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1Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
2 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
3Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
Editorial
Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor
U m dos mais polêmicos assuntos da aqüicultura brasileira certamente é o cultivo de peixes tra-dicionalmente realizado pelos produtores rurais do oeste catarinense, onde a piscicultura está fortemente atrelada à produção de suínos, um dos carros-chefes da economia da região. Esse 
consórcio peixe-suíno vem sendo praticado há décadas e vem ajudando a colocar o Estado de Santa Catarina 
à frente dos demais estados brasileiros no volume total de peixes cultivados.
O mais interessante, porém, é que esse tema, via de regra, vem sendo tratado com mesuras e conver-
sas à boca pequena, já que aqueles que não o aprovam evitam falar abertamente sobre suas convicções, ao 
contrário dos técnicos catarinenses que atuam diretamente junto aos produtores, cada vez mais satisfeitos 
com os resultados, convictos da eficácia e da inocuidade do sistema que, ao que tudo indica, deverá ganhar 
mais adeptos no futuro próximo, já que a Perdigão, a segunda maior empresa agropecuária do Brasil, está 
ajudando a financiar a abertura de viveiros de peixes nas propriedades de seus produtores integrados.
A EPAGRI - Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural do Estado de Santa Catarina há muito 
vem pesquisando as conseqüências dos dejetos dos suínos nos corpos d’água e na qualidade microbiológica 
dos peixes. Nesta edição, convidamos dois especialistas da empresa para comentar os resultados encontra-
dos na várias frentes de pesquisa que tratam deste assunto e, da mesma forma, pedimos a dois outros espe-
cialistas para tecerem alguns comentários sobre o policultivo de peixes consorciados com suínos. Esperamos, 
dessa forma, expor cada vez mais esse tema aos produtores de peixes e sabemos, desde já, que a polêmica 
em torno desse assunto está longe de acabar.
Outra polêmica ainda não resolvida em nossa atividade é a obrigatoriedade do cadastramento dos 
aqüicultores. Nesta edição, publicamos a íntegra da Instrução Normativa do Ministério da Agricultura que 
regulamenta a questão. Saiba como se cadastrar e aproveite para conhecer as conseqüências indiretas desse 
cadastramento na vida dos aqüicultores, que automaticamente também passam a fazer parte do Cadastro 
Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Ambientais.
Leia ainda as notícias da FAO com as últimas estatísticas da produção pesqueira mundial. Nesta edição 
você poderá também conhecer um pouco mais sobre o SIG - Sistema de Informação Geográfica - um recurso 
poderoso capaz de minimizar os riscos na implantação dos projetos aqüícolas, e muito mais.
Mais uma vez, a todos uma boa leitura.
 
 
4 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
5Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
Edição 63 – janeiro/fevereiro, 2001
...Pág 12
...Pág 03
...Pág 06
...Pág 10
...Pág 50
...Pág 24
...Pág 38
...Pág 42
...Pág 13
Capa: Piscicultura Integrada 
(Fotos: Jorge Casaca / Oscar Tomazelli Jr. )
...Pág 26
...Pág 33
índice
Piscicultura Consorciada
...Pág 54
...Pág 58
Santa Catarina se destaca hoje no cená-
rio nacional com a produção de peixes 
de água doce, mantendo um crescimen-
to anual ao redor de 10%, tendo produ-
zido em 99 cerca de 16 mil toneladas. 
A grande disponibilidade de resíduos 
orgânicos, principalmente de aves e su-
ínos, a pouca exigência de mão de obra, 
a inexistência de comércio para os deje-
tos de suínos e, a boa qualidade do mes-
mo como fertilizante para a piscicultura, 
criaram um cenário favorável ao desen-
volvimento da piscicultura integrada 
no Estado, cuja produção de peixes de 
água doce atingiu 1.521 ton. em 1990 e, 
15.977,84 ton. em 1999, apontando um 
crescimento de 900%.
Editor Chefe:
Biólogo Jomar Carvalho Filho
jomar@panoramadaaquicultura.com.br
Direção Comercial:
Solange Fonseca
solange@panoramadaaquicultura.com.br
Jornalista Responsável:
Alba Lírio - MT16.372 
Assistente:
Fernanda Carvalho Araújo
fernanda@panoramadaaquicultura.com.br
Projeto Gráfico:
Leandro Aguiar
leandro@panoramadaaquicultura.com.br
Colaborador:
Fernando Kubitza
 
A única publicação brasileira dedicada 
exclusivamente aos cultivos de organismos 
aquáticos
Design & Editoração Eletrônica:
Panorama da AQÜICULTURA Ltda.
 Impresso na SRG Gráfica & Editora Ltda.
Endereço para correspondência:
Caixa Postal 62.555
22252-970 - Rio de Janeiro - RJ
Uma publicação Bimestral da: 
Panorama da AQÜICULTURA Ltda.
Rua Mundo Novo, 822 # 101
22251-020 - Botafogo - RJ
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Fax: (21) 2553-3487
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Os artigos assinados são de responsabili-
dade exclusiva dos autores. Os editores não 
respondem quanto a qualidade dos serviços 
e produtos anunciados, bem como pelos 
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tário”, por serem espaços comercializados.
Números atrasados custam R$ 7,50 cada. Para 
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daaquicultura.com.br
 
ASSINANTE - Você pode controlar, a cada edição, 
quantos exemplares ainda fazem parte da sua assinatu-
ra. Basta conferir o número de créditos descrito entre 
parenteses na etiqueta que endereça a sua revista.
Edições esgotadas: 01, 05, 09, 10, 11, 12, 14, 17, 18, 
20, 21, 22, 24, 25, 26, 27, 29, 30,33, 34, 35, 36, 37, 38, 
39, 40, 41, 44, 45, 59, 61, 62, 63.
ISSN 1519-1141
Editorial 
Notícias & Negócios 
Notícias da FAO
Notícias da Truticultura
Alimentação para Camarões 
Marinhos Parte II 
Lançamentos Editoriais 
Policultivo de Peixes em 
Santa Catarina 
Piscicultura Consorciada com Suínos 
Problemas de Saúde devido ao uso de 
Excretas na Aqüicultura
SIG: Determinação de Áreas Poten-
ciais para a Carcinicultura 
Extensão Rural e o Desenvolvimento 
da Aqüicultura 
Legislação: Registro de Aqüicultor 
agora é obrigatório 
Calendário Aqüícola 
6 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
ISSN - A revista Panorama da AQÜICULTURA 
agora passa a ser identificada também atra-
vés de seu código do ISSN - International 
Standard Serial Number, integrando-se aos 
sistemas standards de identificação mun-
dial. Desta forma, a publicação fica mais 
visível para a maior parte das bibliotecas 
brasileiras e internacionais, o que facilita as 
buscas dos interessados pelas informações 
aqüícolas. Nosso número no ISSN é 1519-
1141. 
FINANCIAMENTO - A Perdigão, segunda 
maior agroindústria do Brasil, anuncia que 
já está financiando seus produtores inte-
grados de aves e de suínos em Santa Ca-
tarina, para a criação de peixes. Segundo 
Ricardo Menezes, diretor da empresa, em 
entrevista Gazeta Mercantil, o programa, já 
abrange atualmente 200 produtores inte-
grados de um total de 3.500 que a Perdigão 
mantém no Estado. A empresa estabeleceu 
uma parceria com a Cooperavsu - Coope-
rativa Regional dos Produtores de Aves e 
Suínos, que será a responsável operacional 
do programa, bem como fornecerá os ale-
vinos das três espécies escolhidas: tilápia, 
as interfaces entre as pesquisas ecológicas, 
aqüicultura e manejo pesqueiro. Espera-se 
a participação de professores universitá-
rios, alunos de graduação, profissionais de 
órgãos ligados à aqüicultura, à pesca e à 
gestão do meio ambiente, além dos demais 
interessados. Mais informações pelo fone: 
(41) 361-1769 ou e-mail: poissons@cce.
ufpr.br 
FONE NOVO 1– A Aquamalta, empresa 
produtora de alevinos que opera com re-
produtores de tilápia com elevado padrãogenético, está com o seu telefone mudado. 
A empresa pernambucana está atendendo 
agora pelo fone: (81) 3228-6533, fax: (81) 
3228-0658 ou e-mail: aquamalta@ovo-
malta.com.br. A página da Aquamalta pode 
ser visitada no endereço www.ovomalta.
com.br/aquamalta 
FONE NOVO 2 – A Sereia Peixe Vivo, 
empresa paranaense que compra, vende 
e transporta alevinos de tilápia, carpa, 
piauçu, pacu, e bagres está com o seu 
telefone e e-mail mudados. A Sereia 
atende agora pelos fones (45) 278-6001, 
carpas chinesas e húngaras. Segundo Ores-
tes Guerreiro, presidente da Cooperavsu, “a 
piscicultura é hoje o que a avicultura repre-
sentava no País há 30 anos. Ou seja, pouca 
oferta e preço caro”. 
NUTRON EM TOLEDO - Visando atender a 
crescente demanda de rações completas e 
de qualidade no mercado do Centro-Oeste 
do Paraná, em janeiro passado, a Nutron 
Alimentos Ltda deu início às atividades da 
sua segunda unidade de extrusão para a 
industrialização de produtos da linha ProA-
qua. Localizada em Toledo, a unidade, que 
possui capacidade produtiva de 3.000 ton/
mês, opera produzindo rações extrusadas 
para peixes de água doce. Maiores informa-
ções sobre a venda de rações na fábrica do 
Paraná podem ser obtidas através do tele-
fone: (45) 278-5706.
ICTIOLOGIA – O Laboratório de Ictiologia 
Estuarina da UFPR – Universidade Federal 
do Paraná está organizando de 22 a 24 de 
agosto uma “Reunião Técnica sobre Ictiolo-
gia em Estuários”, que visa a discussão das 
técnicas de trabalho, buscando aumentar 
7Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
(45) 9972-6277 e e-mail: sereiapeixevi-
vo@toledonet.com.br 
FONE NOVO 3 - A Bluefish Agropecuá-
ria Ltda. uma piscicultura especializada 
no cultivo de catfish americano (Ictalu-
rus punctatus) e, responsável pela maior 
quantidade de alevinos de catfish comer-
cializados no Brasil, também está de te-
lefone e endereço novos. Anote: Rua XV 
de Novembro, 550 – sala 1204 89010-901 
– Blumenau – SC - Fones: (47) 322-0034/ 
222-3013/ 222-3671 e-mail: bluefish@
terra.com.br 
FONE NOVO 4 - A Socil Guyomarc’h, 
fabricante da linha “Laguna” de rações 
destinadas a alimentação de peixes tro-
picais está agora atendendo seus clien-
tes através dos novos telefones: (11) 
3861-5070, (11) 3861-5080 e (11) 
3861-5170, além do e-mail: rações@
socil.com.Br. A Socil oferece aos criado-
res um programa nutricional completo e 
específico para cada cultivo. 
FONE NOVO 5 - A Fipesca, empresa pau-
lista fabricante de redes para despesca e 
tanques-rede, abriu um canal direto de 
comunicação com seus clientes, que ago-
ra poderão ter acesso direto à sua extensa 
linha de produtos para aqüicultura através 
das ligações gratuitas no fone 0800 770-
1126. O contato com os produtos da Fipes-
ca também poderão ser feitos pelo antigo 
fone: (11) 6741-2826, e-mail: fipesca@
uol.com.br, ou, www.fipesca.com.br 
CONSÓRCIO – Os últimos contemplados 
com o Consórcio Nacional Bernauer fo-
ram: por sorteio, Adolfo Larcher, (SP), 
premiado com um aerador B-303; Mônica 
Gomes (RJ), com um aerador B-209 mo-
nofásico, José Sanches (MG), com aera-
dor B-105 monofásico, Teixeira e Albert 
(PR), com alimentador C-1200; Heinz 
Piske (SC) com aerador B-209 e,Sérgio 
Moraes (SP), com um aerador B 209. Por 
lance, a Piscicultura Aquabel (PR) levou 
um aerador B-105 trifásico; Mazulo (PI) 
levou um aerador B-105 e, Grizzo (SP) 
levou um aerador B-300. 
PRODUTOS E SERVIÇOS– Já está disponi-
bilizado em nosso site www.panoramada-
aquicultura.com.br a relação dos fornece-
dores de insumos e serviços que anunciam 
em nossa edição impressa. Basta clicar em 
“Produtos e Serviços”. Lá, o leitor encon-
trará as informações detalhadas dessas em-
presas, nomes de pessoas a serem contac-
tadas, e-mails e um links para aquelas que 
possuem página na internet. Agora o leitor 
pode, através da página da Panorama da 
AQÜICULTURA, na internet, navegar através 
das empresas que oferecem ao produtor as 
últimas novidades sobre aeradores, redes, 
vitaminas e rações, equipamentos, alevinos 
e tudo o mais que um aqüicultor precisa 
para desenvolver-se plenamente. Aproveite 
também pra conhecer os profissionais que 
oferecem seus serviços especializados e as 
empresas que buscam esses profissionais, 
clicando em “Bolsa de Empregos”. 
OS SABORES – Camadas de tilápias peque-
nas e limpas, colocadas no fundo de uma 
panela de pressão, bem apertadas umas 
contra as outras, como nas latas de sardi-
nha, pode ser uma ótima opção de consu-
mo para peixes de pequeno porte. A dica é 
8 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
da pesquisadora do Instituto de Pesca/
APTA, Maria Aparecida “Cidinha” G. Ri-
beiro, que tem outras 99 receitas prontas 
para um livro. Conforme a receita, depois 
é só jogar um copo de vinagre por cima, 
sal e óleo a gosto, e deixar cozinhar sob 
pressão por 45 minutos, em fogo baixo. 
Ao abrir a panela, verifica-se que as es-
pinhas dos peixes sumiram. Não é má-
gica, e sim o que se chama de ataque 
ácido (o vinagre também atende pelo 
nome de ácido acético). O ataque ácido 
tem duas utilidades: dissolve os ossos e o 
preconceito contra as tilápias pequenas. 
Enquanto o seu livro de receitas não é 
publicado, quem quiser entrar em conato 
com a pesquisadora é só escrever para o 
e-mail magribeiro@uol.com.br
ÁGUAS PÚBLICAS – A nova diretoria 
da ABRAT, através de seu presidente 
Adilon de Souza, solicitou a ajuda 
do Senador Jonas Pinheiro (PFL-MT) 
para interceder junto ao Ministro Pe-
dro Parente, da Casa Civil, no sentido 
de agilizar a publicação da Instrução 
Normativa que regulamentará o De-
creto das águas públicas. Atenden-
do o presidente da Abrat, o Senador 
Jonas Pinheiro encaminhou ofício ao 
Ministro em 13 de fevereiro último. 
Em resposta, o Senador recebeu outro 
ofício do Chefe de Gabinete da Casa 
Civil, datado de 19 de fevereiro, in-
formando que seu ofício havia sido 
encaminhado aos Ministérios do Meio 
Ambiente e da Agricultura e do Abas-
tecimento para análise e providências 
cabíveis. O curioso é que todos acha-
vam que as coisas andavam paradas 
na Casa Civil mas, segundo o andar 
da carruagem, os problemas ainda es-
tão na área da Agricultura e do Meio 
Ambiente.
ALEVINOS - A partir deste ano a Bahia 
Pesca passará a ter a concessão de uso 
gratuito da Estação de Aqüicultura de 
Jequié-BA. Para atender todos os municí-
pios no entorno da barragem de Pedra do 
Cavalo, a Bahia Pesca produzirá alevinos 
na estação de propriedade do Ibama, que 
conta com um espaço de aproximadamen-
te 160 mil metros quadrados e uma área 
construída de 1,3 mil metros quadrados.
CAPIXABA - Começaram a ser liberados 
pelo Banco do Nordeste os financiamen-
tos para as famílias capixabas que vivem 
da pesca predatória na Lagoa Juparanã em 
Linhares. Cada família irá financiar junto ao 
banco R$ 14 mil. A intenção da Associação 
dos Piscicultores do Guaxe e da Prefeitura 
de Linhares é fazer a criação de alevinos 
na própria região e implantar, no futuro, 
uma indústria de beneficiamento. Os recur-
sos são do PRONAF - Programa Nacional de 
Fortalecimento da Agricultura Familiar e a 
administração do negócio será feita pelos 
sócios da associação com apoio da prefei-
tura para a comercialização do pescado 
que deverá ser vendido nos municípios de 
Linhares, São Mateus, Colatina e, principal-
mente, Vitória. Cada família implantará 10 
tanques-rede para engorda e três para pré-
engorda dos peixes de tilápia. A produção 
anual prevista é de 348 toneladas de pes-
cado em dois ciclos.
Carpas
Tilápia Revertida
Bagre Africano
Pacu
Jundiá Branco
Piauçu
Alevinos
Fone/fax: (47) 382-0512
Timbó - SC
Marrecos de Pequim
(5 dias)
FUNPIVI
CENTRO DE PRODUÇÃO E
TECNOLOGIA EM AQUACULTURA
9Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
NOTÍCIAS da FAOPRODUÇÃO MUNDIAL - Segundo a FAO, 
a produção mundial de pescados proven-
ientes da captura e da aqüicultura, baixou 
de 122 milhões de toneladas, em 1997, 
para 117 milhões em 1998 devido, prin-
cipalmente, aos efeitos climáticos causa-
dos pelo El Niño. Segundo as estimativas 
preliminares o volume de produção em 
1999 ascendeu a uns 125 milhões de 
toneladas (resultados ainda não totaliza-
dos). O aumento se deveu principalmente 
a aqüicultura, já que a produção da pesca 
de captura se manteve relativamente 
estável. Em 1998, do total dos peixes 
destinados ao consumo humano, apenas 
79,6% tiveram esse fim. Os outros 20,4% 
restantes foram utilizados para outros 
propósitos como farinha e óleo. Naquele 
ano, 36% da produção pesqueira mundial 
foi comercializada como pescado fresco 
já que os 64% restantes se destinaram a 
alguma forma de processamento Do pes-
cado utilizado para o consumo humano 
direto, o fresco foi o produto mais im-
portante (45,2%), seguido do pescado 
congelado (28,8%), do enlatado (13,9%) 
e do curado (12%). 
AS ÁGUAS CONTINENTAIS - Em 1998, a 
produção mundial de pescados em águas 
continentais foi de 26,7 milhões de tone-
ladas, das quais 18,7 milhões de tonela-
das foram provenientes da aqüicultura e, 
as 8 milhões de toneladas restantes, fo-
ram provenientes das capturas. Para 1999 
há uma estimativa que o total capturado 
em águas continentais tenha alcançado 
as 28 milhões de toneladas, com a aqüi-
cultura contribuindo com cerca de 19,8 
milhões de toneladas e a pesca com 8,2 
milhões de toneladas. 
•
O MAR - O total capturado nas águas 
marinhas, em 1998, foi de 90,4 milhões 
de toneladas com a aqüicultura con-
tribuindo com 12,1 milhões de toneladas 
e a pesca com 78,3 milhões de toneladas. 
As estimativas sugerem que em 1999 a 
produção marinha tenha atingido as 97,2 
milhões de toneladas, com a aqüicultura 
contribuindo com 13,1 milhões de tone-
ladas e a pesca com 84,1 toneladas.
•
AQÜICULTURA GLOBAL - A maior parte 
da aqüicultura mundial tem se desen-
volvido em água doce e, principalmente, 
na Ásia. A produção aqüícola de água 
doce consiste principalmente na pisci-
cultura, com destaque para a ciprinicul-
tura (cultivo de carpas). A aqüicultura 
em águas salobras tem se dedicado prin-
cipalmente à carcinicultura, promovendo 
o crescimento dos mercados de expor-
tação de camarão. Com relação a mari-
cultura, o que mais se tem produzido em 
volume são as algas e moluscos. As es-
tatísticas dão a impressão de que estes 
produtos se orientam pelo mercado de 
exportação. O volume total de camarões 
marinhos e peixes, como salmões, expor-
tados é menor que o de peixes de água 
doce como tilápias ou carpas, porém seus 
preços são mais elevados, o que constitui 
um importante componente em valor. Em 
1998 os peixes de água doce cultivados 
em todo o mundo somaram 17,3 milhões 
de toneladas, enquanto os moluscos so-
maram 9,1 milhões de toneladas, as plan-
tas aquáticas 8,5 milhões de toneladas, 
peixes que vivem na água doce e salgada 
1,9 milhões de toneladas, crustáceos 1,5 
milhões de toneladas, peixes marinhos 
10 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
 
781 mil toneladas e outros organismos 
aquáticos 111 mil toneladas.
PAÍSES - A China continua liderando a 
produção aqüícola mundial tendo produz-
ido, em 1998, 27 milhões de toneladas. 
Em segundo lugar, mantendo uma con-
siderável distância, veio a aqüicultura 
da Índia com 2 milhões de toneladas 
produzidas, seguida do Japão com 1,29 
milhões de toneladas, Filipinas com 955 
mil toneladas, Indonésia com 814 mil 
toneladas, Coréia com 797 mil toneladas, 
Bangladesh com 584 toneladas, Tailândia 
com 570 mil toneladas, Vietnam com 538 
mil toneladas e demais países que somam 
4,7 milhões de toneladas. 
•
PROTEÍNA - Para 1 bilhão de pessoas no 
mundo (aproximadamente 17% da popu-
lação mundial) o pescado é a fonte prin-
cipal de proteínas animais. Outros 20% 
dependem do pescado para obter pelo 
menos 20% de sua ingestão de proteínas 
animais. As proteínas de pescado são es-
senciais nas dietas de alguns países de 
população densa, onde a ingestão total 
NOTÍCIAS da FAO
de proteínas pode ser baixa. A dependên-
cia do pescado parece ser maior nas zonas 
costeiras que nas continentais. Entretanto, 
a produção mundial de pescados, após for-
necer a população mundial o equivalente 
a 16,1 quilos per capta em 1997, sofreu 
uma queda em 1998 suprindo apenas 15,8 
quilos per capta e, para 1999, há uma es-
timativa que não tenha ido além dos 15,4 
quilos per capta. Especialistas acreditam 
que exista um limite da quantidade de ali-
mento - incluindo pescados - que cada in-
divíduo ira consumir, e tetos para consumo 
serão estabelecidos. Está claro, entretan-
to, que esse limite será alcançado primeiro 
pelos paises com economias prósperas e 
mais rapidamente ainda pelos países onde 
os pescados fazem parte da tradição ali-
mentar, como o Japão. 
•
EXPANSÃO – Segundo o relatório da FAO, 
o crescimento econômico nos próximos 30 
anos dará lugar a um aumento do número 
de pessoas com hábitos estabelecidos e 
constantes de consumo de pescado. Se 
consumirá uma grande variedade de produ-
tos, porém, o volume total por pessoa não 
flutuará demasiadamente. A aqüicultura 
se expandirá geograficamente, no que 
diz respeito às espécies cultivadas e às 
tecnologias utilizadas. É muito pouco 
provável que a Ásia continue domi-
nando a produção na mesma proporção 
ocorrida nos anos 90. A maricultura rep-
resentará uma parte maior da produção 
total, principalmente se a tecnologia do 
cultivo no mar se mostrar viável. 
•
MODIFICADOS - A FAO conclui que 
modificações genéticas de espécies 
aquáticas pode incrementar muito, 
tanto a quantidade como a qualidade 
dos produtos da aqüicultura. O mel-
horamento genético tradicionalmente 
feito com os animais, a manipulação 
da estrutura cromossômica e a hibri-
dação têm proporcionado notáveis 
contribuições à produção aqüícola e já 
se pode prever que estas contribuições 
aumentem à medida que as espécies 
aquáticas se tornem mais domestica-
das e se siga aprimorando a tecnologia 
do melhoramento genético. Embora 
todas estas técnicas impliquem na 
11Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
NOTÍCIAS da FAO
modificação genética, OMG - organismos 
modificados geneticamente são definidos 
por acordos internacionais e muitas leg-
islações nacionais, num sentido muito re-
strito, como organismos transgênicos, ou 
seja, organismos em cujas células se tem 
inserido genes estranhos. Por outro lado, 
vários genes identificados têm sido úteis ao 
serem transferidos para algumas espécies. 
Entre os genes que se têm identificado, 
figuram os que produzem: hormônios de 
crescimento para aumentar o crescimento e 
a eficiência; a proteína anticongelação para 
incrementar a tolerância ao frio e cresci-
mento; a lisozima para elevar a resistência 
às enfermidades; os hormônios prolacti-
nas que influem na incubação, regulação 
ósmica, comportamento e metabolismo 
geral. É preciso porém, enfrentar questões 
relacionadas com a segurança para o ambi-
ente e saúde humana a fim de aproveitar 
plenamente o potencial desta tecnologia. 
Outros setores que se deve levar em conta 
são a proteção da propriedade intelectual, 
o comércio e a ética. Ficam as perguntas: 
em que medida os organismos modifica-
dos geneticamente são diferentes dos não 
modificados e que regulamentos, cautela e 
vigilâncias adicionais devem ser aplicadas 
quando necessário? 
•
ENFERMIDADES - Se tem identificado 
uns 200 tipos diferentes de enfermi-
dades transmitidas por alimentos. Em 
zonas mais pobres de países em desen-
volvimento a pobreza, a má nutrição, 
o analfabetismo e a insuficiência dos 
serviços públicos contribuíram prov-
avelmente para agravar a situação. O 
pescado,como qualquer outro alimento 
pode causar problemas de saúde, já que 
pode ser contaminado desde a sua captu-
ra até o consumo. A contaminação pode 
produzir-se porquê os microorganismos 
patógenos formam parte da flora normal 
do pescado. Em outros casos, ocorrem as 
substâncias tóxicas provenientes de con-
taminação cruzada, re-contaminação ou 
má manipulação e elaboração. Um estu-
do realizado pela Organização Mundial de 
Saúde estimou que cerca de 39 milhões 
de pessoas em todo o mundo estão in-
fectadas com parasitos transmitidos pela 
ingestão de peixes e crustáceos de água 
doce, crus ou mal cozidos.
•
ACIDENTES - A pesca no mar é uma das 
ocupações mais perigosas do mundo. Nos 
EUA, por exemplo, a taxa de acidentes 
fatais é de 25 a 30 vezes maior que a 
média nacional das demais atividades, e 
na Itália e 21 vezes maior. Estima-se que 
cerca de 36 milhões de pessoas em todo o 
mundo participam da pesca e da aqüicul-
tura, e que aproximadamente 15 milhões 
trabalham a bordo de barcos dedicando-
se a pesca e captura marinha dos quais 
90% trabalham em embarcações meno-
res que 24 metros. As conseqüências das 
fatalidades recaem gravemente sobre 
as famílias das vítimas, principalmente 
nos países em desenvolvimento, onde 
as viúvas têm um nível de vida baixo e 
não possuem subvenções estatais que 
as apóiem. São especialmente preo-
cupantes as informações coletadas junto 
aos órgãos de administração pesqueira e 
organizações de pescadores, que indicam 
um aumento significativo nos índices de 
acidentes na pesca artesanal dos países 
em desenvolvimento. 
12 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
Errata - O novo endereço da ABRAT- Associação Brasileira de Truticultores, foi publicado incor-
retamente em nossa última edição. O endereço certo é: Rua João José Godinho, 420 - sala 1, 
Bairro Guadalupe, Lages - SC - CEP 88506-080, Fone (49) 222-6285, Fax (49) 222-2921 
Popularização do consumo - Além de am-
pliar o consumo de trutas através de pratos 
sofisticados internacionalmente consagra-
dos, a ABRAT inicia campanha para consci-
entizar a sociedade brasileira e os médicos, 
sobre os benefícios do consumo familiar da 
truta, inclusive para crianças (2 vezes por 
semana). Por conter naturalmente ômega 3, 
promove, com muito sabor, a longevidade 
com qualidade de vida, combate depressão, 
estresse e acidentes cardiovasculares, além 
de gerar trabalho no campo para pequenos, 
médios e grandes truticultores. A ABRAT 
também está estimulando os seus associa-
dos e demais truticultores, a promoverem 
festivais locais/regionais com outras organi-
zações afins, de forma a facilitar a inclusão 
de petiscos e aperitivos à base de truta em 
bares, restaurantes, festas familiares, etc. O 
objetivo é conquistar novos consumidores e 
caracterizar a truta como prato típico e turís-
tico regional. 
Ovos com valor agregado - O Núcleo Ex-
perimental de Salmonicultura do Instituto de 
Pesca - Campos do Jordão - SP comercializa, 
no período de junho a agosto, ovos embriona-
dos de truta arco-íris salmonados. O produ-
tor pode optar em adquirir ovos embrionados 
100% fêmeas ou estéreis, indicados, respec-
tivamente, para a produção da truta porção e 
para a produção de trutas de grande porte. A 
expectativa para o ano de 2001 é de que a ven-
da de ovos 100% fêmeas já represente 50% da 
produção da Estação. Mais informações pelo 
telefone (12) 263 1021.
Ômega-3 - O Ministério da Agricultura 
(SEPES, DPA e EMBRAPA) e o CONEPE 
- Conselho Nacional da Pesca Empresarial, 
aprovaram em caráter excepcional, até parecer 
conclusivo do Ministério da Saúde, o uso da 
expressão “contém naturalmente ômega-3”, 
nos rótulos de produtos a base de peixes, em 
caracteres nunca superiores à metade do tama-
nho das letras que compõem a marca comer-
cial do produto. Não poderão ser utilizados 
quaisquer símbolos e/ou dizeres que façam 
referência ou induzam a existência de proprie-
dades terapêuticas. 
Truta o ano todo - Contar com alevinos de truta durante todo o ano sempre foi um dos grandes 
sonhos dos truticultores brasileiros, que acaba de ser conquistado com a primeira desova em 
escala comercial realizada fora da temporada normal do inverno. Neste verão, foram gerados 
475 mil ovos embrionados e prontos para o envio aos truticultores. O trabalho foi desenvolvido 
pelo pesquisador João Luiz Sauer Dias da Fazenda do Charco, localizada a 1.700 m de altitude, 
em Delfim Moreira - MG. A tecnologia consiste na manipulação do desenvolvimento gonadal 
dos reprodutores por meio de iluminação artificial, produzindo fotoperíodos específicos para 
controlar a fisiologia reprodutiva dos salmonídeos. Possibilita não só a produção de ovos o ano 
todo, como também o uso do mesmo reprodutor mais de uma vez por ano. Tal conquista é fruto 
da aliança tecnológica formada pela ABRAT e a iniciativa privada, com custeio pelo governo 
federal (RHAE-CNPq) e suporte tecnológico de técnicos do Instituto de Pesca de São Paulo.
Serrinha on-line - Uma dica para os navegadores virtuais é uma visita ao site da Criação de 
Trutas da Serrinha, que funciona comercialmente desde 1984 na área de proteção ambiental 
da Serrinha do Alambari, a 11 km de Penedo - RJ. Durante vários anos, a empresa realizou 
um intenso trabalho de divulgação do produto, a ponto de tornar a truta um prato típico da 
região de Penedo e Itatiaia. A partir de 1993, já sendo a Criação de Trutas da Serrinha ponto 
turístico de grande freqüência, foi instituído o sistema de pesque-pague. Vale a pena visitar 
suas instalações. O endereço na internet é http://www.trutasdaserrinha.hpg.com.br
Câmara Setorial - A partir de fevereiro 
deste ano a ABRAT passa a integrar a 
Câmara Setorial de Pesca e Aqüicultura 
do Governo do Estado do Rio de Janeiro, 
sendo representada pelos seguintes associ-
ados: José Cláudio Monteiro, Marcos Von 
Hombeeck e Wilson London.
SOS Pesquisa - A Estação de 
Aqüicultura do Ibama, outro-
ra localizada em Lages - SC, 
passou recentemente a pert-
encer ao recém emancipado 
município de Painel, apesar 
de estar localizada a apenas 
500 metros da fronteira do 
município de Lages. Estra-
tegicamente situada em uma 
das principais regiões produ-
toras de trutas do Brasil, vê-se 
hoje paralisada pela falta de 
uma decisão eminentemente 
política. A comunidade de 
truticultores da Região Sul 
aguarda com ansiedade que 
as autoridades competentes, 
leia-se o IBAMA. 
O que é truta salmonada? - A coloração avermelhada da musculatura dos salmonídeos, é considerada um dos mais 
importantes critérios de qualidade para o filé. As trutas como os demais salmonídeos possuem habilidade limitada 
para sintetizar carotenóides, portanto, transferem os carotenóides presentes na dieta para os tecidos e tegumento 
sem modificações, e seu padrão de coloração é o resultado da metalibozação e deposição dos mesmos. No início da 
década de 60, utilizavam-se subprodutos da indústria camaroneira como fonte de astaxantina natural, porém para se 
obter uma coloração satisfatória a partir desses ingredientes, para salmonídeos, a ração passou a necessitar de uma 
taxa de inclusão na ordem de 10 a 25%. Como esses subprodutos contém elevados teores de umidade e matéria 
inorgânica os níveis de inclusão não foram práticos e nem efetivos em termos de custos. Nos anos 70 a cantaxantina 
sintética tornou-se a fonte predominante de carotenóides, sendo substituída nos dias atuais pela astaxantina sintética. 
No Núcleo Experimental de Salmonicultura do Instituto de Pesca -SP, foram testadas diferentes fontes de lipídio 
(óleo de peixe, de soja e lecitina de soja), para transportar a astaxantina, com o objetivo de otimizar a eficiência me-
tabólica e garantir uma boa coloração. Avaliou-se também a adição do pigmento antes e após o processo de extrusão, 
para verificar a estabilidade do carotenóide durante o processamento, queutiliza temperaturas bastante elevadas para 
a produção da ração. Os resultados mostraram que durante o processo de extrusão, ocorre degradação de parte do 
pigmento. Desse modo, recomenda-se proceder a suplementação da mistura (lipídeo + astaxantina) após o proces-
samento da ração. Em relação aos veículos oleosos testados, a lecitina de soja foi muito mais eficiente no transporte 
do pigmento do que os óleos de soja e de peixe. Uma boa coloração da musculatura pode ser alcançada com 4% 
de lecitina de soja + 50 ppm de astaxantina, fornecidos por 4 semanas antes do abate. (Mais informações com as 
pesquisadoras Neuza S. Takahashi (11) 3871-7582 e Yara A.Tabata (12) 263-1021)
13Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
 AlimentAção pArA 
cAmArões mArinhos
Autor
Alberto J. P. Nunes, Ph.D.
Gerente Técnico – Aqüicultura
Agribrands do Brasil Ltda.
albertojpn@agribrands.com.br
Devido à sua extensão, esta 
matéria foi dividida e publicada 
em 3 partes consecutivas 
O problema central que envolve o uso de rações formuladas em ope-
rações de cultivo de camarão, é definir quando e quanto deste alimento deve 
ser aplicado. Nas operações de cultivo, as rações podem ser ministradas ex-
clusivamente em bandejas de alimentação, as quais são imersas na água e 
inspecionadas após um certo período, permitindo estimativas do consumo 
alimentar da população cultivada. As taxas de alimentação podem também ser 
determinadas empiricamente, em função de estimativas de crescimento e so-
brevivência dos camarões estocados e das taxas de conversão alimentar. 
Parte II
DesenVolVenDo Um plAno AlimentAr
14 Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2001
15Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2001
E stas práticas, quando não bem implementadas, ocasionalmente 
causam excessos na alimentação. 
Isto leva a perdas econômicas e acar-
reta problemas nos níveis de quali-
dade da água e do solo dos viveiros 
de produção, gerando problemas que 
vão de uma maior incidência de en-
fermidades, a baixas taxas de cresci-
mento, sobrevivência e conversão 
alimentar dos camarões cultivados. 
 Os problemas associados 
com o uso inadequado de rações na 
carcinicultura, iniciam-se com a de-
posição de ração não consumida no 
fundo do viveiro. Este material es-
timula a multiplicação de fitoplânc-
ton na água e a atividade bacteriana, 
que por sua vez aumenta as taxas de 
consumo de oxigênio. Com o incre-
mento de material acumulado, deri-
vado de ração não consumida, há uma 
maior demanda por oxigênio, o qual 
pode tornar-se limitante no meio. 
Em última instância, os processos de 
degradação de matéria orgânica e a 
absorção de nutrientes são interrom-
pidos. Isto acarreta a eutrofização ou 
enriquecimento do ambiente de cul-
tivo, causando poluição no viveiro e 
em áreas adjacentes a fazenda. 
 Os viveiros de camarões 
são sistemas dinâmicos, onde ocor-
rem diariamente uma multiplici-
dade de reações e interações. Adi-
cionado a isto, a variabilidade no 
comportamento e hábito alimentar 
dos camarões peneídeos em vivei-
ros é ainda pouco compreendida. 
No desenvolvimento de um plano 
alimentar, estes aspectos devem 
ser considerados, além de fatores, 
como a disponibilidade de alimento 
natural, os níveis de qualidade da 
água, a freqüência alimentar e os 
horários, os locais e os métodos de 
distribuição de ração. A otimização 
do uso dos alimentos, tanto o natu-
ral quanto o artificial, passa neces-
sariamente pelo monitoramento e 
acompanhamento de cada um dos 
fatores do ciclo de produção.
Os Fatores que Afetam o Consumo
A atividade alimentar dos camarões 
peneídeos obedece a biorritmos, estes vari-
ando de acordo com cada espécie. O apetite 
é por sua vez regulado por vários fatores, 
incluindo parâmetros fisiológicos, como 
idade (tamanho), sexo, muda, doenças; 
fatores físicos e ambientais, como tipo 
de substrato, disponibilidade de alimento 
natural, temperatura e concentração de 
oxigênio na água; e, fatores com um com-
ponente temporal, como sazonalidade e 
hora do dia e noite. Os efeitos dos fatores 
mais significativos para alimentação dos 
peneídeos na fase de engorda, são discuti-
dos nas seções seguintes.
O ALIMENTO NATURAL
As rações são utilizadas em cul-
tivos semi-intensivos para aumentar a 
produção além dos níveis suportados pela 
produtividade natural do viveiro. Nestes 
sistemas a contribuição do alimento natu-
ral na dieta dos camarões é bastante signi-
ficativa, podendo alcançar até 85% (Nunes 
et al. 1997). Em viveiros de engorda que 
operam com produtividades abaixo de 1,0 
ton/ha/ciclo, as rações satisfazem entre 
23% e 47% dos requerimentos nutricion-
ais do Penaeus vannamei, sendo o restante 
suprido pelo alimento natural (Anderson 
et al. 1987).
Em sistemas mais intensivos, a 
contribuição do alimento natural diminui, 
mas ainda é considerada significativa (> 
25%). Na prática, quanto mais intensivo 
for o sistema, menor será a contribuição 
do alimento natural para o crescimento do 
animal, e assim maiores serão as quanti-
dades de ração necessárias para produzir 
um kg de camarão. 
Na carcinicultura, a calagem, a fer-
tilização da água e a implementação de 
práticas para incrementar a produtividade 
natural são tão importantes quanto o uso 
de uma ração nutricionalmente completa 
e bem balanceada. Estratégias como a 
montagem de telas no viveiro para fixação 
de organismos é um método simples que 
traz bons resultados. A técnica consiste na 
montagem de telas, feitas de sacos velhos 
de ração, abertas em toda sua extremidade, 
instaladas no viveiro por meio de estacas 
de madeira. As telas devem ser estrategi-
camente posicionadas no viveiro em toda 
sua extensão, de forma que não compro-
meta a circulação d’água. Deve ser tam-
bém observado a direção predominante do 
vento, para evitar a retenção de material 
orgânico, o qual é depositado nos taludes.
O tratamento do solo deve ser inici-
ado logo após a despesca, com a secagem 
natural do viveiro por um período mínimo 
de 7 a 10 dias. O ponto ideal de secagem 
ocorre quando for possível caminhar so-
bre o viveiro. O solo deve ser revolvido 
com pás ou tratores para permitir a aer-
ação, secagem e posterior fixação de algas 
bentônicas, benéficas ao cultivo. A ca-
lagem, que serve para neutralizar a acidez 
da água e do solo, favorecendo a minerali-
zação, é realizada com a aplicação de cal 
virgem ou calcário em solos ácidos (pH do 
solo 6,5), antes e depois do revolvimento 
do viveiro (razão de 1:1; Fig.1).
Figura 1- Revolvimento e calagem do solo de 
um viveiro de engorda de camarão
A fertilização deve ser iniciada simulta-
neamente ao abastecimento do viveiro, 
porém antes do povoamento. Devem ser 
aplicados fertilizantes inorgânicos, como 
uréia, SPT (superfosfato triplo), ou ain-
da MAP (fosfato monoamônia). A uréia 
pode ser utilizada a razão de 3‰ (partes 
por mil) e o MAP a razão de 0,3‰, apli-
cados em 2 dosagens, em intervalos de 3 
dias (Rocha e Maia 1998). Um programa
16 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
17Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
de fertilização a base de uréia e SPT é apresen-
tado na tabela 1. Em águas com baixas concen-
trações de sílica convém aplicar silicato de sódio 
(750 cm3/ha), a fim de estimular o crescimento de 
diatomáceas.
Pelo fato dos viveiros serem sistemas 
dinâmicos, apresentando variações ecológicas sig-
nificativas, os cultivadores devem planejar méto-
dos para monitorar a disponibilidade do alimento 
natural. Isto permite ajustar as taxas de alimen-
tação individualmente para cada viveiro, de acordo 
com suas características físicas, químicas e ecológ-
icas. Poliquetas e (ou) a contagem de algas (Tabela 
2) são geralmente utilizados como indicadores da 
produtividade natural. Em geral, a disponibilidade 
de presas como poliquetas, anfípodose copépodos 
é maior nas fases iniciais da engorda, decrescen-
A QUALIDADE DA ÁGUA
 A distribuição de camarões em viveiros é influenci-
ada por vários elementos de qualidade da água. Ao meio-dia, 
quando a temperatura da água é mais elevada, os camarões 
migram para regiões mais profundas do viveiro, onde se ob-
servam temperaturas mais baixas. Os camarões evitam áreas onde os 
níveis de oxigênio dissolvido (OD; Fig. 2) são baixos ou onde existe 
um acúmulo de amônia ou sulfato de hidrogênio (H2S). A distribuição 
de ração nestas áreas deve ser evitada. Deve-se tomar providências 
para melhorar a circulação da água no viveiro, a fim de prevenir o 
acúmulo localizado de sedimento com o decorrer do cultivo. 
do gradativamente na medida em que a biomassa cultivada e o 
comportamento predador da população de camarões aumentam. 
Por outro lado, nos estágios intermediário e final do cultivo as 
taxas de alimentação são suficientemente elevadas para suportar 
a densidade e promover o crescimento de microalgas, como dia-
tomáceas e clorofícias. 
Figura 2 - Monito-
ramento dos níveis 
de oxigênio desen-
volvidos em um 
viveiro de engorda 
de camarão
Tabela 1- Procedimento de fertilização inorgânica à base 
de uréia e superfosfato triplo (SPT).
Normalmente o consumo alimentar dos ca-
marões aumenta de forma proporcional aos incre-
mentos de temperatura e OD, observados ao longo 
do dia. Portanto, uma atividade alimentar mais 
acentuada ocorre no final da tarde, quando os níveis 
destes parâmetros alcançam valores mais elevados 
(Nunes 1998; Fig. 3).
Em dias muito nublados o consumo de ração 
pode também cair, mesmo quando temperaturas el-
evadas (28ºC a 29ºC) são detectadas. Isto ocorre 
devido as baixas taxas fotossintéticas, gerando con-
centrações elevadas de dióxido de carbono (CO2) 
e amônia na água, como também níveis de OD 
abaixo do normal. 
Figura 3 - Variações nos níveis de qualidade da água do 
fundo de um viveiro de engorda de camarão
Tabela 1- Procedimento de fertilização inorgânica à base de uréia e 
superfosfato triplo (SPT).
18 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
19Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
É importante que os principais parâmetros de qualidade da 
água sejam monitorados (Tabela 3), a fim de que as taxas de alimen-
tação possam ser ajustadas com base nestas variáveis (Tabela 4).
A QUALIDADE DA RAÇÃO
Os processos iniciais da alimentação dos camarões pene-
ídeos são a detecção, a seleção e a ingestão do alimento. Estes 
fatores afetam diretamente o consumo alimentar e estão associados 
a qualidade e ao balanço nutricional da ração.
Tabela 3 - Principais parâmetros de qualidade da água, freqüência de 
monitoramento e níveis ideais recomendados para o cultivo do Penaeus 
vannamei. Adaptado de Clifford (1992, 1994).
Os crustáceos de uma forma geral utilizam sinais quí-
micos ou substâncias liberadas na água, para se orientar em 
direção ao alimento. Quimioatratores ou estimulantes químicos 
adicionados as rações tem a capacidade de reduzir o tempo de 
localização do alimento, resultando em uma menor lixiviação 
de nutrientes e em maiores taxas de ingestão alimentar. Estas 
substâncias são encontradas em extratos e farinhas produzidas 
de peixe, moluscos ou crustáceos (e.g., farinha e solúveis de 
peixe, farinha e óleo de lula, farinha da cabeça de camarões, 
etc). Por outro lado, os lipídeos de origem marinha presentes na 
farinha de peixe podem ser susceptíveis a oxidação, especial-
mente se nenhum anti-oxidante tenha sido adicionado a ração 
durante sua manufatura. Isto pode levar a rancidez do produto 
e funcionar como um supressor da ingestão. 
As taxas de ingestão alimentar dos peneídeos são tam-
bém reguladas pelo seus requerimentos de energia. Quando 
as reservas energéticas aumentam, a capacidade máxima de 
armazenamento da glândula digestiva é atingida e o consumo 
alimentar é interrompido. Os camarões podem utilizar tanto 
proteínas, como carboidratos ou lipídeos para obter a energia 
necessária para seus processos fisiológicos. 
Tabela 4 - Ajustes nas taxas de alimentação baseado nos níveis 
de temperatura, oxigênio dissolvido* e pH (fonte: Clifford 
1992). A tabela abaixo deve ser seguida sempre ajustando as 
taxas de alimentação com base nos menores níveis observados 
de qualidade da água.
20 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
Figura 4 - Níveis máximos de ingestão de uma ração peletizada pelo 
Penaeus subtilis. Dados apresentados como consumo individual por hora 
(CI, g/h) e consumo por hora relativo ao peso corporal (CPC, g/h; fonte: 
Nunes e Parsons 2000a).
Entretanto, ao contrário dos carboidratos, as proteínas são 
um dos componentes mais caros de uma ração. Na formulação 
de uma dieta nutricionalmente completa e de menor custo, o 
objetivo principal é utilizar os carboidratos como a principal 
fonte de energia, direcionando as proteínas para a formação de 
novos tecidos do animal.
O problema ocorre quando o percentual de carboidrato na 
ração ultrapassa os níveis recomendados. Um alimento formulado 
com uma relação proteína:energia muito baixa, pode reduzir as 
taxas de alimentação do animal e os níveis de digestibilidade do 
alimento. Da mesma forma, rações com níveis elevados de proteína, 
mas com baixos teores energéticos, resultam em um crescimento e 
conversão alimentar reduzidos. Neste caso, grande parte da fonte 
protéica contida na ração é direcionada para suprir as necessidades 
de energia. Portanto, uma ração poderá conter concentrações ele-
vadas de proteína, mas ser pouco aproveitada no crescimento do 
animal. Os aspectos citados acima devem ser considerados durante 
a avaliação do valor comercial de uma ração para camarões. 
O TAMANHO DO CAMARÃO
Em praticamente todos os animais aquáticos o consumo 
relativo de alimento (% do peso vivo) decresce com aumentos no 
peso corporal. Nos camarões peneídeos as taxas de crescimento, a 
conversão alimentar, a eficiência digestiva e os requerimentos nu-
tricionais (Tabela 5), diminuem com incrementos no peso corporal 
(Dall et al. 1990; Akiyama et al. 1992; Lawrence e Lee 1997).
Camarões da espécie Penaeus vannamei com 0,1g, 0,5g e 
5,0g, por exemplo, requer aproximadamente 120ppm (partes por mil), 
60ppm e 0ppm de vitamina C, respectivamente (Castille e Lawrence 
1996). O P. brasiliensis com 0,9g requer 10% a mais de proteína do 
que um indivíduo com 7,9g (Liao et al. 1986; Tabela 5).
Em termos quantitativos, os camarões nos estágios iniciais 
da engorda conseguem consumir mais alimento relativo ao seu 
peso corporal (Fig. 4). A quantidade consumida varia conforme a 
espécie e o tipo de alimento fornecido. O camarão P. merguien-
sis entre 0,5g e 1,3g, alimentado com ração peletizada consegue 
consumir até 12% do seu peso corporal por dia (Sedgwick 1979). 
Adultos do P. esculentus, entre 15,5g a 25,2g, ingerem diariamente 
de 0,2% a 0,6% do seu peso (Hill e Wassenberg 1992).
A diminuição na quantidade consumida de alimento está 
associada a fatores fisiológicos. A redução no consumo é prova-
velmente compensada por alterações na qualidade nutricional da 
dieta. Alguns peneídeos por exemplo, abandonam nos estágios 
intermediário e final do cultivo, uma dieta composta por plantas e 
detritos, por uma fonte de alimentos rica em proteína, constituída 
essencialmente de presas (Nunes et al. 1997).
Na prática, aumentos no peso do camarão devem ser compen-
sados com menores taxas diárias de alimentação. Em contrapartida, 
Tabela 5 - Variações nos níveis protéicos recomendados para rações 
peletizadas de camarões marinhos, cultivados em sistemas completamente 
dependentes de alimento artificial (Akiyama et al. 1992).
mesmo com a mortalidade, a biomassa estocada eleva-se com a evo-
lução do ciclo, e assim as refeições ministradas devem ser maiores. 
Geralmente, nas primeiras4 semanas de cultivo os camarões consomem 
apenas cerca de 5% a 10% do total de ração utilizada durante todo ciclo. 
Neste período, pelo fato dos camarões serem muito pequenos e dispersos 
por todo viveiro, as taxas de alimentação devem ser fixadas em níveis 
constantes. A compilação de 8 tabelas de alimentação utilizadas no 
cultivo semi-intensivo do Penaeus vannamei (Jory 1995) revela taxas 
diárias de arraçoamento variando de 9,7% (camarões de 1g a 4g), 5,1% 
(camarões de 5g a 6g), 3,8% (camarões de 7g a 9g) a 3,1% (camarões 
de 10g a 12g) do peso médio corporal da população estocada.
Se considerarmos um viveiro de 5 ha, povoado com camarões 
de 1,0g a uma densidade de 25 camarões/m2 (população de 1.250.000 
camarões), teremos uma biomassa estocada de 1.250kg (5 ha x 25 
camarões/m2 x 1,0g). Na fase final de cultivo, com camarões de 12,0g, 
e considerando uma sobrevivência estimada em 62% (população de 
775.000 camarões), teremos uma biomassa de 9.300kg (775.000 cama-
rões x 12g). Se seguirmos o programa de alimentação proposto acima, 
teremos que distribuir 121kg de ração na fase inicial (9,7% de 1.250kg) 
e 288kg no estágio final da engorda (3,1% de 9.300kg).
A muda é um processo no qual os camarões perdem a carapaça 
velha (exoesqueleto), formando um novo exoesqueleto para permitir a 
expansão corporal. O novo exoesqueleto possui uma formação delicada 
que endurece rapidamente.
Os camarões mudam de forma periódica durante toda sua fase 
de crescimento, em intervalos de dias ou semanas. A muda é um período 
de estresse para o animal, em que o apetite é nulo e os padrões normais 
de alimentação são interrompidos. 
Em viveiros, o impacto da muda nas taxas de alimentação 
depende do nível de ocorrência deste processo na população cultivada. 
Geralmente, leva-se de 2 a 5 dias antes e durante o processo de muda 
para os camarões retornarem a sua atividade alimentar normal. Caso 
exista um percentual significativo da população mudando simultanea-
mente, os níveis de arraçoamento devem ser ajustados. Geralmente a 
alimentação é reduzida durante este período, retornando gradativamente 
aos níveis normais de alimentação. A muda em massa pode ser induzida 
por mudanças bruscas de temperatura ou por fluxos elevados de água. 
Em viveiros, a freqüência da atividade de muda está relacionada com 
as taxas de crescimento, mas geralmente podem ocorrer uma vez a 
cada 2 semanas (Tabela 6). 
21Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
Tabela 6 - Intervalos da atividade de muda dos camarões peneídeos ao 
longo do seu crescimento em viveiros (fonte: Manila, Filipinas).
A FREQÜÊNCIA ALIMENTAR 
É amplamente reconhecido que diversos arraçoamentos 
ao longo do dia promovem um ganho de peso mais rápido e 
mais eficiente em camarões peneídeos (Sedgwick 1979; Ro-
bertson et al. 1993). Uma maior freqüência alimentar também 
reduz a dissolução de nutrientes da ração, e melhora os índices 
de conversão alimentar (Villalón 1991).
A freqüência de arraçoamento é particularmente im-
portante para reduzir os efeitos da lixiviação de nutrientes 
no ambiente de cultivo. Embora restos de ração sirvam de 
alimento para a fauna bentônica e outros organismos do vi-
veiro, os riscos com a eutrofização e a poluição do ambiente 
aumentam substancialmente.
As rações formuladas começam a perder suas caracte-
rísticas físicas e químicas logo após a imersão na água (Tabela 
7). Intervalos de arraçoamento muito prolongados podem 
comprometer a atratibilidade, a palatibilidade e a estabilidade 
da ração, forçando o animal a procurar alimento natural. Este 
pode tornar-se escasso sob altas densidades de estocagem ou 
nos estágios finais do cultivo. Os arraçoamentos múltiplos 
ajudam a manter as características nutricionais e a integri-
dade física da ração, além de uma melhor disponibilidade de 
alimento natural ao longo do ciclo .
Tabela 7 - Perda percentual de nutrientes reportada para uma ração 
peletizada para camarão, após 1 h de imersão na água. Ração 
contendo 15% de glúten como aglutinante (Cuzon et al. 1982).
Pelo fato dos camarões peneídeos possuírem um pe-
queno estômago [volume de 2% a 5% do peso corporal (PC)], 
a quantidade de alimento consumido durante uma refeição é 
também pequena (2,3% do PC/h com alimento no estômago 
ou 4,9% PC/h com o estômago vazio; Nunes e Parsons 2000a). 
Assim, para este animais obterem a quantidade de alimento 
necessária para seu crescimento e manutenção, eles são obri-
gados a consumir várias refeições ao longo do dia. Algumas 
espécies podem se alimentar até 6 vezes em uma única noite 
(Hill e Wassenberg 1987).
Em viveiros o consumo alimentar é maximizado ofer-
tando a mesma quantidade de ração em refeições múltiplas. 
Na prática, em sistemas semi-intensivos, a ração deve ser 
ministrada pelo menos de 3 a 4 vezes ao dia. Sob condições 
mais intensivas, onde a biomassa estocada é mais elevada, 
recomenda-se uma maior freqüência de arraçoamento (4 a 6 
vezes ao dia). Isto possibilita uma distribuição mais homo-
gênea de alimento entre a população cultivada, reduzindo as 
distorções de ganho de peso corporal dos camarões durante 
o ciclo de engorda.
OS HORÁRIOS DE ALIMENTAÇÃO
É comum associar a atividade alimentar dos camarões 
com o hábito de algumas espécies se enterrarem no substrato 
durante o dia e emergirem no período noturno. Na verdade, 
nem todas as espécies de peneídeos apresentam este padrão 
de enterramento (Tabela 8). Alguns peneídeos são noturnos, 
mas emergem ocasionalmente durante o dia, enquanto outros 
raramente se enterram. Independente do comportamento de 
enterramento, em viveiros, o alimento pode ser encontrado 
no estômago dos camarões praticamente a qualquer hora do 
dia e noite (Wassenberg e Hill 1987; McTigue e Feller 1989; 
Reymond e Lagardère 1990; Nunes et al. 1996).
Tabela 8 - Comportamento de enterramento de algumas espécies de 
peneídeos segundo a classificação de Penn (1984).
O ritmo alimentar dos peneídeos é bastante irregular, 
pois responde às variações de fatores externos e endógenos. 
O fornecimento de ração, por exemplo, pode induzir camarões 
a emergir do substrato e iniciar o consumo alimentar. Em 
algumas espécies, picos de alimentação já foram observados 
em viveiros no final da tarde e durante a noite (Reymond e 
Lagardère 1990; Nunes et al. 1996). Este comportamento con-
tudo, pode estar mais associado com os níveis mais favoráveis 
de qualidade da água e alimento natural neste período, do que 
propriamente com a ausência de luz ou hábito de enterramento 
da espécie. Alguns autores correlacionaram um maior consumo 
alimentar no final da tarde com o pico de atividade das enzimas 
digestivas do camarão (Cuzon et al. 1982). 
Em fazendas de cultivo, aspectos como os turnos 
diurnos de trabalho dos funcionários e a pouca visibilidade 
durante a noite, agravam a viabilidade do uso de programas 
noturnos de arraçoamento. Durante o dia, o principal fator a 
ser considerado na definição do horário de alimentação são os 
níveis de qualidade da água, particularmente a temperatura e 
as concentrações de oxigênio dissolvido. Na prática, um maior 
percentual da refeição diária deve ser ministrada em horários 
da tarde em relação aos horários da manhã, quando é observado 
um consumo alimentar mais elevado (Fig. 5). 
22 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
Figura 5 - Comparação do consumo alimentar do Penaeus subtilis em um sistema 
semi-intensivo, ao longo de 6 fases de um ciclo de engorda. Os camarões foram 
alimentados em 3 horários distintos de alimentação (fonte: Nunes e Parsons 
1999).
Tabela 9 - Horários, freqüência e percentuais de alimentação, simulando 
variações no ritmo alimentar ao longo da engorda do Penaeus japonicus 
(fonte: Absesamis 1989).
Os Locais de Distribuição 
Os locais de distribuição de ração devem ser definidos conforme 
as característicastopográficas e químicas do viveiro, além dos padrões 
de distribuição espacial dos camarões durante seu estágio de desenvol-
vimento. Na maior parte das espécies, os juvenis nas fases iniciais de 
cultivo preferem se alimentar em águas mais rasas ao longo dos taludes 
do viveiro. Com a continuação do seu crescimento, dos estágios finais 
de juvenil até o estágio adulto, os camarões alimentam-se livremente no 
fundo de todo viveiro. Durante o dia os camarões podem evitar adentrar 
áreas muito rasas, visando precaver-se contra predadores. A presença de 
camarões nestas regiões pode ser verificada com uma rede de tarrafa.
Os camarões são mais vagarosos do que os peixes e também 
não se agregam da mesma forma que peixes cultivados, em resposta a 
presença de ração. Isto requer uma distribuição de ração cuidadosa e 
uniforme para evitar perdas, mesmo que ofertada em bandejas. Apesar 
de não se conhecer ao certo os padrões de distribuição espacial dos 
camarões em viveiros, observações indicam que eles apresentam um 
hábito de dispersão. Os peneídeos não são territorialistas (Dall 
et al. 1990), mas geralmente evitam um contato prolongado 
com outros indivíduos, enterrando-se ou nadando para trás 
de forma evasiva. Os camarões entretanto, podem freqüen-
temente agregar-se em áreas onde há turbulência promovida 
pela ação dos ventos ou com um alto fluxo de água, como em 
áreas próximas as comportas.
Para os estágios iniciais de juvenil, o arraçoamento 
torna-se mais eficaz se a ração for ministrada próxima aos 
taludes. Para os estágios mais avançados de crescimento a 
ração deve ser ofertada em toda a área do viveiro. Portanto, a 
forma mais eficiente de distribuição de ração, seja esta feita por 
bandejas ou voleio, é aquela que permite uma oferta uniforme 
do produto em toda área de cultivo, evitando assim perdas e 
competição alimentar entre a população de camarões. Deve-
se entretanto, eliminar a oferta de ração em regiões do viveiro 
onde há muito acúmulo de lama, como nos canais internos do 
viveiro. Nestas áreas, pode ocorrer a formação de compostos 
ácidos sulfatados, como o sulfato de hidrogênio (H2S). Estes 
solos geralmente apresentam características anaeróbicas e os 
camarões costumam evita-los. Caso necessário, aeradores po-
dem ser direcionados para estas regiões, remanejando de forma 
simultânea a alimentação para outras áreas. Áreas muito rasas 
com temperatura elevada podem também afastar os camarões 
do local de alimentação. Recomendações sobre o espaçamento 
de bandejas em viveiros e as trajetórias de alimentação por 
lanço são apresentadas nas seções seguintes.
OS MÉTODOS DO ARRAÇOAMENTO
Bandejas de Alimentação
Em países da América do Sul e Central, cada vez 
mais os cultivadores estão passando a utilizar bandejas de 
alimentação (ou comedouros) como método exclusivo para 
a oferta de ração em viveiros. Esta prática é mais laboriosa 
quando comparada com a distribuição por voleio, normal-
mente requerendo até um arraçoador para cobrir cada 6 ha 
de área cultivada por dia. O uso de bandejas entretanto, é 
justificável pois permite observações diretas do grau de apetite 
dos camarões. Isto pode levar a uma redução significativa nos 
desperdícios de ração, melhorando os índices de conversão 
alimentar e os níveis de qualidade da água e do solo de vi-
veiros de engorda.
As bandejas podem ser fabricadas da virola de pneus, 
parte central do pneu constituída de aço e borracha, na base 
da qual é fixada uma tela de náilon com uma abertura de 1,3 
mm. O número de bandejas introduzidas em cada viveiro 
deve ser proporcional a densidade de camarões utilizada e 
ao ganho de biomassa que ocorre durante a engorda. Em 
sistemas semi-intensivos, cada comedouro possui uma área 
de influência entre 300m2 e 400m2. Portanto nestas condi-
ções, as bandejas devem ser alocadas no fundo do viveiro a 
uma densidade de 25 a 30 unidades/ha, ancoradas em varas 
ao longo de toda extensão da área de cultivo. As bandejas 
devem ser posicionadas a uma distância de 20m uma da outra 
e afastadas de 5m a 10m dos taludes.
Nas primeiras duas semanas de engorda, a ração deve 
ser distribuída por voleio próximo aos taludes e uma pequena
23Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
quantidade concentrada em bandejas localizadas no perímetro do 
viveiro. Durante este estágio, recomenda-se o uso de 20 bandejas/
ha. A partir da 2° semana, deve ser iniciada a distribuição de ração 
em todos os comedouros.
A ração deve ser distribuída e monitorada nas bandejas por 
meio de caiaques, movidos a remo. Estes devem ser equipados com 
um container para possibilitar a coleta simultânea do alimento não 
consumido. Para medir rapidamente a quantidade de ração a ser 
administrada em cada bandeja são utilizados vasilhames plásticos 
de 50g, 100g, 150g, 200g e 250g.
O alimento deve ser distribuído 3 vezes/dia, sendo preferi-
velmente, 10% a 20% da refeição diária total no inicio da manhã, 
30% ao meio-dia e 50% no final da tarde, ou conforme o consumo 
observado. Toda ração não consumida deve ser coletada e devida-
mente descartada, principalmente se os intervalos de alimentação 
excederem 4 h. Após este período a estabilidade, a palatabilidade 
e as propriedades nutricionais da ração já diminuíram de forma 
significativa. Restos de ração na água podem também deteriorar-se 
rapidamente, mantendo os camarões afastados dos locais de ali-
mentação. É importante lavar e escovar as bandejas freqüentemente 
para evitar o acúmulo de material orgânico.
Após o término de cada ciclo de cultivo, as bandejas devem 
ser alocadas para outras áreas do viveiro, a fim de permitir a recupe-
ração do solo nos locais onde estas eram previamente posicionadas 
(Fig. 6). Nestas regiões, deve ser aplicado calcário ou cal hidratada, 
logo após a despesca e a secagem do viveiro.
Figura 6 - Poluição orgânica em uma 
área de alimentação, detectada após 
a drenagem do viveiro.
Lanço ou Voleio
Tradicionalmente, na 
carcinicultura marinha as ra-
ções são ministradas por meio 
de lanços manuais ou mecâ-
nicos, realizados de pequenos 
barcos, ou ainda de veículos 
que pecorrem os diques ou 
os taludes do viveiro. Entre-
tanto, ao contrário do cultivo 
de peixes, em que a presença 
de ração sobre a superfície da 
água permite observar o apetite 
dos animais, na carcinicultura, 
o comportamento bentônico 
dos camarões e a pouca visibi-
lidade da água impõe limitações a aplicação desta prática.
A grande vantagem do voleio sobre o arraçoamento exclusi-
vo em bandejas é a distribuição mais homogênea de alimento sobre 
toda área de cultivo. Isto permite um maior acesso individual dos 
camarões ao alimento ofertado, reduzindo a competição alimentar 
e aumentando o consumo de ração (Nunes e Parsons 1999). Em 
comparação, a concentração de ração unicamente em bandejas li-
mita o número de camarões que tem acesso simultâneo ao alimento, 
o que pode diminuir a eficiência alimentar.
A distribuição uniforme de ração é portanto, a principal 
recomendação a ser seguida durante o voleio. Em áreas de cultivo 
muito extensas podem ser utilizados sopradores de alta pressão 
fixados em barcos ou veículos terrestres, a fim de dispersar o 
alimento de forma mais rápida e mais eficiente. Neste caso, o 
equipamento mecânico utilizado deve ser adequado a resistência 
física dos peletes para evitar a desintegração da ração durante o 
procedimento de arraçoamento. 
No voleio da ração, atenção especial deve ser dedicada a 
direção predominante dos ventos. A ração sempre deve ser ofertada 
a favor dos ventos, de forma a minimizar perdas. Nos três primeiros 
dias inicias da engorda, deve-se priorizar a distribuição do alimento 
na área do viveiro em que os camarões foram liberados (Fig.7)
Durante este período os animais podem ficar confinados 
em uma única área, até sua aclimatação e posterior dispersão nonovo ambiente de cultivo. Do 4º ao 30º dia da engorda, o alimen-
to deve ser distribuído a uma distância de 5m a 7m dos taludes, 
compreendendo todos os lados do viveiro (Fig. 3.7). Do 31º dia de 
cultivo em diante, devem ser seguidas trajetórias em zigue-zague, 
paralelas e perpendiculares aos maiores lados do viveiro. Neste 
caso, estas trajetórias podem ser alternadas entre dias e horários, 
conforme apresentado na Fig. 8.
7 - Dispersão de 
ração por voleio 
nos estágios 
iniciais da en-
gorda, do povo-
amento ao 30º 
dia de cultivo 
(Fonte: Goddard 
1996).
Figura 8 - Dispersão alternada de ração por voleio, do 31º dia da 
engorda em diante (fonte: Clifford 1992).
Este artigo continua na próxima edição. As referências bibliográficas 
podem ser solicitadas diretamente ao autor através do e-mail: 
albertojpn@agribrands.com.br
Edição 64: 
- A freqüência alimentar
- Os horários de alimentação
- Os locais de distribuição
- Os métodos de arraçoamento: bandejas de alimentação; lanço ou voleio.
Ajustando as Taxas de Alimentação
- O ajuste por meio de bandejas
- Método das tabelas de alimentação 
Armazenando a Ração
24 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
Quando estuda-se parasitas de peixes, 
são utilizados métodos e técnicas cujo 
conhecimento e correta aplicação são 
fundamentais para que se possa atingir 
os objetivos propostos, onde destacam-
se, entre outros, os estudos sistemáti-
cos, ecológicos, profiláticos, histopato-
lógicos, ciclos de vida e a análise das 
relações parasitas-hospedeiros. Para o 
desenvolvimento desses estudos são 
usados informações descritas em pu-
blicações dispersas, cuja obtenção nem 
sempre é fácil. Nesse sentido e com a intenção de reunir, de forma tão 
completa quanto possível, os métodos de estudo e técnicas labora-
toriais normalmente utilizadas, Jorge C. Eiras, Ricardo M. Takemoto e 
Gilberto Pavanelli escreveram o livro “Métodos de Estudos e Técnicas 
Laboratoriais em Parasitologia de Peixes” e esperam que a obra se torne 
uma ferramenta de utilidade para os que estão se iniciando na área da 
parasitologia, bem como para aqueles que nela já trabalham. Os inte-
ressados em adquirir o livro devem entrar em contato com Gilberto C. 
Pavanelli no Laboratório de Ictiopatologia da Universidade Estadual de 
Maringá –Bloco G-90, Av. Colombo 5790, 87020-900 – Maringá –PR. O 
livro está com o preço especial de lançamento de R$ 14,00.
O Centro Nacional de Pesquisa 
de Peixes Tropicais – CEPTA está, 
só agora, lançando o seu Bole-
tim Técnico referente ao ano de 
1998. Para regularizar o prazo de 
suas publicações, o CEPTA estará 
publicando até o final deste se-
mestre o seu boletim de 1999 e 
até o final do ano, o referente a 
2000. No boletim de 1998, são 
apresentados sete trabalhos, são 
eles: 1- Influência da densidade 
de estocagem na produtividade 
de larvas de matrinxã Brycon cephalus em tanques; 2- Growth 
and survival of larvae of the amazon species matrinxã, Brycon 
cephalus, in larviculture tanks of Brasil; 3- Crescimento hetero-
gêneo em alevinos de curimbatá Prochilodus lineatus: ação de 
fatores químicos liberados por interespecíficos; 4- Determinação 
da densidade de estocagem de alevinos de tambaqui Colosso-
ma macropomum no Estado do Pará; 5-Influência da aeração no 
crescimento e engorda do matrinxã Brycon cephalus em viveiros; 
6- Ação da fibra bruta sobre a digestibilidade aparente da pro-
teína e trânsito gastrointestinal da piracanjuba e, 7- Sneaking 
behavior of the nile tilápia. Os interessados no Boletim Técnico 
1998 podem escrever para a biblioteca do CEPTA no endereço: 
Rodovia Prefeito Euberto Nemésio Pereira de Godoy, km 6,5 – Cai-
xa Postal 64 – 13630-970 – Pirassununga-SP ou e-mail: cepta@
cepta.ibama.gov.br 
A finalidade desse terceiro número do 
“El Estado Mundial de La Pesca y la 
Acuicultura” continua sendo proporcio-
nar uma visão ampla, global e objetiva 
da pesca e da aqüicultura. As preocu-
pações dos consumidores e pescadores 
se evidenciam em várias das questões 
que se tratam nesta publicação e o 
exame dos problemas atuais se com-
plementa com breves informes sobre 
como enfrenta-los. Algumas questões 
são bastante conhecidas e ocupam um lugar de destaque no debate 
internacional, como a questão da qualidade e inocuidade do pescado 
e da relação entre os organismos modificados geneticamente. Neste 
número se apresentam os aspectos mais salientes de um estudo con-
cluído recentemente pela FAO sobre segurança dos pescadores e sobre 
a cultura das comunidades pesqueiras, partindo do princípio de que 
um melhor conhecimento das comunidades pesqueiras é imprescindí-
vel para a ordenação pesqueira. A exploração sustentável segue sendo 
o objetivo de todas as operações da pesca e da aqüicultura atual e 
a publicação destaca alguns aspectos dos progressos realizados pela 
comunidade pesqueira internacional. Como nas ocasiões anteriores, o 
“El Estado Mundial de La Pesca y la Acuicultura 2000” também exa-
mina as últimas novidades da situação dos recursos, da produção da 
pesca e aqüicultura, da sua utilização e comércio. Os interessados em 
adquirir um exemplar podem entrar em contato com a FAO pelo e-
mail: publications-sale@fao.org ou pelo endereço: Vielle delle Terme 
di Caracalla, 00100, Rome - Italy 
MÉTODOS DE ESTUDOS E 
TÉCNICAS LABORATORIAIS EM 
PARASITOLOGIA DE PEIXES
BOLETIM TÉCNICO DO 
CEPTA - 1998
EL ESTADO MUNDIAL 
DE LA PESCA Y LA 
ACUICULTURA 2000
25Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
26 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
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lic
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O Estado de Santa Catarina 
ocupa hoje um lugar de destaque no 
cenário nacional com a produção de 
peixes de água doce mantendo um 
crescimento anual ao redor de 10%, 
tendo produzido em 1999 cerca de 
16 mil toneladas (figura 1). 
A região oeste do Estado tem seu 
desenvolvimento sócio-econômico 
baseado na produção agropecuária, 
com destaque para a avicultura e a 
suinocultura. O rebanho de suínos 
no Estado é de cerca de 3,4 milhões 
de cabeças, das quais 76% concen-
tram-se nesta região.
A grande disponibilidade de resíduos orgânicos nas pequenas pro-priedades rurais, principalmente de aves e suínos, associada à 
facilidade de distribuição em viveiros de piscicultura, à pouca exigência 
de mão de obra, à inexistência de comércio para os dejetos de suínos e, 
à boa qualidade do mesmo como fertilizante para a piscicultura, criou 
um cenário favorável ao desenvolvimento da piscicultura integrada no 
Estado de Santa Catarina. A produção de peixes de água doce no Estado 
em 1990 foi de 1.521 t e, em 1999, atingiu 15.977,84 t, com um cresci-
mento de 900% (Figura 1). O número de piscicultores assistidos neste 
período cresceu de 6.431 para 23.840, organizados em 51 associações 
municipais, 2 associações regionais e 1 associação estadual.
A produtividade deste sistema de cultivo varia de 4 a 6 toneladas 
por hectare a cada ano. Segundo dados da safra 2000 colhidos pelo CPPP 
- Centro de Pesquisa para Pequenas Propriedades da EPAGRI, localizado 
em Chapecó, oeste do Estado, o custo do quilo do peixe produzido está ao 
redor de R$0,32 enquanto o preço médio de comercialização do peixe vivo 
seja de R$1,00. As principais vantagens para o produtor rural são o efetivo 
aumento de sua renda e a possibilidade de reciclar dejetos de alto poder de 
poluição, contribuindo para a melhoria do ambiente, condições sem as quais 
não é possível manter a estabilidade do cultivo de peixes ao longo do tempo.
A aplicação de dejetos de suínos nos viveiros de piscicultura permi-
te aumentar sua produtividade natural. Em viveiros devidamente adubados 
e apropriadamente estocados com peixes de hábitos alimentares diferentes 
(policultivo), as partículas orgânicas provêem a base de nutrientes para 
a produção de pescado,estimulando a produção de plâncton e bactérias. 
27Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
Por: Osmar Tomazelli Junior 
e-mail osmartj@epagri.rct-sc.br
Jorge de Matos Casaca
e-mail jmcasaca@epagri.rct-sc.br 
EPAGRI/CHAPECÓ-SC - 
Centro de Pesquisa Para Pequenas 
Propriedades CPPP
Os peixes em policultivo por sua vez 
consomem estes organismos mantendo 
equilíbrio entre a produção e o consu-
mo possibilitando níveis adequados 
de oxigênio dissolvido, pH e outras 
variáveis limnológicas.
Um dos sistemas mais desen-
volvidos da engenharia ecológica é a 
criação de peixes em policultivo e, a 
sustentabilidade destes cultivos existe 
por mais de 1000 anos. As relações 
tróficas como também a ecologia das 
espécies são bem conhecidas, utilizadas, 
estimuladas e controladas, obtendo-se 
um ganho ótimo na despesca. 
O viveiro de piscicultura é um 
habitat para o peixe, um lugar para o 
desenvolvimento de alimento natural, 
para a decomposição da matéria orgânica 
e reciclagem dos nutrientes.
Uma característica importante 
da piscicultura integrada a dejetos de 
animais é que a mesma não possui capa-
cidade de utilizar dejetos de suinoculturas 
intensivas, não se caracterizando, portan-
to, como uma solução para a utilização de grandes 
quantidades de dejetos, mas como uma atividade 
que utiliza uma pequena parcela destes resíduos 
como um insumo à fertilização dos viveiros.
A preservação do meio ambiente e a 
obtenção de bons índices de produtividade são os 
desafios enfrentados pelos piscicultores. O conhe-
cimento e o controle da qualidade da água torna-se 
indispensável para que esta atividade possa crescer 
de forma auto-sustentável. Embora este sistema 
de cultivo seja reconhecido por especialistas por 
colaborar com a melhoria da qualidade ambiental, 
um dos principais problemas enfrentados pelos 
produtores é a crítica negativa em algumas regiões 
do país por estarem supostamente promovendo 
a poluição de nossos mananciais hídricos. Estas 
afirmações não são fundamentadas em dados de 
pesquisas e a principal delas, a de que a piscicul-
tura estaria contaminando as águas superficiais 
com organismos de origem fecal, tornou-se um 
dos principais alvos de estudos da Empresa de 
Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de 
Santa Catarina - EPAGRI, através do seu Centro 
de Pesquisa para Pequenas Propriedade – CPPP, 
localizado em Chapecó, CPC - Centro de Pesquisa 
de Camboriú, estações experimentais de Concór-
dia, Ituporanga e Caçador. Essas instituições têm 
desenvolvido pesquisas sobre a qualidade de água 
e da carne dos peixes cultivados em parcerias com 
vários órgãos, entre ele o Centro Tecnológico de 
Alimentos do SENAI, Universidade do Oeste de 
Santa Catarina - UNOESC, Universidade Federal 
de Santa Catarina - UFSC, Escola Agrotécnica 
Federal de Concórdia - EAFC e Associação Ca-
tarinense de Aqüicultura – ACAq.
Qualidade da Água:
Resumimos a seguir alguns dos princi-
pais resultados de um estudo com duração de 
dois anos, realizado no município de Chapecó – 
SC, quando foram analisados a água do cultivo e 
efluente de 31 viveiros em 16 propriedades rurais 
durante dois anos. Foram avaliados os sistemas 
vertical (baias de suínos construídas sobre os 
viveiros), horizontal (baias de suínos construídas 
às margens e os dejetos canalizados até os vivei-
ros) e variável (adubos orgânicos são levados e 
espalhados diariamente nos viveiros). A seguir, 
alguns resultados referente a qualidade de água 
durante a despesca e a qualidade microbiológica 
tanto da água como da carne dos peixes.
Coliformes fecais - Os microorganismos 
do grupo dos coliformes não são patogênicos 
(embora algumas linhagens o sejam) e sua im-
portância primordial se deve ao fato de serem 
bons indicadores de contaminação fecal. Os 
coliformes fecais indicam a ocorrência de uma 
microflora variada, na qual predomina a Esche-
richia coli, tendo seu habitat exclusivo no trato 
intestinal de animais de sangue quente.
A legislação ambiental vigente no 
estado de Santa Catarina (ver box) estabelece 
a concentração máxima de coliformes totais 
e fecais para o corpo receptor, ou seja rios e 
riachos que recebem águas provenientes dos 
cultivos (tabela 1), não havendo citação para 
os efluentes. A Organização Mundial da Saúde 
(OMS), enquanto não forem estabelecidas 
normas bacteriológicas definitivas de qualidade 
de água para a piscicultura, sugere que seja 
utilizada uma concentração de até 1.000 
 
28 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
29Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
coliformes fecais 100 por mililitro, como 
referência, sendo epidemiologicamente 
segura e técnicamente viável.
Os efluentes liberados pelos vivei-
ros de piscicultura amostrados encontram-
se dentro da norma bacteriologica para 
coliformes totais e fecais para águas de 
rios e riachos de classe III. (figura 2). Para 
a classe II (figura 3) os modelos vertical e 
horizontal estão bem próximos do mínimo 
exigido pela legislação, e o modelo variá-
vel esta em conformidade com a mesma. 
Devido a baixa vazão que normalmente 
ocorre durante o cultivo e que em 29,4% 
das amostragens não houve liberação de 
água é improvável que um efluente com 
estas características cause um incremento 
na concentração de coliformes fecais ad-
mitida pela legislação ambiental para cór-
regos de classe II (tabela 1), cujas vazões 
são acentuadamente maiores. Não houve 
diferença significativa na concentração de 
coliformes fecais entre a entrada e saída de 
água nos viveiros. Para os efluentes, 62,5% 
das amostras ficaram abaixo de 1.000 
NMP/100ml (Número Mais Provável por 
100 mililitros) e, 95,83% abaixo de 4.000 
NMP/100ml (Figuras 4 e 5).
Parâmetros físico-químicos: 
Foram avaliados os parâmetros 
físicos e químicos da entrada e saída 
de água nos viveiros. Para temperatura, 
oxigênio dissolvido e pH não houve dife-
rença significativa entre a entrada e saída 
de água dos viveiros. Embora a produção 
de plâncton provoque a desoxigenação da 
água durante a noite, no período da manhã 
a concentração de oxigênio dissolvido é 
normalizada atendendo a legislação. Para 
nitrato houve redução significativa através 
da passagem da água pelo viveiro em cerca 
de 6 vezes. A concentração observada na 
água de abastecimento provavelmente se 
dá através da lixiviação do nitrato de ester-
cos espalhados pelos potreiros e adubação 
nas lavouras. No efluente, a concentração 
máxima observada foi de 1,59 mg/l, e está 
aquém do estabelecido pela legislação 
(tabelas 1 e 2). Para os outros parâmetros 
houve aumento significativo.
O parâmetro indicador de carga 
orgânica (DBO5), embora tenham au-
mentado de concentração no efluente 
situa-se aquém do valor de 60 mg/l citado 
pela legislação para emissão de efluentes 
líquidos (tabelas 1 e 2). Amônia total na 
média observada no efluente está cerca 
de 2,5 vezes abaixo da concentração má-
xima permitida para emissão de efluentes 
líquido (tabelas 1 e 2). O orto-fosfato é o 
parâmetro com maior diferença entre o 
efluente e a concentração permitida para 
rios de classe II (tabelas 1 e 2) - cerca de 40 
vezes. Há necessidade de um maior estudo 
sobre esta variável para quantificar o apor-
te por lixiviação dos terrenos circundantes 
cujas águas superficiais aportam aos vivei-
ros, já que o aporte diário de 0,36 kg/ha/
dia, através do esterco de suínos, a perda 
permanente para o sedimento e a absorção 
intensa pelo fitoplâncton não justificam a 
concentração encontrada.
A turbidez é aumentada através 
das práticas de cultivo cerca de 2,6 vezes, 
sendo o maior responsável a produção 
planctônica e a suspensão inorgânica de 
sedimentos em épocas de chuvas intensas. 
Os valores encontrados (tabela 2) para o 
efluente esta de acordo com águas de clas-
se III e ligeiramente superiorpara águas 
de classe II (tabela 1). Em resumo, os 
resultados obtidos evidenciam a excelente 
qualidade dos efluentes da piscicultura 
integrada à suinocultura devido a baixa 
carga orgânica apresentada, contagem 
de coliformes e liberação de nutrientes 
quando comparados com as exigências 
da legislação ambiental para efluentes e 
os corpos receptores.
Efluentes Durante a Despesca:
A despesca, da forma como é 
realizada pelos produtores rurais, é 
parcialmente feita com redes, seguido 
da drenagem total dos viveiros para 
a coleta manual dos peixes. Isso faz 
com que a qualidade do efluente 
gerado diminua rapidamente a par-
tir dos últimos 30% do volume de 
água drenada, principalmente com 
a elevação da demanda de oxigênio 
e materiais sedimentáveis. Este pa-
râmetro não permite que o efluente 
seja liberado ao meio ambiente sem 
tratamento prévio, conforme a legislação 
ambiental de Santa Catarina. A sugestão 
é que a despesca seja realizada com redes 
apropriadas, sem liberar a água do vivei-
ro, ou direcionar a água residual para um 
tanque de decantação.
30 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
31Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
Qualidade microbiológica da carne de 
carpa comum e da tilápia em cultivos 
integrados à suinocultura.
Os peixes cultivados no Oeste de Santa 
Catarina são consumidos principalmente em 
pesque-pagues e feiras livres. A industrializa-
ção, no entanto, já é uma realidade no Estado, 
com uma unidade em funcionamento em 
Chapecó e outra em Turvo, no litoral sul. Além 
dessas, estão em projeto pelo menos mais três 
unidades de abate na região Oeste do Estado. 
Com o objetivo de fornecer dados da 
qualidade do peixe cultivado foram realizados 
diversos trabalhos para avaliar microbiolo-
gicamente a qualidade do músculo da carpa 
comum (Cyprinus carpio) e tilápia nilótica 
(Oreochromis niloticus) através da enume-
ração de bactérias enteropatogênicas como 
Salmonella, Staphylococcus aureus, e colifor-
mes totais e fecais com teste específicos para 
Escherichia coli.
A pesquisadora da Epagri, Marinez 
Antoniolli avaliou os peixes provenientes de 
policultivo com fertilização através de baias 
de suínos construídas sobre os viveiros, po-
voadas com uma densidade populacional de 
100 suínos por cada hectare de área alagada. O 
objetivo foi conhecer o grau de contaminação 
do músculo de carpa comum (Cyprinus carpio) 
por microrganismos do grupo coliforme. Os 
exemplares analisados apresentaram qualidade 
microbiológica dentro dos padrões estabeleci-
dos para o consumo humano. Peixes cultivados 
em viveiros fertilizados com dejetos de suínos 
e peixes alimentados com ração foram analisa-
dos e os resultados mostraram que não houve 
diferença entre os níveis de contaminação por 
organismos do grupo coliforme. 
O produtor Francisco Sedoski, pis-
cicultor a mais de 15 anos no município de 
Chapecó, disponibilizou sua propriedade à 
pesquisadora Fabiana Pilarski e colaboradores 
para que pesquisassem microrganismos do 
grupo Coliforme, Staphylococcus aureus e 
Salmonella spp. em viveiros fertilizados com 
dejetos de suínos com uma taxa de aporte 
de 110 suínos por hectare de área alagada, e 
comparar com carpas alimentadas somente 
com ração. As análises realizadas no músculo 
de Cyprinus carpio durante toda a pesquisa, 
período de 180 dias, não revelaram diferença 
microbiológica entre carpas alimentadas com 
matéria orgânica e com ração, constatando 
que ambas se enquadram dentro dos padrões 
estabelecidos pela DINAL - Divisão Nacional 
de Vigilância Sanitária de Alimentos, estando, 
portanto, aptas ao consumo humano.
Em estudos realizados na Escola 
Agrotécnica Federal de Concórdia, os pesqui-
sadores da Epagri, Anastácio Matos e Matias 
Boll compararam a qualidade microbiológica 
do músculo da carpa comum em policultivo 
fertilizado por dejetos de suínos confinados 
em densidades de 45 e 60 suínos por hectare 
de área alagada, com peixes alimentados 
com ração peletizada com 24 % de proteína 
bruta. Os resultados mostram que não houve 
diferença entre os tratamentos para pesquisa 
de coliformes totais e fecais, Staphylococcus 
aureus e Salmonella no músculo dos peixes. 
Salmonella foi ausente no músculo das carpas 
em todas as amostras. Concluíram os autores 
que os peixes alimentados com dejetos de 
suínos e ração apresentaram a carne dentro 
dos padrões recomendados pelos órgãos de 
vigilância sanitária do País. 
Outro estudo avaliou a qualidade 
higiênico-sanitária e o processo de filetagem 
da tilápia e da carpa comum, industrializadas 
no município de Chapecó. As pesquisadoras 
do SENAI/CTAL Ieda Rotawa e Ingrid To-
mazelli analisaram peixes provenientes de 
policultivos fertilizados com dejetos de suínos, 
pesquisando Listeria spp e psicrotróficos em 
amostras de filé de carpa e tilápia resfriados e 
congelados; psicrotróficos e Staphylococcus 
aureus, NMP de coliformes totais e fecais e 
Salmonella spp em amostras de filés resfriados, 
num total de 40 amostras. Todas as amostras 
de filés de peixe estudadas atenderam aos pa-
drões microbiológicos da legislação brasileira 
vigente em todos o parâmetros considerados. 
Nas amostras pesquisadas não foi detectada a 
presença de Listeria spp e Salmonella spp. Con-
cluíram que o congelamento de filés de peixe 
é eficiente, porque reduziu a contagem total de 
psicrotróficos em aproximadamente um log. 
O processo de filetagem e a manipulação dos 
peixes estão adequados e que os filés de peixe 
estão aptos para o consumo humano. Vale 
ressaltar que todas as análises microbiológicas 
dos trabalhos citados acima foram realizadas 
em parceria com o laboratório do Centro Tec-
nológico de Alimentos do SENAI, credenciado 
pelo Ministério da Agricultura.
Conclusão
De acordo com os resultados dos es-
tudos realizados até o momento, o sistema de 
policultivo com o uso de resíduos orgânicos 
não compromete o meio ambiente, estando de 
acordo com a legislação ambiental. Da mesma 
forma, a qualidade da carne do pescado produ-
zido garante a segurança alimentar do consumi-
dor. Novos estudos estão em andamento para 
fortalecer e difundir boas práticas de manejo, 
que venham garantir a sustentabilidade futura 
da piscicultura integrada em Santa Catarina.
A bibliografia consultada para a elaboração deste artigo poderá 
ser solicitada aos autores através de e-mail
Os esforços dos técnicos da 
Secretaria de Desenvolvimento Urbano 
e Meio Ambiente (SEDUMA), da Fun-
dação do Meio Ambiente (FATMA), da 
Associação Catarinense de Aquicultura 
(ACAq) e da EPAGRI permitiram que 
no ano de 2000 fossem publicados os 
decretos e portarias necessárias para o 
licenciamento da piscicultura a custos 
reduzidos para o produtor rural. 
A portaria intersetorial nº 
01/2000 publicada pela Secretaria 
do Desenvolvimento Urbano e Meio 
Ambiente e FATMA/SC aprova a 
listagem das atividades considera-
das potencialmente causadoras de 
degradação ambiental, classificando 
a piscicultura em seis categorias: 
Le
gi
sl
aç
ão
 e
m
 S
an
ta
 C
at
ar
in
a.
unidades de produção de peixes em sistema de 
policultivo em açudes (SISTEMA I), policultivo 
em viveiros (SISTEMA II), monocultivo de águas 
mornas (SISTEMA III); monocultivo em águas 
frias (SISTEMA IV), pesca desportiva (SISTEMA 
V) e unidades de produção de alevinos (SISTEMA 
VI). Definindo os sistemas como porte mínimo e 
pequeno potencial poluidor quando tiverem áreas 
úteis respectivamente de 5 a 10 ha; 2 a 5 ha; 2 a 5 
ha; 0,06 a 0,1 ha; 0,5 a 1,0 ha e 1 a 5 ha. Podendo 
para estes casos o licenciamento ser realizado de 
forma simplificada.
 O decreto nº 1.528 de agosto de 2000 fixa 
os preços para licenciamento para os seis sistemas 
citados, de modo que o custo da licença seja pro-
porcional a área útil alagada. Para amaioria dos 
produtores estes preços variam de 25 a 30 UFIR’s 
por hectare de área útil. 
32 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
33Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
Pi
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Por: Fernando Kubitza,
Ph.D. ACQUA & IMAGEM – Jundiaí, SP, Brasil
e-mail: aquaimg@zaz.com.br 
Considerações sobre o modelo de 
piscicultura consorciada com suínos
As opiniões aqui apresentadas são de 
inteira responsabilidade deste autor, 
que espera que estas sejam recebidas 
sem radicalismo de ambas as partes, 
visto o intuito que tive em discutir 
alguns pontos que merecem ser melhor 
avaliados e algumas limitações que 
devem ser superadas. As opiniões e 
dúvidas aqui expressas estão abertas 
às críticas e argumentações que outros 
técnicos, produtores e demais leitores 
possam fazer sempre no intuito de 
contribuir para superar os obstáculos 
encontrados pelo modelo de piscicultura 
por hora em discussão.
Comentários sobre alguns dos argumentos em suporte 
ao modelo de piscicultura consorciada com suínos:
Reduz a necessidade de capital operacional na aquisição de adubos e ração, uma vez 
que a base da alimentação dos peixes é o alimento natural produzido graças à fertilização da 
água dos viveiros promovida pela aplicação dos dejetos. Isto permitiria que um grande contin-
gente de pequenos produtores ingressasse na piscicultura, com menor investimento e menor 
risco de grandes perdas de capital.
Possibilita a reciclagem de um resíduo orgânico poluente, que se assim não o fosse, seria 
aplicado diretamente sobre os solos ou clandestinamente despejados em córregos e rios, conta-
minando assim mananciais hídricos com sério prejuízo à qualidade ambiental e à saúde pública. 
No entanto, a piscicultura utilizando dejetos de suínos não pode ser considerada a solução para 
a reciclagem de todos os resíduos em grandes granjas de suínos ou de todos os resíduos gerados 
pela suinocultura nacional. Nem há esta pretensão, é claro. Para isto seriam necessárias extensas 
áreas de viveiros, geralmente impossível de se implantar dentro ou nas proximidades das granjas 
de suínos, por limitações de topografia, disponibilidade de água e capital para tanto.
Reduzido custo de produção por quilo de peixe. Produtores de Santa Catarina no início 
do ano passado estavam produzindo tilápias de 350g a um custo de R$ 0,60/kg neste modelo 
de cultivo. Próximo ao final do cultivo a aplicação de dejetos era interrompida e se iniciava o 
uso de uma ração complementar peletizada de baixo custo. Segundo os produtores, a conver-
são alimentar girava entre 0,6 a 0,8. 
34 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
Custos de produção. Aqui cabe alguns questionamentos e reflexões. 
Com base nos índices de produtividade e custos apresentados no qua-
dro 1, estimei o custo de produção de tilápias de 350g cultivada sob o 
modelo de consorciação com suínos e alimentadas somente no final 
do cultivo com ração.
Os custos referentes à coleta, transporte e aplicação dos dejetos 
foram considerados zero (o que nem sempre é o que ocorre). Para falar 
a verdade, a piscicultura presta um favor à suinocultura e seria até justo 
que obtivesse uma receita (vinda da suinocultura) por tonelada de dejetos 
removida e que não precisaria ser descartada ou entrar em sistemas de 
tratamento. Mas deixemos isso de lado para não complicar demais o 
assunto. No quadro 2 segue uma apresentação simplificada dos custos. 
Operacionalmente o quilo da tilápia custou R$ 0,71, de acordo com as 
premissas apresentadas no quadro 1. Nestes custos entram a remunera-
ção ao trabalho de gerenciamento, geralmente a cargo do proprietário.
Pergunte a ele qual o pró-labore que gostaria de receber da piscicultura 
como complementação de sua renda mensal. Não creio que muitos 
estariam satisfeitos com menos de R$ 300,00 por mês. Ando fazendo 
esta pergunta a inúmeros piscicultores, com área de produção geralmente 
inferior a 2 hectares e é raro um que estaria satisfeito com um pró-labore 
abaixo de R$ 600/mês, mesmo com a sua piscicultura muitas vezes não 
sendo capaz de proporcionar isto. Também foi incluída a remuneração 
da mão de obra permanente, muitas vezes representada por um membro 
da família. Estes custos geralmente são omitidos quando a mão de 
obra é familiar.
Incluindo apenas a depreciação anual dos viveiros e somente 
os juros sobre o investimento na construção dos viveiros, o custo de 
produção saltaria para R$ 0,86/kg. Estes valores seriam ainda maiores 
se incluída a depreciação de outros equipamentos (redes, caixas de 
transporte de peixes, tratores, carretas, roçadeiras, etc.) e os custos de 
manutenção de instalações, veículos e equipamentos. Ainda seria inte-
ressante adicionar mais uns 10% de custos imprevistos e teríamos R$ 
0,93/kg. Impostos sobre produtos comercializados nem foram incluídos, 
visto o caráter totalmente informal deste modelo de piscicultura. Aliás, 
de quase todos os modelos praticados no Brasil.
O interessante é que, mesmo eliminando a despesa com ração 
(sem a qual também seria difícil alcançar a produtividade de 6 ton/ha), 
os custos ainda ficariam ao redor de R$ 0,70/kg. Isto sem considerar 
imprevistos, como mortalidades de peixes por problemas de doenças, 
qualidade de água e frio. Portanto, colocando tudo no papel, fica difícil 
acreditar em custos abaixo de R$ 0,80/kg de peixe produzido. A não 
ser que a produtividade média anual ultrapasse os 6.000kg/ha utiliza-
dos nos meus cálculos ou se houve algum exagero de minha parte na 
remuneração da mão de obra, no custo de construção e no cálculo da 
depreciação dos viveiros. Gostaria de conhecer a matemática destes 
cálculos, pois talvez eu esteja equivocado e sendo injusto quanto a estes 
comentários. Seria interessante uma revisão nestes custos de produção 
pois alguns ítens importantes podem ter sido subestimados.
Rentabilidade. Vale ainda ressaltar que custo reduzido ou maior 
lucro por quilo nem sempre é sinônimo de maior rentabilidade. Esta é 
determinada pela combinação entre produtividade por área (ciclos de 
produção x biomassa por ciclo) e margem de lucro por quilo de peixe 
vendido (valor de venda menos custo de produção). Portanto, com uma 
produtividade média anual de 6.000kg/ha, custo de produção de R$ 
0,60/kg e valor de venda de R$ 0,90/kg, a rentabilidade anual seria ao 
redor de R$ 1.800,00/ha no modelo de piscicultura consorciada com 
suínos. Em sistemas intensivos bem gerenciados e com o uso de ração, 
os custos de produção de tilápias de 500g em viveiros com ração de boa 
qualidade variam entre R$ 1,40 a 1,70/kg. A produtividade facilmente 
supera os 16.000 kg/ha/ano devido à obtenção de duas ou mais safras 
anuais. A um preço de venda de R$ 1,80 para este peixe, a rentabilidade 
anual estaria entre R$ 1.600 a 4.800/ha/ano. Em alguns casos o peixe é 
vendido a R$ 2,00 a 2,40/kg, superando estes valores. 
35Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
Obviamente, se aplicarmos estes valores 
de venda aos peixes oriundos dos sistemas 
consorciados, a rentabilidade seria outra. No 
entanto seria necessário um peixe de 500g 
(que demandaria mais tempo e reduziria a 
produtividade anual) e uma maior proximi-
dade aos mercados que pagam preços de R$ 
1,80 para que isto aconteça. Por outro lado, 
se uma indústria de processamento tiver 
que operar comprando matéria prima a R$ 
1,10 a 1,20/kg, definitivamente não seria a 
tilápia produzida em sistemas intensivos 
com ração. Não na atual escala de produção 
das pisciculturas no Brasil. Assim, só resta a 
alternativa do peixe produzido em sistemas 
menos intensivos. Ainda assim levanto a 
questão: Qual foi o motivo do frigorífico que 
processava tilápia na região do Alto Vale ter 
decidido ao final do ano passado não mais 
processar tilápia? Foram os problemas de 
logística para conseguirvolume adequado 
de peixe para processamento? Foi o deses-
tímulo causado pela grande mortandade de 
peixes sob o rigoroso inverno de 2000? Foi 
pelo fato dos produtores estarem encontran-
do preços mais atrativos em outros canais 
de mercado do que os R$ 0,90/kg pago 
pelo frigorífico? Ou o quê? Gostaria que 
na próxima edição da Panorama alguém 
pudesse clarear esta questão. Que tal ouvir 
isto diretamente dos próprios gerentes 
do frigorífico? Seria muito importante 
para todos os produtores e empresários 
que estão apostando na industrialização 
da tilápia saber o que de fato ocorreu. 
Como um frigorífico que adqüiria matéria 
prima a R$ 0,90/kg se desencantou com 
a industrialização deste peixe?
• Receita adicional ao produtor de suínos. 
Neste ponto é interessante notar que ge-
ralmente o suinocultor é quem vira pisci-
cultor e não o inverso. Isto reflete o fato 
da piscicultura apresentar melhores pers-
pectivas de rentabilidade comparada a 
suinocultura. Assim, lanço aqui a seguinte 
questão: se a suinocultura apresenta re-
torno financeiro apertado, como a maioria 
dos produtores de suínos categoricamente 
afirma, porque não direcionar investimen-
tos e capital operacional empreender uma 
piscicultura mais intensiva?
Comentários sobre alguns dos argumentos 
contrários ao modelo de piscicultura con-
sorciada com suínos:
Abre muitos precedentes para questionar 
a segurança que os produtos oferecem ao consu-
midor e pode levar a uma generalização quanto à 
qualidade do peixe oriundo de piscicultura.
O consumidor tem sido constantemente 
bombardeado por campanhas de marketing e 
conceitos que reforçam a imagem de alimentos 
naturais, saudáveis, puros e com garantia de 
origem. Enquanto possam atender o caráter na-
tural, e até mesmo orgânico, peixes produzidos 
em viveiros adubados com dejetos de suínos 
certamente teriam comprometida a percepção 
de serem “saudáveis” ou “puros”. Além do mais, 
qual empresa teria a coragem, e até mesmo a 
sinceridade, de especificar como estes peixes 
foram produzidos nas embalagens ou panfletos 
promocionais, de forma a obter selos de garantia 
de origem? Numa tendência de mercado onde as 
empresas se comprometem a fornecer ao con-
sumidor informações relevantes sobre a origem 
do produto que ele está adquirindo, omitir o fato 
de como este peixe foi produzido seria prática 
inaceitável pelo código de defesa do consumidor 
ou, no mínimo, uma grande enganação. 
36 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
Omitir o fato ao consumidor pode colocar toda a piscicultura 
em posição bastante delicada frente às outras indústrias de carne, que 
poderiam generalizar e explorar negativamente a imagem do peixe 
cultivado sendo produzido à base de dejetos de suínos, que com certeza 
por elas seriam denominados de “coco, estrume ou merda de porco” e 
não polidamente como dejetos de suínos. Profissionais da área de saúde 
pública podem facilmente levantar questionamento quanto ao risco de 
zoonoses relacionado a este sistema de cultivo. Mesmo com bons argu-
mentos de pesquisa nas mãos muitas vezes é difícil convencer alguns 
técnicos que estão no comando da inspeção sanitária. Principalmente 
se houver pressão de outras cadeias produtivas (frango, bovinos e da 
própria indústria pesqueira). Este esforço deve ter início em âmbito 
regional, e ser respaldado por instituições sérias de pesquisa e fomento, 
como parece estar ocorrendo em Santa Catarina.
Uma saída seria utilizar outras terminologias. Por exemplo, falar 
em fertilização de viveiros com adubos orgânicos ao invés de dejetos 
de suínos. Creio que isto amenizaria o impacto sobre a percepção do 
consumidor. Afinal, verduras e legumes também recebem adubação 
com estercos animais. Também seria oportuno aproveitar a valorização 
dos produtos orgânicos e imprimir um marketing positivo ao peixe 
produzido em viveiros adubados. Desde que os fertilizantes orgânicos 
sejam provenientes de suinoculturas onde não se utilizam probióticos, 
vermífugos, entre outros aditivos e medicamentos. Algo um pouco raro 
em regiões onde a suinocultura é praticada intensivamente. Porém, 
alternativas para isto podem ser encontradas.
• O componente cultural sobre a decisão de compra do produto 
pode restringir o mesmo a mercados locais, limitando conside-
ravelmente o potencial de expansão deste modelo de cultivo. 
Embora existam bases científicas que comprovem a qualidade do 
produto e a segurança do mesmo para consumo, será preciso empreender 
uma considerável campanha para convencer a maioria dos consumidores 
a adquirir um pescado que foi produzido em viveiros adubados com 
dejetos de suínos. Em mercados regionais onde estes produtos têm sido 
comercializados, a não rejeição pelo consumidor quanto ao aspecto 
sensorial (visual e gustativo) pode vir à lona quando a percepção cultural 
for atingida. Gostaria de saber se o consumidor que está adquirindo este 
produto em mercados regionais realmente sabe a origem do mesmo. É a 
velha história do camarada que comeu gato por lebre ou cobra por peixe. 
Pode até gostar, mas quando descobre a reação pode não ser das mais 
positivas. Se sente enganado e este é o pior sentimento que um consu-
midor pode ter. Eu mesmo sem saber devo ter comido quantas tilápias 
e carpas produzidas com resíduos de suínos? Já comi algumas vezes 
sabendo e confesso que se não fosse em pisciculturas que realmente 
dispunham de bom controle do sistema de produção, sem exageros na 
aplicação de esterco, teria receio em consumir. De fato é uma questão 
cultural. Na China, insetos, cobras, escorpiões e outros organismos 
inusitados são normalmente consumidos como alimento ou iguarias. 
O costume por aqui e em outros países já não é bem assim. Embora do 
jeito que as coisas andem eu não duvido de mais nada.
A questão cultural, portanto, poderá limitar consideravelmente 
o mercado para produtos oriundos deste modelo de piscicultura e, por-
tanto, a sua expansão. Assim, seria fundamental encontrar mercados 
alternativos ou implementar uma campanha de conscientização do 
consumidor quanto aos benefícios ambientais do modelo produtivo e a 
segurança e qualidade do produto. Praticar no varejo um preço de venda 
bastante atrativo para os peixes oriundos deste modelo de cultivo pode 
ser uma estratégia eficaz de expandir o mercado. Embora o sistema 
37Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
proposto aparentemente tenha condições de 
obter pescado a um baixo custo, há pouco 
mais de um ano comprei em um supermercado 
de São Paulo uma embalagem com 500g de 
filé de tilápia congelado oriundo do mesmo 
frigorífico de Santa Catarina ao qual já fiz 
referência neste texto. Na época não conhecia 
a origem do produto. Depois vim a conhecer 
os detalhes: tilápia consorciada com suínos e 
comercializada ao redor de 350g ao preço de 
R$ 0,90/kg pago ao produtor. Após transfor-
mado em filé, embalado e colocado no freezer 
do supermercado, o quilo do produto (filé) era 
vendido a R$ 12,00. Quanto ao sabor nenhuma 
restrição. Porém, no descongelamento do filé 
se perdia um bocado de água. Sem o corte em 
“V” o filé ainda reservava alguns espinhos. 
Estes preços não parecem tão atrativos para 
fazer a classe média e alta superar seus pa-
radigmas. Pouco eficaz, diria, se observada 
a enorme gama de carnes concorrentes que 
estão à disposição destas classes. O que dizer 
então da grande massa menos favorecida, que 
acaba sempre ficando no frango, ovo e uma 
carne de segunda. Peixe para a classe pobre?? 
Vai continuar sendo produto vindo de pesca-
rias ou para consumo restrito à semana santa 
(enquanto restarem católicos convictos neste 
país). E vai acreditar que os pobres não têm 
restrições quanto a consumir um produto que 
foi produzido com dejetos de suínos. Podem 
comprar e até achar uma delícia. Mas seria 
pouco provável comprarem se conhecerema origem, a não ser que o preço fosse muito 
convidativo. Hoje pela manhã conversei ao 
telefone com 17 pessoas aqui em Jundiaí e 
acabei descobrindo o seguinte: apenas 3 deles 
comiam peixes 1 vez por semana; 11 comem 
esporadicamente; 2 disseram que é raro e 1 
disse que não come. Então expliquei a cada 
um o modelo de piscicultura consorciado 
com suínos e falei da garantia de segurança do 
produto. Finalmente perguntei se teriam algum 
problema em comprar este peixe, sabendo sua 
origem. Apenas 1 entre os 17 entrevistados 
disse que não teria problema com isso (diga-
se de passagem, foi um dos dois que disseram 
comer peixe raramente). Eu mesmo fiquei 
espantado com a falta de hábito do povo daqui 
de comer pescado. Não entrei em detalhes 
sobre os motivos para esta falta de hábito, mas 
fiquei interessado em expandir esta pesquisa 
para outros pontos. Também me agradou muito 
bater um papo com gente comum que pouca 
idéia tem sobre a piscicultura. Pensei a prin-
cípio que poucos iriam querer perder tempo 
respondendo às minhas perguntas. Sempre 
achei que existisse muita rejeição ao pessoal 
que faz pesquisa de opinião via telefone. Talvez 
haja, quando eles têm a intenção de vender 
algum produto ou serviço. Portanto, valeria 
uma pesquisa como esta em outras cidades, 
inclusive aquelas onde se consome mais peixe 
(cidades litorâneas).
Bom, voltemos à discussão. Seria 
interessante, então, identificar mercados 
em potenciais para este pescado oriundo do 
cultivo em viveiros adubados com dejetos 
de suínos. Se o custo de produção permitir, 
pode ser uma boa opção tentar abrir canais de 
exportação para países como a China, onde há 
mais de 2.000 anos já se pratica a piscicultura 
reciclando toda a sorte de resíduos orgânicos, 
entre eles os estercos animais e até mesmo 
humano. Neste país o consumo de carpas 
também é impressionante (é o grupo de peixes 
mais cultivado). Parcerias com os governos 
estaduais para a inserção deste pescado na 
merenda escolar, também podem devem ser 
avaliadas. Não encaro colocar este produto na 
refeição das crianças um contra senso. Afinal, 
este pescado possui qualidade sensorial e 
segurança microbiológica asseguradas por 
renomadas instituições de pesquisa e fomento 
em Santa Catarina. Além disso, a merenda é 
oferecida gratuitamente pelo estado e, para 
muitas crianças, é a única refeição decente que 
vão ter no dia. A inclusão aumentaria o valor 
nutricional da merenda escolar oferecida nas 
escolas da rede pública, criaria o hábito de 
consumo nas futuras gerações e, poderia ser 
uma boa oportunidade para iniciar um traba-
lho de conscientização da população. E este 
mercado não é pequeno. Além de criar boas 
perspectivas para a expansão do modelo de 
piscicultura integrado com suínos, os governos 
estaduais estariam dando sua contribuição ao 
desenvolvimento de um modelo produtivo que 
reduz o impacto ambiental e auxilia a viabilizar 
a indústria da suinocultura, importante ativi-
dade geradora de renda e empregos em Santa 
Catarina e outros estados.
Sem mais para o momento, gostaria 
que estes comentários instigassem o início de 
uma discussão positiva e criativa para identi-
ficar meios de superar os possíveis obstáculos 
que este sistema de cultivo poderá encontrar 
pela frente. Também gostaria mais uma vez 
de ressaltar que este tipo de piscicultura é algo 
peculiar de uma região onde a suinocultura é 
uma atividade já estabelecida e importante. Em 
alguns estados do nordeste houve iniciativas 
de implantação deste modelo piscicultura. 
Todas as quais tive conhecimento não foram 
bem sucedidas, quer pela falta de utilização de 
estratégias de manejo adequadas, quer pelos 
problemas encontrados no processamento e 
comercialização de suínos. Creio que há espaço 
para muitos modelos de cultivo, visto a tremen-
da diversidade de espécies, clima, condições 
regionais e mercados que temos em nosso 
país. No entanto, que todas sejam conduzidas 
de maneira responsável ao meio ambiente, ao 
consumidor e à imagem da indústria do pesca-
do cultivado no país e no exterior.
38 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
Aq
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cu
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ra
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gr
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Por: Paulo Sérgio Ceccarelli
e-mail: cpaulo@cepta.ibama.gov.br
Leonardo Baracho Figueira
e-mail: fleo@cepta.ibama.gov.br 1CEPTA/IBAMA -
Centro Nacional de Pesquisa de Peixes Tropicais
Possíveis Problemas de 
Saúde Devido ao Uso de 
Excretas na Aqüicultura
A piscicultura é a atividade de produção de peixes sob condi-
ções controladas. Entre os diferentes 
tipos de criação de peixes o sistema 
de integração com outros animais 
vem sendo bastante utilizado nos úl-
timos cinco anos, possivelmente de-
vido aos baixos custos de produção. 
A utilização de excrementos de 
animais em viveiros, com o objetivo 
de aumentar a produção de peixes, 
teve seu início na China, onde pra-
ticamente não existe desperdício; o 
desperdício por lá é considerado como 
um recurso mal aproveitado que deve 
ser convertido em outros produtos. 
A integração do cultivo de ou-
tros animais com a aqüicultura tam-
bém vem sendo bastante utilizada 
no Sudeste da Ásia, Índia e Europa. 
Neste sistema, os peixes podem 
comer o excremento dos animais 
de uma forma direta, aproveitando 
ingredientes não digeridos ou, de 
uma forma indireta, através de ali-
mentos que se formam com a ação 
de bactérias que agem sobre a ma-
téria orgânica, transformando-a em 
nutrientes inorgânicos, favorecendo 
o crescimento do fitoplâncton, base 
alimentar para o desenvolvimento 
do zooplâncton e outros organismos 
que, por sua vez, servem de alimen-
to para os peixes.
39Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
Possíveis Problemas de 
Saúde Devido ao Uso de 
Excretas na Aqüicultura
Embora a utilização de excremen-
to de animais na criação de peixes tenha 
sofrido avanços tecnológicos e contribua 
significativamente na produção mundial 
de pescados, é preciso nunca esquecer 
que os mesmos contêm uma variedade 
de patógenos virais, bacterianos, pro-
tozoários e helmintos, que podem ser 
transmitidos para o homem pela água 
ou organismos aquáticos, podendo re-
presentar um grande perigo para a saúde 
pública.
Existem quatro grupos de pesso-
as que correm riscos de se contaminar 
através de pisciculturas que utilizam 
excremento nos viveiros:
1. Pessoas que consomem orga-
nismos aquáticos crus ou mal 
cozidos;
2. Pessoas que consomem carnes 
cruas ou mal cozidas de animais 
domésticos que são alimentados 
com pescados crus ou plantas 
infectadas; 
3. Pessoas com exposição ocupa-
cional em viveiros ou lagoas onde 
se utilizam excrementos animais 
na produção de peixes; 
4. Pessoas que manipulam ou 
preparam produtos aqüícolas con-
taminados ou infectados.
Poucos estudos foram desenvol-
vidos nesta área, a maior parte deles su-
perficiais, e não existem até hoje estudos 
epidemiológicos conclusivos associando 
o uso de excrementos em aqüicultura 
à enfermidades humanas. No Brasil, 
suspeita-se que existe um grande número 
de pessoas portadoras de enfermidades 
provenientes do consumo de peixes, 
ou de ambientes de criações de peixes, 
porém estes números exatos ainda não 
foram apurados. Acredita-se que no 
mundo existem mais de 50 milhões de 
pessoas afetadas por trematódeos (FBT 
- Fishborne Trematode) contraídos pelo 
consumo de peixes inadequadamente 
processados, crus ou mal cozidos. 
O ciclo de vida desses trematódeos 
é bastante complicado, podendo envolver 
dois ou mais hospedeiros intermediários. 
Os peixes podem servir de hospedeiro 
final e, neste caso, trematódeos na fase 
adulta são facilmente encontrados no trato 
digestivo. Entretanto, os peixes podem 
servir de hospedeiros intermediários para 
larvas (cercárias e metacercárias) e, nesta 
forma, transferirem o parasito para os 
humanose outros animais. 
O risco de se adquirir uma infecção 
varia com o tipo de patógeno que, antes de 
manifestar a enfermidade, pode determi-
nar uma complicada cadeia de eventos que 
dependem da concentração de patógenos 
no excremento, do tempo ocorrido entre a 
excreção e o contágio pelo hospedeiro, da 
taxa de sobrevivência do patógeno no am-
biente aquático, bem como da sua habili-
dade de reprodução nesse novo ambiente. 
Além disso, muitas patogenias requerem 
um ou mais hospedeiros intermediários 
antes de representar uma ameaça para o 
homem. Por outro lado, tanto a prática de 
manipulação dos alimentos e a sua prepa-
ração, como o nível sanitário e a forma de 
consumo desses alimentos, influenciam 
significativamente no risco de infecção. 
Finalmente, o grau de imunidade do ser 
humano determinará se a enfermidade 
conseguirá prosperar ou não.
A maioria dos trabalhos escritos 
por especialistas no assunto, afirma que 
patogenias virais e bacterianas de animais 
de sangue quente, não causam enfermi-
dades em organismos aquáticos e, que 
os organismos aquáticos podem servir 
de portadores passivos e transmissores 
mecânicos de patógenos até ao homem, 
sem intervenção de um hospedeiro in-
termediário.
Para as espécies de vermes do 
fígado, tais como Clonorchis sinenses, 
Opistorchis felineos, O. viverrini, os 
hospedeiros intermediários são caramujos 
e peixes de água doce, enquanto os cães, 
gatos, porcos, animais selvagens e seres 
humanos são os hospedeiros definitivos, 
onde os vermes se instalam e se desenvol-
vem nos dutos biliares do fígado. Essas 
verminoses são endêmicas nos países 
do Sudeste Asiático e na China, Coréia, 
Japão e antiga Rússia.
40 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
Os sintomas das infecções 
podem variar de acordo com o ciclo 
de vida do parasita. Entretanto, geral-
mente as infecções crônicas podem 
causar problemas no duto biliar, 
problemas gastrointestinais, icterícia, 
febre, fadiga, pneumonia e vários 
outros problemas respiratórios. Nas 
tabelas é possível conhecer algumas 
infecções importantes que podem ter 
sua dispersão aumentada pelo uso de 
excrementos in natura diretamente nos 
viveiros de criação de peixes.
No Brasil, nos últimos anos, a 
piscicultura vem crescendo de uma for-
ma vertiginosa e, devido ao alto custo 
dos insumos necessários à produção, 
os piscicultores estão optando pelo uso 
do sistema de produção integrada de 
peixes com outros animais que têm o 
meio aquático como habitat natural ou 
eventual (ex. aves aquáticas, búfalos, 
porcos, capivaras, etc.), colaborando 
com seu esterco no aumento da pro-
dução primária dos viveiros. Apesar de 
lucrativo, este tipo de criação precisa 
respeitar os critérios sanitários relacio-
nados aos peixes e aos animais a eles 
consorciados. Na falta de mecanismos 
de controle, deve-se utilizar esterco 
curtido, pasteurizado ou submetido a 
técnicas de compostagem, biodigestor, 
entre outras, como por exemplo a técni-
ca chinesa de biodigestão aeróbica. Da 
mesma forma devem ser consideradas 
as práticas piscícolas de desinfecção e lim-
peza periódica das instalações utilizadas, 
bem como deve ser levado em conta o 
aspecto altamente impactante para o meio 
liquido, o que já vem se tornando um pro-
blema grave em países que possuem um 
grande desenvolvimento nesta área. Embo-
ra no Brasil este tema, salvo em algumas 
áreas, não tenha despertado a consciência 
dos produtores e autoridades, em breve se 
fará necessário profundos estudos para ga-
rantir a boa qualidade da água, não só para 
piscicultura, mas também para o consumo 
humano e animal. 
Atenções especiais devem também 
estar direcionadas para aspectos de saúde 
pública, evitando-se o aparecimento de 
doenças e, para isso, existem várias pos-
sibilidades para se reduzir os riscos para a 
saúde, entre eles: 
• O uso de excrementos livres de 
patógenos; 
• Controle da dispersão de patóge-
nos através de educação sanitária e 
interação veterinária;
• Manejo e limpeza periódica da 
vegetação das lagoas; 
• Aumento da cadeia alimentar; 
• Depuração dos organismos aquá-
ticos antes do aproveitamento para 
consumo; 
• Manipulação e processamento hi-
giênico dos produtos e subprodutos 
aquáticos e, 
• Evitar ou precaver-se do consumo 
de espécies aquáticas sem cozimen-
to prévio. 
As referências bibliográficas podem ser 
solicitadas aos autores através de seus e-mails.
41Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
42 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
ÁR
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PO
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IA
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Determinação de Áreas potenciais para 
o desenvolvimento da carcinicultura 
em sistema de informação Geográfica
A utilização de SIGs - Sistema de Informações Geográfi-cas, aplicado ao planejamento e ordenamento da região 
costeira e das atividades de maricultura, já pode ser considerado 
uma realidade. As vantagens de utilizá-lo são diversas, e incluem 
o benefício da integração das técnicas de geoprocessamento de 
imagens de satélite e classificação de uso solos, com a análise 
espacial de modo a melhor conhecer os terrenos onde se pretende 
desenvolver a aqüicultura. 
Com o recente reaquecimento da carcinicultura no país, 
observa-se uma busca por terrenos propícios para investimentos 
necessários para implantar novas fazendas de camarão. Mas 
para que as chances de sucesso comercial de uma nova fazenda 
camaroneira sejam as melhores, o fator crucial a ser considerado 
pelo investidor é definitivamente a localização geográfica do 
empreendimento. Outros atores no processo de desenvolvimento 
sustentável, tais como as prefeituras municipais, os órgãos esta-
duais de meio ambiente, os bancos de investimento, IBAMA e 
Departamento de Pesca e Aqüicultura do Ministério da Agricul-
tura, não podem mais prescindir do uso do SIG na determinação 
de áreas potenciais para o desenvolvimento da carcinicultura 
marinha, bem como para o ordenamento do território. 
O estudo a seguir mostra como o SIG foi utilizado para 
localizar áreas para carcinicultura, possibilitando a otimização 
e implantação de novas fazendas, gerando menos impacto 
ambiental, resguardando as áreas de proteção ambiental, in-
crementando a produtividade da fazenda uma vez implantada 
e assim beneficiando os investidores, através da segurança de 
boas safras em áreas bem escolhidas. 
Área de Estudo 
O entorno da Baía de Sepetiba, Rio de Janeiro represen-
ta bem as condições reinantes em tantas regiões camaroneiras 
da costa brasileira. Reúne as condições ambientais importantes 
para o desenvolvimento natural de camarões. Lá se encontram 
estuários, zonas de manguezal, zonas de influência nítida-
mente marinha, canais e desembocaduras de rios cortando 
uma planície aluvial, que por sinal já possui outras atividades 
como a agricultura e pecuária, além de zonas de uso industrial. 
A bacia hidrográfica de Sepetiba conta com relevo suave e 
diversas composições geomorfológicas incluindo terrenos 
argilo-arenosos, propícios para a construção de viveiros de 
criação de camarão. 
43Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
Determinação de Áreas potenciais para 
o desenvolvimento da carcinicultura 
em sistema de informação Geográfica O LAQUASIG da Univer-sidade Santa Úrsula, no Estado do 
Rio de Janeiro, conta com moder-
nos equipamentos voltados para a 
elaboração de projetos em SIG. A 
localização dos pontos para este es-
tudo foi feita com um GPS Garmim 
38, com precisão de 15m. O software 
usado foi uma combinação do SIG 
SPRING, desenvolvido pelo Institu-
to Nacional de Pesquisas Espaciais 
- INPE, e o IDRISI32 desenvolvido 
pela Clark University, EUA. Para o 
estudo foi usada uma imagem Lan-
dsat TM, com bandas 1, 2, 3, 4, 5 e 
7 de 1998 adquirida junto ao INPE; 
a base cartográfica digital 1:50000 
- contendo as cartas: SantaCruz, 
Itaguaí, Mangaratiba e Marambaia, 
foram adquiridas no CIDE - Centro 
de Informações e Dados do Rio de 
Janeiro. 
Para a elaboração da carta 
de uso do solo foi feita uma classi-
ficação automática supervisionada 
da combinação de bandas TM 531 
(Figura 1). Esta combinação facilita 
a identificação de tipos diferentes 
de vegetação. Em seguida a ima-
gem composta foi segmentada por 
regiões. Foram coletadas amostras 
das seguintes classes: agricultu-
ra, apicum, campo-pasto, floresta 
ombrófila, manguezal, manguezal 
degradado, praia, restinga, restinga 
rasteira, solo exposto, urbano 1, 
urbano 2, vegetação seca, várzea e 
água. Para cada classe foram selecio-
nadas pelo menos dez amostras, as 
quais foram utilizadas pelo programa 
para realizar a classificação automá-
tica da imagem. Após a classificação 
o mapa gerado foi corrigido através 
da coleta de informações em campo 
e comparação com a base 1:50000 
do CIDE. 
As cartas de drenagem e 
transporte foram elaboradas atra-
vés do mosaico de dados vetoriais 
fornecidos pelo CIDE em formato 
AutoCad r12 DXF na escala 1:50000 
e importados para o SPRING. 
A carta hipsométrica (altimé-
trica) foi gerada a partir de amostras 
pontuais (pontos cotados) obtidas da 
base 1:50000 do CIDE e de dados 
lineares de cota zero e linhas de 
quebra dos rios principais da Bacia 
de Sepetiba. Os pontos cotados e as 
linhas de quebra foram importados 
diretamente do CD, em formato 
DXF, para o SPRING, já as linhas de 
cota zero foram geradas a partir da 
imagem TM 531. Após a obtenção 
das amostras foi gerada uma grade 
triangular (TIN) a partir da qual se 
fez a interpolação linear para gera-
ção da grade retangular. Da grade 
retangular foi feito o fatiamento que 
gerou a carta hipsométrica, identifi-
cando as áreas com altitudes entre 0 
e 2 m e entre 2 e 5m. A localização 
das indústrias, dos centros de abas-
tecimento principais e secundários 
e das empresas de apoio técnico 
foi feita em trabalho de campo com 
GPS. Os pontos indicando suas posi-
ções foram introduzidos no sistema 
através da elaboração de arquivos 
ASCII e importação direta para o 
SPRING
Os Bastidores da Elaboração de um SIG
44 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
45Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
Objetivos deste Exercício 
O objetivo básico deste trabalho foi o de elaborar um modelo 
em SIG capaz de identificar as áreas com potencial para o bom desen-
volvimento de carcinicultura. Como se trata de uma área do Estado do 
Rio de Janeiro próxima ao LAQUASIG - Laboratório de Aqüicultura e 
Sistemas de Informação Geográfica, a verificação in loco dos resultados 
foi facilitada. Para elaborar o SIG foi necessário estruturar um banco 
de dados geográfico e identificar, em escala 1:250000, cartas temáticas 
de apoio que abordassem os temas: uso do solos, sistema de drenagem, 
malha de transportes, altimetria e proteção ambiental. 
Determinação de Áreas Favoráveis à Carcinicultura 
A determinação e a qualificação das áreas favoráveis para a 
implementação de fazendas no entorno da Baía de Sepetiba foi feita 
através da ponderação das informações relativas a uso do solo, altimetria, 
distâncias do fornecimento de água, dos meios de transporte, dos centros 
de abastecimento e das empresas que prestam apoio técnico. Além disso, 
foram consideradas as atividades potencialmente incompatíveis e as áreas 
com restrições legais à atividade. A ponderação foi feita em duas etapas: 
na primeira, cada classe recebeu um peso dentro da sua categoria (tabe-
las 1 a 4), e na segunda, as categorias foram comparadas e ponderadas 
entre si (tabela 5). Desta forma, usando da experiência e julgamento dos 
autores, atribuiu-se peso entre 0 e 1 a cada item, de acordo com o nível 
de adequação para a atividade de carcinicultura. As áreas restritas foram 
identificadas de acordo com as características ambientais, as imposições 
legais e os aspectos técnicos que envolvem o empreendimento. 
Para a categoria Uso do Solo (tabela 1) foram consideradas ade-
quadas para a atividade as classes Agricultura (1), Apicum (0.8), Campo-
Pasto (1), Mangue Degradado (0.5), Solo Exposto (0.8) e Várzea (0.5). 
As demais classes foram ponderadas com valor zero devido à incompa-
tibilidade com a atividade. Além disso, as áreas de floresta ombrófila, 
manguezal, praia, restinga, e urbana foram consideradas impróprias 
para a atividade, sendo identificadas como áreas restritas (zero). 
Altimetria 
Devido às dificuldades técnicas e custos adicionais repre-
sentados pela movimentação de terra para a construção de taludes 
para viveiros de criação de camarões, 
bem como à energia adicional para 
bombeamento de água, foram con-
sideradas as melhores áreas aquelas 
entre 0 e 2 metros (1) e entre 2 e 5 
metros (0,5). As regiões acima de cin-
co metros de altitude (0,1) não foram 
descartadas, mas foram identificadas 
como restritas.
46 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
47Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
Abastecimento e Acesso à Malha Viária 
A distância dos pontos de abastecimento de água (salo-
bra) para encher os viveiros de criação é importante, pois 
implica em investimentos em canais de abastecimento 
ou tubulação. Foram considerados pontos de abasteci-
mento, todos os canais e rios da região, bem como a 
orla marítima. No entanto, foram consideradas como 
áreas impróprias (0) aquelas destinadas ao crescimento 
e manutenção de mata ciliar, correspondente a faixa de 
30 metros das margens dos corpos d’água. A ponderação 
para as distâncias das fontes de abastecimento de água 
para alimentação dos viveiros e dos meios de transporte 
se encontra na tabela 3. A malha viária da região é con-
siderada boa, em grande parte asfaltada, facilitando o 
acesso à empreendimentos na área. (tabela 3). 
Ainda como restrição à atividade foi feito um levantamento dos 
terrenos próximos às indústrias de alto e médio potencial poluidor, sendo 
considerados impróprios aqueles situados a menos de 2 Km. 
A distância dos centros de abastecimento foi considerada de acordo 
com o tamanho e a importância de cada um (tabela 4). Estes foram divididos 
em centros principais e secundários, conforme o tipo de serviço oferecido 
à atividade. 
Os centros principais são aqueles com maior infraestrutura comer-
cial, enquanto que os secundários oferecem os serviços básicos. Entre os 
serviços considerados importantes estão o das comunicações, fornecimento 
de rações industrializadas, oficinas e serviços para empreendimentos rurais, 
bancos e disponibilidade de equipamentos diversos. Da mesma forma, foi 
considerado importante o apoio ou assistência técnica disponível, seja por 
empresas especializadas ou pelos serviços de extensão rural de agências 
governamentais. Assim sendo, as distâncias entre as áreas de cultivo e estas 
empresas também foram ponderadas no modelo. 
48 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
49Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
A ponderação das categorias principais (tabela 5) foi estipulada 
levando-se em consideração as características particulares da área de 
estudo. Mostrou-se evidente a maior importância ao uso do solo (0.3) 
em relação às demais categorias, seguindo por ordem a altimetria (0.2), 
a distância dos corpos d’água (0.15), distância dos centros principais 
(0.15), distância do apoio técnico (0.1), distância dos centros secundários 
(0.05) e a distância dos meios de transporte (0.05). 
A equação utilizada para calcular os valores das áreas e permitir 
a identificação e a qualificação final de cada uma foi realizada usando-se 
a álgebra de mapas, onde as ponderações tiveram importância principal 
no resultado final. 
Resultados, Verificação e Discussão 
Neste estudo foram consideradas áreas potenciais, apenas aque-las cuja extensão contínua era maior que 4 ha. Assim, foram identificadas 
como propícias à implementação de fazendas para cultivo de camarão 
marinho no entorno da Baía de Sepetiba uma área total de 53,83 Km2 
(figura 2). Com uma maior concentração nos municípios do Rio de Janei-
ro e Itaguaí e ainda com uma distribuição significativa em Mangaratiba, 
estas regiões foram classificadas de acordo com o potencial teórico para o 
desenvolvimento da carcinicultura em Excelente, Bom, Regular e Ruim 
(tabela 6). Cerca de 70,82% desta área se mostram bastante favoráveis 
à atividade, enquanto que 29,00% necessitam de investimentos maiores 
e, apenas 0,18% pode ser considerada inadequada. 
Dentro da classificação “Excelente” podemos encontrar um 
centro de pesquisa em aqüicultura - a Estação de Aqüicultura da 
FIPERJ - Fundação Instituto de Pesca do Rio de Janeiro, localizada 
em Guaratiba. Há mais de 30 anos, as excelentes características 
desta área levaram a companhia de cigarros Souza Cruz a se instalar 
nesta região para implantar o primeiro cultivo comercial de cama-
rões marinhos no Brasil. A região é rural, mas próxima a um centro 
urbano de bom porte (Campo Grande), onde todo tipo de serviços e 
insumos podem ser adquiridos, e afastada o suficiente do mais im-
portante manguezal da região, respeitando as legislações ambientais 
pertinentes. Quanto ao ítem “Transporte”, a área está bem servida 
pois é cortada pela BR-101 (Rio-Santos). 
Os resultados do exercício em SIG para carcinicultura são 
prometedores e demonstram de maneira prática a sua utilidade para os 
diversos atores no desenvolvimento da economia. Para os investidores, 
mostra as regiões de maior retorno econômico. Para os financiadores, 
orienta para evitar as áreas de risco, guiando com segurança os inves-
timentos. Para os gestores ambientais, indica claramente as áreas de 
proteção. Para os técnicos e criadores, aumenta as chances de sucesso 
para boas safras já que os aspectos cruciais estão bem ponderados. 
Para avaliar a importância econômica da atividade, usamos uma 
taxa de estocagem no povoamento de pós-larvas do camarão branco 
Litopenaeus vannamei de 25/m², e admitimos 2 ciclos/ano com uma 
produtividade média de 3 tons/ha/ano. Assim, usando-se 75% das áreas 
consideradas excelentes (588 ha), os 441 ha poderiam produzir cerca de 
1.323 toneladas de camarão por ano, gerando cerca de 440 empregos 
diretos, o que é aproximadamente a metade do número de pescadores 
artesanais registrados na baía.
Sob Medida… 
A modelagem em SIG para carcinicultura proposta neste exer-
cício pode ser enriquecida de detalhes para conferir maior precisão ou 
orientação para atender aos objetivos finais. Como os objetivos finais 
podem variar de região para região, a modelagem pode ser desenhada 
sob medida de modo a atender a consulta. Para isto, é importante a 
riqueza do banco de dados subjacente. Muitas regiões do Brasil hoje já 
possuem informações espaciais básicas digitalizadas, o que pode facilitar 
muito o processo de desenvolvimento do SIG. A indústria de rações 
pode utilizar esta poderosa ferramenta para planejar estrategicamente 
sua rede de distribuição baseada nas tendências de crescimento do 
mercado e na identificação de novos mercados potenciais. 
Enquanto que as determinantes ambientais para propiciar 
aos camarões as melhores condições fisiológicas para seu franco 
desenvolvimento são relativamente bem conhecidas, a ponderação 
das diferentes classes usadas no SIG é um item que deve ser bem 
discutido tanto por técnicos como por agentes do desenvolvimento 
regional que conheçam bem a região, suas necessidades, prioridades 
e peculiaridades. Assim, o SIG pode ser usado de maneira a integrar 
muitos conhecimentos das áreas de meio ambiente, economia e socio-
logia, de modo a produzir um resultado que satisfaça os planejadores 
e gestores do território. Outro aspecto importante deste exercício em 
SIG é que ele facilita a valoração de terrenos, bem como a valoração 
ambiental da atividade. Para uma determinada região que tem poten-
cial para a carcinicultura, pode ser feita uma comparação desta com 
outras atividades concorrentes para a mesma área, e assim escolher 
o uso do solo de forma objetiva e ecologicamente correta. Pode-se 
chegar a conclusão que, embora a atividade de carcinicultura gera 
menos empregos do que uma indústria, considerando-se o uso sus-
tentável do meio ambiente e seus recursos naturais, a primeira opção 
seja menos impactante e preferível a longo prazo. 
Se este raciocínio espacial e ambiental tivesse sido utilizado há 
40 anos atrás na região de Sepetiba, certamente teríamos mais fazendas 
de camarão e menos “passivo ambiental” gerado por indústrias como 
a Cia. Industrial Ingá que nos deixou um pesado legado ambiental de 
toneladas de Cádmio, Zinco e Cobre residuais, que ainda contaminarão 
esta região costeira por muitos anos, causando prejuízos à produção 
pesqueira da região.
50 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
e
x
te
n
sã
o
 r
u
ra
l
A Extensão Rural 
e o Desenvolvimento da Aqüicultura
Por: Newton José Rodrigues da Silva 
e-mail: newtonrodrigues@uol.com.br 
Zootecnista da CATI - Coordenadoria de Assistência Técnica Integral 
o modelo clássico de extensão rural tem origem nos EUA após a Guerra de Secessão, no processo de 
transformação da estrutura escravista da agricultura para uma 
estrutura capitalista. As primeiras atividades de extensão fo-
ram organizadas pelos próprios produtores, por meio de suas 
associações, e consistiam em buscar soluções para o aumento 
da produtividade e para a comercialização da produção. 
O governo federal norte-americano, aproveitando as 
experiências adquiridas, criou um serviço oficial de extensão 
rural em 1914, como o objetivo de difundir os conhecimentos 
úteis e práticos referentes à agropecuária e economia domés-
tica, proporcionando formas mais eficientes de administração 
da propriedade rural e do lar. Assim, a extensão rural assumiu 
um importante papel ao atuar como elo entre as estações de 
pesquisa das universidades e o produtor rural.
No Brasil, o modelo clássico de extensão rural foi 
implantado em São Paulo em 1948, por iniciativa da Ame-
rican International Association (AIA), instituição filantró-
pica presidida por Nelson Rockefeller – Coordenador dos 
Assuntos Interamericanos e Assistente do Secretário de 
Estado dos EUA. Em Minas Gerais, um convênio entre o 
governo estadual e a AIA criou a Associação de Crédito e 
Assistência Rural (ACAR-MG).
A partir de 1954 a extensão rural iniciou um processo 
de ascensão acentuada com a assinatura de um convênio entre 
os governos norte-americano e brasileiro, criando o Escritório 
Técnico de Agricultura, que foram instalados em diversos 
Estados. A coordenação nacional dos serviços de extensão foi 
realizada pela Associação Brasileira de Crédito e Assistência 
Rural (ABCAR) entre 1956 e 1975, quando nesse ano foi 
substituída pela Empresa Brasileira de Assistência Técnica e 
Extensão Rural (EMBRATER), que foi extinta em 1990 pelo 
governo Collor. No quadro, uma síntese da trajetória da extensão rural 
no Brasil apresentada por Cyro Mascarenhas Rodrigues.
A partir de 1990, com o advento do neoliberalismo no Brasil e 
seu aperfeiçoamento nos anos seguintes, iniciou-se o processo de des-
monte dos serviços de extensão rural em vários Estados. Na concepção 
dos governantes que conduzem esse processo, a extensão já cumpriu 
o seu papel realizando no campo as transformações exigidas pelo 
capital. A partir de 1985, com a redemocratização do país, assumiu 
um novo papel a serviço da agricultura familiar, sob a orientação do 
humanismo crítico, mas em 1989 sofreu um duro golpe.
Paradoxalmente, nos últimos anos, temas importantes como 
desenvolvimento sustentável, agricultura familiar e extensão rural 
participativa, ganharamimportantes espaços nos mais diferentes 
fóruns de debates. É crescente a conscientização de segmentos de 
produtores, extensionistas, comunidade científica e trabalhadores 
que lutam pelo direito à terra, de que a extensão é mais do que o 
ato de estender conhecimento. 
Extensão em aqüicultura na China
A extensão rural e a extensão pesqueira são serviços prestados 
por órgãos governamentais e organizações não governamentais, 
consistindo em assessoramento aos agricultores e aos pescadores, 
respectivamente, nas áreas de tecnologia, produção, comercialização, 
administração, associativismo, ação comunitária e educação alimen-
tar, sanitária e ecológica. A extensão em aqüicultura é realizada por 
profissionais da extensão rural ou da extensão pesqueira. 
A China lidera a produção aqüícola mundial. A necessidade 
de produzir alimentos suficientes para uma grande população, 1 
bilhão e 250 milhões de habitantes, obrigou a China a desenvolver 
sistemas aqüícolas integrados, fundamentado na policultura, reci-
clando nutrientes e utilizando carpas nativas. A produção, majorita-
riamente, tem consumo no mercado 
local. A extensão rural tem um impor-
tante papel nesse processo, atuando 
de forma a aumentar a produção e 
melhorar a qualidade dos produtos, 
proporcionar segurança alimentar 
para toda a população, proteger o 
meio ambiente e os recursos naturais, 
promover o desenvolvimento susten-
tável, aumentar a renda do agricultor, 
diminuir a pobreza rural, melhorar a 
organização comunitária, auxiliar nas 
decisões sobre questões da produção 
e comercialização.
51Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
No Seminário Nacional de Assis-
tência Técnica e Extensão Rural, realizado 
em Brasília em 1997, Liu Yonggong, pro-
fessor da Universidade de Beijing, afirmou 
que para promover o desenvolvimento 
integrado no campo, o governo chinês 
contrata 1 milhão de extensionistas para 
atuarem junto aos produtores familiares, 
orientando-os tecnicamente no local, 
capacitando-os, supervisionando a apli-
cação da tecnologia, elaborando material 
informativo e assistindo as organizações 
comunitárias. A implantação de unidades 
demonstrativas nas unidades familiares é 
a principal atividade metodológica empre-
gada. O Ministério da Agricultura chinês 
coordena os serviços de extensão rural e 
os governos locais cooperam para manter 
financeiramente o sistema. 
Objetivando aprimorar a capa-
cidade técnica e gerencial do produtor, 
visando o desenvolvimento sustentável, a 
extensão rural participativa ganha espaço 
e os agricultores elaboram, acompanham 
a execução e avaliam os projetos de exten-
são. As recentes ocorrências de mudanças 
no sistema de produção de peixes na Chi-
na, com utilização de ração balanceada e 
monocultura de espécies de maior valor 
comercial, estão relacionadas com a aber-
tura econômica que o país experimenta. 
Porém, a extensão rural participativa será 
de grande importância para que os produ-
tores chineses avaliem as conseqüências 
econômicas, sociais e ambientais das 
inovações propostas e sejam os conduto-
res desse processo, optando por técnicas 
adequadas às suas realidades e garantindo 
a sustentabilidade da atividade. 
Extensão em aqüicultura nos EUA
 
O sistema de extensão rural nos 
EUA, criado em 1914, é coordenado pelo 
Ministério da Agricultura, com cooperação 
técnica e financeira dos governos estaduais 
e locais. O fato de funcionar dentro das 
universidades estaduais, reforça a ligação 
ensino-pesquisa-extensão e enfatiza a fun-
ção educativa da extensão rural. Pelo fato 
de haver participação das três instâncias do 
executivo, o sistema de extensão é deno-
minado cooperativo. Os escritórios locais 
do sistema atuam diretamente com os pro-
dutores, operacionalizando programas nas 
áreas da agropecuária, recursos naturais, 
desenvolvimento da juventude, bem estar 
individual e da família e desenvolvimento 
econômico e comunitário.
O sistema cooperativo de extensão tem 
uma importância significativa no desenvolvi-
mento da indústria do catfish, que representa 
mais de 80% do peixe produzido, e na difusão 
das técnicas de criação da tilápia do Nilo. A me-
todologia consiste em atendimentos individuais, 
palestras, disponibilização de vasto material 
técnico que é produzido pelas universidades 
que têm especialistas em aquicultura e, princi-
palmente, realização de trabalhos com jovens, 
entre outros.
Um bom exemplo do trabalho de ex-
tensão é o desenvolvido com jovens no Estado 
do Mississipi, líder nacional de produção do 
catfish. Os trabalhos objetivam ensinar a im-
portância da pesquisa científica e sua aplicação 
na criação dessa espécie, o valor do catfish na 
alimentação da família, as técnicas de criação e 
comercialização desse peixe, bem como a prá-
tica da documentação e o uso das informações 
no desenvolvimento do projeto. Além disso, 
o trabalho visa conscientizar os jovens para o 
exercício da cidadania, despertando o espírito 
de cooperação. Vale ressaltar que as técnicas de 
criação de peixes que a extensão trabalha estão 
de acordo com o nível sócio-econômico dos 
produtores e das exigências do mercado por um 
produto de alta qualidade, sendo a maior parte 
da produção destinada ao processamento. 
Extensão em aqüicultura em Santa Catarina
Desde 1957, os produtores contaram 
com os serviços de extensão prestados pela 
Associação de Crédito e Assistência Rural de 
Santa Catarina (ACARESC). Porém, a criação 
da Associação de Crédito e Assistência Pesquei-
ra (ACARPESC), em 1968, foi um diferencial 
importante para o desenvolvimento da aqüicul-
tura no Estado, atual líder da produção aqüícola 
brasileira.
O cultivo de mexilhões em Santa Cata-
rina iniciou em 1989 a partir das experiências 
da Universidade Federal de Santa Catarina e da 
ACARPESC, sendo que a assistência técnica é 
fornecida à pequena pesca pela Empresa Agro-
pecuária e Difusão de Tecnologia (EPAGRI), um 
órgão criado em 1990 pela fusão da ACARESC, 
ACARPESC, Empresa de Pesquisa Agropecuária 
–EMPASC e Instituto de Apicultura – IASC.
A piscicultura também é uma atividade 
desenvolvida por um intenso trabalho realizado 
por extensionistas a partir da década de 70. 
Como é sabido, o policultivo e a policultura são 
amplamente praticados, permitindo a reciclagem 
de nutrientes e a contribuição para a viabilização 
econômica da pequena produção e a oferta de 
pescado para consumo no mercado local.
Dionísio Bressan Lemos, presidente 
da EPAGRI, em conferência ministrada no XI 
SIMBRAQ em outubro passado, afirmou que 
em cada uma das 14 unidades regionais do 
órgão há um pesquisador ou um extensionista 
especializado em piscicultura para atender as 
demandas dos 242 escritórios municipais e, 
além disso, os técnicos locais também recebe-
ram formação nessa área. 
Por outro lado, não há concurso público 
para a instituição há 12 anos. A ausência de 
concurso público para a EPAGRI 
 Importados da Europa.
 A melhor qualidade do 
mercado.
 Resultado garantido, com 
nove anos de experiência.
HIPÓFISES
OVOPEL
Fale com:
Sérgio: (47) 9982-9405
52 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
Por tantos anos pode provocar a 
falta de renovação dos quadros técnicos 
e o seu envelhecimento, o que coloca em 
risco os trabalhos em execução. 
Um importante ensinamento for-
necido por Santa Catarina é a experiência 
negativa de “prefeiturização” dos serviços 
de extensão rural e, posteriormente, o seu 
retorno ao governo do Estado. Dados apre-
sentados por Sérgio Winckler da Costa e 
outros em “Cadeias Produtivas do Estado 
de Santa Catarina: Aqüicultura e Pesca, 
1998”, concluíram que no período em que 
essa atribuição deixou o âmbito do governo 
estadual, sendo transferida para as prefei-
turas, houve uma redução no número de 
piscicultores assistidospela EPAGRI. Os 
autores afirmam que a redução foi devido 
às mudanças na metodologia utilizada para 
coleta de dados, mas constatou-se que, 
após o retorno dos serviços de extensão 
rural para o governo estadual, o número 
de piscicultores assistidos novamente se 
elevou. O número de piscicultores assisti-
dos foi de 6.700 em 1991. Em 1992 esse 
número caiu para 4.111 e. em 1993, foi de 
4.918. Em 1994 o número de piscicultores 
assistidos foi de 7.725. 
Extensão em aqüicultura em São Paulo
No Estado de São Paulo a origem 
da assistência técnica data de 1891. Ao 
contrário do sistema brasileiro de exten-
são rural, que nasceu com uma filosofia 
extensionista voltada para a promoção 
do homem rural, em São Paulo as ações 
eram dirigidas para o fomento agrícola e 
para a defesa fitossanitária das culturas. 
Beneficiavam-se diretamente destas ações 
os grandes proprietários rurais, que deti-
nham a hegemonia econômica, política e 
social. A massa de trabalhadores, formada 
em sua maioria por ex-escravos e colonos, 
permanecia marginalizada.
Atualmente, a extensão rural e pes-
queira é prestada pela Coordenadoria de 
Assistência Técnica Integral (CATI), órgão 
da Secretaria de Agricultura e Abasteci-
mento criado em 1968. Atualmente existem 
40 escritórios regionais e 605 municipais 
(Casas da Agricultura), que se encontram 
em sua maioria “prefeiturizados”. Esse pro-
cesso foi iniciado em 1990 e se aprofundou 
nos últimos 6 anos. Os extensionistas são 
contratados pelas prefeituras, sem concurso 
público, e pagos pelo governo estadual.
Os órgãos de extensão 
devem atuar em 
conjunto com a 
pesquisa científica, 
principalmente com 
as universidades. 
Essa parceria propicia 
a formação de 
profissionais com 
maior contato com a 
realidade e aproxima 
os pesquisadores dos 
problemas enfrentados 
pelos produtores.
53Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
A subordinação do extensionista ao poder executivo municipal 
provoca alta rotatividade de técnicos nas Casas da Agricultura e pro-
porciona um clima de insegurança que não permite um planejamento 
eficiente a médio e longo prazos. 
A prática extensionista dos técnicos da CATI é ainda do estilo 
clássico-difusionista, refletindo a permanência da visão tradicional do 
desenvolvimento rural, apesar de apresentar no discurso oficial um 
compromisso com o desenvolvimento sustentável. 
Um levantamento realizado pela CATI indica que em 1997 havia 
3.584 propriedades com piscicultura no Estado de São Paulo. O atendi-
mento aos pequenos e médios aqüicultores no Estado ainda é precário, 
apesar de funcionar adequadamente para outras culturas. Alguns órgãos, 
como o Instituto de Pesca (IP), CEPTA e USP já promoveram cursos de 
capacitação em aqüicultura para alguns técnicos da CATI. Além disso, 
algumas Casas da Agricultura possuem projetos e atendem às demandas. 
Porém, somente em 2000, a CATI iniciou uma parceria estabelecida 
com o Centro de Aqüicultura da Universidade Estadual Paulista (CAU-
NESP), que tem possibilitado que a CATI se viabilize para atender a 
crescente demanda por informações e elabore um programa estadual 
de extensão em piscicultura. Estão sendo formados pelo CAUNESP 40 
técnicos, cada um lotado em uma das regionais. O planejamento é de 
que toda a rede seja treinada em 2001 por esses próprios profissionais, 
que darão suporte técnico às Casas da Agricultura.
Um censo quantitativo e qualitativo da piscicultura também 
será realizado pela parceria CATI/CAUNESP, com financiamento já 
aprovado pela FAPESP. 
A maricultura poderia estar mais desenvolvida em São Paulo, 
caso a CATI tivesse em execução um programa de extensão pesqueira. 
O programa existe, foi elaborado por extensionistas do próprio órgão e 
pesquisadores do IP. Mas não houve vontade política dos dirigentes para 
implantá-lo. Atualmente há apenas um extensionista atuando no Litoral 
Norte e outro no Litoral Sul, ambos com o apoio técnico do IP.
Algumas Recomendações 
• Os serviços de extensão rural e extensão pesqueira são fundamen-
tais para o desenvolvimento da aquicultura, visto que no Brasil, 
esta vem sendo praticada principalmente por pequenos produtores/
pescadores. É necessário que o Estado preste esses serviços, a 
exemplo da China e Estados Unidos. 
• A extensão é imprescindível para o planejamento e execução de 
projetos que promovam o desenvolvimento sustentável. Portanto, 
os extensionistas devem estar devidamente capacitados para isso. 
• Os extensionistas devem atuar respeitando a condição sócio-
econômica e cultural do produtor/pescador, sem impor pacotes 
tecnológicos, mas sim utilizando os recursos disponíveis e estabe-
lecendo troca de informações para que a tecnologia a ser empregada 
esteja adequada à realidade e aos anseios do usuário do serviço. 
• Os processos de “prefeiturização” da extensão devem ser inter-
rompidos e o controle pelos governos estaduais, retomados. 
• Os órgãos de extensão devem atuar em conjunto com a pesquisa 
científica, principalmente com as universidades. Essa parceria 
propicia a formação de profissionais com maior contato com a 
realidade e aproxima os pesquisadores dos problemas enfrentados 
pelos produtores. 
• Os produtores devem participar da elaboração dos programas de 
extensão em aquicultura. 
• Os profissionais da extensão ou da pesquisa científica pública, 
não devem ter qualquer vínculo com empresas que comercializam 
equipamentos ou insumos.
54 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
Registro de Aqüicultor
agora é Obrigatório
Mais uma vez a legislação mistura 
no mesmo baú as atividades da pesca e da 
aqüicultura, como se grandes afinidades e 
interesses as unissem. Em 22 de janeiro 
último, foi finalmente publicada no Diário 
Oficial da União, a Instrução Normativa no 5 
de 18/01/2001, que trata do RGP - Registro 
Geral da Pesca. 
A maioria esmagadora dos aqüiculto-
res brasileiros não se encontra cadastrada, 
tampouco manifestou, nesses últimos anos, 
algum interesse nesse sentido. Até então, 
esse registro era uma tarefa do IBAMA, um 
órgão de controle e preservação ambiental, 
distante, portanto, das necessidades do setor 
produtivo. 
Com a criação em 1998 do DPA - De-
partamento de Pesca e Aqüicultura, um órgão 
ligado à Secretaria Executiva do Ministério da 
Agricultura e do Abastecimento, o RGP passou, 
por força da legislação, a ser realizado por 
este órgão e, somente agora, mais de dois 
anos depois da sua criação, vemos finalmente 
publicadas as normas para o registro. 
A falta de informações faz com o Brasil 
seja incapaz de produzir dados confiáveis so-
bre a sua área alagada, sua produção aqüícola, 
suas tendências, etc. Da mesma forma, a falta 
de estatísticas impede que a indústria de insu-
mos trace estratégias seguras de crescimento 
e ajude, de forma mais efetiva, no desenvolvi-
mento profissional da atividade. Segundo a IN 
no 5, os aqüicultores devem se cadastrar junto 
às Delegacias Federais do Ministério da Agri-
cultura de seus estados, cujos endereços pode 
ser encontrados pela internet no site http://
www.agricultura.gov.br/dfa/mapa.htm. O DPA, 
sob o comando de Gisele Vieira dos Santos, 
vem fazendo um trabalho de treinamento dos 
funcionários responsáveis pelos cadastros em 
todos os estado. Gisele também se coloca à 
disposição dos aqüicultores para tirar dúvidas 
através do telefone (61) 218-2902 
A íntegra da Instrução Normativa se-
gue abaixo. Os anexos da IN referem-se aos 
formulários que deverão ser preenchidos, 
assinados e entregues junto com o restante 
da documentação exigida. Esses formulários 
poderão ser encontrados nas Delegacias do MA 
e ou no site do DPA http://www.agricultura.
gov.br/dpa 
INSTRUÇÃO NORMATIVA nº 5 , de 18 de janeiro de 2001 
O MINISTRO DE ESTADO, INTERINO, DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO, 
no uso da atribuição que lheconfere o art. 87, Parágrafo único, inciso II, da Constituição; tendo 
em vista o disposto na Lei nº 9.649, de 27 de maio de 1998, alterada pela Medida Provisória 
nº 1.999-19, de 8 de junho de 2000, transformada na Medida Provisória n.º 2.049-22, de 28 de 
agosto de 2000; no Decreto-Lei n.º 221, de 28 de fevereiro de 1967; e na Lei n.º 7.679, de 23 
de novembro de 1988, e o que consta do Processo nº 21000.002994/2000-87, resolve:
Art. 1º As pessoas físicas ou jurídicas somente poderão exercer atividade pesqueira com fins 
comerciais, inclusive de aqüicultura, com prévia autorização, permissão ou registro a ser con-
cedido pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento/MA. 
Art. 2º O Registro Geral da Pesca contemplará as seguintes categorias de permissão e registro: 
I - pescador profissional; II - aqüicultor; III - armador de pesca; IV - embarcação pesqueira; V - 
empresa que comercia animais aquáticos vivos; VI - pesque-pague; VII - indústria pesqueira. 
Art. 3º Para os fins da presente Instrução Normativa, entende-se por:
I - pescador profissional: pessoa física que faz da pesca sua profissão ou meio principal de 
vida; 
II - aqüicultor: pessoa física ou jurídica que se dedica ao cultivo ou à criação comercial de 
organismos que têm na água seu normal ou mais freqüente habitat; 
III - armador de pesca: a pessoa física ou jurídica que, em seu nome ou sob a sua responsabi-
lidade, apresta para sua utilização uma ou mais embarcações pesqueiras, cuja arqueação bruta 
totalize ou ultrapasse 10 toneladas; 
IV - embarcação pesqueira: a embarcação que, devidamente autorizada ou permissionada, se 
destina exclusiva e permanentemente à captura, coleta, extração, transformação ou pesquisa 
dos organismos animais e vegetais que tenham na água seu meio natural ou mais freqüente 
habitat; 
V - empresa que comercia animais aquáticos vivos: a pessoa jurídica que atua no comércio de 
organismos animais vivos, oriundos da pesca extrativa ou de aqüicultura, incluindo espécies 
destinadas à ornamentação ou exposição; 
VI - pesque-pague: atividade exercida por pessoa física ou jurídica que mantenha estabele-
cimento constituído de tanques ou viveiros com peixes para exploração comercial da pesca 
amadora; 
VII - indústria pesqueira: a pessoa jurídica que atua na captura ou coleta, conservação, benefi-
ciamento, transformação ou industrialização dos organismos animais ou vegetais que tenham 
na água seu meio natural ou mais freqüente habitat. 
Parágrafo único. Para efeito do disposto nos incisos II, IV e VII deste artigo, os organismos 
animais ou vegetais que tenham na água seu meio natural ou mais freqüente de vida restringem-
se àqueles integrantes dos seguintes grupos: peixes, crustáceos, moluscos, anfíbios e algas. 
Art. 4º As autorizações, permissões e registros para o exercício das atividades pesqueiras 
serão de competência da Delegacia Federal de Agricultura na Unidade da Federação em que 
o interessado esteja domiciliado, sendo solicitados mediante requerimento, conforme anexos 
constantes desta Instrução Normativa, e terão validade de 1(um) ano, contado a partir da data 
de concessão. 
§ 1º Quando se tratar de embarcações pesqueiras integrantes de frota, cujo esforço de pesca 
esteja sob controle, as solicitações de autorizações, permissões ou registro para o exercício 
das atividades pesqueiras, de que trata o inciso IV do art. 2º desta Instrução Normativa, serão 
encaminhados, por meio das respectivas Delegacias Federais de Agricultura, ao Departamento 
de Pesca e Aqüicultura da Secretaria de Apoio e Desenvolvimento Rural deste Ministério, que 
decidirá quanto a sua viabilidade técnica, devolvendo-o à origem para deferimento ou arqui-
vamento do pedido conforme o caso. 
§ 2º Quando o objeto da solicitação de registro configurar pedido de autorização para utilização 
dos estoques naturais de invertebrados aquáticos, bem como algas marinhas, a pessoa jurídica 
requerente será enquadrada na categoria de indústria pesqueira. 
55Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
Art. 5º A efetivação do registro se dará com a emissão, pelo Ministério da 
Agricultura e do Abastecimento, do respectivo Certificado de Registro ou 
da respectiva Carteira quando se tratar de Pescador Profissional, conforme 
anexos V a IX, em modelo próprio, numerado seqüencialmente por Unidade 
da Federação, válido somente com o prévio recolhimento da taxa corres-
pondente, previsto na legislação em vigor. 
Parágrafo único. A emissão do Certificado de Registro ou da Carteira de 
Pescador Profissional deverá ser precedida de análise técnica pelos setores 
competentes da Delegacia Federal de Agricultura, observando-se, quando 
for o caso, o disposto no § 1º do art. 4º desta Instrução Normativa. 
Art. 6º Qualquer modificação ou alteração das condições ou dados infor-
mativos constantes dos pedidos de permissão e registro deverá ser comuni-
cada por meio de requerimento instruído com a respectiva documentação 
comprobatória. 
Parágrafo único. O requerimento decorrente de incorporação de nova 
Unidade de Aqüicultura será dirigido à Delegacia Federal de Agricultura 
da Unidade da Federação do registro original e esta encaminhará cópia do 
processo de Registro, quando for o caso, à Delegacia Federal de Agricultura 
na Unidade da Federação onde se localiza a nova Unidade de Aqüicultura, 
para fins de fiscalização.
 
Art. 7º Os registros concedidos nos termos da presente Instrução Normativa 
terão que ser renovados anualmente, devendo ser requeridos até 10 (dez) dias 
antes da data de seu vencimento, mediante a apresentação do requerimento 
e comprovação do pagamento prévio de quaisquer débitos porventura exis-
tentes com o Ministério da Agricultura e do Abastecimento e recolhimento 
da importância correspondente ao valor da taxa de Renovação do Registro, 
previsto na legislação em vigor. 
Parágrafo único. A efetivação da renovação se dará por apostilamento no 
verso dos respectivos Certificados de Registro. 
Art. 8º O pedido de registro das categorias referidas no artigo 2º da presente 
Instrução Normativa deverá ser instruído com atendimento das seguintes 
condições: 
I - aqüicultor: 
a) preenchimento do Formulário de Registro para cada Unidade de 
Aqüicultura, conforme modelo que constitui o Anexo II desta Instrução 
Normativa; 
b) quando pessoa física, apresentação de cópia do documento de identidade 
do aqüicultor ou responsável; ou, quando pessoa jurídica, documento que 
comprove a existência jurídica da empresa. 
II - armador de pesca: 
a) preenchimento do Formulário de Registro em modelo que constitui o 
Anexo III desta Instrução Normativa; 
b) apresentação de cópia de Certificado de Armador de Pesca, expedido pelo 
órgão competente do Comando da Marinha do Ministério da Defesa; 
c) relação nominal das embarcações que possui, com seus respectivos nú-
meros de inscrição no RGP, nos termos do § 1º deste artigo; 
d) quando pessoa física, apresentação de cópia de documento de identidade 
ou qualificação pessoal; ou, quando pessoa jurídica, documento que com-
prove a existência jurídica da empresa. 
III - empresa que comercia animais aquáticos vivos: 
a) preenchimento do Formulário de Registro, conforme modelo constante 
no Anexo I desta Instrução Normativa; 
b) apresentação de projeto detalhado da infra-estrutura existente ou que 
venha a ser implantada, com especificações que permitam a identificação 
das características do empreendimento; 
Normativa; 
c) apresentação de cópia de documento que comprove a existência jurídica 
da empresa.
56 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
IV - pesque-pague: 
a) preenchimento do Formulário de Registro, conforme modelo 
constante do Anexo IV desta Instrução Normativa; 
b) quando pessoa física, apresentação de cópia do documento 
de identidade do proprietário ou responsável; ou, quando pessoa 
jurídica, documento que comprove a existênciada empresa.
V - indústria pesqueira: 
a) preenchimento do Formulário de Registro, conforme modelo 
constante no Anexo I desta Instrução Normativa; 
b) apresentação de cópia do Certificado de Registro emitido pela 
Secretaria de Defesa Agropecuária, do Ministério da Agricultura 
e do Abastecimento, ou certidão de tramitação do processo de 
registro, por ela fornecida, ficando dispensado de que atue apenas 
na modalidade de captura; 
c) apresentação de cópia de documento que comprove a existência 
jurídica da empresa; 
d) apresentação de cópia da licença ambiental expedida pelo órgão 
competente; 
e) apresentação de memorial descritivo das instalações, equipa-
mentos e processo produtivo. 
§ 1º Para o registro de embarcações pesqueiras e de pescador pro-
fissional, deverão ser atendidas as condições fixadas na Instrução 
Normativa nº 002, de 09 de fevereiro de 1999, na Instrução Nor-
mativa nº 14, de 29 de outubro de 1999, respectivamente. 
§ 2º O pagamento do valor do registro de aqüicultor será calculado 
com base no somatório das áreas de todas as Unidades de Aqüi-
cultura de propriedade do requerente. 
Art. 9º No caso de perda ou extravio do Certificado de Registro, o inte-
ressado poderá requerer a expedição da 2ª via, mediante a comprovação 
do pagamento da respectiva taxa. 
Art. 10. Caberá à Secretaria de Apoio Rural e Cooperativismo, do Minis-
tério da Agricultura e do Abastecimento, o estabelecimento de normas e 
procedimentos administrativos complementares relativos às autorizações, 
permissões e registros de que trata esta Instrução Normativa. 
Art. 11. Aos infratores das normas disciplinadas pela presente Instru-
ção Normativa serão aplicadas, conforme a categoria, as penalidades 
previstas na Lei n.º 9.605/98, na Lei n.º 7.679/88, no Decreto-Lei n.º 
221/67 e em legislação complementar. 
Art. 12. Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação. 
MARCIO FORTES DE ALMEIDA 
Secretário Executivo do Ministério da Agricultura e do Abastecimento 
É certo que, ao efetuarem o registro de aqüicultor, os produtores estarão 
fornecendo importantes dados para que o poder público possa avaliar e 
direcionar as suas ações para o fomento da atividade. Da mesma forma, e 
de maneira indireta, os produtores estarão também se cadastrando, sem 
que saibam, no Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente 
Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Ambientais, passando a arcar com 
responsabilidades e até despesas que poderão lhe surgir adiante. A base 
legal para isso está na Medida Provisória No 1.999-19, assinada pelo 
Presidente da República em 8 de junho de 2000, e mencionada no caput 
da Instrução Normativa do Registro Geral da Pesca. Como pode ser visto, 
a metade dos recursos arrecadados com os registros de aqüicultor tam-
bém irá para o IBAMA sob o pretexto de fiscalização. Curiosamente esse 
órgão nada cobra daqueles que criam outras espécies de animais terres-
tres, que tão freqüentemente jogam estrumes não tratados nos rios e 
daqueles que desmatam para plantar cana, soja, etc..., usam herbicidas, 
fungicidas, antibióticos, e toda sorte de venenos. Não existem bancos 
que solicitem registros semelhantes para produtores rurais que queira 
crédito para plantar soja ou para renovar seu plantel de reprodutores. 
Mas, se algum aqüicultor desejar algum tipo de crédito, estará lá à sua 
espera a exigência de seu registro no Registro Geral da Pesca. Ô sina... 
A seguir trechos do parágrafo da medida Provisória que deve ficar 
bem clara para os que desejarem efetivar seus cadastros. 
§ 10. No exercício da competência de que trata a alínea “b” do inciso 
I do caput deste artigo, relativa ao fomento à pesca e à aqüicultura, o 
Ministério da Agricultura e do Abastecimento deverá: I - organizar e 
manter o Registro Geral da Pesca previsto no art. 93 do Decreto-Lei no 
221, de 28 de fevereiro de 1967; II - conceder licenças, permissões e 
autorizações para o exercício da pesca comercial e artesanal e da aqüi-
cultura nas áreas de pesca do Território Nacional, compreendendo as 
águas continentais e interiores e o mar territorial, da Plataforma Con-
tinental, da Zona Econômica Exclusiva, áreas adjacentes e águas inter-
nacionais...... 
VI - fornecer ao Ministério do Meio Ambiente os dados do Registro Geral 
da Pesca relativos às licenças, permissões e autorizações concedidas 
para pesca e aqüicultura, para fins de registro automático dos benefici-
ários no Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluido-
ras e Utilizadoras de Recursos Ambientais; 
VII - repassar ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos 
Naturais Renováveis - IBAMA cinqüenta por cento das receitas das taxas 
ou dos serviços cobrados em decorrência das atividades relacionadas no 
inciso II, que serão destinados ao custeio das atividades de fiscalização 
da pesca e da aqüicultura; 
57Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
58 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2001
ACalendário qüícola
Abril
MaioMarço
Junho
julho
24 - Aquarismo e Reprodução de Peixes Ornamentais de Água Doce - 
Noções Básicas - Será organizado pela Secretaria de Agricultura e Abas-
tecimento, Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios e Instituto 
de Pesca. Inf: (11) 3871-7520/ 3871-7553 ou fax: (11) 3872-5035. 
24 - Curso de Ranicultura - Será realizado na Unidade Experimental 
da Recolast Aqüicultura Ltda. em Atibaia - SP. Informações: (11) 6440-
0031, Fax: (11) 6440-7786 
27-29 - International Boston Seafood Show - Será realizado no Hy-
nes Convention Center Boston, Massachusetts, EUA. Inf: e-mail: food@
dwcom.com 
28-30 - Criando Peixe - Curso sobre Piscicultura - Será realizado no 
Auditório do Instituto de Pesca de São Paulo e no Núcleo de Aqüicultura 
de Pindamonhangaba. Inf.: tel: (11) 3871-7520 ou 3871-7553 e fax: (11) 
3872-5035/ 3871-7568. 
3-5 - Curso “Novos Enfoques da Piscicultura” - Será realizado pelo 
grupo de estudos em aqüicultura Piracema, na Faculdade de Zootecnia 
de Botucatu. Inf: e-mail: piracema_br@yahoo.com 
4-6- Curso de Piscicultura - Será realizado pela ABRACOA. Inf: Fone/fax: 
(11) 3672-8274, e-mail: abracoa@uol.com.br 
06 - II Curso de Patologia de Peixes - Técnicas de Coleta, Diagnóstico e 
Tratamento - Promovido pela ABRAPOA. Será realizado na Base do Nupélia/
UEM em Porto Rico, PR. Inf: (44) 263-5964/ 261-4641/ 261-4642 
07 - Ranicultura na Prática - Será organizado pela Secretaria de Agricultura 
e Abastecimento, Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios e Institu-
to de Pesca. Inf: (11) 3871-7520/ 3871-7553 ou fax: (11) 3872-5035. 
07 - Curso de Piscicultura - Será realizado na Unidade Experimental 
da Recolast Aqüicultura Ltda. em Atibaia - SP. Informações: (11) 6440-
0031, Fax: (11) 6440-7786 
13-15 - II SIMBAL - Simpósio Balsense de Aqüicultura - Será realizado 
pela ABRAq - PROPIS na cidade de Balsas-MA, com a promoção da Prefei-
tura Municipal de Balsas. Inf: Presidência da ABRAq - fone: (62) 209-1324, 
fax: (62) 209-1320 ou e-mail: agroportunidades@seagro.go.gov.br 
18-24 - 13th International Pectinid Workshop - Será realizado em 
Coquimbo, Chile. Inf.: Universidad Católica del Norte, Chile, fax: (56) 
51 209782, e-mail: pectinid2001@nevados.ucn.cl, website: http://www.
geocities.com/pectinid2001
24-26 - European Seafood Exhibition - Será realizado em Bruxelas na Bél-
gica. Inf. Diversified Business Communications, e-mail: food@divcom.com 
26-28 - Acquacoltora International 2001 - Feira de Verona na Itália. Inf. 
E-mail: sue.hill@informa.com 
28 - Curso de Qualidade da Água na Aqüicultura - Será realizado pela 
ABRACOA. Inf: Fone/fax: (11) 3672-8274, e-mail: abracoa@uol.com.br 
3-6 - Mercopesca - Feira de Pesca, Camping, Náutica, Caça e Ecoturis-
mo do Mercosul - Será realizada em Nova Hamburgo - RS. O evento se 
propõe a ser um espaço de negociação para 120 expositorese incluirá na 
sua programação temas ligados à aqüicultura. Inf: fones: (51) 222-9063, 
(51) 395-731 e e-mail: plomarinho@uol.com.br 
6-9 - Aquaculture Canada’01 - Será realizado no Hotel Westin Nova 
Scotian em Halifaz, Nova Scotia - Canadá. Inf: e-mail: aac@mar.dfo.
mpo.gc.ca 9-11- Curso de Piscicultura - Será realizado pela ABRACOA. 
Inf: Fone/fax: (11) 3672-8274, e-mail: abracoa@uol.com.br ou www.
setorpesqueiro.com.br/abracoa 
12-15 - Workshop Internacional sobre Artemia - Será organizado 
pelo Centro de Pesquisas de Artemia e Animais Aquáticos da Univer-
sidade de Urmia no Irã. Inf: fax: + 98-441-443442 ou e-mail: artemia-
workshop@research.urmia.ac.ir até 30 de Janeiro de 2001. 
15-19 - Alimentec 2001 - Será realizado em Bogotá na Colômbia - Inf: 
alimentec.isc@koelmesse.de 
17-19- Tilapicultura - Módulo Inicial - Será organizado pela Secreta-
ria de Agricultura e Abastecimento, Agência Paulista de Tecnologia dos 
Agronegócios e Instituto de Pesca. Inf: (11) 3871-7520/ 3871-7553 ou 
fax: (11) 3872-5035. 
19- Curso de Piscicultura - Será realizado na Unidade Experimental 
da Recolast Aqüicultura Ltda. em Atibaia - SP. Informações: (11) 6440-
0031, Fax: (11) 6440-7786 26- Curso de Ranicultura - Será realizado na 
Unidade Experimental da Recolast Aqüicultura Ltda. em Atibaia - SP. 
Informações: (11) 6440-0031, Fax: (11) 6440-7786 
28-30- Tilápia 2001 - Conferencia Internacional sobre Tecnologia e Co-
mércio da Tilápia - Será organizado pela INFOFISH, ICLARM e FAO 
com a colaboração do Departamento de Pesca da Malásia e será realiza-
da em Kuala Lumpur, Malásia. Inf: INFOFISH - tel: 603 26914466, fax: 
603 2691 6804 ou e-mail: infish@po.jaring.my
14-16- I MARAQUI - Simpósio Maranhense de Aqüicultura - Será realizado 
pela ABRAq-PROPIS na cidade de São Luis-MA, com a promoção do Go-
verno do Estado do Maranhão. Inf: Presidência da ABRAq - fone: (62) 209-
1324, fax: (62) 209-1320 ou e-mail: agroportunidades@seagro.go.gov.br 
17- Seefood China - O evento irá incorporar a 2 China International Seafood 
Expo e a 2 China International Seafood Processing & Packaging Equipment - 
Será realizada no Dalian Xinghai Convention & Exhibition Centre. Inf: fone: 
852-28652633, fax: 852-28661770. 
18-19 - Open Ocean Aquaculture IV Symposium - Ocean Springs - Será 
realizado no Canadá. Inf: www.org.usm.edu/õoa/ooa-iv.html
16-19- XI ENAR - Encontro Nacional de Ranicultura - Será realizado em 
Bragança Paulista - SP. Neste encontro bianual, estão sendo esperados 500 
participantes, e palestrantes de diversas instituições do Brasil, América do 
Sul, México e Espanha. Inf: fones: (31) 899.1986 e (11) 4034.2000, e-mail: 
enarbraganca@uol.com.br 
59Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro 2001
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	Notícias da FAO Edição 63
	Notícias da Truticultura Edição 63
	Alimentação para Camarões Marinhos - Desenvolvendo um Plano Alimentar - Parte 2
	Lançamentos Editoriais Edição 63
	Policultivo de peixes em SC
	Piscicultura Consorciada: Considerações sobre o modelo de piscicultura consorciada com suínos
	Aqüicultura Integrada: Possíveis Problemas de Saúde devido ao Uso de Excretas na Aqüicultura
	Determinação de Áreas Potenciais para o desenvolvimento da Carcinicultura em Sistema de Informação Geográfica
	A Extensão Rural e o Desenvolvimento da Aqüicultura
	Registro de Aqüicultor agora é Obrigatório
	Calendário Aqüícola Edição 63
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