Buscar

O processo psicodiagnóstico

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Capítulo I
jQ processo psicodiagnóstíco
Caracterização. Objelivo.s. Momentos do Processo. 
Enquadramento.
4 - ^
Maria L. S. de Ocampo e 
Maria E. Garcia Arzenó
A concepção do processo psicodiagnóstico, tal como o 
postulamos nesta obra, é relativamente nova.
Tradicionalmente ei'a cojisiderado “ a partii' de fora” , corno 
uma situação em que o psicólogo ajDlica.um teste em alguém, 
e era nestes termos que se fazia o encaminiiamento. Em alguns 
casos especificava-se, inclusive, que teste, ou testes, se deve­
ria aplicar. A indicação era formulada então como “ fazer um 
Rorschach” ou “aplicar um desiderativo” em alguém.
De outro ponto de vista, “ a partir de dentro” , o psicólogo 
tradicionátmente sentia sua tarefa conio o cumpjirnento de 
uma solicitação com as características de uma demanda a ser 
satisfeita seguindo os passos e utilizando os instrumentos indi­
cados por oiitros (psiquiatra, psicanalista, pediatra, neurolo­
gista, etc.). O objetivo fundamental de sen contato com o pa­
ciente era, então, a investigação do que este faz diante dos esü- 
mulos apresentados. Deste modo, o psicólogo aluava como al­
guém que aprendeu, o melhor qiie pôde, a aplicar um teste, p 
paciente, por seu lado, repi'esentava alguém cuja presença é 
imprescindível; alguém de quem se espera que colabore docil­
mente, mas que só interessa como objeto parcial, isto é, como 
“ aquele que deve fazer o Rorschacb ou. o Teste das Duas Pes­
soas” . Tudo que se desviasse deste propósito oü interferisse
em seu sucesso era considerado como uma perturbação que 
afeta e complica o trabalho.
Terminada a aplicação do último teste, em geral, despe­
di a-se o paciente e enviava-se ao remetente um informe elabo­
rado com enfoque atomizado, isto é, teste por teste, e com uma 
ampla gama de detalhes, a ponto de incluir, em alguns casos, 
0 protocolo de registro dos testes aplicados, sem levar em conta 
que o profissional remetente não tinha conhecimentos especí­
ficos suficientes para extrair alguma informação útil de todo 
este material. Este tipo de informe psicológico funciona como 
nma prestação de contas do psicólogo ao outro profissional, 
que é sentido como um superego exigente e inquisidor. Atrás 
desse desejo de mostrar detalhadamente o que aconteceu entre 
seu paciente e ele, esconde-se uma grande insegurança, fruto 
de sua frágil identidade profissional. Surge, então, umã neces­
sidade imperiosa de justificar-se e provar (e provar para si) que 
procedeu corretamente, detalhando excessivamente o que acon­
teceu, por medo de não mostrar nada que seja essencial e cli­
nicamente útil. Esses infonnes psicológicos são, à luz de nos­
sos conlrecinienLos atuais, uma hia enumeração de dados, traços, 
fórmulas, etc., freqüentemente não integrados numa Gestalt 
que apreenda o essencial da personalidade do paciente e per­
mita evidenciá-lo.
O psicólogo trabalhou durante muito tempo com um mo­
delo similar ao do médico clínico que, para proceder com efi­
ciência e objetividade, toma a maior distância possível em re­
lação a seu paciente a fira de estabelecer um vínculo afetivo 
que não lhe impeça de trabalhar com a franqüilidade e a obje­
tividade iiecessáiias.
Em nossa opinião, o psicólogo freqüentemente agia assim 
- e ainda age - por carecer de uma identidade sólida que lhe 
pemiita saber quem é e qual é seu verdadeiro trabalho dentro 
das ocupações ligadas à saúde mental. Por isso tomou empres­
tado, passivamente, o modelo de trabalho do médico clínico (pe­
diatra, neurologista, etc.) que lhe dava um pseudo-alívio sob dois
 ^ ......... ........ .........0 processo psicodiagnóstico e as técnicas projetivas
aspectos. Por um lado, tomou emprestada uma pseudo-identi- 
dade, negando as diferenças e não pensando para não disi:in- 
guir e ficaj-, de novo, desprotegido. O preço deste alívio, além 
da imposição externa, foi a submissão interior que o empobre­
cia sob todos os pontos de vista, ainda que ]Jie evitasse um 
questionamento sobre quem era e como deveria trabaíliar. A 
iião-indagação de tudo o que .se referia ao sistema comuníca- 
cionai dinâmico aumentava aTlistância entre o psicólogo e o 
paciente e diminuía a possibilidade de vivenciar a angústia que 
tal relação pode despertar. Assim, utilizavam-se os testes 
como se eles constituíssem em si mesmos o objetivo do psico- 
diagnóstico e como um escudo entre o profissional e o pacien­
te, para evitar pensamentos e sentimentos que mobilizassem 
afetos (pena, rejeição, compaixão, medo, etc.).
Mas nem todos os psicólogos agiram de acordo com esta 
descrição. Muitos experimentaram o desejo de uma aproxima­
ção autêntica com o paciente. Para pô-lo em piútica, tiveram 
de abandonar o modelo médico enfrentando por um lado a 
d.esproteção e, por outro, a sobrecarga afetiva pelos depósitos^' 
de que eram objeto, sem estarem preparados para isso. Podia 
acontecer então que atuassem de acordo com os papéis indu­
zidos pelo paciente: que se deixassem invadir, seduzir, que o 
superprotegessem, o abandonassem, etc. O resultado era uma 
contra-identificação projetiva conr o paciente, inconveniente 
porque interferia em seirtrabalho. Devemos levaj* em conta 
que é escassa a confiança que podemos ter em um diagnósti­
co em que tenha operado este mecanismo, sem. possibilidades 
de correção posterior. Devido à diliisão crescente da psicami- 
lise no âjnbito universitário e sua adoção co.mo ,ma]*co de refe­
rência, os psicólogos optaram por aceitá-la como modelo de 
trabalho, diante da necessidade de achar uma imagem de iden­
tificação que lhes peiaiiitisse crescer e se fortalecer. Esta aqui-
0 processapsicuc/iagiiósüco... .................
* Depositar será usado iiu seuliclo de colocar no oliü o e deixar. (N. do .ti.)
i .
u»
sição significou ura progresso de valor inestimável, mas pro­
vocou, ao mesmo tempo, uma nova crise de identidade no psi­
cólogo. Tentou transferir a dinâmica do processo psicanalítico 
para o processo psicodiagnóstico, sem levar em conta as ca­
racterísticas específicas deste. Isto trouxe, paralelamente, uma 
distorção e um empobrecimento de caráter diferente dos da 
linha anterior. Enriqueceu-se a compreensão dinâmica do caso 
mas foram desvalorizados os instrimientos que não eram utili­
zados pelo psicanalista. A técnica de entrevista livre foi super- 
valorizada enquanto era relegado a um segundo plano o valor 
dos testes, embora fosse para isso que ele estivesse mais pre­
parado. Sua atitude em relação ao paciente eslava condiciona­
da por sua versão do modelo analítico e seu enquadramento 
específico: permitir a seu paciente desenvolver o tipo de con­
duta que surge espontaneamente em cada sessão, interpretar 
com base neste material contando com um tempo prolongado 
para conseguii' seu objetivo, podendo e devendo ser continen­
te de certas condutas do paciente, tais como recusa de falar ou 
brincar (caso trabalhasse com crianças), silêncios prolonga­
dos, faltas repetidas, atrasos, etc.
Se o psicólogo deve fazer um psicodiagnpstico, o enqua­
dramento não pode ser esse: ele dispõe de um tempo limitado; 
a duração excessiva do processo torna-se prejudicial; se não se 
colocam limites às rejeições, bloqueios e atrasos, o trabalho 
fracassa, e este deve ser protegido por todos os meios. Em re­
lação à técnica de entrevista livre ou totalmente aberta, se ado­
tamos 0 modelo do psicanalista (que nem todos adotam), de­
vemos deixar que o paciente fale o que quiser e quando quiser, 
isto é, respeitaremos seu timing. Mas com isto cairemos numa 
confusão: não dispomos de tempo ilimitado. Em nosso contra­
to com o paciente falamos de "algumas entrevistas” e às vezes 
até se especifica mais ainda, esclarecendo que se trata de três 
ou quatro. Portanto, aceitar silêncios muito prolongados, lacu­
nas totais em temas fundamentais, insistência em um mesmo 
tema, etc., "porque é o que o paciente deu”, é ftincionar com uma
______ __ ______opwcesao paicodiagnósilco e as técnicas projetivas
0 processo psicodiagiiósiico___
identidade alheia (a do terapeuta) e romper o líróprio enqua­
dramento. Dai'emos um exemplo: se o paciente diega muito 
atrasado à sua sessà.o, o terapeuta interpretará em função do 
material com que conta, e esse atraso pode constituir para ele 
uma conduta saudável em certo momento da tej-apia, como, 
por exemplo, no caso,de ser o primeiro sinal de (ransíerência 
negativa em um paciente muito predisposto a idealizar seu 
v íiiC L ilô com ele. No caso dò psicólogo que deve realizar um 
diagnóstico, esses poucos .minutos qtie restam nao lhe servem 
para nada, já que, no máximo, poderá ajdicar algum teste grá­
fico mas sem ga,rantia de que possa ser concluído no mojnento 
preciso. Pode oCorrer enteão que prolongue a entrevista., rom­
pendo seu enquadramento, ou inteiTO,mpa o teste; tudo isto per­
turba 0 paciente e amiia seu trabalho, já que um teste não con­
cluído não tem validade. Esse mesmo atraso significa, nesse 
segundo caso, um ataque mais sério ao vínculo com o profis­
sional porque ataca diretamente o enquadi-amenl.o previamen- 
te estabelecido.
Não resta a menor dúvida de que a teona e a técnica psi- 
canalíticas deram ao psicólogo um marco de referência im­
prescindível que 0 ajudou a entender co:rretainente o que acon­
tecia em seu contato com o paciente. Mas, assim como uma 
vez teve de se rebelar contra sua própria tendência a ser um 
apUcador de testes, submetido a um modelo de trabalho frio, 
desumanizado, atojnizado e superdetalhista, (:ambé.rn chegou, 
um momento (e diriamos que estamos vivendo este momento) 
em que teve de definir suas semelhanças e diferenças em rela­
ção ao terapeuta psicanalítico. Todo este processo se deu, entre 
outras razões, pelo falo de ser uma profissão nova, pela forma­
ção recebida (pró ou anúpsicanalítica) e fatores pessoai.s. Do 
nosso ponto de vista, até a inclusão da teoria e da técnica psi- 
canalíticas, a tarefa psicodiagnóstica carecia de um marco de 
referência que ihe desse consistência e utilidade clínica, espe­
cialmente quando o diagnóstico e o prognóstico eram realiza­
dos era liiiição de uma possível terapia, A aproximação entre
10 _0 processo psicocliagnósficv e as tècmcas piojelivas
a tarefa psicodiagnóslica e a teoria e a técnica psicaiialíticas rea­
lizou-se por Lini esfoi-ço mútuo. Se o psicólogo trabalha com 
seu próprio jnarco de referência, o psicanalista deposita mais 
confiança e esperanças na correção e na utilidade da informa­
ção que recebe dele. O psicanalista se abriu mais à informação 
proporcionada pelo psicólogo, e este, por seu lado, ao sentir-se 
mais bem recebido, redobrou seus esforços para dcvr algo cada 
vez melhor. Até há pouco tempo, o lato de o informe psicológi­
co incluir a enumeração dos mecanismos defensivos utilizados 
pelo paciente constituía uma informação importante. No estado 
atual das coisas, consideramos que dizer que o paciente utiliza a 
dissociação, a identificação projetiva e a idealização é dar uma 
informação até certo ponto útil mas insuficiente. Possivelmente, 
todo ser humano apela para todas as defesas conliecidas de acor­
do cora a situação interna que deve enfrentar. Por isso, pensamos 
que o mais útil é descrever as situações que pÕein em jogo‘essas 
defesas, a sua intensidade e as probabilidades de que sejam efi­
cazes. Consideramos que o terapeuta extrairá tuna informação 
mais útil de um informe dessa natureza.
O psicólogo teve de percorrer as mesmas etapas que um 
indivíduo percorre em seu crescimento. Buscou figuras boas 
para se identificar, aderiu ingênua e dogmaticamente a certa ideo­
logia e identificou-se introjetivaraente com outros profissio­
nais que flincionaram como imagens parentais, até que pôde 
questionar-se, às vezes com crueldade excessiva (como ado­
lescentes em crise), sobre a possibilidade de não ser como eles. 
Pensamos que o psicólogo entrou num período de maturidade 
ao perceber que utilizava uma “pseudo” identidade que, fosse 
qual fosse, distorcia sua identidade real, Para perceber esta últi­
ma, teve de tomar uma certa distância, pensar criticamente no 
que era dado como inquestionável, avaliar o que era positivo e 
digno de ser incorporado e o que era negativo ou completamen­
te alheio à sua atividade, ao que teve de renunciar. Cojiseguiu 
assim uma maior autonomia de pensamento e prática, com a 
qual não só se distinguirá e fortalecerá sua identidade própria,
0 processo psicodiagnóslico n
como também poderá pensar mais e melhor em si mesmo, 
contribuindo para o enriquecimento da teoria e da prática psi­
cológica inerente a seu campo de ação.
Cavactenzaçào do prçcesso [meodiagnóstico
Institucionalmente, o processo psicodiagnóstico configu­
ra uma situação com papéis bem definidos e com um contrato 
no qual uma pessoa (o paciente) pede que a ajudem, e outra (o 
psicólogo) aceita o pedido e se compromete a satisfazê-lo na 
medida de suas possibilidades. É uma situação bipessoal (psi- 
cólogo-paciente ou psicólogo-grupo familiar), de duração limi­
tada, cujo objetivo'é conseguir uma descrição e compreensão, 
0 mais profunda e completa possível, da personalidade total do 
paciente ou do grupo familiar. Bnfatiza também a investigação 
de algum aspecto em particular, segundo a sintomatologia e as 
características da indicação (se houver). Abrange os aspectos 
passados, presentes (diagnóstico) e futuros (iDrognóstico) desta 
pei‘Sonalidade, utilizando pai‘a alcançar tais objetivos certas téc­
nicas (entrevista semidirigida, técnicas projetivas, ení.revisía 
de devolução).
Objetivos
Em nossa caracterização do processo psicodiagnóstico 
adiantamos algo a respeito de seu objetivo. Vejamo-lo mais 
detalhadamente. Dizemos que nossa investigação psicológica 
deve conseguir uma descrição e compreensão da personalidade 
do paciente. Mencionar seus elementos constitutivos não salis- 
làz nossas exigências. Além disso, é mister explicar a dinâmi­
ca do caso tal como aparece no material recolíiido, integran­
do-o num quadro global, Uma vez alcançado um panorama pre­
ciso e completo do caso, incluindo os aspectos patológicos e
12 0 procü.sso psicodiagnósíico e cf.s técnicas projetivas
os adaptativos, trataremos de formular recomendações tera­
pêuticas adequadas (terapia breve e prolongada, individual, de 
casal, de grupo ou de grupo familiar; com que freqüência; se 
é recomendável um terapeuta homem ou mulher; se a terapia 
pode ser analítica ou de orientação analítica ou outro tipo de 
terapia; se o caso necessita de um tratamento medicamentoso 
paralelo, etc.).
Momentos do processo psicodiagnôstico
Segundo nosso enfoque, reconhecemos no processo psi- 
codiagnóstico os seguintes passos:
If) Primeiro contato e entrevista inicial com o paciente.
2 *^) Aplicação de testes e técnicas projetivas.
3?) Encerramento do processo: devolução oral ao pacien­
te (e/oLi a seus pais).
4 f) Informe escrito para o remetente.
No momento de abertura estabelecemos o primeiro con­
tato com 0 paciente, que pode ser direto (pessoalmente ou por 
telefone) ou por intermédio de outra pessoa. Também incluí­
mos aqui a primeira entrevista ou entrevista inicial, à qual nos 
referiremos detalhadamente no capítulo 11. O segundo momen­
to consiste na aplicação da bateria previamente selecionada e 
ordenada de acordo com o caso. Também incluímos aqui o tem­
po que o psicólogo deve dedicar ao estudo do material recolhi­
do. O terceiro e o quarto momentos sao integrados respectiva­
mente pela entrevista de devolução de informação ao paciente 
(e/ou aos pais) e pela redação do informe pertinente para o pro­
fissional que o encaminhou. Estes passos possibilitam infor­
mar o paciente acerca do que pensamos que se passa com ele 
e orientá-lo com relação à atitude inais recomendável a ser 
tomada ejnseu caso. Faz-se o mesmo em relação a quem 
enviou 0 caso para psicodiagnôstico. A forma e o conteiido do 
informe dependem de quem o solicitou e do que pediu que fosse 
investigado mais especificamente.
J.Í0 processo psicodiagnósíicu 
Enquadramento
Já nos referimos à necessidade de utilizar uni enquadra­
mento ao longo do processo psicodiagnôstico. Definiremos ago­
ra 0 que entendemos por enquadramento e esclareceremos alguns 
pontos a respeito disto^
Utilizar um enquadrameiilo significa, para nós, manter 
constantes certas variáveis que intervém no processo, a saber:
. - Esclarecimento dos papéis respectivos (natureza e limi­
te da função que cada parte integrante do contrato de­
sempenha).
- Lugares onde se realizarão as entrevistas.
Horário e duração do processo (em termos aproxima­
dos, tendo 0 cuidado de não estabelecer uma duração 
nem muito CLU'ta nem muito longa).
~ Honorários (caso se trate de uma consulta particular ou 
de uma instituição paga).
Não se pode definir o enquadramento com maior precisão 
porque seu conteúdo e seu modo de formulação dependem, em 
muÍI;os aspectos, das características do paciente e dos pais.
Por isso recomendamos esclarecer desde o começo os ele­
mentos imprescindíveis do enquadramento, deixando os res­
tantes para o final da primeira entrevista. Perceber qual o en­
quadramento adequado pa^ ra o caso e poder mim tê-lo de ime­
diato é um elemento tão importante quanto difícil de aprender 
na tarefa psicodiagnóstica. O que nos parece mais recomendá­
vel é uma atitude permeável e aberta (tanto ]?ara com as neces­
sidades do paciente como para com as próprias) para não esta­
belecer condições quelogo se tornem insusientáveis (ínlta de 
limites ou limites muito rígidos, prolongamento do processo, 
delineamento confuso de sua. tarefa, etc.) e que prejudiquem 
especialmente o paciente. A plasticidade aparece como uma 
condição valiosa para o psicólogo quando esle a utiliza para se 
situar acertadamente diante do caso e manter o enquiidramen-
to apropriado. Também o é quando sabe discriminar entre uma 
necessidade real de modificar o enquadramento prefixado e 
uma ruptura de enquadramento por atuação do psicólogo indu­
zida pelo paciente ou por seus pais. A contra-identificação pro­
jetiva com algum deles (paciente ou pai) pode induzir a tais erros.
_______ ______0 processo psicodiagnósiico e as léaiicas projetivas

Continue navegando