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HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA EHISTORIOGRAFIA BRASILEIRA E
GERALGERAL
PRINCÍPIOS GERAIS DAPRINCÍPIOS GERAIS DA
HISTORIOGRAFIAHISTORIOGRAFIA
Autor: Me. Caroline Cristina Souza Silva
Revisor : Lu is Zaghi
IN IC IAR
25/03/25, 21:23 Ead.br
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=eJ59Qg9ALjtmCZbBjy19zg%3d%3d&l=mk8kBdvUMmx2Yiqx3McaaQ%3d%3d&cd=uS6ELJ… 1/38
introdução
Introdução
Nesta unidade, a qual se intitula Princípios Gerais da Historiografia, serão
tratados alguns parâmetros da escrita da História para o contexto do Brasil,
abordando, de forma pontual e sucinta, como a historiografia brasileira da
primeira metade do século XX teve influências teórico-metodológicas
europeias e norte-americanas no escopo da sua produção intelectual sobre a
História do Brasil.
Para compreendermos esse contexto intelectual e de produções
interpretativas sobre o Brasil, passaremos por uma breve contextualização do
país durante o converso provisório, após a chamada Revolução de 1930, até a
instauração do Estado Novo. Feito isso, nos aprofundaremos nas leituras de
intelectuais, sociólogos e historiadores contemporâneos a esse contexto e
trataremos das suas teses sobre o Brasil, levando em consideração as suas
escolhas teórico-metodológicas para a escrita da História. Nesse sentido,
conhecer as interpretações sobre o Brasil que foram realizadas por Gilberto
Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Júnior são de essencial
importância para não só nos aprofundarmos sobre os debates
historiográficos do início do século XX, mas sobretudo para refletirmos sobre
as estruturas sociais, políticas e econômicas nas quais o Brasil se
fundamentou para a sua formação enquanto nação.
25/03/25, 21:23 Ead.br
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Em 1978, Caio Prado Júnior (2011, p. 594), um dos maiores expoentes da
historiografia brasileira, proferiu um depoimento sobre o Brasil, no qual dizia
que “A história do Brasil sempre foi um negócio. O Brasil é ainda um país
atrasado […] ou melhor: muito atrasado”. E assim como ele definiu o Brasil, as
ideias de que este era um país “atrasado”, “subdesenvolvido”, “periférico” e
“dependente” também inundaram o cotidiano brasileiro nos anos correntes
da década de 1930. Logo, podemos dizer que ao mesmo tempo que a década
de 1930 da história brasileira foi marcada por um período turbulento de
reformas, levantes e contrarreformas, também esteve imbuída de tentativas
de superação dessa condição econômica e social na qual se encontrava e que
levantava questionamentos tanto do meio político quanto do meio
intelectual.
Para compreendermos o Brasil dos anos 1930, o sentido da chamada
Revolução de 30 e os desdobramentos que dela surgiram, devemos levar em
consideração os fatores externos e as influências deles na conjuntura
brasileira. Para tanto, o contexto internacional, do qual o Brasil não estava
apartado, teve forte influência na produção cultural e intelectual, na
O Brasil dos anosO Brasil dos anos
de 1930de 1930
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conjuntura econômica, nas mudanças em torno das questões trabalhistas e,
sobretudo, na configuração política do Estado brasileiro. Dentre esses fatores,
devemos destacar as seguintes conjunturas e acontecimentos:
A crise mundial de 1929;
O New Deal;
O fascismo europeu;
A Revolução de 1917;
As revoluções culturais e educacionais europeias.
A crise mundial de 1929, decorrente do crash da bolsa de Nova York, fez com
que os EUA - que haviam se tornado a potência econômica mundial após o
término da Primeira Guerra e viviam o apogeu do capitalismo americano -
repensassem a sua política econômica após o capitalismo ter entrado na crise
mais profunda da sua história até então.
O programa do New Deal (Novo Pacto), apresentado pelo presidente
Roosevelt, propôs modificar o projeto de liberalismo econômico em voga até
então nos EUA; de fato, ele apelidou a década de 1920 de “anos loucos”.
Contudo, o novo programa americano objetivava maiores interferências e
planejamentos do Estado na economia. O programa não teve grandes
resultados para a política norte-americana, mas teve influência nos projetos
político-econômicos de países da América do Sul, tais como o Brasil.
Métodos semelhantes de intervenção do poder público na economia e que
demonstraram uma adoção, ainda que pequena, dos métodos
intervencionistas norte-americanos, foram a política de valorização do café
organizada pelo governo federal, através do Conselho Nacional do Café, e o
estímulo à industrialização, com a fundação da primeira usina siderúrgica em
Volta Redonda, Rio de Janeiro. Além dessas políticas de intervenção, o Estado
também organizou a regulamentação da legislação trabalhista e instituiu o
salário mínimo.
No Brasil, a crise de 1929 repercutiu diretamente na economia agrário-
exportadora, fazendo com que o preço das sacas de café, seu principal
produto de exportação, desabasse, levando à falência o modelo agrário-
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exportador. “Esse acontecimento teve implicações profundas na configuração
da sociedade brasileira da primeira metade do século XX” (LOPEZ; MOTA,
2008, p. 648), tendo em vista os estímulos aos projetos de semi-
industrialização do país e a decorrência do êxodo rural.
A migração do campo para a cidade foi um movimento resultante da baixa de
produção nas fazendas e da subocupação do trabalhador rural. A mudança
para as cidades, tida como a saída para a população para lutar contra a falta
de emprego, a queda no poder de compra e a fome, resultou no inchaço
urbano e na alta oferta de mão de obra. Segundo Lopez e Mota (2008, p. 648),
no Brasil, o êxodo não era apenas do Nordeste para o Sul ou para
a Amazônia; de Minas, do sertão da Bahia e mesmo do Sul,
famílias dirigiam-se para as cidades, principalmente para a do Rio
de Janeiro e a de São Paulo, em busca de trabalho e sobrevivência.
Como podemos notar a partir do trecho acima, o movimento migratório que
se iniciou na década de 1930 por conta da crise econômica internacional teve
Figura 1.1 - Família de retirantes em passagem no sertão
Fonte: Cândido Portinari (1944) / WIKIART.
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implicações estruturais na configuração social brasileira, na medida em que
provocou a centralização de migrações de várias regiões do país para a região
Sudeste, mais especificamente São Paulo e Rio de Janeiro.
O Projeto de Revolução e a República
Nova (1930-1937)
Com a instituição de um governo provisório após a chamada Revolução de 30,
as políticas de Estado distinguiram-se das do Estado oligárquico da República
Velha (1889-1930) nos seguintes pontos (FAUSTO, 2012):
a) centralização do poder federal;
b) a atuação econômica, voltada gradativamente para promover a
industrialização;
c) projetos de proteção aos trabalhadores urbanos, incorporando-
os, a seguir, a uma aliança de classes promovida pelo poder
estatal;
d) o papel central atribuído às Forças Armadas – em especial ao
Exército – como suporte de criação de uma indústria de base e
sobretudo como fator de garantia da ordem interna;
e) criação da Justiça Eleitoral para fiscalizar as eleições.
As medidas centralizadoras do governo federal tiveram início a partir da
dissolução do Congresso Nacional, ou seja, Getúlio Vargas passou a ter plenos
poderes no Executivo e no Legislativo. Os demais estados, por sua vez,
também ficaram subordinados ao governo federal a partir da instituição do
chamado Código dos Interventores, limitando a área de ação dos Estados.
Estes, no período da PrimeiraRepública, apesar das disparidades na
influência política, tinham autonomia para gerir administrativa e
economicamente os seus respectivos territórios.
A política trabalhista de Vargas também teve as suas características próprias e
é considerada um dos maiores legados do seu governo. No entanto, apesar
de ter sido inovadora em comparação ao período da Primeira República, o
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principal objetivo dessa política era controlar os esforços organizatórios da
classe trabalhadora e reprimir organizações que não tivessem autorização do
governo federal. Essa ação tinha em si dois objetivos: o primeiro constituía
enfraquecer os ainda pequenos partidos de esquerda, como, por exemplo, o
PCB – Partido Comunista Brasileiro. O segundo objetivo era controlar a vida
sindical, definindo o sindicato como órgão consultivo e de colaboração com o
poder público. Com isso, adotou-se o princípio da unidade sindical para cada
categoria (FAUSTO, 2012).
No que tange a educação, já em novembro de 1930, houve a ação do governo
federal em criar um sistema educativo para a fundamentação de uma
educação centralizadora e uniforme. Logo, era um projeto de educação, ou
seja, instituído de cima para baixo sem que houvesse uma mobilização da
sociedade. Para tanto, criou-se o Ministério da Educação e Saúde.
Contrário às ações impostas pelo Governo Provisório de Vargas, estourou em
1932 um movimento revolucionário que ficou conhecido como Revolução de
32. Esse movimento ganhou força a partir das discordâncias das elites
regionais do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo, mas culminou com
a exposição solitária apenas do estado paulista. Dessa forma, os setores
sociais paulistas, como a elite cafeeira, classe média e industriais,
reivindicavam a luta pela constitucionalização do país e pela autonomia de
São Paulo diante dos demais estados da federação. Com isso, São Paulo
partiu para a luta armada em resistência ao governo federal. O resultado
desse embate foi a rendição dos paulistas na região do Vale do Paraíba.
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A bandeira da constitucionalização do país uniu tanto aqueles que esperavam
retroceder à política oligárquica da Primeira República, quanto os que
pretendiam estabelecer uma democracia liberal no país (FAUSTO, 2012). Com
isso, embora São Paulo tenha saído derrotado dessa empreitada, o
movimento de 1932 levou o governo federal a perceber que não poderia
ignorar a elite paulista. E, em 1933, foi baixado o decreto chamado
Reajustamento Econômico, o qual objetivou a redução do débito dos
agricultores atingidos pela crise das exportações.
Nesse mesmo ano, o governo provisório realizou eleições para a Assembleia
Nacional Constituinte, a qual teve como resultado a promulgação da
Constituição de 1934. Essa nova Constituição se assemelhava à de 1891 nos
aspectos referentes à federalização, mas o que ela trazia de novo carregava
como inspiração os preceitos da Constituição de Weimar – República que
existiu na Alemanha no período entre a Primeira Guerra Mundial e a
Figura 1.2 - Combatentes paulistas em Lygiana, localidade do município de
Campina do Monte Alegre, nos arredores do Rio Paranapanema, na
Revolução de 1932
Fonte: Revista "O Cruzeiro" (17 de julho de 1954, p. 48) / WIKIMEDIA.
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ascensão do nazismo. Os pontos colocados na nova Constituição de 1934
eram:
a) a nacionalização da economia brasileira;
b) a pluralidade e autonomia dos sindicatos;
c) na legislação trabalhista: essa deveria prever a proibição de
diferença de salários para um mesmo trabalho, o direito ao salário
mínimo, regulamentação do trabalho das mulheres e de menores
de idade, descanso semanal, férias remuneradas e indenização na
dispensa do emprego;
d) o ensino primário gratuito e de frequência obrigatória e o ensino
religioso facultativo;
e) a obrigatoriedade do serviço militar;
f) confirmação do voto secreto e do voto feminino.
Feito isso, a Assembleia Nacional Constituinte elegeu indiretamente Getúlio
Vargas para que ele exercesse o cargo do poder executivo até 1938, quando
haveria eleições diretas.
O Centralismo de Getúlio Vargas e o Estado Novo
Diante do que foi exposto até aqui, podemos notar que o governo provisório
liderado por Vargas oscilou entre o caminho para uma República liberal e
democrática e o caminho do autoritarismo, que, por vezes, notamos nas
ações centralizadoras e de imposições governamentais. No entanto, essa
oscilação entre a democracia e um governo autoritário não se sustentou
sozinha no espectro político mundial. E para compreendermos esses
movimentos políticos, devemos chamar a atenção para alguns fatores
externos que influenciaram a política nacional.
O primeiro deles, como já visto, foi a crise do capitalismo mundial que, com o
aumento do empobrecimento, desemprego e desesperança da população,
expôs a democracia liberal como um sistema político incapaz de se sustentar.
Com isso, o segundo fator veio como consequência do primeiro, com o
surgimento de governos totalitários na Europa, como, por exemplo: Mussolini
na Itália, Stalin na União Soviética e o Nazismo de Hitler na Alemanha.
25/03/25, 21:23 Ead.br
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A polarização do mundo entre duas tendências político-ideológicas, entre
fascistas e comunistas, no período pós Primeira Guerra Mundial também
marcou presença em território brasileiro, quando da fundação da Aliança
Integralista Brasileira   e da Aliança Nacional Libertadora. O primeiro, de
orientação fascista, foi fundado por Plínio Salgado e Miguel Reale. O segundo,
que era voltado à esquerda e reunia em si vários grupos de posicionamento
antifascistas e anti-imperialistas, era presidido por Luís Carlos Prestes, o qual
liderou o levante comunista em 1935. Tendo sido derrotado, o comunismo,
que era visto como um dos maiores inimigos da sociedade brasileira desde a
década de 1920, fomentou a campanha propagandística contrária aos
comunistas e justificou o fortalecimento do regime autoritário.
Esses fatores externos tiveram influência direta na política brasileira da
década de 1930, o que culminou na instauração do Estado Novo por Getúlio
saibamais
Saiba mais
O artigo de Adalberto de Paula Paranho,
intitulado Espelhos partidos: samba e trabalho
no tempo do “Estado Novo” (2011), procurou
abordar a música popular, através de
algumas personalidades do samba que
usaram a voz e a arte para fazer resistência
ao regime.
PARANHOS, A. Espelhos partidos : samba e
trabalho no tempo do “Estado Novo”.
Revista Projeto História , v. 43, dez. 2011.
Acesso em: 22 abr. 2020.
ACESSAR
25/03/25, 21:23 Ead.br
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https://revistas.pucsp.br/revph/article/view/7978/6686
Vargas, em 1937, através de um golpe, visando um Estado forte e autoritário
posicionado de forma contrária à democracia liberal, que possuía um líder
carismático e populista, e que tinha por projeto a identidade nacional coletiva.
O Estado Novo foi o período da história do Brasil quando mais se teve os
poderes concentrados nas mãos de um único governante. Com isso, o projeto
centralizador que havia sido posto em prática desde a Revolução de 1930 se
concretizou em sua plenitude. O poder do presidente teve a sua centralização
máxima ao governar todo país por meio de decretos-leis (FAUSTO, 2012;
LOPEZ; MOTA, 2008).
A historiadora Maria Helena Capelato definiu o período do Estado Novo daseguinte forma:
A reforma política se deu a partir do golpe de 10 de novembro de
1937, sob liderança de Getúlio Vargas, com apoio do Exército e de
outras forças antidemocráticas. O povo foi comunicado do golpe a
partir de informações obtidas no rádio. A mudança política
produziu um redimensionamento do conceito de democracia
norteada por uma concepção particular de representação política
e de cidadania; a revisão do papel do Estado se completou com a
proposta inovadora do papel do líder em relação às massas e
apresentação de uma nova forma de identidade nacional: a
identidade nacional coletiva (CAPELATO, 2003, p. 110).
Em suma, o Estado Novo constituiu-se em uma forma de governo altamente
repressiva e autoritária, a qual, sem qualquer participação popular, construiu
o apoio das massas e controle das bases através do investimento na
propaganda da figura paternalista de Getúlio Vargas. O DIP, Departamento de
Imprensa e Propaganda, foi o principal órgão de articulação desse projeto, o
qual também foi responsável pela promoção da censura.
25/03/25, 21:23 Ead.br
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O Sistema Cultural e seus Intelectuais
Como vimos no primeiro ponto deste livro, a consciência do atraso nacional
sempre esteve presente no imaginário brasileiro da primeira metade do
século XX e denunciava a situação crítica de miséria social na qual o país se
encontrava.
Essas questões contornaram a produção intelectual da década de 1930, que
discutia o atraso endêmico do país e as limitações que ele trazia ao
desenvolvimento nacional por meio de produções acadêmicas e literárias.
Dentre alguns autores, podemos citar: Monteiro Lobato, com o livro intitulado
O escândalo do petróleo; Anísio Teixeira, com Educação para a democracia;
José Maria Bello, com A questão social e a solução brasileira; Manuel
Bandeira, com Estrela da Manhã; José Lins do Rêgo, com Menino do Engenho;
Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Júnior, a respeito
dos quais nos aprofundaremos adiante.
Figura 1.3 - Com feições dos trabalhadores das fábricas, essa tela esboça a
interpretação da artista sobre o período da industrialização brasileira
Fonte: Tarsila do Amaral (1933) / WIKIART.
25/03/25, 21:23 Ead.br
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A questão da formação e fundamentação da identidade nacional e a busca
por respostas à condição de atraso do Brasil foram dois elementos essenciais
que pautaram as temáticas abordadas pelos intelectuais brasileiros.
O Estado Novo deu ensejo a um esforço visando articular intelectuais de
várias áreas com vistas a estabelecer o que seria a nova identidade nacional
brasileira a partir de uma série de parâmetros: Villa-Lobos destacou-se na
produção de uma música erudita considerada autenticamente nacional;
Mário de Andrade, além de discutir a nacionalidade em seus romances,
redescobriu e revalorizou o barroco como expressão artística brasileira de
raiz; a partir de releituras do mesmo barroco, Oscar Niemeyer desenvolveu
uma nova arquitetura ousada, apontando para um futuro marcado pelo
progresso; e, articulando toda essa produção, foi entregue ao ministro da
Educação, Gustavo Capanema, a missão de reformular todo o currículo
escolar visando a imprimir essa identidade nacional na formação de crianças
e jovens.
praticar
Vamos Praticar
A busca do Estado brasileiro por definir uma identidade nacional orientou boa parte
das políticas públicas na década de 1930 realizadas nos âmbitos culturais e
intelectuais, as quais estimularam a produção cultural de personalidades, como
Villa-Lobos, Mário de Andrade, Oscar Niemeyer, dentre outros. O investimento na
propaganda política também esteve inserido nesse projeto.
Assinale a alternativa correta em relação ao que pode ser considerado como
objetivo político do Estado Novo.
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a) Defender a continuidade da hegemonia da oligarquia paulista.
b) Reinstaurar o sufrágio universal estabelecido no início da República Velha.
c) Guiar o país para um regime de propriedade coletiva da terra, inspirada
nas sociedades indígenas.
d) Fundamentar teórica e culturalmente a constituição de um Estado
autoritário e personalista.
e) Estabelecer a unidade de projeto nacional entre a Ação Integralista e a
ALN.
25/03/25, 21:23 Ead.br
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Gilberto Freyre foi um dos expoentes da historiografia brasileira que
procurou interpretar o passado colonial do Brasil para compreender a lógica
das estruturas sociais presentes na sociedade do país, assim como os
aspectos culturais imbuídos nas relações sociais. Três títulos formam a
principal produção intelectual composta pelo intelectual: Casa-Grande e
Senzala (1933), Sobrados e Mucambos (1936) e Ordem e Progresso (1957).
Do ponto de vista metodológico e historiográfico, a obra de Gilberto Freyre
trouxe para a produção brasileira uma renovação daquilo que se era
produzido desde o século XIX com as pesquisas provenientes do IHGB -
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. De sua parte, as produções
historiográficas do século XIX, encabeçadas por nomes como João Capistrano
de Abreu e Francisco Adolfo de Varnhagen, carregavam consigo a
metodologia positivista da historiografia europeia do século XIX (essa escola
tinha por concepção metodológica a leitura empírica do documento
Gilberto Freyre e aGilberto Freyre e a
Formação daFormação da
SociedadeSociedade
BrasileiraBrasileira
25/03/25, 21:23 Ead.br
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histórico/oficial e a escrita da história como uma repercussão factual,
cronológica e episódica dos acontecimentos históricos) (CEZAR, 2011).
Já o trabalho de Gilberto Freyre buscou, utilizando principalmente os jornais
como fonte documental, compreender a história do Brasil a partir da
metodologia proveniente da História Social e Cultural, podendo ser
considerado o precursor de uma nova tendência para a historiografia
brasileira; nova tendência essa que propunha um novo olhar para o passado,
para a leitura dele e para sua escrita.
Levando em consideração o contexto no qual Gilberto Freyre estava inserido,
o sociólogo e historiador viu-se, nas décadas de 1920 e 1930, na missão de
analisar e compreender a sociedade brasileira e as suas particularidades. E
seria a análise dessas particularidades que o ajudaria a formular a identidade
nacional fundamentada em dois pontos essenciais e provenientes da antiga
sociedade colonial da América Portuguesa: a “democracia étnica e social” (ora
também denominada democracia racial) e o “patriarcalismo”. Vejamos, a
seguir, como se constituíram e em que se fundamentaram as teses criadas
por Freyre (FREYRE, 2002).
O Patriarcalismo e a Lógica das
Estruturas Sociais
A começar pela tese da “democracia étnica e social”, Gilberto Freyre
considerava o “mestiço” como o resultado da interpenetração cultural e étnica
ocorrida na sociedade brasileira entre as chamadas três raças que a iniciaram
nos tempos coloniais: os índios, os negros, e os brancos europeus. O
resultado dessa interpenetração sociocultural teria sido a constituição do
“mestiço” como a representação da chegada da sociedade brasileira à
modernidade e do processo de equilíbrios de antagonismos que existiam no
período colonial (SCHNEIDER, 2012, p. 76): as culturas europeia e indígena;
europeia e africana; africana e indígena; a economia agrária e pastoril; agrária
e mineira, dentre outros. Mas, para Freyre, de todos os antagonismos que
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formaram a sociedade brasileira, o mais profundo foi o do senhor e o
escravo.
Para chegar a essa conclusão, Freyre comparou o passado escravocrata
angariado por norte-americanos e portugueses para definir que estes teriam
tido uma versatilidade maior, se comparados aos primeiros, para promover a
miscigenação, pois eram desprovidos de orgulho racial se comparados aos
norte-americanos. Para o sociólogo e historiador, essa característica da
sociedade portuguesa, classificada como “bicontinentalidade” (por envolver
Europa e África), foi a responsável por evitar os “preconceitos inflexíveis” que
ocorriam na sociedade escravocrata norte-americana. Ou seja, nas palavras
de Freyre, foi “a singular predisposição do português para a colonização
híbrida e escravocrata dos trópicos e o seu passado étnico, ou antes cultural,
de povo indefinido entre a Europa e a África” (FREYRE, 2002, p. 80) que teriam
permitido a formação de uma sociedade brasileira homogênea, única e sem
preconceitos étnico-raciais. Podemos ver essa tese nas palavras do autor.
Figura 1.4 - O mestiço
Fonte: Candido Portinari (1934) / WIKIART.
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O escravo terrível que só faltou transportar da África para a
América, em navios imundos, que de longe se adivinhavam pela
inhaca, a população inteira de negros, foi por outro o colonizador
europeu que melhor confraternizou com as chamadas raças
inferiores. O menos cruel nas relações com os escravos (FREYRE,
2002, p. 255).
Como já vimos acima, o resultado dessa miscigenação foi a formação do
“mestiço”, que, segundo Freyre (2002), representava a modernidade da
população brasileira. Modernidade essa que seria diferente daquela que
estava se desenvolvendo nas democracias liberais da Europa e dos Estados
Unidos no início do século XX, das quais o autor manteve um posicionamento
bastante crítico. Para ele, os valores tradicionais e conservadores da
sociedade estavam correndo o risco de serem perdidos pela modernidade
ocidental. Eram esses valores a representação da identidade nacional
brasileira. E foi a defesa das antigas “harmonias” socioculturais que fez com
que Gilberto Freyre se afastasse dos esboços democráticos que estavam
sendo construídos a partir da proclamação da República, em 1889, e que
terminaram com o golpe de Estado de 1937 e a instituição do Estado Novo,
por Getúlio Vargas. Foi a defesa da permanência dos valores sociais coloniais,
como o “paternalismo” e a ideia de “democracia étnica e cultural”, que fez
com que Freyre flertasse com Estados autoritários que se configuraram no
Brasil e na Espanha, por exemplo (TAVOLARO, 2017). Por isso, Freyre se
posicionou de forma contrária ao processo de industrialização.
À vida nos engenhos faltam as condições de permanência e o ritmo
patriarcal de outrora. [...] As usinas de firmas comerciais trouxeram
para a indústria do açúcar mecanismo das fábricas burguesas: as
relações entre patrões que fumam charutos enormes como nas
caricaturas de “Simplicius” e operários que só conhecem o patrão
de vista. Dominam estas relações em vez da subserviência como
que filial dos antigos trabalhadores aos senhores de engenho [...]
(FREYRE, 1979, p. 79-82 apud SCHNEIDER, 2012, p. 78).
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O trecho acima, apesar de não pertencer a nenhum dos três principais livros
escritos pelo autor, resume a análise feita por ele sobre a estrutura da
sociedade colonial brasileira e o conceito de “patriarcalismo”. Essa estrutura,
que foi embasada no tripé latifúndio, escravidão e economia
agroexportadora, teve como resultado a formulação da estrutura patriarcal
da família senhorial. Nessa configuração social, o patriarca da família, o
senhor de engenho, se constitui em um núcleo econômico e um núcleo de
poder ao qual o seu núcleo familiar e a sociedade circundam. No núcleo
familiar do patriarca estavam incluídos também os agregados, os quais eram
constituídos por negros escravizados, em sua maioria, e que eram providos
pelo patriarca e subordinados à sua autoridade.
Figura 1.5 - “O jantar. Passatempos depois do jantar” faz uma representação
do abismo social existente entre senhor e escravo desde o período colonial
Fonte: Jean-Baptiste Debret (1830) / WIKIPEDIA.
Em suma, as relações sociais e econômicas do modelo de sociedade colonial
da América Portuguesa contornavam a figura do paters , o patriarca, que
possuía autoridade nas mãos. Dessa forma, a sociedade patriarcal e o
processo de miscigenação cultural e étnico com a formulação de uma
“democracia étnica e social” formavam, segundo Gilberto Freyre (2012), a
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estrutura e a identidade da sociedade brasileira, destacando-a e
diferenciando-a de todas as outras.
Influências Historiográficas
Internacionais
Ao analisar a sociedade agrária, escravocrata e patriarcal, como era a
sociedade brasileira, Gilberto Freyre trouxe uma metodologia de análise
documental e de escrita da história até então nunca utilizadas no âmbito
intelectual brasileiro. Com isso, o sociólogo e historiador destacou em seus
trabalhos as nuances dos detalhes do cotidiano da sociedade colonial, indo
de encontro à história positivista do século XIX, que privilegiava a descrição de
grandes eventos e de personagens considerados essenciais para a construção
da História do Brasil (BLOCH, 2002; BARROS, 2010).
Para tanto, Freyre inovou ao utilizar como fonte documental anúncios de
jornais que tratavam da venda e fuga de escravizados. Direcionou o olhar
para as questões culturais de vestimenta, modos de alimentação, as danças
africanas, os abusos sexuais das escravas cometidos pelos senhores de
engenho, dentre outros (FREYRE, 2002; BURKE, 1997).
As influências historiográficas internacionais estiveram sob o impacto das
renovações metodológicas que a New History (Nova História) - semelhante à
renovação de estudos histórico-sociais que ocorria na França da década de
1930 com a Escola dos Annales - havia causado nos estudos de história social
da Universidade de Columbia (EUA), na década de 1920 (BURKE, 1997, p. 05).
Essa nova metodologia aproximou as pesquisas de Freyre de outras áreas,
como, por exemplo, a Antropologia Social e Cultural, unindo-a com a
Sociologia e a História. Essas influências teriam destacado a História do
Cotidiano (em voga na Antropologia dos EUA) como o principal baluarte dos
trabalhos de Gilberto Freyre sobre o Brasil e a sociedade colonial brasileira.
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praticar
Vamos Praticar
Uma das principais teses encampadas por Gilberto Freyre é a de que houve, na
História do Brasil, o desenvolvimento de uma “democracia étnica e cultural”, que
teria contribuído para a formação da sociedade brasileira no que tange às
características próprias da nação.
Assinale a alternativa correta que define a ideia de “democracia étnica e cultural”.
a) A sujeição dos colonizadores brancos à religião e à cultura africana.
b) A igualdade entre todas as raças na construção do Estado brasileiro.
c) O caráter miscigenado da cultura nacional, fundamentada na imbricação
entre as três etnias: indígena, africana e branca europeia.
d) A junção do cristianismo europeu com o politeísmo indígena e africano
para a criação de uma terceira religião, a brasileira.
e) A procura dos brancos europeus por garantir a liberdade de indígenas e
africanos em seus engenhos.
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O historiador Sérgio Buarque de Holanda foi contemporâneo de Gilberto
Freyre, tendo seus trabalhos recebido a influência histórico-metodológica,
 antropológica e culturalista presentes nos trabalhos do sociólogo brasileiro.
A metodologia da História da Cultura e das mentalidades esteve presente nos
seus principais trabalhos: Raízes do Brasil (1936), Visão do Paraíso (1959),
Monçõe s (1945) e História da Civilização Brasileira (1960).
Em seus trabalhos, Holanda também procurou compreender o Brasil e
interpretá-lo de modo a pensar em problemas e soluções para ultrapassar o
atraso socioeconômico no qual o país estava mergulhado desde o período
colonial. Ao contrário da visão romântica traçada por Gilberto Freyre sobre a
ideia de “democracia étnica e social” e sobre o “patriarcalismo” como sendo as
sustentações da sociedade brasileira que a mantinham de forma única e
harmônica, Sérgio Buarque de Holanda procurou denunciar o abismo social e
político que tais características promoviam, impedindo que o Brasil
alcançasse um modelo democrático de forma definitiva. Desse modo, as
análises versadas pelo historiador iam de encontro ao autoritarismo que se
Sérgio Buarque e oSérgio Buarque e o
Mito do HomemMito do Homem
CordialCordial
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instalara no período do Governo Provisório e na instituição do Estado Novo
por Getúlio Vargas, o qual contrastava  com a lenta modernização no plano
econômico e social. No entanto, a modernização do âmbito político parecia
algo absolutamente difícil para uma sociedade que havia construído as suas
bases na exclusão (REZENDE, 1996).
Diante disso, a relação entre o Estado e a Sociedade foi o fio condutor de
todos os seus trabalhos, de Raízes do Brasil , que possuía uma estrutura
ensaística, a Visão do Paraíso e Monções , fundamentados nas metodologias da
História Social, Cultural e das Mentalidades (HOLANDA, 2010) . Segundo a
historiadora Maria Odila Dias, Sérgio Buarque de Holanda sempre foi atento
às especificidades de cada conjuntura histórica, sabendo explorar as
contradições que existem entre as normas oficiais e a realidade social, e
procurando compreender “as instituições e os costumes, as aparências e os
fatos, o formal e informal” (DIAS, 1985, p. 32).
Por fim, para compreendermos o conceito de “homem cordial” que o
historiador atribuiu como característica fundamental para se compreender as
bases da sociedade brasileira, antes precisamos nos debruçar nos conceitos
de “personalismo” e de “patrimonialismo”, os quais também fundamentaram
a sua interpretação sobre o Brasil.
O Patrimonialismo e a Lógica das
Estruturas Sociais
Os conceitos de “patrimonialismo” e “personalismo” estão inteiramente
imbricados à relação entre o público e o privado nas relações sociais, políticas
e econômicas da sociedade brasileira. E, para compreender essa relação, faz-
se necessário realizar uma busca constante do entendimento das heranças
coloniais que estruturaram essa sociedade. Por isso, Sérgio Buarque de
Holanda proferiu em Raízes do Brasil o seguinte trecho:
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[...] enquanto perdurassem intactos e, apesar de tudo, poderosos,
os padrões econômicos e sociais herdados da era colonial e
expressos principalmente na grande lavoura servida pelo braço
escravo, as transformações mais ousadas teriam de ser superficiais
e artificiosas (HOLANDA, 1987, p. 46).
Isto posto, a conclusão a que Holanda chegou em seus trabalhos acadêmicos
é a de que todas as relações políticas possuíam caráter privado ao invés de
público, fazendo prevalecer as vontades individuais e, portanto,
“personalistas” nessas relações. Essa característica da realidade social
brasileira esteve presente desde o período colonial da História do Brasil, no
qual via-se a esfera doméstica alcançar graus de autoridade dentro e fora
dela e criando teias de relações sociais públicas que tinham o “personalismo”,
ou seja, a vontade pessoal, como fator de grande importância. Lembremos
também que a questão da autoridade doméstica da qual Sérgio Buarque de
Holanda trata em seus trabalhos está relacionada à figura do patriarca e da
estrutura patriarcal que vimos sobre os trabalhos de Gilberto Freyre.
Figura 1.6 - Um nobre brasileiro beijando a mão de S. M. I D. Pedro I
Fonte: Jean-Baptiste Debret (1827) / WIKIMEDIA.
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Em suma, a manutenção do “patrimonialismo” e do “personalismo” na
sociedade brasileira desde o período colonial - a qual se resumia na
imbricação da administração pública com as vontades de caráter privado que
estavam presentes nas ações daqueles que, ao mesmo tempo que
governavam e administravam a política e a economia colonial, misturavam as
suas vontades e interesses privados para manterem o seu patrimônio e status
quo (status social) - teria sido a causa da presença do autoritarismo na política
e sociedade brasileira e teria impedido a sustentação de uma democracia
legítima.
A estruturação da sociedade colonial, nessa forma de organização, resultou
na inexistência de espaços impessoais fundamentais para a organização de
uma esfera pública dissociada das vontades particulares de quem governa e
administra, e essenciais para a constituição de uma sociedade democrática,
onde todos possuem espaço na construção do ambiente público (REZENDE,
1996, p. 35-36).
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saibamais
Saiba mais
O seriado Filhos da Pátria: uma história da
nossa história (2017) conta a história fictícia
de Geraldo Bulhosa, um funcionário público
do palácio imperial, influenciado por atitudes
corruptas e desonestas no trabalho. O
seriado procurou retratar de forma cômica o
“patrimonialismo” e o “personalismo”
existentes nas relações político-sociais
brasileiras. Veja o trailer dessa série e saiba
mais!
ASS IST IR
Nesse sentido, o “homem cordial” analisado por Holanda está na
contrapartida da democracia, tendo em vista que ele é o resultado das
relações patrimonialistas e personalistas imbricadas na sociedade brasileira,
deixando transparecer características passionais e pessoais em detrimento
das racionais. Ou, como definiu a socióloga Maria José de Rezende,
a cordialidade como um traço ativo e fecundo do caráter brasileiro
define padrões de convívio humano que se constituem em imensos
obstáculos para a construção de um outro padrão de convívio: o
democrático. É como se o indivíduo se defendesse da publicização
das relações sociais; o que torna precária a possibilidade de luta
por ideais abstratos e subjetivos (REZENDE, 1996, p. 36).
As normas particularistas que se consolidaram na sociedade brasileira
funcionam como impedimentos para a expansão de instituições políticas,
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criadas em princípios neutros e abstratos, que condizem com uma sociedade
que se democratiza.
praticar
Vamos Praticar
Para Sérgio Buarque de Holanda (1987), uma das grandes razões do atraso
brasileiro está naquilo que ele chama de “patrimonialismo”. Essa característica
apontada pelo historiador para falar da cultura nacional estaria imbricada nas
relações sociais desde o período colonial.
Assinale a alternativa correta que define a ideia de “patrimonialismo” para Sérgio
Buarque de Holanda.
a) A procura obcecada do brasileiro por incrementar o patrimônio público,
mesmo que em detrimento de seus próprios interesses.
b) A procura obcecada do brasileiropor incrementar seu próprio patrimônio,
o que lhe tira o interesse por executar funções públicas que poderiam
distraí-lo.
c) A prodigalidade com a qual o brasileiro cede seu patrimônio a terceiros.
d) A racionalidade com que o brasileiro gere tanto os bens públicos quanto
os privados.
e) A ausência de distinção entre interesses públicos e privados na atitude de
homens públicos na trajetória brasileira.
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O historiador paulistano Caio Prado Júnior, assim como Gilberto Freyre e
Sérgio Buarque de Holanda, também foi contemporâneo dos contextos
políticos, sociais e econômicos decorrentes da década de 1930 em diante. E,
do mesmo modo que os historiadores apresentados anteriormente, procurou
interpretar a sociedade brasileira para compreender os motivos do seu atraso
socioeconômico. Essas interpretações e análises estiveram expressas em
algumas das suas principais obras, como, por exemplo: A questão agrária
(1979), A revolução brasileira (1987), Formação do Brasil Contemporâneo (1942)
e Evolução Política do Brasil (1933).
Do ponto de vista metodológico e historiográfico, a obra de Caio Prado Júnior
se destaca das referenciadas anteriormente por dois motivos. O primeiro
deles se constitui na referência teórico-metodológica marxista, a qual
embasou todos os trabalhos realizados pelo historiador, fazendo com que ele
conseguisse formular uma interpretação histórica sobre a formação do Brasil
enquanto nação, partindo das bases coloniais ainda presentes no cerne das
estruturas políticas e econômicas. O segundo ponto que destaca o trabalho
Caio Prado e aCaio Prado e a
InterpretaçãoInterpretação
Marxista do BrasilMarxista do Brasil
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de Caio Prado em relação ao de Freyre e Holanda (e que se mostra como uma
consequência da sua escolha teórico-metodológica para o marxismo) é o fato
de ele ter procurado sempre traçar uma interpretação do Brasil na sua
totalidade, ou seja, procurando compreender vários setores da sociedade
para formular uma interpretação baseada no olhar sobre o todo. Logo, ao
contrário de Freyre, que procura compreender o Brasil a partir da família
patriarcal dos engenhos pernambucanos, e de Holanda, que busca fazer essa
interpretação a partir das mentalidades, Caio Prado focou o seu olhar nas
estruturas sociais, econômicas e políticas para traçar, sobretudo, uma
interpretação político-econômica da formação do Brasil (RICUPERO, 1998).
A interpretação do Brasil que marcou toda a obra de Caio Prado teve a ideia
de “sentido da colonização” como ponto chave. Com essa tese, o historiador
traçou a passagem do período colonial para a construção da nação brasileira
a partir do período imperial, após a independência de Portugal. A partir do
traçado dessa passagem, de um fio condutor que é posto de forma dinâmica,
procurou-se compreender a formação do Brasil até a década de 1930,
partindo da sua própria trajetória econômica e social. Segundo Caio Prado,
Todo povo tem na sua evolução, vista a distância, um certo
“sentido”. [...] Quem observa aquele conjunto, desbastando-o do
cipoal de incidentes secundários que o acompanham sempre e o
fazem muitas vezes confuso e incompreensível, não deixará de
perceber que ele se forma de uma linha mestra e ininterrupta de
acontecimentos que se sucedem em ordem rigorosa, e dirigida
sempre numa determinada orientação (PRADO JÚNIOR 2011, p.
15).
Vejamos que o sentido da colonização apresentado pelo autor não se coloca
como uma ideia de movimento histórico único, mas sim uma sucessão de
acontecimentos que vão tecendo uma teia e formando a totalidade de um
processo histórico, o qual não é imutável e pode ser transformado a partir de
mudanças estruturais. Essas mudanças, no caso do Brasil, deveriam ocorrer
nas estruturas que se formaram no período colonial do Brasil e que
prosseguiram continuamente na sua formação como nação, impedindo que o
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país abandonasse a sua condição histórica de atrasado e dependente
economicamente dos países imperialistas europeus. Logo, a lógica do sentido
da colonização teria se prolongado até a contemporaneidade por ter mantido
a mesma lógica de produção, de trabalho e de concentração no país, fazendo
com que o Brasil permanecesse como fornecedor de produtos tropicais ao
comércio internacional (COLOMBINI, 2019).
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Por fim, a contribuição da teoria marxista para a leitura que Caio Prado
realizou sobre a formação do Brasil foi inédita por ele ter conseguido realizar
a sua adaptação à singularidade latino-americana. É por conta do olhar às
reflita
Reflita
O artigo do professor de economia
Rodrigo Alves Teixeira, intitulado
Capital e colonização: a constituição da
periferia do sistema capitalista mundial
(2006), procurou refletir sobre o
trabalho de Caio Prado Júnior a
respeito de como se deu a inserção
do Brasil no capitalismo mundial após
a independência e como ele se
constituiu em um país periférico.
Levando essa questão em
consideração, é preciso considerar
que, em nosso contexto atual, um dos
maiores compradores de matéria-
prima brasileira é uma outra potência
em ascensão: a China. O que isso
poderia dizer sobre a posição do
Brasil no quadro econômico e político
internacional nos anos de Caio Prado
e nos nossos tempos?
Fonte: Teixeira (2006, p. 539).
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particularidades latino-americanas, tropicais e de condição de dependência
europeia (situação colonial ligada ao capitalismo comercial -> situação
nacional) que a teoria marxista, que apenas se encaixava ao contexto sócio-
histórico europeu (feudalismo -> capitalismo mercantil -> capitalismo
industrial), o permitiu compreender a condição de dominação “velada” na
qual o Brasil ainda se encontrava após a independência com relação ao
processo de acumulação de capital por parte dos países europeus. No
entanto, essa condição não se mostrava mais por meio do capitalismo
comercial, do período colonial, mas sim na lógica do capitalismo industrial, no
qual o Brasil se encontrava (como vimos na contextualização da parte 1 desse
livro) na configuração político-econômica agroexportadora. Em suma, a
perspectiva dialética da teoria marxista utilizada por Caio Prado não viu a
relação entre Colônia e Nação como sendo antagônicas, mas sim como uma
relação de formação e continuidade, na qual o passado colonial teria
fundamentado a nacionalidade brasileira. Logo, para mudar as condições
coloniais impregnadas na estrutura social, econômica e política do Brasil,
fazia-se necessária a modificação das características coloniais dessa
estrutura.
praticar
Vamos Praticar
Caio Prado Júnior (2011) desenvolveu suas pesquisas sobre o Brasil a partir de uma
leitura teórico-metodológica marxista, da qual formulou uma análise relacionando o
desenvolvimento econômico, político e social brasileiro do período colonial até à
constituição da nação. A constituição desse fio condutor que interligava os
movimentos históricos e as estruturas foi definida pelo autor como o “sentido da
colonização”.
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PRADO JÚNIOR, C. Formação do Brasil Contemporâneo . São Paulo: Companhia
das Letras, 2011.
Assinale a alternativa que define corretamentea ideia de “sentido da colonização”
para Caio Prado Júnior.
a) O destino do Brasil em ser uma potência, fruto da produção intensiva no
período colonial.
b) A condenação do Brasil, em sua história, a ser mero fornecedor de
matéria-prima para as potências mundiais.
c) O estabelecimento de uma democracia étnica no Brasil desde o período da
colonização.
d) O fato de o Brasil contar com uma forte indústria desde, pelo menos, o
século XVIII.
e) O desenvolvimento de uma agricultura de subsistência que serve como
fundamento da economia nacional.
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indicações
Material
Complementar
FILME
O Homem Cordial
Ano : 2018
Comentário : O filme procurou abordar e questionar a
ideia de que o brasileiro possui uma postura cordial,
receptiva e passiva, expondo e analisando a época dos
linchamentos virtuais.
Para conhecer mais sobre o filme, acesse o trailer a
seguir.
TRA ILER
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LIVRO
Intérpretes do Brasil: Clássicos, Rebeldes e
Renegados
Luiz Bernardo Pericás e Lincon Secco (org.).
Editora : Boitempo
ISBN : 8575593595
Comentário : Esse livro procurou traçar um amplo
panorama sobre o pensamento crítico político-social
brasileiro dos séculos XX e XXI. Logo, não estão
presentes somente os três nomes apresentados na
unidade, mas também outros pesquisadores que
procuraram compreender o Brasil ao longo desses dois
séculos. Ver-se-á, portanto, a presença de
interpretações contemporâneas.
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conclusão
Conclusão
Nessa unidade, tivemos a oportunidade de conhecer as produções
historiográfica no início do século XX e que tiveram como tema central a
interpretação do Brasil enquanto nação, procurando compreender as bases
que fundamentaram a construção de uma identidade nacional e que
também, na visão de alguns autores, teriam sido a causa para o atraso social
e econômico existentes no Brasil.
Vimos, portanto, que o contexto no qual as interpretações do Brasil foram
redigidas teve uma influência central nos questionamentos em torno da ideia
de democracia, autoritarismo, desenvolvimento econômico e exclusão social
na política. Além disso, cada um dos autores apresentados trouxe
interpretações e teses sobre o Brasil, as quais estiveram embasadas em
conceitos como: “patriarcalismo”, “democracia étnico social”,
“patrimonialismo”, “personalismo”, “homem cordial” e o “sentido da
colonização”. Conceitos esses que são fundamentais para a compreensão do
Brasil, da sua estrutura política, econômica, social e cultural, e que são lidos e
relidos pelas produções historiográficas dos dias de hoje.
referências
Referências
Bibliográficas
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BARROS, J. A Escola dos Annales e a crítica ao historicismo e ao positivismo.
Revista Territórios e Fronteiras , v. 3, n. 1, jan./jun. 2010.
BLOCH, M. Apologia da História . Rio de Janeiro: Zahar, 2002.
BURKE, P. Gilberto Freyre e a Nova História. Tempo Social , São Paulo, v. 9, n.
2, p. 01-12, 1997.
CAPELATO, M. H. O Estado Novo: o que trouxe de novo? In: FERREIRA, J.;
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