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* * * “A relação entre o Estado e os movimentos sociais” William César Castilho Pereira * * * ANTECEDENTES Transformações sociais (anos 60) X intenso debate teórico sobre os MS Importância dos MS no Brasil: processo de redemocratização Reconfiguração das relações entre o Estado e a sociedade civil Perspectiva: Estado Ampliado (Gramsci) Questão central: como se configura a relação entre sociedade civil e Estado no Brasil a partir da discussão dos MS (esferas de ação, autonomia, institucionalização, contradições e tensões)? * * * Paradigmas dos MS - I 1 – Norteamericanos: centralidade nos fenômenos de mobilização e nas organizações e na resposta do Estado (sociedade X Estado); 2 – Europeus: A) Marxistas: luta de classes e terreno político-econômico (contradições, conflitos, interesse de classes etc.) B) “Novos movimentos sociais”: cultura, política e cotidiano (identidade, relações de poder, representações coletivas etc.) 3 – Latino-americanos: desigualdade e liberdade (reivindicações econômicas e políticas) – utilizam referenciais marxistas e dos novos movimentos sociais * * * ESTRUTURAL-FUNCIONALISMO Sociedade = sistema = coesão social Instituições = função social Conflito = disfunção = reação Movimentos sociais = movimentos de massas na sociedade industrial = irracionalismo (desvio) Perspectiva conservadora “O funcionalismo não nega o conflito, porém compreende-o na perspectiva da coesão social. Admite que uma parte pode mudar o todo. Sua tese se apoia no ajuste, na correspondência, no equilíbrio e na integração. As partes se relacionam ajustando-se ou desajustando-se reciprocamente. Nesse sentido, o conflito é funcional.” * * * MATERIALISMO HISTÓRICO Transformações na base material (históricas, econômicas e sociais) → lutas e conflitos → novas transformações Produção e reprodução da força de trabalho → conflitos → revoluções Destaque para a ação de grupos organizados (partidos, sindicatos etc.) Brasil - influência dos “neomarxistas”: os movimentos sociais representam a luta por hegemonia dos grupos menos favorecidos na sociedade. “Os movimentos sociais representariam a tentativa de conquista pela sociedade civil de um papel ativo na produção das suas próprias formas de vida, de instalação de novos elos institucionais, de adoção de novos meios culturais.” * * * Alguns temas neomarxistas Escola de Frankfurt – indústria cultural X movimentos de “contracultura” e ou “antiinstitucionais” Sociologia urbana (Castells) - Movimentos Sociais Urbanos – MSU – reivindicações a partir do local de origem Claus Offe – relação entre o campo político e o campo sociocultural (mundo da vida, identidade e autonomia): novos conteúdos, novos modos de atuar, novas formas de autoidentificação. * * * Teorias sobre os “Novos Movimentos Sociais” Europa, anos 60; Brasil, anos 70 Abordam novos elementos: cultura, identidade, solidariedade, subjetividades, micropolítica Diversidade de fontes teóricas Novos princípios para os MS: (citação Touraine, p. 93): Interesse público; Autonomia e autogestão; Transformações cotidianas; “É no interior da sociedade civil que os movimentos sociais, prioritariamente, buscam formas de questionamento e de transformação através de significantes culturais, étnicos, etários, ecológicos, de gênero, etc.” * * * Teorias sobre os “Novos Movimentos Sociais” Foucault e a microfísica do poder: “capilaridade” e poder em rede Guattari: revolução molecular e produção de novas subjetividades individuais e coletivas = movimentos contestatórios → REVOLUÇÃO CULTURAL Castoriadis: MS = novos instituintes (cotidiano, valores) Habermas: sociedade civil = esfera pública (“produção de suas próprias formas de vida”) Melucci: novas formas de ação social, portadoras de uma nova sociabilidade - IDENTIDADES * * * Em síntese... “Sumariamente, podemos afirmar que a questão central que se coloca acerca dos “novos movimentos sociais” é o colapso ou a implosão das posições de dependência e cristalização da autoridade nas esferas institucionais. Em outras palavras, aqueles movimentos determinaram o questionamento das funções e responsabilidades do Estado, da educação, da família, dos sistemas religiosos, da produção estética, do mercado de trabalho, da ciência, da tecnologia, dos partidos e dos sindicatos. Os cidadãos politicamente ativos estariam ampliando seu engajamento na sociedade por meio do envolvimento em grupos e em formas originais de solidariedade.” (p. 103) * * * Os movimentos sociais no Brasil (1960-1990) * * * Contexto anos 50-60 Brasil: lutas e emergência de MS → produção teórica que combina diferentes abordagens Estudos empírico-descritivos + paradigmas europeus (materialismo histórico e novos MS) Anos 60: Contexto internacional: lutas anticoloniais e revoluções socialistas Crescimento dos movimentos por reformas de base na sociedade brasileira Visibilidade da Educação Popular reunindo liberais, grupos de esquerda e católicos Centros Populares de Cultura (UNE) Sindicalismo rural e as Ligas Camponesas Emergência de organizações conservadoras (GAP, IPES, TFP, Liga das Mulheres Democráticas etc.) * * * Movimentos reivindicatórios urbanos Anos 50 e 60 no Brasil: a) industrialização + urbanização (região sudeste); b) contracultura: revolução cultural + mobilização política/lutas sociais (maio de 68) Crescimento dos problemas sociais nas grandes cidades e os problemas ligados às condições de vida nas favelas, vilas e bairros populares Primeiras Sociedades de Amigos de Bairros e Associações de Moradores Características: ambivalência na relação com o Estado Populista (cooptação X pressão); alguns traços instituintes (não institucionalidade, novas formas de luta, questões cotidianas) fragilidade frente ao Estado; relação também ambivalente com a esquerda Golpe Militar: repressão/controle dos MS e luta armada * * * Novos MS no Brasil Anos 70: condições do desenvolvimento do capitalismo no Brasil: “milagre econômico” e sua crise Crescimento da classes trabalhadora urbana e crescimento das cidades → movimentos populares Surgimento de novos movimentos sociais: - CEBs Organizações feministas Movimentos pela saúde e da educação Movimento sindical: oposições sindicais, movimentos grevistas e novo sindicalismo * * * NOVOS “SUJEITOS COLETIVOS” Eder Sader, “Quando novos personagens entram em cena” “Houve um encontro entre o movimento sindical e político-partidário e os diversos movimentos associativos populares de bairro, da mulher, do negro, da Igreja Católica, dos clubes de mães, do custo de vida, do transporte, da saúde e das creches. Ou seja, as QUESTÕES COTIDIANAS de condições de trabalho no interior da fábrica levaram os trabalhadores ao encontro do movimento popular associativo na luta contra as condições precárias de vida coletiva na CIDADE. Ambas as práticas começaram a se unir em seu caráter de organização autônoma, independente dos objetivos políticos externos e em seu intuito de ação em torno de condições objetivas de vida.” (p. 125) Caracterização: movimentos reivindicativos; identificados com os movimentos populares e a educação popular participação de outros agentes externos (intelectuais) (vídeo Cinema e Política) * * * Traços dos novos MS organizados a partir de princípios abertos, múltiplos e compreendendo, às vezes, forças conflitivas; organização descentralizada e democrática (democracia de base); objetivos gradativos e contínuos autonomia em relação ao Estado e aos partidos políticos emergência de novos temas (gênero, ecologia, raça) preocupação com a subjetividade e o cotidiano * * * A institucionalização dos MS Redemocratização → fase propositiva e institucional: novos vínculos entre Estado e sociedade civil: ação institucional e técnica Uma parte dos MS passam a priorizar a ocupação de espaços institucionais e a negociação com o Estado: redes, conselhos e fóruns (Movimento Constituinte; Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua; Movimento dos Sem-Casa etc.) Surgimento de alguns movimentos SIMILARES AOS NOVOS MS: pluripartidários, combinando às vezes interesses públicos e privados (mercado), institucionalizados e organizados (ONGs, Movimento na Ética pela Política, Ação da Cidadania contra a Miséria e pela Vida etc.) Crescimento das ONGs e parcerias no desenvolvimento de políticas sociais Anos 90: REDES (ABONG) e MOVIMENTOS INTERNACIONAIS (Anistia Internacional, Greenpace) * * * Movimentos sociais hoje: desafios Resultados positivos X efeitos perversos da institucionalização dos MS Quais os novos espaços de participação? Quais as novas demandas e temas da agenda dos movimentos sociais? O que faz as pessoas se mobilizarem hoje?
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