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Pedagogia UNIP A educação, para Durkheim, significaria o processo necessário de socialização, pelo qual aprendemos a ser membros de uma sociedade. Ele considerava que eram justamente as regras sociais que deveriam ser ensinadas às crianças. Em seu livro Educação e Sociologia, ele dizia que é uma ilusão acreditar que podemos educar nossos filhos como queremos, pois havendo falhas nesse processo de socialização eles correriam o risco de não se enquadrarem na sua sociedade, o que faria com que sofressem as consequências por não estarem em condições de viver de acordo com as regras daquela sociedade. Nesse sentido, a educação adequada seria aquela própria ao meio moral que cada um compartilha. A Sociologia é uma ciência relativamente nova que surgiu como resposta a uma necessidade de explicar e compreender melhor a emergente sociedade capitalista, cujas relações se tornaram demasiadamente complexas. Apesar de ser bastante simples afirmar que foi o modo de produção capitalista que tornou necessária a existência de uma ciência para explicar a sociedade – a Sociologia –, não foi assim tão simples, já que o capitalismo, para se estabelecer, se apoiou basicamente em dois movimentos de cunho material (no sentido de acontecimento concreto) e em um de base intelectual – respectivamente, a Revolução Industrial, a Revolução Francesa e o Iluminismo. O tema do projeto político pedagógico surge no Brasil após a redemocratização do país (período imediatamente posterior aos 20 anos de Ditadura Militar), que gerou também um novo texto constitucional, homologado em 1988, uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação e políticas públicas condizentes com valores como direitos e formação do cidadão, trabalho comunitário, acolhimento das demandas dos movimentos sociais etc. Portanto, o PPP, como o próprio nome diz, é um projeto que deve ultrapassar o pedagógico e o administrativo, para se transformar num exercício político, num espaço de discussão, elaboração e, sobretudo, de construção da escola almejada pelo conjunto da comunidade escolar. É por isso que a teoria de Durkheim, a exemplo da de Comte, é de ajuste. Sua preocupação básica é colocar ordem ao caos e evitar a desintegração social. Por isso, ele justifica e legitima uma educação que inculque nos alunos as regras sociais compartilhadas pelo grupo, estes gostando ou não delas, pois afirmava que o mais significativo era justamente a preservação da vida em sociedade ou coletiva, na qual a Educação teria papel fundamental. O tema da pós-modernidade e da identidade cultural na pós-modernidade foi apresentado no sentido de destacar as profundas mudanças pelas quais a sociedade vem passando e os impactos disso para as identidades. Na pós-modernidade, a certeza é substituída pela incerteza, o desencantamento e a insegurança imperam, levando as pessoas a terem uma identidade instável e fragmentada. Todos os padrões de confiança na razão e os idealismos construídos ao longo da modernidade (ou pelo menos com base nela) vêm sendo questionados de modo que alguns autores caracterizam a pós-modernidade como a era dos desencantamentos. O sujeito pós-moderno se caracteriza como não tendo uma identidade fixa, essencial ou permanente, pois as transformações sociais são muito rápidas. As formas pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam mudam e se reorganizam ininterruptamente, fazendo com que dentro de nós convivam identidades contraditórias se empurrando em diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estejam sendo continuamente deslocadas. O fenômeno do sujeito pós-moderno gera uma política de “pluralização” de identidades, fazendo com que as pessoas não identifiquem mais seus interesses sociais exclusivamente em termos de classe, mas a movimentos sociais: o feminismo, as lutas pela valorização das mais diversas minorias étnicas, sexuais, de estilos de vida alternativos, como os ecologistas, os vegetarianos, os antibelicistas e pacifistas, os movimentos de libertação nacional etc. Stuart Hall estudou o processo de descentramento do sujeito moderno, a partir do sentimento de identidade cultural, chegando a conclusões significativas: A primeira teoria de descentramento do sujeito é de Karl Marx, mas reinterpretada sob a ótica de que o homem está condicionado às condições objetivas da sociedade em que vive. Logo, ele é um ser que faz a história, mas apenas sob as condições que lhe são dadas. Para Hall, o pensamento passa por transformações que levam ao descentramento do sujeito contemporâneo. Para Hall, a alienação (Marx) gera uma prisão mental, assim o homem acaba por ser refém de ideias distorcidas e disseminadas por aqueles que querem se perpetuar no poder. A segunda teoria de descentramento do sujeito adveio de Freud: a descoberta do desejo e do inconsciente demonstra uma lógica muito diferente daquela da razão iluminista. O terceiro descentramento do sujeito está relacionado aos estudos de linguística estrutural de Ferdinand de Saussure, ele demonstrou que não somos autores dos nossos discursos, uma vez que a língua é um sistema social e não individual. https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/riesup/article/download/8650584/16797/ a) Sim, porque Althusser era um dos teóricos que acreditavam que a sociedade sofria de um injustiça social que era reproduzida pelas escolas no sentido de que eram mantidas as desigualdades sociais ao invés de combate-las. b) Sim, a escola é um dos mecanismos que compõem os aparelhos ideológicos do poder. Segundo Althusser, raros são os professores que se posicionam contra essa ideologia, contra o sistema e contra as práticas que os aprisionam. A maioria nem sequer suspeita do trabalho que o sistema os obriga a fazer ou, que é ainda pior, põem todo o seu empenho e engenhosidade em fazê-lo de acordo com a última orientação (os métodos novos). Eles questionam tão pouco que pelo próprio devotamento contribuem para manter e alimentar essa representação ideológica da escola, que hoje faz da Escola algo tão natural e indispensável quanto era a Igreja no passado. Uma visão muito prestigiada na segunda metade do século XX foi a chamada interpretação reprodutivista da escola, criada pelos pensadores franceses Bourdieu e Passeron (que se declaram marxistas) no livro A reprodução, que destaca a violência simbólica na transmissão do saber nas escolas. Para Pierre Bourdieu, a escola exerce o papel de legitimar um capital simbólico institucionalizado e demonstra em suas relações que as questões de classe não se restringem à posição ocupada pelo indivíduo no processo produtivo, mas a relações ligadas ao prestígio, à reputação, à fama e ao estilo de vida. Para ele, o campo social é um espaço multidimensional que se dá nas relações e nas composições, segundo o peso relativo das diferentes espécies no conjunto das posses dos indivíduos. A essa visão se juntam outros teóricos, como Louis Althusser, que na obra Ideologia e aparelhos ideológicos do Estado defende que as escolas nas sociedades capitalistas têm por função ministrar a submissão à ideologia dominante ou o domínio de sua prática. Elas se inserem no processo de reprodução ideológica e representam a forma na qual a ideologia da classe dominante deve necessariamente se realizar, atuando por ritos, palavras, atos ou quaisquer outros meios, fazendo com que os indivíduos sejam levados à sujeição e à submissão à ordem vigente, reproduzindo-a constantemente. Em A escola capitalista na França, Baudelot e Establet utilizaram o instrumental teórico de Althusser a fim de analisar o sistema escolar francês e concluíram que a escola é o principal lugar da reprodução ideológica, desempenhando um importante papel na reproduçãodas condições materiais de vida. Para eles, os demais aparatos ideológicos exercem sua função somente sobre a base da inculcação primária realizada pelo aparato escolar. I II V IV III O conceito da metáfora de Bauman – a modernidade líquida – cria uma correspondência também com os impasses ambientais que vivemos na contemporaneidade. Uma das consequências mais perigosas do efeito estufa é o degelo das camadas polares, que já apresenta resultados catastróficos e que podem ainda ser agravados se o atual modelo de desenvolvimento não for redimensionado. Inundações, tsunamis, mudanças climáticas drásticas, secas irreversíveis em vastas regiões, enfim, a fonte da vida em nosso planeta pode ser destruída se não estiver em equilíbrio. Para Marx, os conteúdos educacionais devem contemplar três dimensões: educação mental (educação elementar para o trabalho intelectual), física (oferecida nos ginásios esportivos e no treinamento militar) e tecnológica (manejo de instrumentos e máquinas dos diferentes ramos da indústria, conjugada com o trabalho nas fábricas). Comte evidenciou que “o social” deveria ser mental e teoricamente separado como objeto de estudo, o que significou muito na evolução do pensamento sociológico e influenciou fortemente o pensamento de Durkheim. Definir os fatos sociais como “coisas”, por mais polêmico que pareça, corresponde a uma necessidade metodológica de prover a Sociologia de conceitos e, ao mesmo tempo, de tornar o seu estudo objetivo. Durkheim notou que temos uma ideia vaga e confusa dos fatos sociais em nossa vida cotidiana justamente porque, sendo realidades vividas, construímos a ilusão de conhecê-los. A tarefa do sociólogo seria a de olhar para além dessas ilusões e compreender os fatos sociais de modo objetivo e científico. Paulo Freire acreditava que a educação devia partir do conhecimento do educando, por mais rude que ele parecesse ser, para daí construir um conhecimento mais teórico e abstrato. O ato de ensinar-aprender para Paulo Freire compreendia o respeito e o acolhimento da cultura originária do educando, por mais simples que ela fosse. Para Paulo Freire, a educação era uma via de libertação da condição de oprimido por meio do acesso ao conhecimento. O tipo ideal refere-se a uma construção mental da realidade, onde o pesquisador seleciona um certo número de característica do objeto em estudo, a fim de, construir um “todo tangível”, ou seja, um TIPO. Esse tipo será muito útil para classificar os objetos de estudo. Por exemplo, quando pensamos em democracia temos em mente um conjunto de características em nossa mente dando origem a um todo idealizado (o Tipo Ideal). Ao observar um sistema político contrastamos com esse tipo que temos em mente para classificar esse sistema como democrático ou não, por exemplo. • Ao contrário de Comte e Durkheim, Marx não conferia à educação a função de ajustamento do indivíduo às regras sociais; ele a vislumbrava como meio de emancipação. • Para ele, a educação deveria ser integral e pelo trabalho, de modo a relacionar o saber escolar com o saber laboral. A principal busca é romper com a alienação do trabalho e com a passividade frente à ideologia da classe dominante. Em 1970, Althusser publica “Aparelhos Ideológicos do Estado”: • Defende que o sistema capitalista não é tão forte quanto parece, tem pontos fracos, mas para enfrentá-los criou mecanismos de sobrevivência. • Sua permanência depende da reprodução de seus componentes essenciais, sendo eles econômicos (força de trabalho x meios de produção) e ideológicos. Combater a alienação e a desumanização era, para Marx, a função social da educação. Para isso, seria necessário aprender competências que são indispensáveis para a compreensão do mundo físico e social. O filósofo alertava para o risco de a escola ensinar conteúdos sujeitos a interpretações “de partido ou de classe”. Ele valorizava a gratuidade da educação, mas não o atrelamento a políticas de Estado – o que equivaleria a subordinar o ensino à religião. Marx via na instrução das fábricas, criada pelo capitalismo, qualidades a ser aproveitadas para um ensino transformador – principalmente o rigor com que encarava o aprendizado para o trabalho. O mais importante, no entanto, seria ir contra a tendência “profissionalizante”, que levava as escolas industriais a ensinar apenas o estritamente necessário para o exercício de determinada função. Marx entendia que a educação deveria ser ao mesmo tempo intelectual, física e técnica. Essa concepção, chamada de “onilateral” (múltipla), difere da visão de educação “integral” porque esta tem uma conotação moral e afetiva que, para Marx, não deveria ser trabalhada pela escola, mas por “outros adultos”. Os Três Tipos de Dominação segundo Max Weber Racional-Legal: origina-se de regras, estatutos e leis sancionadas pela Sociedade ou Organização. Tradicional: tem como base de legitimação, e de escolha de quem a exercerá, as tradições e costumes de uma dada sociedade, personificando as instituições enraizadas no seio desta sociedade na figura do líder. Carismática: etimologicamente, é aquela apoiada na devoção a um senhor e a seus dotes sobrenaturais (carisma). https://administradores.com.br/artigos/max-weber-e-os-tres-tipos-puros-de-dominacao-legitima Segundo o Prof. Demo, o universo virtual dos computadores está entrando de modo definitivo na vida de todos, principalmente das crianças e adolescentes, o que muitas vezes chega a ser preocupante por estarem viciados, de tal modo que só conseguem se comunicar virtualmente. Ele também levanta a questão do bullying eletrônico que tem preocupado professores e pais. A educação está atenta as inovações, porém a tecnologia é colocada de forma superficial e até confundida com conhecimento. A construção do conhecimento é mais complexa e envolve interatividade entre pessoas e a aula não deve ser apenas reprodutiva, ou seja, apenas transmitir informações sem estimulos. É necessário o papel articulador de ideias, dados, textos e pesquisas em grupo. O papel do professor é fundamental nessa intermediação. Demo ainda fala que a internet facilitou o surgimento do mercado negro de trabalhos acadêmicos, o que pode lavar a desconfiança da educação a distância. Para a Sociologia, especialmente para um de seus grandes mentores, o francês Émile Durkheim (1858-1917), há na sociedade modos de pensar, agir e sentir que são exteriores ao indivíduo e que exercem sobre ele um poder coercitivo. Durkheim chama-os de “fatos sociais”, e para ele o estudo da Sociologia seria justamente o estudo desses fatos. Falar em estudar Sociologia e Educação significa assumir que vamos tentar adentrar no mundo da Educação buscando compreendê-lo sob a ótica da Sociologia. A sociologia se relaciona com a educação no sentido de desvelar o funcionamento da sociedade e sua repercussão na escola. A relação se dá pela interação dos fenômenos sociais e fenômenos individuais, ou seja, vivemos em sociedade, em comunidade, e existem fenômenos que são típicos do tipo de vida que levamos em sociedade. Então a sociologia reconhece que a sociedade molda o indivíduo. Ela o faz, entre outros, por meio da educação: o nexo estabelecido. Sociologia defendia, em seus primórdios, que a sociedade opera com base em algumas leis que determinam os modos de pensar e agir das pessoas ou, pelo menos, tem o poder de influenciar o comportamento delas, onde fica evidente o motivo por que a educação ocupa grande parte da preocupação e da abordagem sociológica, uma vez que é um espaço privilegiado para as pessoas absorvam os valores de sua sociedade e aprendam a se orientar e a se comportar com base neles. Durkheim acreditava que a sociedadeseria mais beneficiada pelo processo educativo. Para ele, "a educação é uma socialização da jovem geração pela geração adulta". E quanto mais eficiente for o processo, melhor será o desenvolvimento da comunidade em que a escola esteja inserida. Em 1970, em parceria com Jean-Claude Passeron, Bourdieu lançou o livro A reprodução. O título da obra mostra que a análise sociológica iniciada por eles também partia da ideia central de reprodução, mas se afastavam das análises marxistas (como a de Althusser) em diversos aspectos. Bourdieu e Passeron se utilizaram de metáforas econômicas, mas não entendiam o funcionamento da escola e das instituições culturais deduzido da economia, como nas análises marxistas, pois para eles a cultura não dependeria da economia, ela própria funcionaria como uma economia. Desenvolveram então o conceito de capital cultural, defendendo que a reprodução social que havia não era de base econômica propriamente dita, mas estaria calcada na reprodução cultural, uma vez que a própria cultura funcionaria como uma economia à parte. A respeito do capital cultural, Passeron e Bourdieu diziam que a reprodução da cultura dominante, por meio da escola e dos demais espaços de sua difusão, garantiria a reprodução contínua da sociedade (com todas as suas “injustiças” ou divisões). O capital cultural se explicaria, portanto, pelo fato de que a cultura dominante ser a que tem valor; garantir vantagens materiais e simbólicas a quem a tem. • Para ele, privilegiar o conhecimento universalmente reconhecido seria uma atitude de opressão aos estudantes de classes sociais menos favorecidas. Além disso, Freire não acreditava em um conhecimento desvinculado da prática e em uma prática que não implica reflexão, postura oriunda do conceito marxista de práxis. • Para Paulo Freire, a educação era uma via de libertação da condição de oprimido por meio do acesso ao conhecimento, convicção essa que deu origem à sua obra mais conhecida: A pedagogia do oprimido. • Portanto, quando falamos na polarização entre as visões otimista e pessimista da Educação, sem dúvida reconhecemos em Paulo Freire um otimista militante e “incorrigível”, visão que vai de encontro à interpretação da Sociologia da Educação mais difundida na segunda metade do século XX, desde que os sociólogos franceses Bourdieu e Passeron escreveram o livro A reprodução, introduzindo no vocabulário do estudo sociológico da escola dois conceitos quase obrigatórios capital cultural e habitus. Durkheim chama-os de “fatos sociais”, e para ele o estudo da Sociologia seria justamente o estudo desses fatos. Grosso modo, pode-se dizer que o papel da escola na visão durkheiminiana é o de fazer com que o indivíduo se socialize, apreendendo os valores sociais passados pela escola, ou seja, o trabalho de socialização dos imaturos pelos maduros. Essa concepção resulta numa postura conservadora da Educação. Demo (2004, p. 160) cita a definição do professor Semprini: Multiculturalidade significa a “biodiversidade” da sociedade humana. Esta é o conjunto complexo e não linear de sociedades, estabelecendo entre elas, historicamente, linhas por vezes muito polarizadas, como é o caso de sociedades desenvolvidas e subdesenvolvidas, ou civilizadas e primitivas. Para as culturas etnocêntricas, as demais demonstram menos riqueza humana do que resquícios de atraso, tendo em vista uma noção unilateral de progresso pautado no mundo civilizado liberal. Cabe à educação construir modos inteligentes de convivência que não impliquem a destruição do sujeito capaz de história própria. A Sociologia é uma ciência relativamente nova e que ela surgiu como resposta a uma necessidade de explicar e compreender melhor a emergente sociedade capitalista, cujas relações se tornaram demasiadamente complexas. Apesar de ser bastante simples afirmar que foi o modo de produção capitalista que tornou necessária a existência de uma ciência para explicar a sociedade, você pôde perceber também que a questão não foi assim tão simples, já que o capitalismo, para se estabelecer, se apoiou basicamente em dois movimentos de cunho material (no sentido de acontecimento concreto) e em um de base intelectual – respectivamente, a Revolução Industrial, a Revolução Francesa e o Iluminismo. A Sociologia teve como seus “pais fundadores” os franceses Auguste Comte e Émile Durkheim e os alemães Karl Marx e Max Weber. De acordo com o contexto social e intelectual do surgimento da sociologia, podemos destacar: O termo sociologia foi cunhado por Augusto Comte, filósofo francês, para designar uma nova ciência social. O surgimento da sociologia está associado, entre outros fatores, às transformações sociais pelas quais passaram as sociedades europeias entre os séculos XVIII e XIX. A urbanização foi um fator importante para a formação da sociedade moderna e, de certo modo, foi fruto da industrialização. Os burgueses se desvincularam dos grupos poderosos da Igreja Católica, por interesses de uma sociedade capitalista e não teocrática. Houve grande influência dos ideais de igualdade, liberdade e fraternidade, pregados pela Revolução Francesa, sobre a “complexificação” da sociedade. De acordo com Max Weber, a educação envolve: O modo pelo qual os homens são preparados para exercer as funções que a transformação causada pela racionalização de vida lhes colocou à disposição. Socialmente dirigida a três tipos de finalidade: despertar o carisma, preparar o aluno para uma conduta de vida e transmitir conhecimento especializado. Pedagogia do cultivo, que procura formar o homem que seja culto, em que o ideal de cultura depende da camada social para a qual o indivíduo está sendo preparado. Pedagogia do treinamento, com a racionalização de vida social e a crescente burocratização do aparato público de dominação política e dos aparatos próprios às grandes corporações capitalistas. Base do sistema de status Educação “racionalizada” preparo especializado com o objetivo de tomar o indivíduo um perito. Max Weber forneceu uma interpretação muito mais próxima da nossa realidade, já que nos falou sobre a racionalização e a burocratização da sociedade que deixaram para trás as concepções tradicionais e carismáticas de liderança e se alicerçaram sobre os princípios da competência técnica, diplomas e certificados. Se antes o líder era obedecido porque era assim que a tradição mandava ou porque era uma figura sacrossanta, agora ele o é por conta do cargo que ocupa. Sua Sociologia é considerada péssima, pois ele não via outra alternativa que não fosse apenas compreender o que estava em curso. Para Durkheim, a educação tem como finalidade garantir a ordem e a manutenção do status quo político e social. Para Marx, a educação seria uma arma poderosa a ser utilizada na emancipação do ser humano (libertação da exploração), de acordo com os interesses da classe social a que a educação estivesse submetida, daí emergiria uma educação para alienação, ou outra, para a emancipação do ser humano. Florestan Fernandes foi um defensor ferrenho do direito à Educação, participando ativamente como deputado federal na redação do novo texto constitucional de 1988, sobretudo nos artigos relativos a esse tema. A visão educacional de Florestan é marcada pela crítica aos reprodutivistas e, nesse sentido, as suas ideias condizem mais com Karl Marx. É uma visão de futuro pautada na desesperança e no pessimismo. É a ideia de que o fim está próximo e de que nada adianta. A seguir, modelos muito comuns de comentários nas salas de aula do Brasil: • Os alunos não querem saber de nada! • Não adianta ensinar nada, pois os alunos não aprendem mesmo. • A escola e a educação estão falidas!• O aquecimento global vai acabar com tudo, a água está acabando, não há futuro! Essa postura aterrorizada e aterrorizante é muito conveniente para a manutenção do sistema, pois o medo do caos gera paralisia, e a sensação de que nada pode ser feito para melhorar as condições de vida das pessoas causa conformismo e acomodação, que são péssimas para toda a vida social e, sobretudo, para o cotidiano escolar, que fica numa situação de terra arrasada: indisciplina, depredação do espaço físico e do material pedagógico. Por causa disso, nada de ensino e nem de aprendizagem. Por outro lado, o discurso da utopia tecnológica padece de um otimismo exacerbado e ingênuo em relação à tecnologia, como se todos os problemas da escola fossem desaparecer com o emprego de tecnologias e computadores nas escolas, que de pouco (ou de nada) adianta se não tivermos professores bem formados, remunerados e com a autoestima em dia atuando. Um exemplo dessa visão é o desenho animado Os Jetsons, que mostra um futuro harmônico entre seres humanos e tecnologia, sem alienação, sem desemprego, sem poluição, sem esgotamento dos recursos naturais e catástrofes ambientais, sem problemas de trânsito, contrariando todos os prognósticos e efeitos já observados na realidade. A empregada da família é um robô chamado Rose, que tem sentimentos e jamais requer direitos trabalhistas. Não é o sonho de todo patrão ter um funcionário que não ganha salário, trabalha de domingo a domingo, 24 horas por dia e somente precisa de algumas gotas de óleo para as engrenagens? A utopia verde, que até pouco tempo atrás era um discurso considerado delírio de hippies e exotéricos, atualmente faz parte do importante processo de conscientização do homem moderno, que consiste na ideia de que temos de nos desenvolver como civilização técnico-científica, mas em equilíbrio com o meio ambiente. No entanto, essa relação não se resume a plantar árvores com os alunos e admirar o marketing de empresas que se dizem “verdes” ou preocupadas com o meio ambiente, mas questionar o modelo de desenvolvimento adotado pela nossa sociedade urbanocêntrica, pautada na acumulação e exploração desenfreadas da natureza e das pessoas. O sujeito pós-moderno se caracteriza como não tendo uma identidade fixa, essencial ou permanente, pois as transformações sociais são muito rápidas. As formas pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam mudam e se reorganizam ininterruptamente, fazendo com que dentro de nós convivam identidades contraditórias se empurrando em diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estejam sendo continuamente deslocadas. O fenômeno do sujeito pós-moderno gera uma política de “pluralização” de identidades, fazendo com que as pessoas não identifiquem mais seus interesses sociais exclusivamente em termos de classe, mas a movimentos sociais: o feminismo, as lutas pela valorização das mais diversas minorias étnicas, sexuais, de estilos de vida alternativos, como os ecologistas, os vegetarianos, os antibelicistas e pacifistas, os movimentos de libertação nacional etc. Hall (2005) adverte para o fato de que esse descentramento do sujeito é um processo bastante complexo, que leva à discussão acerca da “morte do sujeito” na sociedade contemporânea. O autor lembra que a identidade era fixa e unificada nas sociedades tradicionais pelo fato destas serem organizadas a partir de sistemas religiosos, ou seja, cada indivíduo estava na Terra para cumprir o seu papel divinamente predeterminado, não havendo possibilidade de mudança de papel social e, consequentemente, de identidade. Fernando Azevedo (1894-1974) é lembrado por ter introduzido as ideias de Emile Durkheim no Brasil ao traduzir a sua obra Educação e sociedade para o português. Anísio Teixeira, por sua vez, foi um grande divulgador da Filosofia Educacional de John Dewey no Brasil, após ter sido seu aluno nos Estados Unidos. A Filosofia Educacional era pautada na aprendizagem significativa e baseada nas experiências do educando. Azevedo se dedica especialmente a pensar a educação tendo como influência direta a obra Educação e sociedade, de Durkheim, publicada no Brasil em 1939. Azevedo vai além do teórico francês quando defende que o aluno não recebe passivamente as informações e os comportamentos dados pelos professores, mas reage a eles dependendo de sua história de vida e do contexto cultural.