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Curso Superior de Bacharelado em Direito
Teoria Geral do Direito
Prof. Marco Antonio Grillo dos Santos Lima
1- CONCEITOS ELEMENTARES DA TEORIA GERAL DO DIREITO
O Direito, além de exigir renovados métodos de aprendizado, encontra-se revigorado por
princípios e normas, que tutelam os direitos da personalidade, impõem a ética nas
relações, dão prevalência ao social e atribuem aos juízes um papel ativo na busca de
soluções equânimes.
Em sua constante mutação, a fim de acompanhar a marcha da história e conectar-se aos
avanços da ciência, o Direito pátrio, entretanto, por vários de seus institutos, requer
adequação à modernidade, desafiando, além da classe política e, em primeiro plano, a
comunidade de juristas, a quem compete oferecer ao legislador os modelos alternativos de
leis.
Identificar o Direito, no universo das criações humanas, situando-o como ordem social
dotada de coerção e, ao mesmo tempo, fórmula de garantia da liberdade, é a grande meta
do conjunto de temas que se abrem à compreensão dos acadêmicos
O desenvolvimento alcançado pela Ciência do Direito, a partir da era da codificação, com a
multiplicação dos institutos jurídicos, formação incessante de novos conceitos e permanente
ampliação da terminologia específica, exigiu a criação de um sistema de ideias gerais, capaz
de revelar o Direito como um todo e alinhar os seus elementos comuns.
A árvore jurídica, a cada dia que passa, torna-se mais densa, com o surgimento de novos
ramos que, em permanente adequação às transformações sociais, especializam-se em
sub-ramos.
Em decorrência desse fenômeno de crescimento do Direito Positivo, de expansão dos códigos
e leis, aumenta a dependência do ensino da Jurisprudência às disciplinas propedêuticas,
que possuem a arte de centralizar os elementos necessários e universais do Direito, seus
conceitos fundamentais, em um foco de menor dimensão.
A Teoria Geral do Direito é matéria de iniciação, que fornece ao estudante as
noções fundamentais para a compreensão do fenômeno jurídico. Não é, em si, uma
ciência, mas um sistema de ideias gerais estruturado para atender a finalidades
pedagógicas.
Deve ser entendida como disciplina autônoma, pois desempenha função exclusiva,
que não se confunde com a de qualquer outra. ela não cria o saber, apenas recolhe
das disciplinas jurídicas:
Filosofia do Direito;
Ciência do Direito;
Sociologia Jurídica;
História do Direito;
Direito Comparado.
1.1- Fundamentos Históricos da Teoria Geral do Direito
Como forma de reação ao caráter abstrato e metafísico da Filosofia Jurídica, surgiu
a Teoria Geral do Direito que, de índole positivista e adotando subsídios da Lógica,
é disciplina formal que apresenta conceitos úteis à compreensão de todos os ramos
do Direito.
A sua atenção não se acha voltada para os valores e fatos que integram a norma
jurídica e por isso a sua tarefa não é descrever o conteúdo de leis ou formular a sua
crítica.
Seu objeto consiste na análise e conceituação dos elementos estruturais e
permanentes do Direito, como suposto e disposição da norma jurídica, coação,
relação jurídica, fato jurídico, fontes formais.
Na expressão de Haesaert, a Teoria Geral do Direito “concerne ao estudo das
condições intrínsecas do fenômeno jurídico”.
A Teoria Geral do Direito surgiu no século XIX e alcançou o seu maior desenvolvimento na
Alemanha, onde foi denominada Allgemeine Rechtslehre.
Seus principais representantes foram Adolf Merkel, Berbohm, Bierling, Binding e Felix Somló.
Como obras mais antigas no gênero, citam-se:
a de Guilherme Duramti, de 1275, denominada Speculum Juris, preparada para ser utilizada
pelos causídicos perante os tribunais;
a Methodica Juris Utriusque Traditio, de Lagus, em 1543;
o Syntagma Juris Universi, de Gregório de Tolosa, de 1617;
a Encyclopoedia Juris Universi, de Hunnius, em 1638.
A Enciclopedia Giuridica, de Filomusi Guelfi, do final do século XIX, revela a multiplicidade dos
temas abordados na disciplina. Além de uma parte introdutória e uma geral, onde desenvolve,
respectivamente, sobre o conceito do Direito e suas relações com a Moral e aborda o tema da
origem do Direito Positivo e o problema das fontes formais, a obra do notável mestre italiano
apresenta uma parte especial, a mais extensa, dedicada aos institutos jurídicos fundamentais,
tanto de Direito Público como de Direito Privado.
1.2 – Epistemologia jurídica: o Direito como ciência social
Aspectos Gerais. Para alcançar a realização de seus projetos de vida – individuais,
sociais ou de humanidade – o homem tem de atender às exigências de um
condicionamento imensurável: submeter-se às leis da natureza e construir o seu
mundo cultural.
São duas exigências valoradas pelo Criador como requisitos à vida do homem na
Terra – com o vocábulo vida implicando desenvolvimento de todas as faculdades
do ser. O condicionamento, imposto ao homem de forma inexorável, gera múltiplas
necessidades, por ele atendidas mediante os processos de adaptação.
Graças a esse mecanismo, o homem se torna forte, resistente, apto a enfrentar os
rigores da natureza, capaz de viver em sociedade, desfrutar de justiça e
segurança, de conquistar, enfim, o seu mundo cultural. Por dois processos
distintos – interna e externamente – se faz a adaptação humana.
Adaptação Interna. Também denominada orgânica, esta forma de adaptação se processa
através dos órgãos do corpo, sem a intervenção do elemento vontade. Tal processo não
constitui privilégio do homem, mas um mecanismo comum a todos os seres vivos da escala
animal e vegetal.
Adaptação Externa. Ao homem compete, com esforço e inteligência, complementar a obra da
natureza. As necessidades humanas, não supridas diretamente pela natureza, obrigam-no a
desenvolver esforço no sentido de gerar os recursos indispensáveis. Consciente de suas
necessidades e carências, ele elabora. A atividade que desenvolve, modelando o mundo
exterior, tem um sentido de adaptação, de acomodar os objetos, as ideias e a vida social às
suas inumeráveis necessidades. Em consequência de seu esforço, perspicácia e imaginação,
surge o chamado mundo da cultura, composto de tudo aquilo que ele constrói, visando a sua
adaptação externa: a cadeira, o metrô, uma canção, as crenças, os códigos etc. O processo
adaptativo é elaborado sempre diante de uma necessidade, configurada por um obstáculo da
natureza ou de carências. Esta forma de adaptação é igualmente denominada extraorgânica.
A própria vida em sociedade já constitui um processo de adaptação humana. Para atingir a
plenitude do seu ser, o homem precisa não só da convivência, mas da participação na
sociedade.
Do trabalho que esta produz, o homem extrai proveitos e se realiza não apenas quando
aufere os benefícios que a coletividade gera, mas principalmente quando se faz presente nos
processos criativos.
A relação entre a sociedade e o Direito apresenta um duplo sentido de adaptação: de um
lado, o ordenamento jurídico é elaborado como processo de adaptação social e, para isto,
deve ajustar-se às condições do meio; de outro, o Direito estabelecido cria a necessidade de
o povo adaptar o seu comportamento aos novos padrões de convivência.
A vida em sociedade pressupõe organização e implica a existência do Direito. A sociedade
cria o Direito no propósito de formular as bases da justiça e segurança. Com este processo
as ações sociais ganham estabilidade.
A vida social torna-se viável. O Direito, porém, não é uma força que gera, unilateralmente, o
bem-estar social. Os valores espirituais que apresenta não são inventos do legislador.
Por definição, o Direito deve ser uma expressão da vontade social e, assim, a legislação deve
apenas assimilar os valores positivos que a sociedade estima e vive. O Direito não é, portanto,
uma fórmula mágica capaz de transformar a natureza humana.
Se o homem em sociedade não está propenso a acatar os valores fundamentais do bem
comum, de vivê-los em suas ações, o Direito será inócuo, impotente para realizara sua
missão.
Por não ser criado pelo homem, o Direito Natural, que corresponde a uma ordem de justiça
que a própria natureza ensina aos homens pelas vias da experiência e da razão, não pode ser
admitido como um processo de adaptação social.
O Direito Positivo, aquele que o Estado impõe à coletividade, é que deve estar adaptado aos
princípios fundamentais do Direito Natural, cristalizados no respeito à vida, à liberdade e aos
seus desdobramentos lógicos.
À indagação, no campo da mera hipótese e especulação, se o Direito se apresentaria como
um processo de adaptação, caso a natureza humana atingisse o nível da perfeição, impõe-se
a resposta negativa.
Se reconhecemos que o Direito surge em decorrência de uma necessidade humana de ordem
e equilíbrio, desde que desapareça a necessidade, cessará, obviamente, a razão de ser do
mecanismo de adaptação.
Outras normas sociais continuarão existindo, com o caráter meramente indicativo, como as
relativas à higiene pública, trânsito, tributos, mas sem o elemento coercibilidade, que é uma
característica exclusiva do Direito.
As necessidades de paz, ordem e bem comum levam a sociedade à criação de um
organismo responsável pela instrumentalização e regência desses valores. Ao Direito é
conferida esta importante missão. A sua faixa ontológica localiza-se no mundo da cultura, pois
representa elaboração humana. O Direito não corresponde às necessidades individuais,
mas a uma carência da coletividade. A sua existência exige uma equação social. Só se
tem direito relativamente a alguém. O homem que vive fora da sociedade vive fora do império
das leis. O homem só, não possui direitos nem deveres.
Para o homem e para a sociedade, o Direito não constitui um fim, apenas um meio para tornar
possível a convivência e o progresso social.
Apesar de possuir um substrato axiológico permanente, que reflete a estabilidade da “natureza
humana”, o Direito é um engenho à mercê da sociedade e deve ter a sua direção de acordo
com os rumos sociais.
As instituições jurídicas são inventos humanos que sofrem variações no tempo e no espaço.
Como processo de adaptação social, o Direito deve estar sempre se refazendo, em face da
mobilidade social. A necessidade de ordem, paz, segurança, justiça, que o Direito visa a
atender, exige procedimentos sempre novos.
Se o Direito se envelhece, deixa de ser um processo de adaptação, pois passa a não exercer a
função para a qual foi criado. Não basta, portanto, o ser do Direito na sociedade, é
indispensável o ser atuante, o ser atualizado. Os processos de adaptação devem-se
renovar, pois somente assim o Direito será um instrumento eficaz na garantia do
equilíbrio e da harmonia social.
Este processo de adaptação externa da sociedade compõe-se de normas
jurídicas, que são as células do Direito, modelos de comportamento social, que
fixam limites à liberdade do homem, mediante imposição de condutas.
Na expressiva síntese de Cosentini, “... o Direito não é uma criação espontânea
e audaciosa do legislador, mas possui uma raiz muito mais profunda: a
consciência do povo.... O Direito nasce da vida social, se transforma com a vida
social e deve se adaptar à vida social.”
Como os fatos sociais ocorrem dentro de uma variação quase infinita, ao
legislador não seria possível, nem conveniente, tratar todas as questões
relevantes no formato de seus matizes ou singularidades, isto é,
casuisticamente.
Na sua missão de proporcionar bem-estar, a fim de que os homens possam livremente atingir
os ideais de vida e desenvolver o seu potencial para o bem, o Direito não deve absorver todos
os atos e manifestações humanas, de vez que não é o único responsável pelo sucesso das
relações sociais.
A Moral, a Religião, as Regras de Trato Social, igualmente zelam pela solidariedade e
benquerença entre os homens. Cada qual, porém, em sua faixa própria.
A do Direito é regrar a conduta social, com vista à segurança e justiça. A sua intervenção
no comportamento social deve ocorrer, unicamente, em função daqueles valores. Somente os
fatos mais importantes para o convívio social devem ser disciplinados.
O Direito, portanto, não visa ao aperfeiçoamento do homem – esta meta pertence à
Moral; não pretende preparar o ser humano para a conquista de uma vida supraterrena,
ligada a Deus – valor perquirido pela Religião; não se preocupa em incentivar a
cortesia, o cavalheirismo ou as normas de etiqueta – âmbito específico das Regras de
Trato Social.
Se o Direito regulamentasse todos os atos sociais, o homem perderia a iniciativa, a sua
liberdade seria utópica e passaria a viver como autômato.
AGRAVO REGIMENTAL EM MEDIDA CAUTELAR EM RECLAMAÇÃO. NOMEAÇÃO DE
IRMÃO DE GOVERNADOR DE ESTADO. CARGO DE SECRETÁRIO DE ESTADO.
NEPOTISMO. SÚMULA VINCULANTE Nº 13. INAPLICABILIDADE AO CASO. CARGO DE
NATUREZA POLÍTICA. AGENTE POLÍTICO. ENTENDIMENTO FIRMADO NO JULGAMENTO
DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 579.951/RN. OCORRÊNCIA DA FUMAÇA DO BOM
DIREITO. 1. Impossibilidade de submissão do reclamante, Secretário Estadual de
Transporte, agente político, às hipóteses expressamente elencadas na Súmula
Vinculante nº 13, por se tratar de cargo de natureza política. 2. Existência de precedente do
Plenário do Tribunal: RE 579.951/RN, rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJE 12.9.2008. 3.
Ocorrência da fumaça do bom direito. 4. Ausência de sentido em relação às alegações
externadas pelo agravante quanto à conduta do prolator da decisão ora agravada. 5. Existência
de equívoco lamentável, ante a impossibilidade lógica de uma decisão devidamente assinada
por Ministro desta Casa ter sido enviada, por fac-símile, ao advogado do reclamante, em data
anterior à sua própria assinatura. 6. Agravo regimental improvido.(Rcl 6650 MC-AgR, STF –
Tribunal Pleno, Relator(a): Min. Ellen Gracie, Julgamento: 16.10.2008, DJ: 21.11.2008). (grifo
autora)
“Mandado de Segurança. 2. Acórdão do Tribunal de Contas da União. Prestação de Contas da
Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária - INFRAERO. Emprego Público.
Regularização de admissões. 3. Contratações realizadas em conformidade com a legislação
vigente à época. Admissões realizadas por processo seletivo sem concurso público, validadas por
decisão administrativa e acórdão anterior do TCU. 4. Transcurso de mais de dez anos desde a
concessão da liminar no mandado de segurança. 5. Obrigatoriedade da observância do
princípio da segurança jurídica enquanto subprincípio do Estado de Direito. Necessidade de
estabilidade das situações criadas administrativamente. 6. Princípio da confiança como elemento
do princípio da segurança jurídica. Presença de um componente de ética jurídica e sua
aplicação nas relações jurídicas de direito público. 7. Concurso de circunstâncias específicas e
excepcionais que revelam: a boa-fé dos impetrantes; a realização de processo seletivo rigoroso;
a observância do regulamento da Infraero, vigente à época da realização do processo seletivo; a
existência de controvérsia, à época das contratações, quanto à exigência, nos termos do art. 37 da
Constituição, de concurso público no âmbito das empresas públicas e sociedades de economia
mista. 8. Circunstâncias que, aliadas ao longo período de tempo transcorrido, afastam a
alegada nulidade das contratações dos impetrantes. 9. Mandado de Segurança deferido.” (RTJ
192/620-621, Rel. Min. GILMAR MENDES)
REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO
SERVIDOR PÚBLICO. Vencimentos. Pensão previdenciária. Pagamentos
reiterados à companheira. Situação jurídica aparente e consolidada.
Cancelamento pelo Tribunal de Contas da União, sem audiência prévia da
pensionista interessada. Procedimento administrativo nulo. Decisão ineficaz.
Inobservância do contraditório e da ampla defesa. Violação de direito líquido
e certo. Mandado de segurança concedido. Ofensa ao art. 5º, LIV e LV, da CF.
Precedentes. É nula a decisão do Tribunal de Contas da União que, sem
audiência prévia da pensionista interessada, a quem não assegurou o
exercício pleno dos poderesdo contraditório e da ampla defesa, lhe cancelou
pensão previdenciária que há muitos anos vinha sendo paga.” (MS 24.927/RO,
Rel. Min. CEZAR PELUSO)
É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela administração pública, dos nomes dos
seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias. [ARE 652.777, rel.
min. Teori Zavascki, j. 23-4-2015, P, DJE de 1º-7-2015, Tema 483.]
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Demissão imotivada de seus empregados.
Impossibilidade. Necessidade de motivação da dispensa. (...) Os empregados públicos não fazem jus à
estabilidade prevista no art. 41 da CF, salvo aqueles admitidos em período anterior ao advento da
EC 19/1998. (...) Em atenção, no entanto, aos princípios da impessoalidade e isonomia, que regem a
admissão por concurso público, a dispensa do empregado de empresas públicas e sociedades de economia
mista que prestam serviços públicos deve ser motivada, assegurando-se, assim, que tais princípios,
observados no momento daquela admissão, sejam também respeitados por ocasião da dispensa. A
motivação do ato de dispensa, assim, visa a resguardar o empregado de uma possível quebra do postulado
da impessoalidade por parte do agente estatal investido do poder de demitir. Recurso extraordinário
parcialmente provido para afastar a aplicação, ao caso, do art. 41 da CF, exigindo-se, entretanto, a motivação
para legitimar a rescisão unilateral do contrato de trabalho.
[RE 589.998, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 20-3-2013, P, DJE de 12-9-2013, Tema 131.] Vide RE
589.998 ED, rel. min. Roberto Barroso, j. 10-10-2018, P, DJE de 5-12-2018, Tema 131
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=8831570
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=4499353
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=748794384
A norma depreendida do art. 37, caput, da CF/1988 para a definição de
nepotismo – em especial os princípios da moralidade, da impessoalidade e da
eficiência – não tem o condão de diferenciar as pessoas tão somente em razão
de relação de matrimônio, união estável ou parentesco com servidor efetivo do
poder público, seja para as selecionar para o exercício de cargos de direção,
chefia ou assessoramento no âmbito da administração pública, seja para excluir
sua aptidão para o desempenho dessas funções.
[MS 28.485, rel. min. Dias Toffoli, j. 1º-11-2014, 1ª T, DJE de 4-12-2014.]
= Rcl 18.564, rel. p/ o ac. min. Dias Toffoli, j. 23-2-2016, 2ª T, DJE de 3-8-2016
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=7401107
http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incidente=4629165
De uma forma enfática, Pontes de Miranda se refere ao Direito como um fenômeno de
adaptação: “O Direito não é outra coisa que processo de adaptação”; “Direito é
processo de adaptação social, que consiste em se estabelecerem regras de conduta,
cuja incidência é independente da adesão daqueles a que a incidência da regra jurídica
possa interessar.”
A sociedade cria o Direito e, ao mesmo tempo, se submete aos seus efeitos. O novo Direito
impõe, em primeiro lugar, um processo de assimilação e, posteriormente, de adequação de
atitudes.
O conhecimento do ordenamento jurídico estabelecido não é preocupação exclusiva de seus
destinatários. O mundo jurídico passa a se empenhar na exegese do verdadeiro sentido e
alcance das regras introduzidas no meio social.
Esta fase de cognição do Direito algumas vezes é complexa. As interrogações que a lei
apresenta abrem divergências na doutrina e nos tribunais, além de deixar inseguros os
seus destinatários.
“Ativismo judicial” do STF é criticado em audiência pública na 
CCJFonte: Agência Câmara de Notícias
O chamado “ativismo judicial” foi criticado em audiência pública na Comissão de Constituição e
Justiça e de Cidadania da Câmara, nesta terça-feira (27), pedida pelas deputadas do PSL, Chris
Tonietto (RJ) e Bia Kicis (DF). A maior parte dos debatedores convidados eram críticos
especialmente à atuação do Supremo Tribunal Federal (STF).
O desembargador do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul, Ruy Celso Florence, definiu o
conceito de “ativismo judicial”: “Quando o Judiciário extrapola e vai além do que está na
Constituição e na lei, podemos dizer que está usurpando as funções do Parlamento, a quem é
dado construir as leis, e criando o Direito de forma direta, o que é totalmente proibido.”
Segundo ele, no momento atual o Judiciário está criando normas – especialmente o Supremo.
Ele criticou em particular a criminalização da homofobia pelo STF. No dia 13 de junho, a corte
entendeu que houve omissão inconstitucional do Congresso ao não editar lei que criminalize
atos de homofobia e de transfobia e votou pelo enquadramento desses crimes como tipo
penal definido na Lei do Racismo (Lei 7.716/89) até que os parlamentares editem lei sobre a
matéria.
Florence lembrou que o Código Penal fixa que não há crime sem lei anterior que o defina. “Temos
tipo penal de homofobia por analogia. Isso é muito grave. Não podemos dar chance para que o
Judiciário crie tipos penais”, avaliou o desembargador.
Fonte: Agência Câmara de Notícias
https://www.camara.leg.br/deputados/204462
https://www.camara.leg.br/deputados/204374
http://www2.camara.gov.br/legin/fed/lei/1989/lei-7716-5-janeiro-1989-356354-norma-pl.html
A sociedade cria o Direito e, ao mesmo tempo, se submete aos seus efeitos. O novo Direito
impõe, em primeiro lugar, um processo de assimilação e, posteriormente, de adequação de
atitudes.
O conhecimento do ordenamento jurídico estabelecido não é preocupação exclusiva de seus
destinatários. O mundo jurídico passa a se empenhar na exegese do verdadeiro sentido e
alcance das regras introduzidas no meio social.
Esta fase de cognição do Direito algumas vezes é complexa. As interrogações que a lei
apresenta abrem divergências na doutrina e nos tribunais, além de deixar inseguros os
seus destinatários.
Com a definição do espírito da lei, a sociedade passa a viver e a se articular de acordo
com os novos parâmetros. Em relação aos seus interesses particulares e na gestão de seus
negócios, os homens pautam o seu comportamento e se guiam em conformidade com os
atuais conceitos de lícito e de ilícito.
As condições ambientais favoráveis à interação social não são obtidas com a
pura criação do Direito.
É indispensável que a lei promulgada ganhe efetividade, isto é, que os
comandos por ela estabelecidos sejam vividos e aplicados nos diferentes
níveis de relacionamento humano.
O conteúdo de justiça da lei e o sentimento de respeito ao homem pelo bem
comum devem ser a motivação maior dos processos de adaptação à nova lei.
Contudo, a experiência revela que o homem, embora a sua tendência para o
bem, é fraco. Por este motivo a coercibilidade da lei atua, com intensidade,
como estímulo à efetividade do Direito.
1.3 – Correntes dogmática e zetética do Direito
Zetética deriva de zetein, que significa perquirir, questionar. A zetética tem como perspectiva
desintegrar e dissolver as opiniões, pondo-as em dúvida, exercendo função especulativa
explicita e infinita.
O refletir zetético liga-se as opiniões pela investigação e seu pressuposto principal é a dúvida.
O método zetético é analítico, sendo assim, para resolver algum problema ou investigar a
razão das coisas, questiona as premissas de argumentação, ou seja, é cético.
Dogmática advém de dokein, que significa ensinar, doutrina. A dogmática releva o ato de
opinar e ressalva algumas das opiniões e seu desenvolvimento, o pensamento dogmático é
uma forma de enfoque teórico no qual as premissas de sua argumentação são
inquestionáveis, como por exemplo, ocorre com a religião por ser a fé inquestionável.
A dogmática em contraposição a zetética (que possui caráter amplo),é mais fechada, presa a
conceitos fixos e adapta os problemas as premissas.
A zetética parte de evidências, e a dogmática dedogmas. Questões zetéticas
têm uma função especulativa explícita e são infinitas.
Questões dogmáticas têm uma função diretiva explícita e são finitas.
Nas primeiras, o problema tematizado é configurado como um ser (que é algo?).
Nas segundas, a situação nelas captada configura-se como um dever-ser (como
deve ser algo?).
Por isso, “o enfoque zetético visa saber o que é uma coisa, já o enfoque
dogmático preocupa-se em possibilitar uma decisão e orientar a ação”
A zetética tem como âmbito investigativo parâmetros amplos, como característica principal o
constante questionamento, ou seja, a zetética não se limita. O fato de ela ser
descompromissada com a solução de conflitos (acentuando a pergunta), ela pode ser definida
como especulativa. O enfoque zetético pode ser classificado de diversas formas: zetética
empírica pura (a investigação não visa a aplicação), zetética empírica aplicada (a investigação
tem como princípio conhecer o objeto para mostrar como este atua), a zetética analítica pura
(em que a pesquisa é feita no plano lógico) e, por último, a zetética analítica aplicada (em que
há a aplicação técnica da investigação).
Quanto à finalidade a que se destinam, o pensamento dogmático se propõe a refletir sobre
uma opinião inquestionável, porém dotada de legitimidade a qual foi assentada a priori. Em
detrimento a isso, o modo de pensar zetético tem por finalidade o que é rejeitado e vedado no
pensamento dogmático como a inquirição e a critica.
O direito em sua vez é mais dogmático, porém as transformações no mundo moderno
possibilitaram uma compreensão mais especifica das necessidades humanas, ressalta-se
assim, a importância da Filosofia para o direito.
O direito precisa desvencilhar-se dos preconceitos atribuídos pelo dogmatismo jurídico, para
então, acompanhar a evolução social.
Assim, são disciplinas zetéticas, por exemplo, a Filosofia do Direito, a Sociologia do Direito, a
Criminologia, a Medicina Legal e a Psicologia Forense.
A dogmática jurídica é formada pela Ciência do Direito Penal, do Civil, do Constitucional, do
Processual, do Tributário, do Administrativo, do Internacional etc.
É uma disciplina definida como dogmática quando considera certas premissas, em si e por si
arbitrárias, como vinculantes para o estudo, renunciando-se, assim, ao postulado da pesquisa
independente.
Por conseguinte, ao contrário das questões zetéticas, as questões dogmáticas são finitas,
porquanto esbarram em um dogma, em um ponto de partida.

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