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Contabilização dos Efeitos dos Ajustes da Demonstração do Lucro Real I Apresentação Na apuração do resultado tributável, devem ser observadas as regras trazidas pela legislação fiscal. As diferenças entre o lucro contábil e o lucro tributável podem ser temporárias ou permanentes. As diferenças são temporárias quando os seus efeitos fiscais são suscetíveis de compensação em período(s) seguinte(s) ou que constituem compensações de período(s) anterior(es). Já as diferenças entre a base fiscal e a contabilística são permanentes quando os efeitos fiscais não são suscetíveis de compensação em período(s) seguinte(s) ou que não constituem compensações de períodos anteriores. Nesta Unidade de Aprendizagem você vai estudar a Contabilização dos Efeitos dos Ajustes da Demonstração do Lucro Real I, ou seja, as adições permanentes e temporárias e as exclusões permanentes e temporárias. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os conceitos dos ajustes fiscais da demonstração do Lucro Real.• Apurar com exatidão os resultados de um determinado período, para fins de apuração do IRPJ e da CSLL. • Identificar quais as obrigações acessórias geram uma empresa optante pelo regime Lucro Real.• Desafio O cálculo das antecipações mensais e/ou ajuste anual com base na contabilidade deve ser feito através da escrituração do LALUR (Livro de Apuração do Lucro Real). A partir do resultado societário antes do cálculo dos impostos (LAIR), deve-se, com base na legislação tributária, realizar os ajustes necessários para que se obtenha o resultado fiscal (Lucro Real ou Prejuízo Fiscal). Este resultado fiscal é ajustado por adições de despesas não dedutíveis e exclusões de receitas não tributáveis, de acordo com o Decreto no 9.580/2018 (Regulamento do Imposto de Renda - RIR). Você trabalha na contabilidade de uma grande empresa e chegou o momento de fazer o cálculo e os ajustes do imposto de renda da empresa. Da mesma forma como faz todos os anos. Tendo como base as informações sobre o imposto de renda: 1) Explique quais são as adições para ajustar o Lucro Líquido. 2) Explique quais são as exclusões e as compensações. Infográfico Na contabilidade são feitos os lançamentos de todos os custos e despesas para se apurar o lucro real de uma empresa. Da receita, são deduzidos todos os custos e despesas sem fazer distinção até chegar ao lucro líquido. Mas, nem todas essas deduções são consideradas no momento de se fazer a apuração do imposto de renda, é necessário analisar e verificar a legislação sobre o que pode ser deduzido do lucro ou não e fazer os ajustes necessários. Com o infográfico, você poderá compreender os conceitos e os exemplos da Contabilização dos Efeitos dos Ajustes da Demonstração do Lucro Real para que possa aplicar e executar com êxito. Conteúdo do livro A identificação do Lucro Real da empresa se dá pela apuração do lucro líquido de cada período de apuração com os devidos critérios das leis comerciais. Assim as empresas que optam ou são obrigadas a se declararem pelo Lucro Real poderão apurar o lucro e recolher o IRPJ e a CSLL anualmente ou trimestralmente, ficando a critério da empresa o seu período de apuração. Você entenderá melhor o que foi apresentado, acompanhando a leitura do capítulo Contabilização dos Efeitos dos Ajustes da Demonstração do Lucro Real I do livro Contabilidade Tributária. Boa leitura. CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA Ramon Alberto Cunha de Faria As empresas podem optar geralmente pelos seguintes regimes tributários: Lucro real. Lucro presumido. Lucro arbitrado – geralmente imposto pelo fisco. Simples nacional. O regime tributário mais completo e complexo é o lucro real, no qual as empresas deverão apurar seu lucro líquido contábil com observância das Leis nº 6.404/78 e 11.638/2009, ambas leis que regem as sociedades por ações. Ajustados após o lucro líquido contábil das adições, exclusões e compensações demonstrados no Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR), no qual está prescrito o regulamento do Imposto de Renda (RIR/2018). A finalidade do lucro real é servir de base cálculo para a apuração do IR e da contribuição social. Obrigatoriedade pelo regime tributário lucro real São obrigados a optar pelo regime tributário do lucro real as seguintes situações: Atividades empresariais que sejam de instituições financeiras – bancos comerciais, sociedades de créditos mobiliários e quaisquer entidades de fomento de crédito mercantil. As empresas que obtiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital que provenham do exterior. As empresas que se beneficiem de alguns incentivos fiscais como, SU- DENE, SUDAM entre outros. As empresas que no decorrer do ano de pagamento do IR e da contri- buição social pelo regime de estimativa, conforme disciplina o artigo 2º da Lei nº 9.430/1996. Empresas que prestem serviços descritos em seu contrato social de Factoring. Há outros requisitos a serem observados pela legislação tributária, mas o mais importante é o limite da receita bruta anual para fins fiscais. Livro de Apuração do Lucro Real - LALUR O LALUR é um livro estritamente fiscal, disciplinado pelo RIR/2018, mais especificamente em seu artigo 277. Hoje o LALUR está representado pela escrituração contábil fiscal (ECF), um dos módulos de cruzamento de informações operado pelo sistema de es- crituração pública digital – SPED, em que foi extinta a antiga declaração de informações econômico-fiscais da pessoa jurídica (DIPJ), dando lugar a nova obrigação acessória ECF, cruzando todas as informações no que tange a apu-ração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Seu modelo tem em duas partes: Parte A – realiza-se os lançamentos de ajustes ao lucro líquido contábil, em que as despesas e valores excluídos da apuração do lucro real corres- pondem ao mesmo período de contabilização e para fins fiscais. Caso em eventos futuros venha a ocorrer a tributação o lançamento, terá sempre caráter de indedutibilidade do valor da apuração do lucro real. Parte B – realiza-se os lançamentos dos valores que afetarão a apu- ração do lucro real em períodos futuros, como a ocorrência de preju- ízos físicas, equivalência patrimonial, dividendos recebidos e etc. As adições são acréscimos aos valores do lucro líquido contábil e, para fins fiscais, não é permitida sua dedução do lucro ou consideração dos rendimentos. São exemplos de adições: Alimentação dos sócios e administradores. Multas por infrações fiscais. Brindes. Multas por infrações penais, de trânsito e outras. Exclusões são valores dedutíveis do lucro líquido para fins de apuração do lucro real. São exemplos de exclusões: Os valores cuja escrituração contabilmente não tenha sido dedutível do lucro líquido e que, por força da legislação tributária, poderão ser. Os rendimentos, receitas e quaisquer ganhos que foram computados para apuração do lucro líquido e, peloRIR, deverão ser excluídos para fins de apuração do lucro real. O prejuízo fiscal apurado em períodos anteriores poderá ser compensado com lucros futuros, limitados a 30% do lucro líquido, ajustado pelas adições e exclusões, desde que a empresa mantenha o controle dos prejuízos fiscais uti- lizados em livro próprio, conforme exigidos pela legislação tributária. As adições permanentes são acréscimos de valores ao lucro real que serão indedutíveis, mesmo que o evento aconteça em períodos futuros. As adições são valores representados por despesas que estão contabili- zadas, porém indedutíveis para apuração do lucro real, nessa situação, os va- lores que serão adicionados no cálculo do lucro real serão demonstrados no LALUR e ajustados para o cálculo. Temos como exemplo das adições permanentes: Brindes – despesas contabilizados dedutível para fins contábeis, porém adicionadas ao lucro real – fiscal, sendo considerado dedutível seu valor do lucro real. Aplica-se ao cálculo do IRPJ e a CSLL. Resultado negativo equivalência patrimonial – despesas contabilizadas e dedutíveis para fins contábeis, porém adicionadas ao lucro real – fiscal, sendo considerado dedutível seu valor de lucro real. Aplica-se ao cálculo do IRPJ e a CSLL. Multas punitivas e por infrações de trânsito – despesas contabili- zadas dedutíveis para fins contábeis, porém adicionadas ao lucro real – fiscal, sendo considerado dedutível seu valor de lucro real. Aplica-se somente ao cálculo do IRPJ, sendo dedutível para fins de cálculo da CSLL. Convênio médicos dos sócios e diretores – despesas contabilizados de- dutível para fins contábeis, porém adicionadas ao lucro real – fiscal, sendo considerado dedutível seu valor do lucro real. Aplica-se somente ao cálculo do IRPJ, sendo dedutível para fins de cálculo da CSLL. As adições e exclusões temporários estão ligadas a eventos futuros, que afe- tarão a apuração do lucro real, fazendo com que se provisione também a in- cidência do IRPJ e da CSLL diferidos, ou seja, que incidirão em períodos futuros. São valores com custos e despesas que não são dedutíveis temporaria- mente, porém em evento futuro serão excluídos da apuração do LALUR. A contabilidade se limita a registrar situações existentes factualmente à data das demonstrações financeiras e contábeis, porém, para fins fiscais, eventos futuros serão decisivos para fins de apuração do lucro real. São alguns exemplos de adições e exclusões temporárias: Depreciação acelerada incentivada – de acordo com a lei, a parcela de depreciação acelerada incentivada será excluída do lucro líquido con- tábil para fins de apuração do lucro real, e será controlada no LALUR. Provisão para contingencia trabalhista – é uma condição de uma perda real, portanto depende de eventos futuros para que sua realização acon- teça. Contudo, para fins fiscais terão de ser provisionadas as contas que afetarão a apuração do lucro real, adicionando ou excluindo valores para determinar o cálculo do IRPJ e da CSLL. Provisão para devedores duvidosos – são valores lançados na conta- bilidade, porém com efeito meramente de provisionamento, ou seja, antecipação da ocorrência de um fato, neste caso, a possível perda dos valores a receber de cliente. Essa provisão não terá impacto momenta- neamente para fins de apuração do lucro real, porém terá de ser eviden- ciada sua futura exclusão ao lucro real. As adições e exclusões serão sempre atribuídas aos lançamentos contábeis que ainda não concretizaram seus eventos para fins de tributação, mais espe- cificamente, para apuração do lucro real. Assim, não pode ser afetada a base de cálculo do imposto corrente, porém terá de ser demonstrada e controlada paralelamente por livro fiscal. O prejuízo fiscal é o resultado negativo da apuração do lucro líquido contábil mais as adições e exclusões, ou seja, despesas que o fisco não deixa deduzir do lucro e receitas que o fisco permite que seja excluída do lucro real. O valor que resulta dessa fórmula, se realiza de maneira negativa, em que as somas dos custos e as despesas fiscais ultrapassam a soma das receitas fiscais, dando, assim, um resultado chamado prejuízo fiscal. O valor que é obtido como prejuízo fiscal é considerado perante ao fisco como um resultado negativo patrimonial, e permite que a pessoa jurídica optante pelo regime tributário do lucro real realize parte do seu valor para diminuir o lucro futuro para fins de tributação do IRPJ. Para o valor do prejuízo fiscal ser abatido do lucro de um período futuro, deve-se obedecer algumas regras fiscais: Controlar em um livro extrafiscal os valores de compensação do lucro com os prejuízos fiscais. Limitar a compensação do prejuízo fiscal à 30% em relação ao lucro do período de compensação (a chamada “trava dos 30%”), em que o governo restringe a compensação de somente trinta por cento do lucro com o prejuízo fiscal. Exemplos de cálculo - prejuízo fiscal Prejuízos fiscais são valores decorrentes do resultado negativo da base de cálculo do lucro real para fins de tributação do IR e da contribuição social. O prejuízo fiscal é classificado como um ativo fiscal diferido, e o seu re- conhecimento para fins de compensação com lucros futuros deverá ser feito se for realmente reconhecido lucro futuro, por meio de uma análise minuciosa na expectativa de rentabilidade do negócio. Deverá reconhecer o ativo fiscal diferido em relação aos prejuízos fiscais sempre que for possível evidenciar um lucro futuro tributável e suficiente para compensar com os prejuízos fiscais. Conteúdo: Dica do professor Para a apuração do lucro real, as empresas precisam fazer alguns ajustes que são adições ou exclusões da base de cálculo. Isso é necessário, pois nem todos os custos e despesas do período são dedutíveis para fins de apuração do imposto de renda. Após feitos esses ajustes é necessário fazer sua contabilização. Assista no vídeo alguns conceitos sobre Contabilização dos Efeitos dos Ajustes da Demonstração do Lucro Real, pois através deles é possível a aplicação dos objetivos propostos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/7f81f33a992d86e031ecaf4fa45935de Exercícios 1) Entende-se por Lucro Real tributável: A) É o lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões ou compensações previstas ou autorizadas pela legislação fiscal. B) São contribuintes e, portanto, estão sujeitas ao pagamento do Imposto de Renda da pessoa jurídica, as pessoas jurídicas e as pessoas físicas a elas equiparadas domiciliadas no País. C) É o lucro bruto do período de apuração desajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação fiscal. D) As pessoas jurídicas poderãoapurar o Imposto de Renda com base no Lucro Real, presumido ou arbitrado, determinado por períodos de apuração trimestral encerrado em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário. E) O Lucro Real será determinado a partir do lucro líquido do período de apuração, obtido na escrituração comercial e demonstrado no LALUR. 2) Serão adicionados ao lucro líquido: A) Os valores cuja dedução seja autorizada pela legislação tributária e que não tenham sido computados na apuração do lucro líquido do período de apuração. B) Os prejuízos fiscais de períodos de apuração anteriores, desde que observados o limite máximo de 30% do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação tributária. C) Custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer outros valores deduzidos na apuração do lucro líquido que, de acordo com a legislação tributária, não sejam dedutíveis na determinação do Lucro Real. D) Escrituração Contábil Digital e SPED Fiscal Contábil. E) Resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com o regulamento, não sejam computados no Lucro Real. 3) Os impostos calculados pela opção do Lucro Real são: A) ICMS e IPVA. B) ISSQN e ITBI. C) FGTS e INSS. D) PIS e COFINS. E) IRPJ e CSLL. 4) Serão excluídos ao lucro líquido: A) Resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores não incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com a legislação tributária, devam ser computados na determinação do Lucro Real. B) Resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com a legislação tributária, não sejam computados na determinação do Lucro Real. C) Poderão ser compensados, total ou parcialmente, à opção do contribuinte, os prejuízos fiscais de períodos de apuração anteriores, desde que observado o limite máximo de 30% do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação tributária. D) Resultados negativos de 3 equivalências patrimoniais, custos e despesas não dedutíveis. E) A pessoa jurídica sujeita à tributação com base no Lucro Real poderá, opcionalmente, pagar o Imposto de Renda mensalmente, determinado sobre base de cálculo estimada. Nessa hipótese, deverá fazer a apuração anual do Lucro Real em 31 de dezembro de cada ano- calendário. 5) À opção da pessoa jurídica, o IRPJ e a CSLL poderão ser pagos em até três quotas mensais, iguais e sucessivas, vencíveis no último dia útil dos três meses subsequentes ao do encerramento do período de apuração a que corresponder. O valor da quota mínima é: A) Nenhuma quota poderá ter valor inferior a R$ 1.000,00. B) O valor da quota deverá ser R$ 950,00. C) O mínimo da quota do IRPJ e CSLL é de R$ 800,00. D) O valor da quota máxima é de R$ 1.000,00. E) Nenhuma quota poderá ter valor inferior a R$ 500,00. Na prática A pessoa jurídica optante pelo Lucro Real irá apurar o IRPJ a alíquota de 15% conforme legislação fiscal vigente, mais precisamente o RIR/2018. A parcela do Lucro Real ou da base de cálculo excedente ao valor resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de meses do respectivo período de apuração, ficará sujeita à incidência de adicional de imposto à alíquota de 10% (dez por cento). O adicional será pago juntamente com o IRPJ a alíquota de 15%, emitida em uma única guia de recolhimento. Observe algumas das obrigações acessórias, porém não são exclusivas para o Lucro Real. Estas declarações são obrigatórias para demais formas de tributação: • DCTF periodicidade mensal; • GIA (caso a empresa venda mercadorias) periodicidade mensal; • SPED CONTÁBIL periodicidade anual; • SPED FISCAL – ICMS/IPI periodicidade mensal; • EFD CONTRIBUIÇÕES – PIS/COFINS periodicidade mensal; • ECF – ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL FISCAL periodicidade anual; • ECD - ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL DIGITAL periodicidade anual; • PER/DCOMP – (caso tenha saldo negativo – ou realizado pagamento indevido ou em duplicidade); • DIRF periodicidade anual. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Lucro presumido No link abaixo você vai ver um vídeo sobre como calcular o IRPJ e a CSLL pelo regime do lucro presumido. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Apuração do lucro real No link abaixo você vai ver um vídeo que demonstra como fazer a apuração do lucro real do IRPJ e da CSLL. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Lucro real ou presumido: qual o melhor? Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/hEAmDEvVw-Y https://www.youtube.com/embed/1bea_d2jx78 https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/lucro-real-ou-presumido-qual-o-melhor,fac8a0b77d29e410VgnVCM1000003b74010aRCRD Contabilização dos Efeitos dos Ajustes da Demonstração do Lucro Real II Apresentação Você sabia que o lucro real é o lucro líquido contábil do período ajustado pelas adições, exclusões e compensações prescritas ou autorizadas pela legislação? O imposto diferido são as diferenças entre o lucro contábil e o lucro tributável em um determinado exercício, que podem ser temporárias ou permanentes. Já a reavaliação de ativos é permitida em certas condições, porém, não afeta o resultado tributável no período em que ocorre; por outro lado, a base fiscal do ativo não é ajustada. A diferença entre o valor contábil de um ativo reavaliado e sua base fiscal constitui uma diferença temporária e dá origem à obrigação fiscal diferida. Assim, mesmo que a entidade não pretenda alienar o ativo, o valor contábil reavaliado é o que será recuperado através da depreciação ou exaustão, gerando, portanto, uma receita tributável correspondente ao excesso de depreciação contábil em relação àquela permitida para fins fiscais. Nesta Unidade de Aprendizagem você vai estudar a contabilização dos efeitos dos ajustes da demonstração do lucro real, ou seja, as adições permanentes e temporárias: reserva de reavaliação e outros diferimentos e realizações. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Conceituar adições permanentes e temporárias no lucro real.• Identificar a reserva de reavaliação.• Reconhecer as possíveis hipóteses e procedimentos de reavaliação.• Desafio De acordo com a NPC 24, a reavaliação significa a adoção do valor de mercado para os bens reavaliados, abandonando-se, para estes, o princípio de custo original corrigido monetariamente. Objetiva, conceitualmente, que o balanço reflita os ativos a valores mais próximos aos de reposição. Permite, ainda, que os valores dos bens do imobilizado reavaliados sejam apropriados, através da depreciação, aos custos ou despesas pelos novos valores, apurando resultados operacionais mais consentâneos com o conceito de reposição dos ativos. Você trabalha como contador de uma grande empresa. O diretor pediu informações sobre a reavaliação de ativos para saber um pouco mais sobre o assunto. Diante do exposto acima: 1) Identifique as hipóteses de reavaliação possíveis. 2) Conceitue os procedimentos para reavaliação e laudo de avaliação. Infográfico No lucro real, após a apuração do lucro das empresas é necessário analisar os custos e despesas e verificar se tem algum que precisa ser excluído da base de cálculo ou adicionado. Isso se deve ao fato de que existem despesas que a legislação não permite que reduzam o lucro para fins de cálculo do IRPJ. Somente após essas adições e exclusões que deverá ser feito o cálculo do imposto e seu pagamento. Com o infográfico, você poderá compreender os conceitos e exemplos das adições permanentes e temporárias, para que possa aplicá-las e executá-las com êxito. Conteúdo do livroO lucro real é o lucro líquido apresentado em lançamentos contábeis do período, ajustado pelas adições, exclusões ou compensações autorizadas pela legislação. "Lucro" é o resultado positivo da soma de todas as receitas auferidas, menos todos os custos e despesas, é conhecido como resultado contábil (econômico) e é denominado lucro líquido. Você entenderá melhor o que foi apresentado acompanhando a leitura do livro "Contabilidade tributária", iniciando no Capítulo - 17 Contabilização dos efeitos dos ajustes da demonstração do lucro real II. Boa leitura. CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA Ramon Alberto Cunha de Faria As adições e as exclusões são ajustes fiscais ao lucro líquido contábil, para determinar o lucro real. As adições e as exclusões podem ser permanentes ou temporárias, dependendo se o evento futuro afetará ou não a tributação da empresa. A finalidade desses ajustes é considerar despesas como não dedutíveis e receitas dedutíveis para fins de tributação do imposto de renda de pessoa jurí- dica (IRPJ) e da contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL). Sua forma de controle é feita pelo livro de apuração do lucro real (LALUR), no qual a parte A controla as adições e as exclusões do período corrente, e a parte B, as adições e as exclusões temporárias, que acontecerão em decor- rência de eventos futuros e não afetarão a tributação do IRPJ e da CSLL; e o controle das compensações com prejuízos fiscais. A empresa que apurar um lucro contábil diferente do lucro tributável terá uma diferença nos resultados, pois a contabilidade obedece a um postulado e, nesse caso, o princípio da competência norteia os lançamentos contábeis, que para fins fiscais devem obedecer às legislações tributárias. As diferenças entre o lucro contábil e o lucro tributável são permanentes ou temporárias, em que as permanentes não afetarão o lucro tributável no período corrente; e as diferenças temporárias afetarão o lucro tributável em períodos posteriores. A provisão para contingência trabalhista é um exemplo de diferença tem- porária, na qual a decorrência de uma expectativa de perdas futuras sobre processos de cunho trabalhistas deverá ser adicionada ao lucro tributável no período de apuração corrente e, quando a provisão se realizar, por meio de uma sentença judicial determinando o valor correto da perda, terá de realizar o ajuste da exclusão da apuração do lucro tributável. Veja um exemplo de contabilização de uma provisão trabalhista para fins de cálculo do IRPJ e CSLL: Exemplo 1: Provisão para contingência R$ 30.000,00 IRPJ e CSLL diferidos (25% + 9% = 34%) = R$ 10.200,00 Débito: ativo fiscal diferido Crédito: provisão para IRPJ e CSLL _________ R$ 10.200,00 A alíquota de 25% de IRPJ considera os 15% de IRPJ, somando os 10% de adicional, com base na apuração do Lucro Real considerando os lucros acima de R$ 20.000,00 mensais ou R$ 240.000,00 anuais. Lembrando que a alíquota de CSLL é de 9%. De acordo com o parágrafo 47 do CPC32, que trata dos tributos sobre o lucro. Exemplo 2: Suponha que a empresa recebeu uma sentença do juiz, fazendo pagar o valor que já estava provisionado no valor de R$ 30.000,00. Débito: provisão para IRPJ e CSLL Crédito: ativo fiscal diferido ______________ R$ 10.200,00 Estamos lidando apenas com a tributação sobre o lucro, não nos impor- tando com o pagamento da provisão, visto que o lançamento contábil é de fácil visualização, em que se debita da conta provisão para contingência tra- balhista e credita-se na conta caixa. Você pode ver que, no lançamento contábil do exemplo 2, a provisão é apenas baixada, visto que o pagamento do processo foi realizado, e o crédito diferido foi utilizado apenas neste momento. Reservas são os recursos que a empresa destina em seu patrimônio para fins determinados. As contas de reservas que as separam são lançadas no pa- trimônio líquido. As fontes das reservas podem vir de diversas formas, por exemplo, pelo lucro líquido apurado no período pela empresa, pela reavaliação nos ativos da empresa e demais hipóteses. Há diversos tipos de reservas, como você verá a seguir: Reserva de lucros: são aquelas que a empresa extrai do lucro líquido apurado, representados pelas reservas legais, reservas estatuárias e re- servas livres. Reserva legal: são constituídas mediante obrigação imposta por lei, no caso a Lei nº 6.404/76 em seu artigo 193, que diz que 5% do lucro líquido do exercício, antes de qualquer destinação, deve constituir a reserva legal, valor este limitado em 20% do capita social. Reservas estatutárias: são recursos criados e destinados em virtude das disposições contidas nos estatutos das companhias de capital aberto, em que será indicada, de modo preciso, sua finalidade, a parcela anual dos lucros líquidos que serão destinados para esta reserva e também o limite máximo para a sua composição. Reservas livres: são reservas criadas livremente por meio de assembleia geral, por órgãos da administração com fins específicos para contas contingenciais, ou seja, para reparar futuros prejuízos que acontecerão. Reservas de capital: de acordo com o artigo 182 da Lei nº 6.404/76 esta- belecem que as contas que serão registradas em reservas de capital serão: a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor no- minal, e a parte do preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada à formação do capital so- cial, inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias; o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição. A reavaliação é um critério de adoção do valor demarcado para bens reava- liados em substituição ao princípio do registro pelo valor original. O valor da reavaliação do ativo é a diferença entre o valor registrado na contabilidade e o valor do bem a preço de mercado, elaborado com base em laudo técnico realizado por, no mínimo, três peritos. Para que se entenda o critério de reavaliação é necessário quevocê com- preenda algumas definições: Custo – valor de aquisição de determinado ativo imobilizado registrado ou atribuído ao valor de mercado, para situação em que ocorra doações. Valor líquido contábil – montante registrado pelo registro contábil lí- quido na data de aquisição do bem, líquido e deduzidos dos valores de depreciação, amortização e ou exaustão e, também, deduzidos de possíveis ajustes do ativo ao seu valor recuperável. Valor de mercado – valor do bem ao qual a empresa, em determinada data, pretende liquida-lo e ache o valor correspondente a seu valor ori- ginal, ou seja, é um acréscimo ou decréscimo ao seu valor original, re- presentando seu valor de ativo perante ao mercado. A diferença desses ajustes é alocada como receita ou despesas futuras. A Lei 11.638/07 excluir qualquer menção sobre a reavaliação de ativos que estava na Lei 6.404/76, ficando vetado seu uso. Mas, somente serão feitas reavaliações em casos muito específicos e previstos em Lei. Ajustes de reavaliação Quando o laudo da reavaliação de ativo tangível ou imobilizado, comparados com os valores registrados pela contabilidade for inferior ou superior, a em-presa deverá obedecer alguns critérios de ajustes para mais ou para menos. No caso em que o valor do ativo após a reavaliação for inferior ao valor já registrado pela contabilidade e, caso não tenha saldo em reservas, a empresa deverá proceder a verificação da possibilidade da recuperação do valor do ativo, sem registrar seus efeitos negativos. Caso a empresa tenha saldo de reservas de reavaliação, deverá reconhecer os efeitos negativos da reavaliação nos termos da lei. Contabilização da conta de reservas de reavaliação A diferença negativa entre o valor da reavaliação e o valor líquido contábil dever ser incorporado ao ativo objeto da reavaliação, nunca à conta chamada reserva de reavaliação, que será destinada a evidenciar os ajustes de perdas no ativo intangível. Se a diferença for positiva entre o valor da reavaliação e o valor líquido contábil, este deverá ser lançado em uma conta chamada de re-ceitas não operacionais, desde que tenha registrado como despesa, uma perda decorrente da reavaliação de um mesmo ativo. A Lei 11.638/07 proibiu a elaboração de reavaliação por vontade própria das empresas e determinou que o saldo da conta de reservas de reavaliação fosse extinto na medida em que essas reservas fossem sendo concretizadas. A conta de reserva de reavaliação é considerada realizada na proporção que forem sendo liquidados os ativos, devendo ser os seus valores lançados como prejuízos acumulados ou lucros do exercício, sem transitar por contas de resultado, aumentando ou diminuindo o lucro. Terão efeitos meramente patrimoniais. Conteúdo: Dica do professor Assista no vídeo alguns conceitos sobre contabilização dos efeitos dos ajustes da demonstração do lucro real II. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/a2389685726c813ce6e6348801e54ef5 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/a2389685726c813ce6e6348801e54ef5 Exercícios 1) Entende-se por reavaliação: A) Reavaliação voluntária de ativos próprios. B) A reavaliação é a adoção do valor de mercado para os bens reavaliados em substituição ao princípio do registro pelo valor original. C) Os bens do imobilizado reavaliados devem ser acompanhados com o objetivo de verificar se o valor recuperável é inferior ao valor líquido contábil. D) A reavaliação pode ser feita pelas empresas sempre que acharem necessário e sua contabilização deve ser feita no mesmo período em que foi realizada. E) A reavaliação deve ser sempre registrada em conta destinada às suas reservas. Isto está respaldado na Lei 11.638/07. 2) São adições temporárias: A) As despesas ou custos não dedutíveis temporariamente e que poderão ser excluídos em evento futuro. B) São adições que, independentemente de qualquer evento futuro, serão dedutíveis pela legislação do IR/CS; assim, não há exclusão futura. C) Receitas ou incentivos fiscais que não são tributáveis no exercício de competência contábil e que serão tributados em exercícios posteriores. D) São exclusões definitivas, assim definidas pela legislação do IR/CS; dessa forma, não haverá a necessidade de adição futura. E) Os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com o regulamento, não sejam computados no lucro real. 3) É exemplo de adição permanente: A) Provisão para contingências trabalhistas. B) Dividendos recebidos. C) Gratificações pagas a diretores. D) Amortização de deságio. E) Despesa de insuficiência de depreciação. 4) A Lei 11.637/07 trouxe alterações na reavaliação de ativos, entre elas está: A) As contas de reservas de reavaliação devem ter seus saldos zerados quando esses valores de reavaliação forem efetivados. B) As reavaliações devem ser feitas anualmente, para as contas ou grupo de contas cujos valores de mercado variarem significativamente em relação aos valores anteriormente registrados. C) A reavaliação deve ser baseada em valor de mercado. D) Os bens do imobilizado reavaliados devem ser acompanhados com o objetivo de verificar se o valor recuperável é inferior ao valor líquido contábil. E) Deve ser divulgado o efeito no resultado do exercício, oriundo das depreciações, amortizações ou exaustões sobre a reavaliação e baixas posteriores. 5) Representam tributos sobre o lucro: A) ICMS e Cofins. B) Imposto de Renda e Contribuição Social. C) Imposto de Renda e IPI. D) Contribuição Social e PIS. E) Pis e Cofins. Na prática Para o cálculo do IRPJ e da CSLL com base no lucro real é necessário fazer a apuração do lucro contábil que é feito pela apuração da receita do período deduzida de todos os custos e despesas. Mas, existem algumas despesas que não são consideradas para fins de cálculo desses impostos e precisam ser adicionadas à base de cálculo. Somente depois dessas adições é que o lucro real é calculado e os impostos podem ser apurados e pagos. A empresa BBC teve um lucro líquido, antes do IRPJ e da CSLL, de R$ 168.783,00 no trimestre e um lucro líquido, após a CSLL, de R$ 152.876,79; não são dedutíveis para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL: a) o valor de R$ 126,00 relativo a multas; b) o valor de R$ 8.160,00, registrado em outras despesas operacionais, relativo a despesas em comprovantes e com alimentação de sócios. A empresa não teve prejuízos fiscais nem base de cálculo negativa da CSLL, a compensar. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Planejamento tributário No link abaixo você vai ler um estudo sobre a economia tributária com a utilização dos juros sobre o capital próprio. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código paraacessar. Entenda a diferença entre o lucro real e o lucro presumido Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Benefícios do lucro real No link abaixo você vai ler um estudo que evidencia as situações nas quais é vantajoso adotar o lucro real em empresas rurais. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.revistacientificabssp.com.br/journal/rcbssp/article/604baaf0a9539547254d5542 https://www.jornalcontabil.com.br/entenda-a-diferenca-entre-o-lucro-real-e-o-lucro-presumido/ http://www.fasb.edu.br/revista/index.php/higia/article/view/569/0 Lucro Presumido: apuração e escrituração Apresentação Lucro presumido é uma das opções de regimes tributários que as empresas podem aderir, ao qual incidem sobre um percentual de uma margem de lucro presumida, lucro por presunção, ou como é mais comumente chamado, de lucro presumido. Além disso, o lucro presumido é a forma de tributação simplificada do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). A sistemática de tributação pelo lucro presumido é regulamentada pelo Regulamento do Imposto de Renda, Decreto 9.580 de 2018. Nesta Unidade de Aprendizagem você vai estudar o lucro presumido, suas formas de apurações e de escriturações. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer o conceito de lucro presumido.• Definir os percentuais de presunção do lucro sobre a receita bruta.• Apurar os tributos pelo regime do lucro presumido.• Desafio O lucro presumido é uma das opções de tributação para o imposto de renda. Nele, existe uma presunção do lucro por meio de percentuais sobre a receita bruta. Esses percentuais são estipulados em Lei específica. Você trabalha em uma empresa de Prestação de Serviço de Representação Comercial tem como forma de tributação no ano anterior o Simples Nacional. Para o próximo ano esta empresa quer estruturar o seu negócio da maneira que melhor lhe pareça, procurando a diminuição dos custos e dos impostos. Você precisa explicar aos sócios sobre o lucro presumido, conceitue lucro presumido e explique a vantagem e a desvantagem de se ter uma empresa com tributação por lucro presumido. Infográfico No lucro presumido as alíquotas do IRPJ e da CSLL são as mesmas que o lucro real, mas sua fórmula de cálculo é diferente, sendo mais vantajosa para algumas empresas. É uma forma de apuração desses impostos mais simplificada, na qual são determinados percentuais de lucro que serão aplicados na receita e depois é feito o cálculo dos impostos. Com o infográfico, você poderá compreender a forma de apuração do lucro presumido para que possa aplicar e executar com êxito. Conteúdo do livro O lucro presumido é um regime de tributação simplificado que utiliza apenas as receitas da empresa para a apuração do resultado do IRPJ e a CSLL. Desta forma, esses tributos são calculados por um resultado estimado, encontrado por meio de percentuais definidos em lei, desde que a empresa não esteja obrigada no ano-calendário a se declarar pelo lucro real, de acordo com o Decreto 9.580/2018, Art. 592. Você entenderá melhor o que foi apresentado, acompanhando a leitura do capítulo Lucro Presumido: apuração e escrituração do livro Contabilidade Tributária. Boa leitura. CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA Lucro presumido: apuração e escrituração Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Compreender o conceito de lucro presumido. � Entender os percentuais de presunção do lucro sobre a receita bruta. � Aprender a apurar os tributos pelo regime do lucro presumido. Introdução Neste texto, você vai aprender os conceitos para a apuração dos tri- butos no regime tributário do lucro presumido. Você compreenderá quais são suas peculiaridades, como base de cálculo, período de apu- ração, prazo e vencimento dos impostos, entre outros aspectos desse regime tributário. Também verá como se calcula alguns dos principais tributos na modalidade do lucro presumido. Formas de apuração dos tributos pelo regime lucro presumido O lucro presumido é um regime tributário simplificado para apuração do Im- posto de Renda (IR) e da contribuição social, diferenciado, em alguns que- sitos, em relação ao lucro real. A forma de apuração do lucro presumido esta disciplinada nos artigos 587 a594 do regulamento do Imposto de Renda (RIR) (Decreto nº 9.580/2018). Para a empresa optar pelo lucro presumido é necessário estabelecer al- gumas regras e procedimentos: � A partir do ano de 2014, a pessoa jurídica que apurar durante o ano- -calendário anterior receita bruta total ou inferior ao valor estabelecido pela legislação vigente poderá optar pelo regime do lucro presumido. Contabilidade_Tributaria_U4_C19.indd 157 06/04/2018 17:58:34 � Não pode ter optado no início do ano pelo regime do lucro real, pois a opção pelo regime tributário e irretroagivel e irretratável. � As empresas de factoring e que usufruam benefícios fiscais concedidos não poderão optar pelo lucro presumido. O lucro presumido é um regime tributário em especial para fins de cálculo do IRPJ e da contribuição social, porém, o PIS e a COFINS também têm re- gras específicas para esse regime tributário. Você verá, neste texto, as formas de tributação do lucro presumido para os cálculos dos tributos federais. IRPJ e CSLL – apuração do lucro presumido O IRPJ e a CSLL pelo regime do lucro presumido, serão apurados trimes- tralmente, sempre em 30 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de de- zembro, sendo quatro trimestres de apuração durante o ano-calendário. O lucro presumido, como o próprio nome já diz, é uma presunção de lucro estipulada pelo governo como margem de lucro da receita bruta. Aplica-se o percentual estipulado pelo governo sobre o montante da receita bruta para que se apure o valor da base de cálculo do IRPJ e da CSLL e, após obter os valores da base de cálculo, se aplica a alíquota do IRPJ e da CSLL, respectivamente. Veja na Tabela 1 o lucro presumido para aplicação sobre a receita bruta. (Continua) Espécies de atividades % s/receita bruta Revenda a varejo de combustíveis e gás natural 1,6% Venda de mercadorias ou produtos 8% Transporte de cargas Atividades imobiliárias Serviços hospitalares Tabela 1. Lucro presumido para aplicação sobre a receita bruta. Contabilidade tributária158 Contabilidade_Tributaria_U4_C19.indd 158 06/04/2018 17:58:35 Espécies de atividades % s/receita bruta Atividade rural Ind. com mater. fornecidos pelo encomendante Serviços de transporte (exceto o de cargas) 16% Serviços gerais com receita bruta até R$ 120.000/ano Serviços profissionais (médicos, dentistas, advogados, conta- dores, auditores, engenheiros, consultores, economistas, etc.) 32% Intermediação de negócios Administração, locação ou cessão de bens móveis/imó- veis ou direitos Serviços de construção civil, quando a prestadora não empregar materiais de sua propriedade (ADN Cosit 6/97). Serviços em geral, para os quais não haja previsão de % específica (Continuação) Alíquotas e adicional do Imposto de Renda A pessoa jurídica que não tenha por fins atividade financeira, consideradas empresas em geral, calcularão o IR com alíquota de 15%, e para a contribuição social, de 9%. Essas alíquotas se aplicam inclusive para as pessoas jurídicas que explorem atividade rural. O IR, além da alíquota especificada, terá também um adicional de 10%, quando a parcela do lucro presumido exceder o valor resultante de R$ 20.000,00 pelo número de meses da respectiva apuração. Veja um exemplo de cálculo do IRPJ e CSLL: Suponha que uma empresa do ramo industrial e que se enquadra de acordo com a tabela de incidência no percentual de 8% faturou no 1º trimestre do ano XX um valor de 2.000.000,00, e não houve outras receitas para inclusão no cálculodo IRPJ e da CSLL. 159Lucro presumido: apuração e escrituração Contabilidade_Tributaria_U4_C19.indd 159 06/04/2018 17:58:35 EMPRESA XYZ Receita bruta trimestral – janeiro a março/20XX Discriminação da receita bruta Rec. bruta ao percentual de 8% 2.000.000,00 Rec. bruta ao percentual de 16% Rec. bruta ao percentual de 32% 0,00 Resultado da aplicação dos percentuais 160.000,00 Cálculo do IRPJ IRPJ devido 15% 24.000,00 IRPJ adicional 10% 10.000,00 IRPJ devido antes das compensações 34.000,00 (-) Imposto de renda retido na fonte 0,00 (-) Imposto de renda retido em órgão público 0,00 IRPJ a recolher 34.000,00 Cálculo da CSLL CSLL devida 21.600,00 (-) Ret. de pag. de pes. jur. a pes. jur. de dir. priv. 0,00 (-) Imposto de renda retido na fonte por órgão público 0,00 CSLL a recolher 21.600,00 O valor do faturamento trimestral é de 2.000.000,00 e, aplicando o percentual do lucro presumido, encontraremos o valor de R$ 160.000,00 para o IRPJ (8%) e de R$ 240.000,00 para a CSLL (12%), que servirá de base de cálculo para o IRPJ e da CSLL. Destaca-se aqui que os percentuais de presunção são diferentes para o imposto de renda e para a contribuição social. Aplicando as alíquotas de 15% de IRPJ e 9% de CSLL, você encontrará os valores a pagar, porém o IR ainda terá 10% de adicional. Contabilidade tributária160 Contabilidade_Tributaria_U4_C19.indd 160 06/04/2018 17:58:35 Você vê no cálculo que o adicional é apurado com base no resultado da aplicação dos percentuais, subtraído o valor de R$ 60.000,00 (devido à multiplicação do valor da parcela de R$ 20.000,00 por mês, que no caso é trimestral). Modelo do documento de arrecadação do IRPJ e da CSLL Figura 1. Documento arrecadação IRPJ – lucro presumido. Figura 2. Documento arrecadação CSLL – lucro presumido. 161Lucro presumido: apuração e escrituração Contabilidade_Tributaria_U4_C19.indd 161 06/04/2018 17:58:35 PIS e COFINS – apuração do lucro presumido As apurações do PIS e da COFINS pelo regime tributário do lucro presumido ocorre, obrigatoriamente, pela incidência cumulativa, e não pode se creditar de insumos pela aquisição de bens e serviços. Sabendo que a incidência será cumulativa, logo, pode-se dizer que a apu- ração se dará em uma única fase: a saída de bens e serviços. No caso de saída, deverá ser entendida como receita operacional bruta, considerando o valor do faturamento pela venda de bens e serviços, como também outras receitas, no caso de aplicação financeira, por exemplo. Deduções da base de cálculo Poderão ser deduzidos os seguintes valores da base de cálculo do PIS e da COFINS, pelo regime lucro presumido: � Vendas canceladas. � Descontos incondicionais concedidos. � ICMS pago por substituição tributária. � IPI. � Receita de venda do ativo permanente, etc. Alíquotas A alíquota de apuração do PIS é 0,65% e a da COFINS 3%, sobre as quais é aplicado o percentual sobre o montante da receita bruta operacional, che- gando, assim, aos valores a pagar de PIS e COFINS. Períodos de apuração e prazo de vencimento O período de apuração do PIS e da COFINS, pelo regime do lucro presumido, é mensal, e o vencimento da guia para pagamento será, em regra geral, no vigésimo quinto (25) dia útil do mês subsequente ao do período de apuração. Por exemplo: no período de apuração de janeiro, o vencimento dos tributos será no dia 25 de fevereiro, e assim sucessivamente. Contabilidade tributária162 Contabilidade_Tributaria_U4_C19.indd 162 06/04/2018 17:58:35 Declarações acessórias referentes ao PIS e COFINS As empresas optantes pelo lucro presumido evidenciarão os valores a pagar de PIS e COFINS na declaração de débitos e créditos tributários federais (DCTF), ense- jando, assim, a cobrança por quaisquer débitos declarados e não pagos ao fisco. A declaração acessória, que demonstrará o cálculo do PIS e da COFINS, faz parte do sistema de escrituração pública digital (SPED), em que por meio do módulo de escrituração fiscal digital (EFD), evidenciará toda fórmula do cálculo do PIS/COFINS, inclusive nota fiscal a nota fiscal do período de apu- ração que foi utilizado para o cálculo. Exemplo cálculo PIS/COFINS – lucro Veja um exemplo de cálculo do PIS e da COFINS. Suponhamos que uma determinada empresa faturou no mês de janeiro do ano X um valor de R$ 2.000.000,00 e não houve outras receitas para fins de inclusão na base de cálculo do PIS e da COFINS. Acompanhe a Tabela de modelo de cálculo do PIS e COFINS - lucro presumido. (Continua) PIS/COFINS - lucro presumido Empresa XYZ Janeiro Demonstração da base de cálculo do PIS/COFINS Faturamento/receita bruta 2.000.000,00 ISENÇÕES E EXCLUSÔES (-) Receitas isentas 0,00 (-) Vendas canceladas, devoluções e descontos incondicionais 0,00 (-) IPI e ICMS/substituto tributário 0,00 (-) Receitas de variações cambiais auferidas no mês 0,00 (-) Outras exclusões 0,00 BASE DE CÁLCULO PIS E COFINS - FATURAMENTO 2.000.000,00 CALCULO DO PIS – 0,65% 13.000,00 163Lucro presumido: apuração e escrituração Contabilidade_Tributaria_U4_C19.indd 163 06/04/2018 17:58:35 PIS/COFINS - lucro presumido CÁLCULO DA COFINS – 3% 60.000,00 (-) Créditos do PIS/COFINS no mês 0,00 (-) PIS/COFINS retida na fonte por órgão público 0,00 (-) PIS/COFINS retida na fonte por sociedade cooperativa 0,00 (-) Retenção de pagamentos de pessoa jurídica a pessoa jurídica de direito privado 0,00 (-) Retenção de pagamentos de PJ a PJ de dir. priv. referentes a períodos anteriores 0,00 (-) Compensação de pagamentos indevidos ou a maior 0,00 PIS a pagar 13.000,00 COFINS a pagar 60.000,00 (Continuação) Como você pode observar, considerando que não houve outras receitas para inclusão na base de cálculo e tampouco deduções, o montante total para apuração do PIS e da COFINS será somente o faturamento. Modelo do documento de arrecadação do PIS e COFINS Figura 3. Documento arrecadação PIS – lucro presumido. Contabilidade tributária164 Contabilidade_Tributaria_U4_C19.indd 164 06/04/2018 17:58:35 Figura 4. Documento arrecadação COFINS – lucro presumido. 165Lucro presumido: apuração e escrituração Contabilidade_Tributaria_U4_C19.indd 165 06/04/2018 17:58:35 CARVALHO, P. B. Curso de direito tributário. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. PINTO, J. R. D. Imposto de renda, contribuições administradas pela Secretaria da Receita Fe- deral e sistema simples: incluindo procedimentos fiscais e contábeis para encerramento do ano calendário de 2011. 20. ed. Brasília: CFC, 2012. PORTAL TRIBUTÁRIO. IRPJ - lucro presumido – cálculo do imposto. Disponível em: <http:// www.portaltributario.com.br/guia/lucro_presumido_irpj.html>. Acesso em: 14 set. 2016. SILVA, R. A. Lucro real e presumido. Curitiba: CRC/PR, 2013. Disponível em: <http://www. crcpr.org.br/new/content/download/eventos/2570/Lucro_Real_Presumido_2013. pdf>. Acesso em: 14 set. 2016. Contabilidade tributária166 Contabilidade_Tributaria_U4_C19.indd 166 06/04/2018 17:58:35 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Dica do professor O lucro presumido possui algumas vantagens como sua forma simplificada de fazer a apuração dos impostos e as alíquotas que são diferentes do lucro real, mas nem todas as empresas podem optar por esse regime de tributação. Para poderem optar pelo lucro presumido, as empresas precisam respeitar o limite de faturamento imposto por Lei e é necessário que suas atividades estejam enquadradas para isso. Assista no vídeo alguns conceitos sobre lucro presumido. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/f5153cc2074becaf9f41b0913c421fb3 Exercícios 1) O conceito de lucro presumido é: A) É o regime tributário em que a tributação é calculada sobre o lucro líquido do período de apuração, considerandovalores a adicionar ou descontar. B) Fórmula de tributação simplificada para determinar a base de cálculo do IRPJ e da CSLL. C) É um regime tributário diferenciado que contempla empresas com receita bruta anual de até R$ 3,6 milhões. D) É uma forma de apuração da base de cálculo do Imposto de Renda utilizada pela autoridade tributária ou pelo contribuinte. E) É considerado todo o rendimento positivo obtido através de uma negociação econômica ou de qualquer outro gênero. 2) As arrecadações do PIS e do COFINS deverão ser cumulativas, suas alíquotas são: A) 0,65% e 3,0%. B) 1,65% e 7,6%. C) 9% e 15%. D) 8% e 32%. E) 12,11%. 3) A parcela do lucro presumido que exceder ao valor resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de meses do respectivo período de apuração, sujeita-se à incidência de adicional de imposto à alíquota de: A) 15%. B) 3,00%. C) 10%. D) 9%. E) 0,65%. 4) Os percentuais aplicáveis de presunção de lucro sobre a receita bruta para compor a base de cálculo do lucro presumido da atividade geral é: A) 8%. B) 1,6%. C) 16%. D) 32%. E) 9%. 5) A vantagem de tributar pelo lucro presumido é: A) Não é interessante para quem tem constantes prejuízos. B) Empresas que não apresentem resultado negativo constante. C) Possibilidade de compensar prejuízos fiscais anteriores. D) Arrecadação única de 8 tributos por meio de uma só alíquota. E) Maior rigor contábil pelas regras tributárias. Na prática Entre o lucro real e o presumido o que se diferencia e o modo como são calculados o IRPJ e a CSLL. As alíquotas são as mesmas. Observe como calcular o IRPJ e a CSLL de uma empresa optante pelo lucro presumido. A Imobiliária Moraes optou pelo lucro presumido no primeiro trimestre do ano e obteve uma Receita Bruta de R$ 850.000,00, considerando que os percentuais aplicáveis são de 8% sobre receita de venda de mercadorias para cálculo do IRPJ e 12% sobre receita de venda de mercadorias para cálculo da CSLL, de acordo com as tabelas do ramo de atividade. Lembrando que o cálculo do PIS/COFINS é mensal e não trimestral, neste exemplo estamos vendo somente o IRPJ/CSLL. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Planejamento tributário No link abaixo você vai ler um estudo sobre como o planejamento tributário pode auxiliar as empresas nas tomadas de decisões no que se refere à melhor escolha sobre sua carga tributária. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. O que é Lucro Presumido? Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Auditoria tributária e fiscal No link abaixo você vai ler um estudo que proporciona um melhor entendimento sobre as empresas que optam pelo lucro real e pelo presumido. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. http://reiva.unifaj.edu.br/reiva/article/view/165 https://www.contabilizei.com.br/contabilidade-online/lucro-presumido/#:~:text=O%20Lucro%20Presumido%20%C3%A9%20um,do%20faturamento%20%C3%A9%20o%20lucro. http://reiva.unifaj.edu.br/reiva/article/view/140 Simples Nacional: apuração e escrituração Apresentação Você sabia que o objetivo do Simples Nacional é o de beneficiar as microempresas e empresas de pequeno porte do sistema tributário complexo que hoje possuímos? Este benefício ocorre através de diretrizes para simplificação do recolhimento dos tributos, redução da carga tributária, diminuição e simplificação das obrigações acessórias e trabalhistas, acesso ao crédito no mercado financeiro, associado a aquisições de bens e serviços e investimos em tecnologia. Nesta Unidade de Aprendizagem você vai estudar o Simples Nacional, suas formas de apuração e escriturações. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a necessidade da adoção do Simples Nacional.• Listar atividades que podem optar pelo Simples Nacional.• Identificar os tributos abrangidos pelo Simples Nacional.• Desafio A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 179, impõe aos entes federativos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios tratamento tributário simplificado e diferenciado para micro e pequenas empresas. Você é o contador de uma empresa e está fazendo esta análise, terá que apresentar um parecer sobre este assunto aos diretores em breve. Diante do exposto, conceitue o Simples Nacional, os tributos e contribuições que são abrangidos pela sua sistemática e a forma como são recolhidos. Identifique como se faz para tributar pelo Simples Nacional. Infográfico Existem alguns impostos que precisam ser recolhidos pelas empresas todos os meses. Os regimes de tributação que as empresas estão obrigadas a seguir determinam quais impostos e formas de calculá-los. No Simples Nacional, alguns impostos são agrupados e recolhidos de forma conjunta, facilitando o trabalho e o recolhimento. As alíquotas desses impostos são únicas, mas se diferencia conforme a atividade e o faturamento. Observa no infográfico os impostos que são agrupados no recolhimento do Simples Nacional. Conteúdo do livro A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 179, impõe aos entes federativos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios tratamento tributário simplificado e diferenciado para micro e pequenas empresas. O Simples Nacional é um programa do governo federal que visa simplificar a burocracia das empresas. As empresas enquadradas no programa possuem as rotinas e obrigações mensais facilitadas, além de uma carga tributária reduzida e unificada (um imposto único). Você entenderá melhor o que foi apresentado acompanhando o capítulo Simples Nacional: apuração e escrituração, do livro Contabilidade Tributária. Boa leitura. CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA Tatiane Antonovz Simples Nacional: apuração e escrituração Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a necessidade da adoção do Simples Nacional. Listar atividades que podem optar pelo Simples Nacional. Identificar os tributos abrangidos pelo Simples Nacional. Introdução O Simples Nacional facilitou os processos e permitiu que mais empresários formalizassem seus negócios e contribuíssem com a economia formal. Entre as diversas atividades que fazem parte do Simples, algumas foram inseridas recentemente, de modo que o modelo é dinâmico e se adapta às mudanças, excluindo e adicionando novas atividades, assim como alterando a forma de tributação. Neste capítulo, portanto, dedicado ao Simples Nacional, você vai conhecer o que o caracteriza, a importância de sua adoção, além das atividades que inclui e dos atributos que abrange. Simples Nacional: necessidade de adoção De acordo com a legislação vigente, o Brasil possui, de forma básica, três tipos de regimes tributários, Lucro Real, mais complexo e, normalmente, voltado para atividades específi cas e empresas de grande porte, Lucro Presumido e o Simples. O Simples foi criado, além de com outros objeti- vos, para benefi ciar microempresas e empresas de pequeno porte, já que procura facilitar o seu funcionamento, principalmente no que diz respeito à burocracia ligada à questão de tributos. Porém, conforme destaca Bazzi (2019), as empresas que podem fazer parte do Simples não estão obrigadas a aderir a esse tipo de tributação, já que, em alguns casos, não é vantajoso, os estudos tributários poderão ser feitos e a opção por outro regime tributário poderá ser escolhida. A Lei Geral ou Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte foi implementada pela Lei Complementar nº. 123 (BRASIL, 2006) e sofreu mudanças importantes pelas Leis nº. 147 (BRASIL, 2014) e nº. 155 (BRASIL, 2016), que serão discutidas no decorrer deste capítulo. A adoção do Simples Nacional ocorreu para tornar mais fácila vida dos micro e pequenos empresários e, para isso, permite tanto alíquotas menores quanto o pagamento unificado de impostos, o que auxilia no dia a dia das atividades empresariais. A Constituição Federal (BRASIL, 1988) já previa em seu texto tratamento diferenciado as microempresas, conforme segue: Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e credití- cias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei (BRASIL, 1988, documento on-line). Mas, de acordo com a classificação fiscal, quais são as empresas que podem optar por esse tipo de tributação? E como essas são tributadas? De acordo com a Lei nº. 123/2006 e posteriores alterações, observa-se o seguinte: Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e II - no caso de empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou infe- rior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais). (Redação dada pela Lei Complementar nº. 155, de 2016) (BRASIL, 2006, documento on-line). Além disso, ainda existem mais dois tipos de empresas incluídas, o MEI e os pequenos produtores rurais. Veja o Quadro 1, a seguir, que sintetiza todas essas possibilidades. Simples Nacional: apuração e escrituração2 Fonte: Adaptado de Brasil (2006) e SEBRAE (2018). Empresa Receita bruta Microempreendedor individual (MEI) Receita bruta anual de até R$ 81 mil Microempresa (ME) Receita bruta anual de até R$ 360 mil Empresa de pequeno porte (EPP) Receita bruta anual entre R$ 360 mil e R$ 4,8 milhões Quadro 1. Tipos de empresas classificas como Simples Houve uma mudança importante a partir de 2015, quando o Simples Nacional foi substituído pelo Super Simples por meio da Lei Complementar nº. 147 (BRASIL, 2014), que trouxe como critério de adesão a questão do porte ou ainda o faturamento. Nessa legislação, entre outras modificações, houve a substituição do critério utilizado, que era o da atividade exercida; assim, outros profissionais, como médicos, puderam aderir ao regime. É preciso ficar atento, no contexto do Simples, ao fato de que o faturamento também é importante e pode variar de região para região, assim como à ques- tão de que a atualização dos valores pode mudar, uma vez que a legislação tributária brasileira é bastante dinâmica. Observando esse contexto, quais seriam realmente os objetivos do Simples? O SEBRAE (2018) relata que as Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP) representam cerca de 98,5% das organizações privadas do Brasil, logo, é preciso impulsionar esse tipo de negócio. Assim, os dentre os principais objetivos da adoção do Simples estão: busca de uma maior integração entre as diferentes esferas do fisco; formalização dos negócios, por meio da desburocratização, permitindo uma melhoria do ambiente de negócio nacional; redução da carga tributária com o objetivo de estimular o empreendedorismo; melhoria e racionalização dos processos tanto do ponto de vista dos empresários quanto do próprio governo, evitando falhas e retrabalhos; 3Simples Nacional: apuração e escrituração unificação dos tributos em diferentes níveis, simplificando os processos para torná-los mais práticos e objetivos; busca constante pela diminuição na informalidade e legalização de novas empresas, principalmente no que diz respeito ao Microempreendedor Individual (MEI). O MEI também foi um grande avanço e uma das mais das maiores van- tagens da adoção do Simples. Criado em 2008 com a promulgação da Lei Complementar nº. 128 (BRASIL, 2008), o MEI pode ser definido como um empresário individual que deverá atender os seguintes requisitos (CGSN, 2019, documento on-line): [...] ser optante pelo Simples Nacional e cumprir seus requisitos; • exercer profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços (art. 966 do Código Civil); • auferir receita bruta acumulada nos anos-calendário anterior e em curso de até R$ 81.000,00 (oitenta e um mil reais) – no caso de início de atividade, o limite deve ser de R$ 6.750,00 (seis mil setecentos e cinquenta reais) multiplicados pelo número de meses compreendidos entre o mês de início de atividade e o final do respectivo ano-calendário, consideradas as frações de meses como um mês inteiro; • exercer tão-somente as ocupações constantes do Anexo XI da Resolução CGSN nº 140, de 2018; • possuir um único estabelecimento; • não participar de outra empresa como titular, sócio ou administrador; • não contratar mais de um empregado, que só poderá receber 1 (um) salário mínimo previsto em lei federal ou estadual ou o piso salarial da categoria profissional, definido em lei federal ou por convenção coletiva da categoria (art. 18-C da Lei Complementar nº 123, de 2006); • não guardar, cumulativamente, com o contratante do serviço, relação de pessoalidade, subordinação e habitualidade; • não realizar suas atividades mediante cessão ou locação de mão de obra (art. 112, "caput", da Resolução CGSN nº 140, de 2018). Mesmo que o MEI não seja reconhecido como micro ou pequena empresa, é classificado como Simples. Adicionalmente, o MEI possui um sistema bastante simplificado para o recolhimento de impostos, denominado SIMEI, cujo valor é fixo, baseado no salário mínimo, e possui algumas diferenças de acordo com o tipo de atividade, ou seja, comércio, serviço ou produção. O MEI, entre outros objetivos, buscou legalizar pequenos negócios e, como é focado na pessoa do empreendedor, tem como ponto principal a questão Simples Nacional: apuração e escrituração4 previdenciária, ou seja, a contribuição junto ao INSS, já que o contribuinte faz o pagamento do imposto e tem sua cobertura, mas também contribui, financiando a previdência pública brasileira. Também é possível afirmar que o Simples auxiliou na facilidade de par- ticipação das micro e pequenas empresas no processo de compra de insumos ou, ainda, de matérias-primas para os seus processos produtivos. Ocorre que em algumas situações tais negócios tinham tamanho tão reduzido que não possuíam poder de negociação junto a fornecedores ou tinham dificuldades para obter as mercadorias, já que essas precisam ser adquiridas em grandes quantidades. Tal questão foi colocada em pauta na Lei Complementar nº. 123, conforme você vê a seguir: Art. 56. As microempresas ou as empresas de pequeno porte poderão realizar negócios de compra e venda de bens e serviços para os mercados nacional e internacional, por meio de sociedade de propósito específico, nos termos e condições estabelecidos pelo Poder Executivo federal. (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) § 1º Não poderão integrar a sociedade de que trata o caput deste artigo pessoas jurídicas não optantes pelo Simples Nacional. § 2º A sociedade de propósito específico de que trata este artigo: I - terá seus atos arquivados no Registro Público de Empresas Mercantis; II - terá por finalidade realizar: a) operações de compras para revenda às microempresas ou empresas de pequeno porte que sejam suas sócias; b) operações de venda de bens adquiridos das microempresas e empresas de peque- no porte que sejam suas sóciaspara pessoas jurídicas que não sejam suas sócias; III - poderá exercer atividades de promoção dos bens referidos na alínea b do inciso II deste parágrafo; IV - apurará o imposto de renda das pessoas jurídicas com base no lucro real, devendo manter a escrituração dos livros Diário e Razão; V - apurará a Cofins e a Contribuição para o PIS/Pasep de modo não-cu- mulativo; VI - exportará, exclusivamente, bens a ela destinados pelas microempresas e empresas de pequeno porte que dela façam parte; VII - será constituída como sociedade limitada; VIII - deverá, nas revendas às microempresas ou empresas de pequeno porte que sejam suas sócias, observar preço no mínimo igual ao das aquisições realizadas para revenda; e IX - deverá, nas revendas de bens adquiridos de microempresas ou empresas de pequeno porte que sejam suas sócias, observar preço no mínimo igual ao das aquisições desses bens. § 3º A aquisição de bens destinados à exportação pela sociedade de propósito específico não gera direito a créditos relativos a impostos ou contribuições abrangidos pelo Simples Nacional. 5Simples Nacional: apuração e escrituração § 4º A microempresa ou a empresa de pequeno porte não poderá participar simultaneamente de mais de uma sociedade de propósito específico de que trata este artigo. § 5º A sociedade de propósito específico de que trata este artigo não poderá: I - ser filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica com sede no exterior; II - ser constituída sob a forma de cooperativas, inclusive de consumo; III - participar do capital de outra pessoa jurídica; IV - exercer atividade de banco comercial, de investimentos e de desen- volvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito, financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de previdência complementar; V - ser resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de des- membramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anos-calendário anteriores; VI - exercer a atividade vedada às microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional. § 6º A inobservância do disposto no § 4º deste artigo acarretará a responsa- bilidade solidária das microempresas ou empresas de pequeno porte sócias da sociedade de propósito específico de que trata este artigo na hipótese em que seus titulares, sócios ou administradores conhecessem ou devessem conhecer tal inobservância. § 7º O Poder Executivo regulamentará o disposto neste artigo até 31 de dezembro de 2008 (BRASIL, 2006, documento on-line). Assim, a adoção do Simples também se mostrou essencial para que as próprias empresas pudessem ter ganhos de escala, comprando mais e pagando menos, reduzindo seus custos e explorando diferentes possibilidades tanto no mercado interno quanto no externo. Mais um fato que levou à adoção do Simples foi a possibilidade que empresas como o MEI, por exemplo, pudessem participar de prestações de serviço para outras empresas, já que essas exigiam Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e a emissão de nota fiscal para a comercialização de bens e serviços. Já para as outras empresas enquadradas no Simples, a Lei Complementar nº. 123/2006, alterada pela Lei Complementar nº. 147/2014, trouxe como avanço a agilidade na hora de participar de processos licitatórios, conforme segue: Art. 48. Para o cumprimento do disposto no art. 47 desta Lei Complementar, a administração pública: I - deverá realizar processo licitatório destinado exclusivamente à participação de microempresas e empresas de pequeno porte nos itens de contratação cujo valor seja de até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais); Simples Nacional: apuração e escrituração6 II - poderá, em relação aos processos licitatórios destinados à aquisição de obras e serviços, exigir dos licitantes a subcontratação de microempresa ou empresa de pequeno porte; III - deverá estabelecer, em certames para aquisição de bens de natureza divisível, cota de até 25% (vinte e cinco por cento) do objeto para a con- tratação de microempresas e empresas de pequeno porte (BRASIL, 2014, documento on-line). Pode-se concluir que o encerramento também passou a ser outro destaque na adoção do Simples, já que houve a criação do Sistema Nacional de Baixa Integrada de Empresas (SEBRAE, 2018). Para o encerramento, os empreende- dores somente precisam da certidão negativa junto à Junta Comercial, que será utilizada para a baixa do CNPJ. Destaca-se o fato de que esse processo pode ser feito atualmente mesmo que os tributos e taxas não estejam em dia, mas com a necessidade de que o empresário assuma os débitos (SEBRAE, 2018). Atividades que podem optar pelo Simples Nacional As atividades que podem optar pelo Simples são defi nidas segundo a Lei Complementar nº.123 (BRASIL, 2006), atualizada pelas Leis Complementares nº. 147 (BRASIL, 2014) e nº. 155 (BRASIL, 2016). É preciso lembrar que a lista sofre atualizações constantes e que existem atividades que são inseridas e outras que são retiradas de forma periódica, de acordo com mudanças da própria economia, questão tributária e exigências do mercado. Assim, você pode conferir, a seguir, algumas das principais atividades, mas outras estão detalhadas na Lei Complementar nº.123, com suas devidas atualizações a partir do § 5º-B. [...] creche, pré-escola e estabelecimento de ensino fundamental, escolas técnicas, profissionais e de ensino médio, de línguas estrangeiras, de artes, cursos técnicos de pilotagem, preparatórios para concursos, gerenciais e escolas livres; agência terceirizada de correios; agência de viagem e turismo; centro de formação de condutores de veículos automotores de transporte terrestre de passageiros e de carga; agência lotérica; serviços de instalação, de reparos e de manutenção em geral, bem como de usinagem, solda, tratamento e revestimento em metais; 7Simples Nacional: apuração e escrituração transporte municipal de passageiros; escritórios de serviços contábeis; produções cinematográficas, audiovisuais, artísticas e culturais, sua exibição ou apresentação, inclusive no caso de música, literatura, artes cênicas, artes visuais, cinematográficas e audiovisuais; fisioterapia; corretagem de seguros; arquitetura e urbanismo; medicina, inclusive laboratorial, e enfermagem; odontologia e prótese dentária; psicologia, psicanálise, terapia ocupacional, acupuntura, podologia, fonoau- diologia, clínicas de nutrição e de vacinação e bancos de leite; construção de imóveis e obras de engenharia em geral, inclusive sob a forma de subempreitada, execução de projetos e serviços de paisagismo, bem como decoração de interiores; serviço de vigilância, limpeza ou conservação; serviços advocatícios; administração e locação de imóveis de terceiros; academias de dança, de capoeira, de ioga e de artes marciais; academias de atividades físicas, desportivas, de natação e escolas de esportes; elaboração de programas de computadores, inclusive jogos eletrônicos, desde que desenvolvidos em estabelecimento do optante; licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de computação; planejamento, confecção, manutenção e atualização de páginas eletrônicas, desde que realizados em estabelecimento do optante; empresas montadoras de estandes para feiras; laboratórios de análises clínicas ou de patologia clínica; serviços de tomografia, diagnósticos médicos por imagem, registros gráficos e métodos óticos, bem como ressonância magnética; serviços de prótese em geral (BRASIL, 2006, documento on-line). A Lei Complementar nº. 123/2006 pode ser consultada no link a seguir e, nela, você pode conferir mais atividades que podem ser enquadradas como Simples ou ainda eventuais mudanças. https://qrgo.page.link/Tp5tH A opção, de acordo com a atividade principal, poderá ser feita no momento no início
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