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64 Panorama da Aquicultura

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1Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2001
2 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2001
3Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2001
Editorial
inalmente foi publicado em 11 de abril o texto final da Instrução Normativa Interministerial que 
estabelece as normas complementares que vieram dar vida ao Decreto 2.869, assinado por 
FHC em 1998, regulamentando o uso das águas públicas da União para a aqüicultura.
Apesar da grande expectativa de todo o setor, foi morna a forma como essa Instrução Normativa 
foi recebida pela comunidade aqüícola. Na verdade uma reação até previsível, em se tratando de uma 
legislação cujas impressões digitais do setor produtivo passaram bem ao largo. Ainda assim, mesmo 
carecendo de muitos ajustes, a nova legislação, merece ser comemorada pelas grandes oportunidades 
que dá aos aqüicultores de explorar o grande potencial hídrico brasileiro.
Nesta edição o leitor encontrará a íntegra do Decreto e da Instrução Normativa, bem como a 
opinião de vários especialistas convidados. Não encontrará, porém, a opinião dos representantes das 
empresas concessionárias de energia elétrica, responsáveis por um grande número de reservatórios, 
que declinaram do convite para que emitissem suas opiniões, talvez por ainda não tê-las de forma 
clara. 
Para alguns setores da sociedade, aí incluindo o setor elétrico, persiste a idéia de que o im-
pacto ambiental causado pela aqüicultura é inaceitável, devendo-se evitar a sua expansão ou mesmo 
restringi-la a qualquer custo. Não lhes passa pela cabeça que a aqüicultura pode e deve ser uma ati-
vidade geradora de trabalho e renda, perfeitamente compatível com a preservação ambiental. Esses 
conflitos de pontos de vista acabam por fazer com que as legislações tendam a ser restritivas e, pior, 
geradas entre quatro paredes, sem ouvir sequer os principais interessados, no melhor estilo “manda 
quem pode e obedece quem tem juízo”. 
Por ser uma atividade emergente, a aqüicultura em nosso país deverá ver nascer nos próxi-
mos anos novas legislações voltadas para a sua boa prática. Não podemos, entretanto, permitir que 
no futuro se repita a mesma novela arrastada que gerou a legislação do uso das águas públicas que 
aí está - incompleta e ainda carente de mudanças. A pergunta que não se cala é: como fazer pra que 
isso não se repita?
Uma das possíveis respostas está na elaboração de um Código de Conduta para uma Aqüi-
cultura Responsável, conforme sugerem, em artigo nesta edição, dois pesquisadores da Embrapa 
Meio Ambiente. Segundo seus autores, com a elaboração e a implantação desse Código, os setores 
produtivos terão a oportunidade de também participar da elaboração das leis e regulamentos ambien-
tais, de modo a evitar que legislações ambientais muito restritivas venham a impedir ou prejudicar o 
desenvolvimento da própria atividade. Em outras palavras, no futuro, com a adoção do Código, as 
regulamentações ambientais nascerão adequadas e com amplas possibilidades de serem bem ado-
tadas pelo setor a ser regulado. 
O assunto das águas públicas está apenas começando e as demandas para novas licenças e 
para a legalização dos milhares de produtores instalados já estão chegando às Delegacias Federais 
de Agricultura nos diversos estados. Tanto o desenrolar quanto o desfecho desta novela expuseram a 
fragilidade do setor ao retratar o alto preço que paga o produtor por não estar organizado, cumprindo 
com os seus deveres e colhendo os frutos dos seus direitos. Desta forma, nesta edição não faltou 
também uma entrevista com Adilon de Souza, recém empossado presidente da Abraq – Associação 
Brasileira de Aqüicultura, que expôs o novo perfil da Associação, baseado num complexo sistema as-
sociativista que pretende reverter esse quadro, dando representatividade à atividade junto ao governo 
e à sociedade organizada.
Trouxemos também para o leitor um perfil detalhado dos cultivos de bivalves no Brasil, e a 
notícia alvissareira de que a Embrapa pretende institucionalizar a aqüicultura no seu sistema de pes-
quisa, e muito mais...
 A todos uma boa leitura.
Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor
4 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2001
5Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2001
Editor Responsável:
Solange Fonseca MTPS 10083
solange@panoramadaaquicultura.com.br
Redator Chefe:
Biólogo Jomar Carvalho Filho
jomar@panoramadaaquicultura.com.br
Assistente:
Fernanda Carvalho Araújo
fernanda@panoramadaaquicultura.com.br
Projeto Gráfico:
Leandro Aguiar
leandro@panoramadaaquicultura.com.br
A única publicação brasileira dedicada 
exclusivamente aos cultivos de organismos 
aquáticos
Design & Editoração Eletrônica:
Panorama da AQÜICULTURA Ltda.
 Impresso na SRG Gráfica & Editora Ltda.
Endereço para correspondência:
Caixa Postal 62.555
22252-970 - Rio de Janeiro - RJ
Uma publicação Bimestral da: 
Panorama da AQÜICULTURA Ltda.
Rua Mundo Novo, 822 # 101
22251-020 - Botafogo - RJ
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Fax: (21) 553-3487
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dade exclusiva dos autores.
Os editores não respondem quanto a quali-
dade dos serviços e produtos anunciados, 
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adquiri-los entre em contato com a redação. 
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daaquicultura.com.br
 
ASSINANTE- Você pode controlar, a cada 
edição, quantos exemplares ainda fazem parte 
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que endereça a sua revista.
Edições esgotadas: 01, 05, 09, 10, 11, 12, 14, 
17, 18, 21, 22, 24, 25, 26, 27, 29, 33, 34, 35, 36, 
37, 38, 39, 40, 41, 44, 45, 59, 61
Edição 64 – março/abril, 2001
...Pág 13
...Pág 3
...Pág 6
...Pág 12
...Pág 43
...Pág 10
...Pág 23
...Pág 38
...Pág 40
...Pág 21
Editorial 
Notícias & Negócios
Notícias & Negócios On Line
Notícias da Truticultura
Alimentação para Camarões 
Marinhos Parte III 
Embrapa quer transformar a Aqüicul-
tura em Programas de Pesquisa 
Mercovale será no Piauí
Cultivados ou Selvagens, qual a prefe-
rência do consumidor?
Malacocultura Brasileira
Entrevista - Adilon de Souza novo 
presidente da ABRAq 
Códigos de Conduta para uma Aqüi-
cultura Responsável
Lançamentos Editoriais
Bahia se prepara para receber o WAS 
2003
Águas Públicas: Instrução Normativa 
estabelece normas complementares
Calendário Aqüícola
...Pág 24
...Pág 25
índice
Águas Públicas
...Pág 58
ISSN 1519-1141
...Pág 45
...Pág 32
O Decreto 2.869, assinado pelo Presidente 
Fernando Henrique em dezembro de 1998 
agora está vigorando, de fato. A Instrução Nor-
mativa Interministerial n o 9, que estabelece as 
normas complementares para o uso das águas 
públicas da União para fins de aqüicultura, foi 
assinada em 11 de abril passado e, segundo o 
DPA - Departamento de Pesca e Aqüicultura 
do Ministério da Agricultura, todo esforço 
será feito para que sejam analisadas dentro 
dos prazos estabelecidos na lei, todas as 
documentações submetidas para legalização 
do uso das águas públicas. Para isso, está 
sendo formado um Grupo Interministerial 
composto por dois representantes de cada 
órgão envolvido no processo de legalização, 
capaz de dirimir as dúvidas e amenizar os 
possíveis entraves burocráticos. 
6 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2001
NOVO FONE PANORÂMICO – A partir 
de junho o telefone da Revista Panorama da 
AQÜICULTURA passará a ser (21) 2553-1107 
e o fax (21) 2553-3487, isto é, será o mesmo 
número atual, acrescido do número 2.
em participar do workshop devem enviar,através do fax (61) 224-5049 ou e-mail: 
gbernardino@agricultura.gov.br, as seguin-
tes informações: nome, instituição, cargo/
função, endereço, telefone e e-mail.
cultura América 2002”, tradicional evento 
da aqüicultura dos Estados Unidos, que se 
realizará de 27 a 30 de janeiro do próximo 
ano. Conhecida mundialmente pelos seus 
inúmeros atrativos como o Sea World, Zôo, 
Wild Animal Park e lindas praias, a cidade 
americana já foi palco do Aquaculture’95, 
que sucedeu-se com grande sucesso de 
público, reunindo muitas associações e 
grupos de trabalho. No América 2002, 
além das palestras, encontros e seminá-
rios estão sendo esperados cerca de 200 
estandes de equipamentos para aqüicultura, 
que se reuniram na exposição que estará 
acontecendo paralela ao evento. A NAA – 
National Aquaculture Association, que vem 
organizando as sessões desses encontros ao 
longo dos anos, estará recebendo inscrição e 
sugestões de trabalhos até o dia 30 de junho. 
Mais informações sobre o evento podem ser 
obtidas pelo e-mail: wordaqua@aol.com.
NOVO FONE DELICIOUS - O telefone da 
fábrica da Delicious Fish Rações mudou. A 
empresa comunica aos seus clientes o novo 
número. Anote. Agora o telefone da fábrica 
localizada em Primavera Sorriso em Mato 
Grosso é (65) 584-1000.
MUDANÇA DE DATA - O Workshop 
Plataforma do Agronegócio da Truticultura, 
anteriormente programado para ser realiza-
do em maio, em Teresópolis-RJ, foi adiado 
para os dias 6, 7 e 8 de junho. O evento 
será promovido pelo Conselho Nacional 
de Desenvolvimento Científico e Tecno-
lógico - CNPq, do Ministério da Ciência 
e Tecnologia e Departamento de Pesca e 
Aqüicultura - DPA, da Secretaria de Apoio 
Rural e Cooperativismo, do Ministério da 
Agricultura e do Abastecimento, tendo por 
objetivo o estabelecimento de ações volta-
das para o desenvolvimento sustentável da 
cadeia produtiva da truta. Os interessados 
PROTOCOLO - Um protocolo de coope-
ração técnica assinado entre o Ministério 
do Desenvolvimento Agrário, à frente o 
INCRA, e o Ministério da Agricultura e 
Abastecimento, foi assinado como objeti-
vo de fomentar a aqüicultura familiar nos 
âmbitos dos projetos de assentamento de 
reforma agrária como forma de aumentar 
a renda do produtor. Muitas fichas estão 
sendo apostadas no sucesso desse em-
preendimento. O protocolo foi assinado e 
sacramentado pelos Ministros Jungman e 
Pratini de Moraes, ladeados pelo Presidente 
do INCRA, Francisco Costa Muniz e o Se-
cretário Executivo do MA, Marcos Fortes 
de Almeida. A importância do tema para 
esses ministérios faz com que seja um dos 
mais discutidos dentro do Departamento 
de Pesca e Aqüicultura - MA. 
AMÉRICA - San Diego na Califórnia, foi 
a cidade escolhida para sediar o “Aqua-
PALESTRAS PARA COMEMORAR 
- Como parte das comemorações do 25o 
aniversário da unidade de pesquisa de Uba-
tuba do Instituto de Pesca, foi programada 
uma série de palestras que se realizará, uma 
a cada mês, até outubro, com os seguintes 
temas: Estatística pesqueira: manejo de 
recursos demersais (16/05); Algas marinhas 
7Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2001
– cultivo e processamento (20/06); Criação 
de camarões marinhos em gaiolas (18/07); 
Criação de tilápia vermelha em tanques-rede 
no ambiente marinho (15/08); Processamen-
to de pescado – técnicas de manipulação e 
conservação (19/09) e Desenvolvimento 
ordenado da mitilicultura no litoral norte de 
São Paulo (17/10). A unidade de pesquisa, 
agora chamada de Pólo Especializado de De-
senvolvimento Tecnológico do Agronegócio 
do Pescado Marinho, realizará as palestras 
no Auditório do Aquário de Ubatuba e mais 
informações podem ser obtidas no Instituto de 
Pesca de Ubatuba fone (12) 432 - 1254.
sócio-construtivista e os objetivos são: dar 
noções iniciais da metodologia científica 
através da observação, levantamento de 
hipóteses e estabelecimento de conclu-
sões; dar noções práticas da atividade da 
maricultura - Cultivo de mexilhões, algas, 
peixes e camarão; estudar um ecossistema 
criado artificialmente através da atividade 
da maricultura; inserir conhecimentos do 
meio ambiente marinho e de preservação 
ambiental; observar e identificar os orga-
nismos epibiontes e acompanhantes no 
desenvolvimento dos mexilhões; estudar 
a biologia e a morfologia - reprodução, 
alimentação e crescimento dos mexilhões 
e, observar “in locu” a maricultura im-
plantada nas comunidades locais, como 
atividade econômica e auto-sustentada. 
As crianças visitam mensalmente o Nú-
cleo de Pesca e Aqüicultura de Ubatuba 
do Instituto de Pesca e logo na primeira 
aula já manejam as cordas de mexilhões. 
A cada visita mensal é retirada uma para 
estudo dos parâmetros zootécnicos e 
biológicos (crescimento, produtividade, 
entre outros). Bimensalmente as turmas 
fazem um acompanhamento paralelo do 
desenvolvimento do mexilhão Perna 
perna nos cultivos implantados por pes-
cadores locais. Em sala de aula as crianças 
recebem informações complementares as 
obtidas no campo. Ao final do ano letivo 
é realizada uma exposição dos trabalhos 
(desenhos) e os mexilhões cultivados são 
degustados por seus produtores mirins e 
convidados. O trabalho é desenvolvido 
pela psicóloga Odete M. Prado, pela 
pedagoga Nilce Conceição - Cooperativa 
Educacional de Ubatuba e pela oceanó-
loga Valéria Cress Gelli do Instituto de 
Pesca. Mais informações sobre o projeto 
podem ser obtidas através do e-mail: 
valeria@aquicultura.br ou Caixa Postal 
28, CEP.11680-000, Ubatuba- SP.
 
CRIANÇAS - O Núcleo de Pesca e Aqüi-
cultura de Ubatuba do Instituto de Pesca da 
Secretaria de Agricultura e Abastecimento 
de São Paulo desenvolve desde 1994, 
com crianças da rede particular de ensino 
(cooperativa de ensino) e com a Prefeitura 
de Ubatuba (projeto assistencial) o projeto 
“Maricultura - Ecossistema em Estudo”. 
O projeto tem duração de um ano letivo 
e é desenvolvido no próprio Núcleo do 
Instituto de Pesca -SAA e nas Praias 
da Barra Seca e do Engenho. O projeto 
baseia-se nos pressupostos da teoria 
TILÁPIA EM ARACAJÚ - Com o 
tema “Criação Sustentável e Preservação 
Ambiental”, a ASAS – Associação dos 
Aqüicultores do Estado de Sergipe junto a 
Câmara Setorial de Aqüicultura do Estado 
de Sergipe, está organizando o 1o ENCT - 
Encontro Nacional de Criadores de Tilápias, 
que será realizado no Centro de Convenções 
de Sergipe no período de 12 a 14 de julho. 
O evento, que conta com o apoio oficial do 
Governo do Estado, Prefeitura de Aracajú, 
Ministério da Agricultura, Codevasf, Banco 
do Brasil e Embrapa, compreenderá a dis-
cussão da cadeia produtiva da Tilápia, além 
de enfatizar a preservação ambiental. O 1o 
ENCT será enriquecido com a exposição de 
8 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2001
equipamentos e serviços que se destinam a 
piscicultura e ainda com o 1o Festival do Pei-
xe do Baixo São Francisco. Os organizadores 
estão programando também algumas visitas 
técnicas na região. Informações adicionais 
poderão ser obtidas com a Emprev Eventos 
(79) 259-4602 fax: (79) 214-3545.
em ambiente com substrato natural, ou seja, 
lama. Parte dessa produção foi liberada 
em áreas impactadas de um manguezal 
localizado na Refinaria Duque de Caxias 
e o restante na APA de Guapimirim - RJ, 
local onde foi feita a reportagem. Segundo 
Ostrensky, o trabalho evidenciou, dentre 
outras coisas, como a legislação ambien-
tal às vezes é feita sem nenhum critério 
técnico, apesar de todos os contratempos 
sociais que causa. Os estudos da equipe 
mostraram que o atual defeso que é feito em 
relação a espécie, é absolutamente inócuo, 
apesar de ser adotado no verão, época de 
maior consumo e quando a comercializa-
ção do caranguejo é mais importante para 
as comunidades de catadores. Ostrensky 
acrescenta que o trabalho está apenas 
começando e acredita que aviabilização 
comercial dos cultivos ainda está distante. 
O caranguejo leva de 5 a 6 anos para atingir 
o tamanho comercial, enquanto uma safra 
de camarões pode ser obtida em 90 dias. No 
entanto, se nada for feito, há uma tendência 
de diminuição progressiva do tamanho dos 
caranguejos disponíveis no mercado e, 
por isso, os pesquisadores julgam que o 
projeto abre, a curto prazo, possibilidades 
de aproveitamento no auxílio à recupera-
LARVAS - Aproximadamente oito 
milhões de náuplios de camarão foram 
importados pelo Equador com o pro-
pósito de fazer frente às conseqüências 
drásticas advindas da doença da mancha 
branca neste país. Segundo a Infopesca, as 
larvas provenientes dos Estados Unidos, 
Panamá, Honduras e Colômbia, passaram 
com êxito nos exames sanitários a que 
foram submetidos no Instituto Nacional 
da Pesca do Equador. As importações 
fazem parte do processo de retomada da 
carcinicultura equatoriana, onde cerca de 
70% dos viveiros já passaram por profun-
dos manejos de limpeza e desinfecção. 
Os produtores equatorianos estão sendo 
orientados para que tomem medidas de 
manejo alimentar e sanitário que lhe as-
segurem uma real recuperação do setor, 
abatido por este flagelo viral. 
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CARANGUEJOS-UÇÁ - Quem teve a 
oportunidade de assistir no último dia 26 de 
abril na TV Band News a uma reportagem 
sobre a liberação das sementes de caranguejo 
em mangues no Estado do Rio de Janeiro, 
foi testemunha do belo trabalho desenvol-
vido, entre outros, por Antonio Ostrensky, 
no Paraná. Em um ano de trabalho o projeto 
de produção de juvenis de caranguejos em 
larga escala, que começou como um desafio 
profissional da equipe envolvida, terminou 
por proporcionar grande conhecimento 
sobre a biologia do caranguejo-uçá, pouco 
pesquisado até então. Os pesquisadores 
conseguiram manipular esse ciclo em 
laboratório, de modo que se alcançasse 
uma produção de 2 milhões de megalopa 
II, estágio que antecede o de juvenil. Vale 
ressaltar que a muda para juvenil só ocorre 
ção de áreas degradadas bem como no 
estabelecimento de um manejo integrado 
desse recurso. Os que se interessarem pela 
pesquisa poderão entrar em contato com 
Antonio Ostrensky, no Grupo Integrado 
de Aqüicultura e Estudos Ambientais, pelo 
E-mail: ostrensk@cce.ufpr.br.
9Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2001
 
GREENPEACE - Em abril na cidade de 
Toronto, o grupo de ativistas ambienta-
listas Greenpeace, que sempre se opôs à 
engenharia genética, voltou agora, suas 
baterias para os peixes geneticamente 
modificados. O grupo se manifestou 
contra a comercialização de peixes 
criados em laboratório por fazendeiros 
canadenses e para denunciar a prática, 
cobriu com uma enorme bandeira o teto 
de uma indústria de peixes. Outra pro-
vidência tomada pelo Greenpeace foi 
pedir ao órgão que controla alimentos e 
drogas nos Estados Unidos, FDA - Food 
and Drug Administration, que negue a 
permissão para o comércio dos peixes 
geneticamente modificados. Os ativis-
tas também solicitaram ao ministro 
da Pesca canadense, Herb Dhaliwal, 
que seja proibida esta prática, porém 
empresas norte-americanas que têm 
subsidiárias canadenses pesquisando 
peixes geneticamente modificados e, 
que pediram permissão ao FDA para 
também comercializá-los, alegam que a 
postura do grupo não faz nenhum sen-
tido, já que os peixes não representem 
qualquer risco para o meio ambiente. 
O Greenpeace rebate a afirmação 
dessas empresas alegando que não há 
estudos suficientes para que se afirme 
isso e que as empresas não oferecem 
nenhuma garantia de que os peixes 
modificados não poderão vir a destruir 
alguma outra espécie. 
MONODON - Um Penaeus monodon 
macho de 62 g foi capturado na última 
semana de abril a 60m de profundidade 
durante um arrasto de camarões próximo a 
foz do Rio Guarupi, Estado do Maranhão, 
perto da fronteira do Pará. O Penaeus 
monodon também conhecido como “Tiger 
shrimp” é uma espécie exótica ao litoral 
brasileiro, ocorrendo naturalmente na 
costa Oriental do Indo-Pacífico, Leste 
e Sudoeste da África, do Paquistão ao 
Japão, Malásia e Norte da Austrália. A 
espécie que pertence a família Penaeidae 
é o camarão marinho mais cultivado no 
mundo, podendo as matrizes alcançar 
até 200 g de peso. Este é o segundo 
relato oficial da ocorrência do Penaeus 
monodon na costa Maranhense. Em abril 
de 1987, uma fêmea de 160 g foi captu-
rada em Tutóia, Maranhão e reportada 
por Fausto Filho. O P. monodon foi 
introduzido no Nordeste brasileiro nos 
anos 80 para fins de cultivo, juntamente 
com outras espécies exóticas. Segundo 
Alberto Nunes, da Agribrands do Brasil, 
o estabelecimento de uma pequena popu-
lação desta espécie na costa Maranhense 
não pode ser descartado.
BAHIA PESCA - Nos dias 6 e 7 de 
junho próximo, será realizado no Centro 
de Convenções Luís Eduardo Magalhães, 
em Ilhéus – Bahia, o Seminário Regional 
de Aqüicultura. O encontro, que pretende 
atrair um público de 350 pessoas, tem como 
objetivo principal aprofundar o conheci-
mento da piscicultura, para aumentar a 
competência técnica dos projetos consoli-
dados nas regiões Sul e Sudeste do Estado. 
Promovido pela Bahia Pesca, empresa 
da Secretaria da Agricultura, o evento 
pretende oferecer informações técnicas 
e exemplos práticos para aqueles que 
desejem se atualizar em assuntos como 
cultivo e comercialização de pescado até 
o planejamento e marketing do produto. 
Mais informações pelos telefones (71) 
247-3296 e (71) 331-3798 ou e-mail: 
dagaz@dagaz.com.br
10 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2001
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Sérgio: (47) 9982-9405
De: Pref. Mun. de Guamiranga 
<pmguamiranga@uol.com.br>
Para: panorama-l@alternex.com.br
Assunto: Informações
Gostaria de receber mais informações sobre 
“Piscicultura” mais propriamente “Fileta-
gem” de tilápia, bem como se curte a pele 
das mesmas. Aguardo resposta. Augusto
De: José Eurico P. Cyrino 
<jepcyrin@carpa.ciagri.usp.br>
Para: <panorama-l@alternex.com.br> 
Assunto: Re: Informações 
Informações sobre filetagem de tilápias 
podem ser obtidas na Esalq com a Profa. 
Marília Oetterer, moettere@carpa.ciagri.
usp.br ou, no Caunesp, com a Profa. Elisa-
bete Viégas emviegas@caunesp.unesp.br. 
Informações sobre curtimento de peles 
de tilápias (ou quaisquer outros peixes) 
podem ser obtidas no IPT-Franca, que 
pode ser acessado através da página do 
IPT <http://www.ipt.br>. Zico
De: Tuma 
<carlostuma@aol.com>
Para: panorama-l@alternex.com.br
Assunto: Anestésico
Alguém pode me informar sobre a dosa-
gem ideal de benzocaína para transporte 
de peixes adultos? Um abraço,Tuma.
De: Sergio Tamassia 
<tamassia@epagri.rct-sc.br>
Para: panorama-l@alternex.com.br
Assunto: Re: Anestésico
Caro Tuma, encontrei referência de uso 
da benzocaína como anestésico para 
manuseio (pesagens, desovas, etc.) de 50 
a 70mg/l. Acredito que para transporte, 
onde o peixe deva ficar muito mais tempo 
em contato com o produto a concentração 
deva ser bem menor, pois talvez o obje-
tivo seja apenas de tranqüilizar o peixe. 
Para alguns produtos, fui informado que 
a concentração para transporte (como 
tranqüilizante e não anestesiante) é de 
aproximadamente 20% da dose neces-
sária para a anestesia (mas não sei se isto 
vale para a benzocaína). Mas, Carlos, o 
uso do produto benzocaína para peixes 
que serão utilizados comoalimentos não 
é recomendado.
De: José Ricardo
 <jricardo@fortalnet.com.br>
Para: panorama-l@alternex.com.br
Assunto: Moluscos 
Em viveiros de criação de tilápias temos 
encontrado cada vez mais um grande 
número de moluscos chamados aqui de 
“caracol”, “lesma”, “aruá” entre outros 
nomes. Alguém conhece alguma forma 
para se controlar esta “invasão” ?
De: Oswaldo Ribeiro
 <oswaldo@rn.gov.br>
Para: panorama-l@alternex.com.br
Assunto: Re:Moluscos 
Tambaquis adoram! Não deixam um. Mas 
você tem que ver o tamanho das tilápias 
versus tambaquis. Tambaquis também 
comem tilápias.
De: NSTF 
<nstf@uol.com.br> 
Para: panorama-l@alternex.com.br
Assunto: Problemas com engorda da tilápia 
Tenho em minha piscicultura seis tanques 
11Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2001
de engorda de tilápia tailandesa e, há cerca 
de uns 20 dias. No começo morriam 5, 
8, 10, ás vezes nenhuma. Só que a partir 
de segunda feira (19.03) a mortandande 
aumentou para 50, 30 e 20 e hoje 210. 
Comecei então a aplicar oxitetraciclina 
misturada com a ração, mas até agora não 
houve melhoras. Aparentemente não vejo 
nada diferente com os peixes, que estão 
comendo muito bem. O oxigênio no início 
da noite: 6 ppm; transparência da água: 50 
cm; o peso do peixe: 400 gramas. Oxigênio 
de manhã: 2 ppm; quantidade de peixe no 
tanque: 4.000; o tamanho do tanque: 40 x 
50 x 1.40. O tanque tem renovação de água 
efetuado por bomba. A alimentação: 30 
Kg/dia. O que mais eu poderia fazer para 
reverter este quadro? A piscicultura se 
localiza em Bauru, interior de SP.
De: Nilton Machado <nilmac@braznet.com.br>
Para: panorama-l@alternex.com.br
Assunto: Re: Problemas com tilápia 
Também estamos enfrentado este problema. 
Já tivemos grande perda de peixes e depois de 
muito pesquisar todas as variáveis possíveis, 
algumas coisas conseguimos detectar, tais 
como: tínhamos problemas com amônia, e pH 
alto. Corrigimos o problema e a mortandade 
continuou. Mandamos água para análise em 
laboratório e conseguimos identificar um teor 
muito alto de cloro na água, o que está pro-
vocando a mortandade dos peixes. Sugerimos 
que você faça um boa análise da água, que com 
certeza ajudará a identificar o problema.
De: Marcos Lopes <mpla@ata.terra.com.br>
Para: panorama-l@alternex.com.br
Assunto: Re: Problemas com tilápia 
Verificamos seis casos como este no noroeste 
paulista e estamos junto com alguns técnicos 
tentando elaborar relatórios de cada caso para 
chegar a um diagnóstico. Além de análises 
da água e dos peixes, gostaria de conhecer o 
histórico no caso de vocês. Aqui a ocorrência 
maior é em Tailandesas, com peso acima de 
300g, 250 tilápias/m3 em tanque rede de 8 
a 13 m3. Começa com peixes com olhos 
saltados, aumento do volume do abdômen, 
movimentos erráticos e quando os peixes 
demoram nesse estágio, começa uma infes-
tação por parasitas de brânquias e fungos 
chegando até morte. Estamos esperando 
algumas análises bacteriológicas, as outras 
feitas não detectaram nada que pudesse cau-
sar essa mortalidade. Esperamos que outras 
pessoas tenham mais informações.
 
De: Jomar Carvalho Filho 
<jomar@panoramadaaqüicultura.com.br>
Para: panorama-l@alternex.com.br
Assunto: Re: Problemas com tilápia 
Prezado Marcos, vocês da ANPAT - Associa-
ção do Noroeste Paulista de Tilapicultores, já 
cogitaram sobre a possibilidade de estarem 
com problemas relacionados a presença 
de Streptococcus? Você, ou alguém mais 
da lista, teria algo a acrescentar sobre essa 
possibilidade? Alguém saberia informar se a 
ABRAPOA - Associação dos Patologistas 
de Organismos Aquáticos, já foi informada 
sobre essas ocorrências? 
 
De: Nilton Machado 
<nilmac@braznet.com.br>
Para: panorama-l@alternex.com.br
Assunto: Re: Problemas com tilápia 
Aqui em Santa Catarina também têm ocor-
rido vários casos, principalmente com a 
tilápia, além dos fatos já narrados, outra 
causa que influenciou bastante foi a tem-
peratura muito alta da água, que chegou 
aos 40 graus centígrados em determinados 
períodos, taxas muito altas de amônia na 
água, pH alto acima de 8,5 , o que por si 
só já é mais que suficiente para a mortan-
dade dos peixes. Encaminhamos também 
peixes mortos e vivos para 2 laboratórios 
e não foram detectados problemas de 
parasitoses ou de doenças.
12 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2001
APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DA TRUTICULTURA
 Uma das preocupações dos truticultores, atualmente, é o que fazer com o efluente sólido, ou seja, o que sobra 
do abate dos peixes. Até pouco tempo atrás, o normal era enterrar as vísceras e as sobras do filetamento. Com o aumento 
da produção e, conseqüentemente, dos efluentes produzidos, outros procedimentos passaram a ser praticados. O truti-
cultor João Luis Sauer Dias (tel: 35-3799-9992), dá algumas dicas para o melhor aproveitamento desses resíduos: 1) 
cozinhar as vísceras, retirar o óleo sobrenadante para aditivar à ração que será fornecida aos peixes e a sobra, misturada 
com farelo de trigo, poderá ser utilizada para alimentação de porcos ou gado; 2) cozinhar as vísceras e as sobras do 
filetamento, secar, adicionar pó de ração e peletizar, para alimentação dos peixes; 3) congelar as sobras do filetamento 
e entregar às prefeituras das pequenas cidades, para serem incorporadas à merenda escolar.
 Esta procura de soluções tem sido uma constante nos países com grande tradição pesqueira, onde 
as vísceras, restos e demais sobras de peixes capturados e processados eram jogados ao mar. Algumas fir-
mas de pesca instalaram fábricas de farinha de peixe na própria embarcação, outras instalaram sistemas de 
processamento em terra para produzir farinha e óleo de peixe, e farinha de osso. Recentemente, a gigante 
alemã BASF assinou um acordo com uma empresa de pesquisa norueguesa para processar restos de peixes 
para obtenção de compostos farmacêuticos. A empresa de pesquisa norueguesa RUBIN está pesquisando 
a obtenção de cosméticos, a partir dos restos de processamento de peixes. E, dependendo do tamanho da 
sua piscicultura, o produtor pode estar montado em cima de um tanque de combustível. Recentemente foi 
publicado que a planta de processamento de peixes de Hordafôr, em Austevoll na Noruega, utiliza em todos 
os seus motores diesel, sejam estacionários ou não, óleo retirado do salmão. Produz cerca de 13.000 toneladas 
de óleo de salmão por ano e o gerente da planta informa que utiliza o óleo diretamente sem aditivo nenhum, 
e que os veículos trabalham perfeitamente. É esperar para ver as novas idéias que surgirão.
TRUTAS TRIPLÓIDES
 Uma pesquisa realizada no Instituto de 
Pesca/APTA/SAA/SP em Campos do Jordão, 
em parceria com o Instituto de Biociências/USP, 
mostrou que a taxa e a freqüência de regeneração 
de nadadeira em trutas triplóides são significati-
vamente maiores do que em trutas diplóides. 
 Peixes triplóides contêm três conjuntos 
cromossômicos, um a mais do que os normais 
(diplóides), que é incorporado artificialmente 
pela manipulação cromossômica. Estes ani-
mais são indicados para produção de peixes de 
grande porte, pois, por serem estéreis não se 
reproduzem e apresentam maior ganho de peso 
após atingirem a idade de reprodução (Pano-
rama da Aqüicultura, v.7, n.41, p.14-21, 1997, 
esgotada e disponibilizada na íntegra na www.
panoramadaaquicultura.com.br). Esta melhor 
capacidade de regeneração dos triplóides po-
deria ser aproveitada nos cultivos de truta onde 
as lesões de nadadeiras são bastante freqüentes 
em decorrência do regime intensivo empregado. 
Trabalho publicado integralmente no: Journal 
of Experimental Zoology, v.287, p.493-502, 
2000. Mais informações com Mônica Alonso 
pelo e-mail: malonso@usp.br, ou pelo telefone 
(12) 263 1021, no Núcleo Experimental de 
Salmonicultura.
ABRAT 
Esse espaço é destinado às informações 
de interesse dos truticultores. Aqueles 
que desejaremdivulgar alguma notícia 
relacionada ao cultivo de trutas e sal-
mões deverão entrar em contato com 
a ABRAT- Associação Brasileira de 
Truticultores, na Rua João José Godi-
nho, 420 - sala 1, Bairro Guadalupe, 
Lages - SC - CEP 88506-080, Fone (49) 
222-6285, Fax (49) 222-2921. Os que 
desejarem divulgar comercialmente 
seus produtos ou serviços relaciona-
dos à truticultura nesta página, devem 
entrar em contato diretamente com 
a redação da Revista Panorama da 
AQUICULTURA pelo telefone (21) 
553-1107 ou pelo e-mail: publicidade@
panoramadaaquicultura.com.br
O PEIXE COMO ALIMENTO: FONTE DE ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS
 A tendência nutricional da última década, preconiza uma alimentação saudável, com 
muita fibra e baixa ingestão de gordura e colesterol. Nesta linha, e associando a mudança no 
estilo de vida com hábitos alimentares mais saudáveis, surgiram os alimentos funcionais. São 
ingredientes inovativos, que além de nutrir, apresentam propriedades fisiológicas específicas. 
O ser humano, assim como os demais mamíferos, têm a capacidade de sintetizar alguns tipos 
de ácidos graxos saturados e insaturados, mas é incapaz de sintetizar certos ácidos graxos po-
liinsaturados (PUFAs), sem os quais nosso organismo não funcionaria adequadamente. Por esta 
razão, esses ácidos graxos são chamados “essenciais” e devem ser incluídos na dieta alimentar. 
Os ácidos graxos essenciais para a alimentação humana, são os ácido linolêico (ômega-6) e 
ácido alfa linolênico (ômega-3). O primeiro, está presente em grande quantidade nos óleos 
de milho e soja, enquanto o segundo, é encontrado em vegetais de folhas verdes e no óleo de 
linhaça. Estes ácidos graxos não tem função apenas como fonte de energia. A sua importância 
está na capacidade de se transformar, dentro do nosso organismo, em formas biologicamente 
mais ativas (longas e insaturadas), que possuem funções: 1) estruturais nas membranas celula-
res, 2) desempenham importante papel no equilíbrio homeostático e, 3) nos tecidos cerebrais e 
nervosos. A alimentação humana, corretamente balanceada, deve atender a uma relação ótima 
de ômega-6 para ômega-3, de 4 : 1. Porém, o ritmo de vida atual, muitas vezes não permite uma 
alimentação rica e selecionada. 
 Os óleos de muitas espécies de peixes marinhos são ricos em EPA (ácido eicosa-
pentaenóico) e DHA (ácido docosahexaenóico), que são as formas longas e poliinsaturadas 
ativas da série ômega- 3, que podemos utilizar diretamente em nosso metabolismo. Estes 
ácidos graxos são produzidos pelas algas marinhas, e depois transferidos de forma bastante 
eficiente através da cadeia alimentar, via zooplânctons, para os peixes. Dentre os peixes, 
aqueles que contêm maior quantidade de EPA e DHA, são aqueles que habitam as águas 
frias, como o salmão, a truta e o bacalhau. Estes apresentam não somente os ácidos graxos 
essenciais, como também são fontes protéicas de altíssima qualidade, ótima digestibilidade 
e baixo teor calórico. Portanto, são bastante recomendadas para ajudar a manter a boa saúde 
do coração e da circulação, por aumentarem os níveis de colesterol “protetor”. Também 
são recomendados para gestantes e lactentes para promover um melhor desenvolvimento 
cerebral e dos olhos das crianças. 
 Uma das grandes preocupações da atualidade está associada ao elevado índice de 
mortalidade por doenças cadiovasculares. Estas doenças têm uma etiologia multifatorial, 
e sua origem surge de uma combinação de diversos fatores de risco. Porém, vários destes 
fatores de risco podem ser positivamente modificados pela ação dos ômega-3 H UFA. Dados 
experimentais (Kromhout et al., 1985) e epidemiológicos, mostram uma redução sígnificativa 
no índice de mortalidade por doenças coronarianas, confirmando a atividade cardioprotetora 
dos ácidos graxos EPA e DHA. Portanto, é bastante justificável, numa orientação dietética, 
recomendar a ingestão de um ou dois pratos de peixe por semana. 
13Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2001
 AJUSTANDO AS TAXAS 
DE ALIMENTAÇÃO
Autor
Alberto J. P. Nunes, Ph.D.
Gerente Técnico – Aqüicultura
Agribrands do Brasil Ltda.
albertojpn@agribrands.com.br
Devido à sua extensão, 
esta matéria foi dividida 
e publicada em 3 partes 
consecutivas (nas edi-
ções 62,63 e 64) 
O ajuste nas taxas de alimentação por meio de bandejas baseia-
se no monitoramento do consumo de ração ocorrido entre o último 
período da oferta do alimento e o arraçoamanto seguinte. Ou seja, a 
quantidade de ração a ser distribuída no período seguinte de alimen-
tação deve obedecer a quantidade restante de ração observada em 
cada bandeja na hora da oferta do alimento. 
Parte III
O AjUstE POr MEiO DE BAnDEjAsO AjUstE POr MEiO DE BAnDEjAs
Final
14 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2001
15Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2001
Tabela 1
Procedimentos e ajustes nas taxas de alimentação, com base no arraçoamento exclusivo 
em bandejas de alimentação (fonte: Rocha e Maia 1998).
 As taxas de alimentação são então modi-
ficadas conforme a Tabela 1.O consumo de ração 
em bandejas pode variar no início do cultivo de 
1kg/ha/dia a 7kg/ha/dia, para camarões com peso 
médio de 2,5g (20 dias de engorda). A partir deste 
estágio, o consumo aumenta gradativamente, 
especialmente durante os períodos de muda da 
população. O manejo alimentar torna-se mais 
crítico nas fases intermediária e final do ciclo de 
engorda, onde a biomassa de camarões estocada 
é mais elevada e portanto, o consumo de ração é 
maior. A fim de evitar estimativas equivocadas 
do consumo de ração, é necessário um rigoroso 
combate a predadores e (ou) competidores. Para 
um melhor acompanhamento do consumo, os 
funcionários devem ser treinados para determinar 
Figura 1
Desenho ilustrativo 
de medidores utili-
zados para auxiliar 
no ajuste das taxas 
de consumo em ban-
dejas de alimenta-
ção. Os medidores 
são zerados na pri-
meira alimentação 
do dia.
Método das Tabelas de 
Alimentação
Um manejo efetivo de rações por meio de tabelas de 
alimentação baseia-se em amostragens precisas e contínuas 
da população cultivada de camarões. Um conhecimento 
da biomassa, durante o ciclo de produção, é crítico para 
calcular a quantidade de ração que deve ser ofertada, e assim 
definir a taxa de alimentação. Alimentar uma biomassa 
que não existe é uma das principais causas da poluição de 
viveiros, ocasionada pelo método de ajuste de ração por tabelas. 
Tabela 2
Ajustes nas taxas de arraçoamento para a distribuição por voleio baseados no 
uso de bandejas de alimentação.
O método de ajuste alimentar aqui apresentado está geralmente 
associado a distribuição de ração exclusiva em bandejas, mas 
pode ser adaptado a distribuição por voleio. Isto é aplicável nos 
casos em que o arraçoamento exclusivo em bandejas não é viável, 
seja por questões técnicas ou econômicas. Para isto, é necessário 
introduzir de 6 a 8 bandejas/ha, sendo o mínimo de 3 bandejas por 
viveiro, independente da área de cultivo existente. Cerca de 3,0% 
a 5,0% da refeição diária deve ser dividida uniformemente pelo 
número de bandejas utilizadas. Esta quantidade deve ser ofertada 
exclusivamente em bandejas, sendo o restante distribuído por 
meio de lanços em toda a área de cultivo. As bandejas devem ser 
inspecionadas de 2,0 h a 2,5 h após a oferta do alimento, sendo as 
taxas de alimentação alteradas conforme a Tabela 2. 
Na Fig. 1 foram fixados três medidores que representam três horários de 
alimentação, 0700 h, 1100 h e 1500 h. Foi arbitrado para cada argola um 
valor equivalente a 100g de ração ofertada. A argola branca representa um 
valor neutro, indicando simplesmente a direção na qual as outras argolas 
devem ser movidas. Os arraçoadores foram orientados para adicionar 300g 
de ração em cada bandeja ou conforme o consumo observado.
1 - Às 0700 h, 100 g de ração não consumida foi observada e coletada 
deuma bandeja, derivada da alimentação (300g) do dia anterior. Foi 
então ministrado 200g de alimento e movida duas argolas para o lado 
oposto do medidor das 0700 h, a fim de representar a quantidade de 
ração ofertada. 
2 - No arraçoamento das 1100 h foi observado na mesma bandeja 100g de 
ração não consumida. Neste horário o arraçoador baseia-se no número de 
argolas presentes no medidor das 0700 e no consumo observado, para adicio-
nar apenas 100 g de ração. Uma argola foi movida para o lado esquerdo para 
representar a quantidade ofertada, sendo o que restou na bandeja removido 
para descarte. Às vezes alguns arraçoadores fazem a opção de manter o 
alimento não consumido na bandeja, apenas completando a refeição. Esta 
prática não é recomendada por motivos já discutidos (edição 63). 
visualmente a quantidade de ração (100g, 200g, 300g, etc) não 
consumida em cada bandeja. Isto permite modificar a quantidade de 
ração administrada por bandeja e por horário de arraçoamento. 
 A fim de auxiliar no controle do consumo, podem ser 
utilizados pequenos medidores fixados nas varas que posicionam 
as bandejas (Fig. 1). O número de medidores instalados em cada 
bandeja deve variar conforme a freqüência alimentar utilizada, ou 
seja, para três alimentações diárias são utilizados três medidores 
por vara. Entretanto, atualmente muitas fazendas estão adotando 
apenas um medidor por bandeja. Os medidores são feitos de arame 
em forma de “U”, presos a uma base de madeira, possuindo pequenas 
argolas de cores variadas para expressar arbitrariamente a quantidade 
de ração ofertada, consumida ou restante na bandeja.
 Para melhor ilustrar o uso do medidor, segue o seguinte 
exemplo na tabela a baixo: 
16 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2001
17Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2001
 Projeções de ciclos anteriores 
podem dar um bom indicativo dos níveis 
de sobrevivência. Por exemplo, quando 
as informações indicam que 60% dos 
camarões sobreviveram da estocagem 
até a despesca, assume-se, salvo perdas 
catastróficas que uma sobrevivência 
semelhante será obtida. Durante o 
decorrer de um ciclo de produção as 
perdas são computadas baseadas em 
uma mortalidade de 40% sobre o número 
total dos animais inicialmente estocados. 
As perdas são geralmente maiores nos 
estágios iniciais do ciclo de produção, 
logo após o estresse associado com 
a transferência e devido aos animais 
estarem mais vulneráveis a predadores. 
Durante esse período alguns cultivadores 
utilizam redes de sobrevivência, um 
pequeno cercado contendo um número 
conhecido de pós-larvas, para estimar a 
sobrevivência dos camarões.
 O uso de redes de tarrafa para 
estimar as condições de saúde, crescimento 
e sobrevivência baseia-se na amostragem 
periódica (i.e., semanalmente) da popu-
lação cultivada. Os camarões devem ser 
capturados aleatoriamente no centro do 
viveiro e próximo aos taludes. No mínimo 
50 indivíduos/ha devem ser coletados para 
pesagem e análise visual (muda, cor, odor, 
presença de enfermidades). Deve-se exa-
minar também se está havendo ganho de 
peso (se a cauda está magra ou gorda), e se 
os estômagos estão cheios com ração, após 
30 min a 1 h da alimentação. Durante as 
amostragens deve-se observar as condições 
do viveiro e a presença de predadores.
 Para obter resultados confiáveis 
de sobrevivência, são necessários de 4 a 
5 tarrafadas/ha, mas este valor dependerá 
da variação observada em cada amostra, 
ou seja, quanto maior forem as variações 
no tamanho e no número de camarões, 
maior deve ser o número de tarrafadas/
ha. A área coberta pela tarrafa é computada 
através da seguinte formula: A= x R2, onde 
A = área, = 3,1416 e R = raio estimado de 
abertura da rede durante o tarrafeio no viveiro. 
Uma grande limitação no uso deste método é a 
distribuição espacial dos camarões no viveiro, 
especialmente em condições de baixa densidade 
de estocagem.
 As tabelas de alimentação (Tabela 
4) são comumente utilizadas para calcular a 
refeição diária, porém quando associadas ao 
consumo de ração, oferecem uma boa referência 
dos níveis de sobrevivência. Por exemplo, em um 
viveiro de 7ha foi estocada uma população de 
1.260.000 camarões. Após 115 dias de engorda, 
observou-se camarões com 12g de peso médio e 
um consumo de 307kg de ração/dia. Seguindo a 
Tabela 4.4 (fonte 3), encontramos uma taxa de 
alimentação de 2,6% (camarões com 12g). 
Com estes dados, podemos estimar uma 
biomassa estocada de 11.808kg de camarão 
(307kg ÷ 2,6% x 100), uma população de 
984.000 camarões (11.808kg ÷ 12g) e uma 
sobrevivência de 78% (% de 984.000 sobre 
1.260.000 camarões).
 Uma vez determinada a sobrevi-
vência e o peso médio da população, pode 
ser seguida a Tabela 4, de acordo com a 
densidade de estocagem utilizada. Ou seja, 
para um camarão com 7g estocado em um 
viveiro de 5 ha a uma densidade de 30 indi-
víduos/m2, a taxa de alimentação deve ser 
de 3,6% da biomassa/dia (Tabela 4, fonte 
6). Com uma sobrevivência projetada em 
63%, teremos uma população de 945.000 
indivíduos (63% de 1.500.000 camarões) e 
Este método está geralmente associado a 
distribuição de ração por voleio, mas pode 
também ser utilizado em conjunto com a 
distribuição exclusiva em bandejas.
 O crescimento da população é 
determinado por amostragens rotineiras, 
enquanto a sobrevivência pode ser esti-
mada baseada em cálculos anteriores de 
estimativas da demanda de ração, pelo 
uso de redes de tarrafa para a amostra-
gem da densidade ou por informações 
padronizadas de sobrevivência (Tabela 
3). A sobrevivência é uma das variáveis 
da produção mais difíceis de estimar. 
Estes fatores, juntamente com os parâ-
metros que afetam o consumo alimentar 
dos camarões, comprometem a precisão 
das tabelas de alimentação.
18 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2001
19Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2001
uma biomassa de 6.615kg de camarão 
(7g x 945.000 indivíduos). Devemos 
então distribuir 238kg de ração/dia 
(3,6% de 6.615kg de camarão).
As tabelas de alimentação podem 
também auxiliar nos cálculos de 
oferta de ração em bandejas. Neste 
caso, aplica-se a seguinte formula 
(F1): quantidade de ração (QR, em 
kg) = % do peso médio dos camarões 
(PC, seguir tabela de alimentação) x 
biomassa da população (BP).
Para utilizar as tabelas de alimenta-
ção (Tabela 4) nos cálculos da refei-
ção diária, é inicialmente necessário 
determinar a sobrevivência e o peso 
médio da população cultivada. Em 
um segundo exemplo, para um cama-
rão com 7g estocado em um viveiro 
de 5 ha a uma densidade de 30 indivi-
duos/m2, a taxa de alimentação deve 
ser de 3,6% da biomassa/dia (Tabela 
4, fonte 6). Com uma sobrevivência 
projetada em 63%, teremos uma 
população de 945.000 indivíduos 
(63% de 1.500.000 camarões) e 
uma biomassa de 6.615kg de ca-
marão (7g x 945.000 indivíduos). 
Devemos então distribuir 238kg 
de ração/dia (3,6% de 6.615kg de 
camarão).
 Para estimar a quantidade de 
ração a ser ofertada em cada bandeja 
e em cada horário de arraçoamento 
(QRBA, em g), temos a formula (F2): 
QRBA = QR ÷ n° de bandejas (NB) 
÷ n° de arraçoamentos/dia (AD). 
Como exemplo, para uma popula-
ção de 1.440.000 camarões com 3g 
de peso médio, devemos arraçoar 
6,2% da biomassa estocada (Tabela 
3, fonte 6). Aplicando a formula F1, 
teremos: QR = 6,2% x (1.440.000 
camarões x 3g) = 6,2% x 4.320kg = 
268kg. A ração é distribuída 3 vezes/
dia e são utilizadas 30 bandejas/ha. 
Em um viveiro com uma área de 6,0 
ha, temos um total de 180 bandejas. 
Calculando a refeição por bandeja e 
horário de arraçoamento, teremos: 
QRBA = 268kg ÷ 180 bandejas ÷ 3 
vezes ao dia = 0,49kg ou 500g.
ARMAZENANDO A RAÇÃO
A qualidade da ração deteriora-se 
rapidamente, caso esta não seja ar-
mazenada de forma correta. As rações 
devem ser mantidas protegidas do sol 
em umaárea seca e bem ventilada. 
O local de armazenagem deve pos-
suir uma circulação de ar adequada, 
capaz de manter constante a temperatura das 
rações estocadas. Temperaturas elevadas afetam 
diretamente a qualidade de vitaminas e lipídeos 
presentes no produto. Nos viveiros, a ração deve 
ser mantida abrigada sob tendas ou abrigos ou 
ainda em pequenos silos. Este último, facilita o 
manuseio, podendo reduzir os custos de mão-de-
obra e transporte da ração até os viveiros.
 Os sacos de ração devem ser empilhados 
em paletes (pranchas de madeira), longe do contato 
direto com chão ou paredes. O empilhamento não 
deve exceder a 10 sacos, a fim de não comprometer 
a integridade física dos peletes. Os períodos de 
armazenamento não devem passar de 3 meses e 
idealmente as rações devem ser utilizadas dentro 
de 2 semanas a um mês, após sua fabricação.
 A implantação de um controle do in-
ventário permite que as rações mais velhas sejam 
utilizadas antes das mais novas. Quando as rações 
são armazenadas por um período muito longo ou sob 
condições inadequadas, podem surgir problemas 
sérios tais como, a perda de vitaminas, a contami-
nação por toxinas ou a rancificação de óleos. Os 
contaminantes mais comuns de rações são fungos 
e micotoxinas. Toxinas são produzidas por fungos 
ou mofos, os quais podem crescer nos ingredientes 
utilizados na fabricação de rações formuladas. Os 
fungos mais comuns encontrados em rações são 
espécies do gênero Aspergillus. Vários ingredientes, 
incluindo o farelo do caroço de algodão, a farinha 
de amendoim, os subprodutos do milho e 
os grãos de cereais, são susceptíveis a estes 
tipos de fungos. Todas as rações devem ser 
examinadas para detectar sinais de mofo de 
descoloração ou de um aumento anormal 
da umidade ou da temperatura. Devem ser 
descartadas todas as rações que apresentem 
qualquer sinal de mofo. As perdas financeiras 
com o uso de uma ração ruim podem ser 
mais elevadas do que o seu descarte.
Devido a sua extensão este artigo foi dividido em três 
edições consecutivas, são elas:
Edição 62: 
 Introdução
Aspectos Biológicos: o sistema alimentar dos camarões; a 
detecção, o consumo e a digestão; os hábitos alimentares; 
os requerimentos nutricionais.
Edição 63:
Desenvolvendo um Plano Alimentar
- Os fatores que afetam o consumo: o alimento natural; a 
qualidade da água; a qualidade da ração; o tamanho do 
camarão; a atividade de muda.
- A freqüência alimentar
- Os horários de alimentação
- Os locais de distribuição
- Os métodos de arraçoamento: bandejas de alimentação; 
lanço ou voleio.
Edição 64:
Ajustando as Taxas de Alimentação
- O ajuste por meio de bandejas
- Método das tabelas de alimentação
Armazenando a Ração
20 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2001
21Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2001
Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
criou, e já está pondo em prática, a sua estratégia para 
institucionalizar a aqüicultura dentro do seu SEP - Sistema 
Embrapa de Planejamento. A boa notícia é que isso, na 
prática, significa que já em janeiro do próximo ano vários projetos 
de pesquisa em aqüicultura estarão em andamento graças ao apoio 
das parcerias que a Embrapa está buscando fazer com universidades, 
centros de pesquisa, empresas privadas e outras instituições. Até 
15 de julho próximo, a Embrapa estará aberta para receber projetos 
de todo o Brasil para que sejam apreciados e selecionados ainda 
este ano. Os projetos escolhidos receberão recursos e o apoio do 
Ministério da Agricultura e do Abastecimento (MAA) e do Depar-
tamento de Pesca e Aquicultura (DPA), através do PPA 2000/2003 
“Pesquisa e Desenvolvimento em Aquicultura” e também do 
sistema Embrapa de pesquisa para que já estejam em andamento 
em janeiro do próximo ano. As regras da parceria não são outras 
senão o jeito Embrapa de pesquisar, conhecido por impulsionar 
diversos segmentos da produção agropecuária brasileira. 
Não são tão recentes os rumores de que a Embrapa estaria 
estudando com seriedade a forma como iria efetivamente assu-
mir a organização das atividades de ciência e tecnologia para a 
aqüicultura, e a dúvida parecia ser apenas a forma como isso se 
daria. Especulou-se até que a Embrapa assumiria a direção das 
inúmeras estações de pesquisa em aqüicultura pertencentes ao 
IBAMA/Ministério do Meio Ambiente, que hoje padecem de 
apoio institucional e recursos, resultado das mudanças nos rumos 
da gestão da política aqüícola, desde 1998 nas mãos do Ministério 
da Agricultura. A opção da Embrapa, no entanto, foi pelo caminho 
das parcerias produtivas. Dessa forma, partiu para uma pesquisa 
de campo em busca da radiografia dos diversos segmentos que 
compõem a atividade dos cultivos de organismos aquáticos no 
Brasil, para melhor avaliar as suas demandas.
Grupo de Trabalho
Estrategicamente, em setembro do ano passado, a Diretoria 
Executiva da Embrapa criou o Grupo de Trabalho em Aqüicultura, 
com a finalidade de identificar as necessidades de pesquisa para 
cada uma das regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Centro Oeste, 
Sudeste e Sul). Segundo os estudos da empresa que precederam a 
formação desse Grupo de Trabalho, hoje ainda não se tem uma idéia 
real das potencialidades para o desenvolvimento da aqüicultura no 
Brasil, nem das prioridades para o desenvolvimento da pesquisa e 
tampouco das demandas do setor produtivo. As conclusões a que 
chegaram os técnicos foram tiradas após terem encontrado vários 
exemplos de projetos de pesquisa em aqüicultura mal planejados 
e executados, demandas mal definidas, duplicidade de ações de 
pesquisa, desconhecimento da realidade local, posições antagônicas 
às dos órgãos ambientais, importação de tecnologias alienígenas, 
falta de conhecimentos para obtenção e liberação de crédito, etc. 
Para os especialistas da Embrapa, essa situação é a principal causa 
dos diversos problemas que estão retardando o desenvolvimento 
da aqüicultura no País. Para eles, atualmente não existe uma 
instituição ou mesmo uma instância de coordenação que facilite, 
tanto a organização das atividades de ciência e tecnologia para a 
aqüicultura, quanto o intercâmbio técnico entre os inúmeros centros 
de pesquisa, ensino e extensão que atuam no setor. Em resumo, 
para a Embrapa, todos os esforços empreendidos nessa área estão 
difusos e sem a integração e a complementaridade esperada.
Embrapa transforma a Aqüicultura em um de seus 
Programas de Pesquisa
Um dos principais objetivos da empresa, ao formar 
o Grupo de Trabalho em Aqüicultura, foi coletar num 
curtíssimo prazo de tempo, o maior número de informa-
ções de toda a cadeia produtiva de organismos aquáticos. 
De lá para cá, o Grupo ouviu depoimentos críticos de 
especialistas ligados a área de aqüicultura e organizou 
uma série de reuniões técnicas e visitas regionais, com 
o objetivo de elaborar um diagnóstico atualizado sobre 
o estado da arte dessa atividade no Brasil, com destaque 
para a indicação de potencialidades a serem desenvolvidas 
e para os problemas que demandam soluções tecnológicas 
ou de desenvolvimento. Como parte final desse trabalho, 
a Embrapa pretende apresentar um conjunto de estratégias 
de ação para o desenvolvimento sustentável do setor, com 
ênfase ao segmento de Ciência & Tecnologia. A Embrapa 
sabe que apesar de todo o potencial da aqüicultura exis-
tente no Brasil, as dimensões dessa atividade ainda são 
pouco significativas e isso se deve a falta de uma política 
eficiente para organizar e promover o desenvolvimento 
da aqüicultura como fonte de produção de alimentos.
SEP – Sistema Embrapa de Planejamento
 A aqüicultura, entretanto, não esteve distante 
da Embrapa nesses últimos anos. Um dos exemplos é 
a pesquisa realizada pela Embrapa Amazônia Oriental 
(Belém-PA), em conjunto com associações de produtores 
rurais e comunidades de quatro municípios paraenses,onde desenvolveu tecnologia para um sistema intensivo 
A
E
m
br
ap
a 
de criação de tambaqui em cativeiro, empregando gaiolas flutuantes 
confeccionadas com madeiras locais, contando com a participação 
direta das comunidades rurais na execução desse trabalho. O enfoque 
neste caso foi o da segurança alimentar, já que a pesca, a caça e a 
coleta de frutos silvestres são a base alimentar dessas comunidades, 
que ficam prejudicadas no período das chuvas – janeiro a junho, 
onde é menor a oferta desses produtos. Com o uso das gaiolas, 
as famílias podem programar outras atividades com a certeza de 
que o pescado está garantido. Entretanto, essa e outras pesquisas 
relacionadas à produção de pescado realizadas dentro da Embrapa 
nos últimos anos, como as que também são desenvolvidas pela 
Embrapa Pantanal e pela Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus-
AM), não foram, suficientes para que o tema aqüicultura tenha sido 
institucionalizado dentro da empresa, passando a fazer parte efetiva 
do Sistema Embrapa de Planejamento (SEP). 
O Grupo de Trabalho de Aqüicultura tem trabalhado para 
fornecer à Embrapa uma visão abrangente dos problemas para a 
pesquisa na atividade. De grande importância foram as reuniões 
regionais, iniciadas no final do ano passado e terminadas em maio 
recente, com a realização da reunião da Região Sudeste ocorrida 
em Jaguariúna – SP, que juntou, a exemplo das demais reuniões, 
representantes dos mais variados segmentos da atividade; da 
academia ao produtor, passando pela indústria provedora de 
insumos. De posse das informações geradas nessas reuniões, a 
Embrapa dará início ao incentivo aos projetos multidisciplinares, 
trabalhos de equipe, parcerias interinstitucionais e a otimização 
no uso de recursos, de modo que a atividade aqüícola em breve 
venha a se constituir em mais um Programa, juntando-se aos 19 
já existentes. Na prática os Programas juntos formam a espinha 
dorsal da estrutura de pesquisa da EMBRAPA. 
22 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2001
SIGER 
A luta agora é contra o tempo pois o prazo é para entrega 
dos novos projetos da Embrapa é 15 de junho próximo. Para 
enviar um projeto para a Embrapa é necessário que o pretendente 
o submeta dentro das estritas normas da Embrapa, famosas por 
sua complexidade. Os interessados precisam submete-los através 
do SIGER – Sistema de Informação Gerencial da Embrapa, 
cujos formulários (disponíveis em arquivos do Microsoft Word) 
devem ser solicitados ao pesquisador Júlio Ferraz de Queiroz, 
responsável técnico do PPA - Pesquisa e Desenvolvimento em 
Aqüicultura - pelo email: jqueiroz@cnpma.embrapa.br 
Os novos projetos de pesquisa poderão ter como líder 
um pesquisador que não seja obrigatoriamente da Embrapa. 
Entretanto, é recomendável que o líder do projeto seja da 
Embrapa para facilitar as futuras transferências de recursos 
financeiros envolvidos nos projetos. De qualquer maneira é 
recomendável também que as instituições de ensino e pesquisa 
participantes do projeto de pesquisa possuam um acordo de 
cooperação técnica entre si.
Os projetos de pesquisa da Embrapa são compostos de no 
mínimo dois subprojetos de pesquisa e desenvolvimento, e um 
subprojeto de gestão do projeto. O máximo de recursos liberado 
para projetos de pesquisa da Embrapa é R$ 100.000,00/ano, 
sendo que o período máximo de duração dos projetos é de três 
anos, totalizando R$ 300.000,00. Portanto, os novos projetos 
de pesquisa não devem ultrapassar esse valor, sendo o limite 
máximo de recursos liberados para subprojetos de gestão é 2% 
do valor total do projeto. Nesse caso, não deverá ultrapassar 
R$ 2.000,00/ano.
A Embrapa adota o SEP – Sistema Embrapa de Planeja-
mento, que conta com 19 programas de pesquisa, sendo que o 
programa do café é o mais recente. Para isso, existem 19 CTPs 
– Comissões Técnicas de Programas, sediadas em alguns Centros 
de Pesquisa da Embrapa (mais detalhes ver www.embrapa.br). 
Cada um desses 19 Programas de Pesquisa da Embrapa tem 
seus objetivos e prioridades. 
Os novos projetos de pesquisa em aqüicultura deverão ser 
encaminhados (duas cópias impressas e uma cópia de disquete), 
até 15 de julho para o Coordenador do Grupo de Trabalho em 
Aquicultura, Júlio Ferraz de Queiroz (jqueiroz@cnpma.embrapa.
br). Deverão ser elaborados de acordo com o Manual do Siger e 
serão avaliados por um comitê ad hoc, de quem se espera uma 
avaliação isenta para contemplar as propostas de pesquisa que 
realmente responderão às mais importantes questões do atual 
cenário aqüícola brasileira. O Comitê designado no ano passado 
pela Diretoria Executiva da Embrapa é atualmente composto 
por: Geraldo Bernardino - DPA/MAA, João Donato Scorvo 
Filho - Instituto de Pesca de São Paulo, José Eurico Possebon 
Cyrino - Prof. Depto. de Produção Animal, ESALQ/USP, José 
Nestor de Paula Lourenço - Embrapa Amazônia Ocidental, 
Júlio Ferraz de Queiroz - Embrapa Meio Ambiente, Newton 
Castagnolli - Castagnolli Aquicultura Ltda., Wagner Cotroni 
Valenti - Comitê de Aquicultura do CNPq e CAUNESP.
institucionalização
A institucionalização da aqüicultura dentro do sistema 
Embrapa de pesquisa é uma das mais importantes notícias 
que o setor aqüícola pode receber. Há um grande desejo que 
isso se concretize com sucesso no mais curto espaço de tempo 
para que tenhamos, o mais breve possíveis, solução desen-
volvidas sendo postas em prática no campo, solidificando o 
perfil da atividade.
23Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2001
Dos seus 30 mil hectares disponíveis à piscicultura, o Piauí 
já opera com 336 hectares de viveiros, que geram uma produção 
média de 5,4 ton/ha/ano, onde o tambaqui, pacu, pirapitinga e seus 
híbridos estão entre as principais espécies cultivadas num ambiente 
que permite a sua reprodução durante oito meses no ano.
No litoral piauense, composto de apenas 66 km de costa, a 
carcinicultura já ocupa 508 hectares de espelho d’água em produção, 
que alcançam uma produtividade média anual de 3,6 toneladas de 
camarão por hectare. A produção anual de camarão no Estado é de 
1.818,8 toneladas, num sistema em que o Litopenaeus vannamei 
é cultivado em 98,9% das fazendas. As boas perspectivas levou o 
Estado do Piauí a criar mecanismos de incentivos e infra-estrutura 
como asfalto e energia, para que sejam implantados ainda este 
ano mais 515 ha de cultivo, que vão perfazer um total de 1.018 
hectares de espelho d’água produzindo camarões marinhos, que 
poderão gerar receitas de US$ 30 milhões. 
Depois de ver consolidadas as muitas pisciculturas e fazen-
das de camarão em seu estado, o aqüicultor piauiense está agora 
também despertando para a ostreicultura e para a ranicultura. Uma 
das razões do interesse nessas atividades é que o Piauí, que conta 
com o Delta do Rio Parnaíba - um dos três deltas das Américas, 
oferece um ambiente bastante favorável aos cultivos de moluscos, 
além de condições climáticas e recursos hídricos de qualidade em 
grande quantidade, onde o cultivo de Crassostrea rhizophora pode 
vir a ganhar muitos adeptos.
Mercovale
Por tantos motivos, a aqüicultura será destaque no VI 
Mercovale – Encontro de Negócios dos Vales do São Francisco e 
Parnaíba, um encontro anual de negócios tradicionalmente realizado 
pela CODEVASF, que este ano se realizará em Teresina, de 27 a 
30 de maio. Segundo o Engenheiro de Pesca Edson Falcão Lima, 
Coordenador de Pesca e Aqüicultura da Secretaria da Agricultura 
do Estado do Piauí, o dia 28 de maio foi dedicado apenas para as 
palestras de interesse exclusivo da aqüicultura com as seguintes 
temas e palestrantes confirmados: 1 - Política Aqüícola do Governo 
Federal por Gabriel Calzavarra de Araújo, Diretor do Departamento 
de Pesca e Aqüicultura do Ministério da Agricultura; 2 - Aqüicul-
tura piauiense: status e oportunidades de investimento, por Edson 
Falcão Lima, Coordenador de Pesca e Aqüiculturado Estado do 
Piauí e Luís Martins Borges – Coordenador de Planejamento da 
EMATER/PI; 3 - Aqüicultura pela CODEVASF: do Vale do São 
Francisco ao Vale do Parnaíba por Albert B. de Sousa Rosa, Co-
ordenador de Aqüicultura da CODEVASF-DF ; 4- Perspectivas 
de investimento, mercado globalizado na carcinicultura piauiense, 
por Itamar de Paiva Rocha, Presidente da ABCC - Associação 
Brasileira dos Criadores de Camarão; 5 - Indústria da ração e 
insumos no contexto do desenvolvimento da aqüicultura, por Fer-
nando Kubitza, da Acqua & Imagem e, 6 - Política e programa de 
crédito do Banco do Nordeste e Banco do Brasil, para aqüicultura, 
por Ildemar Vieira, Gerente de ambiente de política do Banco do 
Nordeste e, Manoel Emídio M. de Araújo Costa – Gerente de 
Negócios do Banco do Brasil.
Ainda faz parte da programação uma visita técnica à Mariscos 
do Brasil S/A no dia 29/05/2001. Os interessados em participar do VI 
MERCOVALE poderão entrar em contato com os organizadores do evento 
pelo telefone (86) 213-2329 ou e-mail: efalcao@webone.com.br
MErCOVALE atrai aqüicultores 
para o Estado do Piauí
24 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2001
udo começou quando Sergio Tamassia, pes-
quisador da Epagri, escreveu uma mensagem 
aos participantes da lista, revelando que no site 
www.worldcatch.com, haviam feito uma pesquisa que 
indagava sobre que tipo de salmão as pessoas tinham 
preferências em consumir, cujo resultado revelou que 
19% dos consumidores preferiam o salmão cultivado, 
contra 81% dos consumidores, que davam preferência 
ao salmão selvagem. 
O curioso resultado da pesquisa aguçou a partici-
pação de Gilberto Pereira Júnior, de Florianópolis- SC, 
relatando o fato de que nesta cidade o mesmo acontecia 
em relação ao marisco cultivado e o coletado nos costões. 
Segundo Gilberto, não só o nativo da ilha, mas também 
muitas outras pessoas juravam “de pés juntos” que o 
sabor do marisco cultivado é muito inferior. Apesar de as-
sumir que não possui um paladar muito apurado, Gilberto 
fica impressionado com a quantidade de pessoas que 
compartilham desta opinião. O “panoramauta” (como 
se auto-intitulam os internautas que fazem parte da lista 
de discussão Panorama L) diz que o mesmo acontece 
com o camarão, que muitos catarinenses dizem ser o 
capturado infinitamente melhor. E completa: “não é só 
com organismos aquáticos cultivados que isso acontece. 
Há anos eu escuto falar que o frango caipira, para os 
que tiveram a oportunidade de saborear, é melhor que 
o frango de granja. 
Na opinião de Gilberto essas preferências estão 
relacionadas ao paladar dos organismos cultivados e, 
portanto, esse assunto mereceria estudos mais apro-
fundados visando melhorias no manejo, qualidade 
das rações, tudo que tentasse aproximar o paladar dos 
organismos cultivados aos das populações selvagens, 
se essas diferenças forem realmente relevantes.
Caviar
A discussão ficou ainda mais aquecida com a 
participação de Ricardo Y. Tsukamoto,da Bioconsult, 
cujo comentário foi de que no Japão, a comparação entre 
produto cultivado e selvagem já é realizada há 30 anos, 
tendo se tornado uma especialidade à parte dentro do 
campo do processamento de pescado. Lá, foram cons-
tatadas diferenças de ácidos graxos, de consistência da 
carne (porque o peixe cultivado é sedentário), coloração, 
etc. mas invariavelmente, o preço do animal selvagem 
é mais elevado, algumas vezes em até 200 ou 300 % 
mais caro em relação ao cultivado. 
Tsukamoto lembra entretanto que, há casos 
onde o organismo aquático cultivado é melhor, e ex-
plica: “numa pesquisa “cega” na América do Norte, os 
consumidores preferiram o salmão cultivado por ter 
menos gosto de peixe do que o salmão selvagem. Essa 
diferença ocorre porque o salmão cultivado é alimen-
tado com ração rica em gorduras de fontes terrestres 
(vegetais ou sebo), enquanto o salmão selvagem se 
alimenta somente de animais marinhos. Como todos 
nós sabemos, os consumidores de todo o mundo desejam peixes 
com carne isenta de gosto marcante (“bland taste”), para fixar bem 
o sabor do molho, e razão pela qual a tilápia faz tanto sucesso. Mas 
sempre no quesito preço, ganha a raridade do produto”. 
A enguia é outro caso interessante: os japoneses atuais se 
habituaram a comer enguias bem gordas e tenras oriundas de cultivo 
e agora acham estranha a enguia selvagem, de carne dura e seca. 
História semelhante à do citado frango caipira entre nós... 
Voltando a pesquisa da World Catch, é preciso observar que 
a pergunta foi “que tipo de salmão as pessoas tinham preferências 
em consumir”, e não um teste de degustação. Obviamente ganhou 
disparado o mais raro e com mais “glamour”. 
Ricardo finaliza lembrando que o brasileiro valoriza muito 
o caviar importado, um produto nobre e caro, de ovinhos pretos e 
pequenos (com marcante gosto de peixe). “Pobres de nós que valo-
rizamos esse lixo - pois é caviar falsificado. É produzido com ova 
de lump fish, uma espécie marinha abundante e sem valor comercial 
na Europa. Porém, há várias décadas, alguém lá teve a criatividade 
de lançá-lo como sucedâneo de caviar - e nós hoje o compramos a 
preço de ouro, quando talvez a ova de carpa ou de curimba sejam 
mais saborosas. O caviar verdadeiro é muito raro, vale 6 a 10 mil 
dólares o quilo, e as ovas são grandes como as de truta.”
C
ul
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ou
 S
el
va
ge
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 T
A preferência do consumidor com relação à peixes cultivados ou selva-
gens, gerou uma interessante discussão na nossa lista Panorama L
25Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2001
M
al
ac
oc
ul
tu
ra
s ostras, os mexilhões e as vieiras 
(coquilles) são moluscos que, por 
terem duas conchas, são conheci-
dos como bivalves (duas valvas 
ou duas conchas). A atividade do cultivo 
de moluscos é conhecida genericamente 
como “malacocultura”. Mas, quando se trata 
especificamente do cultivo de mexilhões, 
esse cultivo também pode ser denominado 
de “mitilicultura”, da mesma forma que se 
for de ostra, pode ser chamado de “ostrei-
cultura”, ou ainda, se o cultivo for de vieiras 
(coquilles ou pectens) poderá ser chamado 
de “pectinicultura”.
O prestígio da cadeia produtiva dos 
moluscos bivalves na área governamental 
ficou conhecido por todos quando recebeu 
recentemente atenção especial do DPA - 
Departamento de Pesca e Aqüicultura do 
MA, ao lado das cadeias da tilápia e do ca-
marão marinho. Agora, ao receber o apoio 
do CNPq, através do Projeto Plataforma 
do Agronegócio do Cultivo de Moluscos 
Bivalves, a atividade se fortalece ainda 
mais para seguir sua trajetória rumo ao 
profissionalismo.
No final de abril, cerca de 170 
pessoas de 12 estados brasileiros, entre 
produtores e técnicos, participaram em 
Florianópolis – SC da reunião do Projeto 
da Plataforma que, segundo o zootecnista 
Carlos Eduardo Martins de Proença do 
DPA/MA, tem como base o Programa 
Nacional de Apoio ao Desenvolvimento 
do Cultivo de Moluscos Bivalves, ela-
borado pelo DPA/MA e validado pelas 
mais importantes entidades públicas e 
privadas que compõem o setor no Brasil. 
O evento foi aberto pessoalmente pelo 
Governador Espiridião Amin, que demons-
trou conhecer pormenores da atividade e 
um indisfarçável orgulho de governar o 
estado que lidera isoladamente todos os 
aspectos da cadeia produtiva dos moluscos, 
tendo produzido no ano passado 11.359 
toneladas de mexilhões e 749.066 dúzias 
de ostras.
Segundo Proença, a produção 
nacional de mexilhões em 2000 foi de 
12.500 toneladas, avaliada em 6,2 milhões 
de dólares, enquanto a de ostras foi de 1,3 
milhões de dúzias, avaliada em 3,2 milhões 
de dólares. Em 2000, a malacocultura bra-
sileira, que hoje já congrega um pequeno 
exército de 1.600 produtores, faturou 9,5 
milhões de dólares, mesmo tendo que 
enfrentar obstáculos como a crescente 
dificuldade paraobtenção de sementes 
(formas jovens); um problema 
grave que pode comprometer o 
sucesso dessa atividade, ainda 
emergente. 
Hoje, se cultiva comercial-
mente no país apenas uma espécie 
de mexilhão, a Perna perna, duas 
espécies de otras: a ostra nativa do 
mangue Crassostrea rhizophorae 
e a ostra do Pacífico Crassostrea 
gigas e uma espécie de vieira, 
também conhecida como pécten 
ou coquille, da espécie Nodipecten 
nodosus. Em caráter experimental, 
podem ser encontrados o cultivo 
do sururu, a Mytella falcata, da 
ostra Spondylus americanu e da 
ostra perlífera Pinctada marga-
ritifera. 
A seguir, um breve resumo 
da atividade. As informações foram 
obtidas diretamente com o gestores 
do Programa de Moluscos do DPA 
de cada estado.
Maranhão
O cultivo de moluscos no 
A
M
al
ac
oc
ul
tu
ra
Panorama da Malacocultura Brasileira
Estado do Maranhão teve início em 1999 
com o Projeto Polomar envolvendo o 
governo estadual, UFMA, SEBRAE, IED-
BIG e Prefeitura Municipal do Município 
de Raposa. Dos 11 Municípios litorâneos 
do Estado, oito contam com projetos já 
implantados, com cerca de 130 produtores 
organizados em 11 associações onde só se 
cultiva a ostra do mangue a partir de semen-
tes captadas no ambiente natural. 
A temperatura das águas maranhen-
ses varia ao longo do ano de 28 a 31 ºC. As 
profundidades nos locais de cultivo variam 
de 2 a 6 metros, com amplitudes médias de 
maré variando de 4 a 6 metros. A salinidade 
oscila de 6 a 39 ‰, com grande influência 
de nutrientes provenientes do deságüe dos 
rios. O tempo de engorda da ostra na costa 
maranhense varia de 6 a 8 meses, até alcançar 
o tamanho de mercado de 8 cm. Os sistemas 
utilizados são: long-line e o sistema de mesas 
suspensas, localmente chamadas de mesa-
lines. A produção maranhense em 2000 foi 
de 144.000 dúzias de ostras, comercializadas 
pelos produtores a R$ 2,50/dz no mercado 
local. Segundo Wellington Martins, gestor 
do Programa de Moluscos no Estado, devido 
às excelentes condições sanitárias do litoral 
maranhense, as ostras são vendidas sem a 
necessidade de serem depuradas para um 
mercado local incapaz 
26 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 20012626
de absorver um aumento da produ-
ção, situação que, segundo o Wellington 
obrigaria os produtores a vender a produ-
ção para outros estados. Nota: Wellington 
Martins, da UFMA, veio a falecer alguns 
dias após participar da reunião do Projeto 
Plataforma em Florianópolis.
Ceará
O Estado do Ceará, segundo Max 
Dantas do GEMB - Grupo de Estudos de 
Moluscos Bivalves do Labomar/UFC e 
gestor estadual do Programa do DPA/MA 
(gemb@labomar.ufc.br), conta com 70 
marisqueiras produzindo ostras do mangue 
no Município de Fortim, no estuário do 
Rio Jaguaribe, onde a temperatura quase 
não varia, ficando a maior parte do tempo 
entre 28 e 30 oC. A profundidade média na 
preamar é 2,10 m com marés variando em 
até 1,50 m. A salinidade varia de 30 a 35‰, 
chegando eventualmente a zero no “inverno” 
nordestino, por conta das chuvas.
O cultivo no Estado está apenas co-
meçando, com as marisqueiras, geralmente 
esposas de pescadores, recebendo orientação 
técnica do GEMB. Segundo Max Dantas, 
as primeiras sementes foram provenientes 
da COONATURA de Sergipe, mas não 
demonstraram um bom desempenho de en-
gorda. Atualmente existem cerca de 80.000 
ostras em cultivo, todas provenientes de 
sementes colhidas no local com a ajuda 
de coletores de bambu, que deverão ser 
comercializadas em julho próximo pelas 
produtoras a R$ 2,50 a dúzia, devendo 
chegar ao consumidor final cearense entre 
R$ 4,00 e 5,00.
Rio Grande do Norte
Apesar do grande potencial, o 
estado do Rio Grande do Norte ainda não 
possui cultivo comercial de moluscos, 
segundo Guilherme Fulgêncio de Me-
deiros (seuguila@ufrnet.br) da UFRN. 
Recentemente, com a ajuda do programa 
BMLP – Brazilian Mariculture Linkage 
Programm, apoiado pelo governo ca-
nadense, foram instalados dois cultivos 
experimentais que não apresentaram, até o 
momento, resultados satisfatórios, já tendo 
sido selecionadas duas novas áreas para o 
reinício das experiências. 
Dos municípios litorâneos do Es-
tado, sete apresentam condições para o 
desenvolvimento do cultivo de moluscos. 
As ostras existentes no mercado potiguar 
são provenientes da extração feita por 
catadores que vendem a carne após um 
pré-cozimento. Os preços do quilo da 
carne, nas mãos dos catadores, variam 
de R$ 3,00 a 4,00, podendo chegar ao 
consumidor final pelo dobro desse valor. 
Na orla, o consumidor paga R$ 0,50 pela 
unidade da ostra viva. Segundo Medeiros, 
o maior problema atualmente para desen-
volver a atividade no estado é a falta de 
interesse demonstrada pelas comunidades 
litorâneas.
Pernambuco
Em Pernambuco o cultivo de mo-
luscos é realizado por cerca de 35 famílias 
em três municípios: Goiana, Sirinhaém e 
Rio Formoso. Segundo Josenildo Souza 
e Silva (josenildopeixe@hotmail.com), 
do Prorenda Rural - PE, o trabalho é 
desenvolvido com a ostra do mangue, 
cujas sementes são provenientes da ONG 
Conatura de Sergipe.
Os cultivos são feitos nos estuários, 
cujas águas apresentam temperaturas entre 
24– 28 ºC. A salinidade varia de acordo com 
o estuário, indo de 16–38 ‰. A variação 
entre a preamar e a baixa-mar fica em torno 
de 2 metros. 
O tamanho de comercialização da 
ostra do mangue coletada no ambiente é 
de 6 cm, no entanto está sendo feito um 
trabalho para diferenciar a ostra coletada 
da cultivada e, para isso, está sendo adotado 
como tamanho médio para comercialização 
da cultivada em 7 cm; que necessita um 
27Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 2001
tempo médio de cultivo de 6 a 8 meses. A 
produção no estado até o momento foi de 
90 mil ostras, ou 7.500 dúzias. Com um 
estoque e uma previsão de produção até 
o início do ano que vem de mais 33 mil 
dúzias. O preço da dúzia da ostra coletada 
no ambiente é R$1,20; enquanto que para 
a ostra cultivada esse preço varia de R$ 
1,80 a R$ 2,40. Segundo Josenildo, as 
ostras trazidas do sul do País, advindas de 
cultivo, são comercializadas in natura nos 
supermercados ao preço de R$4,00 a dúzia. 
Os hotéis, restaurantes e bares – ofertam as 
ostras a R$ 10,00 a dúzia.
Os primeiros módulos de cultivo fa-
miliar em Pernambuco foram apoiados pelo 
PRORENDA RURAL/PE, que faz parte de 
um programa de cooperação entre o Governo 
do Estado de Pernambuco e a Agência de 
Cooperação Técnica Alemã - GTZ. Com 
o desenvolvimento dos trabalhos, houve a 
parceria com o Departamento de Pesca da 
UFRPE e em seguida com a Associação dos 
Engenheiros de Pesca – AEP, com recursos 
da extinta SUDENE.
Sergipe
Segundo Salustiano Marques 
(salu_marques@uol.com.br) do IBAMA/
SE, nos 168 Km da costa sergipana, 
que banha 11 municípios, existem seis 
grandes estuários que apresentam as 
condições ideais para o cultivo da ostra 
do mangue, com excelente produtividade 
primária e temperaturas variando de 24 
a 32ºC ao longo do ano. Apesar disso, 
e do fato de que os primeiros estudos 
no Estado foram realizados na década 
de 80, atualmente ainda não se tem 
uma grande base de cultivo comercial 
instalada, apesar do Estado possuir um 
dos poucos laboratórios de produção de 
semente do País, a Estação de Aqüicultura 
Estuarina Francisco Arturo, pertencente 
ao IBAMA, com capacidade de produção 
de 6 milhões de sementes/ano. Em função 
da nova missão do IBAMA, que não tem 
mais como meta o fomento pesqueiro, a 
Estação está sem produzir sementes desde 
1999. A produção de sementes do Estado 
é oriunda da captação no ambiente natural 
realizada pela CONATURA - Cooperativa 
Mista de Trabalhadores e Conservadores da 
Natureza, que atualmente coleta ao redor de 
três milhões de sementes anuais.
Nos estuários sergipanos, a ostra do 
mangue alcança

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