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LABORATÓRIO CONTÁBIL Luís Gruenfeld e Jânio Blera de Andrade , 2 SUMÁRIO 1 ABERTURA E ENCERRAMENTO DE EMPRESAS ................. 3 2 CÁLCULOS E ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL ........................ 33 3 ROTINA CONTÁBIL/SISTEMA DE GESTÃO CONTÁBIL INFORMATIZADO . 60 4 OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS – SPED ................................. 71 5 REGIME DE TRIBUTAÇÃO – LUCRO TRIBUTÁVEL ............ 93 6 SIMPLES NACIONAL .................................................... 109 , 3 1 ABERTURA E ENCERRAMENTO DE EMPRESAS Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, você estudará os tipos de sociedade existentes e suas formas de constituição, com ênfase nas Sociedades Empresárias Limitadas e Sociedades Anônimas, além das Sociedades Simples. Conhecerá os modelos de contrato, de ata de constituição e de estatuto social, e identificará os pontos importantes, como a responsabilidade dos sócios, a dissolução da sociedade, entre outros. 1.1 Comércio, Serviços, Sociedades Empresárias Vamos iniciar o estudo conceituando o termo “comércio”, que pode ser definido como a troca de mercadorias por dinheiro ou por outras mercadorias, e “comerciante”, que é exatamente a pessoa que facilita o processo de troca, na medida em que, seja na qualidade de pessoa física ou jurídica, aproxima compradores e vendedores para consubstanciar uma transação comercial. Sociedade é o contrato pelo qual duas ou mais pessoas unem esforços e recursos para atingir um determinado fim. Celebram contrato de sociedade as pessoas que se obrigam a contribuir, com bens e serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados (IUDÍCIBUS; MARION, 2009). As sociedades são divididas, basicamente, em Sociedade Empresária e Sociedade Simples, de acordo com o novo Código Civil. Sociedade Empresária é aquela que tem por objetivo o exercício de atividade própria de empresário e tem seus instrumentos de constituição e alterações registrados na Junta Comercial. As Sociedades Simples são todas as demais, principalmente aquelas que exploram atividade de prestação de serviços decorrente de atividade intelectual e cooperativa, sendo registradas em cartório. , 4 Curiosidade Você sabia que o novo Código Civil determina que conste, no nome empresarial, a designação do objetivo da sociedade? Curiosidade Você sabia que as Sociedades Não Personificadas são divididas em Sociedade Comum e Sociedade em Conta de Participação? Observe, caro(a) aluno(a), que é importante fazer uma distinção entre empresário e não empresário. O empresário exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens e serviços. A indústria, o comércio e a prestação de serviços em geral caracterizam-se como atividades empresariais. Considera-se não empresário aquele que exerce profissão intelectual (científica, literária ou artística), mesmo quando auxiliado por colaboradores, exceto nos casos em que esse exercício profissional se dê a partir da constituição de uma empresa, por exemplo, um médico que se junte a outros para a abertura de um hospital. No caso de empresas com mais de um objeto social, deverá constar o nome da atividade preponderante, conforme exemplificam Iudícibus e Marion (2009), uma Sociedade Empresária Limitada cujo objeto social seja a construção de imóveis deve ter nome empresarial semelhante, algo como “X Construção de Imóveis Ltda”. As Juntas Comerciais responsáveis pelo registro de documentos societários verificam o cumprimento dessa exigência legal, ao analisar os contratos sociais apresentados após a entrada em vigor do Código Civil. , 5 As sociedades são também divididas em Não Personificadas e Personificadas. As Sociedades Não Personificadas podem ter sido constituídas oral ou documentalmente, mas não formalizaram o arquivamento ou registro. As Sociedades Personificadas são as legalmente constituídas e registradas em órgão competente. Podem, portanto, ser chamadas de “pessoas jurídicas”. A Sociedade Comum é aquela que explora a atividade econômica sem registro formal (sociedade de fato ou irregular). A Sociedade em Conta de Participação é um contrato de investimento comum, em que duas ou mais pessoas reúnem-se para a exploração de uma atividade econômica. Nesse tipo de negócio, temos a figura do Sócio Ostensivo – aquele que dirige o negócio e é responsável perante terceiros – e dos Sócios Participantes – participam apenas na condição de investidores. As Sociedades Personificadas são divididas em Empresária, Simples e Cooperativa. As Sociedades Empresárias podem: • Sociedade em Nome Coletivo; • Sociedade em Comandita Simples; • Sociedade Limitada; • Sociedade por Ações (Lei das Sociedades por Ações); • Sociedade em Comandita por Ações (Lei das Sociedades por Ações). , 6 As Sociedades Simples podem ser divididas em: • Sociedade Simples “Pura” ou Sociedade em Nome Coletivo; • Sociedade em Comandita Simples; • Sociedade Limitada; • Cooperativa. As Cooperativas podem ser de dois tipos – com responsabilidade dos sócios limitada ou com responsabilidade dos sócios ilimitada – e estão disciplinadas em Legislação Especial e no Código Civil. Atenção O novo Código Civil Brasileiro (Lei nº 10.406/02, artigos 1057 a 1087) proporcionou à Sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitada (Ltda.) um novo ordenamento jurídico e adaptação à realidade da economia brasileira, dando-lhe, numa nova roupagem, a designação “Sociedade Limitada”. O novo Código Civil acabou, entre outras coisas, com a subdivisão existente nesse tipo de sociedade, a Sociedade Civil e a Sociedade Comercial, transformando-as em Sociedade Simples e Sociedade Empresária. Subsidiariamente, no que couber, ante eventuais lacunas que possam existir em função da complexidade da matéria ou do negócio empreendido, serão aplicadas as mesmas normas das Sociedades Anônimas (Lei nº 6.404/76). , 7 Com base em Iudícibus e Marion (2009) temos o seguinte detalhamento: Sociedades Empresárias • Sociedade em nome coletivo: Constituída exclusivamente por pessoas físicas. Todos os sócios respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais. Sem prejuízo da responsabilidade perante terceiros, podem os sócios, no ato constitutivo ou por unânime convenção posterior, limitar entre si a responsabilidade de cada um. A administração da sociedade compete exclusivamente aos sócios, sendo o uso da firma, nos limites do contrato, privativo dos que tenham os necessários poderes. Este tipo de sociedade é pouco interessante, porque a responsabilidade dos sócios vai além do capital, sendo ilimitada. • Sociedade em comandita simples: Na Sociedade em Comandita Simples, tomam parte sócios de duas categorias: os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota. O contrato deve discriminar os comanditados e os comanditários. Aplicam-se à Sociedade em Comandita Simples as normas da Sociedade em Nome Coletivo, no que forem compatíveis. Aos comanditados cabem os mesmos direitos e obrigações dos sócios da Sociedade em Nome Coletivo. Sem prejuízo da faculdade de participar das deliberações sociais da sociedade e de lhe fiscalizar as operações, não pode o comanditário praticar qualquer ato de gestão, nem ter o nome na firma social, sob pena de ficar sujeito às , 8 responsabilidades de sócio comanditado. Pode o comanditário ser constituído procurador da sociedade, para negócio determinado e com poderes especiais. Também é um tipo de sociedade em desuso. Todavia, é melhor que a Sociedade em Nome Coletivo, já que admitecustos com a dispensa de emissão e armazenamento de documentos em papel; • Eliminação do papel; • Redução de custos com a racionalização e simplificação de obrigações acessórias; • Uniformização das informações que o contribuinte presta às diversas unidades federais; , 48 • Redução do envolvimento involuntário em práticas fraudulentas; • Redução do tempo despendido com a presença de auditores fiscais nas instalações do contribuinte; • Simplificação e agilidade nos procedimentos sujeitos ao controle da administração tributária (comércio exterior, regimes especiais e trânsito entre unidades da federação); • Fortalecimento do controle e da fiscalização, por meio de intercâmbio de informações entre as administrações tributárias; • Rapidez no acesso às informações; • Aumento da produtividade do auditor, através da eliminação de passos para a coleta dos arquivos; • Possibilidade de troca de informações entre os próprios contribuintes, a partir de um leiaute padrão; • Redução de custos administrativos; • Melhoria da qualidade da informação; • Possibilidade de cruzamento entre os dados contábeis e os fiscais; • Disponibilidade de cópias autênticas e válidas da escrituração para usos distintos e concomitantes; • Redução do “custo brasil”; • Aperfeiçoamento do combate à sonegação; • Preservação do meio ambiente, pela redução do consumo de papel. , 49 Saiba mais Um certificado digital contém os dados de seu titular, tais como: nome, e-mail, CPF, chave pública, nome e assinatura da autoridade certificadora que o emitiu. É como se fosse uma carteira de identidade virtual! Certificação Digital e Usuários do SPED O certificado digital é um documento eletrônico, assinado digitalmente por uma terceira parte confiável, que associa uma entidade (pessoa, processo, servidor) a uma chave pública. Os principais requisitos de segurança oferecidos por uma assinatura eletrônica são: • Confidencialidade: garantia de que somente as pessoas envolvidas no processo terão acesso às informações transmitidas de forma eletrônica pela rede; • Integridade: garantia de que o conteúdo de uma mensagem ou resultado de uma consulta não será alterado durante seu tráfego; • Autenticação: garantia de identificação das pessoas ou entidades envolvidas na comunicação; • Não repúdio: garantia de que o emissor de uma mensagem ou pessoa que executou determinada transação de forma eletrônica não poderá posteriormente negar sua autoria. São usuários do SPED a Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda, as administrações tributárias dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, mediante convênio celebrado com a Secretaria da Receita Federal, e os órgãos e entidades da , 50 administração pública federal, direta e indireta, que tenham atribuição legal de regulação, normatização, controle e fiscalização dos empresários e das Sociedades Empresárias, como o Banco Central (Bacen), o DREI, as Juntas Comerciais, entre outros. O acesso às informações armazenadas no SPED deverá ser compartilhado com seus usuários, no limite de suas respectivas competências e sem prejuízo da observância da legislação referente aos sigilos comercial, fiscal e bancário. Assim, fica garantido o sigilo necessário, já que os usuários terão acesso irrestrito às informações transmitidas, que serão disponibilizadas no limite da competência de cada órgão. O acesso também será possível aos empresários e às Sociedades Empresárias em relação às informações por eles transmitidas ao sistema. O empresário ou a Sociedade Empresária tem como saber quais órgãos estão acessando as suas informações, já que o projeto prevê que o login de cada acesso efetuado fique registrado para o conhecimento das partes interessadas. A Resolução CFC nº 1.020/05, com alterações dadas pela Resolução CFC nº 1.063/05, aprova a NBC T 2.8 – Das Formalidades da Escrituração Contábil em Forma Eletrônica. A Instrução Normativa DREI nº 81/20 dispõe sobre os procedimentos para a validade e eficácia dos instrumentos de escrituração dos empresários, Sociedades Empresárias, leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes comerciais. ECD ou SPED Contábil A ECD, integrante do SPED e, por isso, também conhecida como SPED Contábil, foi instituída pela Receita Federal do Brasil, por intermédio da Instrução Normativa nº 787, de 19 de novembro de 2007, e será utilizada para fins fiscais e previdenciários, devendo também atender às exigências do DNRC, do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), do Bacen, da Superintendência de Seguros Privados (Susep), da CVM e de outros órgãos interessados. Tal embasamento legal foi alterado pela Instrução Normativa RFB nº 926/09. , 51 A ECD substituirá paulatinamente a atual sistemática de prestação de informações ao Fisco e, de acordo com informações da Receita Federal, compreenderá a versão digital dos seguintes livros: 1. Diário e seus auxiliares, se houver; 2. Razão e seus auxiliares, se houver; 3. Balancetes Diários, Balanços e fichas de lançamento comprobatórias dos assentamentos neles transcritos. Cada arquivo deve conter apenas um livro e os livros contábeis emitidos em forma eletrônica deverão ser assinados digitalmente, utilizando certificado de segurança mínima tipo A3, emitido por entidade credenciada pela ICP-Brasil, a fim de garantir a autoria do documento digital. A numeração dos livros é sequencial, por tipo de livro, independentemente de sua forma (em papel, fichas, microfichas ou digital). A partir do seu sistema de contabilidade, a empresa gera um arquivo digital no formato especificado no anexo único da Instrução Normativa RFB nº 787/07. Devido às peculiaridades das diversas legislações que tratam da matéria, esse arquivo pode ser tratado pelos sinônimos: • Livro Diário Digital; • ECD; • Escrituração Contábil em forma eletrônica. Esse arquivo é submetido ao Programa Validador e Assinador (PVA), fornecido pelo SPED. O Ato Declaratório Executivo Cofis nº 20, de 28 de maio de 2009, dispõe sobre as regras de validação e as tabelas de códigos aplicáveis à ECD. Faça o download do PVA e do Receitanet e instale-os em um computador ligado à internet. Através do PVA, execute os seguintes passos: , 52 • Validação do arquivo contendo a escrituração; • Assinatura digital do livro pela pessoa que tem poderes para assinar, de acordo com os registros na Junta Comercial, e pelo contabilista; • Geração e assinatura de requerimento para a autenticação dirigido à Junta Comercial de sua jurisdição. Para a geração do requerimento, é indispensável informar a identificação do documento de arrecadação do preço da autenticação. Verifique, na Junta Comercial de sua jurisdição, como obter a identificação. Assinados a escrituração e o requerimento, faça a transmissão para o SPED. Concluída a transmissão, será fornecido um recibo. Imprima-o, pois ele contém informações importantes para a prática de atos posteriores. Ao receber a ECD, o SPED extrai um resumo (requerimento, Termo de Abertura e Termo de Encerramento) e o envia para a Junta Comercial competente. Verifique, na Junta Comercial de sua jurisdição, como fazer o pagamento do preço para a autenticação. Recebido o preço, a Junta Comercial analisará o requerimento e o Livro Digital. A análise poderá gerar três situações, todas elas com termo próprio: 1. Autenticação do livro; 2. Indeferimento; 3. Sob exigência. Para que um livro colocado sob exigência para a Junta Comercial possa ser autenticado, após sanada a irregularidade, ele deve ser reenviado ao SPED. Não há necessidade de novo pagamento do preço da autenticação. Deve ser gerado o requerimento específico para a substituição de livros não autenticados e colocados sobexigência. , 53 Para verificar o andamento dos trabalhos, utilize a funcionalidade “Consulta Situação” do PVA. Os termos lavrados pela Junta Comercial, inclusive os de autenticação, são transmitidos automaticamente à empresa durante a consulta. O PVA tem, ainda, as funcionalidades de visualização da escrituração e de geração e recuperação de backup. Autenticada a escrituração, adote as medidas necessárias para evitar a deterioração, extravio ou destruição do livro digital. Ele é composto por dois arquivos principais: o do livro digital e o de autenticação (extensão *.aut). Faça, também, cópia do arquivo do requerimento (extensão *.rqr) e do recibo de entrega (extensão *.rec). Todos os arquivos têm o mesmo nome, variando apenas a extensão. De acordo com o artigo 3º da Instrução Normativa nº 787/07, alterado pela Instrução Normativa RFB nº 926/09, ficam obrigadas a adotar a ECD, nos termos do artigo 2º do Decreto nº 6.022/07: 1. Em relação aos fatos contábeis ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2008, as Sociedades Empresárias sujeitas a acompanhamento econômico-tributário diferenciado, nos termos da Portaria RFB nº 11.211, de 7 de novembro de 2007, e sujeitas à tributação do Imposto de Renda com base no lucro real; 2. Em relação aos fatos contábeis ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2009, as demais Sociedades Empresárias sujeitas à tributação do Imposto de Renda com base no lucro real. (BRASIL, 2007, s.p). É facultada a entrega da ECD às demais Sociedades Empresárias. As declarações relativas a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal exigidas das pessoas jurídicas que tenham apresentado a ECD, em relação ao mesmo período, serão simplificadas, com vistas a eliminar eventuais redundâncias de informação. , 54 A Portaria RFB nº 2.521, de 29 de dezembro de 2008, estabeleceu parâmetros para a seleção das pessoas jurídicas a serem submetidas ao acompanhamento econômico- tributário diferenciado e especial no ano de 2009. São usuários do SPED Contábil: 1. Bacen; 2. CVM; 3. CFC; 4. DREI; 5. Receita Federal; 6. Susep; 7. Secretarias Estaduais da Fazenda; 8. Secretarias de Finanças das capitais. O CFC e o DREI não têm acesso aos livros digitais por intermédio do sistema e as Secretarias Estaduais da Fazenda e de Finanças das capitais dependem da assinatura de convênio para acesso aos livros digitais. A ECD deverá ser transmitida ao SPED, sendo considerada válida somente após a confirmação de recebimento do arquivo que a contém e, quando for o caso, após a autenticação pelos órgãos de registro, como as Juntas Comerciais, por exemplo. É importante salientar que, mesmo transmitido o arquivo para o ambiente do SPED, a responsabilidade da guarda e manutenção dessas informações continua a encargo do contribuinte, que deverá manter, também, a confirmação do recebimento e os demais arquivos relacionados à sua remessa. O arquivo contendo a ECD deverá ser submetido ao PVA, especificamente desenvolvido para esse fim e disponibilizado de forma gratuita na página da Receita Federal, o qual contém as seguintes funcionalidades: , 55 • Validação do arquivo digital da escrituração; • Assinatura digital; • Visualização da escrituração; • Transmissão para o SPED; • Consulta à situação da escrituração. As regras de validação aplicáveis aos diversos campos, registros e arquivos integrantes da ECD constam do Anexo I do Ato Declaratório Executivo Cofis nº 36/07, alterado pelo Ato Declaratório Executivo Cofis nº 20/09. Tal arquivo deverá conter a escrituração referente a, no mínimo, um mês, sendo facultado ao empresário ou à Sociedade Empresária apresentar o arquivo contendo mais de um mês de escrituração, desde que, nesse caso em específico, o arquivo tenha tamanho inferior a 1 GB (um gigabyte). A ECD será transmitida anualmente ao SPED até o último dia útil do mês de junho do ano seguinte ao ano do calendário a que se refira a escrituração. Ou seja: a primeira transmissão, a ser efetuada pelas pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real e sujeitas ao acompanhamento econômico-tributário diferenciado, deveria ter ocorrido até o final do mês de junho de 2009. O serviço de recepção da ECD será encerrado às 20 horas – horário de Brasília – da data final fixada para a entrega. Destaca-se que, nos casos de extinção, cisão parcial, cisão total, fusão e incorporação, a ECD deverá ser entregue pelas pessoas jurídicas extintas, cindidas, fusionadas, incorporadas e incorporadoras até o último dia útil do mês subsequente ao do evento. A não apresentação da ECD até o último dia útil de junho do ano seguinte acarretará a aplicação de multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mês calendário ou fração. , 56 Saiba mais A Escrituração Fiscal Digital (EFD) é um arquivo digital, que se constitui de um conjunto de escriturações de documentos fiscais e de outras informações de interesse dos Fiscos das unidades federadas e da Secretaria da Receita Federal, bem como de registros de apuração de impostos referentes às operações e prestações praticadas pelo contribuinte. Esse arquivo deverá ser assinado digitalmente e transmitido, via internet, ao ambiente SPED. Consulte o site: . (Acesso em: 10 fev. 2021). Com redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 926/09, excepcionalmente, em relação aos fatos contábeis ocorridos entre 1º de janeiro de 2008 e 31 de maio de 2009, o prazo será até o último dia útil do mês de junho de 2009. Requerimentos e Retificação São dois os tipos de requerimento: 1. autenticação de livro (inclusive nos casos de extravio, deterioração e destruição); 2. substituição de livro colocado em exigência pela Junta Comercial. A previsão original era de que os requerimentos de extravio, deterioração ou destruição não seriam aceitos quando o livro “original” tivesse sido enviado para o SPED e ainda estivesse em sua base de dados. , 57 Logo, uma vez remetido ao SPED e submetido à autenticação pela Junta Comercial, o livro fica impedido de retificação; portanto, faz-se necessária atenção redobrada no momento da geração desses livros. No entanto, a partir do dia 14 de julho de 2009, os livros digitais enviados para o SPED passaram a poder ser substituídos (retificados), desde que não estivessem em uma das seguintes etapas: em análise (pela Junta Comercial), autenticado ou substituído. Será implantada a funcionalidade para permitir ao titular fazer download da própria escrituração, com a utilização de certificado digital da empresa, de seu representante legal ou de seu procurador. Plano de Contas Referencial Trata-se de um Plano de Contas elaborado com base na Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ). As empresas, em geral, devem usar o plano publicado pela Receita Federal através do Ato Declaratório Executivo Cofis nº 20/09. As financeiras utilizam o Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (Cosif ) e as seguradoras não precisam informar o registro I051. O Plano de Contas Referencial tem por finalidade estabelecer uma relação (de – para) entre as contas analíticas do Plano de Contas da empresa e um padrão, possibilitando a eliminação de fichas da DIPJ. Obrigações Acessórias As declarações relativas a tributos administrados pela Receita Federal exigidas das pessoas jurídicas que tenham apresentado a ECD, em relação ao mesmo período, serão simplificadas, com vistas a eliminar eventuais redundâncias da informação. Por enquanto, todavia, com exceção das hipóteses a seguir, ainda não há dispensa da entrega de outras declarações pela pessoa jurídica obrigada à ECD. , 58 Compartilhamentoe Acesso às Informações As informações relativas à ECD, disponíveis no ambiente nacional do SPED, serão compartilhadas com as administrações tributárias dos estados, do Distrito Federal e dos municípios e, ainda, com os órgãos e as entidades da administração pública federal, direta e indireta, que tenham atribuição legal de regulação, normatização, controle e fiscalização dos empresários e das Sociedades Empresárias. Tal compartilhamento restringe-se ao limite de competência dos entes mencionados, observada, ainda, a legislação referente aos sigilos comercial, fiscal e bancário, nas seguintes modalidades de acesso: • Integral, para cópia do arquivo da escrituração (no caso de iniciado procedimento fiscal ou equivalente junto à pessoa jurídica titular da ECD); • Parcial, para cópia e consulta à base de dados agregados, que consiste na consolidação mensal de informações de saldos contábeis e nas demonstrações contábeis. O ambiente nacional do SPED manterá o registro dos eventos de acesso pelo prazo de seis anos, contendo, no mínimo: • Identificação do usuário; • Autoridade certificadora emissora do certificado digital; • Número de série do certificado digital; • Data e hora da operação; • Tipo de operação realizada (acesso integral ou parcial). As informações sobre o acesso à ECD pelos órgãos e entidades ficarão disponíveis para a pessoa jurídica titular da ECD, em área específica no ambiente nacional do SPED, com acesso mediante certificado digital, ou seja, o contribuinte terá conhecimento dos órgãos e entidades que acessaram sua ECD, inclusive, se esse acesso foi integral ou parcial. , 59 Conclusão Caro(a) aluno(a), neste capítulo, você estudou a prática de escrituração dos registros contábeis, com uma breve revisão sobre os lançamentos contábeis e a forma de se efetuar os registros dos fatos e atos administrativos. Você conheceu a ECD, integrante do SPED, e por isso também conhecida como SPED Contábil, que foi instituída pela Receita Federal, por intermédio da Instrução Normativa nº 787, de 19 de novembro de 2007, e será utilizada para fins fiscais e previdenciários, devendo também atender às exigências do DREI, do CFC, do Bacen, da Susep, da CVM e de outros órgãos interessados. Também aprendeu sobre as obrigações acessórias e o compartilhamento e acesso de informações eletrônicas. REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007. Institui o Sistema Público de Escrituração Digital – Sped. Diário Oficial da União, Brasília, 22 jan. 2007. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6022.htm. Acesso em: 12 mar. 2021. BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, Brasília, 11 jan. 2002. Disponível em: https://bit.ly/405xT4m. Acesso em: 12 mar. 2021. FABRETTI, L.C. Contabilidade tributária. São Paulo: Atlas S.A., 2009. PEREIRA, M.S.A. Excel para contadores. São Paulo: IOB Thomson, 2007. RECEITA FEDERAL. Apresentação. Sistema público de Escrituração Digital. Disponível em: http://sped.rfb.gov.br/pagina/show/964. Acesso em: 12 mar. 2021. SZUSTER, N. et al. Contabilidade geral: introdução à contabilidade societária. São Paulo: Atlas, 2008. , 60 ESTA UNIDADE FOI SUBSTITUÍDA PELO ESTUDO DE CASO DA DISCIPLINA 3 ROTINA CONTÁBIL/SISTEMA DE GESTÃO CONTÁBIL INFORMATIZADO Caro(a) aluno(a), Neste capítulo você conhecerá as informações do Sistema contábil da CONTMATIC e todas as operações necessárias para implantação e utilização do Sistema, disponível no no endereço: 1. Para utilização do Sistema, o aluno deve acessar o site da CONTMATIC e acessar “Contmatic Educacional acesso WEB”, no endereço: https://conteudo.contmatic.com.br/projeto-educacional.2 Efetuar o cadastro, seguir e baixar gratuitamente o sistema, observe como fazer isso nas imagens abaixo: Figura 3.1 – Acesso ao site 1 (Acesso em 08 mar. 2021). 2 (Acesso em 08 mar. 2021). , Figura 3.2 – Acesso ao site (2) 61 Figura 3.3 – Acesso ao site (3) , Figura 3.4 – Acesso ao site (4) 62 3.1 Cadastro da empresa e contador responsável O cadastramento da empresa, dos responsáveis administradores e do contador efetua- se utilizando a aba cadastro no menu do sistema, no qual é possível realizar todos os cadastros iniciais necessários. Ficha Geral No cadastramento da empresa devemos assegurar todas as informações relativas ao nome completo da empresa, bem como o nome fantasia. Deve constar todas as informações conforme o cadastro do CNPJ da Receita Federal. As demais informações de composição do cadastro, como o objeto da empresa, a composição do quadro societário, os administradores responsáveis, o CNPJ, a inscrição estadual, a inscrição municipal e CNAE – Cadastro Nacional de Atividade Econômica, devem ser colhidos junto aos documentos originários de inscrição na Junta Comercial ou no Cartório e Registros dos órgãos públicos federais, estaduais e municipais. Ficha Escrita As informações necessárias nesta ficha servirão para a integração do sistema de escrita fiscal com o sistema contábil, no qual utilizaremos o Plano de Contas Geral. , 3 (Acesso em 08 mar. 2021). 63 Ficha CONT As informações que devemos incluir nesta ficha correspondem à forma de tributação que a empresa irá adotar. Razão Social Completa Esse cadastramento corresponde às informações oficiais que constarão nos relatórios contábeis emitidos. Responsáveis pela Empresa O cadastramento dos responsáveis pela empresa é feito considerando pessoa física ou pessoa jurídica e também definição de quais sócios assinam os relatórios contábeis. Contadores A assinatura das demonstrações contábeis é prerrogativa do profissional de contabilidade, de acordo com a Lei 12.249 de 28 de junho de 2010, em seus artigos 76 e 77. Nesse cadastro são identificadas a qualificação e o tipo de registro do profissional responsável técnico das demonstrações contábeis. Para maiores detalhes, acesse o manual no endereço: https://www.contmatic.com.br/dados/manual/contabil.pdf.3 3.2 Planos de contas - referencial SPED ECD/ECF O plano de contas deve ser cadastrado ao acessar o sistema, na aba cadastro, “plano de contas”. Dentro do próprio sistema, no cadastro de plano de contas, há um vídeo tutorial com todas as informações necessárias para o cadastro e acesso ao plano de contas. , 4 (Acesso em 08 mar. 2021). 64 A configuração do plano de contas pode ser efetuada utilizando-se os planos de contas modelos para serem copiados, que podem ser modificados para adequar-se à empresa. Cadastrando um novo Plano de Contas: Deve-se definir a máscara da conta contábil, inserindo no campo de dígitos por grau a quantidade de dígitos para contas e sub contas. Os grupos de contas são identificados como 1 – Ativo, 2 – Passivo, 3 – Receita, 4 – Despesa, 5 – Custos e 6 – Resultado. Cadastrando novas Contas: Deve-se observar, no cadastramento de uma nova conta, se a empresa tem a obrigatoriedade de gerar o ECD, caso positivo, é necessário fazer a referência ao Plano Referencial SPED. Nas contas de resultado, despesas, receitas e custos, informar o título demonstração de resultado para definir a ordem na DRE modelo 1, obrigatória para as empresas optantes pelo Lucro Real, para que o LALUR busque o resultado contábil desse relatório. Para maiores detalhes, acesse o manual disponível em: https://www.contmatic.com.br/dados/manual/contabil.pdf4. Referencial SPED ECD/ECF Acesse o sistema, aba “Cadastro”, “Configuração do plano de contas”, “Configuração dos registros ECD/ECF”. , 5 (Acesso em 08 mar.2021). 65 Configurações Complementares ao Plano de Contas Plano Referencial SPED: Acesse o sistema, aba “Cadastro”, “Configuração do plano de contas”, “Configuração dos registros ECD/ECF”. O SPED ECD/ECF possui um plano de contas referencial que deve ser utilizado por todas as empresas que são obrigadas a entregar a ECD/ECF. O Plano de contas contábil de cada empresa deve ser referenciado ao plano de contas do ECD/ECF. Para maiores detalhes, acesse o manual disponível em: https://www.contmatic.com.br/dados/manual/contabil.pdf.5 3.3 Lançamentos contábeis Acessar o sistema, aba “Lançamentos”, “Contábeis”, na qual encontram-se os lançamentos: simples-uma conta a débito e uma a crédito, e múltiplos-várias contas a débito e a crédito. Lançamentos Simples: Todo lançamento contábil deve conter no mínimo 5 premissas básicas, que são: 1ª) data, 2ª) conta a débito, 3ª) conta a crédito, 4ª) valor e, 5ª) histórico detalhado. Lançamentos Múltiplos Simples: No lançamento múltiplo simples teremos uma conta a débito e várias contas a crédito ou uma conta a crédito e várias contas a débito, sempre considerando as premissas básicas: 1ª) data, 2ª) conta a débito, 3ª) conta a crédito, 4ª) valor e 5ª) histórico detalhado. , 6 (Acesso em 08 mar. 2021). 66 Lançamentos Múltiplos Múltiplos: No lançamento múltiplos múltiplos teremos várias contas a débito e várias contas a crédito, sempre considerando as premissas básicas: 1ª) data, 2ª) conta a débito, 3ª) conta a crédito, 4ª) valor e 5ª) Histórico detalhado. Para maiores detalhes, acesse o manual disponível em: https://www.contmatic.com.br/dados/manual/contabil.pdf.6 3.4 Relatórios Acesse o sistema, aba “Relatórios”, “Balancete de Verificação”, “Razão Analítico”, “Balanço Patrimonial”, “DRE”. Balancete de Verificação: aleatórias O balancete de verificação é utilizado para conciliação das contas contábeis, pode ser analítico – sub contas – ou sintético – grupo de contas, dentro desse contexto, é emitido por mês, por trimestre, por ano e há suspensão/redução para as empresas enquadradas como lucro real, apuração por estimativa, utilizando-se o controle de suspensão/redução no LALUR. Razão Analítico: O razão é o relatório que nos permite analisar as contas contábeis analiticamente, por períodos específicos, selecionando as contas individualmente ou por intervalos de contas, filtrando sequencialmente ou de forma aleatória. Diários: “No Livro Diário devem ser lançadas, em ordem cronológica, com individualização, clareza e referência ao documento probante, todas as operações ocorridas, e quaisquer outros fatos que provoquem variações patrimoniais” (CFC ITG2000 R1). , 7 (Acesso em 08 mar. 2021). 67 O Diário é o relatório que nos permite analisar os lançamentos por dia, por mês, por ano ou outro período qualquer. Demonstração de Resultado do Exercício: A DRE (Demonstração de Resultado do Exercício) discriminará as receitas e despesas, resultadas antes do IR/CSLL, o cálculo dos impostos e as participações são estipuladas na Lei das S/As, em seu artigo 187. A DRE permite analisar o resultado de um período específico como: mensal, trimestral, semestral ou anual. Balanço Patrimonial: “No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registram, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia.” (Lei das S/As, 6404/76 atualizada 11638/11941). O BP (Balanço Patrimonial) permite analisar e demonstrar as posições de Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido de um período específico, como mensal, trimestral, semestral ou anual. Para maiores detalhes, acesse o manual disponível em: https://www.contmatic.com.br/dados/manual/contabil.pdf.7 , 68 3.5 Processamentos Acesse o sistema, aba “Processamentos”, “DMPL”, “Notas Explicativas”, “Carta de Responsabilidade”. DMPL (Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido): A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o montante do dividendo por ação do capital social e poderá ser incluída na demonstração das mutações do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela companhia (art. 186 da Lei das S/As). A DMPL é uma demonstração que evidencia as contas do Patrimônio Líquido – Capital social, Reservas de Capital, Reservas de Lucros, Ajustes de Avaliação Patrimonial e Prejuízos Acumulados – e suas mutações em um determinado período. Notas Explicativas: As notas explicativas devem: I - apresentar informações sobre a base de preparação das demonstrações financeiras e das práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas para negócios e eventos significativos; II - divulgar as informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que não estejam apresentadas em nenhuma outra parte das demonstrações financeiras; III - fornecer informações adicionais não indicadas nas próprias demonstrações financeiras e consideradas necessárias para uma apresentação adequada (artigo 176, parágrafo 4º Lei das S/As, 6404/76 atualizada Lei 11638/07 e 11941/09). Carta de Responsabilidade: ANEXO III - Modelo Básico de Carta de Responsabilidade da Administração (Anexo III incluído pela Resolução CFC n.º 1.457/13) § 1º Deverá ser obtida pelo profissional da Contabilidade, anualmente, a Carta de Responsabilidade da Administração para o encerramento do exercício contábil. , 69 § 2º A assinatura das demonstrações contábeis fica vinculada à entrega da Carta de Responsabilidade da Administração. § 3º O profissional deverá comunicar ao CRC de seu domicílio profissional a recusa da entrega da Carta de Responsabilidade da Administração por parte da empresa. § 4º A exigência em contrato para entrega da Carta de Responsabilidade da Administração será obrigatória somente nos contratos de novos clientes, ou quando da renovação dos contratos antigos." (CFC, 2013, p. 1-2). Para maiores detalhes, acesse o manual disponível em: .8 Conclusão Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, você conheceu o Sistema de Contabilidade Contábil Phoenix, da empresa CONTMATIC. Aprendeu como realizar o cadastro de uma empresa, o Plano de Contas e como cadastrar um lançamento padrão, efetuar lançamentos e gerar relatórios operando o sistema Contábil Phoenix através do Manual de procedimentos do Sistema CONTMATIC. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Diário Oficial da União, Brasília, 17 dez. 1976. Disponível em: https://bit.ly/3tdjfYT. Acesso em: 12 mar. 2021. BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União, Brasília, 28 dez. 2007. Disponível em: https://bit.ly/3coP3TP. Acesso em: 12 mar. 2021. 8 (Acesso em 08 mar. 2021). , 70 BRASIL. Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Diário Oficial da União, Brasília, 28 maio 2009. Disponível em: https://bit.ly/38A0zur. Acesso em: 12 mar. 2021. BRASIL. Lei nº 12.249, de 11 de junho de 2010. Diário Oficial da União, Brasília, 14 jun. 2009. Disponível em: https://bit.ly/38zzaZC. Acesso em: 12 mar. 2021. CONTMATIC PHOENIX. Contábil Phoenix. Disponível em: https://www.contmatic.com.br/dados/manual/contabil.pdf. Acesso em: 12 mar. 2021. CFC. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. ITG 2000 (R1) – ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. Brasília, 2014. Disponível em: https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/ITG2000(R1).pdf. Acesso em: 12 mar. 2021. CFC. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC nº 1.457, de 11 de dezembro de 2013. Altera a Resolução CFC nº 987/03, que dispõe sobre a obrigatoriedade do contrato de prestação de serviçoscontábeis e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 13 dez. 2013. Disponível em: https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/RES_1457.pdf. Acesso em: 12 mar. 2021. , 71 4 OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS – SPED Caro(a) aluno(a), Neste bloco você estudará as obrigações acessórias que são de envio obrigatório para a Receita Federal, lembrando que o envio dessas obrigações é de competência exclusiva do contador, utilizando-se de sua assinatura eletrônica, através do certificado digital e com autorização do cliente por procuração eletrônica efetuada no site da Receita Federal. Deve-se atentar para o fato de que cada obrigação acessória tem um prazo para entrega definido em lei e a entrega fora do prazo ou incorreções geram multas. Figura 4.1 - SPED Fonte: O autor. , 72 SPED – Sistema Público de Escrituração Digital: Criado em 2007, consiste na modernização e substituição das Obrigações Acessórias, transmitidas pelos contribuintes às administrações tributárias e aos órgãos fiscalizadores, utilizando-se da certificação digital para fins de assinatura dos documentos eletrônicos, garantindo, assim, a validade jurídica dos mesmos apenas na sua forma digital. 4.1 NFe (Nota Fiscal Eletrônica), NFS-e (Nota Fiscal de Serviços eletrônica), CT-e (Conhecimento Transporte eletrônico) 4.1.2 NFe-Nota Fiscal Eletrônica Histórico Para atender o disposto da Emenda Constitucional nº 42, Inciso XXII, art. 37, foi realizado, de 15 a 17 de julho de 2004, em Salvador, o 1º Encontro Nacional de Administradores Tributários – ENAT, reunindo os titulares das administrações tributárias federais, estaduais, do Distrito Federal e dos municípios de capitais. O encontro teve como objetivo buscar soluções conjuntas das três esferas de Governo que promovessem maior integração administrativa, padronização e melhor qualidade das informações; racionalização de custos e da carga de trabalho operacional no atendimento; maior eficácia da fiscalização; maior possibilidade de realização de ações fiscais coordenadas e integradas; maior possibilidade de intercâmbio de informações fiscais entre as diversas esferas governamentais; cruzamento de dados em larga escala com dados padronizados e uniformização de procedimentos. No ENAT foram aprovados dois protocolos de cooperação técnica nas áreas do cadastramento: Projeto do Cadastro Sincronizado e Nota Fiscal Eletrônica. Visando alinhar as diretrizes do projeto, iniciado pelo ENAT, com o fórum de discussão dos Coordenadores e Administradores Tributários Estaduais (ENCAT), foi realizada uma Reunião Técnica do ENAT/ENCAT, em São Paulo, no dia 27 de abril de 2005, para a unificação dos diferentes projetos em andamento no âmbito das Administrações Tributárias. No final de agosto de 2005, no evento do II ENAT – Encontro Nacional de Administradores Tributários, em São Paulo, os Secretários de Fazenda dos Estados e DF, o Secretário da Receita Federal e os representantes das Secretarias de Finanças dos municípios das Capitais assinaram o Protocolo ENAT 03/2005, visando o desenvolvimento e a implantação da Nota Fiscal Eletrônica, consolidando de forma definitiva a coordenação técnica e o desenvolvimento do projeto sob a responsabilidade do ENCAT (Encontro , 73 Nacional dos Coordenadores e Administradores Tributários Estaduais) com a participação, da agora denominada, Receita Federal do Brasil (RFB). A partir de novembro de 2005 a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) passou a integrar o projeto. Descrição do Processo De maneira simplificada, a empresa emissora de NF-e gerará um arquivo eletrônico contendo as informações fiscais da operação comercial, o qual deverá ser assinado digitalmente, de maneira a garantir a integridade dos dados e a autoria do emissor. Esse arquivo eletrônico, que corresponderá à Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), será então transmitido pela Internet para a Secretaria da Fazenda de jurisdição do contribuinte que fará uma pré- validação do arquivo e devolverá um protocolo de recebimento (autorização de uso), sem o qual não poderá haver o trânsito da mercadoria. A NF-e também será transmitida para a Receita Federal, que será repositório nacional de todas as NF-e emitidas (Ambiente Nacional) e, no caso de operação interestadual, para a Secretaria de Fazenda de destino da operação e Suframa, no caso de mercadorias destinadas às áreas incentivadas. As Secretarias de Fazenda e a RFB (Ambiente Nacional) disponibilizarão consulta, através da Internet, para o destinatário e outros legítimos interessados, que detenham a chave de acesso do documento eletrônico. Para acompanhar o trânsito da mercadoria será impressa uma representação gráfica simplificada da Nota Fiscal Eletrônica, intitulado DANFE (Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica), em papel comum, em única via, que conterá impressa, em destaque, a chave de acesso para consulta da NF-e na Internet e um código de barras bi-dimensional que facilitará a captura e a confirmação de informações da NF-e pelas unidades fiscais. O DANFE não é uma nota fiscal, nem substitui uma nota fiscal, servindo apenas como instrumento auxiliar para consulta da NF-e, pois contém a chave de acesso da NF-e, que permite ao detentor desse documento confirmar a efetiva existência da NF-e através do Ambiente Nacional (RFB) ou site da SEFAZ na Internet. O contribuinte destinatário, não emissor de NF-e, poderá escriturar os dados contidos no DANFE para a escrituração da NF-e, sendo que sua validade ficará vinculada à efetiva existência da NF-e nos arquivos das administrações tributárias envolvidas no processo, comprovada através da emissão da Autorização de Uso. O contribuinte emitente da NF-e, realizará a escrituração a partir das NF-e emitidas e recebidas. Benefícios Esperados: O Projeto NF-e instituirá mudanças significativas no processo de emissão e gestão das informações fiscais, trazendo grandes benefícios para os contribuintes e as administrações tributárias, conforme descrito a seguir: , 74 Benefícios para as Administrações Tributárias • Aumento na confiabilidade da Nota Fiscal; • Melhoria no processo de controle fiscal, possibilitando um melhor intercâmbio e compartilhamento de informações entre os fiscos; • Redução de custos no processo de controle das notas fiscais capturadas pela fiscalização de mercadorias em trânsito; • Diminuição da sonegação e aumento da arrecadação; • Suporte aos projetos de escrituração eletrônica contábil e fiscal da Secretaria da RFB (Sistema Público de Escrituração Digital - SPED). Benefícios para a Sociedade • Redução do consumo de papel, com impacto positivo no meio ambiente; • Incentivo ao comércio eletrônico e ao uso de novas tecnologias; • Padronização dos relacionamentos eletrônicos entre empresas; • Surgimento de oportunidades de negócios e empregos na prestação de serviços ligados à Nota Fiscal Eletrônica. Benefícios para o Contribuinte Comprador (Receptor da NF-e): • Eliminação de digitação de notas fiscais na recepção de mercadorias; • Planejamento de logística de entrega pela recepção antecipada da informação da NF-e; • Redução de erros de escrituração devido a erros de digitação de notas fiscais; • Incentivo ao uso de relacionamentos eletrônicos com fornecedores (B2B). Benefícios para o Contribuinte Vendedor (Emissor de NF-e): • Redução de custos de impressão; • Redução de custos de aquisição de papel; • Redução de custos de envio do documento fiscal; • Redução de custos de armazenagem de documentos fiscais; • Simplificação de obrigações acessórias, como dispensa de AIDF; • Redução de tempo de parada de caminhões em Postos Fiscais de Fronteira; • Incentivo a uso de relacionamentos eletrônicos com clientes (B2B). , 75Justificativas para Execução: A busca pela integração e modernização da Administração Tributária relaciona-se à forma federativa adotada pelo Estado brasileiro. Neste contexto, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios são dotados de autonomia política, administrativa e financeira, estando suas atribuições, limitações e competências previstas na Constituição Federal, que concede a cada esfera de governo a competência de instituir e administrar os respectivos tributos. A integração e cooperação entre administrações tributárias têm sido um tema muito debatido em países federativos, especialmente naqueles que, como o Brasil, possuem forte grau de descentralização fiscal. Nesses países, a autonomia tributária tem gerado, tradicionalmente, multiplicidade de rotinas de trabalho, burocracia, baixo grau de troca de informações e falta de compatibilidade entre os dados econômico-fiscais dos contribuintes. Para os cidadãos, o Estado mostra-se multifacetado, ineficiente e moroso. Para o governo, o controle apresenta-se difícil porque falta a visão integrada das ações dos contribuintes. Para o País, o custo público e privado do cumprimento das obrigações tributárias torna-se alto, criando um claro empecilho ao investimento e geração de empregos. Com o advento da sociedade da informação, os agentes econômicos aumentaram a sua mobilidade, exercendo ações em todo o território nacional e deixando de estar restritos ao conceito de jurisdição territorial. Em decorrência, é comum que empresas sejam contribuintes, simultaneamente, de diversos governos, em nível federal, estadual ou municipal. A consequência direta deste modelo é que os bons contribuintes acabam penalizados pela burocracia, pois têm que lidar com procedimentos e normas diversos em cada unidade da federação ou município. As administrações tributárias enfrentam o grande desafio de adaptarem-se aos processos de globalização e de digitalização do comércio e das transações entre contribuintes. Os volumes de transações efetuadas e os montantes de recursos movimentados crescem num ritmo intenso e, na mesma proporção, aumentam os custos inerentes à necessidade do Estado de detectar e prevenir a evasão tributária. No que se refere às administrações tributárias, há a necessidade de despender grandes somas de recursos para captar, tratar, armazenar e disponibilizar informações sobre as operações realizadas pelos contribuintes, administrando um volume de obrigações acessórias que acompanha o surgimento de novas hipóteses de evasão. No que tange aos contribuintes, há a necessidade de alocar recursos humanos e materiais vultosos para o registro, contabilidade, armazenamento, auditoria interna e prestação de informações às diferentes esferas de governo que, no cumprimento das suas atribuições legais, as demandam, usualmente, por intermédio de declarações e outras obrigações acessórias. Indubitavelmente, o custo inerente ao grande volume de documentos em papel que circulam e são armazenados, tanto pela administração tributária como pelos contribuintes, é substancialmente elevado. Portanto, a integração e compartilhamento de informações têm o objetivo de racionalizar e modernizar a administração tributária brasileira, reduzindo custos e entraves burocráticos, facilitando o cumprimento das obrigações , 76 tributárias e o pagamento de impostos e contribuições, além de fortalecer o controle e a fiscalização por meio de intercâmbio de informações entre as administrações tributárias. Para atender a estas necessidades, a Emenda Constitucional nº 42 introduziu o Inciso XXII ao art. 37 da Constituição Federal, que determina às administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios a atuar de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais. De modo geral, o projeto justifica-se pela necessidade de investimento público voltado para a redução da burocracia do comércio e dos entraves administrativos enfrentados pelos empresários do País, exigindo a modernização das administrações tributária nas três esferas de governo. O projeto prevê ainda o investimento em tecnologia de forma a modernizar o parque tecnológico e os sistemas de informação, ampliando a capacidade de atendimento das unidades administrativas. Objetivos do Projeto O Projeto NF-e tem como objetivo a implantação de um modelo nacional de documento fiscal eletrônico que venha substituir a sistemática atual de emissão do documento fiscal em papel, com validade jurídica garantida pela assinatura digital do remetente, simplificando as obrigações acessórias dos contribuintes e permitindo, ao mesmo tempo, o acompanhamento em tempo real das operações comerciais pelo Fisco. A implantação da NF-e constitui grande avanço para facilitar a vida do contribuinte e as atividades de fiscalização sobre operações e prestações tributadas pelo Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e pelo Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Num momento inicial, a NF-e será emitida apenas por grandes contribuintes e substituirá os modelos, em papel, tipo 1 e 1A. (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, s.d., s.p.). 4.1.3 - NFS-e – Nota Fiscal de Serviços eletrônica O que é: O Projeto Nota Fiscal de Serviços Eletrônica (NFS-e) está sendo desenvolvido de forma integrada, pela Receita Federal do Brasil (RFB) e Associação Brasileira das Secretarias de Finanças das Capitais (Abrasf), atendendo o Protocolo de Cooperação ENAT nº 02, de 7 de dezembro de 2007, que atribuiu a coordenação e a responsabilidade pelo desenvolvimento e implantação do Projeto da NFS-e. A Nota Fiscal de Serviços Eletrônica (NFS-e) é um documento de existência digital, gerado e armazenado eletronicamente em Ambiente Nacional pela RFB, pela prefeitura ou por outra entidade conveniada, para documentar as operações de prestação de serviços. , 77 Esse projeto visa o benefício das administrações tributárias padronizando e melhorando a qualidade das informações, racionalizando os custos e gerando maior eficácia, bem como o aumento da competitividade das empresas brasileiras pela racionalização das obrigações acessórias (redução do custo-Brasil), em especial a dispensa da emissão e guarda de documentos em papel. A geração da Nota Fiscal de Serviços Eletrônica – NFS-e é feita, automaticamente, por meio de serviços informatizados, disponibilizados aos contribuintes. Para que sua geração seja efetuada, dados que a compõem serão informados, analisados, processados, validados e, se corretos, gerarão o documento. A responsabilidade pelo cumprimento da obrigação acessória de emissão da NFS-e e pelo correto fornecimento dos dados à secretaria, para a geração da mesma, é do contribuinte. Recibo provisório de serviços (RPS): A NFS-e será gerada através dos serviços informatizados disponibilizados pela respectiva secretaria municipal de finanças. No intuito de prover uma solução de contingência para o contribuinte, foi criado o Recibo Provisório de Serviços (RPS), que é um documento de posse e responsabilidade do contribuinte, que deverá ser gerado manualmente ou por alguma aplicação local, possuindo uma numeração sequencial crescente e devendo ser convertido em NFS-e no prazo estipulado pela legislação tributária municipal. Este documento atende, também, àqueles contribuintes que, porventura, não dispõem de infraestrutura de conectividade com a secretaria em tempo integral, podendo gerar os documentos e enviá-los, em lote, para processamento e geração das respectivas NFS-e. Para que os RPS possam fazer parte de um lote a ser enviado para geração das NFS-e correspondentes, é necessário que o contribuinte possua uma aplicação instalada em seus computadores, seja ela fornecida pela secretaria ou desenvolvida particularmente, seguindo as especificações disponibilizadaspor essa. O envio de RPS à secretaria para geração da NFS-e é feito em lotes, ou seja, vários RPS agrupados para gerar uma NFS-e para cada um deles. Este serviço de Recepção de Lote de RPS é definido como Assíncrono (Um processo é assíncrono quando ocorre uma chamada ao mesmo, com envio de determinadas informações – lote de RPS nesse caso – e seu retorno é dado em outro momento.). Como comprovante de envio de lote de RPS, o contribuinte receberá um número de protocolo de recebimento. O lote recebido pela secretaria será colocado em uma fila de processamento, e será executado em momento oportuno. Depois de processado, gerará um resultado que estará disponível ao contribuinte. Esse resultado poderá ser as NFS-e correspondentes ou a lista de erros encontrados no lote. A numeração dos lotes de RPS é de responsabilidade do contribuinte, devendo ser única e distinta para cada lote. , 78 Um RPS pode ser enviado com o status de cancelado gerando uma NFS-e cancelada. Um RPS já convertido em NFS-e não pode ser reenviado. Havendo necessidade de cancelamento do documento, deve ser cancelada a respectiva NFS-e. Geração de NFS-e: A NFS-e contém campos que reproduzem as informações enviadas pelo contribuinte e outros que são de responsabilidade do Fisco. Uma vez gerada, a NFS-e não pode mais ser alterada, admitindo-se, unicamente por iniciativa do contribuinte, ser cancelada ou substituída, hipótese está em que deverá ser mantido o vínculo entre a nota substituída e a nova. A NFS-e deve conter a identificação dos serviços em conformidade com os itens da Lista de Serviços, anexa à Lei Complementar n°116, de 2003, acrescida daqueles que foram vetados e de um item "9999" para "outros serviços". É possível descrever vários serviços numa mesma NFS-e, desde que relacionados a um único item da Lista, de mesma alíquota e para o mesmo tomador de serviço. Quando a legislação do município assim exigir, no caso da atividade de construção civil, as NFS-e deverão ser emitidas por obra. A identificação do prestador de serviços será feita pelo CNPJ, que pode ser conjugado com a Inscrição Municipal, não sendo de uso obrigatório. A informação do CNPJ do tomador do serviço é obrigatória para pessoa jurídica, exceto quando se tratar de tomador do exterior. A competência de uma NFS-e é o mês da ocorrência do fato gerador. O sistema assumirá automaticamente o Mês/Ano da emissão do RPS ou da NFS-e, o que for inferior, podendo ainda o contribuinte informar uma competência anterior. A base de cálculo da NFS-e é o Valor Total de Serviços, subtraído do Valor de Deduções previstas em lei. O Valor do ISS é definido de acordo com a Natureza da Operação, a Opção pelo Simples Nacional, o Regime Especial de Tributação e o ISS Retido, e será sempre calculado, exceto nos seguintes casos: • A Natureza da Operação for Tributação no Município; Exigibilidade suspensa por decisão judicial ou Exigibilidade suspensa por procedimento administrativo e o Regime Especial de Tributação for Microempresa Municipal; Estimativa ou Sociedade de profissionais. • A Natureza da Operação for Tributação fora do Município, nesse caso os campos Alíquota de Serviço e Valor do ISS ficarão abertos para o prestador indicar os valores. • A Natureza da Operação for Imune ou Isenta, nesses casos o ISS será calculado com alíquota zero. • O contribuinte for optante pelo Simples Nacional e não tiver o ISS retido na fonte. , 79 A alíquota do ISS é definida pela legislação municipal. Quando a NFS-e é tributada fora do município em que está sendo emitida, a alíquota será informada pelo contribuinte. (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, s. d., s.p.). 4.1.4 - CT-e – Conhecimento Transporte eletrônico Podemos conceituar o CT-e como um documento de existência exclusivamente digital, emitido e armazenado eletronicamente, com o intuito de documentar uma prestação de serviços de transportes, cuja validade jurídica é garantida pela assinatura digital do emitente e a Autorização de Uso fornecida pela administração tributária do domicílio do contribuinte. (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, s.d., s.p.). 4.2 F-Cont, SPED Contábil, SPED Fiscal, e-LALUR 4.2.1 FCONT Lei 11941/09 criação do RTT – neutralidade fiscal Conforme disciplina a Instrução Normativa RFB nº 949/09, o FCONT é uma escrituração, das contas patrimoniais e de resultado, em partidas dobradas, que considera os métodos e critérios contábeis vigentes em 31.12.2007. Em termos práticos, no Programa Validador e Assinador da entrada de dados do FCONT devem ser informados os lançamentos que: • Efetuados na escrituração comercial, não devam ser considerados para fins de apuração do resultado com base na legislação vigente em 31.12.2007. Ou seja, os lançamentos que existem na escrituração comercial, mas que devem ser expurgados para remover os reflexos das alterações introduzidas pela Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, e pelos arts. 37 e 38 da Lei nº 11.941, de 2009, que modifiquem o critério de reconhecimento de receitas, custos e despesas computadas na escrituração contábil, para apuração do lucro líquido do exercício definido no art. 191 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976; • Não efetuados na escrituração comercial, mas que devam ser incluídos para fins de apuração do resultado com base na legislação vigente em 31.12.2007. (SOFTSERV apud MINISTÉRIO DA ECONOMIA, s.d., s.p.). 4.2.2 - SPED Contábil – IN 1420/13 A Escrituração Contábil Digital (ECD) é parte integrante do projeto SPED e tem por objetivo a substituição da escrituração em papel pela escrituração transmitida via arquivo, ou seja, corresponde à obrigação de transmitir, em versão digital, os seguintes livros: , 80 I - livro Diário e seus auxiliares, se houver; II - livro Razão e seus auxiliares, se houver; III - livro Balancetes Diários, Balanços e fichas de lançamento comprobatórias dos assentamentos neles transcritos. (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, s.d., s.p.). 4.2.3 EFD SPED Fiscal [A Escrituração Fiscal Digital – EFD] é um arquivo digital, que se constitui de um conjunto de escriturações de documentos fiscais e de outras informações de interesse dos fiscos das unidades federadas e da Secretaria da Receita Federal do Brasil, bem como de registros de apuração de impostos referentes às operações e prestações praticadas pelo contribuinte. (VIANNA, 2009, s.p.). Este arquivo deverá ser assinado digitalmente e transmitido, via Internet, ao ambiente SPED. A ECF Escrituração Contábil Fiscal, deverá ser apresentada de forma centralizada pela matriz, a partir do ano calendário de 2014, por todas as pessoas jurídicas: Lucro Real, Lucro Presumido, Lucro Arbitrado e Imunes e Isentas – entidades sem fins lucrativos. 4.2.4 eLALUR [Art. 2o O Decreto-Lei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977, passa a vigorar com as seguintes alterações:] “Art. 7o ............................................... § 6o A escrituração prevista neste artigo deverá ser entregue em meio digital ao Sistema Público de Escrituração Digital - SPED.” (NR) “Art. 8o ................................................... I - de apuração do lucro real, que será entregue em meio digital, e no qual: .............................................................................................. b) será transcrita a demonstração do lucro real e a apuração do Imposto sobre a Renda , 81 § 1o Completada a ocorrência de cada fato gerador do imposto, o contribuinte deverá elaborar o livro de que trata o inciso I do caput, de forma integrada às escriturações comercial e fiscal, que discriminará: b) os registros de ajuste do lucro líquido, com identificação das contas analíticas do plano de contas e indicação discriminada por lançamento correspondente na escrituração comercial, quandopresentes; d) a apuração do Imposto sobre a Renda devido, com a discriminação das deduções, quando aplicáveis; e e) demais informações econômico-fiscais da pessoa jurídica [...] § 4o Para fins do disposto na alínea “b” do § 1o, considera-se conta analítica aquela que registra em último nível os lançamentos contábeis. [...] “Art. 8º - A. O sujeito passivo que deixar de apresentar o livro de que trata o inciso I do caput do art. 8o, nos prazos fixados no ato normativo a que se refere o seu § 3o, ou que o apresentar com inexatidões, incorreções ou omissões, fica sujeito às seguintes multas: I - equivalente a 0,25% (vinte e cinco centésimos por cento), por mês- calendário ou fração, do lucro líquido antes do Imposto de Renda da pessoa jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, no período a que se refere a apuração, limitada a 10% (dez por cento) relativamente às pessoas jurídicas que deixarem de apresentar ou apresentarem em atraso o livro; e II - 3% (três por cento), não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor omitido, inexato ou incorreto. § 1o A multa de que trata o inciso I do caput será limitada em: I - R$ 100.000,00 (cem mil reais) para as pessoas jurídicas que no ano-calendário anterior tiverem auferido receita bruta total, igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais); II - R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais) para as pessoas jurídicas que não se enquadrarem na hipótese de que trata o inciso I deste parágrafo. § 2o A multa de que trata o inciso I do caput será reduzida: I - em 90% (noventa por cento), quando o livro for apresentado em até 30 (trinta) dias após o prazo; II - em 75% (setenta e cinco por cento), quando o livro for apresentado em até 60 (sessenta) dias após o prazo; III - à metade, quando o livro for apresentado depois do prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; e IV - em 25% (vinte e cinco por cento), se houver a apresentação do livro no prazo fixado em intimação. (BRASIL, 1977, s.p.). , 82 Além das demais premissas do Sped, vejamos as do e-Lalur: • Rastreabilidade das informações: a rastreabilidade diz respeito a manter os registros das movimentações que resultem em alterações de saldos que irão compor as demonstrações contábeis baseadas no plano de contas referencial. • coerência aritmética dos saldos da parte B: A coerência aritmética dos saldos da parte B é a garantia de que eles estarão matematicamente corretos. Para isso, uma das etapas será a conferência com os saldos do período anterior de e-Lalur já transmitido. A cada conferência de saldo, o sistema obterá, também, um extrato (semelhante a um razão) completo de cada conta controlada na parte B. A partir de tais elementos o PGE fará um "rascunho" da Demonstração do Lucro Real, da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e dos valores apurados para o IRPJ e a CSLL. Caso o contribuinte concorde com os valores apresentados, basta assinar o livro e transmiti-lo pela internet. (REZENDE, 2012 apud MINISTÉRIO DA ECONOMIA, s.d., s.p.). 4.3 EFD-Contribuições, EFD-REINF, DCTF WEB 4.3.1 EFD-Contribuições O EFD-Contribuições [é um] arquivo digital instituído no Sistema Público de Escrituração Digital – SPED, a ser utilizado pelas pessoas jurídicas de direito privado na escrituração da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, nos regimes de apuração não-cumulativo e/ou cumulativo, com base no conjunto de documentos e operações representativos das receitas auferidas, bem como dos custos, despesas, encargos e aquisições geradores de créditos da não cumulatividade. (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, s.d., s.p.). 4.3.2 - EFD-Reinf A Escrituração Fiscal Digital de Retenções e Outras Informações Fiscais EFD- Reinf é um dos módulos do Sistema Público de Escrituração Digital – SPED, a ser utilizado pelas pessoas jurídicas e físicas, em complemento ao Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas – eSocial. Tem por objeto a escrituração de rendimentos pagos e retenções de Imposto de Renda, Contribuição Social do contribuinte exceto aquelas relacionadas ao trabalho e informações sobre a receita bruta para a apuração das contribuições previdenciárias substituídas. Substituirá, portanto, o módulo da EFD-Contribuições que apura a Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB). , 83 A EFD-Reinf, junto ao eSocial, após o início de sua obrigatoriedade, abre espaço para substituição de informações solicitadas em outras obrigações acessórias, tais como a GFIP, a DIRF e também obrigações acessórias instituídas por outros órgãos de governo como a RAIS e o CAGED. Esta escrituração está modularizada por eventos de informações, contemplando a possibilidade de múltiplas transmissões em períodos distintos, de acordo com a obrigatoriedade legal. Dentre as informações prestadas através da EFD-Reinf, destacam-se aquelas associadas: • Aos serviços tomados/prestados mediante cessão de mão de obra ou empreitada, referente retenção de contribuição social previdenciária – Lei 9711/98; • Às retenções na fonte (IR, CSLL, COFINS, PIS/PASEP) incidentes sobre os pagamentos diversos efetuados a pessoas físicas e jurídicas (a ser implementado, referente à série 4000) (ou, talvez, retirar esse item, enquanto não houver sua implementação); • aos recursos recebidos por/repassados para associação desportiva que mantenha equipe de futebol profissional, referente a contribuição social previdenciária; • à comercialização da produção e à apuração da contribuição previdenciária substituída pelas agroindústrias e demais produtores rurais pessoa jurídica; • às empresas que se sujeitam à CPRB (cf. Lei 12.546/2011); • às entidades promotoras de evento que envolva associação desportiva que mantenha clube de futebol profissional, referente a contribuição social previdenciária. (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, s.p., s.d.). 4.3.3 - DCTF WEB A Instrução Normativa RFB nº 1787, de 07 de fevereiro 2018 – Dispõe sobre a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais Previdenciários e de Outras Entidades e Fundos (DCTFWeb). O que é DCTFWEB DCTFWeb é a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais Previdenciários e de Outras Entidades e Fundos. Trata-se da obrigação tributária acessória por meio da qual o contribuinte confessa débitos de contribuições previdenciárias e de contribuições destinadas a terceiros. DCTFWeb é também o nome dado ao sistema utilizado para editar a declaração, transmiti-la e gerar o documento de arrecadação. A nova declaração e seu sistema substituem a GFIP e o SEFIP. Essa substituição se dá em conjunto com as escriturações digitais mencionadas , 84 no parágrafo a seguir (eSocial e EFD-Reinf). Da mesma forma como ocorria com a GFIP, as informações prestadas na DCTFWeb têm caráter declaratório, ou seja, constituem confissão de dívida. É, portanto, instrumento hábil e suficiente para a exigência das contribuições não recolhidas. A DCTFWeb é gerada a partir das informações prestadas no eSocial e na EFD-Reinf, escriturações digitais integrantes do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED). Transmitidas as apurações, o sistema DCTFWeb recebe, automaticamente, os respectivos débitos e créditos, realiza vinculações, calcula o saldo a pagar e, após o envio da declaração, possibilita a emissão do documento de arrecadação A aplicação fica disponível no Atendimento Virtual (e-CAC) da Receita Federal, acessível pelo endereço idg.receita.fazenda.gov.br. O formato utilizado, plataforma web, permite uma maior integração com os sistemas da RFB, facilitando o preenchimento da declaração e diminuindo a ocorrência de erros. É possível, por exemplo, importar informações de compensações, parcelamentos, documentosde arrecadação pagos, entre outros. Além disso, não é necessário fazer o download e instalação de Programa Gerador de Declaração (PGD) ou Programa Validador e Assinador (PVA) na máquina do usuário. Basta acessar o portal na Internet e usufruir todas as funcionalidades da aplicação. Cabe destacar também que a interface gráfica amigável permite uma navegação intuitiva, facilitando o acesso às diversas ferramentas disponíveis. O sistema DCTFWeb foi desenvolvido de forma a modernizar o cumprimento das obrigações tributárias, diminuindo a ocorrência de erros e aumentando a segurança na prestação das informações. A nova sistemática de integração entre escrituração, declaração e emissão do documento de arrecadação representa um marco no relacionamento entre o contribuinte e a Administração Tributária, e tende a se estender a outros tributos federais. (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2018, p. 8). 4.4 eSocial eSocial simplificado Foram publicadas [...] as Portarias Conjuntas RFB/SEPRT nº 76 e 77, que criam um novo leiaute simplificado para a escrituração de obrigações trabalhistas, previdenciárias e fiscais que substituirá o eSocial atual. O desenvolvimento do eSocial Simplificado estava previsto na Lei nº 13.874/19 e entrará em operação a partir do ano que vem, dando prazo para as empresas se adaptarem às mudanças. A criação do novo sistema contou com a participação de empresas e entidades representativas de diversas categorias profissionais envolvidas no trabalho de simplificação da plataforma, entre eles as Confederações patronais, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), o Sebrae, a Federação Nacional das Empresas de Serviços , 85 Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon). O novo sistema segue as seguintes premissas: • Foco na desburocratização: substituição das obrigações acessórias; • Não solicitação de dados já conhecidos; • Eliminação de pontos de complexidade; • Modernização e simplificação do sistema; • Integridade e continuidade da informação; • Respeito pelo investimento feito por empresas e profissionais. O QUE MUDA: O eSocial Simplificado traz as seguintes novidades para os usuários: • Redução do número de eventos; • Expressiva redução do número de campos do leiaute, inclusive pela exclusão de informações cadastrais ou constantes em outras bases de dados (ex.: FAP); • Ampla flexibilização das regras de impedimento para o recebimento de informações (ex.: alteração das regras de fechamento da folha de pagamento - pendências geram alertas e não erros); • Facilitação na prestação de informações destinadas ao cumprimento de obrigações fiscais, previdenciárias e depósitos de FGTS; • Utilização de CPF como identificação única do trabalhador (exclusão dos campos onde era exigido o NIS); • Simplificação na forma de declaração de remunerações e pagamentos. O eSocial Simplificado substituirá diversas obrigações acessórias hoje existentes, e sua integração com outros sistemas permitirá ampliar o ritmo de substituições. Dentre as obrigações já substituídas, temos o CAGED, a anotação da Carteira de Trabalho (que passou a ser 100% digital para as empresas), Livro de Registro de Empregados, além da RAIS para empresas que já prestam informações de folha de pagamento. E muitas outras serão substituídas em breve: CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), CD – Comunicação de Dispensa; PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário; DCTF – Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais; MANAD – Manual Normativo de Arquivos Digitais; Folha de pagamento; GRF – Guia de Recolhimento do FGTS. , 86 DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA Com o lançamento do novo sistema de escrituração, foi disponibilizado para os desenvolvedores de software o novo leiaute do eSocial Simplificado versão S-1.0 RC (Release Candidate). [...]. (BRASIL, 2020, s.p.). CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO O uso do sistema é obrigatório desde 08 de janeiro de 2018 – conforme etapas detalhadas abaixo – e as informações nele prestadas têm caráter declaratório, constituindo instrumento hábil e suficiente para a exigência dos tributos e encargos trabalhistas delas resultantes e que não tenham sido recolhidos no prazo consignado para pagamento. Confira abaixo as fases e o cronograma de implantação: 1ª Fase envio das informações constantes dos eventos das tabelas S- 1000 a S-1080 2ª Fase envio das informações constantes dos eventos não periódicos S-2190 a S-2399 (exceto os eventos de Segurança e Saúde do Trabalhador - SST) 3ª Fase envio das informações constantes dos eventos periódicos S- 1200 a S-1299 4ª Fase envio das informações constantes dos eventos S-2210, S- 2220 e S-2240 GRUPO 1 - Empresas com faturamento anual superior a R$ 78 milhões: 1ª Fase: 08/01/2018 – Apenas informações relativas às empresas, ou seja, cadastros do empregador e tabelas; 2ª Fase: 01/03/2018 – Nesta fase, empresas passam a ser obrigadas a enviar informações relativas a trabalhadores e seus vínculos com as empresas (eventos não periódicos), como admissões, afastamentos e desligamentos. 3ª Fase: 01/05/2018 – Torna-se obrigatório o envio das folhas de pagamento. Substituição da GFIP: Agosto/2018 – Substituição da GFIP para recolhimento de Contribuições Previdenciárias. (Data a definir) – Substituição da GFIP para recolhimento do FGTS (ver Resolução CCFGTS nº 926/2019). 4ª Fase: 08/06/2021 – Na última fase, deverão ser enviados os dados de segurança e saúde no trabalho (SST). , 87 GRUPO 2 – entidades empresariais com faturamento no ano de 2016 de até R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões) e que não sejam optantes pelo Simples Nacional: 1ª Fase: 16/07/2018 – Apenas informações relativas às empresas, ou seja, cadastros do empregador e tabelas. 2ª Fase: 10/10/2018 – Nesta fase, empresas passam a ser obrigadas a enviar informações relativas aos trabalhadores e seus vínculos com as empresas (eventos não periódicos), como admissões, afastamentos e desligamentos. 3ª Fase: 10/01/2019 – Torna-se obrigatório o envio das folhas de pagamento (de todo o mês de janeiro/2019). Substituição da GFIP: Abril/2019 - Substituição da GFIP para recolhimento de Contribuições Previdenciárias – empresas com faturamento superior a R$4,8 milhões. (Data a definir) – Substituição da GFIP para recolhimento de Contribuições Previdenciárias – Demais obrigados, exceto órgãos públicos e organismos internacionais bem como empresas constituídas após o ano- calendário 2017, independentemente do faturamento (ver Instrução Normativa RFB nº 1906, de 14 de agosto de 2019). (Data a definir) – Substituição da GFIP para recolhimento do FGTS (ver Resolução CCFGTS nº 926/2019) 4ª Fase: 08/09/2021 – Na última fase, deverão ser enviados os dados de segurança e saúde no trabalho (SST) GRUPO 3 – empregadores optantes pelo Simples Nacional, empregadores pessoa física (exceto doméstico), produtor rural PF e entidades sem fins lucrativos: 1ª Fase: 10/01/2019 – Apenas informações relativas às empresas e às pessoas físicas, ou seja, cadastros dos empregadores e tabelas. 2ª Fase: 10/04/2019 – Nesta fase, as empresas passam a ser obrigadas a enviar informações relativas aos trabalhadores e seus vínculos (eventos não periódicos), e as pessoas físicas quanto aos seus empregados. Exemplos: admissões, afastamentos e desligamentos. 3ª Fase: 01/05/2021 – Torna-se obrigatório o envio das folhas de pagamento. Substituição da GFIP: (Data a definir) – Substituição da GFIP para recolhimento de Contribuições Previdenciárias (Instrução Normativa específica, a ser publicada). (Data a definir) – Substituição da GFIP para recolhimento do FGTS (ver Resolução CCFGTSnº 926/2019). 4ª Fase: 10/01/2022 – Na última fase, deverão ser enviados os dados de segurança e saúde no trabalho (SST). , 88 GRUPO 4 - órgãos públicos e organizações internacionais: 1ª Fase: 08/07/2021 – Apenas informações relativas aos órgãos, ou seja, cadastros dos empregadores e tabelas. 2ª Fase: 08/11/2021 – Nesta fase, os entes passam a ser obrigados a enviar informações relativas aos servidores e seus vínculos com os órgãos (eventos não periódicos). Exemplos: admissões, afastamentos e desligamentos. 3ª Fase: 08/04/2022 – Torna-se obrigatório o envio das folhas de pagamento (de todo o mês de abril/2022). Substituição da GFIP: (Resolução específica a ser publicada) – Substituição da GFIP para recolhimento de Contribuições Previdenciárias. (Data a definir) – Substituição da GFIP para recolhimento do FGTS (ver Resolução CCFGTS nº 926/2019). 4ª Fase: 11/07/2022 - Na última fase, deverão ser enviados os dados de segurança e saúde no trabalho (SST). (BRASIL, 2020, s.p.). 4.5 PER/DCOMP Web Pessoas Físicas O PER/DCOMP Web é uma aplicação existente no Portal e-CAC que permite ao contribuinte realizar o pedido de restituição e a declaração de compensação do Pagamento Indevido ou a Maior em Darf, inclusive as quotas do IRPF. Pessoas Jurídicas A aplicação permite o pedido de restituição ou ressarcimento e a declaração de compensação de: • Pagamento Indevido ou a Maior em Darf; • Contribuição Previdenciária Indevida ou a Maior realizado em GPS; • Saldos negativos de IRPJ ou CSLL; • Retenção – Lei 9.711/98; • IRRF Cooperativas; • PIS ou Cofins não cumulativo. [Observação]: No caso de um pedido de ressarcimento, o contribuinte poderá selecionar entre os créditos de PIS ou Cofins a partir do Período de Apuração 2014. , 89 Ressarcimento de IPI [Observação]: Ainda não é possível o detalhamento do crédito de Ressarcimento de IPI. Neste caso, o contribuinte deve utilizar primeiro o Programa PER/DCOMP e, após, poderá preencher o PER/DCOMP Web para fazer compensação, informando que o crédito foi detalhado em PER/DCOMP anterior. Reintegra [Observação]: Ainda não é possível o detalhamento do crédito de Reintegra. Neste caso, o contribuinte deve utilizar primeiro o Programa PER/DCOMP e, após, poderá preencher o PER/DCOMP Web para fazer compensação, informando que o crédito foi detalhado em PER/DCOMP anterior. Contribuintes do eSocial Os contribuintes do eSocial, que estão obrigados a entregar a DCTF Web, também poderão por meio do PER/DCOMP Web: Compensar débitos previdenciários oriundos da DCTF Web, sendo que os saldos a pagar dos débitos apurados serão importados automaticamente da DCTF Web para o PER/DCOMP Web, limitando a compensação a esses valores; Fazer pedido de restituição ou declaração de compensação informando crédito de pagamento indevido ou a maior de eSocial, ou seja, pagamento do Darf gerado pela DCTF Web em duplicidade ou que se tornou indevido em razão de retificação da DCTF Web; Realizar a compensação cruzada, ou seja, compensar débitos fazendários com créditos previdenciários e vice-versa, desde que tanto o crédito quanto o débito sejam apurados a partir de agosto de 2018. Vantagens do PER/DCOMP Web Dentre as melhorias do serviço, destacam-se: 1) Interface gráfica amigável; 2) Recuperação automática de informações constantes na base de dados da Secretaria da Receita Federal do Brasil; 3) Consulta aos rascunhos e aos documentos transmitidos em qualquer computador com acesso à internet; 4) Impressão em PDF da segunda via do PER/DCOMP e do recibo de transmissão; 5) Facilidade na retificação e no cancelamento a partir da consulta dos documentos transmitidos; 6) Dispensa da instalação e da atualização das tabelas do programa no computador do usuário. , 90 Atenção! O serviço está disponível no Portal e-CAC e o acesso para a PJ será exclusivamente por meio de certificado digital. A pessoa física poderá acessar o PER/DCOMP Web, alternativamente, com utilização de código de acesso. O PER/DCOMP Web também pode ser realizado pelo procurador do contribuinte que possuir procuração eletrônica. Para outros tipos de documentos não descritos nesta página, faça o download do Programa PER/DCOMP. (BRASIL, s.d., s.p.). Conclusão Caro(a) aluno(a), Neste bloco você estudou sobre as obrigações acessórias, relativas ao SPED – Sistema Público de Escrituração Digital e as suas vertentes como Nota Fiscal Eletrônica, as ECDs – Escrituração Contábil Digital, Escrituração Fiscal e o eLALUR (Livro de Apuração do Lucro Real) e o eLACS (Livro de Apuração da Contribuição Social), também a EFD-Reinf (Escrituração Fiscal Digital de Retenções), a EFD – Contribuições sobre PIS e COFINS de apuração não cumulativa e também o eSocial, que vinculou todas as atividades laborais em um único sistema. REFERÊNCIAS BRASIL. Cronograma de Implantação. Portal do Governo, s/d. Disponível em: https://bit.ly/30C2Cd0. Acesso em: 12 mar. 2021. BRASIL. Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007. Institui o Sistema Público de Escrituração Digital - Sped. Diário Oficial da União, Brasília, 22 jan. 2007. Disponível em: https://bit.ly/38zWLJQ. Acesso em: 12 mar. 2021. BRASIL. Decreto nº 9.580, de 22 de novembro de 2018. Regulamenta a tributação, a fiscalização, a arrecadação e a administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Diário Oficial da União, Brasília, 23 nov. 2018. Disponível em: https://bit.ly/3bIxNcY. Acesso em: 12 mar. 2021. , 91 BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União, Brasília, 28 dez. 2007. Disponível em: https://bit.ly/3coP3TP. Acesso em: 12 mar. 2021. BRASIL. Lei Nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Diário Oficial da União, Brasília, 2019. Disponível em: https://bit.ly/38A0zur. Acesso em: 12 mar. 2021. BRASIL. Lei nº 12.973, de 13 de maio de 2014. Diário Oficial da União, Brasília, 14 maio 2014. Disponível em: https://bit.ly/30D73o1. Acesso em: 12 mar. 2021. BRASIL. Governo anuncia novo eSocial Simplificado. Portal do Governo, 23 out. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3cnQXnP. Acesso em: 12 mar. 2021. MINISTÉRIO DA ECONOMIA. RECEITA FEDERAL. Apresentação. SPED – Sistema Público de Escrituração Digital. Disponível em: http://sped.rfb.gov.br/pagina/show/964. Acesso em: 12 mar. 2021. MINISTÉRIO DA ECONOMIA. RECEITA FEDERAL. CT-e. SPED – Sistema Público de Escrituração Digital. Disponível em: http://sped.rfb.gov.br/pagina/show/1126. Acesso em: 12 mar. 2021. MINISTÉRIO DA ECONOMIA. RECEITA FEDERAL. ECF. SPED – Sistema Público de Escrituração Digital. Disponível em: http://sped.rfb.gov.br/pagina/show/1285. Acesso em: 12 mar. 2021. MINISTÉRIO DA ECONOMIA. RECEITA FEDERAL. EFD Contribuições. SPED – Sistema Público de Escrituração Digital. Disponível em: http://sped.rfb.gov.br/pagina/show/284. Acesso em: 12 mar. 2021. MINISTÉRIO DA ECONOMIA. RECEITA FEDERAL. EFD-Reinf. SPED – Sistema Público de Escrituração digital. Disponível em: http://sped.rfb.gov.br/pagina/show/1494. Acesso em: 12 mar. 2021. MINISTÉRIO DA ECONOMIA. RECEITA FEDERAL. Instrução normativa RFB nº 1515, de 24 de novembro de 2014. Diário Oficial da União, Brasília, 26 nov. 2014. Disponível em: https://bit.ly/41oSX70. Acesso em: 12 mar. 2021. , 92 MINISTÉRIO DA ECONOMIA. RECEITA FEDERAL. Instrução normativa RFB nº 1700, de 14 de março de 2017. Diário Oficial da União, Brasília, 16 mar. 2017. Disponível em: https://bit.ly/3bHaMXX. Acesso em: 12 mar. 2021. MINISTÉRIO DA ECONOMIA. RECEITA FEDERAL. Manual de Orientação da DCTFWeb, 2018. Disponível em: http://bit.ly/3qH6Fzx. Acesso em: 12 mar. 2021. MINISTÉRIO DA ECONOMIA. RECEITA FEDERAL. NFS-e. SPED – Sistema Públicoum tipo de sócio (comanditário) sem responsabilidade ilimitada. • Sociedade Limitada: As Sociedades Limitadas representam mais de 90% das empresas brasileiras. Neste tipo de sociedade, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integração do capital social. O contrato social poderá prever a regência supletiva da Sociedade Limitada pelas normas da Sociedade Anônima, que tem lei própria: a Lei nº 6.404/76, atualizada pelas Leis nos 11.638/07 e 11.941/09, entre outras. O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a cada sócio. A Sociedade Limitada é administrada por uma ou mais pessoas designadas no contrato social ou em ato separado. Se o contrato permitir administradores não sócios, a designação deles dependerá de aprovação da unanimidade dos sócios, enquanto o capital não estiver integralizado, e de dois terços, no mínimo, após a integralização. O administrador designado em ato separado investir-se-á no cargo mediante termo de posse no livro de atas da administração. O exercício do cargo de administrador cessa pela destituição, em qualquer tempo, do titular ou pelo término do prazo, se, conforme fixado no contrato ou em ato separado, não houver recondução. , 9 Ao término de cada exercício social, proceder-se-á à elaboração do inventário, do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Sem prejuízo dos poderes da assembleia dos sócios, pode o contrato instituir o Conselho Fiscal, composto de três ou mais membros e respectivos suplentes, sócios ou não, residentes no país, eleitos na assembleia anual. Observe a seguir, caro(a) aluno(a), o que depende da deliberação dos sócios, além de outras matérias indicadas na lei ou no contrato: ▪ a aprovação das contas da administração; ▪ a designação dos administradores, quando feita em ato separado; ▪ a destituição dos administradores; Atenção Diferentemente do que disciplinava o Decreto nº 3.708/19, o novo Código Civil Brasileiro (Lei nº 10.406/02) permite expressamente, em seu artigo 1.060, parágrafo único, que a administração da Sociedade Limitada seja exercida por pessoas estranhas ao seu quadro social, desde que haja a expressa aprovação unânime dos sócios e permissão contratual, se o capital social não estiver totalmente integralizado, e aprovação de dois terços após a referida integralização do capital social. Se o capital social não estiver totalmente integralizado, haverá necessidade de aprovação por unanimidade, pois, não sendo o capital totalmente integralizado, aquele sócio que ainda não integralizou totalmente as cotas por ele subscritas responde com o seu patrimônio pessoal (até o limite do valor subscrito); assim, devem todos deliberar quando da escolha de novo gerente, para que, no caso de eventual insolvência da Sociedade Empresária, não possa nenhum sócio alegar que não participou da escolha do referido gerente e que, portanto, não tem responsabilidade sobre eventuais atos por este praticado, os quais possam ter levado à insolvência da Sociedade Empresária. , 10 ▪ o modo de sua remuneração, quando não estabelecido no contrato; ▪ a modificação do contrato social; ▪ a incorporação, a fusão e a dissolução da sociedade ou a cessação do estado de liquidação; ▪ a nomeação e a destituição dos liquidantes e o julgamento de suas contas; ▪ o pedido de concordata. As deliberações dos sócios serão tomadas em reunião ou em assembleia, conforme previsto no contrato social, devendo ser convocadas pelos administradores nos casos previstos em lei ou no contrato. A deliberação em assembleia será obrigatória se o número dos sócios for superior a dez. • Sociedade anônima: As Sociedades Anônimas, também denominadas companhias, têm o capital social dividido em ações e a responsabilidade dos acionistas (proprietários das ações) é limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. A Sociedade Anônima rege-se por lei especial, sendo aplicada, nos casos omissos, as disposições do Código Civil. A Sociedade Anônima é sempre uma Sociedade Empresária (antiga Sociedade Comercial) e é designada por denominações, acompanhadas da expressão companhia ou sociedade anônima, expressa por extenso ou abreviadamente, sendo vedada a utilização da primeira ao final. Poderá figurar na designação o nome do fundador, acionista ou pessoa que, por qualquer modo, tenha concorrido para o êxito da empresa. A companhia pode ter por objetivo participar de outras sociedades, ainda que tal participação não seja prevista no estatuto. A participação é facultada como meio de realizar o objeto social ou para beneficiar-se de incentivos fiscais. , 11 Atenção No direito brasileiro, existem duas formas de constituição da Sociedade Anônima. São elas: • Por subscrição pública (grupo fundador subscreve parcela do capital, colocando à venda, ao público em geral, outra parcela das ações): é submetida à apreciação da CVM, com o objetivo de proteger a economia popular. A CVM não concede o registro de emissão para a constituição de companhia por inviabilidade ou temeridade do empreendimento ou, ainda, por inidoneidade dos fundadores. A subscrição somente pode ser efetuada com a intermediação de instituição financeira, através de um underwriter; • Por subscrição particular (o grupo fundador fica com a totalidade do capital): é a forma que predomina quando a subscrição particular do capital pode fazer-se por deliberação dos subscritos em Assembleia Geral (reunião dos subscritores) ou por escritura pública (assinatura de todos os subscritores), considerando-se fundadores todos os subscritores. A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos preliminares (após o estabelecimento do estatuto – regras que regem as Sociedades por Ações): • subscrição, pelo menos por duas pessoas, de todas as ações em que se divide o capital social fixado no estatuto; • realização, como entrada, de 10%, no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas, em dinheiro; • depósito, no Banco do Brasil ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), da parte do capital realizada em dinheiro. , 12 As Sociedades Anônimas são divididas em companhia aberta, companhia fechada, sociedade de capital autorizado e sociedade de economia mista. Na companhia aberta, a captação de recursos é realizada junto ao público. Os valores mobiliários (ações ou debêntures) são admitidos à negociação em bolsas ou no mercado de balcão. As negociações dos valores mobiliários podem ser realizadas em pregão (proclamação pública com corretores etc.) ou em mercado de balcão (mercado primário, a primeira venda de um valor mobiliário sem pregão). Além dos incentivos fiscais concedidos aos acionistas e à própria empresa, a Sociedade Anônima de capital aberto (Cia. Aberta) possui grande vantagem quanto à captação de recursos junto ao público, recursos esses que, muitas vezes, são “mais baratos” em relação ao mercado financeiro (crédito), não havendo obrigação líquida e certa do reembolso. A companhia fechada é a companhia que não recorre à poupança pública e obtém recursos entre os próprios acionistas para a formação de seu capital próprio. Sua ação não é cotada em bolsa. É a sociedade tradicional, restrita a pequenos grupos. A sociedade de capital autorizado é a que contém, no estatuto, disposição que autoriza o aumento de capital até certo teto (capital autorizado), sem a necessidade de anuência da Assembleia Geral nem de reforma estatutária. Portanto, a sociedade com capital autorizado realiza, gradativamente, com a emissão de ações, o aumento do capital subscrito, até atingir o montante da autorização.de Escrituração digital. Disponível em: http://sped.rfb.gov.br/pagina/show/488. Acesso em: 12 mar. 2021. MINISTÉRIO DA ECONOMIA. RECEITA FEDERAL. PER/DCOMP Web. Disponível em: http://bit.ly/3esTn7k. Acesso em: 12 mar. 2021. MINISTÉRIO DA ECONOMIA. RECEITA FEDERAL. Sobre a NF-e. Nota Fiscal Eletrônica. Disponível em: http://bit.ly/38z6G2g. Acesso em: 12 mar. 2021. REZENDE, R. E-LALUR. Ricardo Rezende Consultor Contábil e Tributário Ltda, 15 ago. 2012. Disponível em: http://bit.ly/30B2wCH. Acesso em: 12 mar. 2021. SOFTSERV. SPED – FCONT. Softserv Sistemas, 2011. Disponível em: https://softserv.com.br/contabil-v7-1-324/. Acesso em: 12 mar. 2021. VIANNA, G. Sistema Público de Escrituração Digital (SPED). Jus.com.br, 27 fev. 2009. Disponível em: http://bit.ly/3rCYntL. Acesso em: 12 mar. 2021. , 93 5 REGIME DE TRIBUTAÇÃO – LUCRO TRIBUTÁVEL Apresentação Caro(a) aluno(a), Neste capítulo vamos conhecer, calcular e contabilizar as formas de tributação que são reconhecidas junto aos regimes de tributação vinculados ao lucro tributável: o Lucro Real, Presumido e Arbitrado, lembrando que o lucro real é a forma de apuração que trabalha especificamente a apuração do lucro, considerando as receitas não tributáveis e as despesas não dedutíveis. Já o lucro presumido e o lucro arbitrado independem das receitas e despesas e incidem sobre o faturamento bruto, sobre os percentuais de presunção estabelecidos pela Receita Federal e, sobre os percentuais presumidos, incide 20% para apuração do lucro arbitrado. 5.1 LUCRO REAL – Contabilização LUCRO REAL – No encerramento do exercício – Contabilização. Apuração: Lucro Líquido. (+) Adições (Despesas não dedutíveis) (-) Exclusões (Receitas não tributáveis) (=) Lucro Real antes da compensação de prejuízos (-) Compensação de prejuízos (limitada a 30% do Lucro) (=) Lucro Real (x) Alíquota de 15% + adicional de 10% (=) IRPJ (x) Alíquota de 9% (=) CSLL , 94 D – Provisão Imposto de Renda (RD) D – Provisão CSLL (RD) C – IRPJ a Recolher (PC) C – CSLL a Recolher (PC) Se a empresa optou por Lucro Real anual, fará o pagamento por estimativa mensal (presumido); quando isso ocorrer, a empresa deve contabilizar da seguinte forma: No mês da estimativa: D – IRPJ antecipado por Estimativa (AC) D – CSLL antecipado por Estimativa (AC) C – Disponibilidades (AC) C – Disponibilidades (AC) No encerramento do exercício: D – IRPJ a Recolher (PC) D – CSLL a Recolher (PC) C – IRPJ antecipado por Estimativa (AC) C – CSLL antecipado por Estimativa (AC) O que se entende por “lucro real” e “lucro tributável”? Para fins da legislação do imposto de renda, a expressão “lucro real” significa o próprio lucro tributável, e distingue-se do lucro líquido apurado contabilmente. De acordo com o art. 258 do RIR/2018, lucro real é o lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação fiscal. A determinação do lucro real será precedida da apuração do lucro líquido de cada período de apuração com observância das leis comerciais. Normativo: RIR/2018, art. 258. (BRASIL, 2019, p.1). , 95 5.2 Lucro real – Como se determina Como se determina o lucro real? O lucro real será determinado a partir do lucro líquido do período de apuração, obtido na escrituração comercial (antes da provisão para o imposto de renda) e demonstrado no Lalur, observando-se que: 1) serão adicionados ao lucro líquido: a) os custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer outros valores deduzidos na apuração do lucro líquido que, de acordo com a legislação tributária, não sejam dedutíveis na determinação do lucro real (exemplos: resultados negativos de equivalência patrimonial; custos e despesas não dedutíveis); b) os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores não incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com a legislação tributária, devam ser computados na determinação do lucro real (exemplos: ajustes decorrentes da aplicação dos métodos dos preços de transferência; lucros auferidos por controladas e coligadas domiciliadas no exterior); 2) poderão ser excluídos do lucro líquido: a) os valores cuja dedução seja autorizada pela legislação tributária e que não tenham sido computados na apuração do lucro líquido do período de apuração (exemplo: depreciação acelerada incentivada); b) os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com a legislação tributária, não sejam computados na determinação do lucro real (exemplos: resultados positivos de equivalência patrimonial; dividendos); 3) poderão ser compensados, total ou parcialmente, à opção do contribuinte, os prejuízos fiscais de períodos de apuração anteriores, desde que observado o limite máximo de trinta por cento do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação tributária. O prejuízo compensável é o apurado na demonstração do lucro real de períodos anteriores e registrado no Lalur (Parte B). Notas: O montante positivo do lucro real, base para compensação de prejuízos fiscais de períodos de apuração anteriores, poderá ser determinado, também, a partir de prejuízo líquido do próprio período de apuração, constante da escrituração comercial. Normativo: Lei nº 8.981, de 1995, art. 42; e RIR/2018, arts. 260 e 261. (BRASIL, 2019, p. 2-3). , 96 5.3 Lucro real – Lalur O que vem a ser o Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur)? O Livro de Apuração do Lucro Real, também conhecido pela sigla Lalur, é um livro de escrituração de natureza eminentemente fiscal, criado pelo art. 8º, inciso I do Decreto Lei nº 1.598, de 1977, conforme previsão do § 2º do art. 177 da Lei nº 6.404, de 1976, e alterações posteriores, e destinado à apuração extracontábil do lucro real sujeito à tributação pelo imposto de renda em cada período de apuração, à apuração do Imposto sobre a Renda devido, com a discriminação das deduções, quando aplicáveis, e demais informações econômico-fiscais da pessoa jurídica, contendo, ainda, elementos que poderão afetar os resultados de períodos futuros e que não constem na escrituração comercial. No Lalur, o qual será entregue em meio digital, a pessoa jurídica deverá: a) lançar os ajustes do lucro líquido, de adição, exclusão e compensação nos termos estabelecidos nos arts. 260 e 261 do RIR/2018; b) transcrever a demonstração do lucro real, de que trata o art. 287 do RIR/2018, e a apuração do imposto sobre a renda; c) manter os registros de controle de prejuízos fiscais a compensar em períodos de apuração subsequentes, da depreciação acelerada incentivada, e dos demais valores que devam influenciar a determinação do lucro real de períodos de apuração futuros e não constem da escrituração comercial; e d) manter os registros de controle dos valores excedentes a serem utilizados no cálculo das deduções nos períodos de apuração subsequentes, dos dispêndios com programa de alimentação ao trabalhador e outros previstos no Regulamento do Imposto de Renda. O Lalur será elaborado de forma integrada às escriturações comercial e fiscal e será entregue em meio digital. A transcrição da apuração do imposto sobre a renda a que se refere o art. 287 do RIR/2018 será feita com a discriminação das deduções, quando aplicáveis. As demais informações econômico-fiscais da pessoa jurídica serão discriminadas no Lalur. Notas: 1) A companhia observará exclusivamente em livros ou registros auxiliares, sem qualquer modificação da escrituração mercantil e das demonstrações reguladas na Lei nº 6.404, de 1976, as disposições da lei tributária, ou de legislação especial sobre a atividade que constitui seu objeto, que prescrevam,conduzam ou incentivem a utilização de métodos ou critérios contábeis diferentes ou determinem registros, lançamentos ou ajustes ou a elaboração de outras demonstrações financeiras. 2) A partir do ano-calendário de 2014, todas as pessoas jurídicas, inclusive as equiparadas, deverão apresentar a Escrituração Contábil Fiscal (ECF) de forma centralizada pela matriz. , 97 3) Para os contribuintes que apuram o Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica pela sistemática do lucro real, a ECF é o Livro de Apuração do Lucro Real de que trata o inciso I do art. 8º, do Decreto Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977. Normativo: RIR/2018, art. 260,261,277; DL nº 1.598, de 1977, art. 8º; Lei nº 11.941, de 2009, arts. 37, 38 e 39; Instrução Normativa RFB nº 1.422, de 2013, art. 1º, § 3º; Instrução Normativa RFB nº 1.700, de 2017, art. 310, § 1º. (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2020, p. 1-2). 5.4 Lucro presumido O Lucro presumido é uma forma de tributação simplificada e opcional de determinação da base de cálculo do imposto de renda, somente utilizável pelas pessoas jurídicas que não estiverem obrigadas, no ano do calendário, à apuração do lucro real. É o imposto de renda devido trimestralmente na medida em que é auferido. Lucro presumido trimestralmente – Contabilização Apuração: Receita Bruta do trimestre. (x) Percentual de presunção (=) Lucro Presumido (x) Alíquota de 15% + adicional de 10% (=) IRPJ (x) Alíquota de 9% (=) CSLL D – Provisão Imposto de Renda (RD) D – Provisão CSLL (RD) C – IRPJ a Recolher (PC) C – CSLL a Recolher (PC) , 98 Qual é o período de apuração do lucro presumido? O imposto de renda com base no lucro presumido é determinado por períodos de apuração trimestrais, encerrados em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário. (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2020, p.2). Quais os percentuais aplicáveis de presunção de lucro sobre a receita bruta para compor a base de cálculo do Lucro Presumido? Os percentuais a serem aplicados sobre a receita bruta são os discriminados na tabela a seguir (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2020, p.14): Tabela 5.1 – Percentuais aplicáveis de presunção de lucro sobre a receita bruta , 99 Fonte: MINISTÉRIO DA ECONOMIA (2020, p. 15-16). Notas: 1) Para as pessoas jurídicas exclusivamente prestadoras de serviços em geral, mencionados nas alíneas “b”, “c”, “d”, “f”, “g” e “j” do inciso IV do § 1º do art. 33 IN RFB nº 1.700, de 2017, cuja receita bruta anual seja até R$120.000,00 (cento e vinte mil reais), poderão utilizar, na determinação da parcela da base de cálculo do imposto sobre a renda de que trata o § 1º deste mesmo artigo, o percentual de 16% (dezesseis por cento) (IN RFB nº 1.700, de 2017, art. 33, §7º). 2) A pessoa jurídica que houver utilizado o percentual reduzido mencionado na Nota 1, cuja receita bruta acumulada até determinado mês do ano-calendário exceder o limite de R$120.000,00 (cento e vinte mil) ficará sujeita ao pagamento da diferença do imposto postergado, apurada em relação a cada mês transcorrido, até o último dia útil do mês subsequente àquele em que ocorreu o excesso, sem acréscimos (RIR/2018, art. 592, §§ 5º e 6º e IN RFB nº 1.700, de 2017, art. 33, §§ 8º, 9º e 10). 3) O exercício de profissões legalmente regulamentadas, como as escolas, inclusive as creches, mesmo com receita bruta anual de até R$120.000,00 (cento e vinte mil reais), não podem aplicar o percentual de 16% (dezesseis por cento) sobre a receita bruta para fins de determinação do lucro presumido, devendo, portanto, aplicar o percentual de 32% (trinta e dois por cento) (ADN Cosit nº 22, de 2000). 4) O percentual de 8 % (oito por cento) também será aplicado sobre a receita financeira da pessoa jurídica que explore atividades imobiliárias relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para a revenda, quando decorrente da comercialização de imóveis e for apurada por meio de índices ou coeficientes previstos em , 100 contrato (Lei nº 9.249, de 1995, art. 15, § 4º, inserido pelo art. 34 da Lei nº 11.196, de 2005). 5) Para fins de aplicação do percentual de 8 % (oito por cento), entende-se como atendimento às normas da Anvisa , entre outras, a prestação de serviços em ambientes desenvolvidos de acordo com o item 3 - Dimensionamento, Quantificação e Instalações Prediais dos Ambientes da Parte II - Programação Físico-Funcional dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde da Resolução RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, cuja comprovação deve ser feita mediante alvará da vigilância sanitária estadual ou municipal. 6) O percentual de 8% (oito por cento) relativo aos serviços hospitalares e médicos listados na tabela acima não se aplica: a) à pessoa jurídica organizada sob a forma de sociedade simples; b) aos serviços prestados com utilização de ambientes de terceiros; e c) à pessoa jurídica prestadora de serviço médico ambulatorial com recursos para realização de exames complementares e serviços médicos prestados em residência, sejam eles coletivos ou particulares (home care). 7) A receita bruta auferida pela pessoa jurídica decorrente da prestação de serviços em geral, como limpeza e locação de mão de obra, ainda que sejam fornecidos os materiais, está sujeita à aplicação do percentual de 32% (trinta e dois por cento). Veja ainda: Percentuais aplicáveis à receita para obtenção da base de cálculo: Perguntas 012 e 013 do capítulo XIV (Lucro Arbitrado - receita conhecida); Pergunta 013 do capítulo XV (Lucro Real-Estimativa). Normativo: RIR/2018, art. 220; Lei nº 11.727, de 2008, arts. 29 e 41, VI; IN RFB nº 1.234, de 2012, art. 31, parágrafo único; e IN RFB nº 1.700, de 2017, arts. 33, 35, 36 e 38. (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2020, p. 16-18). Como deve ser exercida, pela pessoa jurídica, a opção pela tributação com base no lucro presumido? Via de regra, a opção é manifestada com o pagamento da primeira quota ou quota única do imposto devido correspondente ao primeiro período de apuração de cada ano-calendário, sendo considerada definitiva para todo o ano-calendário. As pessoas jurídicas que tenham iniciado suas atividades a partir do segundo trimestre do ano-calendário manifestarão a sua opção por meio do pagamento da primeira ou única quota do imposto devido relativa ao período de apuração do início de atividade. Não poderá optar pelo regime de tributação com base no lucro presumido as pessoas jurídicas resultantes de evento de incorporação ou fusão enquadradas nas disposições contidas no art. 59 da INRFB nº 1.700, de 2017, ainda que qualquer incorporada ou fusionada fizesse jus ao referido regime antes da ocorrência do evento, não se lhes aplicando o disposto no art. 4º da Lei nº 9.964, de 10 de abril de 2.000, salvo no caso em que a incorporadora estivesse submetida ao Programa de Recuperação Fiscal , 101 (Refis) antes do evento de incorporação. (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2020, p. 2). Quais as pessoas jurídicas que podem optar pelo ingresso no regime do lucro presumido? Podem optar as pessoas jurídicas: a) cuja receita total no ano-calendário anterior tenha sido igual ou inferior a R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais) ou a R$ 6.500.000,00 (seis milhões e quinhentos mil reais) multiplicado pelo número de meses em atividade no ano-calendário anterior, quando inferior a 12 (doze) meses. b) que não estejam obrigadas à tributação pelo lucro real em função da atividade exercida ou da sua constituição societária ou natureza jurídica. (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2020, p. 3). 5.5 Lucro arbitrado Lucro arbitrado trimestralmente – Contabilização Apuração: Receita Brutado trimestre (x) Percentual de Arbitramento (x) Alíquota de 15% + adicional de 10% (=) IRPJ (x) Alíquota de 9% (=) CSLL D – Provisão Imposto de Renda (RD) D – Provisão CSLL (RD) C – IRPJ a Recolher (PC) C – CSLL a Recolher (PC) O que é lucro arbitrado? É uma das formas de apuração da base de cálculo do imposto de renda, que deve ser utilizada se ocorrer alguma das hipóteses de arbitramento do lucro previstas na legislação tributária. , 102 É aplicável pela autoridade tributária quando a pessoa jurídica deixar de cumprir as obrigações acessórias relativas à determinação do lucro real ou presumido, por exemplo. O contribuinte poderá efetuar o pagamento do imposto de renda correspondente com base nas regras do lucro arbitrado, desde que ocorrida qualquer das hipóteses de arbitramento previstas na legislação fiscal e quando conhecida a receita bruta. (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2020, p. 1). Qual o conceito de receita bruta para fins do lucro arbitrado? Para cálculo do lucro arbitrado, a receita bruta é a soma do produto da venda de bens nas operações de conta própria, do preço da prestação de serviços em geral, do resultado auferido nas operações de conta alheia e das demais receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica, deduzindo-se deste total as devoluções e vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos. Na receita bruta não se incluem os tributos não cumulativos cobrados, destacadamente, do comprador ou contratante pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de mero depositário, e incluem-se os tributos sobre ela incidentes e os valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei nº 6.404, de 1976, das operações previstas no caput do artigo 26 da IN RFB nº 1.700, de 2017, observado o disposto no § 2º do mesmo artigo. (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2020, p. 12). A quem cabe a aplicação do arbitramento de lucro? Ocorrida qualquer das hipóteses previstas na legislação fiscal e que ensejam o arbitramento de lucro, o cálculo do lucro arbitrado e do consequente imposto devido poderá ser realizado: 1) pela autoridade fiscal; ou 2) pelo próprio contribuinte, quando conhecida a sua receita bruta. É importante notar que o cálculo e pagamento realizados pelo contribuinte não representa o exercício de um direito, mas o cumprimento de uma obrigação tributária, e pressupõe a ocorrência de uma das hipóteses que ensejam o arbitramento. (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2020, p. 2). , 103 Quais as hipóteses de arbitramento do lucro previstas na legislação tributária? O imposto de renda devido trimestralmente será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado quando: 1) o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal; 2) a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira (inclusive bancária) ou para determinar o lucro real; 3) o contribuinte, não obrigado à tributação com base no lucro real, deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, nos quais deverá estar escriturada toda a movimentação financeira, inclusive bancária; 4) o contribuinte optar indevidamente pela tributação com base no lucro presumido; 5) o comissário ou representante da pessoa jurídica estrangeira deixar de cumprir o disposto no § 1º do art. 76 da Lei nº 3.470, de 28 de novembro de 1958; 6) o contribuinte não mantiver, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, Livro Razão ou fichas utilizadas para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário; 7) o contribuinte não escriturar ou deixar de apresentar à autoridade tributária as informações necessárias para gerar o FCONT por meio do Programa Validador e Assinador da Entrada de Dados para o FCONT de que trata a Instrução Normativa RFB nº 967, de 15 de outubro de 2009, no caso de pessoas jurídicas sujeitas ao RTT; 8) o contribuinte não escriturar ou deixar de apresentar à autoridade tributária a ECF. Normativo: RIR/2018, art. 603 e IN RFB nº 1.700, de 2017, art. 226. (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2020, p. 4). Qual é o período de apuração do lucro arbitrado? O imposto de renda com base no lucro arbitrado é determinado por períodos de apuração trimestrais, encerrados em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário. (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2020, p. 5). , 104 Qual o critério a ser utilizado para apuração do lucro arbitrado? Quando conhecida a receita bruta, o lucro arbitrado será apurado mediante a aplicação de percentuais sobre esta, segundo a natureza da atividade econômica explorada. Quando desconhecida, o lucro será arbitrado com a utilização de coeficientes aplicados sobre valores (bases) expressamente fixados pela legislação fiscal. (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2020, p. 6). Como se obtém a base de cálculo para tributação das pessoas jurídicas pelo lucro arbitrado, quando conhecida a receita bruta? Quando conhecida a receita bruta, a base de cálculo do lucro arbitrado será o montante determinado pela soma das seguintes parcelas: 1) o valor resultante da aplicação dos percentuais informados na Pergunta 012 sobre a receita bruta definida na Pergunta 017, de cada atividade, auferida em cada período de apuração trimestral, deduzida das devoluções e vendas canceladas e dos descontos incondicionais concedidos; 2) os ganhos de capital, demais receitas e resultados positivos decorrentes de receitas não abrangidas pelo caput do art. 227 da IN RFB nº 1.700, de 2017, auferidos no mesmo período; 3) os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras de renda fixa e renda variável; 4) os juros sobre o capital próprio auferidos; 5) os valores recuperados, correspondentes a custos e despesas, inclusive com perdas no recebimento de créditos, salvo se a pessoa jurídica comprovar não os ter deduzido em período anterior no qual tenha se submetido ao regime de tributação com base no lucro real ou que se refiram a período no qual tenha se submetido ao regime de tributação com base no lucro presumido ou arbitrado; 6) o valor resultante da aplicação dos percentuais informados na pergunta 012 sobre a parcela das receitas auferidas em cada atividade, no respectivo período de apuração, nas exportações às pessoas vinculadas ou aos países com tributação favorecida que exceder ao valor já apropriado na escrituração da empresa, na forma prevista na IN RFB nº 1.312, de 2012; 7) a diferença de receita financeira calculada conforme disposto no Capítulo V e art. 58 da IN RFB nº 1.312, de 2012; e 8) as multas ou qualquer outra vantagem paga ou creditada por pessoa jurídica, ainda que a título de indenização, em virtude de rescisão de contrato, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 79 da IN RFB nº 1.700, de 2017. (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2020, p. 6). , 105 Quais percentuais devem ser aplicados sobre a receita bruta para a apuração do lucro arbitrado da pessoa jurídica? Os percentuais a serem aplicados sobre a receita bruta, quando conhecida, são os aplicáveis para o cálculo da estimativa mensal e do lucro presumido, acrescidos de 20%, e para as instituições financeiras, o percentual será de 45%, conforme tabela a seguir (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2020, p. 8): Tabela 5.2 – Percentuais que devem ser aplicados sobre a receita bruta para a apuração do lucro arbitrado da pessoa jurídica , 106Fonte: MINISTÉRIO DA ECONOMIA (2020, p. 9-10). Quais os coeficientes aplicáveis para a apuração do lucro arbitrado, quando não for conhecida a receita bruta? Quando não conhecida a receita bruta, o lucro arbitrado das pessoas jurídicas será determinado por meio de procedimento de ofício, com a seleção de uma base e da sua multiplicação pelo respectivo coeficiente, ambos previstos em lei, conforme a seguinte tabela (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2020, p. 14): , 107 Tabela 5.3 – Coeficientes aplicáveis para a apuração do lucro arbitrado quando não for conhecida a receita bruta Fonte: MINISTÉRIO DA ECONOMIA (2020, p. 15). Como será tributado o lucro distribuído ao titular, sócio ou acionista da pessoa jurídica que teve seu lucro arbitrado? Poderá ser distribuído a título de lucros, sem incidência do imposto de renda (dispensada, portanto, a retenção na fonte), ao titular, sócio ou acionista da pessoa jurídica, o valor correspondente ao lucro arbitrado, diminuído de todos os impostos e contribuições (inclusive adicional do IR, CSLL, Cofins, PIS/Pasep) a que estiver sujeita a pessoa jurídica. Acima desse valor citado no parágrafo anterior, a pessoa jurídica poderá distribuir, sem incidência do imposto de renda, até o limite do lucro contábil efetivo, desde que ela demonstre, via escrituração contábil feita de acordo com as leis comerciais, que esse lucro efetivo é maior que o lucro arbitrado. Todavia, se houver qualquer distribuição de valor a título de lucros, superior àquele apurado contabilmente, deverá ser imputada à conta de lucros acumulados ou de reservas de lucros de exercícios anteriores. Na distribuição incidirá o imposto de renda com base na legislação vigente nos , 108 respectivos períodos (correspondentes aos exercícios anteriores), com acréscimos legais. Entretanto, tal situação não abrange a distribuição de lucro arbitrado após o encerramento do trimestre correspondente. (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2020, p. 19). Conclusão Caro(a) aluno(a), Neste bloco vimos as formas de apuração do Lucro Tributável, Real, Presumido e Arbitrado. Calculamos os impostos e contribuições vinculados ao lucro, IRPJ e CSLL, e, por fim, vimos como contabilizar cada forma de tributação. REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto nº 9.580, de 22 de novembro de 2018. Regulamenta a tributação, a fiscalização, a arrecadação e a administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Diário Oficial da União, Brasília, 23 nov. 2018. Disponível em: https://bit.ly/3bIxNcY. Acesso em: 12 mar. 2021. MINISTÉRIO DA ECONOMIA. Capítulo VI - IRPJ - Lucro Real 2020. Brasília: Receita Federal, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3UttxmH. Acesso em: 12 abr. 2023. MINISTÉRIO DA ECONOMIA. Capítulo VII - Escrituração 2020. Brasília: Receita Federal, 2019. Disponível em: https://bit.ly/402d5uz. Acesso em: 12 abr. 2023. MINISTÉRIO DA ECONOMIA. Capítulo XIII - IRPJ - Lucro Presumido 2020. Brasília: Receita Federal, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3KUrq88. Acesso em: 12 abr. 2023. MINISTÉRIO DA ECONOMIA. Capítulo XIV - Lucro Arbitrado 2020. Brasília: Receita Federal, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3GG8MhL. Acesso em: 12 abr. 2023. , 109 6 SIMPLES NACIONAL Apresentação Caro(a) aluno(a), O Simples Nacional é uma forma de tributação simplificada, utilizável pelas pessoas jurídicas enquadradas como microempresas ou empresas de pequeno porte. É o imposto de renda, contribuição social, PIS, COFINS e INSS do empregador, devidos mensalmente e apurados sobre a receita bruta, de forma diferenciada, com benefício fiscal concedido pela Constituição Federal, artigo 170 “tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País” (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995). Através da Lei 9317/96, foi instituído o Simples Federal que introduziu tratamento diferenciado, simplificado e favorecido às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. A Lei Complementar 123/06, revogou a Lei 9317/96 e criou o Simples Nacional, instituindo o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Criou o CNSN – Comitê Nacional do Simples Nacional que acompanha continuamente a legislação do Simples Nacional, aprimorando e melhorando a legislação vigente. A LC 155/16 atualizou a LC 123/06, aprimorando o sistema de apuração e cálculo do imposto, atualizando as tabelas anexas da LC 123/06, estipulando a fórmula do RBT12 e do fator “r”, que estudaremos mais à frente. A criação do Investidor Anjo, pela LC 155/16, trouxe uma inovação na participação de investidores, vejamos abaixo o que diz a Lei: § 4º O investidor-anjo: I - não será considerado sócio nem terá qualquer direito a gerência ou voto na administração da empresa; , 110 II – não responderá por qualquer dívida da empresa, inclusive em recuperação judicial, não se aplicando a ele o art. 50 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil; III – será remunerado por seus aportes, nos termos do contrato de participação, pelo prazo máximo de cinco anos. § 5º Para fins de enquadramento da sociedade como microempresa ou empresa de pequeno porte, os valores de capital aportado não são considerados receitas da sociedade. § 6º Ao final de cada período, o investidor-anjo fará jus à remuneração correspondente aos resultados distribuídos, conforme contrato de participação, não superior a 50% (cinquenta por cento) dos lucros da sociedade enquadrada como microempresa ou empresa de pequeno porte. § 7º O investidor-anjo somente poderá exercer o direito de resgate depois de decorridos, no mínimo, dois anos do aporte de capital, ou prazo superior estabelecido no contrato de participação, e seus haveres serão pagos na forma do art. 1.031 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, não podendo ultrapassar o valor investido devidamente corrigido. § 8º O disposto no § 7º deste artigo não impede a transferência da titularidade do aporte para terceiros. § 9º A transferência da titularidade do aporte para terceiro alheio à sociedade dependerá do consentimento dos sócios, salvo estipulação contratual expressa em contrário. (BRASIL, 2016, s.p.). O valor devido mensalmente pelas ME e EPP optantes pelo Simples Nacional é determinado mediante o cálculo da alíquota efetiva, a partir da aplicação das tabelas dos Anexos da Lei Complementar nº 123, de 2006 e LC 155/16. Vamos explicar o cálculo passo a passo. 6.1 RBA Receita Bruta Acumulada – RBT12 – RBA 12 meses anteriores O sujeito passivo utilizará a receita bruta acumulada nos doze meses anteriores ao do período de apuração (RBT12). Não se confunde com a Receita Bruta Acumulada (RBA) de janeiro até o período de apuração, que serve para identificar se a empresa ultrapassou o limite máximo de receita bruta anual para ser uma EPP – e, consequentemente, permanecer no Simples Nacional. Por exemplo, considerando que o período de apuração , 111 (PA) é julho/2018, sua RBT12 é a soma da receita bruta de julho/2017 a junho/2018, enquanto sua RBA é a soma da receita bruta de jan/2018 a jul/2018. (VALOR, 2021, s.p.). Art. 18. O valor devido mensalmente pela microempresa ou empresa de pequeno porte optante pelo Simples Nacional será determinado mediante aplicação das alíquotas efetivas, calculadas a partir das alíquotas nominais constantes das tabelas dos Anexos I a V desta Lei Complementar, sobre a base de cálculo de que trata o § 3º deste artigo, observado o disposto no § 15 do art. 3º. § 1º Para efeito de determinação da alíquota nominal, o sujeito passivo utilizará a receita bruta acumulada nos doze meses anteriores ao do período de apuração . §...1º_A. A alíquotaefetiva é o resultado de: RBT12xAliq-PD, em que: RBT12. 1 - RBT12: receita bruta acumulada nos doze meses anteriores ao período de apuração; lI - Aliq: alíquota nominal constante dos Anexos I a V desta Lei Complementar ; IlI - PD: parcela a deduzir constante dos Anexos I a V desta Lei Complementar. § 1º-B. Os percentuais efetivos de cada tributo serão calculados a partir da alíquota efetiva, multiplicada pelo percentual de repartição constante dos Anexos I a V desta Lei Complementar, observando-se que: I - o percentual efetivo máximo destinado ao ISS será de 5% (cinco por cento), transferindo-se eventual diferença, de forma proporcional, aos tributos federais da mesma faixa de receita bruta anual; lI - eventual diferença centesimal entre o total dos percentuais e a alíquota efetiva será transferida para o tributo com maior percentual de repartição na respectiva faixa de receita bruta. § 1º-C. Na hipótese de transformação , extinção, fusão ou sucessão dos tributos referidos nos incisos IV e V do art. 13, serão mantidas as alíquotas nominais e efetivas previstas neste artigo e nos Anexos I a V desta Lei Complementar, e lei ordinária disporá sobre a repartição dos valores arrecadados para os tributos federais, sem alteração no total dos percentuais de repartição a eles devidos, e mantidos os percentuais de repartição destinados ao ICMS e ao ISS. §2.".. Em caso de início de atividade, os valores de receita bruta acumulada constantes dos Anexos I a V desta Lei Complementar devem ser proporcionalizados ao número de meses de atividade no período. §3º Sobre a receita bruta auferida no mês incidirá a alíquota efetiva determinada na forma do caput e dos §§ 1º , 1º-A e 2º deste artigo, podendo tal incidência se dar, à opção do contribuinte, na forma regulamentada pelo Comitê Gestor, sobre a receita recebida no mês, sendo essa opção irretratável para todo o ano-calendário. , 112 Conhecida a RBT12, consulta-se, no Anexo em que devem ser tributadas as receitas, a faixa de receita bruta a que ela pertence. E, identificada a faixa de receita bruta, descobre-se a alíquota nominal e a parcela a deduzir. P.ex.: sabendo-se que a RBT12 de determinada empresa é de R$ 825.000,00, vê-se que, nos Anexos, esse valor está dentro da faixa de receita bruta que vai de R$ 720.000,01 a R$ 1.800.000,00. Se a receita for tributada pelo Anexo II, essa faixa corresponde à alíquota nominal de 11,20% e a parcela a deduzir de R$ 22.500,00. (VALOR, 2021, s.p.). 6.2 Tabelas de incidência: ANEXO I DA LC 123/06 atualizadas pela LC 155/16 Tabela 6.1 – Alíquotas e Partilha do Simples Nacional – Comércio Fonte: BRASIL (2016, s.p.). Tabela 6.2 – Alíquotas e Partilha do Simples Nacional – Indústria Fonte: BRASIL (2016, s.p.). , 113 Tabela 6.3 – Alíquotas e Partilha do Simples Nacional – Receitas de locação de bens móveis e de prestação de serviços não relacionados no § 5º-C do art. 18 desta Lei Complementar Fonte: BRASIL (2016, s.p.). Tabela 6.4 – Alíquotas e Partilha do Simples Nacional – Receitas decorrentes da prestação de serviços relacionados no§ 5º-C do art. 18 desta Lei Complementar Fonte: BRASIL (2016, s.p.). , 114 6.3 Cálculo Alíquota Efetiva Conhecida a RBT12, a alíquota nominal e a parcela a deduzir, calcula-se a alíquota efetiva, que é o resultado de: [(RBT12 × alíquota nominal) – parcela a deduzir]/RBT12. Já o valor devido mensalmente, a ser recolhido pela ME ou EPP, será o resultante da aplicação da alíquota efetiva sobre a receita bruta mensal auferida (regime de competência) ou recebida (regime de caixa), conforme opção feita pelo contribuinte. Mas o contribuinte não precisa se preocupar em fazer esse cálculo todo, que será efetuado pelo PGDAS-D 2018. EXEMPLO: Vejamos um exemplo bem simples, apenas para expor o procedimento. Exemplos mais complexos poderão ser consultados no manual do aplicativo. A empresa XYZ ME, optante pelo Simples Nacional, obteve receita bruta resultante exclusivamente da revenda de mercadorias no mercado interno (Anexo I) não sujeitas à substituição tributária. A empresa não possui filiais. Convenções: PA = Período de apuração; RPA int. = Receita bruta do PA no mercado interno RBT12 int. = Receita bruta acumulada nos 12 meses anteriores ao período de apuração (PA) no mercado interno; RBA int. = Receita bruta acumulada de janeiro até o mês do PA inclusive, no mercado interno. (VALOR, 2021, s. p.). Tabela 6.5 – Fluxo de faturamento (valores em milhares de R$) Fonte: VALOR (2021, s.p.). Apuração: PA = julho/2018 RPA int. (julho/2018) = R$ 25.000,00 RBA int. = R$ 135.000,00 (como é inferior a R$ 4.800.000,00, limite máximo de receita bruta anual para ser uma EPP, pode permanecer no Simples Nacional) , 115 RBT12 int. = R$ 220.000,00 (dentro da faixa que vai de R$180.000,01 a R$ 360.000,00) Alíquota nominal dessa faixa de RBT12 para o Anexo I = 7,30% Parcela a deduzir nessa faixa de RBT12 para o Anexo I = R$ 5.940,00 Alíquota efetiva int. = [(220.000,00 × 7,30%) – 5.940,00]/220.000,00 = 4,60% Simples Nacional devido no mês (RPA int × alíquota efetiva int.) = (R$ 25.000,00 × 4,60%) = R$ 1.150,00. Nota: 1. A partir de 2016, as receitas brutas de mercado interno e exportação também devem ser consideradas separadamente para fins de base de cálculo e alíquota. Ou seja, a partir do PA 01/2016, há duas alíquotas: • alíquota interna que será aplicada sobre as receitas do mercado interno, • e a alíquota externa que será aplicada sobre as receitas do mercado externo. (Base legal: art. 3º, § 15, da Lei Complementar nº 123, de 2006.) 2. Mais exemplos de cálculo podem ser consultados no Manual do PGDAS-D e Defis a partir de 2018. (VALOR, 2021, s. p.). [...] Como calcular o valor devido em caso de empresa em início de atividade? [...] Como já foi explicado, a regra geral é utilizar a receita bruta total acumulada nos 12 (doze) meses anteriores ao do período de apuração (RBT12). No caso de empresa optante desde o início de suas atividades, ela utilizará a RBT12 proporcional ao período de atividade da empresa. Isso significa que: 1. no primeiro mês, a RBT12 proporcional será a receita do próprio mês de apuração multiplicada por doze; e 2. nos 11 meses posteriores ao do início de atividade, a RBT12 proporcional será a média aritmética da receita bruta acumulada dos meses anteriores ao do período de apuração, multiplicada por 12 (doze); 3. no 13º mês de atividade, passa-se a utilizar a RBT12 da regra geral Já no caso em que a empresa só é optante a partir de janeiro do ano seguinte ao do início de suas atividades, ela utilizará a regra prevista no item 2 até chegar ao período de apuração do 13º mês de atividade, quando, então, adotará a regra geral explicada anteriormente. , 116 EXEMPLOS: 1. Empresa optante no primeiro mês de atividade: PA (período de apuração) = julho/2018 RPA (receita do PA) = R$ 9.000,00 RBT12 proporcionalizada = R$ 9.000,00 × 12 = R$ 108.000,00 (1ª faixa de receita dos Anexos da LC 123 de 2006) 2. Empresa optante no segundo mês de atividade: PA = agosto/2018 RPA = R$ 40.000,00 Receita Bruta do mês anterior: julho/2018 = R$ 9.000,00 RBT12 proporcionalizada = R$ 9.000,00 × 12 = R$ 108.000,00 (1ª faixa de receita dos Anexos da LC 123, de 2006) 3. Empresa optante no terceiro mês de atividade: PA = setembro/2018 RPA = R$ 6.000,00 Receitas dos meses anteriores: julho/2018 = R$ 9.000,00 agosto/2018 = R$ 40.000,00 MA (média aritmética) = (R$ 9.000,00 + R$ 40.000,00) / 2 = R$ 24.500,00 RBT12 proporcionalizada (MA × 12) = R$ 24.500,00 × 12 = R$ 294.000,00 (2ª faixa de receita dos Anexos da LC 123, de 2006) 4. Empresaoptante no quarto mês de atividade (com receita zero em alguns PA): PA = outubro/2018 RPA = R$ 50.000,00 Receita dos meses anteriores: julho/2018 = R$ 0,00 , 117 agosto/2018 = R$ 0,00 setembro/2018 = R$ 60.000,00 MA (média aritmética) = (R$ 0,00 + R$ 0,00 + R$ 60.000,00) / 3 = R$ 20.000,00 RBT12 proporcionalizada (MA × 12) = R$ 20.000,00 × 12 = R$ 240.000,00 (2ª faixa de receita dos Anexos da LC 123, de 2006) [...] 1. A RBT12 proporcionalizada é utilizada nos 12 primeiros meses de atividade da empresa com a finalidade de enquadramento na tabela de faixas de alíquotas nominais do Simples Nacional existente em cada Anexo. 2. Considera-se data de início de atividade a data de abertura constante do CNPJ. (VALOR, 2021, s. p.). 6.4 Cálculo Fator “r” [...] O que significa fator “r” para fins do Simples Nacional? [...] A partir de 2018, as ME e as EPP optantes pelo Simples Nacional que obtiverem receitas decorrentes da prestação de serviços previstos no inciso V do § 1º do art. 25 da Resolução CGSN nº 140, de 2018 (serviços sujeitos ao fator “r”), devem calcular a razão (r) entre a folha de salários, incluídos encargos, nos 12 meses anteriores ao período de apuração (FS12) e a receita bruta acumulada nos 12 meses anteriores ao período de apuração (RBT12), para definir em que Anexo elas serão tributadas: 1. quando o fator “r” for igual ou superior a 0,28, serão tributadas pelo Anexo III; 2. quando o fator “r” for inferior a 0,28, serão tributadas pelo Anexo V. O valor do FS12 inclui: As seguintes remunerações pagas e informadas em GFIP: - remunerações pagas a segurados empregados e trabalhadores avulsos; - remunerações pagas a segurados contribuintes individuais (pró- labore e pagamentos a “autônomos”); - o valor do 13º salário, agregado na competência da incidência da contribuição previdenciária; A título de encargos, o montante efetivamente recolhido: - de Contribuição Patronal Previdenciária (inclusive a recolhida dentro do Simples Nacional); e - para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS (ver Nota 4). , 118 Não são consideradas remunerações os valores pagos a título de aluguéis e de distribuição de lucros. (Base normativa: art. 26 da Resolução CGSN nº 140, de 2018.) Notas: 1. No cálculo do fator “r”, a RBT12 inclui as receitas auferidas (regime de competência) no mercado interno e externo nos 12 meses anteriores ao PA de cálculo. 2. A FS12 inclui as remunerações pagas nos 12 meses anteriores ao PA de cálculo (regime de caixa), informadas em GFIP. 3. Como já foi explicado na Pergunta 5.7, para os que optam pelo regime de caixa, a receita mensal recebida é utilizada apenas para efeito de determinação da base de cálculo mensal na apuração dos valores devidos. Então, até para eles, a receita mensal apurada pelo regime de competência continua a ser utilizada para fins de determinação do fator “r”. 4. Estando o empregado afastado recebendo benefício previdenciário (p.ex., auxílio-doença) e sendo o encargo da empresa deste funcionário apenas o recolhimento do FGTS, este encargo deve ser considerado no cálculo do fator “r”. 5. Valores pagos a estagiários não integram o valor da FS12, porque eles não são empregados nem contribuintes individuais (art. 3º e 12, § 2º, da Lei nº 11.788, de 2008). (VALOR, 2021, s. p.). 6.5 MEI – MICRO EMPRESÁRIO INDIVIDUAL Para os efeitos [da LC 155], considera-se MEI o empresário individual que se enquadre na definição do art. 966 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, ou o empreendedor que exerça as atividades de industrialização , comercialização e prestação de serviços no âmbito rural, que tenha auferido receita bruta, no ano-calendário anterior, de até R$ 81.000,00 (oitenta e um mil reais), que seja optante pelo Simples Nacional e que não esteja impedido de optar pela sistemática prevista neste artigo. § 2º No caso de início de atividades, o limite de que trata o§ 1º será de R$ 6.750,00 (seis mil, setecentos e cinquenta reais) multiplicados pelo número de meses compreendido entre o início da atividade e o final do respectivo ano-calendário, consideradas as frações de meses como um mês inteiro. [...] V - o MEI, com receita bruta anual igual ou inferior a R$ 81.000,00 (oitenta e um mil reais), recolherá, na forma regulamentada pelo Comitê Gestor, valor fixo mensal correspondente à soma das seguintes parcelas: [...] , 119 § 16-A A baixa do MEI via portal eletrônico dispensa a comunicação aos órgãos da administração pública. [...] § 19-A O MEI inscrito no conselho profissional de sua categoria na qualidade de pessoa física é dispensado de realizar nova inscrição no mesmo conselho na qualidade de empresário individual. § 19-B. São vedadas aos conselhos profissionais, sob pena de responsabilidade, a exigência de inscrição e a execução de qualquer tipo de ação fiscalizadora quando a ocupação do MEI não exigir registro profissional da pessoa física. [...] "Art. 18-C. Observado o disposto no caput e nos§§ 1º a 25 do art. 18-A desta Lei Complementar, poderá enquadrar-se como MEI o empresário individual ou o empreendedor que exerça as atividades de industrialização , comercialização e prestação de serviços no âmbito rural que possua um único empregado que receba exclusivamente um salário-mínimo ou o piso salarial da categoria profissional. [...] "Art. 18-E [...] § 4º É vedado impor restrições ao MEI relativamente ao exercício de profissão ou participação em licitações, em função da sua natureza jurídica, inclusive por ocasião da contratação dos serviços previstos no§ 1º do art. 18-B desta Lei Complementar. § 5º O empreendedor que exerça as atividades de industrialização, comercialização e prestação de serviços no âmbito rural que efetuar seu registro como MEI não perderá a condição de segurado especial da Previdência Social. § 6º O disposto no § 5º e o licenciamento simplificado de atividades para o empreendedor que exerça as atividades de industrialização , comercialização e prestação de serviços no âmbito rural serão regulamentados pelo CGSIM em até cento e oitenta dias. § 7º O empreendedor que exerça as atividades de industrialização, comercialização e prestação de serviços no âmbito rural manterá todas as suas obrigações relativas à condição de produtor rural ou de agricultor familiar." (NR). (BRASIL, 2016, s.p.). , 120 Conclusão Caro(a) aluno(a), Neste capítulo você avaliou e calculou o imposto do Simples, considerando a Lei Complementar 123/06 e a atualização pela Lei Complementar 155/16, compreendendo o critério de cálculo da Receita Bruta Acumulada dos últimos 12 meses, RBT12, a alíquota efetiva, a aplicação nas tabelas de incidência do anexo I. Estudou o critério de cálculo do fator “r”, conhecendo o processo de utilização da folha de salários e encargos, e, por fim, refletiu sobre a atualização do MEI – Micro Empresário Individual. REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto nº 9.580, de 22 de novembro de 2018. Regulamenta a tributação, a fiscalização, a arrecadação e a administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Diário Oficial da União, Brasília, 23 nov. 2018. Disponível em: https://bit.ly/3bIxNcY. Acesso em: 12 mar. 2021. BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, Brasília, 11 jan. 2002. Disponível em: https://bit.ly/3cptO4f. Acesso em: 12 mar. 2021. BRASIL. Lei complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Diário Oficial da União, Brasília, 15 dez. 2006. Disponível em: https://bit.ly/2OSa4OQ. Acesso em: 12 mar. 2021. BRASIL. Lei complementar nº 155, de 27 de outubro de 2016. Diário Oficial da União, Brasília, 27 out. 2016. Disponível em: https://bit.ly/2NeSuUz.Acesso em: 12 mar. 2021. VALOR. Tratamento tributário: Doações de mercadorias. Valor Consulting, 14 jun. 2022. Disponível em: https://bit.ly/3AcohdX. Acesso em: 12 abr. 2023. , 121 VALOR. Cálculo do Simples Nacional: Empresa em início de atividade. Valor Consulting, 5 jan. 2023. Disponível em: https://bit.ly/3UxqVE7. Acesso em: 12 abr. 2023. VALOR. Cálculo do Simples Nacional: Procedimento. Valor Consulting, 5 jan. 2023. Disponível em: https://bit.ly/3o2MPmF. Acesso em: 12 abr. 2023. VALOR. Cálculo do Simples Nacional: Significado do fator r. Valor Consulting, 5 jan. 2023. Disponível em: https://bit.ly/3moHTbt. Acesso em: 12 abr. 2023.Daí, haverá a fixação de um novo capital, com autorização da Assembleia Geral e reforma do estatuto. A lei estende a todas as companhias a faculdade de prever estatutariamente a autorização para o aumento de capital social, independentemente de reforma estatutária. A sociedade de economia mista é legalmente definida como entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de Sociedade Anônima, cujas ações com direito a voto pertencem, em sua maioria, à União ou à entidade da Administração Indireta. , 13 Características da sociedade de economia mista: • Reveste-se da forma de Sociedade Anônima; • Há participação do Estado e de particulares no capital social; • Há participação ativa do Poder Público na gestão da sociedade; • Tem finalidade de interesse público; • É criada por lei. São obrigatoriedades das Sociedades Anônimas: ▪ Assembleia Geral: é a reunião dos acionistas de uma companhia, que, quando convocada, tem poderes para decidir sobre todos os negócios relativos ao objeto da empresa e outros assuntos. Anualmente, nos quatro primeiros meses seguintes ao término do exercício social, há a reunião dos acionistas, que se denomina Assembleia Geral Ordinária (AGO). Quando houver necessidade de outra Assembleia Geral, será denominada Assembleia Geral Extraordinária (AGE); ▪ Ata e convocação: ata é o resumo dos assuntos discutidos e deliberados nas assembleias, que será lavrado em livro próprio e publicado em jornais. A convocação para as assembleias é feita me- diante anúncio publicado em jornais; ▪ Publicação das demonstrações financeiras: tanto as Sociedades Anônimas de capital fechado quanto as de capital aberto devem publicar as demonstrações financeiras no Diário Oficial e em outro jornal de grande circulação; as instituições financeiras e as companhias abertas devem publicar essas demonstrações semestralmente. A obrigatoriedade na publicação das , 14 demonstrações financeiras é uma vantagem para as Sociedades Anônimas, uma vez que evidencia maior transparência nas informações, dando mais credibilidade para essas empresas junto à sociedade; ▪ Ações: são títulos de propriedade, representativos das cotas-partes em que se divide o capital social de uma Sociedade por Ações. Uma ação representa a menor fração em que é dividido seu capital. O proprietário de uma ação torna-se acionista da companhia, isto é, um de seus donos. Ao possuidor da ação é conferida parcela de participação no controle e nos lucros da companhia. As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a seus titulares, dividem-se em ordinárias e preferenciais. Ordinárias são ações comuns, desprovidas de quaisquer restrições, porém não dotadas de nenhum privilégio, salvo o direito ao voto. Preferenciais são aquelas que conferem preferências previamente declaradas nos estatutos, tais como: prioridade na distribuição de dividendos e/ou prioridade no reembolso do capital, com ou sem prêmio. Quanto à forma de circulação, as ações podem ser: nominativas, endossáveis ou ao portador. A propriedade das ações nominativas presume-se pela inscrição do nome do acionista no livro de Registro das Ações Nominativas; a transferência dessas ações acontece lavrando-se o livro de Transferência de Ações Nominativas, com a assinatura do cedente e do cessionário. A propriedade de ações endossáveis presume-se pela posse do título com base em série regular de endossos, mas o exercício do direito perante a companhia requer a averbação do nome do acionista no livro de Registro de Ações Endossáveis e no certificado. Portanto, a transferência mediante endosso não tem eficácia perante a companhia, enquanto não for averbada no livro de Registro e no próprio certificado; o endossatário, porém, que demonstrar ser possuidor do título com base em série regular de endossos tem o direito de obter a , 15 Saiba mais A ação com valor nominal estampa em seu título o valor de face, normalmente estabelecido pelo seu valor patrimonial inicial ou em estatuto social, por ocasião do seu lançamento. Quando a ação não possui um valor nominal, é negociada pelo valor de mercado. averbação da transferência ou a emissão de novo certificado em seu nome. Algumas combinações de tipos de ações incluem: Ordinárias + Nominativas = ON; Ordinárias + Endossáveis = OE; Preferenciais + Nominativas = PN; Preferenciais + Endossáveis = PE. As ações podem ser, ainda, com valor nominal e sem valor nominal. • Sociedade em comandita por ações: A Sociedade em Comandita por Ações tem o capital dividido em ações, regendo-se pelas normas relativas à Sociedade Anônima e operando sob firma ou denominação. Somente o acionista tem qualidade para administrar a sociedade e, como diretor, responde subsidiária e ilimitada- mente pelas obrigações da sociedade. Se houver mais de um diretor, serão solidariamente responsáveis, depois de esgotados os bens sociais. Esse tipo de sociedade, também em desuso, é tratado na Lei das Sociedades por Ações. Sociedade Simples É constituída para a exploração de atividade de prestação de serviços decorrente de atividade intelectual: advogados, médicos, dentistas, contadores, engenheiros. De maneira geral, atividades de natureza científica, literária, artística e intelectual enquadram-se como simples. , 16 As Sociedades Simples são registradas no Cartório de Registro Civil de pessoas jurídicas e podem ser estabelecidas segundo os mesmos tipos das Sociedades Empresárias: • Sociedade Limitada; • Sociedade em Nome Coletivo; • Sociedade em Comandita Simples. 1.2 Sociedades Cooperativas, Sociedade Nacional ou Estrangeira e Sociedaes Sem Fins Lucrativos Sociedade Cooperativa A Sociedade Cooperativa é regida pelo Código Civil e por legislação especial. Como a Sociedade Anônima, a Sociedade Cooperativa possui legislação especial, que é a Lei nº 5.764/71. São características da Sociedade Cooperativa: • Variabilidade ou dispensa do capital social; • Concurso de sócios em número mínimo necessário para compor a administração da sociedade, sem limitação de número máximo; • Limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada sócio poderá tomar; • Intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade, ainda que por herança; • Quórum, para a assembleia geral funcionar e deliberar, fundado no número de sócios presentes à reunião e não no capital social representado; • Direito de cada participante a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital na sociedade e qualquer que seja o valor de sua participação; , 17 • Distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das operações efetuadas pelo sócio com a sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao capital realizado; • Indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de dissolução da sociedade. Na Sociedade Cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser limitada ou ilimitada. É limitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde somente pelo valor de suas quotas e pelo prejuízo verificado nas operações sociais, guardada a proporção de sua participação nas mesmas operações. É ilimitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais. No que a lei for omissa, aplicam-se as disposições referentes à Sociedade Simples. Sociedade Nacional ou Estrangeira É nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira, que tenha no país a sede de sua administração. Quando a lei exigir que todos ou alguns sócios sejam brasileiros, as ações da Sociedade Anônima revestir-se-ão, no silencio da lei, à formanominativa. Qualquer que seja o tipo da sociedade, em sua sede ficará arquivada cópia autêntica do documento comprobatório da nacionalidade dos sócios. Não haverá mudança de nacionalidade de sociedade brasileira sem o consentimento unânime dos sócios ou acionistas. A sociedade estrangeira, qualquer que seja seu objetivo, não pode, sem autorização do Poder Executivo, funcionar no país, ainda que por estabelecimentos subordinados, podendo, todavia, ressalvados os casos expressos em lei, ser acionista de Sociedade Anônima brasileira. Ao requerimento de autorização, devem ser apresentados: , 18 • Prova de se achar a sociedade constituída conforme a lei de seu país; • Inteiro teor do contrato ou do estatuto; • Relação dos membros de todos os órgãos da administração da sociedade, com nome, nacionalidade, profissão, domicílio e, salvo quanto a ações ao portador, o valor da participação de cada um no capital da sociedade; • Cópia do ato que autorizou o funcionamento no Brasil e fixou o capital destinado às operações no território nacional; • Prova de nomeação do representante no Brasil, com poderes expressos para aceitar as condições exigidas para a autorização; • Último balanço. Sociedade Sem Fins Lucrativos Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizam para fins não econômicos, não havendo, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. O estatuto das associações conterá: • A denominação, os fins e a sede da associação; • Os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; • Os direitos e deveres dos associados; • As fontes de recursos para a sua manutenção; • O modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e administrativos; • As condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução. , 19 Os associados devem ter direitos iguais, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário. A exclusão do associado só é admissível se houver justa causa, obedecido o disposto no estatuto; sendo este omisso, poderá ocorrer se for reconhecida a existência de motivos graves, em deliberação fundamentada, pela maioria absoluta dos presentes à Assembleia Geral especialmente convocada para esse fim. Da decisão do órgão que, de conformidade com o estatuto, decretar a exclusão, caberá sempre recurso à Assembleia Geral. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos (e pela forma) previstos na lei ou no estatuto. Compete privativamente à Assembleia Geral; • Eleger os administradores; • Destituir os administradores; • Aprovar as contas; • Alterar o estatuto. 1.3 Comércio, Serviços, Empresários Individuais Empresa Rural Até 2002, as sociedades eram divididas em Sociedade Comercial e Sociedade Civil. A partir do início de 2003, entrou em cena o Código Civil, que revogou a primeira parte do Código Comercial Brasileiro de 1850. O Código Civil define como empresário aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. Assim, o , 20 produtor rural passa a ser chamado empresário rural, em função da definição anterior, desde que se inscreva na Junta Comercial. Não se inscrevendo na Junta Comercial, ele será um produtor rural autônomo. Em relação à sociedade, o Código Civil considera Sociedade Empresária pessoas que celebram contrato e reciprocamente se obrigam a contribuir com bens e serviços para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Assim, a expressão ‘Sociedade Empresária’ substitui a expressão anterior, ‘Sociedade Comercial’. Dessa forma, a sociedade rural (quando houver a união de duas ou mais pessoas) passa a ser vista como uma Sociedade Empresária. De maneira geral, conforme o Código, o empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode exercer essa atividade nas seguintes formas jurídicas: • Autônomo, sem registro na Junta Comercial; • Empresário individual, quando inscrito na Junta Comercial (é optativo); • Sociedade Empresária, inscrita na Junta Comercial (na forma de Sociedade Limitada, Sociedade Anônima etc.). O Código Civil diz que não é considerado empresário quem exerce profissão intelectual de natureza científica, literária ou artística. Essas atividades anteriormente eram tratadas como civis. Assim, quando se constituía sociedade, era tratada como Sociedade Civil, hoje denominada “Simples”. Dessa forma, a Sociedade Empresária em atividade rural não poderá ser enquadrada na categoria Simples. EIRELI – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada, criada através da Lei 12.441 de 11 de julho de 2011, que alterou a Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), possibilitou a constituição de empresa individual com responsabilidade limitada, nas condições que especifica: Art. 2º A Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), passa a vigorar com as seguintes alterações: "Art. 44. ................................................................................... .......................................................................................................... , 21 VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. ..............................................................................................." (NR) "LIVRO II .......................................................................................................... TÍTULO I-A DA EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. § 1º O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão "EIRELI" após a firma ou a denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada. § 2º A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade. § 3º A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração. § 4º ( VETADO). § 5º Poderá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada constituída para a prestação de serviços de qualquer natureza a remuneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica, vinculados à atividade profissional. § 6º Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as regras previstas para as sociedades limitadas. ........................................................................................................." "Art. 1.033. .............................................................................. .......................................................................................................... Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente, inclusive na hipótese de concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade, requeira, no Registro Público de Empresas Mercantis, a transformação do registro da sociedade para empresário individual ou para empresa individual de responsabilidade limitada, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código." (BRASIL, 2011, s.p.). , 22 MEI – Micro Empreendedor Individual A atividade MEI (MicroempreendedorIndividual) foi instituída pela Lei Complementar 128 em dezembro de 2008, e alterações produzidas por Resoluções do CGSN (Comitê Gestor do Simples Nacional), podendo ter enquadramento em 466 atividades diferentes e possibilitando que cada MEI possa usufruir de 16 atividades, sendo uma principal e 15 secundárias. O Microempreendedor Individual existe como pessoa jurídica e pessoa física, tendo de cumprir obrigações fiscais como pessoa jurídica através da DASN-SIMEI – Declaração Anual do Simples Nacional e como pessoa física através da DIRPF – Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física. As obrigações do MEI-PJ são os pagamentos mensais da DAS e apresentação da declaração anual DASN-SIMEI que pode ser apresentada de duas formas para distribuição de lucros, sendo a primeira com escrituração contábil que evidencie a distribuição e a segunda é utilizando a sistemática de aplicação sobre a receita bruta anual dos percentuais de apuração do Lucro Presumido sendo 32% para prestação de serviços e 8% para indústria e comércio que serão considerados para distribuição. Se o MEI possuir escrituração contábil, poderá distribuir os lucros evidenciados e, como a distribuição de lucros não tem tributação, será informado na cédula de Rendimentos Isentos e Não Tributáveis. Se o MEI não possuir escrituração contábil, poderá distribuir como isento os lucros decorrentes da aplicação do percentual de apuração do Lucro Presumido (32% para prestação de serviços e 8% para comércio e indústria) sobre o faturamento bruto (-) do pagamento mensal do DAS e a diferença deve ser considerada como rendimento tributável da pessoa física. O governo federal, através do decreto 10.139, vem revisando atos normativos com o intuito de desburocratização e simplificação. Abaixo a íntegra do Decreto e os atos que serão revisionados: , 23 “DECRETO Nº 10.139 de 28 de novembro de 2019 Dispõe sobre a revisão e a consolidação dos atos normativos inferiores a decreto.” (BRASIL, 2019, s.p.). O governo Federal, através do Ministério da Economia, instituiu o decreto 10.139, que irá revisar e consolidar todos os atos normativos inferiores aos decretos, como por exemplo: portarias, Instrução Normativas, Atos Declaratórios, Resoluções, ofícios e avisos, qualquer ato inferior ao Decreto. O Ministério da Economia (ME) vai simplificar e automatizar o processo de autenticação de livros no âmbito das juntas comerciais. Assim, tudo será realizado de forma digital e automática tanto para livros contábeis quanto para livros não contábeis, inclusive dos agentes auxiliares do comércio (leiloeiros e tradutores públicos). Para debater a melhor forma de modernizar a Instrução Normativa que trata do tema, o ministério abriu, em 27 de novembro de 2020, uma consulta pública. A automatização do serviço é mais uma medida em consonância com as ações do governo para a transformação digital dos serviços", afirma o diretor do Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração (Drei), André Santa Cruz. Segundo o texto da proposta, a nova instrução normativa objetiva definir tão somente as atribuições legais que são de competência das juntas comerciais, ou seja, a autenticação dos livros. Segundo Santa Cruz, a antiga Instrução Normativa Drei n.º 11, de 2013, trazia várias disposições sobre lançamentos de demonstrações contábeis. "Entendemos que isso não era pertinente, na medida em que para essas situações devem ser observadas disposições específicas da área contábil", complementa. Os interessados em participar da consulta devem acessar a plataforma Participa +Brasil. "A participação é fundamental para conseguirmos um melhor fluxo das atividades empresariais", diz o diretor. Qualquer cidadão pode contribuir até o dia 14 de dezembro. Revisão dos normativos A iniciativa atende ao disposto no Decreto n.º 10.139, que está em vigor desde fevereiro de 2019 e trata da revisão e consolidação dos atos normativos inferiores a decretos editados por órgãos e entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional”. (BRASIL, 2020, s.p.). , 24 1.4 Procedimentos Básicos de Abertura de Empresa Apresentamos, a seguir, os procedimentos básicos de abertura de uma empresa, conforme pode ser verificado no site do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), sob o título Guia prático para o registro de empresas. O registro legal de uma empresa é tirado na Junta Comercial do estado ou no Cartório de Pessoa Jurídica. Para as pessoas jurídicas, esse passo é equivalente à obtenção da Certidão de Nascimento de uma pessoa física. A partir desse registro, a empresa existe oficialmente – o que não significa que ela possa começar a operar. Para fazer o registro, é preciso apresentar uma série de documentos e formulários, que podem variar de um estado para outro. Os mais comuns são: • Contrato social; • Documentos pessoais de cada sócio (no caso de uma sociedade). O contrato social é a peça mais importante do início de uma empresa e, nele, devem estar definidos claramente os seguintes itens: • Interesse das partes; • Objetivo da empresa; • Descrição do aspecto societário e maneira de integralização das cotas. Para ser válido, o contrato social deverá ter o visto de um advogado. As microempresas e empresas de pequeno porte são dispensadas da assinatura do advogado, conforme prevê o Estatuto da Micro e Pequena Empresa. Ainda na Junta Comercial ou no cartório, deve-se verificar se há alguma outra empresa registrada com o nome pretendido. Geralmente, é necessário preencher um formulário próprio, com três opções de nome. Há estados que já oferecem esse serviço pela internet. , 25 Se tudo estiver certo, será possível prosseguir com o arquivamento do ato constitutivo da empresa, quando geralmente serão necessários os documentos: • Contrato social ou requerimento de empresário individual ou estatuto, em três vias; • Cópia autenticada do RG e CPF do titular ou dos sócios; • Requerimento padrão (capa da junta comercial), em uma via; • Ficha de cadastro nacional (FCN) modelos 1 e 2, em uma via; • Pagamento de taxas, através de documento de arrecadação de receitas federais (DARF). Os preços e prazos para abertura variam de estado para estado. Para isso, o ideal é consultar o site da Junta Comercial do estado em que a empresa estiver localizada. Registrada a empresa, será entregue ao seu proprietário o Número de Identificação do Registro de Empresa (NIRE), que é uma etiqueta ou um carimbo, feito pela Junta Comercial ou cartório, contendo um número que é fixado no ato constitutivo. Com o NIRE em mãos, chega a hora de registrar a empresa como contribuinte, ou seja, de obter o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). O registro do CNPJ é feito exclusivamente pela internet diretamente no site da Receita Federal, as Juntas Comerciais já efetuam o registro do CNPJ, da inscrição estadual e inscrição municipal, recepcionando os documentos necessários para o cadastro da empresa. Ao fazer o cadastro no CNPJ, é preciso escolher a atividade que a empresa irá exercer. Essa classificação será utilizada não apenas na tributação, mas também na fiscalização das atividades da empresa. Lembre-se de que nem todas as empresas podem optar pelo Simples, principalmente as prestadoras de serviço que exigem habilitação profissional. Portanto, antes de fazer sua inscrição no CNPJ, consulte os tipos de empresa que não se enquadram no Simples. , 26 Saiba mais Quanto ao registro junto ao Corpo de Bombeiros, os formulários de requerimento e consulta de viabilidade devem ser obtidos diretamente no setor administrativo daquele órgão, uma vez que ainda não existe acesso via internet, além de ser extremamente burocrático com relação às obrigações pertinentes. Já em relação às obrigaçõesrelativas ao registro na Vigilância Sanitária, há um vínculo direto com a prefeitura municipal, a qual encaminha, através de uma só rotina, ambos os registros relacionados às Finanças e à Vigilância Sanitária, mudando apenas a quantidade de formulários e procedimentos bem mais detalhados e burocráticos, envolvendo, inclusive, cadastro de funcionários, atestado de saúde deles e manual de boas práticas sanitárias. Com o CNPJ cadastrado, é preciso ir à prefeitura ou administração regional para receber o alvará de funcionamento. O alvará é uma licença que permite o estabelecimento e o funcionamento de instituições comerciais, industriais, agrícolas e prestadoras de serviço, bem como de sociedades e associações de qualquer natureza, vinculadas a pessoas físicas ou jurídicas. Isso é feito na prefeitura, na administração regional ou na Secretaria Municipal da Fazenda de cada município. Geralmente, a documentação necessária é: • Formulário próprio da prefeitura; • Consulta prévia de endereço aprovada; • Cópia do CNPJ; • Cópia do contrato social; • Laudo dos órgãos de vistoria, quando necessário. , 27 Já o cadastro no sistema tributário estadual deve ser realizado junto à Secretaria Estadual da Fazenda. Em geral, ele não pode ser feito pela internet, mas isso varia de estado para estado. Atualmente, a maioria dos estados possui convênio com a Receita Federal, o que permite obter a Inscrição Estadual junto ao CNPJ, por meio de um único cadastro. A Inscrição Estadual é obrigatória para empresas dos setores do comércio, indústria e serviços de transporte intermunicipal e interestadual. Também estão incluídos os serviços de comunicação e energia. Ela é necessária para a obtenção da inscrição no Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) e, em geral, a documentação pedida para o cadastro é: • Documento Único de Cadastro (DUC), em três vias; • Documento Complementar de Cadastro (DCC), em uma via; • Comprovantes de endereço dos sócios, cópia autenticada ou original; • Cópia autenticada de documento que prove o direito de uso do imóvel, por exemplo, contrato de locação do imóvel ou escritura pública do imóvel; • Número do cadastro fiscal do contador; • Comprovante de contribuinte do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), para os prestadores de serviço; • Certidão simplificada da Junta (para empresas constituídas há mais de três meses); • Cópia do ato constitutivo; • Cópia do CNPJ; • Cópia do alvará de funcionamento; • RG e CPF dos sócios. , 28 Observação: em alguns estados, a Inscrição Estadual deve ser solicitada antes do alvará de funcionamento. Após a concessão do alvará de funcionamento, a empresa já está apta a entrar em operação. No entanto, ainda faltam duas etapas fundamentais para o seu funcionamento. A primeira é o cadastro na Previdência Social e o pagamento dos respectivos tributos. Assim, o representante deverá dirigir-se à Agência da Previdência de sua jurisdição, para solicitar o cadastramento da empresa e seus responsáveis legais. O prazo para cadastramento é de 30 dias após o início das atividades. Agora, resta apenas preparar o aparato fiscal para que o empreendimento entre em ação. Será necessário solicitar a autorização para impressão de notas fiscais e a autenticação de livros fiscais. Isso é feito na prefeitura de cada cidade. Empresas que pretendam dedicar-se às atividades de indústria e comércio deverão ir à Secretaria Estadual da Fazenda, no caso do Distrito Federal. Independentemente do segmento de atuação da empresa, essa autorização é emitida pela Secretaria Estadual da Fazenda. Uma vez que o aparato fiscal esteja pronto e registrado, a empresa pode começar a operar legalmente. 1.5 Dissolução e Liquidação de Sociedades A dissolução e a liquidação de sociedades são explicadas por Sharp Junior: O processo de encerramento das sociedades passa por três fases distintas, compreendendo a dissolução, a liquidação e a extinção. Tem-se aí a ‘dissolução-procedimento’ (dissolução lato sensu), que consiste num complexo de atos encadeados que conduzirão a sociedade ao término de sua existência. Atribui-se o termo ‘dissolução-ato’ (dissolução stricto sensu) ao ato específico que marca o início do procedimento que culminará na extinção. Por força da teoria da preservação da empresa, deve-se evitar a dissolução total da sociedade quando for possível a sua dissolução parcial, apurando-se os haveres dos sócios que dela se retiram e prosseguindo a sociedade com os demais sócios. (2009, p. 130- 131). , 29 Quanto à causa determinante, a dissolução pode ser de pleno direito ou judicial. A dissolução de pleno direito dá-se (artigo 1.033 do Código Civil): a) pelo vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado; b) pelo consenso unânime dos sócios; c) pela deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado; d) pela falta da pluralidade dos sócios, não reconstituída no prazo de 180 dias; e) pela extinção, na forma da lei, de sua autorização para funcionar. (BRASIL, 2002, s.p.). Não se aplica a hipótese da alínea d anterior caso o sócio remanescente, inclusive na hipótese de concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade, requeira no Registro Público de Empresas Mercantis a transformação do registro da sociedade para empresário individual, observado, no que couber, o disposto nos artigos 1.113 a 1.115 do Código Civil (parágrafo único do artigo 1.033, com redação dada pela Lei Complementar nº 128/08). O contrato social poderá prever outras causas de dissolução da sociedade (artigo 1.035 do Código Civil), a serem examinadas em juízo, se contestadas. A seu turno, a dissolução judicial dá-se (artigo do Código Civil): a) por sentença judicial, por anulação de seu ato de constituição; b) pelo exaurimento ou inexequibilidade (material ou jurídica) de seu fim social. As causas de dissolução das companhias vêm disciplinadas no art. 206 da Lei das Sociedades por Ações. , 30 Com a dissolução, ocorre o encerramento da fase ativa da sociedade e passa-se à sua liquidação. Após a dissolução, a sociedade ainda mantém a sua personalidade jurídica (artigos 51, 1.036, e 1.105, parágrafo único, do Código Civil; artigos 207, 216, § 1º, e 219 da Lei das Sociedades por Ações), sem, contudo, poder realizar novos negócios, mas apenas com a finalidade de concluir os atos pendentes. Ainda que, numa companhia, haja ações preferenciais sem direito de voto (artigo 111 da Lei das Sociedades por Ações), durante a fase de liquidação, todas as ações terão esse direito (artigo 213, § 1º, da Lei das Sociedades por Ações). Na liquidação ordinária (voluntária ou amigável), será nomeado um liquidante (que poderá ser um administrador ou um terceiro), que ficará encarregado de receber eventuais créditos da sociedade e de pagar todo o seu passivo. Chega-se, enfim, à partilha, em que os bens remanescentes serão entregues aos sócios, após o pagamento de todos os credores. Uma vez aprovadas pelos sócios as contas do liquidante, deverá ser requerido o cancelamento junto ao registro competente (artigo 51, § 3º, do Código Civil). A liquidação poderá, ainda, tomar a forma coativa, quer judicial, como na falência, quer administrativa, como na extrajudicial de instituição financeira propriamente dita ou equiparada (Lei nº 6.024/74). Muitas vezes, as sociedades são extintas sem satisfazer todas as suas dívidas, deixando, por exemplo, de pagar um credor trabalhista, comercial ou fiscal. Nesse caso e naqueleoutro, em que simplesmente a sociedade encerra as suas atividades e fecha as portas sem o cumprimento das formalidades exigidas, entende-se que a sua extinção foi irregular, acarretando a responsabilidade pessoal dos sócios pelas dívidas da sociedade. Isso explica e justifica a penhora dos bens dos sócios para a liquidação Atenção Observe que os termos ‘dissolução’ e ‘liquidação’ têm conotação diversa no direito brasileiro. A extinção da sociedade, termo genérico, passa por determinadas fases que estabelecem a referida distinção. , 31 das obrigações sociais. Presume-se dissolvida irregularmente a sociedade que deixa de funcionar em seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, comerciais e tributários, cabendo a responsabilização aos seus administradores, afirma o Superior Tribunal de Justiça (Resp. 800039). Conclusão Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, você estudou os principais tipos de sociedade existentes e as principais alterações introduzidas pelo Código Civil Brasileiro. Aprendeu sobre a forma de constituição, com ênfase nas Sociedades Empresárias Limitadas e Sociedades Anônimas, além das Sociedades Simples. Conheceu os principais itens que compõem um contrato, ata de constituição e estatuto social, e identificou pontos importantes, como a responsabilidade dos sócios, a dissolução da sociedade, entre outros. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, Brasília, 11 jan. 2002. Disponível em: https://bit.ly/3cptO4f. Acesso em: 12 mar. 2021. BRASIL. Lei nº 12.441, de 11 de julho de 2011. Diário Oficial da União, Brasília, 12 jul. 2011. Disponível em: https://bit.ly/3qHUDpm. Acesso em: 12 mar. 2021. BRASIL. Decreto nº 10.139, de 28 de novembro de 2019. Diário Oficial da União, Brasília, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3rMtAL6. Acesso em: 12 mar. 2021. IUDÍCIBUS, S.; MARION, J.C. Contabilidade Comercial. 8. ed. São Paulo: Editora Atlas , 2009. , 32 SHARP JUNIOR, R. A. Direito Comercial e de Empresa Sistematizado. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. SINDICATO DOS CONTABILISTAS DE SÃO PAULO. Autenticação de livros empresariais será automática. SINDCONT-SP, 1 dez. 2020. Disponível em: http://bit.ly/3tr0LV9. Acesso em: 12 mar. 2021. REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES SEBRAE. Guia prático para a formalização de empresas. SEBRAE, 20 nov. 2013. Disponível em: http://bit.ly/3exzRGB. Acesso em: 12 mar. 2021. , 33 2 CÁLCULOS E ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, vamos conceituar a Contabilidade como um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, no que tange à entidade objeto da contabilização. Você aprenderá a executar a escrita contábil no dia a dia de operações contábeis, por meio da aplicação prática da doutrina contábil, reportando-se aos princípios, convenções e normas contábeis. Vamos iniciar! 2.1 Contabilidade A Contabilidade é a ciência social que tem por objetivo medir, para poder informar, os aspectos quantitativos e qualitativos do patrimônio de quaisquer entidades. Constitui um instrumento para gestão e controle das entidades, além de representar um sustentáculo da democracia econômica, já que, por seu intermédio, a sociedade é informada sobre o resultado da aplicação dos recursos conferidos às entidades (SZUSTER et al., 2008). Para os autores, a Contabilidade é o processo cujas metas são registrar, resumir, classificar e comunicar as informações financeiras. O input desse processo são as transações que a empresa efetua e o output são as demonstrações contábeis. Para os autores, a capacidade informativa da Contabilidade e a estruturação do sistema contábil são viabilizadas por meio da elaboração de um “bom” Plano de Contas, que ordena todas as contas utilizadas pela empresa por natureza e que viabiliza a definição das áreas da empresa em que são incorridos os gastos. Além disso, um “bom” Plano de Contas deve permitir seu aprimoramento e a criação de novas contas e detalhamentos (subcontas), sem prejuízo de toda a sua estrutura. , 34 Também são interessantes as definições e comentários dos autores sobre os objetivos da Contabilidade. A Contabilidade é uma ciência fundamentalmente utilitária. Seu grande produto é prover informações para o planejamento e o controle, evidenciando informações referentes à situação patrimonial, econômica e financeira de uma empresa. O seu propósito básico é prover aos “tomadores de decisões” (diretores, gerentes, administradores da empresa e todos os interessados) informações para a tomada de decisões. Segundo a sua estrutura conceitual básica, a Contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários de demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, no que tange à entidade objeto da contabilização. 2.2 Cálculos – Depreciação e Apropriação de Férias e 13º Salário A seguir, passamos a demonstrar alguns cálculos comumente utilizados em Contabilidade. Neste exemplo, temos uma tabela com o bem ‘veículo’ com data de aquisição 01.01.XXXX, valor de aquisição R$ 20.000,00, taxa de depreciação 20%, valor mensal de depreciação e saldos mensais, além do saldo final de depreciação e do saldo final do primeiro ano de uso, como segue: , 35 Tabela 2.1 – Planilha de Depreciação Bem Data da Aquisição Valor da Aquisição Veículo 01/01/xx 20.000,00 Taxa de Depreciação Taxa Mensal 20% 333,33 Mês Valor Depreciação Saldo Janeiro 333,33 19.666,67 Fevereiro 333,33 19.333,33 Março 333,33 19.000,00 Abril 333,33 18.666,67 Maio 333,33 18.333,33 Junho 333,33 18.000,00 Julho 333,33 17.666,67 Agosto 333,33 17.333,33 Setembro 333,33 17.000,00 Outubro 333,33 16.666,67 Novembro 333,33 16.333,33 Dezembro 333,33 16.000,00 Total da despesa 4.000,00 Fonte: PEREIRA (2007). Adaptado. As fórmulas desta planilha são as seguintes: calcule 20.000,00 * 20%, depois divida o valor por 12 meses; para ter o valor mensal de depreciação = (C2*A4)/12, não esqueça que devem ser colocados os parênteses “( )”. Depois, coloque o seguinte comando na linha B6 =B$4; essa fórmula copiará o conteúdo da célula B4, na qual deve estar a fórmula do cálculo do valor mensal de depreciação. Após esse comando, você deve, na coluna de saldo, calcular o valor original menos a depreciação mensal e, nas linhas a seguir, você deve copiar as fórmulas. Observação: na linha do mês de janeiro, você deve subtrair o valor mensal de depreciação do valor original; a partir do mês de fevereiro, você deve subtrair do saldo anterior, ou seja, do saldo de janeiro e assim sucessivamente. , 36 Apropriação de Férias e 13º Salário Esta planilha deve conter os seguintes dados: nome do funcionário, data de admissão e valor do salário. Após obter esses dados, temos condições de calcular quanto de direito tem o funcionário em relação às férias e ao 13º salário. Depois de apurados esses dados, calculamos o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) referentes aos proventos. Tabela 2.2 – Lançamentos de Janeiro Lançamentos – Janeiro Admissão Salário Férias 1/3 s/férias FGTS/Férias INSS s/férias 13º sal. FGTSs/13º INSSs/13º José da Silva 5/ago 890,00 74,17 24,72 8,41 27,49 74,17 6,30 20,62 João da Silva 9/set 1.200,00 100,00 33,33 11,33 37,07 100,00 8,50 27,80 Maria da Silva 1/dez 500,00 41,67 13,89 4,72 15,44 41,67 3,54 11,58 Total 31/jan 2.590,00 215,83 71,94 24,46 80,00 215,83 18,35 60,00 Fonte: PEREIRA (2007). Adaptado. Tabela 2.3 – Posição das Provisões de JaneiroPosição das Provisões – Janeiro Admissão Salário Férias Férias 1/3 s/ férias FGTS/ Férias INSS s/ férias 13º sal. 13º sal. FGTSs/13º INSSs/13º José da Silva 5/ago 890,00 5/12 370,83 123,61 42,03 137,46 1/12 74,17 6,30 20,62 João da Silva 9/set 1.200,00 4/12 400,00 133,33 45,33 148,27 1/12 100,00 8,50 27,80 Maria da Silva 1/dez 500,00 1/12 41,67 13,89 4,72 15,44 1/12 41,67 3,54 11,58 Totais 2.590,00 812,50 270,83 92,08 301,17 215,83 18,35 60,00 Fonte: PEREIRA (2007). Adaptado. Na primeira parte da planilha, temos o título “Lançamentos – Janeiro” e os dados ali colocados servem para a contabilidade, ou seja, os saldos totais são os valores a serem usados nos lançamentos contábeis. , 37 Na primeira coluna, temos os nomes dos funcionários; na outra, a data de admissão e o valor dos salários. Depois disso, temos o valor a ser lançado na contabilidade do mês de janeiro referente ao valor de 1/12 de férias. A fórmula de cálculo usada foi a seguinte: salário/12, que representa o valor das férias em janeiro; depois, pegamos esse valor e dividimos por 3: =D3/3; esta foi a fórmula usada na coluna E, na linha 3. Depois disso, calculamos o valor do FGTS sobre esses dois valores; a fórmula usada na coluna F foi a seguinte: =(D3+E3)*8,5%. Somamos o valor das férias e 1/3 sobre férias e calculamos o valor do FGTS sobre os proventos; depois, calculamos 1/12 do 13º Salário, utilizamos a mesma fórmula para calcular o valor das férias e repetimos os comandos para os cálculos dos encargos. Atenção: As fórmulas só devem ser feitas na primeira linha da planilha; para as outras linhas, utilizamos o comando de copiar e colar. Depois de calculados os dados dos funcionários, somamos as colunas, para termos os totais de cada item. Os lançamentos contábeis são: • Férias D – Férias (Grupo de Contas de Despesas); C – Provisão de Férias (Passivo Circulante); H – Valor Provisão de Férias mês 01.XX Valor – R$ 215,83. • 1/3 Férias D – Férias (Grupos de Contas de Despesas); C – Provisão de Férias (Passivo Circulante); H – Valor Provisão 1/3 sem Férias mês 01.XX Valor – R$ 71,94. , 38 • FGTS sem Férias D – FGTS (Grupo de Contas de Despesas) C – Provisão FGTS (Passivo Circulante); H – Valor Provisão FGTS sem Férias mês 01.XX; Valor – R$ 24,46. • INSS sem Férias D – INSS (Grupo de Contas de Despesas); C – Provisão INSS (Passivo Circulante); H – Valor Provisão INSS sem Férias mês 01.XX; Valor – R$ 80,00. • 13º Salário D – 13º Salário (Grupo de Contas de Despesas); C – Provisão 13º Salário (Passivo Circulante); H – Valor Provisão 13º Salário mês 01.XX; Valor – R$ 215,83. • FGTS sem 13º Salário D – FGTS (Grupo de Contas de Despesas); C – Provisão FGTS (Passivo Circulante); , 39 H – Valor Provisão FGTS sem 13º Salário mês 01.XX; Valor – R$ 18,35. • INSS sem 13º Salário D – INSS (Grupo de Contas de Despesas); C – Provisão INSS (Passivo Circulante) H – Valor Provisão INSS sem 13º Salário mês 01.XX; Valor – R$ 60,00 Quando efetuados os pagamentos das férias ou do 13º salário, os valores devem ser baixados das contas do Passivo Circulante, pois as despesas já foram contabilizadas na época em que ocorreram. Isso também serve para os impostos/encargos referentes aos proventos. 2.3 Cálculos – Estoque – Método = Média Ponderada (PEREIRA, 2007) Para ter o controle dos estoques e saber o montante final em quantidade e valor, temos que ter fichas de controle de estoque, nas quais devemos indicar todas as entradas e saídas em quantidade e valor. Além dessas informações, na ficha, teremos ainda que informar o Custo das Mercadorias Vendidas (CMV). A forma de apuração do CMV é por meio da seguinte fórmula: CMV = EI + C – EF, em que CMV é o Custo das Mercadorias Vendidas, EI é o estoque inicial, C é a compra de novas mercadorias e EF é o estoque final. Se houver devolução, a fórmula fica CMV = EI + (C – Compras canceladas) – EF. , 40 Para o exemplo, utilizaremos a seguinte condição: Compra de Mercadorias: 05/01 – 100 unidades a R$ 150,00 06/01 – 100 unidades a R$ 150,00 09/01 – 150 unidades a R$ 180,00 15/01 – 180 unidades a R$ 200,00 20/01 – 160 unidades a R$ 190,00 25/01 – 170 unidades a R$ 210,00 Venda de Mercadorias: 08/01 – 75 unidades 12/01 – 135 unidades 18/01 – 127 unidades 22/01 – 138 unidades 31/01 – 160 unidades Neste momento, já podemos montar a planilha no Excel para calcular o estoque referente ao mês de janeiro/XX. Consideraremos, na planilha, um estoque inicial de 75 unidades, ao valor de R$ 100,00, e uma margem de lucro de 30% sobre a venda, portanto, nossa venda terá o valor de R$ 206.830,00. , 41 Tabela 2.4 – Controle de Estoque Fonte: O autor. Temos, nesta planilha, o cálculo efetuado pelas médias das compras de mercadorias. Observe, na coluna de saldo, que, antes de baixar a venda, calculamos quanto vale cada item do estoque pelo valor médio. O resultado por esse método seria: Tabela 2.5 – Resultado Fonte: O autor. 2.4 Escrituração Contábil Fabretti (2009) afirma que, para produzir uma boa escrituração contábil, são indispensáveis instrumentos e métodos adequados. O autor traz ensinamentos a respeito da escrituração contábil, conforme segue. , 42 Atenção A não apresentação dos arquivos escriturados é sujeita à multa de R$ 5.000,00 por mês ou fração! Livros de Escrituração A legislação comercial e fiscal exige a escrituração dos atos e fatos administrativos da empresa em livros próprios. O Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração (DREI), que substituiu o DNRC – Departamento Nacional de Registro do Comércio, por meio da Instrução Normativa nº 81 de 10 de junho de 2020, que dispõe sobre as normas e diretrizes gerais do Registro Público de Empresas, bem como regulamenta as disposições do Decreto nº 1.800, de 30 de janeiro de 1996, dando continuidade ao processo de simplificação e modernização da escrita fiscal, veio permitir a validade de arquivamento de documentos e livros na forma eletrônica, desde que assinados com certificado da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP – Brasil), atendendo, assim, ao projeto maior do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), incluindo nesse processo o livro Diário e o Razão. A Instrução Normativa RFB nº 787/07 estabelece, também, a obrigatoriedade da Escrituração Contábil Digital (ECD), para fins fiscais e previdenciários, para as empresas que apuram seus impostos pelo lucro real, a partir de 2009. Para os demais regimes, o procedimento é facultativo. Diário É o livro mais antigo, exigido como obrigatório pelo Código Comercial (Lei nº 556, de 25 de junho de 1850), em seus artigos 11 e 12. Embora a linguagem empregada seja a de 1850, não é difícil entender suas determinações, razão pela qual essa redação nunca foi alterada. , 43 Atenção, caro(a) aluno(a), para entender que, em decorrência do Código Comercial, escrituração mercantil e escrituração comercial são sinônimos de escrituração contábil. São empregadas, nesse mesmo sentido, também na legislação tributária. O novo Código Civil, instituído pela Lei nº 10.406, publicada no Diário Oficial da União de 11 de janeiro de 2002, revoga a Parte Primeira do Código Comercial, em que se encontravam as supracitadas normas sobre a escrituração e o livro Diário (artigo 2.045). Esse Código introduziu, no Livro II – Do Direito de Empresa –, as normas sobre o empresário, as sociedades, o estabelecimento, o nome empresarial, os prepostos (entre eles, o contabilista) e a escrituração. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme deseus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. § 1º Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros ficam a critério dos interessados. § 2º É dispensado da exigência deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970. Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e do resultado econômico. Art. 1.183. A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras emendas ou transportes para as margens. Parágrafo único. É permitido o uso de código de números ou de abreviaturas, que constem de livro próprio, regularmente autenticado. Art. 1.184. No Diário serão lançadas, com individuação, clareza e caracterização do documento respectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todas as operações relativas ao exercício da empresa. § 1º Admite-se a escrituração resumida do Diário, com totais que não excedam o período de trinta dias, relativamente a contas cujas operações sejam numerosas ou realizadas fora da sede do estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares regularmente autenticados, para registro individualizado, e conservados os documentos que permitam a sua per- feita verificação. , 44 § 2º Serão lançados no Diário o balanço patrimonial e o de resultado econômico, devendo ambos ser assinados por técnico em Ciências Contábeis legalmente habilitado e pelo empresário ou sociedade empresária. (BRASIL, 2002, s. p.). Razão Tornou-se obrigatório pela legislação do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), a partir do ano calendário de 1992, por determinação das Leis nº 8.218/91, artigo 14, e nº 8.383/91, artigo 62, consolidada no artigo 274 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR). Antes, era facultativo. Na realidade, para o gerenciamento da contabilidade, ele é o livro principal, porque permite a visualização imediata da posição de cada elemento do patrimônio e de suas mutações. É um livro de ordem sistemática, classificada por contas e subcontas, com os respectivos débitos e créditos escriturados em ordem cronológica. Assim, ele tem como função principal demonstrar a situação de cada subconta e, secundariamente, os respectivos lançamentos em ordem cronológica. Exemplo: Conta – Despesas de Vendas 1º grau Subcontas 2º grau Comissões Propaganda Fretes e Carretos Seu nome – Razão (do italiano ragione) – deriva de sua ordem lógica e sistemática, que permite raciocinar (ragionare) sobre o estado de contas da entidade. Na Itália, berço da Contabilidade (Luca Pacioli, 1447-1517, considerado o pai da Contabilidade), o contador é denominado ragionieri (aquele que organiza a razão). , 45 Caixa É um livro facultativo, no qual é registrado o movimento financeiro da empresa. Se autenticado da maneira que explicaremos a seguir, passa a ter valor de livro auxiliar e é possível lançar no livro Diário os totais mensais do Caixa, conforme disposto no artigo 258, § 5º, do RIR. No entanto, ele tornou-se obrigatório para a pessoa jurídica que optar pelo lucro presumido, a partir de 1º de janeiro de 1995, como dispõe o artigo 45, parágrafo único, da Lei nº 8.981/95, bem como para as micro e pequenas empresas que se enquadrarem no Simples (Lei nº 9.317/96, art. 7º, § 1º, letra “a”). A legislação do Imposto de Renda exige, tanto para o lucro presumido quanto para o Simples, a escrituração de todos os movimentos financeiros, inclusive o bancário. Escriturar o livro Caixa com todos os movimentos financeiros, inclusive o movimento bancário, é preparar 90% da contabilidade. Os lançamentos que faltam para a contabilidade completa podem ser feitos por partidas mensais, desde que registrados como livros auxiliares alguns livros fiscais, como os do ICMS (o de entrada e o de saída), cujos totais podem ser lançados, indicando as folhas dos livros de origem. Outros Livros Auxiliares da Contabilidade Atualmente, nas empresas de maior porte, trabalha-se com programas específicos de Contas a Receber e Contas a Pagar por computação eletrônica. Essa escrituração, depois de impressa, encadernada e registrada no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, passa a ter valor de livro auxiliar. Seu movimento pode ser lançado por totais mensais Atenção Um Plano de Contas padronizado, para ser aplicável a todas as empresas, deve reunir e compatibilizar duas características: uniformidade e flexibilidade. , 46 no livro Diário, conforme disposto no artigo 258, § 1º, do RIR. O mesmo procedimento aplica-se aos programas de folha de pagamento, escrituração fiscal e estoques. Essas medidas visam a descentralizar o registro e o controle das operações contábeis em diferentes programas, operados por diferentes pessoas. No final de cada mês, são integrados à contabilidade os seus resultados totais, agilizando-a e evitando a repetição de registros e controles. Esse método dá mais certeza da exatidão de cálculos feitos por computação registrados no Diário e Razão ao mesmo tempo, o que evita a possibilidade de erros de transcrição. 2.5 Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) Instituído pelo Decreto nº 6.022/07, [o projeto SPED faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal (PAC 2007- 2010) e] constitui-se em mais um avanço na informatização da relação entre o Fisco e os contribuintes. Consiste na modernização da sistemática atual do cumprimento das obrigações acessórias, transmitidas pelos contribuintes às administrações tributárias e aos órgãos fiscalizadores, utilizando-se da certificação digital para fins de assinatura dos documentos eletrônicos, garantindo assim a validade jurídica dos mesmos apenas na sua forma digital. (RECEITA FEDERAL, s.d., s.p.). O SPED é composto por grandes subprojetos: 1. Escrituração Contábil Digital (ECD); 2. Escrituração Fiscal Digital (EFD); 3. Nota Fiscal Eletrônica (NF-e); 4. Nota Fiscal de Serviços Eletrônica (NFS-e); 5. Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e); 6. Livro de Apuração do Lucro Real Eletrônico (e-Lalur); 7. Central de Balanços. , 47 Além disso, representa uma iniciativa integrada das administrações tributárias, nas três esferas governamentais (federal, estadual e municipal). Os livros e documentos inseridos no projeto SPED são emitidos em forma eletrônica, observado o disposto na Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001, que instituiu a ICP-Brasil, transformou o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação em autarquia e deu outras providências. O disposto nessa base legal não dispensa o empresário e a Sociedade Empresária de manterem sob sua guarda e responsabilidade os livros e documentos na forma e prazos previstos na legislação aplicável. Os arquivos gerados para envio ao ambiente SPED devem ser transmitidos via sistema próprio, disponibilizado pela Receita Federal no site da instituição (Disponível em: . Acesso em: 10 fev. 2021). O programa Receitanet SPED pode ser utilizado nos sistemas operacionais descritos no site, desde que obedecidas as seguintes instruções: A máquina virtual Java (JVM), versão 1.5.0 ou superior, deve estar instalada, pois o programa desenvolvido em Java não pode ser executado sem a JVM. Versões anteriores da JVM são incompatíveis com o programa; selecione o programa de acordo com o sistema operacional, faça o download e o instale. Os objetivos do SPED são: • Redução de