatral com o díretor russo de vanguarda Vse volod Meyerhold (18 7 4-1940). Eisenstein, expressando seus vínculos com o construtivismo e o cubismo, aperfeiçoou as técnicas de mon tagem cinemática (iniciadas por D. W. Griffith), que lhe permitiram manipular respo$tas emocionais por meio dos processos vibrantes da edição de filmes. Eisenstein procurou novas maneiras de ver o que se compararia à nova imagem mundial sob o marxismo. Sua arte sobreviveu obviamente à luta política que a nutriu. O crítico de cine ma Stanley Kaufman, ao escrever sobre The Battleship Potemkin [O Encouraçado Potemkin] (1925), observou que Eisenstein"sentiu que uma nova sociedade significava um novo tipo de visão; que a manei ra como as pessoas viam as coisas devia ser alterada; que era inade quado apresentar novo material a olhos antigos". De certa maneira, tendo em vista seus conhecimentos de tec nologia de engenharia, Eisenstein é o perfeito paradigma para o ar tista tecnológico. Ele considerava seu cinema totalmente utilitário, racional e materialista, alegando que aplicava meramente o que aprendera em matemática e engenharia à confecção de seus filmes. Se a vanguarda russa pode ser caracterizada pela tensão entre o ponto de vista de Vladimir Tatlin sobre a arte como processo indus trial e o" sentimento puro" de arte baseado na estética, de Kazimir Malevich e Vassili Kandinski, Eisenstein fica ao lado de Ta tlin. Con - 11 111 rf:joi Eisenstein, cena de 11 / 111 tJUraçado Potemkin, 1925. 1 lhli1No final dos anos 80, graças, principalment ', às inovaçlwi1rd Stewart, lntercourse li l11l,1ç~o sexual], 1993. VIDEOINSTALAÇÃO 153 à qual a crítica Mareia Vetrocq referiu-se como uma "Kristallnach l feminista" . Em duas telas grandes posicionadas no canto de uma parede, Rist justapôs cenas de flores vermelhas de haste longa, qu e mudavam lentamente com os movimentos de uma mulher vestida com glamour, andando ostensivamente pela rua, enquanto canta rolava de boca fechada e quebrava vidros de carros. O cenário de Rist, dando atenção excessiva aos padrões de cor vermelha, esten de a ideologia feminista que ela professou anteriormente no frené- tico I'rn Not the Girl Who Misses Much (1986). 1-3 A equipe escocesa de Stephanie Smith e Edward Stewart mis- tura as relações entre os sexos em suas instalações Intercourse [Re lação sexual] (1993) e Sustain (Sustentar) (1995). Questões de do- 176 minação e submissão, violência e desejo, são exploradas enquanto o casal filma a si mesmo em rituais particulares. Membro da nova onda de videoartistas britânicos jovens que surgiu no final dos anos 90 (entre os quais Keith Piper [1960-] e l /1, ',t11pl1,111l1 • Smilh e Edward 1,l11w, 11 I, \ 11•,/,1i11 ISuslenlarJ, 1'111', 177, 178. Pipilotti Rist, duas cenas de Ever Is Over AI/ [O que sempre está acima de tudo], 1997. Rist justapõe imagens coloridas, bucól icas, de um jardim com o gesto casual e violento de uma mulher quebrando vidros de ca rros em uma rua segura e limpa na Suíça. 179. Steve McQueen, Bear, 1993. As projeções silenciosas, de grande escala, de McQueen (geralmente estreladas pelo próprio artista) envolvem o espectador com imagens fortes, mas quase sempre complicadas, do homem negro. 158NOVAS MIDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA Sonia Boyce [1962-]), Steve McQueen (1966-) chegou ao_pon50 de criar novas imagens para o homem negro em sua combmaçao de videoinstalações e filme. Em projeções sobre paredes inteiras como Bear (1993), na qual dois homens nus (um deles é McQueen) travam uma luta de boxe, mais um pas de deux divertido do que um combate,_ e Ft~e Easy P1e ces [Cinco peças simples] (1995), uma narrativa erngmat1ca e frag mentada, McQueen substitui imagens conhecidas do homem negro na área de esportes e de notícias por personagens mai~, com plexos e completos. É como se ele estivesse preenchendo os _esp~ ços vazios" nas representações do negro nos meios de comurncaçao de massa contemporâneos, espaços dos quais fala o h1s;or;,ador de cinema americano Ed Guerrero: aquela "terra de nmguem_ ,entre o atleta ou O pop star glorioso e o bandido anônimo no not1c1ano no turno. McQueen cria para si mesmo um personagem monumental em Deadpan [Rosto inexpressivo J (1997), um filme de 4 mmutos no qual se apropria de um momento cômico de um film e de Bustc1 Keaton, Steamboat Bill, Jr. [Marinheiro de encomet~da] ~1928), transformando-o em um hino de louvor à determmaçao e a reso- lução do negro . . . . . . Em meados dos anos 90, câmeras d1grtais tornaram-s: mais , · 'd. sso que alguns considera m acessíveis para o usuano me 10, um pa . como a "cinematização" do vídeo. Acompanhada por equ1pamen 1 1ql11 as seguintes: .11 11 Rodney Graham, Vexation l /,1111/ lllha da afl ição]. 1997. 1 ,1,1 11.im filma esta curta -111 1, illva em Cinemascope, 111l 1111dindo ainda mais as 11, 1111 1 Iras entre arte e f ilme 11 111 111 ial. VIDEOINSTALAÇÃO 159 tos de edição mais sofisticados, sobretudo sis temas digitais não li neares corno Avid, a produção de vídeos desenvolveu vínculos ma is estreitos com o cinema. Artistas como Barney representam a ten dência de imitar a experiência panorâmica da grande tela do cine- ma ao se voltarem para projeções em paredes ou telas inteiras do que seriam, basicamente, vídeos single-channel, denominando este trabalho de "instalação", ao contrário do ambiente de objetos ou monitores múltiplos comumente usado em instalações. Cremaster 5 de Barney, de fato, foi mostrado em um cinema enquanto a"insta lação" em si, consistindo em grande parte em cenário e adereços do conjunto vídeo/filme, foi exposta em uma galeria. Para outros artis- tas, como Steve McQueen e Pipilotti Risti, a projeção de um teipe de cada vez na parede inteira de uma galeria continua sendo a for- ma mais desejável de exposição porque situa a obra em um contex- to artístico, embora sugira a escala de cinema. Mas outros,como o artista conceituai canadense Rodney Graharn (1949-), já estão usando câmeras Cinemascope para narrativas curtas, pessoais, mos tradas como -ü:1sta]ações. O opulento Vexation Island [Ilha da afli- 180 ção J de Grahamr•Criado para o pavilhão de seu país na Bienal de Ve neza em 1997, é uma recontagém de 9 minutos da história de Robinson Crusoé que ele, como outros artistas conceituais que fi caram famosos nos anos 70, associa às teorias do filósofo francês Gilles Deleuze sobre a violência. Para o entusiasta de arte bem-dis posto, Vexation Island pode ser um fragrnento atraente, como um segmento de urna longa dança de Pina Bausch ou um relevo de uma enorme tela de Rauschenberg. O uso minucioso, feito por Graham, de estratégias conhecidas como repetição, câmera lenta e variação de planos afasta o filme das práticas do cinema normal, narrativo, transportando-o para a companhia de Godard e Warhol. À medida que os elementos de produção cinemática invadem a videoarte, a atitude estética que enfatiza a intenção do artista é reafirmada. O que separa o artista de meios de comunicação de massa, conforme aqui definido, do cineasta comercial é a intenção existente por trás da obra e sua natureza intensamente pessoal (al guns poderiam dizer particular) que a exclui do consumo de mas sa. No futuro, todavia, à medida que equipamentos de filmagem tornarem-se mais acessíveis, é provável que, como aconteceu com o filme Super-8 e o pesado vídeo Betamax, o filme substitua o ví deo na preferência dos artistas. Vídeos single-channel e instalações com vários canais poderão, muito bem, transformar-se em artefa tos históricos. Para permanecerem viáveis, os videoartistas terão de manter sua conexão singular com o vídeo como arte em "tempo real", sem tentar imitar a ilusão do cinema. 1 H 1 , lm, em gerada em w 11 1putador usada para anunciar ,1 ll1 •, \11l,1çêo Dai Vivo de Laurie /\1 H 1111 1,011 na Fondazione Prada 11111 Mll íl , Com o advento de \1 11 11 11 \oql,1 dltJi lal, ocorreu uma 11111 111111~11 l1111tl,1mcntal na 1 1 l,1~, 11 11 \11'1( c•pç/\o d imagens. 11111,1, 11 ll 1111qt11111 ocl ria ser 11h11l,1 ,1 p111 l l1 Ili' 1n'1111 1ros 1i11111111 1 11 i) 1, 11 111 11 lp11l,1tlo 11111111 1,11 11111 111111111111 , 4. ARTE DIGITAL No final do século XX, pode-se afirmar que a percepção sim plista do desenvolvimento da arte moderna, em função de"movi mentos", não é mais cabível. O uso de desenvolvimentos tecnoló gicos como novos meios de expressão para fazer arte, entre outras razões, tornou inaplicável essa maneira de ver as coisas - exata mente como, no final do século XIX, etapas de evolução estilística (classicismo, romantismo etc.) não mais serviam como classifica ções e descrições da arte que tivessem alguma utilidade. Os "is mos" comuns associados à arte deste século (cubismo, surrealismo, conceitualismo etc.), que se referem às práticas "intra-arte", nas quais um movimento reage ao anterior, chegaram ao fim, e hoje qualquer descrição de produção de arte que não dê espaço ao tec nológico está incompleta. Não há "ismo" associado à arte digital, um termo que se refere à imagem computadorizada. A aliança oca sionalmente conturbada entre arte e tecnologia amadureceu: a marcha inexorável do mundo para uma cultura digital (ou compu tadorizada) inclui a arte em seus passos. A arte digital é um meio mecanizado cujo potencial parece ilimitado. Segundo o escritor e curador George Fifield:"A possibilidade de reposicionar e combinar sem esforço imagens, filtros e cores, dentro do espaço sem atrito ou gravidade da memória do computador, dá aos artistas uma liberda de para criar imagens jamais imaginadas." O ensaio de Walter Benjamin, The Work of Art in the Age of Me chanical Reproduction [A obra de arte na era da reprodução mecâni ca], escrito em 1936, continua sendo uma referência essencial em qualquer tentativa de desenvolver uma linguagem para abordar questões de arte na era tecnológica. Para Benjamin, a tecnologia, sobretudo a da câmera fotográfica e cinematográfica, levantou questões de autoria e da própria singularidade do objeto de arte cuja" aura" se perde na reprodução . Se uma imagem pode ser facil mente reproduzida, onde fica a arte? A questão de "reproduzir" imagens com câmeras fotográficas ou cinematográficas tem pouco a ver com as capacidades agora radicalmente novas de criar um.J obra que não tenha referencial em um mundo não digital; de fato, que não tenha referencial no mundo tridimensional como o conhc cernas. A"reprodução" é para o mundo digital o que o balão de ar quente foi outrora para a aviação. Ao usar a tecnologia digital, os artistas agora conseguem introduzir novas formas de "produção", não de "reprodução". A "realidade virtual", por exemplo, um dos resultados mais enigmáticos da tecnologia digital, não é uma mcni tradu ção de dados em imagens de tamanho natural que imitam ,1 Fondazione Prada Carcere di San Vittore Giugno/Luglio 1998 ondazione Prada 20135 Milano. via Spar1aco 8. Tel. 02.54670216/0202 Fax 02 .54670258 164 NOVAS MIDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA realidade; é a própria realidade. De acordo com o arquite:o e críti: co Paul Virilio: "Estamos entrando em um mundo onde nao havera uma, mas duas realidades: a real e a virtual. Não há simulação, mas substituição."O argumento de Benjamin sobre a reprodutibilidade, presciente quando ele o apresentou no final do: anos ,30, re~ere-sc à" aura" e singularidade do objeto de arte e tambern esta relacionad_o às representações de espaço por meio dous~ das leis ,~e persp~ctt~ va, uma preocupação dos artistas desd: o seculo X:V. Perspectiva, e"reprodutibilidade", para Benjamin, sao concei_t?s relac10na~os .ª representação do real; mas não exist7m mais ideias ;ncontest_ave1s do" real". O mundo digital, que vai alem da mera ausenc1a de linea ridade introduzid~ na arte pelo cub~smo, está se tomando uma nova realidade para a qual ainda preosa ser desenvolVJda uma lin- guagem estética e crítica. , . , A tecnologia digital, cuja ferramenta bas1ca e o computador, abrange todas as áreas da arte contemporânea tecnologicamente envolvida, de filmes a fotografia, música sintetizada, CD-ROMs muito mais. O novo poder que a tecnologia digital confere à ima gem a torna infinitamente maleável. Antigamente, a informa~ão vi sual era estática no sentido de que a imagem, embora passive! de edição em filme ou capaz de ser incorporada ª. outras em _uma montagem, era fixa. Uma vez transferida para a linguagem digita l no computador, pode-se modificar cada elemento da imagem. No computa~or, a imagem transforma-se ,~m"informação", e tod~s ~s informaçoes podem ser manipuladas. Pela pnme1ra vez na histo ria", diz Peter Weibel, diretor do lnstitute for New Media em Sta delschule, Frankfurt-am-Main,"a imagem é um sistema dinâmico." Este capítulo não pode abordar todo o âmbito da tecnologia di gital em todas as formas de arte. Ele te!1tará ap_enas enfatizar aqu las práticas computadorizadas que vanos artistas represen_tatt~o. estão usando para produzir uma arte que afasta no~sas_ deft~1ç??H ainda mais da tela, em direção a mundos mimagmaveis no 1rnc10 do século XX ou mesmo quando ele já passava da metade. Tão grande é a velocidade com que novas formas de arte digital est?o sendo criadas que, quando este livro for pubh:a_do, o trabal_ho dt8 cutido poderá parecer ultrapassado, e seu mento, esmaeci90. ( 11 dias de manifestos e previsões se foram. Quaisquer declaraçoes so bre"a maneira como as coisas serão" estarão ultrapassadas quando forem impressas, ou mesmo enviadas por correio eletrônico. Referindo-se ao computador eletrônico totalmente digital, qw• foi introduzido em Moore College of Electrical Engineering na 111 ladélfia em 1946, Charles Steinback, diretor do Centro lntemacio nal de Fotografia, em Nova York, escreve: Cerca de 45 anos após sua introdução, esta maravilha tecnol61-1lr11 assumiu incontáveis funções na cultura - colocando-seno cc11 l111 do que poderíamos deno~inar a segunda transforma'i:ão tecnolque produziu Catalog [Catálogo] (1961). Um curta-me tragem composto por imagens abstratas computadorizadas, Cat~log foi criado com antiquados equipamentos militares de computaçao. 188. Michael Gaumn itz, Portrait of Jean-Luc Godard [Retrato de Jean-Luc Godard] (1986) da série Sketches, Portraits and Homages !Esboços, retratos e homenagens], 1985-89. Além de filmar imagens abstratas, alguns dos primeiros artis tas de computador tentaram reinventar a imagem animada tão co nhecida dos cinéfilos desde os filmes de Disney. A animação sem pre teve seus praticantes da chamada alta arte. O filme animado de 1967, Hummingbird [Beija-flor], do americano Charles Csuri, feito em colaboração com o programador James Schaffer, mostrava uma imagem do pássaro dissolvendo-se, depois sendo reconstituída, tudo por meio de um programa de computador. A animação con tinua a desempenhar um papel importante na arte computadoriza da. Segundo o que artistas corno o sul-africano William Kentridge demonstram em vídeo e filme, a animação pode ser o lócus para uma extraordinária experimentação contextual e formal. Entre 1985 e 1989, o artista francês Michael Gaumnitz criou uma série de ani mações pessoais no computador intitulada Sketches, Portraits and Homages [Esboços, retratos e homenagens]. Utilizando as técnicas facilmente disponíveis de colar, apagar, deslocar e multiplicar, o ar tista desenvolveu uma "paleta eletrônica", com a qual improvisou temas relacionados às lembranças pessoais. O uso inovador da tecnologia por artistas, também evidente nos primórdios da videoarte, levou a avanços significativos na própria tecnologia. Em meados dos anos 70, os artistas Manfred Mohr, John Dunn, Dan Sandin e Woody Vasulka desenvolveram um software para a criação de imagens bi e tridimensionais. Os compositores Herbert Brun e Lejaren Hiller inventaram ferramentas musicais para o computador, que antecederam os sintetizadores de teclado atualmente usados por músicos de todas as linhas. 189. Vera Moinar, Parcours (Maquette pour un environnement architectural), 1976. A técnica da repetição para evoca r aspectos temporais e gestuais, quase sempre vistos na arte minimalista, é facilmente e· ssfvel com a tecnologia dl ll 1. As repetições aparentes cio Moinar, de fato, contêm leves vnrln õ que sugerem a mão da llfl l•, l trobalh ndo. 172 NOVAS MÍDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA Vera Moinar, considerada uma pioneira em arte computadori zada, infundiu uma sensibilidade minimalista nas imagens compu tadorizadas, em obras complexas, altamente controladas no com putador, como Parcours (1976), que à primeira vista parece uma série de esboços feitos com linhas rápidas. Ela usa o computador para expandir seu repertório em direção a uma vanguarda que transfor ma" o acidental ou aleatório em subversivo a fim de criar um cho que estético e romper com o sistemático e o simétrico". Embora outras inovações tenham ocorrido na arte computado rizada entre meados e final dos anos 70, é consenso geral que ela enfraqueceu-se após o primeiro surto de energia no início da década de 70. Nos anos 80, os computadores tornaram-se mais acessíveis e começaram a ser usados por um amplo espectro de artistas, in clusive aqueles cujo trabalho principal era realizado em outros meios de expressão. Em seu livro Digital Visions: Computers and Art, ART DI 11 111 17 a escritora americana e curadora independente Cynthia Goodman, embora enfatizando o trabalho de vários artistas já mencionados aqui, também inclui a obra de David Hockney, Jennifer Bartlett, Keith Haring e Andy Warhol, que tinham usado o computador, de uma maneira ou de outra, no desenvolvimento da arte. Embora isto demonstre o uso do computador por uma variedade de artistas, não significa que qualquer novo meio de expressão, para ser vali dado, tenha que ser associado a artistas já conhecidos. A maior disponibilidade de microcomputadores nos anos 80 trouxe consigo um crescimento da arte computadorizada, que in clui uma ampla faixa de gráficos computadorizados, animação, imagens digitalizadas, esculturas cibernéticas, shows de laser e eventos cinéticos e de telecomunicação, e todo tipo de arte intera tiva que requer o envolvimento do espectador/participante. As ins talações luminosas programadas do alemão Otto Piene (1928-), 1 1 \\ 190. Otto Piene, Olympic Rainbow [Arco-íris 111 , J/\ mrmória da lil•ilfl1l,1011c 011\1 11 ,1 memória do 1111111111t,1t1or L 1 •111•,. 178 NOVAS MIDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA simples no qual uma imagem bidimensional é transformada em linguagem binária matemática (ou digital) do computador. O ma terial primário (a fotografia) torna-se maleável porque agora con siste apenas em dígitos distintos. É interessante que, apesar da natureza abstrata de várias das pri meiras obras notáveis de arte computadorizada (Noll, Whitney), a imagem representativa voltou com força total com a arte digitalmen- te alterada nos anos 80, quando artistas exploraram superficialmente as possibilidades mecânicas de técnicas de imagens computadoriza-das. Várias imagens digitalmente manipuladas da Mona Lisa de Leo nardo da Vinci, por exemplo, apareceram nas obras de Jean-Pierre Yvaral e Lillian Schwartz. Synthesized Mona Lisa [Mona Lisa sinteti- 1 1 111 zada] (1989) de Yvaral, misteriosamente semelhante a um retrato de Chuck Close, consistia em uma reconstituição estrutural do famoso rosto baseada em análise numérica. Mona!Leo de Schwartz (1987) combina, no mesmo fotograma, metade do rosto de Mona Lisa com metade do rosto de Leonardo da Vinci. Esses artistas, encantados com a capacidade do computador para reativar uma imagem obvia mente conhecida, talvez estejam praticando a "arte da apropriação" (comum na obra dos anos 80 de Sherry Levine e outros), mas, ao dar-lhe um toque tecnológico, tentam, segundo Popper, "criar fenô menos visuais nos quais a figuração e a abstração não mais se opõem" . Memory of History Meets Memory of the Computer [ A mernó ria da história encontra a memória do computador] de Lera Lubli11 (1985) é outro exemplo de imagens históricas artísticas atualizadas. Aqui a artista escaneia imagens de pinturas clássicas da Virgem Ma ria e do Menino Jesus no computador e depois as manipula pal'll ilustrar intenções sexuais ocultas nos quadros. O artista americano Keith Cottingham (1965-) apóia-se excl1 1 sivamente em manipulações digitais de imagens em toda sua ob111 111111111 chwartz, Mona/Leo, 1 l 11•,rnn amento permite 11 l l ,l,1•, lroduzir fotografias JII 111111111 m teria! impresso • 1 Ili 1q1111q m digital do ··11111l,1drn 111 exemplo, ele cria o que parece ser um fotograma congelado de pa péis e objetos voando pelos ares, com uma rajada de vento. Como em qualquer meio de expressão em que a tecnologia de sempenha um papel importante, o trabalho mais dinâmico ocorre quando a tecnologia acompanha as visões dos artistas ou os artistas acompanham a tecnologia. Em pintura ou escultura, o que muda na arte são os conceitos e o uso dos materiais. Com a arte tecnológica, o próprio mero de expressão muda radicalmente quando a tecnolo gia muda. O entusiasmo que Muybridge sentiu ao ser capaz de cap tar o movimento com sua" cronofotografia" é agora substituído por um entusiasmo em alterar a realidade, em transformar o real em ilu sório. Para alguns críticos, a arte computadorizada não possui a pro fundidade de interesse que eles associam, por exemplo, à pintura abstrata. Consideram-na monótona, ou como a holografia, mui to superficial em seus truques. O crítico fotográfico americano A. D. Coleman, reagindo à maioria do que viu em Montage 93, Festival Internacional da Imagem, realizado em Rochester, Nova York, em 1993, disse: "De maneira geral, temos sinos, apitos e botões para apertar: tudo aqui zumbe, tilinta, cintila, liga e desliga." Arte da Web A tecnologia muda rapidamente e, com isso, o campo do artis ta expande-se. É possível que uma nova vanguarda esteja surgindo no que chamamos de Arte Interativa, que aqui se refere à arte nn Web, e à arte computadorizada, que requer a participação do cs pectador para se completar. Também é possível que tal interação possadegenerar em mero entretenimento. Após certo tempo, pou co a separa de apenas mais um evento de alta tecnologia, impelido pela tecnologia e não projetado e concebido artisticamente. E111 parte, isto é uma função do número de pessoas (artistas ou não) que agora trabalham com as novas tecnologias. Se, de acordo crn 11 o especialista em arte com meios de comunicação de massa, TI motby Druckrey, havia 5000 artistas com páginas pessoais na Inll' I net em 1995, então, por volta do ano 2000, esse número pode 11 •1 explodido, atingindo valores de seis dígitos. Mesmo este númt'111 talvez seja conservador, considerando-se, segundo o US Dcpl1 1 I rnent of Labor Statistics, que o uso da Internet em todo o rnu11d1 1, atualmente, dobra a cada cem dias. Embora seja injusto aprcssill 11 avaliação crítica da arte interativa em seus estágios atuais, va 11' 11 pena considerar duas áreas principais no final do século XX: arlv 1111 Web e instalações interativas, incluindo-se os primeiros cxp1 •1 I rnentos em realidade virtual. A arte especificamente desenvolvida para a Web é um fcn(11111• no tão recente que o museu Guggenheim em Nova York, rcc()f 1l11' 203. John Simon, Every lcon [Todo ícone), 1997. A "grade", historicamente reverenciada, tornou-se o ponto de partida preferido para vários artistas de computador. Simon a usa como um lócus para uma sucessão interminável de t ruques visuais calcu lados. Given: ARTE DIGITAL 187 cido por seu envolvimento com novos meios de· expressão, lançou seu primeiro projeto artístico para a Web apenas no verão de 1998: o trabalho do artista nova-iorquino Shu Lea Cheang, BRANDON, que é um exame de questões culturais e sexuais. Embora outras instituições, sobretudo a Ars Electronica em Linz, na Áustria, e o Centro de Arte e Meios de Comunicação de Massa em Karlsruhe, Alemanha, tenham apresentado projetos para a Web em conjunto com seus festivais internacionais desde meados dos anos 90, é bom lembrar que a Web (www) foi lançada somente em 1989. Projetada pelo cientista inglês de informática Timothy Berners-Lee, seu obje tivo inicial era auxiliar a comunicação internacional entre físicos trabalhando para o European Laboratory for Particle Physics. Antes disso, redes semelhantes tinham sido usadas exclusivamente por instituições governamentais e universidades de pesquisa envolvi das em projetos militares. A arte na Web, embora cada vez mais sofisticada, incorpora em grande parte imagens desenvolvidas fora do computador e depois nele introduzidas por um scanner ou equipamento digital de vídeo. Alguns artistas, contudo, por sua própria conta ou encarregados por museus e centros de arte, estáo desenvolvendo trabalhos que realmen te envolvem o computador corno meio de expressão. Entre eles, destaca-se o americano John Simon, cujo Every Jean [Todo íco ne] (1997) aborda a linguagem computadorizada diretamente em um esquema conceitua! que dá a impressão de levar a"arte tempo ral" aos seus limites. Ele criou uma grade quadrada de 32 por 32 quadrados, contendo um total de 1024 quadradinhos. Esses qua dradinhos alternam-se constantemente entre luz e sombra em A:n icon described by a. 32 X 32 grid . Alloved: A:ny element of the grid to be colored black or white. ahovn: llvery icon. Owner: John F. Simon, Jr. Edition Number: Artist's Proof Stming lime: Jo.nua,y 14, 1997, 21 :00 :00 203 JOI\ • / , (di reita, de cima para l 1111~0) Tony Oursler, Constance 1 l 11011 0 Slcphen Vitiello, 1 r111 tn1tlc Preyers [Preces lnnlA•,11 J, 1995. 188 NOVAS MIDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA combinações infinitamente diversas, uma linha de cada vez. Só a li nha superior possui 4,3 bilhões de variações, que levariam 16 me ses para aparecer em um computador operando continuamente. A segunda linha levaria seis bilhões de anos, e assim por diante. Con siderando-se a tela como Josef Albers ou Agnes Martin, ambos ci néticos, o"jogo artístico" de Simon, no qual ele convida o especta dor a observar a grade enquanto ela acende e apaga, nunca pode ser completado, mas vai bem longe na visualização de uma idéia do infinito. Na época em que este livro foi escrito, Every Jean podia ser encontrado em www.numeral. com/everyicon.html. Simon auxiliou outros artistas conceituais, Jenny Holzer, La wrence Weiner e a equipe de Kolmar e Melamid, a colocar sua arte na Web. Holzer põe uma série de afirmativas provocantes on-/i11(' em Please Change Beliefs [Por favor, mude suas crenças] (1998). Cada frase ("amar os animais é uma atividade substituta","o assas sinato tem seu lado sexual") pode ser selecionada, gerando outra frase. Cada página na tela mostra, na parte inferior, "Please Chan ge Beliefs" ["Por favor, mude suas crenças"]. Ecoando a próprin obra em outros meios de expressão, Lawrence Weiner, como Hol zer, apresenta afirmativas expressivas que também podem ser sele cionadas, gerando outras, com o objetivo de exemplificar seu en volvimento com"realidade" e"paisagens oníricas" . A equipe russ;i de Kolmar e Melamid criaram The Most Wanted Paintings [As pin turas mais desejadas] (1997) que começaram com uma pesquis;i on-line, feita com pessoas de diversos países, às quais se pergunlou o que gostariam, ou não, de ver em um quadro. Baseando-se n,\H preferências expressadas, os artistas então fizeram pinturas que [o ram exibidas on-line. Uma seqüência de banalidades intenciona l:, permeia cada urna dessas obras na Web. O Dia Center em Nova York patrocina um projeto contínuo d1• trabalhos de artistas da Web. O primeiro, Fantastic Prayers [Pm·1•11 fantásticas], encomendado em 1995 ao grupo americano de col,1 boradores formado pela escritora Constance DeJong, o videoarliH ta Tony Oursler e o músico Stephen Vitiello, é um labirinto de l1•x tos, sons e imagens fragmentados, girando em torno de uma ll'l 111 imaginária, Arcádia, cujos" moradores desconhecem lugares e l' J H 1 cas" até que uma voz misteriosa perturba sua serenidade. Ao cn l 1111 nesta página de navegação aparentemente interminável (www.dl11 center.org), encontra-se um labirinto de conexões que vari a111 d1 • bocas desencarnadas de Oursler, das quais irrompem fra ses ("g1 111 tei de alguns"), a uma parte de O livro tibetano dos mortos, 1nd11 acessíveis com um mero clique do mouse. Após vários cliqtt l'lt1 11 ponto de partida parece perdido para sempre, enquanto a ass111'111 ção livre substitui qualquer senso de narrativa linear. Na mesma página encontra-se Studio Visit [Visita ao esl11 dl11I (1997) da videoartista americana Cheryl Donegan, um estC1di11 vii tu al de idéias, pinturas digitais, vídeo e apresentações gráfi c,w. 1 >1 1 190 NOVAS MIDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA negan capta aqui o mesmo sentido de brincadeira artística que ca racteriza seus vídeos single-channel. Aqui a artista coloca-se dentro de grandes espirais de cores primárias, protegida por uma touca de banho e coberta por tiras de videoteipe. As imagens intercalam-se (elas não "metamorfoseiam" umas nas outras como nos filmes) à medida que o visitante clica sobre elas. O Museu de Arte Contemporânea de Montreal patrocina uma página na internet contendo dezenas de links para arte na Web (www.media.m!l,cm.qc .ca). Um exemplo (www.obsolete .com/ artwork) reage ao uso disseminado do ensaio de Walter Benjamin sobre arte na era mecânica. Intitulada Walter Benjamin: The Work of Art in the Age of Mechanical Reproduction [Walter Benjamin: A obra de arte na era da reprodução mecânica] (1998), a página consiste em palavras e números piscando tão rapidamente na tela que o vi sitante não consegue lê-los. O artista ou artistas anônimos que criaram a obra acrescentam a seguinte nota explicativa na parte in ferior da tela do computador: "uma tradução para leitores que não entendem o original". Evidentemente acreditam que a velocidade da reprodutibilidade aumentou tanto desde Benjamin que até suas palavras, quando reproduzidas, têm pouco significado. Outras pá ginas de arte naWeb, patrocinadas pela instituição, incluem www. caiiamind.nsad.newport.ac.uk iniciada pelo artista e educador Roy Ascott no Center for Advanced Inquiry in the Interactive Arts, Uni versidade do País de Gales, "Gallery 9" na página do Walker Art Center (www.walkerart.org) e na página do Instituto de Arte Con temporânea em Londres, www.ica.org.uk. A página, na Internet, de The Art and Science Collaboration (www.asci.org) também contém vários links para artistas da Web em todo o mundo, inclu sive aqueles na Polônia e Hungria, bem como uma amostra de nova arte na Web, constantemente atualizada. Em sua página (www.sgg.ch/mullican), o artista americano Matt Mullican oferece pinturas, desenhos e "pictogramas", como ele os denomina, que são figuras computadorizadas simplificadas, inspiradas em art déco, que podem ser acessados clicando-se nos círculos em uma grade (a grade, pelo jeito, é um formato prático para a arte na Web). O artista britânico Jake Tilson, que tem um él antiga fascinação pelos aspectos técnicos de reprodução e produ ção artística, usa a Web para suas confrontações com a aleatori dade e a fragmentação. Sua página (www.thecooker.com), um 111 projeto contínuo iniciado em 1994, contém uma variedade eston teante de associações humorísticas em nove projetos de arte 11íl Web. Macro Meal [Macrorrefeição] (1994) permite ao visitante pas sear pelo globo" escolhendo" o desjejum, almoço e jantar em lista~ de países, acompanhadas por imagens de vídeo de um restauranlt• típico e sons que poderiam ser ouvidos em seu interior. Após ver vários projetos de arte da Web, não resta dúvida qut• design gráfico tem uma função essencial no desenvolvimcnlt 1 212. Matt Mullican, imagem da obra na página da Web Up to 625 produzida para documenta x 1998. ' ARTE DIGITAL 191 ) . desta formaá rtística .. Com a indefinição das fronteiras entre arte e trabalho mi).~ual, artistas especializados em computação gráfica, especial~tas em caligrafia, layout e imagens multidimensionais aju dam art1stas.v1suais de outras áreas a se adaptar ao computador. O art1s.ta amenc~no Peter Halley representa esta nova geração. Ex plodzng Cell [Celula explosiva] (1997), que pode ser visto na página do Museu de Arte Moderna de Nova York na Web (www.moma org), consiste em nove quadrados que" explodem" em um .. - . · l 'd , . a sequen- cia ca e1 oscop1ca de cores. Razorfish criado en1 1995 , b' , · ' , e um am- .1ente grafico que somente poderia existir na Web. O curador ame- ncano,~aron Betsky descreve o projeto artístico do Razorfish, RSUB, como um mundo que mistura formas estáticas e dinâmicas que estende em camadas, textos, imagens e campos abstratos de f~rma aparentemente aleatória, dando força às mensagens que apresen~ tarn co~ehvarnente" . Razorfish é uma sofisticada carteira de com pensaçao para expressão na Web. A leitura, .percebe-se .:ºm freqüência, ressurgiu como um ele mento essencial da expenenoa da arte intera tiva. o computador e a Internet, ao rneno~ neste mornenfo, são dependentes de palavras e exigem urna aptid~o de leitura que não é exigida pelos meios vi suais de coi::iurncaçao de massa, principalmente pela televisão. o artista alernao Frank Fietzek aborda as ambigüidades de aprender ª lerem. The Blackboard [O quadro-negro] (1993) . Fietzek colocou um morntor em tnlhos afixados a um quadro-negro. Enquanto sur- ) 1 3. J ke Ti lson, seleção de telas 1111 p~g ina The Cooker, 1994-99, 1111 IIIL rnet (http://www. llioco kcr.com). Tilson, que no 1111•,•,1 1do usava todo tipo de objet tw uv(l m seu trabalho, levou 11 111 •,011slbilidade para o 1111 11pulador, onde combina 1111 1uom de suas viagens pelo 1111 rr 111 1>a participação do público, mas a nova arte interativa não é controlada pelo artista da maneira como era, digamos, Eighteen Happenings in 6 Parts [Dezoito Happe nings em 6 partes] (1959) de Kaprow, com instruções rígidas para os participantes. Artistas interativos como os americanos Ken Fein gold, Perry Hoberman, Lynn Hershman-Leeson, Karl Sims, Jeffrey Shaw, Grahame Weinbren, o japonês Masaki Fujihata e os alemães Bernd Lintermann e Torsten Belschner, para citar apenas alguns, incentivam positivamente os espectadores a criar narrativas ou as sociações com as obras interativas. De fato, elas são planejadas com este objetivo em mente. Obviamente, o conteúdo disponível para escolha permanece nas mãos do arti,sta, mas o que os participantes fazem com ele tem muitas variações. O rigor conceituai (embora também brincalhão) de um evento do Fluxus (por exemplo, Mirrar [Espelho], 1963, de Mieko Shiomi, que requer que o artis ta "fiqu e em pé na praia com as costas para o mar. Segure um espelho dian te do rosto e olhe. Caminhe de costas para o mar e entre na água") é substituído por uma profusão de possibilidades limitadas apenas pelo tempo que o participante tem para dedicar-se à obra. Critica mente, a interatividade introduz uma nova tarefa para aqueles que tentam avaliá-la. Timothy Druckrey afirma, sem rodeios: "Se as imagens têm que se tornar cada vez mais experimentais, então deve-se desenvolver urna teoria de representação que responda pela transação provocada pela participação." Questões de representação são evidentes na obra do artista americano Bill Seaman e do polonês Tamas Waliczky. Em sua obra, Seaman tenta criar vínculos tecnológicos com formas históricas ar tísticas como o tríptico, gerando para o espectador/participante ex periências poéticas semelhantes à apreciação de pinturas, mas de uma forma interativa. Passage Set/One Pulls Pivats at the Tip af the Tangue (1995) é uma instalação interativa, apresentada como um tríptico, no qual três projeções permitem ao espectador pressionar "pontos críticos", ou textos destacados, que geram outros textos e imagens, resultando em um poema espacial que, segundo Seaman, reflete a sobreposição ou colisão de espaços psicológicos. Em vez de simplesmente acamar imagens de modo aleatório, a insta lação de Seaman permite uma leitura seqüencial, bem semelhante ao ato de ver uma pintura ou ler um poema. Waliczky joga com a pcrsp e tiva em sua instalação de 1994, The Way [O caminho]. À 11wdid 11 que os espectadores aproximam-se da tela de projcç5o rn lrn '1 Hl11 1111 21 5-17. Bi ll Seaman, três telas de Passage Set!One Pulls Pivots at the Tip of the Tangue, 1995. Nesta insta lação interativa, visitantes apertam "pontos crít icos", áreas destacadas na tela, que geram outras imagens em um desdobramento contínuo de textos e imagens fragmentados. ARTE DIGITAL 197 extremidade de um longo corredor, as imagens na tela, acionadas pelos movimentos dos espectadores, recuam, invertendo a expe riência normal de perspectiva. Além disso, a interatividade proporciona, aos artistas preocu pados com questões sociais, a oportunidade de envolver os espec tadores de forma bastante acentuada. White Devi/ (1993) [Demônio branco], do artista americano Paul Garrin, coloca os espectadores no meio de um"bairro"imaginário. À medida que passam pela ga leria, câmeras de vigilância acompanham seus movimentos e cães horríveis surgem nos monitores de vídeo para assustá-los. Lynn Hershman-Leeson, cujo projeto Lama (1979-83) foi o primeiro vi deodisco interativo, cria obras de arte interativas que abordam questões feministas de forma bastante direta. Em Roam of One's Own: Slightly Behind the Scenes (1992), ela criou um"espetáculo eró tico" no qual o próprio ato de olhar a instalação vertical desenca deia uma série de imagens relacionadas à representação (quase sempre erótica) de mulheres em meios de comunicação de massa. O espectador torna-se um "voyeur" à medida que seu olhar ativa imagens relacionadas a uma cama, telefone ou peça de roupa, tudo armazenado em videodisco. 2 '18. lynn Hershman-l eeson, Room of One's Own:Slightfy /3 /1ind lhe Scenes, 1990-93 . l\ lril H rshman-Leeson, lo nolog ias digitai s "são a p11l•,11q '111 do presente. As li'1111lc,1~ digitai melhoram ainda 111111 ,1 e1mllbilidad de imagens 1111111l p11li11li1 •,, 1110 mo quando 1111111111111, 11 l11c h1bil, v lm nte 11111111,11" Na instalação interativa Childhood!Hot and Cold Wars (The Ap pearance of Natúre) [Infância/Guerras quentes e frias (A aparência da natureza)], 1993, do artista americano Ken Feingold, um globo repousa em uma mesa de fórmica colocada que contorna um reló gio antigo. A face do relógio, contudo, também é uma tela sobre a qual são projetadas imagens de vídeo, de dentro do relógio, quan do o espectador gira o globo. O mesmo espectador pode controlar o fluxo de imagens (centenas delas, de banais a horripilantes, sele cionadas de imagens de 1V dos anos 50 e 60). Segundo Feingold: "O espectador-participante interage com os programas computa dorizados e a parte elétrica da obra, controlando a velocidade e a direção do videolaser, o movimento dos ponteiros do relógio, e re tardando a reprodução de áudio digitalizado." Nestes exemplos, em que cada um depende de imagens de ví deo anteriormente filmadas, é evidente que a videoinstalação tor nou-se dinâmica, reduzindo o grau de separação entre o artista e o espectador. Contudo, a autoria não desapareceu. O artista agora S!' tornou um facilitador da experiência da arte com a obra interativu passando a ser, de certa forma, uma extensão da educação, urn11 aprendizagem criativa com participação ativa. Alguns artistas, no entanto, são irredutíveis no que diz respl'i to a contestar a autoria. Karl Sims, formado em biotecnologia pt'l11 Ma. sachusetts Institute ofTechnology, dedicou vários anos ao d! ' 19, 220. Ken Feingold, ·, lrildhood/Hot and Cofd Wars ( / /Je Appearance of Nature) l111 f~ncia/Guerras quentes e frias (/1 parência da natureza)]. l '193 . Feingold considera o , •,pectador um participante. 1111 ta instalação interativa, ao 111t ar o globo sobre a mesa, o , •1pcctador dá início a uma 11111 nte de imagens 111presentat ivas da cultura dos 1110 50 e 60, projetadas a partir d11 l11terior do relógio. ARTE DIGITAL 199 senvolvimento de uma arte gráfica computadorizada que lembra a teoria de seleção natural de Darwin. Em duas instalações interativas complexas, Genetic Tmages [Ima- 222 gens genéticas] (1993), mostrada primeiro no Centro Pompidou em 221 Paris, e Galápagos (1995), que está em exposição permanente no In ter-communication Center em Tóquio, Sims permite aos especta dores criar suas próprias "formas de vida artificial" que" crescem" dentro do computador em uma simulação rápida dos princípios darwinianos. Em Galápagos, 12 monitores, dispostos em semicírcu- lo e equipados com pedal, mostram uma" criatura" tridimensional 22 ·1. (acima) Karl Sims, G, / pagos, 1995. Inspirado pela l c ria de seleção natural de Darwin, Sims criou um sistema 111 qu org anismos "genéticos" pmccem se desenvolver dentro (ln ~ u ambiente no computador O l'SP ctador escolhe uma dontrr vá rias gravuras simples e, 11 11 1 \ílf)lJid , ocorrem mudanças 11l 1111 lórlu q,1anto a cor, textura, 1111111,1 llcasJ. 11 1111 202 NOVAS MÍDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA gerada pelo computador. O espectador escolhe um deles, pisa no pedal e todas as outras telas se apagam. Mutações aleatórias da criatura escolhida surgem no monitor e continuam a transformar se em novas gerações de imagens genéticas. Sonata (1991-93), urna experiência labiríntica em cinema inte rativo do sul-africano Graharne Weinbren, permite que o especta dor, ao tocar sensores infravermelhos no monitor,explore níveis de imagens filmadas que entrelaçam personagens de um conto de Tolstói ("A sonata de Kreutzer"), de um estudo de caso psicológico de Freud ("Homem-lobo") e da história bíblica de Judite e Holo fernes corno representada em pinturas do século XV até os dias de hoje. O espectador pode retornar a qualquer uma das outras histó rias enquanto outra é mostrada e criar urna narrativa. Sentado em um cubo de aço aberto com um único monitor e um grande con têiner metálico envolvendo o maquinário, o espectador, segundo Weinbren, participa "de urna colaboração com o cineasta a cada momento ... permitindo a apresentação dos mesmos eventos de vários pontos de vista". Além disso, a tecnologia interativa também foi introduzida no mundo da dança . Na Conferência Internacional de Dança e Tecno logia de 1999 na Universidade Estadual do Arizona, vários coreó grafos apresentaram"tecnologia sensório-motora", na qual os mo virnentos de dançarinos ou participantes leigos ativam iluminações de lâmpadas fluorescentes que, por sua vez, criam padrões bascn dos no movimento. Em Light Dance [Dança de luz] (1999) de Selh Rifkin, por exemplo, o movimento humano torna-se a base parn urna" tecnodança" em que os padrões luminosos, e não o indivíduo que dança, passam a ser o foco. Este tipo de participação só pode ser superado por outra forn111 de interatividade: a Realidade Virtual. Realidade Virtual Em Realidade Virtual (RV), o aspecto ainda passivo de obset v,11 a tela é substituído pela imersão total em um mundo cuja rea lid11 de existe contemporaneamente com a do observador. De certa fn1 ma, tudo o que se vê em um computador faz parte do uniV(' t:11 1 "virtual". Imagens e textos existem apenas em um mundo c01w1' tado que aparece e desaparece com interruptores eletrôni OH, ( ) termo "realidade virtual" refere -se a uma experiência tridimc1wl1 1 nal em que o "usuário" (não podemos mais usar os termos simpl1 •~ como espectador, visitante ou mesmo espectador/participu11!1 •), com a ajuda de dispositivos montados na cabeça, luvas de dad1 IH 1111 macacões (contendo cabos de fibra ótica), vivencia um mund1 1 111 rnulado que parece reagir aos seus movimentos. O australiano Jeffrey Shaw, atual diretor do Center for Ali 1111il Media em Karlsruhe, Alemanha, em sua instalação interali v11 1/i, 223-2 5. Grahame Weinbren, três cenas de Sonata, 199 1/93. Ao apontar para a te la em qualquer momento, o espectador consegue reconstruir a narrativa de Sonata e ver perspectivas alternadas da mesma situação. Para Weinbren, esta é uma nova forma de cinema, um cinema interativo que envolve "a colaboração entre o espectador e o ci neasta a cada momento". I', qlnas seguintes: ' ' >. Jeffrey Shaw, The Legible • tly IA cidade legível], 1989-91. 111 1•, la obra inte rativa o visitante 1111111 bicicleta estaci~nária, ' 111 11 erre a representação 111111iada de uma cidade , , 1111posta por letras l1 ldl111 nsionais, geradas por 111111putador, fo rmando palavras , l 111•, s ao longo das ruas. 206 NOVAS MÍDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA Legi,ble City [A cidade legível] (contínua desde 1990), sugere como 2;11, poderia ser um sistema de realidade virtual usando um sistema de animação gráfica computadorizada tridimensional. Coloca-se uma bicicleta no meio de três grandes telas de projeção e, à medida que o espectador pedala, ele percorre uma recriação virtual de Manhat- tan, Amsterdam ou Karlsruhe. Ruas, esquinas, placas, prédios, pala vras, todos grandes e multidimensionais, aparecem e se dissolvem com a rapidez dos movimentos dos pedais. The Legi,ble CitIJ é ape- nas uma amostra do futuro da realidade virtual. Atualmente, a ex periência baseia-se em imagens de vídeo pré-gravadas controladas por computadores potentes, mas no futuro as interações virtuais ocorrerão em tempo real à medida que as pessoas, acostumadas desde pequenas ao espaço "virtual", passarem a usar suas "ferra mentas" de realidade virtual com a mesma facilidade com que, ago- ra, ligam o aparelho de TV ou usam o telefone. Embora atualmente as inovações mais surpreendentes em rea lidade virtual estejam ocorrendo na área da tecnologia médicn (procedimentos cirúrgicos virtuais são usados para treinamento), de que maneira os artistas provavelmente irão se envolver com este meio? Dados os custos implicados, bem como a sofisticada tecno logia computadorizada necessária, pouquíssimos artistas, até ago ra, experimentaram a realidade virtual. A crítica e curadora ameri cana Regina Comwell enfatiza que provavelmente seus esforços não serão aceitos de imediato nas fortalezas artísticas usuais corno museus ou galerias comerciais. "Já que o mundo artístico é vislo como um mercado", ela escreve, "é compreensível que não tenhn praticamente nenhum interesse em tecnologia interativa. É melho1 procurar novos espaços para acomodar essas obras hoje e no sé u lo seguinte." Esses "novos espaços" estão, quase sempre, localizn dos em universidades. Dan Sandin, juntamente com Tom DeFanti, diretor do Labo ratório de Visualização Eletrônica da Universidade de Illinois l' II\ Chicago, desenvolve ferramentas computadorizadas para uso em vídeo desde o início dos anos 70 (seu Processador Analógico d1• Imagens foi um exemplo famoso). Foi na universidade, no final drn1 anos 80, que Sandin, DeFanti e Carolina Cruz-Neira começaram 11 criar The Cave [A caverna]. Uma sala cúbica, com 3 m2, The Cmw, apresentada pela primeira vez em 1992, é um ambiente virl1111l 1 consistindo em gráficos computadorizados estereográficos q111 • reagem interativamente às ações do"usuário" que, equipado co111 óculos estereovisuais, consegue visualizar outros"companheiros d1 • jogo" (termo usado por Sandin). A projeção estereográfica dl' :111 imagens por segundo em tempo real é feita em todas as paredes d11 espaço, enquanto o usuário manipula uma "varinha de cond1111 11 (um tipo de mouse tridimensional), programada para aci onu1 1111 imagens. Esta imersão total faz o usuário sentir como se esliv1•11111• em um tempo e espaço recém-criados. Em The Cave todas as 111 ·111 227. Diane Gromala, The Virtual Derv1sh. Virtual Bodies [ O dervixe virtual: corpos virtuais], 1996. Neste experimento em realidade virtual, usuários sentem como se estivessem entrando em órgãos humanos reais. Paul Virilio alerta: "O dia em que a realidade virtual tornar-se mais poderosa do que a real idade será o dia do grande acidente. A humanidade nunca vivenciou um acidente tão extraordinário." Páginas seguintes: 228. Dan Sandin, The Cave [A caverna] "Teatro de realidade virtual" (Protótipo feito pelo Laboratório de visualização eletrônica, Universidade de Illinois Chicago, 1991; apresentado ' publicamente: SIGGRAPH 92 Chicago, 1992). Real idade ' virtual, acessada por meio de óculos escuros estereoscópicos, pe rmite aos usuários senti rem como se estivessem em um un iverso totalmente dife rente. Para Paul Virilio, "Estamos ntrando em um mundo onde não haverá uma, mas duas realidades: a real e a virtual." ARTE DIGITAL 207 pec.tivas s~o calcu ladas do ponto de vista do usuário, mediadas por me10 dos oculos estereoscópicos. O projeto de Sandin gerou uma rede de. pesquis.as denominada CA VERN, que apóia a colaboração em design e tremamento em realidade virtual. . Ao re?etir preocupações contemporâneas com o corpo na arte do final do seculo'. Diane Gromala, ex-diretora de arte da Apple Compu ter, cnou Dancmg wzth the Virtual Dervish: Virtual Bodies [Dança com 0 dervixe virtual: corpos virtuais], um ambiente de realidade virtual que ela começou a desenvolver no início dos anos 90. Trabalhando com um coreógrafo e um cientista de computação, Gromala construiu 0 ambiente a partir de imagens computadorizadas de seu próprio cor po, que ela manipulou e animou para representar simbolicamente a regeneração e a degeneração contínuas. Como ela descreve: o corpo virtual está sobrescrito com textos, meditações sobredor, Eros e Tânatos. Cada órgão contém outro mundo surreal, virtual. Usa~do um mostrador de vídeo estereoscópico preso à cabeça, os usuano_s sentem-se imersos no corpo e interagem com ele. Essas mteraçoes podem ser a de "tocar" o texto, que então muda, ou "voar" dentro de um órgão - pfü exemplo, o coração - para encon trar outro mundo surreal. A acústica tridimensional ajuda os usuá nos a se localizar nos espaços virtuais surreais. Como a maioria dos ambientes de realidade virtual estão sendo criados em universidades e outros centros de pesquisa, costumam 210 NOVAS MIDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA ter um sabor educacional ou técnico. À medida que os equipamen tos tornam-se mais acessíveis aos artistas, o conteúdo poderá ser moldado para finalidades mais artísticas. . . Podemos mencionar muitos outros exemplos de arte digital (particularmente em acústica e música, mas também esculturas tri dimensionais produzidas em copiadoras). Não importa quando, ~u se os locais tradicionais de arte como museus ou galenas acettarao a ~resença intangível da arte digital interativa, o fato é que uma mudança irrefutável ocorreu na forma de se vivenciar a arte (para não dizer de sua"criação). A interatividade é uma nova forma de ex periência visual. De fato, é uma nova forma de vivenc!ar a arte _q~e vai além do visual e chega ao tátil. Os espectadores sao essenciais, participantes ativos nesta arte. Não mais meros espectadores, ag~ ra são usuários. Percorremos um longo caminho desde a observaçao passiva da Mona Lisa, por exemplo, _que está expos_ta .atr~s 1e um escudo à prova de balas e pode ser vista apenas a distancia. A me dida que um número cada vez maior de artistas de qualidade b~s~ car o mundo digital (e isso acontecerá, pois quem pode resistir a idéia de ter sua obra vista por milhões de pessoas com o clique do mouse, sem esperar pela "aprovação" de galerias ou m~seus?), ocorrerá uma reformulação do significado de arte, de estetica, do relacionamento de artistas com vendedores e instituições - aliás, dos relacionamentos de artistas com qualquer tipo de mercado. En cerramos aqui com arte digital e realidade virtual porque são as manifestações de arte mais novas e, nessa mesma medida, as mats estranhas no mundo atual. É provável que essas tecnologias, tal como são usadas na arte, sejam tão efêmeras quanto a câmara obs cura ou os estereoscópios do século passado. E assim, pergunta mos, o que existe além do digital, além do virtual? Quais serão os novos meios de expressão da arte do final do século XXI? ARTE DIGITAL 211 Começamos esta revisão de novos meios de expressão com uma breve referência aos férteis experimentos de Braque e Picasso na tela, às inovações fotográficas de Marey e Muybridge e aos ges tos conceituais radicais de Marcel Duchamp. Depois da morte de Duchamp, dois de seus amigos, Gianfranco Baruchello e Henry Martin, escreveram: Preencher as coisas com uma atmosfera absolutamente sobrecar regada de significado é o que ele sempre fazia e que, afinal de con tas, é a essência da arte moderna. Pega-se praticamente qualquer coisa e preenche-se-a com todo significado que se possa atribuir lhe, todos os significados completamente arbitrários e pessoais possíveis, todo o mistério, todo o enigma que ela possa conter. Esta é uma das lições mais fundamentais que Duchamp tinha para nos ensinar. Para alguns, isto significou a morte da arte; para outros, anun ciou começos incomensuráveis. Com os avanços em arte e tecnologia até o final do século XX, a revolução provocada por Duchamp, permeando todas as formas de arte contemporânea, concretiza'certa conclusão histórica. O adven to da arte digital, uma arte tão além da materialidade que debates sobre o"objeto", e muito menos sobre a tela, parecem desesperada mente antiquados, inaugura uma nova era na qual os termos e mé todos de avaliação tradicionais da história da arte, até mesmo os de Duchamp, não mais se aplicam. Experiências sem espaço, sem tem po e sem imagens entraram no domínio da arte. A interatividade, embora ainda primitiva e dependente da fo tografia, pode gerar uma arte cujo vocabulário ainda não existe. Os atuais ambientes artísti cos de imersão, sem mencionar o que existe além dessas realidades virtuais, determinam um novo discurso. Em About Looking (1980), John Berger perguntou: "O que havia no lugar da fotografia, antes da invenção da máquina fotográfica? A resposta esperada é a gravura, o desenho, a pintura. A resposta mais reveladora poderia ser: a memória. O que as fotografias fazem no espaço foi previamente feito com a reflexão." Podeóamos perguntar agora qual será o conteúdo da memória se não pudermos mais dis tinguir eventos e experiências simulados dos"reais"? Talvez a fusão do " real" e do "virtual" na arte, assim como na vida, venha a ser no futuro o que a fusão de" arte" e" cotidiano" foi no século XX. BIBLIOGRAFIA Introdução Abel, Manuela, ed.,Jeffrey Shaw: A User's Manual (Karlsruhe, 1997) Bergson, Henri, Ma/ter and Memory, N . M. Paul e W. S. 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'J2 Durante o mesmo período, a tradição secular do filme de van guarda na França começava a se estabelecer, fortemente influencia da pela obra de Louis Delluc '(1890-1924), que exigia um cinema "puro", igual a"um poema sinfônico baseado em imagens", em vez dos melodramas que, na época, dominavam os filmes americanos, franceses e alemães. A arte abs trata, o cubismo e a colagem apare ceram em filmes dos artistas visuais Man Ray (Retum to Reason [Re torno à razão], 1923) e Fernand Léger (Le Ballet Mécanique [O balé mecânico], 1924), bem como dos cineastas René Clair (Entr'acte [Entre atos], 1924) e Luis Buií.uel (L'Age d'or [A idade do ouro], fei to com Salvador Dalí, 1930). Abel Gance talvez tenha representado melhor o "poema cinemático" de Dulac em filmes corno D1'. Tube's 12. Dziga Vertov, cena de The Man with the Movie Camera [O homem com a câmera]. 1929. Junto com Eisenstein, Dziga Vertov criou a "montagem dialét ica " , ou o uso de várias imagens, com o objetivo de " liberar a visão das massas" na nova Rússia. 14 NOVAS MIDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA Mania [Mania do dr. Tube] (1915), ]'accuse [Eu acuso] (1919), La Roue [A roda] (1922), e sobretudo sua obra-prima, Napoleon [Napo leão] (1927). Outros exemplos dos primórdios do cinema de van guarda incluem o clássico expressionista alemão The Cabine/ of 01'. Caligari (O gabinete do dr. Caligari] (1919), dirigido por Robert Wie ne, e A Page of Madness [Uma página de loucura] (1 926), do diretor japonês Teinosuke Kinugasa. Assim, n o início do século XX, a fo tografia de imagens do mo vimento, obtida primeiro por Muybridge em 1878, evoluiu para a "ilusão" de movimento mecanicamente produzido, que é o cinema. Dentro de poucos anos, desenvolveu-se uma estética da imagem poética e a imagem captada (ou filmad a), auxiliada pelas fotografias arranjadas de László Moholy-Nagy e seu colega Alfred Stieglitz, as sumiu uma legitimidade inegável como forma artística. Arte e tec nologia, como representadas pela fotografia e pelo cinema, torna vam-se eternamente interligadas enquan to a dicotomia temática entre arte e vida dissolvia-se aos poucos diante de máquinas ubíquas. À medida que o cinema se tornava cada vez mais dominado por Hollywood do final dos anos 20 até o início dos anos 40, a van guarda internacional enfraqueceu-se, de certa forma, até sua reno vação nos Es tados Unid os nos anos 50. Enquanto isso, as artes visuais passavam por transformações radicais sob a in fluência do dadaísmo europeu, principalmente o praticado por Marcel Du champ (1887-1968), cuja importância é central para a questão da arte e dos novos meios de expressão. De Duchamp e Cage ao Fluxus A percepção em relação a Marcel Duchamp é, basicamente, a percepção em relação à ar te do final do século XX, tão profunda foi 1 11 111 Mol 1CJly-Nagy, 1 /11111, 111 l ', 11pol'Lc ele luz]. 11 ' 1/11 l l/1,1Arte digital Baruchello, Gianfranco e Henry Martin, Why Duchamp (Nova York, 1985) Berger, John, About Looking (Nova York, 1980) Coleman, A D., The Digital Evolution (Nova York, 1988) 14 NOVA Mil IA NA ARTE CONTEMPORÂNEA ruckr'l' , Tim othy (ed.), t;t1•clro 11i Cufture (Nova York, '19:l6) ru kr 'Y, Timothy (ed.), /frrnlio11s: The New Image (Massachusetts, 1993) [1ific ld, eorge,"The Digital At li er", Art New England, outubro/ novembro, 1997 ood 111an, Cynthia, Digital Visions: Computers and Art, 1987 Hayward, Philip (ed.), Culture, Technology, and Creativity in the Late Twentieth Century (Londres, 1990) Leonardo, vol. 31, n~ 5, outubro, 1998 Negroponte, Nicholas, Being Digital (Nova York, 1995) Noll, A. 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Cortesia galeria Barbara Gladstone, Nova York; 5 College de France, Paris; 6, 7 Biblioteca Pública de Nova York; 8 Óleo sobre tela, 90,8 x 110 (35' /, x 43' /")- Galeria de arte Albright-Knox, Buffalo, Nova York. Legado de A. Conger Goodyear. Doação de George F. Goodyear, 1964. © DACS, 1999; 9 Biblioteca Pública de Nova York; 1 O Óleo sobre tela, 146, 1 x 89,2 (57 1 / 2 x 35 1 / , ) . Museu de Arte da Filadélfia. Coleção de Louise e Walter Arensberg. © Succession Marcel Duchamp/ADAGP, Paris e DACS, Londres, 1999; 11, 12 BFI Stills, Posters and Designs, Londres; 13 Impressão em preto-e-branco, 37,4 x 27,5 (14' /, x 10'/,). Museu de Arte Moderna, Nova York. Doação do fotógrafo. Copy Prii'lt © 1998 Museu de Arte Moderna, Nova York. © DACS, 1999; 14 Filme de 7 minutos feito em colaboração com Man Ray e Marc Allegret. © Succession Marcel Duchamp/ADAGP, Paris e DACS, Londres, 1999. © Man RayTrust/ADAGP, Paris e DACS, Londres, 1999; 15 Installation photo. Óleo, verniz, folha de chumbo, fio de chumbo, e poeira em duas placas de vidro (trincado), cada qual montada entre dois painéis de vidro, com cinco tiras de vidro, folha de alumínio, moldura de aço e madeira; total (inclusive moldura) 277,5 x 175,8 (1091 /, x 691 /,). Bride's Domain (painel superior): 127 x 167,6; (50 x 66); Bachelor Apparatus (painel inferior): 134,6 x 167,6 (53 x 66); traje da noiva (moldura metálica unindo os dois painéis): 7,6 (3). Museu de Arte da Filadélfia. Legado de Katherine S. Dreier, 1953. © Succession Marcel Duchamp/ADAGP, Paris e ·' DACS, Londres, 1999; 16 Feltro costurado e carimbado, e. 170 x 60 (67 x 23). Edição Schellmann, Munique. © DACS, 1999; 17 Pintura combinada: óleo e lápis sobre almofada, colcha e lençol em suportes de madeira, 191 x 80 x 20 (75 x 31 x 8). Museu de Arte Moderna, Nova York. Doação de Leo Castelli em homenagem a Alfred H. Barr, Jr. Fotografia © 1999 Museu de Arte Moderna, Nova York. © Unlimited Press, Inc./DACS, Londres/VAGA, Nova York 1999; 18 Idealizado e executado porYoko Ono. Filmado por Peter Moore. © 1997 Yoko Ono/Cortesia de Lenono Photograph Archive, Nova York; 19 World Premiere, Concertos do Fluxus em Fluxhall/Fluxshop, cidade de Nova York. Plástico, papel, filme. Dimensões da caixa: 10,2 X 12,1 X 3 (4 X 43 /, X l1/,). Película de filme de 16 mm em branco: 1,6 x 213 (5/s x 84). Coleção de Walker Art Center, Minneapolis. Walker Special Purchase Fund, 1989. Cortesia de Peter Moore e do artista. © Peter Moore/DACS, Londres/VAGA, Nova York 1999; 20 Ampliações de fotograma. Coleção Fluxus de Gilbert e Lila Silverman, Detroi t. Filmado por Peter Moore. Foto Scott Hyde; 21 © 1998 Museu Andy Warhol, Pittsburgh, PA (Carnegie Institute). Cena de filme cortesia do Museu Andy Warhol; 22 © 1998 Museu Andy Warhol, Pittsburgh, PA (Carnegie Institute) . Cena de filme cortesia do Muse u Andy Warhol; 23 © Espólio de Gregory J. Markopolous Temenos, Inc.; 24, 25 © Robert Beavers - Temenos, Inc. Detalhe: The Martyrdom of St. Hippolytus, Museu de Belas Artes, Boston, MA; 26, 27 BFI Stills, Posters and Designs, Londres; 28, 29 Museu de Arte Moderna, Nova York/Film Stills Archive; 30 © Unlimited Press, Inc./DACS, Londres/VAGA, Nova York, 1999. Fotografia de Peter Moore. © Peter Moore/DACS, Londres/VAGA, Nova York, 1999. Foto cortesia de Robert Rauschenberg; 31 Cortesia do artista; 32 Performance com meios de comunicação de massa (detalhe). Sistema de desligamento eletrônico: projetores de film e de 16 mm e 8 mm, luzes motorizadas, som e esculturas giratórias. Produzido com a cooperação da Fundação para Experimentos em Arte e Tecnologia (Bi!ly Klüver) e técnicos de Bell Telephone 216 NOVAS MIDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA l ,ilbo ra to ries (Ralph Flynn, l{obbie Robinson, Per Biom). 1:olo: Herbert Migdoll . Cortesia do arti sta; 33 Instalação Multimedia: 4 unidades de projeção de slides com sistema motorizado d e espelhos e d issolvência, 17 cordas motorizadas feitas de cânhamo ele Manilha, suspensas e girando a partir de unidades no te to, Códices de parede"In Memoriam". Foto cortesia do Novo Museu de Arte Contemporân ea, NYC. Cortesia do artista; 34 Foto copyright © 1976, Babette Mangolte; 35 Perspec tiva da instalação, MOCA, LA. Cortesia da galeria Pat Hearn, Nova York; 36 Cena de vídeo. Videoteipe, câmara e performance. Cortesia da galeria Pat Heam, Nova York; 37 Performance em the Kitchen, Nova York. Cortesia da galeria Pat Heam , Nova York. Foto copyright © 1974, Babette Mangolte; 38 Videoescultura, caixa: 188 x 77,5 x 69,9 (74 x 301/, x 27 1/,) . Cortesia da galeria Pat H eam, Nova York; 39 Performance em Performing Garage, Nova York. Foto: Gabar Szitany. Cortesia da galeria Pat Hearn, Nova York; 40 Hamburger Kunsthalle. Foto: Elke Walford, Hamburgo. © ARS, Nova York e DACS, Londres, 1999; 41 Videoteipe, pre to-e- branco, som . 60 min. r I etido continuamente. o rtesia de Electronic Arts ln te rmix, Nova York.© ARS, Nova York e DACS, Londres, 1999; 42, 43 Instalação: dois monito r s co loridos de 20 po l •go las, do is monitores co lo ri loH de 25 po legadas, qualm oito- folante , do is videoproj ' lor ' S, qua tro vide t ip '8 ( 'cortesia da galeria Hayward, Londres; 51 Cena de filme . Foto cortesia do artista. © DACS, 1999; 52 Colagem, 26 x 24,8 (10 1/, x 9°/,). Coleção particular. © Richard Hamilton 1999. Todos os direitos reservados DACS; 53 Performance em Bergeshaus, Flingestrasse 11, Düsseldorf, 11 de outubro, 1963. © Gerhard Richter. Foto cortesia Konrad Fischer, Düsseldorf; 54 Performance. Foto © Erika Kiffl. © DACS, 1999; 55 Foto: Rex Features Ltd, Londres; 56 Performance na Academia de Música do Brooklyn, Nova York. Foto © Edward Grazda, 1999; 57 dezembro, 1977, PS1, Long Island City, Nova York. Cortesia do artista; 58 Animação: Kleiser-Walczak. Cortesia de IPA. BAM Press, Nova York; 59 Foto: cortesia do artista; 60 23:50 min, preto-e-branco e colorido. Cortesia de Electronic Arts Intermix, Nova York; 61, 62 13:38 min., colorido, som. Cortesia de Electronic Arts Intermix, Nova York; 63 23:55 min, colo rido, som . Cortesia de Electronic Arts In termix, Nova York; 64, 65 13:38 min., colorido, som . Cortesia de Electronic Arts Intermix, Novo York; 66 Foto © Mary Gearh ni I; 67, 68 Foto© Paula Court; 69 Next Wave. Cortesia BAM, Nova York; 70 Foto: Dan Resl. Cortesia BAM, Nova York; 7 1 Foto: Stephanie Berger© 1999, os direitos autorais pertencem .1 Stephanie Berger; 72 Foto: Gilles Abegg; 73 Barbara Cho11, Daw n Saito. Performance em La Mama, NYC. Projeções Jan Hartley. Foto: Brendan Bannon . Cortesia Ping Chang Productions, NYC; 74 Cena d1• vídeo, vídeo single-channel. Produção/ p erformance de Kristin Lucas. Foto: cortesia do artista.© o artis ta, 1997; 75 Foto cortesia de John Arnonc; 76 Foto: Sílvia Taccani; 77 Performance como parte do Festival New Wave de 1992. Foto: Alastair Muir. Cortesia BAM, Nova York; 78 Cortes ia d,· Advertis ing Archives, Londn'H; 79 61 :28 min., pre to-e-branr11 com som. Cortesia de Eleclrn1 ill' Arts Intennix, Nova York; 80 Tinta e tomate sobre papel, 111111 x 36 (159 x 14°/1,). Museum Wiesbaden, Alemanha. Co111•11 !11 do Museu Wiesbaden, Alemanha e do artista; 81 h,111 Maytick, Colônia, Alemanh.i 1• do artis ta; 82 Foto: Georgl' Maciunas. Cortesia de Gco1g1 • Maciunas/Coleção Fluxus d1• Gilbert e Lila Silverman, Dl'l 11111 e do artista; 83 Museu de /\11! • Moderna da Fundação L11 dwl11, Viena (ex-coleção Hah n). Cortesia do Museu de A1'11' Moderna da Fundação l .1 1d wl11, Viena e do artista; 84 /\pa11 1lli 1111 de TV atrás da tela em urn ,1 caixa de madeira, 200 x , (lll 50 (79 x 118 x 20). © l /\('S, 1999. Foto: J. F. Melzian, 111 •11!111 Cortesia Fine Art Rafael Vostell, Berlim; 85 Cortesia de Electronic Arts Intermix, Nova York. © Douglas Davis/DACS, LondresNAGA, Nova York, 1999; 86-88 Cortesia de Electronic Arts Intermix, Nova York. © Douglas Davis/DACS, LondresNAGA, Nova York, 1999; 89 Cena de vídeo, 26:49 min, colorido e som. Cortesia de Electronic Arts Intermix, Nova York; 90 Cena de vídeo, 11:55 min, colorido com som . Cortesia de Electronic Arts Intermix, Nova York; 91 Cena de vídeo, 25 min, colorido com som. © ARS, Nova York e DACS, Londres 1999; 92 Cena de vídeo, 27:37 min., colorido com som. Cortesia de Electronic Arts Intermix, Nova York; 93, 94 Foto cortesia de Bengt Modin; 95 Cena de vídeo, 18:40 min, preto-e-branco com som. Cortesia de Electronic Arts Intermix, Nova York; 96 Cena de vídeo, 2:03 min., colorido com som. Cortesia de Electronic Arts Intermix, Nova York e do a rtis ta; 97-99 Cena de vídeo, l0:17 min, colorido. Cortesia de Electronic Arts Intermix, Nova York; 100 Cena de vídeo, 33:15 min, preto-e-branco com som. Co rtesia de Electronic Arts lntermix,NovaYork; 101 ortesia da Galeria Pat Heam, Nova York. Copyright © 1976, 13abette Mangolte, todos os lire itos de reprodução r servados; 102 Performance ' Ill Musée Galleria, Paris. ll a trice Helligers. Cortesia da go l ria Pat Heam, Nova York; 103 Cena de vídeo, 2:39 min. 'ortes ia da Galeria Pat Heam, Nova York; 104 Cortesia Ronald 11 ,1 lman Fine Arts, Nova York. Copyright cio espólio de 1 lunna h Wilke; 105 Cena de ví,k , o lorido, estéreo, 5:50 min. Cortesia do artista e de Electronic Arts Intermix, Nova York. © 1978/79; 106, 107 Cenas de vídeo. Cortesia de Electronic Arts Intermix, Nova York; 108 Cena de vídeo. 23:42 min, preto-e-branco com som. Cortesia de Electronic Arts Intermix, Nova York; 109-11 Videoteipe, 60 min, preto-e branco com som.© ARS, Nova York e DACS, Londres, 1999. Foto cortesia de Video Data Bank, Chicago; 112 © ARS, Nova York e DACS, Londres, 1999. Foto cortesia deVideo Data Bank, Chicago; 113 Cena de vídeo, 18:35 min, pre to-e branco e colorido com som . Cortesia de Electronic Arts Intermix, Nova York; 114 Cena de vídeo, 27 min, preto-e branco com som. Cortesia de Electronic Arts Intermix, Nova York. © ARS, Nova York e DACS, Londres, 1999; 115 Cen a de vídeo, 3:39 min. Cortesia de Electronic Arts Intermix, Nova York; 116, 117 Cena de vídeo, 28:43 min, colorido com som. Cortesia de Electronic Arts Intermix, Nova York; 118 Cena de vídeo, 12:45 min, colorido com som. Cortesia de Electronic Arts Intermix, Nova York; 119 Mecanismo com música e cor. Dos arquivos do Instituto Promotei, Kazan, Tatars tan, Rússia; 120-22 © DACS, 1999; 123 Cena de vídeo, 89 min, colorido com som . Cortesia de Electronic Arts Intermix, Nova York; 124 Cena d e vídeo, 2:49 min, colorido com som. Cortesia de Electronic Arts Intermix, Nova York; 125 Cena de vídeo. Foto cortesia de Video Data Bank, Chicago; 126 Cena de vídeo, 11 min, preto-e branco e colorido com som . Cortesia de Electronic Arts Intermix, Nova York; LISTA DE ILUSTRAÇÕES 217 127 Cortesia do artista; 128 Cortesia de Maureen Paley/Interim Art, Londres; 129 Perspectiva da instalação. EUA continental - e. 765 x 1632 x 204 (180 x 384 x 48) . Alasca - C. 255 X 471,3 X 85 (60 X 84 X 20). Havaí- c. 306 x 306 x 63,8 (72 x 72 x 15). Cortesia do artista e da Galeria Holly Solomon, N ova York; 130 Parte do catálogo de vídeo de Nam June Paik produzido para a exposição nacional itinerante The Electronic Superhighway: Nam ]une Paik in the 90s, que estreou no Museu de Arte em Fort Lauderdale, Flórida em 1994. Cortesia do artista e de Elcctronic Arts Intennix, N ova York; 131 Cena de vídeo, 42 min. Cortesia de Electronic Arts Intermix, Nova York; 132 Videoinstalação, TV com compensado de pinho man chado. Cortesia de Frederieke Taylor/TZ' Art, Nova York; 133 Gesso e madei ra, 243,8 X 609,6 X 50,8 (96 X 240 X 20) . M useu Solomon R. Guggenheim, Nova York. Coleção Panza, doação, 1992. © Museu Solomon R. Guggenheim, Nova York (FN 92.4162) . © ARS, Nova York e DACS Londres, 1999, 134 Video teipe, 60 min., preto-e branco com som.© ARS, Nova York e DACS Londres 1999; 135 Instalação com vídeo. Foto: Kay Hines. Cortesia do artis ta; 136 Foto cortesia do artista; 137 Cena de vídeo. Cortesia de Electronic Arts Intermix, Nova York; 138 Instalação com canais múltiplos. Videoteipe, 44:35 min, preto-e-branco. Cortesia de Electronic Arts Intermix, Nova York; 139 Videoinstalação e canais múltiplos: 1 painel de fotos (3 partes), impressão em pre to-e-branco. Dimensões li NIJVA'i Mil ll/\!> N/\ ARH CONTEMPORÂNEA v1 11 lnwl11. M11 ,• u ele Arte M11d1 111 111 d,• São Fra ncisco. l\1•1•1111 ilonH 'omrn ittee Fund: dotl\'illl d· ollcc tors Forum, 1 )mi • 1 onald G. Fisher, l•:w lyn Walter Haas, Jr., Byron R. Mcycr, e Norman e Norah , ' \'O nc. © 1982-93. Foto: Ben 111ackwcll 1993. Cortesia do artista; 140 Parede com 25 camais de vídeo, colorido, rnudo, duas câmeras de circuito ( chado, ao vivo, SEG com controle de brilho pré selecionado, receptor por sa télite, luminária de parede personalizada. Revestimento: aço e vidro preto opaco. 732 x 610 X 112 (288 X 240 X 44). Foto: Dara Birnbaum © 1989. Cortesia do artista e da galeria Rena Bransten, São Francisco; 141, 143 Instalação com vários meios de expressão com projeçãode vídeo, detritos de computadores, motores pequenos, som. Foto cortesia de Judith Bany; 142 Videoinstalação, Bienal de Veneza, 1997. Cortesia do artista; 144 Videoinstalação. Cortesia do artista e de Matt's Gallery, Londres; 145 Videoinstalação de tela única com som. Dimensões variáveis. The British School em Roma. Foto: Mimmo Capone. Cortesia do artista e de Matt's Gallery, Londres; 146 © ADAGP, Paris e DACS, Londres, 1999. Foto: Laurent Lecat. Cortesia da gal ria Jack Tilton, Nova York; 147 Videoinstalação. Foto: Javi r Campano. Cortesia do M,1se u Nacional do Centro de Arte Rainha Sofia.© DACS, 1999; 148 Q uatro videoteipes 1nnHL rs d 1 polegada, quatro 1 2 most rs com correção de 1'111; 28 los •rcl iscs, videoteipe 11111111111' ,k 'I polegada (pa ra a l1u1111l11 ç o ('Ol'l'1 11101, itor único- versões em francês e inglês), Magno" draw" disc, internegativo de fihne de 16 mm, dois videoteipes master 1 polegada (para a instalação com monitor único - versões em alemão e espanhol). Coleção Walker Art Center, Minneapolis, Justin Smith Purchase Fun.d, 1995. Cortesia da galeria Sean Kelly, Nova York. Copyright Chantal Ackerman & Lieurac Productions, 1998; 149-151 Cenas de vídeo. Bienal de Veneza, Veneza, Itália 1997. Cortesia da galeria Sean Kelly, Nova York.© DACS, 1999; 152 Projeção de vídeo (2 telas), dimensões variáveis. Cortesia da galeria Lisson, Londres; 153 © Canal Street Communications, Nova York; 154 Vídeo 18:28 min, colorido com som. Cortesia de Electronic Arts Intermix, Nova York; 155, 156 Instalação para a Bienal de Veneza em 1997, 16 min, colorido com som. Cortesia de Electronic Arts Intermix, Nova York; 157 Videoinstalação/som em 5 canais com 5 lajes de granito, 5 projetores e 5 telas de projeção, cada laje medindo 177,8 X 282 X 6 (70 X 111 X 3), cada tela 177,8 x 282 (70 x 111) . Edição 1, Museu de Arte Moderna, Nova York. Doação da Fundação Bohen em homenagem a Richard E. Oldenburg. Edição 2, Museu de Arte Contemporânea, Zentrum für Kunst und Medientechnologie, Karlsruhe. Foto: Charles Duprat. Cortesia do artista; 158, 1 59 Videoinstalação/sorn. Edição 1: The Chaplaincy to the Arts and Recreation no nordeste da Inglaterra. Edição 2: Coleção da Fundação Bohen, doação prometida ao Museu Solomon R. Guggenheim, Nova York. Edição 3: Galeria de arte Albright-Knox, Buffalo, Nova York. Foto: Kira Perov. Cortesia do artista; 160 Videoinstalação/ som. Edição l: Fundação Bohen, doação prometida ao Museu Solomon R. Guggenheim, Nova York. Edição 2: Pamela e Richard Kramlich, São Francisco. Edição 3: Museu de Arte de Dallas, Texas. Foto: Kira Perov. Cortesia do artista; 161 Videoinstalação/ som. Museu de Arte Moderna, Frankfurt-am-Main, Alemanha. Foto: Kira Perov. Cortesia do artista; 162 Cortesia do artista e da galeria DonaldYoung, Seattle; 163 Perspectiva da instalação, galeria Lennon Weinberg, Nova York, março abril 1995. Cortesia da galeria Lennon Weinberg, Nova York. Foto: David Allison; 164 Mary Lucier, Ohio at Giverny, 1983. Videoinstalação: dois videoteipes, coloridos, som, 18:30 min; sete monitores, variando de 12-21 polegadas; iniciador sincronizado. Museu Whitney de Arte Americana, Nova York. Adquirido com recursos da Fundação Louis e Bessie Adler, Inc., Seymour M. Klein, Presidente, e Sra. Rudolph B. Schulhof. Cortesia de Electronic Arts ln termix, Nova York; 165 Perspectiva d:1 instalação da exposição Dislocations. Museu de Arte Moderna, Nova York. 16 de outubro, 1991 a 7 de janeiro, 1992. Fotografia© 1998 Mu s1• 11 de Arte Moderna, Nova York; 166 Prancheta e braçadeirw1 tl 1• plástico protético, espum8 d1• látex, impressões em cibacromo. 71, 1 x 26, 7 x 6,'I (' 111 x 101/, x 21/2). Foto: Larry Lame. Cortesia da Ga l ri .1 Barbara Gladstone, Novn Vi 11 I , 167 © 1997 Matthew Barney. Foto: Michael James O'Brien. Cortesia da Galeria Barbara Gladstone, Nova York; 168 Instalação controlada por computadores com som e laserdisc em cinco canais. Co-produzido com Canon ARTLAB, Tóquio.© Canon ARTLAB; 169 Cerâmica, vidro, video player, videocassete, projetor de vídeo CPJ-200, som. C. 27,9 X 17,8 X 20,3 (11 X 7 X 8) cada. Cortesia do artista e de Metro Pictures, Nova York; 170 Perspectiva da instalação: Patrick Painter Inc., Santa Mônica, CA. Foto: Fredrik Nilsen. Cortesia do artista e de Patrick Painter Inc., Santa Mônica; 1 71 Perspectiva da instalação: Documenta X, Kassel, Alemanha. Foto: Werner Maschmann. Cortesia do artista e de Patrick Painter Inc., Santa Mônica; 172 Videoinstalação com estrutura cilíndrica de madeira, projetor de vídeo, amplificador, quatro alto-falantes. 350 x 300 x 300 (138 x 118 x 118). Cortesia do artista. Foto: Philippe Migeat; 173Vídeo e 10 peças de roupa em mala. Vídeo de 12 minutos em repetição contínua de 90 minutos. Edição de 2. Perspectiva da instalação. Foto: David Regen. Cortesia ela galeria Barbara Gladstone, NovaYork.©DACS, 1999; 174 Instalação com vídeo e meios ele expressão múltiplos (vista superior, detalhe). Projeção de vídeo em miniatura de banheira 1 cerâmina, pedestal azulejado, suportes metálicos, áudio. Dimensões da escultura , 5,6 X 50,8 X 66 ( 14 X 20 X 26). Jioto: Erma Estwick. Cortesia da g~ le ri a Anna Kustera, Nova Yo rk, Nova York.© Amy Jenkins 199 ; 175, 176Videoinstalação. Foto: Smith/Stewart; 177, 178 Cortesia do artista e de Luhring Augustine, Nova York; 179 Filme de 16 mm/transferência para vídeo (cena).© o artista. Cortesia da galeria An thony Reynolds, Londres e da galeria Marian Goodman, Paris/Nova York; 180 Projeção com repetição contínua de vídeo em laserdisk. Laserdisk player, amplificador AC-3, 5 alto-falantes, 1 subwoofer [pequeno alto-falante para reproduzir notas graves com precisão], 156 x 366 (62 x 144). Tela perolada Dasnap, projetor Barco 701 S HQ. Dimensões da instalação: 200 x 400 x 550 (79 x 158 x 217). Edição de 4. Exposto: Bienal de Veneza, .. pavilhão canadense, 15 de junho 4 de novembro, 1997. Cortesia da galeria Lisson, Londres; 181 Cortesia do artista e Fondazione Prada, Milão; 182 Gráficos computadorizados. ©A.Michael Noll, 1965; 183-86 AT&T. Reimpresso com permissão. Coleção do Museu de Arte Moderna, Nova York; 187 Imagens geradas em computador. Cortesia de European Media Art Festival Archives, Osnabruck; 188 © ADAGP, Paris e DACS, Londres. Foto cortesia do artista; 189 Gráficos computadorizados. Cortesia da galeria Emília Suciu, Ettlingen; 190 Instalação com iluminação na cerimônia de encerramento da 20~ Olimpíada, Munique 9.11. 72. Foto: Wolf Huber. Cortesia do artista; 191 © ADAGP, Paris e DACS, Londres, 1999; 192-94 © William Latham; 195 Escultura com raios laser ao ar livre. Foto: T. Charles Erickson; 196 Instalação com múltiplos LISTA DE ILUSTRAÇÕES 219 meios de expressão com projeção em vídeo de imagens digitalmente alteradas. Cortesia do artista; 197 © 1987 Computer Creations Corporation; 198 © ADAGP, Paris e DACS, Londres; 199 Fotografia construída digitalmente, 156,2 x 135,3 (62 x 53). Cortesia Ronald Feldman Fine Arts, Nova York; 200 Iris print de arquivo digital/impressão tipo C frontal em negativo colorido. Cortesia do artista; 201 Tríptico de 3 impressões digitais, 213,4 x 91,5 (84 x 36) cada uma. Dimensões totais: 213,4 x 274,5 (84 x 108). Cortesia do artista; 202 Transparência em caixa com iluminação artificial. Imagem 229 x 377 (90 x 148). Iate Gallery, Londres. Cortesia do artista; 203 Imagem gerada em computador. Cortesia cio artista; 204-7 CopyrightTony Oursler, Constance DeJong e Stephen Vitiello. Cortesia Dia Center for the Arts (www.cliacenter.org); 208-11 Copyright Cheryl Donegan. Cortesia Dia Center for the Arts (www.diacenter.org); 212 Cortesia do artista; 213 Cortesia do artista; 214 Mecanismo ótico motorizado: cinco placas de vidro pintadas (presas com madeira e metal) girando em torno de um eixo metálico,lâmina mais larga, posicionado na vertical 166,3 (64) de altura; na base 120,6 x 184,1 (48 x 73); placa de vidro 99 x 14 (39 x 6). Galeria de Arte da Universidade Yale, New Haven, Connecticut. Doação de Société Anonyme. © Succession Marcel Duchamp/ADAGP, Paris e DACS, Londres, 1999; 21 5-17 Fotos de Will N ewell; 218 Instalação interativa com O Nt !VII', Mil 1/\ N/\ ARTE CONTEMPORÂNEA 111111•, 1111 1111 1,•1 11> com i utadorizada 1•111 m l11 hornc;n!' t l ti. 'ort ia do a rtista; 1 · , 20 12s ultura interativa: Vld,•odis os, computadores, nl11 mínio, madeira, plástico, r11 hos I '. tri cos. © Ken Feingold, 1993; 221 © 1997 Karl Sims; 222 © 1993 Karl Sims; 223-25 Construção da instalação planejada por Laura Kurgan e James Cathcart. Os atores que aparecem nos slides são Ken Taylor e Nicole Farmer com os músicos Peter Winograd e Marian Hahn. Cortesia do artista; 226 Instalação interativa vídeo/computador.© Jeffrey Shaw; 227 Gromala © 1996; 228 Imagem cortesia do Laboratório de Visualização Eletrônica, Universidade de Illinois, Chicago. ÍNDICE REMISSIVO (Os números de páginas em itálico referem-se às ilustrações) Abe, Shuya 85 Abramovic, Marina 131-2; Balkan Baroque(Father) 129; Balkan Baroque (Marina Abramovic) 129; Balkan Baroque(Mother) 129 Acionistas vienenses 48-9 Acconci, Vito 41 -2, 44, 46, 78, 81, 87, 90, 91, 103, 116, 142, 145; Command Perforrnance 46, 47; Second Hand 47; Theme Song 90 Ackerman, Chantal 129; Bordering on Fiction: "D'Est" de Chantal Ackerman 128, 129 Agostino, Peter d' 86 Ahwesh, Peggy 27 Aitken, Doug 132 Albers, Josef 188 Almy, Max 86; Leaving the 20th Century 89 Alpert, Jon 75 Anderson, Laurie 130-1, 163; Dancing in lhe Moonlight with herwigwam hair 131 Anger, Kenneth 21 Ant Farm 59, 75; The Eternal Frame 58 Arbus, Diane 151 Archipenko, Alexander 166 Artschwager, Richard 114 Ascott, Roy 190 Ashley, Robert 55 Athey, Ron 50 Aziz, Anthony 180 Aziz, Sukran 129 Baldessari, John 77, 87, 98, 170; r Am Making Art 87, 87 11, ldino, Phyllis 103, 105 ll !l a, G iacomo 6; Dynamism of n Dog on a Leash 8 llo ll a rd, Norman 174; Visualization ofTime!Quarry S1111rlial 177 Barber, George 106 Barney, Matthew 87, 145-6; Fie/d Dressing (orifill) 144, 145; Cremaster 5145, 145, 146, 159 Barry, Judith 123; Hard Cell 122, 124-5 Barthes, Roland 56 Bartlett, Jennifer 173 Bartos, Zoltan 101 Baruchello, Gianfranco 211 Barzyk, Fred 86 Bausch, Pina 159 Beauvais, Richard e David 22 Beavers, Robert 22; Efpsychi 22; The Painting 25 Beckett, Samuel 42-3, 63, 139; Foirades!Fizzles 69 Belschner, Torsten 195 Belson, Jordan 21 Benglis, Lynda 92 Benjamin, Walter 162, 164, 190 Benning, Sadie 103; If Every Girl Had a Dian; 105 Berger, John 211 Bergson, Henri 6 Berners-Lee, Timothy 187 Betsky, Aaron 191 Beuys, Joseph 16, 30, 114; Felt Suit 17 Birnbaum, Dara 92, 120-1, 142; PM Magazine 120; Rio Videowall 120-1; Technology Transformation: Wonderwoman 92, 93, 120 Boccioni, Umberto 9 Boulez, Pierre 99 Boyce, Sonia 158 Boyle, Deirdre 75 Brakhage, Stan 8, 21, 22, 26, 132 Braque, Georges 1, 211 Brecht, Berthold 43 Brecht, George, 18; Entry-E:xit 20 Brook, Peter, 65-6; The Man Who66 Brose, Lawrence 22; De Profundis 22 Brown, Trisha 32, 35, 42 Bruch, Klaus vom 81 Brun, Herbert 171 Brus, Gunter 30, 50 Buíiuel, Luis 13 Burden, Chris 93-4; Through the Night Softly 95 Burgin, Victor 180; Angelus Novus (Street Photography) 182 Cage, John 14, 17-8, 31, 77, 114 Cahen, Robert 99; Juste le Temps 100 Campus, Peter 94, 116; Dynamic Fie/d Series 95 Carrà, Cario 9 Cheang, Shu Lea 187 Chevalier, Miguel 174-5; Anthropornetty 175 Chicago, Judy 150 Childs, Lucinda 31, 32 Cho, Seoung 105; robinson ar me 106 Chang, Ping 66; Deshima 66 Chris, Cynthia 110 Clair, René 13 Close, Chuck 178 Colernan, A D. 186 Connor, Bruce 21 Coral, Giarnpaolo 174 Cornwell, Regi na 206 Cottingham, Keith 178, 180; Untitled (Tripie) 181 Cruz-Neira, Carolina 206 Csuri, Charles 171 Cucher, Samrny 180 Cunningham, Merce 17, 18, 31 Dalí, Salvador 13, 175 Dan to, Arthur 2 Davis, Douglas 56, 81; Street Sentences 82; Studies in Black 222 NOVAS MIDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA ÍNDICE REMISSIVO 223 and White Videotape 82; Talk Fifer, Sally Jo 119 Graham, Rodney 159; Vexation Johns, Jasper 72 Lintermann, Bernd 195 Motherwell, Robert 17 Out 82; Video Against Video 82 Fifield, George 162 Island 160-1 Jonas, Joan 35-9, 52, 77, 90, 103, Lippard, Lucy 72, 111 Muehl, Otto 30, 48, 50 Debord, Guy 58 Fischer, Konrad 51; A Greenberg, Clement 30, 72 142; Funnel 37, 38; Left Side, Liuming, Ma 101 Mullican, Matt 190; Up to 625 Degas, Edgar 8 Demonst-ration for Capitalist Griffi th, D. W. 12 Right Side 92; My New Theatre Lord, Chip 182; Awakening from 191 DeJong, Constance 188; Realism 53 Grigorescu, Ion 30, 51 II (Big Mirrar) 37, 40; Oad the Twentieth Century 182-3 Murnau, F. W. 12, 64 Fantastic Prayers 189 Fluxus 14, 18-21, 48, 66, 75, 77, Gromala, Diane 207; The Virtual Lau 36; Organic Honey's Lublin, Lera 178; Memory of Muybridge, Eadweard 3, 6-9, Deleuze, Gilles 159 111,114, 131,143,195 Deruish 207 Vertical Rali 90, 90-1; History Meets Memory of the 14, 86, 186, 211; Descending Delluc, Louis 13 Fontana, Lucio 30 Guerrero, Ed 158 Organic Honey's Visual Computer 178 Stairs and Turning Around 4-5; Deren, Maya 21 Foreman, Richard 63 Gutai Group 47-8 Telepathy 37, 36; Sweeney Lucas, Kristin 66, 107; Host 66 La Nature: Studies in Animal Dickson, William Kennedy Forgács, Péter 100; Priva/e Astray 37; Volcano Saga 37, Lucier, Alvin 55 Locomotion 9, 7; Ascending Laurie 9 Hungary: T'he Bar/os Family Hall, Doug 58-9, 119 40-1; Wind 36 Lucier, Mary 132, 141-2; Las/ and Descending Stairs 9, 10 Dillon, Kathy 46 102 Halley, Peter 191 Judd, Donald 16 Rites (Positano) 140-1; Ohio at Dine, Jim 72 Forti, Sim one 42 Halprin, Anne 42 Jue, Chen 101 Giverny 141 Nake, Frieder 166 Doherty, Willie 123-7; At the Fox, Terry 46 Hamilton, Richard 52; Just what Julesz, Bela 166 Nauman, Bruce 41-3, 77, 78, 95- End of the Day 126; Frampton, Hollis 8, 21 is it that makes today's homes Maciunas, George 18, 19 6, 115, 145, 170; Anthro!Socio Somewhere Else 126 Fried, Howard 87 so different, so appealing? 52 Kaprow, Allan 18, 30, 72, 86, Malevich, Kasimir 1 (Rinde Spinning) 42, 43; Art Donegan, Cheryl 103, 107, 188; Froese, Dieter 116; Nota Model Hanhardt, John 77 195 Man Ray 13, 195 Make-Up 43; Clown Torture Head 104; Studio Visit 189 for Big Brother's Spy Cycle 117 Haring, Keith 173 Kaufman, Stanley 12 Manzoni, Piero 30 43, 44; From Hand to Mouth Douglas, Stan 127 Fujihata, Masaki 195 Hatoum, Mona 150; Corps Kentridge, William 171 Marey 211 42; Neon Temp/ates of the Left Downey, Juan 97; Moving 97 Furuhashi, Teiji 146-7; Lovers étranger 150 King, Kenneth 22 Marey, Etienne-Jules 3, 6; Hand of My Body Taken at Ten Druckrcy, Timothy 186, 195 146 Hay, Deborah 31, 32, 35 Kirby, Michael 35 Gymnast Jumping over a C!;zair foch Interuals 42; Performance Duchamp, Marcel 1, 3, 6, 14, 15, Hendricks, Nelson 106 Klahr, Lewis 26 2-3 Corridor 133; Revolving 18, 19, 14-7, 72, 111, 114, 142, Gabo, Naum 166 Hershman-Leeson, Lynn 195, Klein, Yves 50 Markopoulos, Gregory 21, 22; Upside Down 95, 96; Slow 165, 211; Anemie Cinema 15, Galeyev, Bulat 100; Electronic 197; Roam of One's Own: Kleiser, Jeffrey 55 The Illiac Passion 2 4 Angle Walk (Beckett Walk) 43, 16; Etant donnés 15; Nude Painter 101 5/ightly Behind the Scenes 198 Klocker, Huber 50 Martin, Agnes 188 45; Walk with Contrapposto 116 Descending a Staircase 9, 11; Gance, Abel 12, 13 Higgins, Richard 18 Klüver, Billy 31, 32 Martin, Henry 211 Nees, George 166 Rotary G/ass Plates (Precision Garrin, Paul 197 Hill, Christine 72 Knowlton, Kenneth 170 Marton, Pier 43 Neshat, Shirin 132 Optics) 194, 195; The Large Gaumnitz, Michael 171; Hill, Gary 97-8, 110, 141; Kolmar and Melamid 188 Mathieu, Georges 30 Nitsch, Hermann 48 Glass(The Bride Stripped Bare Sketches, Portraits, and Electronic Linguistics 97, 98; Koma 56 McCarthy, Paul 50 Noll, A. Michael 166, 170; by Her Bachelors, Even) 15, 16 Homages 171 Tal/ Ships 138, 141 Kosuth, Joseph 16 McLuhan, Marshall 74 Gaussian Quadratic 166 Duguet, Anne-Marie 3 Gehr, Ernie 22 Hiller, Lejaren 171 Kren, Kurt 48, 50 McQueen, Steve 158, 159; Bear Dumb Type 146, 165 Gever, Martha 74 Hiller, Susan 141 Kubota, Shigeko 114; 158 O'Doherty, Brian 110 Dunn,John 171 Gibbons, Joe 26 Hoberman, Perry 195 Duchampiana: Nude Meade, Taylor 22 O'Neill, Eugene 59, 63 Gillette, Frank 75, 119; Wipe Hockney, David 173 Descending a Staircase 114 Melies, George 9, 12 O'Neill, Pat 21 Eckert, Rinde 42 Cycle 119 Holzer, Jenny 188 Kuchar, George and Mike 26 Mendieta, Ana 93, 150; Body Odenbach, Marcel 129, Eine Edgerton, Harold 20 Ginsberg, Arthur 119 Hybert, Fabrice 127, 127 Kinugasa, Teinosuke 14 Tracks (Blood Sign #2) 94 Faust in der Tasche Machen Ed ison, Thomas 3, 9 Giorno, John 23 Menken, Marie 21 128 Eiko 56 Glass, Philip 42, 55; Monsters of ldernitsu, Mako 81-2; HIDEO, La Fura deis Baus 65; F@usto: Meyerhold, Vsevolod 12 Oldenburg, Claes 72 Eisenstein, Sergei 12-3, 14; Grace 55, 57 It's Me, Mama 83 Version 3.0 65 Modin, Bengt 86; Monument 87 Ono, Yoko 20; Film no. 1 20 O Encouraçado Potemkin 12, 13 Godard, Jean-Luc 21, 23, 34, 98, !mura, Taka 81 Lang, Fritz 12 Moffatt, Tracey 142, 151 Oppenheim, Dennis 46 Ernshwiller, Ed 82-3; 103 139, 159; Le Mépris 26 Indiana, Robert 23 Latham, William 174; The Moholy-Nagy, László 14; Oppenheim, Meret 114 Thermogenesis 84 Goldenberg, David 118; irmãos Lumiere 3, 9 Evolution of Fonn 176 Lightprop 15 Orlan 53-4; Le Visage du 21 Export, Va li e 48, 50-1; Syntagma Microwave and Freezerstills LeCompte, Liz 59 Mohr, Manfred 171 siecle 54 5·1, 52 118 Jacobs, Ken 26-7; Window 27 Léger, Fernand 13 Moinar, Vera 172; Parcours 172 Ossowiecki, Stefan 141 Goodman, Cynthia 173 James, David 21-2, 132 Lepage, Robert 64; Needles and Monk, Meredith 42 Oursler, Tony 148, 150, 188; Fc ingold, Ken 98, 195, 198; Gordon, Douglas 129-30; Jameson, Fredric 59 Opium 70-1; Polygraph 65; Moog, Robert 83 Fantastic Prayers 188, 189; C/1ilc/hoocl! l-fot and Cold Wars Hysterical 130 Jenkins, Amy 148, 150; E/1/1 !.', ' The Seven Streams of lhe River Moore, Peter 19 Mansheshe 147; (e Kelly) The (The /\ppenrance of Nature) Graham, Dan 56-9, 77-8; Jenkins, Bruce 19 Ota 65 Moorman, Charlotte 46-7, 56 Poetics Project 148 199; P11rely l !1m1an 5/eep 99 Performance! Audience!Mirror Jesurun, John 63-4; Everyt/1111,,: L vin e, Les 75, 115, 119 Morgan, Robert C. 26 Fend, Pctcr '123 57; Three Linked Cubes/Interior Tha t Rises Must Co11ve1x1· ,,, 1 1, 'v in e, Saul 26, 27 Mori, Mariko 182 Paik, Nam June 31, 36, 46-7, 56, Feuillade, Louis ·12 Design for a Space Showing Jian, Shi 101 I , •vin e, Sherry178 Morris, Bob 79 75-80, 80, 85-6, 111-2, 114, Fietzek, Frank '191-2 Vídeos 58 Jinsong, Wang 101 1, •Witt, Sol 16 Morse, Margaret 115-6 119, 138, 174; Butterfly 88; 224 NOVAS MIDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA Concerto for TV, Cello and Video Tape 46, 48, 56; Electronic Superhighway 112, 112-3; Family of Robot, Aunt and Une/e 47, 49; Sextronique 46; TV Bra 46; Zen for Film 19, 20, 21; Zen for Head 78; Zen forTV80 Pane, Gina 43 PaperTigerTelevision 75 Paxton, Steve 32, 35 Pearlstein, Alix 107 Pezold, Friederike 53 Picasso, Pablo 1, 96, 166, 211 Piene, Otto 86, 173; Olympic Rainbow 173 Piper, Adrian 143-4; What It 's Like, What It Is #3 143 Piper, Keith 153 Plessi, Fabrizio 123; Bronx 123 Pollock, Jackson 1, 30 Popper, Frank 166, 178 Porter, Edwin S. 12 Prince, Richard 1; My Best VI Raindance Corporation 75 Rainer, Yvonne 35, 42 Rapp, Ray 114; TV Fumiture 115 Rauschenberg, Robert 16, 17, 30,31-2, 72,159,165; Bed 17; Linoleum 32; Open Score (Bong) 31 , 32 Razorfish 191 Reich, Steve 42, 55 Re illy, John 119; The Irish Tapes 120 Richter, Gerhard 51; A Dernonstration for Capitalist Realism 53 Ridd le, James 20 Rifk in, Se th 202 Ris t, P ipi lo tti 103, 151-3, 159; Ever is Over A/1151, 156, 157 Ros nbach, Ulrike 52; To Have No Power Is to Have Power 53, /il/. J.lo 1 ' r, Martha 74 l{nlh, Moira 52 1{111111, Jl' iolucl lin 55 1{11 11 1!, MI ·hoe l 19 i 111'1 111 ( ll! Vl' r' 65 Sandin, Dan 83, 171, 206; The Cave 206-7, 208-9 Schaffer, James 171 Schimmel, Paul 30 Schneemann, Carolee 35, 52, 72; Eye Body 35; Mortal Coils 32; Snows 32, 35 Schiinberg, Arnold 18 Schwartz, Lillian 170, 178; Mona/Leo 1-79; Pixillation 168-9 · Sch witters, Kurt 6 Scorsese, Martin 130 Seaman, Bill 195-7; Passage Set!One Pulls Pivots at the Tip of the Tangue 196-7 Seawright, James 86 Serra, Richard 80, 98, 170 Shaw, Jeffrey 195,202; The Legible CihJ 204-5 Shimamoto, Shozo 30 Shiomi, Mieko 18, 19, 195; Dísappearing Music for Face 19, 20, 21 Shiraga, Kazuo 30 Simon, John 187-8; Every Jean 187 Sims, Karl 195, 198, 199; Galápagos 200; Genetic Images 200-1 Sjiilander, Ture 86; Monument 87 Sjiistriim, Victor 12 Smith, Jack 21, 22 Smith, Mike 59, 63; Down in the Rec Roam 60; Mike Builds a Shelter 60; Secret Horror 61 Smith, Stephanie 153; Intercourse 152; Sustain 154-5 Snow, Michael 21, 34; Wavelength 32 Sokurov, Alexandr 106; Oriental Elegi; 106 Sonnier, Keith 83; Animation II 84 St. Phalle, N ikki de 30 Stark, Scott 33; Acceleration 28-9 Stein, Gertrude 59, 63 Steinback, Charles 164 Stella, Frank 72 S tem berg, Josef von 22 Stewart, Edward 153; Intercourse :152; Sus tain 154-5 Stiegli tz, Alfred 14 Sweeney, Skip 119 Tadlock, Thomas 86 Tambellini, Aldo 86 Tanaka, Atsuko 30 Tanguy, Yves 175 Taylor-Wood, Sam 107 Tilson, Jake 190; The Cooker 193 Tinguely, Jean 30; Hommage à New York 31 Toomik, Jaan 134 Trockel, Rosemarie 151; Yvonne 151 Truffaut, François 34 Tudor, David 17 Turner, Ted 127 TVTV 75; Four More Years 76 Uthco, T. R. 58; The Etemal Frame 58 Vanderbeek, Stan 31, 170 Vasulka, Steina e Woody 83-6, 132-4, 171; Golden Voyage 85; Orka 133; Progeny 132 Vertov, Dziga 13, 26; The Man with the Movie Camera 13, 14 Vertrocq, Mareia 153 Videofreex 75 Viola, Bill 101, 103, 106, 132, 135-40, 148; I Do Not Know What It Is I Am Like 103, 104; Stations 134, 135; The Crossi11g 136, 137, 139; The Messenger 135, 137; The Stopping Mind 136, 138 Virilio, Paul 164 Vitiello, Stephen 188; Fantaslic Prayers 189 Vostell, Wolf 79-80, 119; TV 0 1• coll!age 79, 81, 111 Walczak, Diana 55 Waliczky, Iamas 195 Wall, Jeff 182; A Sudden G11s/ u/ Wind 184-5 Warhol, Andy 21, 22, 72, 97, 159, 173, 174; Eat 23, 2.1; /\ 111~ 23, 23; Sleep 23; 35 Jnckii':: '1 1 100 Campbell's Soup C1111 :, 1 1 Wearing, Gillian 107; I'd Like to Teach the World to Sing 107, 108-9 Weck, Lars 86; Monument 87 Wegman, William 96- 7; Selected Works: Reel 6 96-7 Weibel, Peter 164 Weinbren, Graham e 195; Sonata 202, 203 Weiner, Lawrence 188 Whitman, Robert 34; Prune F/at 34 Whitney, John 21, 170; Catalog 170, 170 Who, The 68; Tommy 67 Wiene, Robert 14 Wilke, Hannah 92, 142; Gestures 92,92 Williams, William Carlos 37 Wilson, Martha 192 Wilson, Robert 55, 64; Deafman Glance 55, 56; Monsters of Grace 55, 57 Wittgenstein, Ludwig 42, 98, 141 Wodiczko, Krzysztof 129 Wooster Group 59, 63-4; Brace Up! 62; House!Lights 62 INDICE REMISSIVO 225 Wulke, Joy 174; Visualization of Time-Quarry Sundial 177 Yongbin, Li 101 Yoshihara, Yukihiro 55 Young, LaMonte 77; Composition 1960 #10 79; Piano Piece for David Tudor #2 18 Youngblood, Gene 1, 86, 119 Yvaral, Jean-Pierre 178; Synthesized Mona Lisa 178, 180 Zagone, Robert 86 Zajec, Edward 174foi um movimento internacional de artistas, escritores, cineastas e músicos sob a liderança de George Maciunas (1931-78), provocador lituano que organizou os primeiros eventos do Fluxus, inicialmente na Galeria AG em Nova York (1961) e, depois, em fes tivais na Europa, começando em 1962. De espírito semelhante ao dadaísmo (o manifesto de Maciunas o descreveu corno"neodadaís mo na música, no teatro, na poesia e na arte"), o Fluxus, corno qualquer movimento de vanguarda, era antiarte, principalmente contra a arte como propriedade exclusiva de museus e coleciona dores. Fez críticas à seriedade do alto modernismo e tentou, se guindo Duchamp, afirmar o que os fluxistas consideravam ser um vínculo essencial entre objetos cotidianos, eventos e arte. Eles ma nifestaram essa idéia em performances minimalistas, porém aces síveis. Um evento do Fluxus, como definido pelo artista teuto-ame ricano George Brecht, era a menor unidade de uma situação. Um deles, concebido pela artista Mieko Shiomi, foi descrito como "um evento aberto" - simplesmente"um convite a abrir algo fechado". Pediu -se aos participantes que escrevessem exatamJ;'nte o que ha via acontecido durante o"evento". Esta simples tarefa tornou-se um manifesto contra a arrogância da arte em museus, bem como uma ação participativa porque as pessoas se reuniram para realizá-la. Da mesma maneira, composições musicais minimalistas, que John Cage denominava "roteiros", destituíram o contexto perfor rnático ou orquestral de todo artifício e exigiam apenas atenção a um mínimo detalhe. Piano Piece for David Tudor #2 [Peça para pia no para David Tudor n~ 2] (1960), de LaMonte Young (1935-), con sistia na instrução: "Abra a tampa do teclado sem fazer, com isto, INTRODUÇÃO 19 qualquer som audível para você . Tente quantas vezes quiser." Estas instruções mínimas, presentes em todas as performances do Flu xus, quer da assim chamada natureza musical, quer não, abriam o evento para interpretações, bem como para acidentes, diversos. Tudo poderia acontecer durante um desses eventos, resultando em ocorrências casuais e várias interpretações desejadas. Os integran tes do público tornavam-se participantes (ou co-inspiradores), não mais observadores passivos. Os eventos do Fluxus tornaram-se, portanto, as incorporações perfeitas da máxima de Duchamp de que o espectador completa a obra de arte. De fato, com o Fluxus, o espectador não apenas completa, mas torna-se realmente a obra de arte, com sua participação direta no evento. Uma estética minimalista começou a se desenvolver, herdada da poesia concreta, de manifestos dadaístas e música experimental, e estendeu-se aos filmes também, tornando-se um elemento impor tante no desenvolvimento da arte de meios de comunicação de massa. Os fluxfilmes, como são denominados, compreendem apro ximadamente quarenta filmes de curta metragem criados por di versos artistas (poucos deles cineastas) associados ao Fluxus. Zen 19 for Film [Zen para filme] (1962~64) de Nam June Paik, um Fluxfil me prototípico, foi apresentado em Fluxhall (o apartamento de Maciuna em Canal Street, Nova York). Efetivamente urna instalação dos primeiros tempos (um quadro vivo consistindo em uma tela caseira de cinema, um piano vertical e um contrabaixo), o filme de Paik deu as costas a todo o mecanismo de produção de filmes em grande escala (de películas caras à iluminação, cenários, efeitos óti cos, edição, marketing etc.). O filme não era nada mais do que apro ximadamente 1000 pés de película de 16 mm, em branco, projeta dos, sem processamento, sobre a tela, durante 30 minutos. Ao deixar o filme apenas com o mínimo essencial (a película, em si), a proje ção sem imagens de Paik tornou-se o exemplo minimalista para to dos os Fluxfilmes que se seguiram. O curador e roteirista americano Bruce Jenkins faz a observa ção persuasiva de que Paik, ao subverter as expectativas usuais dos espectadores,"instilou um aspecto de performance no contexto da tela e, ao fazê-lo, libertou o observador das manipulações tanto do cinema comercial quanto do cinema alternativo". Sem imagens ou sons, o filme de Paik tornou-se a tábula rasa para as livres associa ções do observador. A cada apresentação do filme, ocorriam inevi tavelmente arranhões, poeira e outros eventos casuais da projeção, tornando assim, de certo modo, o filme novo a cada vez. O fotógrafo e artista do Fluxus Peter Moore (1932-), usa ndo uma filmadora de alta velocidade, em câmara lenta, fez Disapµe11 ri 11g Music for Face [Música desaparecida para o rosto] (1966). fü1st•ta l11 em outro roteiro de performance de Mieko Shiomi (qu , na í11 i1•1•,1 1, é o seguinte: "Artistas começam a apresentação c rn um so 111 111 1 1•, no decorrer da peça, alteram-no gradualrn nt at ' st• 11 t l1•11 1p11 11 •1•I 18. (acima) Yoko Ono, tira do Film No. 1 (Fluxfilme nº 14) - Lighting Piece [Peça de iluminação], 1955/1966. 19. (aba ixo) Nam June Paik, Zen for Film [Zen para f ilme], 1964. A estét ica escassa do mini malismo foi adotada até pelos art istas iconoclastas do Fluxus. Aqu i, Nam June Paik projetou película de f ilme em branco em um aparelho de televisão. 20 NOVAS MÍDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA mento"), o filme apresentouYoko Ono (1933-), outra artista do Flu xus. AB maçãs do rosto, o queixo e a boca de Ono aparecem em clo se-up, revelan do as alterações minúsculas na expressão que ocorrem durante o filme. Filmado em apenas 8 segundos de tempo de filme, quando projetado em câmera lenta durou 11 minutos. Outro fragm ento do rosto de Ono, desta vez o olho direito, aparece em Eyeblink [Piscadela] (e. 1961), que, como o título su gere, é o ato mais minimalista de todos. O film e de Ono, N~ 1 (e. 1964), jembrando as fotografias arranjadas de Harold Edgerton, apresenta um fósforo que se queima lentamente, sugerindo talvez o lado perigoso de até mesmo o mais mínimo ato. Já em 1966, o Fluxus tinha produzido uma série de filmes que, por sua natureza elementar (também denominada essencialista), puseram em questão todas as associações comuns que o especta dor faz ao assistir a um filme, entre as quais a de ele ser o observa do (como Ono encara a câmera ao final de Disappearing Music for Face [Música desaparecida para o rosto]. George Maciunas fez seu filme, 10 Feet [10 pés] (1966), consistindo inteiramente em dez pés de película em branco. Outros filmes do Fluxus incluíram Entry-Exit [En trada-Saída] de George Brecht (1965), que consistia em uma fil magem da palavra"Entrance" [Entrada] em uma parede totalmente branca que desaparecia gradualmente no escuro e depois clareava para revelar a palavra "Exit" [Saída], e Nine Minutes [Nove minutos] de James Riddle (1966), no qual números feitos com estêncil apa recem na tela preta a cada minuto. INTRODUÇAo 21 Embora os filmes do Fluxus sejam, em geral, considerados I í ticas de filmes tradicionais e até mesmo de vanguarda, eles ta111 bém geraram uma nova energia no cinema, com sua simplicidad1• e alegria. Do nosso ponto de vista, é óbvio que os filmes do Flux11 :: como Zen for Film [Zen para filme], de Paik, ou Wavelength [Co m 11 ' / primento de onda] de Michael Snow, embora ostensivament1· preocupados com o essencial do cinema e da técnica cinematog1·,í fica são, em si mesmos, obras altan1ente poéticas e meditativas. Embora nada na arte ou no cinema lhes parecesse sagrado, os fl u xistas encontravam significado no material cotidiano de sua arl1' (fosse ele seus corpos, as cordas do piano ou a película do filme). Alguns dos alvos dos fluxistas, em termos de filme, foram os ci neastas franceses da nova onda, extremamente influentes, especial mente Jean-Lu c Godard (1930-) e o americano Stan Brakhagl' (1933-). Com Godard representando o filme artístico poético/políti co e Brakhage, o poético/pessoal, seus filmes compreendem o qu ', para os fluxistas, eram as estratégias elitistas de ambos os pólos dn vanguarda. Contudo, nem todos eram fluxistas, e ocinema de van guarda floresceu em meados do século, como havia acontecido antes. ' Fi lme e cinema de vanguarda li O fe1v or pela experimentação cinematográfica atingiu o clímax nos anos 50 e 60, primeiro nos Estados Unidos e, depois, na Fran ça. Em 1923, a Eastman Kodak Company produziu filme de 16 mm para amadores, mas mesmo ele era caríssimo para artistas mais in dependentes. Em meados do século, quando seu uso tornou-sv mais comum, artistas, embora ainda em número relativamente pc queno, começaram a fazer filmes. Entre os mais influentes estão OH americanos Stan Brakhage, Kenneth Anger, Hollis Frampton, Mny.i Deren (nascida na Rússia), Jack Smith, Bruce Connor, Marie Me11 ken, Andy Warhol, Pat O'Neill, Jordan Belson e John Whitn ey, o cn nadense Michael Snow e o greco-americano Gregory MarkopouloH Em Allegories of Cinema (1989), o americano David James, his toriador de cinema, obse1vou que a maioria desses cin aslas, ai guns dos quais tinham migrado para o cinema oriundos d oulnn1 meios de expressão, trouxe para o cinema questões con crncnh••1 aos pintores. Entre essas, ele incluiu a representação d movi111rn to e duração, e a expressão de "estados psicológicos xlrnortli11,1 rios". Enquanto esta poderia ser considerada referente n ~1un lq111 •1 forma artística (poesia, ficção, drama), a primeira resul1 11v11 i\1• lt1I I cas originais de tecnologia fotográfica. A tecnologin 11 11 •ll111n,11 quando os artistas adotaram-na, mas ela veio pri ml' iro , ( '1111H1 v1• remos em capítulos posteriores, James indica qu e orl iHl111111111• vii• 20. M ieko (Ch ieko) Sh iomi, Disappearing Music for Face [Música desaparecida para o rosto], 1966. 22 NOVAS MÍDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA ram para os meios de expressão tecnológicos, provenientes de ou tras formas, quase sempre transferiam as preocupações que tinham com a pintura ou escultura para o novo meio de expressão, fosse ele cinema, vídeo ou arte digital. Naturalmente, outros artistas ado taram o novo meio de expressão desde o início, não como uma prá tica secundária. Markopoulos e Warhol são bons exemplos de cada abordagem. Gregory Markopoulos (1928-92), que na adolescência estudou com o diretor hollywoodiano Josef von Stemberg, representa o cineasta como poeta, uma frase que também poderíamos usar para descre ver Stan Brakhage. Por volta de 18 anos de idade, Markopoulos co meçou a filmagem do que é ainda considerado um clássico do ci nema de vanguarda, a trilogia Ou Sang, De la Volupté, et De la Mort [Sangue, Prazer e Morte] (1947-48). Em filmes subseqüentes como Swain (1950), Twice a Man [Duas vezes homem] (1963) e The Mysteries [Os mistérios] (1968), ele usou com originalidade cor, composição, ritmo e estruturas temporais fraturadas. Freqüen te mente inspirados em obras clássicas da mitologia grega, os filmes de Markopoulos exploravam narrativas abstratas com uma econo mia de recursos que incorporavam suas próprias invenções, inclu sive a edição in-camera, uma abordagem radical baseada em um único quadro e não em uma única tomada. The Illiac Passion [Pai xão ilíaca] (1964-67), baseado em Prometeu acorrentado de Ésquilo, apresentou diversas personalidades underground famosas dos anos 60 como figuras míticas: Andy Warhol como Posseidon, Jack Smith como Orfeu, Taylor Meade como Espírito, Kenneth King como Adônis e os irmãos Beauvais, Richard e David, como Prometeu e sua consciência. Depois de mudar-se para a Europa em 1967, Mar kopoulos fez mais de cem filmes, muitos dos quais permanecem desconhecidos. O uso de filme de 16 mm continua entre os cineastas de van guarda, mas com menor freqüência, tendo sido substituído por ví deo digital que pode ser transferido para filme. O americano nato Robert Beavers (1949-) explora associações abstratas entre a forma humana, a arte visual e a arquitetura em filmes como The Painting [O quadro] (1977-97) e Efpsychi (1997). O americano Lawrence Brose (1951-) investiga as idéias de estética e desejo de Oscar Wil de em seu filme abstrato de 16 mm De Profundis (1997). O ameri cano Ernie Gehr (1941-) fez 24 filmes experimentais em 16 mm desde 1967. Em Serene Velocity [Velocidade serena] (1970) ele foca a câmera em um corredor de um prédio de escritórios. Nada se move neste filme de 23 minutos, exceto as lentes da câmera de Gehr, que ele alterna entre zoom e normal, a cada quarto de segundo, dando assim a impressão de que o corredor está tremendo. Representando artistas que vieram para o cinema de algum ou tro meio de expressão, Andy Warhol (1928-87), intrigado pelos fil mes underground de seus contemporâneos Jonas Meekas e Jack ) 1. (a baixo) Andy Warhol, K1ss ISeijoJ, 1963. n. (abaixo à direita) Andy Warhol, fat[Comer], 1964, com l!obert Ind iana. Os p ri meiros filmes de Warhol representam a manipulação do tempo pelo ,1 rt ista. Repetição, cenas russos, sobretudo Dziga Vertov, Jean-Luc Godard criou um cinema pessoal e político construído sobre o que ele denomina "som, imagem e texto". 26 NOVAS MÍDIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA Negligenciados freqüentemente por críticos até há pouco tem po, os filmes de 8 mm, introduzidos em 1932 e a alternativa menos onerosa disponível na época, tornaram-se bastante populares en tre amadores e artistas do pós-guerra. Seguindo os passos do filme de 16 mm, o de 8 mm tornou-se mais um protesto contra os exces sos de Hollywood. Compacta, barata e fácil de segurar, esta câme ra passou a ser o meio de expressão pessoal para artistas excluídos do sistema comercial. Além disso, atraiu artistas que fizeram carrei ra no cinema, e não simplesmente o praticaram de maneira espo rádica enquanto trabalhavam em seu meio de expressão principal. Artistas como Ken Jacobs, Saul Levine, George e Mike Kuchar, Joe Gibbons, Lewis Klahr, Robert C. Morgan e Stan Brakhage, entre li K 'íl Jacobs, Window l l111 111lo], 1964. Para Jacobs: 1 h li IV um curto período no 111111 o filme underground era o 111 ~11110. Havia certo brilho de 111l11l 1rldade em relação às 11~ 'H ltl que faziam o trabalho. 11111\a as enlouqueceu e a 1111 ,1 d la enlouqueceu o resto ,111 I IÔ~." I' 111111 11 segu intes: 11 ',pintora, ela usa freqü entemente a fotografia, o filme e o vídeo em seu trabalho. 33. (abaixo à direita) Carolee Schneemann, Mortal Coils [Espirais mortais]. 1994-95. Sixty-Ninth Regiment Armory, situado no East Side de Nova York. Para a performance de Rauschenberg, Open Score (Bong), reuniram se aproximadamente 500 voluntários em uma área de atuação to talmente escura, executando gestos simples que foram registrados por câmeras infravermelhas e projetados em três telas grandes. Também foram mostradas projeções dos movimentos súbitos de artistas jogando tênis com raquetes equipadas com radiotransmis sores. Foi apenas isso que o público viu porque, quando as luzes se acenderam, os artistas tinham desaparecido. Foi o prazer dos artis tas diante das possibilidades oferecidas pela nova tecnologia que se tornou o evento principal. Na performance Linoleum [Linóleo] (1966), Rauschenberg usou um terno plástico, com instalação de som feita por Klüver, e projetou um filme que ele fez com cenas que encontrou sobre esportes aquáticos recreativos e manobras aé reas militares. Suas colaborações com Klüver resultaram em EAT (Experimentos em Arte e Tecnologia) em 1967, e em uma colabora ção duradoura e influente entre artistas e engenheiros. Rauschenberg e seus colaboradores, sobretudo os dançarinos coreógrafos Trisha Brown, Deborah Hay, Steve Paxton e Lucinda 1 1 34. Robert Whitman, Prune Flat. 1965. Apresentado em Flimmaker's Cinématheque, Nova York. A fotografia mostra uma reconstrução mais recente do mesmo evento. Fotografia: copyright ©1976, Babette Mangolte, todos os di reitos de reprodução reservados. 34 NOVAS MÍDIAS NA ARTE CONTE MPORÂNEA Childs, continuaram a apresentar seus eventos em diversos espa ços, com o próprio espaço definindo freqüentemente a natureza da performance. A Filmmaker's Cinématheque (cujo nome reflete a influência dos diretores de cinema franceses da nouvelle vague, Jean-Luc Godard, François Truffaut e outros) era um desses locais. Prune Flat (1965) de Robert Whitman (1935-) apresentou artistas ao vivo interagindo com imagens filmadas (freqüentemente de si mesmos) que eram projetadas sobre eles e sobre telas atrás deles. Whitman, que começou como pintor, transpôs assim a superfície plana da tela de pintura para a superfície plana da tela de projeção, na qual tentou visualizar relações temporais (o passado, represen tado pelo filme, o presente e o futuro pelos gestos dos artistas) em um contexto espacial. No mesmo ano, o artista canadense Michael Snow (1929-) literalmente abordou a função do cinema na arte com Right Reader [Leitor correto], uma performance com vídeo na qual ele ficou atrás de uma moldura acrílica como se estivesse em um filme. Ele move os lábios seguindo o ritmo de uma gravação de sua própria voz, na qual comenta a natureza ocasionalmente banal dos filmes. Tem-se a impressão de que ele está falando em tempo real, mas logo se percebe que não: a experiência toda, como film e, é artificial, baseada em tecnologia. O uso inovador que Snow faz da câmera em seus filmes e performances com vídeo também é notá vel. Ele criou uma máquina esférica para girar a câmera 360 graus; e, em Wavelength [Comprimento de onda] (1967), ele fez dos truques 31 de câmera (planos de movimentação e trave/lings com a câmera em um carro sobre trilhos ou em um dolly) os protagonistas do filme. MEIOS DE COMUNICAÇÂO DE MASSA E PERFORMANCE 35 Em 1967, Deborah Hay, uma das coreógrafas de Judson Church, apresentou uma obra importante na história dos meios de comu nicação de massa e performance. Group One [Grupo um] consistia, parcialmente, em um filme em branco e preto projetado sobre o canto de uma galeria. Homens e mulheres apareciam trajando ter nos e vestidos escuros, envolvidos em padrões cotidianos de cami nhar que, embora coreografados, mantinham a naturalidade. De p_ois do filme, outros artistas encenaram seqüências similares ao vivo. O resultado, para o historiador americano Michael Kirby, foi uma nova forma de dança artística na qual pessoas e filme "foram usados como elementos com os quais podia ser criada uma massa humana escultural ou arquitetônica em relação a um elemento ar quitetônico real, o canto da sala". O filme acrescentou outra ilusão de percepção: o uso de preto e branco sugeria figuras de outro tem po, movendo-se ao longo das paredes. A pintora americana Carolee Schneernann (1939-) criou ações particulares que denominou Eye Body [Corpo visual] (1963), docu mentadas por fotografia. Nestas "naturezas-mortas" corporais, que an,tecederam a arte performática e corporal, ela recriou imagens rn1t1cas da deusa, usando o próprio corpo como escultura. Sua per formance multimídia de 1967, Snows, foi urna interação elaborada 32 de filme de 8 e 16 mm, slides, escultura luminosa giratória, luzes estroboscópicas e oito artistas de diversas raças. Sob poltronas es colhidas aleatoriamente no Teatro Martinique de Nova York (uma casa na Broadway), Schneemann e os engenheiros fixaram micro fones que transferiam sinais para um sistema de chave retificadora controlado por silicone. Qualquer movimento de um membro da platéia naquelas poltronas ativaria o sistema que, por sua vez, ati vana os elementos de meios de comunicação de massa. Como Schneemann, Joan Jonas (1936-) trabalha com meios de comunicação de massa e performance desde os anos 60 até hoje. Enquanto universitária em Nova York, participou de oficinas de dança com o grupo Judson Church, que incluía Trisha Brown, De borah Hay, Steve Paxton e Yvonne Rainer. Cada um compartilhava uma sens1b1hdade que envolvia questões performáticas, concei tuais, culturais e psicológicas. Com formação de escultora, Jonas sentiu-se inicialmente atraída pelos elementos esculturais presentes na performance e no filme. Em uma entrevista de 1995, ela disse: eu t:ouxe parn a performance minha experiência de ver o espaço 1!usono ?ª. pintura e de caminhar ao redor de esculturas e espaços arqmtetomcos. Eu mal participava de minhas primeiras performan ces; eu era apenas um material, ou um objeto que se movia rigida mente, como um fantoche ou figura em pinturas medievais ... Abandonei a escultura e entrei no espaço ... O que me atra iL1 na performance foi a possibilidade de misturar som, movimento, ima gem, todos os elementos distintos, para criar uma expressão 0 111 plexa. Eu não era boa em criar uma expressão ún ica, simpllongas vestes azuis e usando um chapéu pontudo de mago. Funnel [Funil] (1974) incorporou três áreas de performance, se- 37 paradas por cortinas, onde Jonas executava rituais baseados em seu interesse pela magia e pelas tradições dos nativos americanos do sudoeste dos Estados Unidos. Em uma área, projetava-se um vídeo ao vivo em um monitor, proporcionando uma visão detalhada de toda a performance. Jonas re tornou a várias das imagens usadas em Funnel em sua instalação de 1998 na galeria Pat Hearn de Nova York. My New Theater II (Big Mirrar) [Meu novo teatro II (Grande 38 espelho)] é um videoteatro montado dentro de uma grande estru tura afunilada, apoiada por dois cavaletes. Ao espiar pelo funil, o observador vê Jonas em uma tela executando ro tinas diárias (por exemplo, varrendo o chão) que se transformam em sapateados fre néticos, enquanto ouve canções e textos da trilha sonora (inclusive o poema"Big Mirrar" [Grande êspelho] de William Carlos Williams, e canções folclóricas que falam de amigos que morreram). Jonas continua a inovar mais de trinta anos depois de sua pri meira obra ter causado tanta agitação, um feito raro. Após vivenciar um "declínio", segundo ela, em meados dos anos 80, quando o mundo artístico passava por mudanças radicais e sua antiga marca de experimentação formal estava em baixa, Jonas ressurgiu em 1987 com uma avassaladora performance com meios de comunica ção de massa, Vo/cano Saga [Saga do vulcão], baseada em um poema 39 islandês do século XIII; em 1994, ela criou Sweeney Astray, baseado em um poema irlandês medieval, e encomendado pelo Stedelijk Museum, em Amsterdam, para a retrospectiva de sua própria obra. 1 j 1 1 37. Joan Jonas, Funnel [Fun il], 1972. Performance em The Ki lch n, Nova York. Fotografia: Copyright© 1974, Babette Mnn golte, todos os direitos de 1