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1 Atendimento Educacional de alunos com Deficiência Física 2 3 1. Introdução 2. Causas e Características da Deficiência Física e Motora 3. Causas e Características da Paralisia Cerebral 4. Acessibilidade e Recursos Pedagógicos para a Deficiência Física e Motora 5. Avaliação para o Trabalho de Inclusão e o AEE 6. Recursos da Tecnologia Assistiva na Educação Especial 3 4 1. INTRODUÇÃO Deficiência motora, também denominada de deficiência física, é uma limitação do funcionamento físico-motor de um indivíduo. Geralmente, os problemas se encontram no cérebro ou sistema locomotor, gerando um mau funcionamento ou paralisia dos membros inferiores e/ou superiores. A deficiência motora pode proceder de diversas etiologias, entre as quais estão os fatores genéticos, fatores neonatais, virais ou bacteriano, ou mesmo fatores traumáticos, principalmente os medulares. Os indivíduos que apresentam deficiência de ordem física ou motora demandam um atendimento fisioterápico, psicológico para auxiliar com os limites e dificuldades decorrentes da deficiência e simultaneamente desenvolver todas as possibilidades e potencialidades. A deficiência física é referente ao comprometimento do aparelho locomotor que compreende o sistema ósteo-articular, o sistema muscular, assim como o sistema nervoso. As doenças ou lesões que interferem em qualquer destes sistemas, isoladamente ou em conjunto, podem gerar quadros de limitações físicas de nível e gravidade variáveis, de acordo com os segmentos corporais afetados e o tipo de lesão presente. A paralisia cerebral (PC), por sua vez, é um distúrbio da postura e do movimento, consequente de encefalopatia não progressiva nos períodos pré, peri ou pós-natal, com localização única ou múltipla no cérebro imaturo. Esta lesão cerebral pode levar a comprometimentos neuro motores variados que, normalmente, estão associados à gravidade da sequela e à idade do indivíduo. A discussão da inclusão do deficiente físico e do aluno com paralisia cerebral no espaço escolar é essencial no mundo contemporâneo, já que o meio escolar demonstra não estar preparado para atender estudantes com necessidades educacionais especiais, no qual são necessárias adaptações do espaço físico para a acessibilidade e recursos pedagógicos adequados, para que estes estudantes possam ser incluídos no ambiente escolar. A escola surgiu com o intuito de trazer conhecimento a todos, garantindo que houvesse igualdade de oportunidades. No entanto, o conteúdo e os alunos foram tendendo a serem tratados de maneira homogênea, desconsiderando que alunos portadores de deficiências e com necessidades educacionais especiais poderiam vir a ser matriculados nessas instituições. Com o objetivo de incluir os alunos com necessidades educacionais especiais nas escolas tradicionais, a educação passou a ser regida pelo princípio da integração, ou seja, o aluno que possuía tais necessidades seria ajustado para conviver no ambiente escolar. Foi com o advento da inclusão que surgiram propostas para modificar a sociedade como um todo, a fim de permitir o pleno desenvolvimento das pessoas com deficiência. A educação inclusiva está se difundindo nas escolas de todo o país, sendo que há cada vez mais alunos com deficiência nas escolas de ensino regular. Entretanto, apenas a inserção desses alunos nas turmas não assegura que a inclusão esteja realmente se consolidando, sendo fundamental que sejam superadas muitas barreiras atitudinais e que se realize a mobilização da comunidade escolar como um todo. 5 No processo de inclusão dos estudantes com deficiência física e paralisia cerebral, é importante que o docente esteja consciente de sua importância, como um facilitador do rompimento de barreiras e promotor do acesso à educação de qualidade por seus alunos. É muito importante que o professor conheça bem as particularidades de seu aluno com deficiência física e paralisia cerebral a fim de proporcionar um aprendizado adequado e significativo. Para que o sucesso educativo aconteça de fato, a escola deve ajustar a sua prática educativa a todos os alunos, incluindo os que apresentam necessidades educacionais especiais. A construção da escola inclusiva passa pela responsabilização da escola por todos os estudantes, na perspectiva de uma educação para todos, demandando para a sua concretização outras estratégias e respostas a novos desafios. Portanto, deve haver uma alteração das práticas educacionais para atender à diversidade. Desta maneira, as escolas devem estar arquitetonicamente adaptadas às necessidades dos alunos que apresentam mobilidade reduzida, respeitando o direito à diferença e possibilitando, em igualdade de oportunidades, o sucesso escolar a todos os seus alunos. A inclusão do aluno com mobilidade reduzida, implica equipar as escolas com adaptações, meios e recursos pedagógicos facilitadores do seu processo de aprendizagem. A constatação do que efetivamente ocorre no espaço educativo no que concerne aos alunos com deficiência motora e paralisia cerebral que usam a cadeira de rodas para se movimentarem assume toda a centralidade no que diz respeito à compreensão mais aprofundada de como se processa o acesso arquitetônico nas escolas. 6 2. CAUSAS E CARACTERÍSTICAS DA DEFICIÊNCIA FÍSICA E MOTORA A função mais importante do sistema nervoso é coordenar e controlar a maior parte das funções do corpo. O Sistema Nervoso recebe muitas informações dos diversos órgãos sensoriais, unindo todas estas informações para determinar a resposta a ser efetuada pelo corpo. A resposta pode ser expressada pela fala, pelo movimento motor, por atividades mentais, pelo equilíbrio homeostático do corpo, entre outras funções. A deficiência física e motora tem como principais comprometimentos a falta de um membro, uma má-formação, deformação ou mesmo uma amputação (total ou parcial), ou seja, uma alteração que afeta o sistema esquelético e muscular gerando consequências na mobilidade do indivíduo afetado. Portanto, a deficiência física compromete o aparelho locomotor, que se trata do sistema Osteoarticular, do Sistema Muscular, assim como do Sistema Nervoso. As doenças ou lesões que afetam qualquer um desses sistemas, isoladamente ou conjuntamente, podem gerar grandes limitações físicas de graus e gravidades que podem ser variados, conforme os segmentos corporais afetados e o tipo de lesão ocorrida. Portanto, deficiência física e motora pode ser a alteração completa ou parcial de uma ou mais regiões do corpo humano, podendo comprometer a função física, apresentando-se sob a forma de hemiplegia, hemiparesia, monoparesia, monoplegia, ostomia, paraplegia, paraparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, amputação ou ausência de um membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, com exceção das deformidades estéticas e as que não causem dificuldades para o desempenho das funções físicas. A deficiência física possui causas diversas, podendo se apresentar de formas distintas como: epilepsia, paralisia cerebral, distrofia muscular, má formação congênita, entre outras. É conforme o grau de gravidade da paralisia cerebral que se classifica esta deficiência como severa ou leve, e se afeta áreas do cérebro responsáveis pelo desenvolvimento motor, evidenciando-se em perda total dos movimentos ou dificuldades na fala. As deficiências físicas e motoras que são de origem cerebral, são causadas por lesões que ocorrem no cérebro e afetam diferentes segmentos do corpo, acarretando monoplegia quando atinge um membro, diplegia quando atingem dois membros, triplegia se forem afetados três membros, quando forem afetados quatro membros será uma quadriplegia, e hemiplegia quando todoum lado do corpo é atingido. Os casos severos destas deficiências apresentam um fenótipo diferenciado. Muitos destes casos não apresentam comprometimento intelectual. Portanto, não se deve pensar que os portadores de deficiência motora severa não são capazes de aprender, já que é apenas seu corpo que o impossibilita de realizar trocas com o meio, e não o seu intelecto. É necessário distinguir os casos em que a deficiência tem graus evolutivos ou não, podendo haver situações nas quais a pessoa já nasce com limitações, por exemplo, lesão medular e paralisia cerebral, e outras em que a deficiência apresenta característica degenerativa, como em casos de distrofias musculares e tumores que atingem o sistema nervoso. Nos casos não evolutivos, conforme a pessoa é submetida a estímulos facilitadores de seu cotidiano, suas limitações tendem a se apresentarem atenuadas, conforme as 7 práticas e adaptações ao novo ambiente. Em se tratando dos casos evolutivos, os problemas de saúde vão se tornado mais graves, e os desafios encontrados em seu cotidiano acabam sendo cada vez mais problemáticos. Os deficientes físicos não são deficientes cívicos, portanto, como todos os cidadãos eles também têm direitos e deveres. Da mesma maneira que toda e qualquer criança tem o direito de brincar, ser feliz, e poder interagir com o meio. 8 3. CAUSAS E CARACTERÍSTICAS DA PARALISIA CEREBRAL A paralisia cerebral é uma síndrome classificada por uma lesão rara no cérebro, que atinge duas em cada mil crianças nascidas vivas no mundo todo. É caracterizada como a causa mais comum de deficiências graves na primeira infância. Esta lesão irreversível pode acometer bebês desde o momento da concepção até os dois anos de idade. A síndrome tem caráter não progressivo, ou seja, não agrava com o passar do tempo, mas, no entanto, é determinante para o surgimento de limitações de funcionalidade motora. Os problemas de origem motora podem surgir em conjunto com outros distúrbios relacionados com os campos sensorial, cognitivo, perceptivo e de ordens comunicacional e comportamental. Indivíduos que apresentam a síndrome também podem desenvolver epilepsia, assim como, outras complicações no esqueleto e nos músculos. No entanto, é importante salientar que embora o termo paralisia cerebral seja utilizado para nomear uma síndrome, os seus sinais e a gravidade dos comprometimentos muda de caso a caso e estão diretamente relacionados com a causa do problema. Outro fator importante, neste caso, é que nem todas os indivíduos apresentam complicações relacionadas ao campo cognitivo. A paralisia cerebral é classificada de três maneiras: • pelas suas causas; • pelos níveis de comprometimento motor na funcionalidade dos indivíduos afetados; • pela maneira e localização do corpo em que esses comprometimentos se distribuem. A partir destas classificações apresentadas, ocorrerem três subtipos para cada uma: 3.1 Paralisia cerebral espástica Esta é a variação mais comum da síndrome e afeta a região do córtex motor do cérebro, responsável pelos movimentos. Nesta situação, os músculos apresentam a sua 9 capacidade de força afetada e o tônus elevado, o que causa enrijecimento. É comum que os indivíduos diagnosticados com este tipo têm o que os especialistas caracterizam como contraturas, que também são denominadas de encurtamentos musculares. As estruturas ósseas também apresentam comprometimento, provocando deformidades. Atividades normais de bebês como sentar sozinho, engatinhar e andar podem acontecer com atrasos. 3.2 Paralisia cerebral extrapiramidal Estas lesões surgem em algumas localidades mais interiores do cérebro. Indivíduos que apresentam este tipo executam movimentos involuntários, que são também denominados de espasmos. Tais movimentações provocam o que os médicos denominam de distonia, nome científico dado quando ocorre uma mudança significativa no eixo corporal. Como na primeira variação, este tipo de paralisia cerebral também provoca deformidades e retardo em atividades-chave do marco do desenvolvimento da primeira infância. 3.3 Paralisia cerebral atáxica Esta lesão é mais rara e atinge a região do cerebelo, fundamental no desenvolvimento de funções como a coordenação motora e o equilíbrio. Crianças com esta lesão apresentam sinais bem específicos, como incoordenação das extremidades como mãos, tronco e pés, além de apresentarem tremores. As crianças que conseguem caminhar não são capazes de manter o passo alinhado. Neste caso, é comum que ocorra atraso e alterações na fala, assim como certo grau de comprometimento mental. As regiões do corpo em que os comprometimentos dos movimentos surgem podem ser: Tetraparesia: É quando os membros superiores e inferiores apresentam comprometimento, com semelhante grau de gravidade. Como os atrasos no desenvolvimento motor são distribuídos, a dependência para realizar pequenas tarefas é extremamente grande. Diparesia: Os sinais de atraso do desenvolvimento acontecem, predominantemente, nos membros inferiores, como as pernas e os pés. Sendo assim, as possibilidades de desenvolver funções simples é maior com as mãos e os braços. 10 Hemiparesia: Ocorre quando somente um lado do corpo apresenta o comprometimento, o que vai depender de qual lado o cérebro apresenta a lesão. A paralisia cerebral pode ocorrer em três estágios da vida da criança e isso está relacionado diretamente às suas causas: 3.4 Causas pré-natais 11 São lesões cerebrais que atingem os indivíduos antes do seu nascimento e, sendo assim, estão relacionadas em sua maioria à saúde materna, como pressão alta, diabetes, doença tireoidiana, infecções geradas por vírus como a rubéola, a toxoplasmose, a herpes, o descolamento prematuro de placenta e também tumores uterinos, além da utilização de substâncias tóxicas, que são contraindicadas no período da gestação, como tabaco, álcool e outras substancias. As malformações fetais que afetam o sistema nervoso central também fazem parte da lista. Algumas causas antecedem ainda o período pré-natal e podem ser classificadas como pré-concepcionais, ou seja, são fatores genéticos que estão presentes antes mesmo do momento da concepção, como o histórico familiar de doenças neurológicas ou convulsionais. 3.5 Causas perinatais São causas que aparecem no momento em que a mulher entra em trabalho de parto e se desdobram em até seis horas depois do nascimento do bebê. Alguns fatores fundamentais e determinantes para o aparecimento da paralisia são: • redução da pressão parcial do oxigênio e da concentração de hemoglobina durante o parto; • prematuridade; • baixo peso ao nascer, • trabalho de parto longo; • choque hipovolêmico (perda considerável de sangue causada por um acidente, por exemplo); • nó do cordão umbilical. 3.6 Causas pós-natais A lesão pode acontecer até que a criança chegue aos 2 anos de idade, principalmente devido a: Meningite viral, traumas na região do crânio, mal convulsivo e o aparecimento de tumores no sistema nervoso central. A partir dos 2 anos de idade, o sistema nervoso central já se desenvolveu completamente, o que impossibilita, portanto, o surgimento de comprometimentos motores ligados à paralisia cerebral. 12 4. ACESSIBILIDADE E RECURSOS PEDAGÓGICOS PARA A DEFICIÊNCIA FÍSICA E MOTORA São muitas as mudanças necessárias na estrutura física e nos recursos pedagógicos para atender os estudantes com deficiência física e motora. São necessárias certas adaptações para que possa ocorrer uma educação de qualidade, isto é, proporcionar a acessibilidade total do espaço escolar, seja ela física ou pedagógica. As leis apontam que todas as escolasdevem proporcionar um ambiente acessível para todos, através da adequação dos espaços para que atendam à diversidade humana através da eliminação das barreiras arquitetônicas. Também foram promulgados Decretos que estabelecem normas gerais e critérios elementares para a possibilidade da acessibilidade dos indivíduos com deficiência ou com mobilidade reduzida. Muitos dos prédios das instituições de ensino não apresentam acessibilidade. E para os direitos à acessibilidade na escola serem respeitados é necessário lançar mão da legislação, para que seja possível de fato observar ambientes escolares passando a ser ambientes acessíveis e acolhedores. A acessibilidade espacial corresponde à possibilidade de poder chegar a algum lugar, com certa facilidade e independência, podendo compreender a organização e as relações espaciais que este lugar estabelece, e poder participar das atividades que ali se realizam fazendo uso dos equipamentos disponíveis. No caso de um cadeirante, o percurso deve se apresentar acessível através de rampas nos passeios e na entrada do edifício, dimensões adequadas dos corredores e travessias seguras, por exemplo. O aluno, ao entrar na escola, deve poder identificar o caminho a seguir conforme a atividade desejada, por meio da configuração espacial, ou mesmo através de informações adicionais, como por exemplo, a utilização de rampa para ir à biblioteca no segundo andar de um prédio. Já um aluno com deficiência visual deve poder adquirir informação por meio de mapas táteis e em braile, para encontrar sua trajetória com independência. Ao chegar em uma biblioteca, deve ser possível ao aluno acessar todos os livros e poder ler e estudar em condições de conforto e segurança. Portanto, prover acessibilidade espacial é, de qualquer forma, proporcionar alternativas de acesso e uso a todos os indivíduos, assegurando seu direito de ir e vir e sua condição de cidadania. 13 Os estudantes com deficiência motora apresentam dificuldades ao realizarem muitas atividades rotineiras no ambiente escolar, necessitando normalmente do auxílio de outra pessoa. Contudo, o aluno que não consegue realizar suas atividades se mantém em desvantagem, considerando que este não terá a oportunidade de evoluir com o restante da turma. São várias as situações difíceis encontradas no cotidiano escolar destes alunos, e que demandam algumas adaptações alternativas e recursos, não só de aspecto arquitetônico, mas também de material pedagógico. Na atividade em que o aluno necessita realizar recortes, por exemplo, pode-se recorrer a algumas adaptações, tais como tesoura adaptada com arame revestido, ou outro tipo de adaptação. Se mesmo assim o aluno não for capaz de utilizar este recurso, optasse por atividades coletivas em que os colegas adquirem a oportunidade de colaborarem e cooperarem uns com os outros, ajudando-se entre si. Na área de desenho, pintura e escrita, é possível lançar mão dos seguintes materiais adaptados: • aranha-mola (mola entre o dedo com o lápis no meio); • pulseira imantada (pulseira no braço do aluno); • engrossador de espuma (espuma grossa no lápis); • Órtese (uma bola de borracha na ponta do lápis). Podendo também serem utilizados os engrossadores de espumas em pinceis, cola, tintas, entre outros objetos escolares. As escolas inclusivas para todos têm como principais características respeitar, aceitar e acreditar no potencial de cada estudante com necessidades educacionais especiais, não apenas aos alunos com deficiência, mas sim todos, podendo então oferecer uma educação de qualidade e sem preconceitos. A escola inclusiva deve também garantir aos alunos condições de locomoção em todos os espaços da escola, providenciando banheiros adaptados, corrimãos, rampas, elevadores e pisos antiderrapantes, recursos que facilitarão o cotidiano escolar destes alunos. A escola tem que oferecer um ambiente acolhedor, confortável e agradável, em que os estudantes tenham condições de aprender, desenvolvendo-se e superando os desafios encontrados no dia a dia. Promovendo assim, meios facilitadores de aprendizagem e locomoção no ambiente escolar. 14 5. AVALIAÇÃO PARA O TRABALHO DE INCLUSÃO E O AEE No Plano Nacional de Educação (PNE) consta, entre as suas metas, o estabelecimento de uma meta específica, referente a Educação Inclusiva. Esta meta regulamenta o Atendimento Educacional Especializado (AEE) e direciona os educadores e as escolas sobre as políticas públicas voltadas para os alunos com necessidades educacionais especiais. Em se tratando da educação inclusiva, e do Atendimento Educacional Especializado (AEE) é recomendado que o educador tenha como ponto de partida a avaliação do aluno para diagnosticar suas singularidades, com o intuito de focar nas suas capacidades. A proposta curricular necessita ser a mesma para todos os alunos, sejam estes com necessidades educacionais especiais ou não, no entanto, é indispensável que as estratégias pedagógicas sejam diversificadas e baseadas nos interesses, capacidades e necessidades de cada aluno. As estratégias pedagógicas condizem com os diversos procedimentos elaborados e aplicados por professores com o intuito de alcançar suas metas de ensino e aprendizagem. Elas englobam metodologias, procedimentos e mecanismos que são experimentados como forma de alcançar, produzir e apresentar o conhecimento. Através desta perspectiva é possível a participação efetiva e inclusiva, oferecendo oportunidades para o desenvolvimento integral de todos os alunos, independente de apresentar ou não algum tipo de deficiência. Sendo assim, é necessário que o professor busque conhecer bem cada aluno, suas preferências e habilidades, principalmente os que apresentam algum tipo de necessidade educacional diferenciada. Quando o professor inicia o processo de ensino e aprendizagem a partir do interesse e habilidade de seus alunos o aprendizado se torna muito mais prazeroso, espontâneo e participativo. Deve-se salientar a importância de se observar as dificuldades, quando existentes, e assim lançar mão da criatividade e da diversidade de estratégias pedagógicas disponíveis. O professor do AEE tem a função de cooperar com esse processo. O AEE é uma estratégia de ensino formulada para atender as crianças com necessidades educacionais especiais que necessitam de maior atenção para terem a possibilidade de aprendizagem, socialização e inclusão na sociedade. A escola é uma das melhores 15 maneiras de oferecer para as crianças com deficiência a oportunidade para que isso aconteça. É importante enfatizar que o processo de inclusão deve partir da acessibilidade, através da eliminação de todas as possíveis barreiras, assim como dos preconceitos. Os professores da sala de AEE precisam estar capacitados para oferecer o atendimento especializado. Este atendimento educacional não pode ser visto apenas como um apoio ou mesmo reforço para complementar as atividades escolares. Através desta modalidade o professor deve lançar mão de subsídios para oferecer ao aluno oportunidade de aprendizagem em todas as disciplinas. As estratégias usadas na sala de AEE são métodos práticos de apresentação, formação e utilização de recursos assistidos, como a comunicação alternativa, e os recursos de informática por exemplo. São utilizados materiais pedagógicos e didáticos que possam ser acessíveis e complementares ao processo de aprendizagem dos alunos que demandam uma assistência complementar. A escola tem a obrigação, por lei, de atender todos os alunos, tendo ou não algum tipo de deficiência. A avaliação escolar no processo de inclusão direciona a transformação da escola e das práticas pedagógicas, contribuindo para que todos tenham de fato o acesso à educação, que permaneçam e alcancem um aprendizado satisfatório,significativo e além de tudo socializador. No contexto da inclusão é fundamental entender sobre os aspectos avaliativos e constatar a realidade sobre o processo em que se encontram os alunos com deficiência motora assim como com paralisia cerebral na sala regular de ensino. Entretanto, os educadores encontram muitos entraves no processo de ensino e aprendizagem. Mesmo quando as escolas, apresentam profissionais de educação especial, ainda demandam de conhecimentos sobre metodologias, estratégias e práticas que possam oferecer apoio ao aluno com deficiência. 16 6. RECURSOS DA TECNOLOGIA ASSISTIVA NA EDUCAÇÃO ESPECIAL A tecnologia assistiva é um campo de conhecimento interdisciplinar, englobando produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com necessidades específicas, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. Pode ser também caracterizada como um recurso ou uma estratégia utilizada para expandir ou possibilitar a execução de uma ação necessária e desejada por uma pessoa com deficiência. A tecnologia lança mão de metodologias e práticas educativas, assim como, recursos e estratégias alternativas, com o intuito de otimizar a participação de pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. Esta tecnologia tem como meta garantir maior autonomia e independência, assim como, proporcionar maior qualidade de vida e inclusão social das pessoas com deficiência. A inclusão escolar é um dos caminhos para garantir a diversidade e o respeito à diferença, através da construção de um espaço de convivência escolar, que apresente uma proposta e que solucione as necessidades de cada aluno. São grandes os desafios a serem alcançados, entretanto, as atuações e as alternativas encontradas pelos educadores são fundamentais para o encaminhamento deste processo. A tecnologia assistiva oferece aos educadores uma ampla variedade de recursos e ferramentas alternativos capazes de oferecer suportes que auxiliarão os educadores a trabalharem com alunos com necessidades educacionais especiais. Estes suportes podem ser, por exemplo, mecânicos, eletrônicos ou mesmo computadorizados, com uma série variável de adaptações, de aparelhos e equipamentos nas diversas áreas referentes às necessidades pessoais, como a comunicação, alimentação e educação, por exemplo. As modalidades que englobam as tecnologias assistivas são muitas e podem oferecer auxílios tanto para a vida diária quanto para a vida prática. Estas tecnologias oferecem materiais pedagógicos e escolares especiais como a comunicação aumentativa e alternativa, assim como recursos que oferecem maior acesso ao computador. A adequação postural e a mobilidade também são auxiliadas por esta tecnologia através de mobiliário e posicionamento. Projetos arquitetônicos para acessibilidade e adaptações em veículos escolares para facilitar a acessibilidade, também são auxiliados pelas tecnologias assistivas, dentre outros. Estes exemplos de auxílios técnicos são para algumas pessoas apenas um complemento, possibilitando que melhorem a maneira como desempenham as atividades. Já para outras pessoas são indispensáveis, visto que são através destes que seus intelectos conseguem se comunicar. Para estas pessoas, é esta tecnologia que torna possível a sua comunicação com os outros e com o mundo a sua volta, em todas as situações, sejam estas de educação ou ainda nas demais interações sociais. 6.1 Exemplos de tecnologia assistiva: • Rampas de acesso a calçadas e a prédios; 17 • Andadores; 18 • Lupas manuais ou eletrônicas; • Softwares ampliadores de tela; 19 • Aparelhos para surdez; Os exemplos de tecnologia assistiva na escola são os materiais escolares e pedagógicos acessíveis como, por exemplo: • Comunicação alternativa, • Recursos de acessibilidade ao computador, • Recursos para mobilidade, • Recursos para localização, Os recursos a serem disponibilizado aos alunos com paralisia cerebral podem ser fundamentais não só para as questões da aprendizagem escolar, mas também para o seu desenvolvimento global. Em consequência das várias alterações que o aluno com paralisia cerebral pode apresentar, como alterações cognitivas, sensoriais, perceptuais, motoras e de linguagem, os materiais devem apresentar características especificas e serem atraentes para facilitar um uso funcional. Os recursos adequados às especificidades dos alunos com paralisia cerebral são fundamentais para sua participação efetiva na atividade proposta, sendo de responsabilidade da escola disponibilizar aos alunos com necessidades educacionais especiais os recursos necessários. 6.2 Comunicação Alternativa (CA) A aprendizagem oferecida no AEE é distinta do ensino escolar tradicional, e não pode se configurar apenas como um espaço de reforço escolar ou complementação das atividades de ensino convencional. Este espaço deve auxiliar na introdução e capacitação do aluno no uso de recursos de tecnologia assistiva, como a comunicação alternativa e os recursos de acessibilidade ao computador, ao desenvolvimento da orientação e da mobilidade, a preparação e disponibilização ao aluno de material pedagógico acessível, além de outras atividades. No âmbito da educação inclusiva, a tecnologia assistiva favorece a participação do aluno com deficiência, nas múltiplas atividades do dia-a-dia da escola, estando vinculada aos 20 objetivos educacionais comuns. O campo da tecnologia assistiva voltado especificamente para a ampliação de habilidades de comunicação é denominado de Comunicação Alternativa (CA). A comunicação alternativa é destinada a pessoas que não possuem o uso da fala ou da escrita funcional, ou pessoas que apresentam defasagem entre sua necessidade de se comunicar e sua habilidade de falar ou escrever. A CA pode ocorrer sem auxílios artificiais, valorizando a expressão do sujeito, a partir de outros meios de comunicação diferentes da fala, tais como os gestos, sons, expressões faciais e corporais, os quais podem ser usados e configurados socialmente para manifestar desejos, necessidades, opiniões ou posicionamentos da pessoa que se comunica. • Sinalização, • Mobiliário que atenda às necessidades posturais dos alunos, entre outros. Com o intuito de aumentar ainda mais o repertório comunicativo que engloba habilidades de expressão e compreensão, os educadores em AEE organizam e constroem meios de auxílio artificiais como: cartões de comunicação, pranchas de comunicação, pranchas alfabéticas e de palavras e vocalizadores. O próprio computador, por meio de software específico, pode ser uma ferramenta poderosa de voz e comunicação. Os recursos de comunicação para cada indivíduo são elaborados de forma totalmente personalizada, levando em consideração as diversas características que atendam às necessidades de cada aluno. A designação “Comunicação Aumentativa e Alternativa” foi traduzida do inglês Augmentative and Alternative Communication – AAC. Juntamente com o termo resumido “Comunicação Alternativa”, no Brasil se utiliza também as terminologias “Comunicação Ampliada e Alternativa – CAA” e “Comunicação Suplementar e Alternativa – CSA”. Sistema de Comunicação por Troca de Figuras – PECS (Picture Exchange Communication System) O Sistema de Comunicação por Troca de Figuras (PECS) foi desenvolvido em 1985 por Andrew S. Bondy e Lori Frost, como um método de intervenção aumentativa/alternativa de comunicação. Desde então, o PECS foi implementado com bastante sucesso no mundo todo, com alunos de todas as idades que apresentam várias dificuldades cognitivas, físicas e de comunicação. Portanto, o PECS temrecebido reconhecimento mundial por estar centrado nos componentes de iniciação de comunicação. O protocolo de ensino do PECS é fundamentado no livro de B.F. Skinner, Comportamento Verbal, e análise de comportamento aplicada do amplo espectro. É baseado em estratégias específicas de estímulo e reforço que são destinados à comunicação independente e são usadas em todo o protocolo. O protocolo também disponibiliza procedimentos sistemáticos de correção de erros para promover a aprendizagem se o erro acontecer. Dicas verbais não são utilizados, construindo iniciação imediata e evitando dependência. O PECS fundamenta-se em seis fases e inicia ensinando o aluno a dar uma única figura de um item ou ação desejada a um “parceiro de comunicação” que imediatamente responde a troca através de um pedido. O sistema prossegue ensinando a discriminação de figuras e como juntá-las para compor frases. Nas fases mais 21 avançadas, os alunos são ensinados a utilizar iniciadores, responder perguntas e comentar. A principal função do PECS é ensinar comunicação funcional. Alguns alunos que usam o PECS também podem desenvolver a fala. Outros podem fazer a transição para um vocalizador (SGD). O PECS não requer materiais complexos ou caros, tendo sido criado para os educadores, famílias e cuidadores, sendo assim, pode ser facilmente utilizado em múltiplas situações. De início, ensina-se uma pessoa a dar uma figura de um item desejado para um “parceiro de comunicação”, que considera a troca como um pedido. O sistema ensina, assim, a discriminar figuras e as combinar, formando sentenças. Nos estágios mais avançados, os alunos aprendem a responder perguntas e fazer comentários. As seis fases do PECS são: Fase I Como comunicar Os alunos aprendem a trocar imagens individuais por itens ou atividades que desejam. Fase II Distância e persistência Através ainda da utilização de imagens individuais, os alunos aprendem a generalizar esta nova competência por meio da sua utilização em lugares diferentes, com pessoas diferentes e a distâncias variadas. Também são ensinados a serem comunicadores mais persistentes. Fase III Discriminação de imagens Os alunos aprendem a escolher entre duas ou mais imagens para solicitar as suas coisas prediletas. As imagens se encontram em um dossiê de comunicação – uma pasta de argolas com tiras de velcro onde as imagens estão armazenadas e de onde são removidas com facilidade para comunicar. Fase IV Estrutura da frase Os alunos aprendem a formar frases simples em uma tira de frase destacável utilizando uma imagem “Eu quero” seguida de uma imagem do item que está sendo solicitado. Atributos e Expansão de vocabulário Os alunos aprendem a expandir as suas frases, adicionando adjetivos, verbos e preposições. Fase V Responder a perguntas Os alunos aprendem a utilizar o PECS para responder à pergunta: “O que você quer?” 22 Fase VI Comentar Nesta fase, os alunos aprendem a comentar em resposta a perguntas como: “O que vês?”, “O que ouves?” e “O que é isso?” Eles aprendem a compor frases começando por “Eu vejo”, “Eu ouço”, “Eu sinto”, “É um”, entre outras. A seguir estão alguns exemplos de PECS: • Simples: • Intermediário: 23 • Avançado: A 24