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Conteudista: Prof.ª Dr.ª Flávia Carolina de Resende Fagundes
Revisão Textual: Esp. Pérola Damasceno
 
Objetivos Gerais:
Introduzir o estudo dos partidos políticos e sistemas eleitorais;
Estabelecer bases para a análise de sistemas partidários e eleitorais.
˨ Material Teórico
˨ Material Complementar
˨ Referências
Introdução ao Estudo dos Partidos Políticos e
Sistemas Eleitorais
Introdução ao Estudo dos Partidos Políticos e Sistemas
Eleitorais
Nesta Unidade, iremos dar nossos primeiros passos no estudo dos partidos políticos e sistemas
eleitorais. Os partidos políticos e as eleições desempenham um papel determinante no
funcionamento da democracia e, desta maneira, os partidos políticos e o sistema eleitoral são
unidades de análise fundamentais para a compreensão do sistema político.
1 / 3
˨ Material Teórico
Glossário 
A origem do termo “partido político” vem do latim, partire, que
significa divisão (REBELLO, 2014). A Enciclopédia Britannica (2021)
define o termo “partido político” como um grupo de pessoas
organizadas para adquirir e exercer o poder político, se referindo a
todos os grupos que buscam o poder político por eleições
democráticas. Dessa forma, partido político é definido como um grupo
político oficialmente reconhecido como parte do processo eleitoral e
A literatura em ciência política explora amplamente a relação entre partidos políticos e sistemas
eleitorais, e como estes influenciam a qualidade da democracia. A existência de eleições livres e
justas em uma base regular é considerada condição mínima para uma democracia. Desta forma,
os partidos políticos (sistema partidário) e as eleições são utilizados como parâmetro de
consolidação da democracia. 
Partidos políticos são fundamentais em um sistema democrático, uma vez que desempenham o
papel de mediação entre a sociedade e as instituições políticas de representação. No entanto,
como veremos, partidos políticos podem existir em regimes não democráticos. Dentro desta
lógica, é importante observamos que existem uma ampla gama de tipologias de partido político.
Sistemas eleitorais, a organização e funcionalidade dos partidos políticos variam de acordo com
o momento social e tecnológico. Dessa forma, nesta Unidade, buscaremos compreender as
tipologias de partidos políticos e sua relação com o sistema eleitoral, bem como com o momento
histórico.
Nesse sentido, é imprescindível observar o sistema eleitoral, tendo em vista que a escolha e
desenho do tipo de sistema eleitoral afeta diretamente como se constituirão os partidos
políticos, procurando observar essas unidades de análise em seus diversos ângulos.
Vamos embarcar nesta jornada!
Análise de Sistemas Partidários e Eleitorais
que pode apoiar (apresentar) candidatos às eleições (livres ou não),
regularmente.
Partidos políticos e sistemas eleitorais têm sido amplamente analisados pela literatura em
ciência política, tanto como causa quanto consequência um do outro. A razão pela qual estas
unidades de análise têm despertado tanto interesse entre os cientistas políticos é porque são
aspectos fundamentais para a compreensão do sistema político e a qualidade da democracia.
Os sistemas eleitorais são definidos pelas regras na constituição ou as leis que descrevem como
os votos são traduzidos em mandatos legislativos ou presidencial, governo estadual, prefeito ou
conselheiro local. A configuração do sistema eleitoral tem uma relação direta com o sistema
partidário. 
Pesquisas empíricas, principalmente a partir da segunda metade do século XX, observando dois
tipos básicos de sistemas eleitorais: um combinando distritos uninominais com regras
majoritárias; e outro combinando distritos com vários candidatos com regras de representação
proporcional. Argumentam que sistemas majoritários tendem ao bipartidarismo, enquanto
sistemas proporcionais tendem ao multipartidarismo (COLEMER, 2007). No sistema
majoritário, os candidatos mais votados são eleitos; no proporcional, os votos computados são
de cada partido e, em uma segunda etapa, são eleitos os candidatos na ordem de votação, dentro
das vagas a que tem direito o partido.
Dessa forma, sistemas majoritários ou proporcionais levarão à existência de mais ou menos
partidos políticos. É importante ressaltar que partidos políticos são essenciais para um governo
democrático, ainda que não sejam uma condição básica para a democracia (existem sistemas
partidários que permitem candidaturas avulsas). No entanto, partidos políticos são necessários
para o estabelecimento de um governo representativo de base ampla. Para Ho�man (2005), os
partidos são vitais para a democracia representativa, uma vez que são os agentes e condutores
do poder político, exercendo a mediação entre o governo e a sociedade, além disso, articulam os
interesses políticos da sociedade, que podem, depois, ser traduzidos em políticas públicas.
Contudo, ao longo da história, os partidos nem sempre desempenharam essa função de
mediação entre o governo e a sociedade em seu sentido mais amplo. Como mostrado, a origem
da palavra “partido” está associada à ideia de divisão, vinculada à criação de facções. Tal
concepção se deve ao fato de que os partidos políticos foram criados dentro das assembleias
eleitas e grupos parlamentares, como constatado por Duverger ao analisar as consequências dos
sistemas eleitorais nos sistemas partidários (COLEMER, 2007).
É importante ressaltar que nos estágios iniciais dos sistemas partidários, os partidos não
tinham uma vinculação com a população em seu sentido mais amplo; estavam vinculados às
elites locais proprietárias de terra. Isso se deve ao fato que os sistemas eleitorais originários
eram bastante restritos, constituídos por homens proprietários de terra, o que se pode chamar
de eleição censitária. Os elementos essenciais deste sistema eleitoral são distritos com vários
membros, cédula aberta e pluralidade ou regra da maioria (COLEMER, 2007).
Em termos históricos, o modelo moderno de partido político é recente, tendo o seu
desenvolvimento na segunda metade do século XX na maioria dos países. Até 1850, por exemplo,
apenas os Estados Unidos poderiam ser incluídos na lista de países que possuíam alguma forma
partidária moderna (REBELLO, 2014).
Novos e Velhos Partidos: Uma Tipologia dos Partidos Políticos
Primeiramente, é importante termos em mente que qualquer modelo partidário se trata de um
tipo ideal. Dessa forma, na realidade sempre existe, características dos modelos que se
combinam nas organizações partidárias em sua prática. No entanto, certos elementos podem
Saiba Mais 
Para Sartori (2005), as funções de maior importância dos partidos
políticos seriam as seguintes: participação, campanha eleitoral,
integração, agregação, resolução de conflitos, recrutamento,
formulação de políticas e expressão.
ser distinguíveis quando as agremiações são analisadas em seu funcionamento (REBELLO,
2014) que nos permitem enquadrá-las, ainda que não se trate de tipos perfeitos. 
Giovani Sartori (2005), ressalta que os números partidários são relevantes para a análise dos
sistemas partidários, mas não nos dizem nada sobre os tipos partidários. Existem vários tipos e
variedades de partidos, e a questão agora é: como devemos proceder para classificá-los? Os
partidos podem ser observados como grupos organizacionais, como grupos de ideias e como
grupos sociais. Pode-se acrescentar que os partidos políticos também são grupos "funcionais",
que podem ser classificados de acordo com seus padrões funcionais de desempenho. Para
Sartori, podemos observar os partidos levando em consideração sua organização e
funcionamento.
A literatura sobre partidos políticos conta com uma vasta gama de tipologias e de modelos de
partido. Essa variedade é fruto da diversidade de critérios adotados por diferentes autores.
Algumas tipologias analisam os partidos com base em seu funcionamento, ou seja, as
organizações se diferenciam por sua razão de ser organizacional e, dentre os principais
expoentes
dessa corrente, se destaca Sigmund Neumann e a obra de Richard Katz e Peter Mair.
Enquanto outros modelos de classificação fazem a distinção de partidos que possuem estruturas
Trocando Ideias... 
Não é possível estabelecer uma linearidade da substituição de forma
partidária por outra, uma vez que a emergência de uma forma de
organização passa por momentos híbridos de transição e formas mais
tradicionais podem manter suas características fundacionais.
organizacionais enxutas e partidos que contam com uma robusta infraestrutura e complexas
redes de apoio de outras organizações (GUNTHER; DIAMOND, 2015), como igrejas e sindicatos.
Aqui, se destacam Maurice Duverger e Angelo Panebianco.
Outra corrente de estudos dos partidos políticos, mais sociológica, se apoia na ideia de que as
organizações partidárias se originam dos vários grupos sociais que buscam estar representados
em legendas, estes estudos foram desenvolvidos por Samuel Eldersveld e Robert Michels. Além
disso, existem análises que mesclam os três critérios de análise, como Otto Kirchheimer
(GUNTHER; DIAMOND, 2015).
Saiba Mais 
O critério de análise organizacional, na concepção de Duverger, não se
preocupa com o organograma do partido em si. A organização é
observada em sua densidade, de pressão e cobertura organizacional. O
foco está no poder de penetração dos partidos na sociedade, ou seja, a
capacidade de colonização partidária - por meio de membros
nomeados pelo partido - as principais posições gerenciais existentes
de uma sociedade na esfera econômica (bancos, indústrias, etc.), na
mídia de massa, na burocracia e, eventualmente, até mesmo no
estabelecimento militar (SARTORI, 2005). 
O controle do movimento operário é um aspecto especial e
particularmente significativo da técnica de colonização. É claro que os
sindicatos não caem sob o controle do partido simplesmente porque os
dirigentes sindicais são membros do partido. A técnica de colonização
Tendo em vista tal diversidade de enfoques, para organizarmos de forma didática nossa
explicação, vamos nos orientar por duas distinções gerais: partidos de elite, partidos de massa e
os partidos eleitorais, abordando as tipologias apresentadas pelos autores citados dentro destes
quadros gerais.
Partidos de Elite
Na pré-história do que chamamos de partidos políticos, na atualidade estão as facções,
sociedades secretas, seitas, facções aristocráticas, clubes políticos e coalizões de notáveis
consiste em delegar e colocar os dirigentes do partido na arena do
sindicalismo profissional (SARTORI, 2005).
Reflita 
A maior parte das tipologias de organizações partidárias
desenvolvidas pela literatura em ciência política têm como base os
estudos de partidos na Europa Ocidental, ao longo dos últimos dois
séculos (GUNTHER; DIAMOND, 2015). Nesse sentido, tais tipologias
podem ter dificuldade em se enquadrarem a outros contextos sociais.
(SARTORI, 2005). Essas primeiras agremiações políticas se originam dentro das estruturas de
poder.
Nesta gênese dos partidos descritos por Maurice Duverger (2010) encontramos a primeira
designação para um tipo partidário: o partido de quadros. São, em geral, instituídos por grupos
parlamentares que residem no interior dos órgãos legislativos. Historicamente, são anteriores à
ampliação do sufrágio.
O Partido Whig 
O Partido Whig é um exemplo de partido de elite, foi fundado em 1678,
tendo entre seus fundadores Robert Walpolen e Lord Palmerston. A
origem do partido se liga à ameaça de estabelecimento de uma linhagem
de Reis Católicos. A corrente protestante determinada a impedir tal
sucessão veio a ser chamada de Whigs, em homenagem a um grupo
presbiteriano radical na Escócia, os Whigamores  
(AMERICAN HISTORY, 2021).
Figura 1 – Cabo de guerra entre Whigs e Torys
Fonte: Reprodução
O Partido Whig teve um papel determinante na Revolução Gloriosa em 1688, que estabeleceu a
primazia do Parlamento sobre a Coroa (PARTY, 2021).
Nesse sentido, o que alguns autores - por exemplo, Katz e Mair, LaPalombara e outros –
chamam de partido tradicional de notáveis locais, uma vez que eram baseados em um sistema
eleitoral de voto limitado, no qual na maioria dos países o direito de voto e de ocupação de cargos
eletivos era restrito a homens proprietários de terra (GHUNTER; DIAMOND, 2015), limitando o
jogo eleitoral a elites locais.
As mudanças sociais trazidas pela industrialização e o deslocamento de grandes contingentes
populacionais do campo para a cidade, bem como a ampliação do sufrágio, iram trazer grandes
transformações também a organização dos partidos políticos, que discutiremos no tópico
seguinte.
Partido de Massa
O nascimento da sociedade industrial na segunda metade do século XIX e começo do século XX,
trouxe profundas mudanças às sociedades: grandes contingentes deixaram o campo em direção
às cidades, criando uma massa de operários urbanos. Este processo se associa à ampliação do
sufrágio, o que irá ampliar significativamente o número de eleitores, forçando os partidos de
elite a se adaptarem à nova realidade.
Figura 2 – Campanha pelo voto feminino
Fonte: Reprodução
Nesse contexto, a mobilização política da classe trabalhadora e a expansão do direito ao voto
exigiram uma reorganização das organizações partidárias, surgindo, assim, o que se
convencionou de partido de massa. Esses são os primeiros partidos surgidos eminentemente
fora das esferas de poder. Uma característica dos partidos de massa nesse período é que
contavam com uma militância bastante engajada na vida partidária (REBELLO, 2014), fora do
período eleitoral
A vida partidária neste momento era bastante ativa, penetrando diversas esferas da vida dos
militantes que trabalhavam na confecção de jornais e outros meios informativos. Outro ponto de
destaque é que no partido de massa o financiamento advinha de seus membros.
A mobilização partidária nos partidos de massa se dava em função de um conteúdo ideológico
bastante forte, geralmente em torno do socialismo, nacionalismo ou religião (GUNTHER;
Saiba Mais 
O Partido Social-Democrata alemão chegou a
ter mais de um milhão de membros em 1914
(REBELLO, 2014).
DIAMOND, 2015). Dessa forma, a relação com organizações auxiliares, como sindicatos e igrejas
era bastante sólida.
Figura 3 – Partido Trabalhista de Tottenham, durante a
Parada do Dia do Trabalhador em 1928
Fonte: cameralabs.org
O partido de massa pode exibir padrões organizacionais democráticos ou autoritários (SARTORI,
2005). Nesse sentido, partidos de massa podem diferir em relação ao grau de tolerância ou
pluralismo. Partidos de massa pluralista aceitam as eleições como sua principal via de acesso à
conquista de seus objetivos, e suas estratégias eleitorais dependem da mobilização da militância
(GUNTHER; DIAMOND, 2015).
A estrutura organizacional dos partidos e formas de recrutamento eram bastante rígidos. O
centro de poder e autoridade era centrada no comitê executivo de seu secretariado, tendo,
formalmente, a principal fonte legítima de autoridade o congresso geral do partido (GUNTHER;
DIAMOND, 2015).
Até a primeira metade do século XX, os sistemas eleitorais eram baseados em distritos com
vários membros e na votação em candidatos individuais. Para Colemer (2007), essa organização
era capaz de produzir uma representação fiel da comunidade, como "um espelho".  Assim,
existia uma correspondência programática bastante forte entre o eleitorado e os partidos.
Nos partidos de massa classistas a relação com os eleitores se estruturava por meio de grupos
organizados geograficamente e por sindicatos. Nesse sentido, Sigmund Neumann faz a
distinção entre dois tipos de partido: partido de representação individual, que articula demandas
de grupos sociais específicos; e os partidos de integração social, que contam com organizações
bem desenvolvidas, onde são fornecidos serviços a seus membros, que fazem contribuições
financeiras em troca e realizam serviços voluntários durante as campanhas eleitorais
(GUNTHER;
DIAMOND, 2015).
Saiba Mais 
Em alguns países europeus, como na Suécia, a
questão religiosa foi importante para a
constituição do sistema partidário.
Apesar da integração social por meio das organizações auxiliares ser uma parte importante, a
preocupação com a conquista de eleitorados maiores começa a ser cada vez mais dominante, e a
identificação dos partidos com setores restritos se enfraquece.
Partido Eleitoral
O pós-Segunda Guerra Mundial (1945) é um momento de profundas mudanças sociais, o que
também se refletiu nos partidos políticos, que sofreram alterações tanto em sua organização
como na relação com os eleitores. A forte identidade de classe característica dos partidos de
massa começa a se diluir, as organizações partidárias passam a adotar estratégias que visam
aumentar o espectro de possíveis eleitores. O objetivo agora era conquistar o maior número de
eleitores, e não somente o voto de certos grupos sociais (REBELLO, 2014). 
Em Síntese 
A idade dos partidos de massa teve como principais características: o
apelo dos partidos às grandes massas e sua abertura com base na
realização, em vez da atribuição; a identificação do eleitorado com
imagens partidárias “abstratas”, em vez de pessoas concretas, ou seja,
o partido se torna mais real do que personagens, pelo menos no
sentido de que o partido dura mais do que seus dirigentes e os vincula à
sua própria lógica de inércia (SARTORI, 2005).
Nesse sentido, as análises empíricas no pós-Segunda Guerra Mundial (1945), geralmente com
foco em regimes democráticos, assumem que os partidos políticos derivam de eleições. E
eleições que são dados e podem ser tomadas como a variável independente no quadro
explicativo (COLEMER, 2007).
Vale ressaltar que as regras de um sistema eleitoral variam de acordo com o contexto social de
cada país. Assim, ao considerar o sistema eleitoral como variável independente, pode-se inferir
que o desenho do sistema eleitoral influencia o tipo, o número, a natureza dos partidos políticos
e suas interações, bem como as questões e ideologias na arena política nacional, regional ou
local (SISK, 2017).
Dentro deste quadro, o advento da televisão como importante meio de comunicação de massa
(Figura 4), alterou a forma de fazer campanha que deixam de ser fortemente baseadas na
atuação de militantes, para ter a televisão como importante meio das campanhas eleitorais.
Figura 4 – Família acompanhando a corrida eleitoral nos
anos 1960
Fonte: MCLAUGHIN, 2014
Analisando a lógica de buscar conquistar amplas parcelas do eleitorado, independente de classe
e religião, Otto Kirchheimer, na década de 1960, cunhou a denominação “Partido catch-all”
(Partido pega-tudo) (REBELLO, 2014). Neste tipo de organização partidária, princípios
ideológicos tendem a ser vagos e superficiais, assim como há uma ênfase na liderança
proeminente e do papel eleitoral dos principais candidatos nacionais (GUNTHER; DIAMOND,
2015). Isso se deve ao fato de que os governos passam a ser julgados mais pelo grau de eficiência
do que avaliadas internamente em relação às metas organizacionais por correligionários, o que
faz com que os líderes ganhem autonomia (REBELLO, 2014).
Glossário 
Proeminente líder: o líder de um grupo de pessoas ou uma
organização, é a pessoa que tem o controle da organização (COLLINS,
2021).
Figura 5 – O senador John F. Kennedy chega à Los Angeles
Sports Arena em 13 de julho de 1960, após ser nomeado
presidente
Fonte: Reprodução
 
Tendo em vista que as questões ideológicas e de classe se tornaram menos importantes para as
eleições, em sociedades em que a maior parte da opinião pública se distribui num espectro
direita-esquerda, tais partidos buscam convergir para o centro na busca de conquistar votos em
ambos os espectros, mostrando-se moderados em suas preferências políticas e
comportamentais (GUNTHER; DIAMOND, 2015). 
Além disso, esses partidos buscam assegurar acesso de uma ampla gama de grupos de
interesses, ganhando, com isso, uma diversificação de financiamento eleitoral (REBELLO,
2014), considerando que o próprio processo eleitoral se tornou mais caro, agora que as
estratégias de marketing passam a dominar as formas de atrair o eleitorado.
A nova lógica de organização e funcionamento partidário levou à profissionalização das
organizações. Observando este fenômeno, Angelo Panebianco concebe a tipologia do partido
profissional-eleitoral. Diferentemente do partido de massa, no partido profissional eleitoral, ao
invés do militante, a burocracia partidária é formada pela figura do especialista, do técnico capaz
de garantir a vitória eleitoral (REBELLO, 2014).
Saiba Mais 
É claro que esse processo não ocorreu de maneira homogênea, nem
toda legenda poderia se transformar em um partido catch-all. Partidos
que tinham sua razão de ser ligada à defesa específica de certos grupos,
como o Partido Alemão Calvinista, não podem ter um discurso mais
genérico, não podendo se tornar catch-all  (REBELLO, 2014). 
O Militante Perde Espaço para o Técnico.
No partido profissional eleitoral, as ligações organizativas se tornam mais fracas, se perde o
eleitorado fiel para um de opinião, assim como há uma ênfase na liderança e na centralização de
carreiristas, mais preocupados em receber incentivos seletivos individuais (status, carreira,
dinheiro) do que incentivos coletivos (identidades e ideologias) como os crentes, que formavam
o núcleo do partido burocrático de massa (REBELLO, 2014).
Nessa era das grandes campanhas eleitorais (Figura 6), o acesso ao governo é, normalmente,
por meio das grandes organizações partidárias. Assim, Katz e Mair (1995), ao perceberem que
mesmo os partidos que estão há anos na oposição possuem acesso ao espólio estatal, dessa
forma, a continuidade de muitos partidos nos governos é uma espécie de conluio. Tendo como
base essa atuação partidária, formularam a tipologia de partidos cartéis. O argumento aqui é que
os partidos exercem uma competição limitada, que é fruto de um cálculo que envolve o cartel
(REBELLO, 2014). 
Figura 6 – Propaganda política
Fonte: Reprodução
Para Katz e Mair (1995), os partidos com comportamento de cartel competem, mas o fazem
sabendo que compartilham com seus concorrentes um interesse mútuo na sobrevivência
organizacional coletiva e para penetrar nas estruturas estatais e garantir acesso a recursos
públicos. Nesta lógica, o desenvolvimento depende de conluio e cooperação entre concorrentes
ostensivos e de acordos que, necessariamente, requerem o consentimento e a cooperação de
todos (ou quase todos) os participantes relevantes.
Para Gunther e Diamond (2015), uma outra forma de partido eleitoral seria o partido
programático, sendo este, assim como o catch-all, um partido pluralista, organizacionalmente
enxuto e cuja função principal é o comando de campanhas eleitorais. Este modelo em alguns
aspectos se aproxima do modelo clássico de partido de massa, por ter claramente apelo
ideológico ou programático às suas campanhas eleitorais e agenda governamental. Mas se
diferencia dos partidos de massa ao buscar em suas campanhas capitalizar a reputação pessoal
de seus candidatos. 
Uma outra forma de partido dentro desta lógica eleitoral é o partido personalista (denominado,
por alguns, de partido não partidário), considerando que sua finalidade é fornecer uma máquina
partidária para o líder concorrer e ganhar as eleições. O partido personalista não tem ligações
com a estrutura tradicional das elites locais, uma vez que é uma organização criada pela
liderança. A mobilização eleitoral deste tipo de partido se dá em torno do carisma pessoal do
líder, que é retratado como indispensável para a resolução dos problemas nacionais, tendo uma
base programática fraca.
Exemplo 
Partido Personalista 
O Partido Força Itália, liderado por Sílvio Berlusconi (Figura 7), pode ser
considerado um partido personalista, uma vez que a organização
partidária está unicamente a serviço da eleição de Berlusconi.
Figura 7 – Berlusconi
em campanha
Fonte: Reprodução 
Outro exemplo de partido personalista é o Partido Socialista Unido da Venezuela, sob a liderança
de Hugo Chávez.
Como pudemos ver nesta unidade, os partidos políticos podem ter uma estrutura organizacional
e funcional bastante diversa. Ainda que a realidade seja mais cheia de nuances do que tipo
perfeitos desenvolvidos por teóricos, com base nos padrões organizacionais e de
funcionamento é possível encaixar os partidos políticos nestas tipologias para desenvolver
análises.
É importante ter em mente que as regras do sistema eleitoral e as tendências de funcionamento
das eleições, como a tecnologia disponível, influenciam as demandas de organizacionais e de
funcionamento dos partidos, levando esses a se adaptarem para sobreviver.
Na próxima Unidade vamos observar a relação desses tipos de partido com a democracia. Até a
próxima!
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta
Unidade:
  Site  
Freedon House 
A Freedon House é uma importante base de dados sobre a democracia ao
redor do globo, as informações se referem não só aos partidos políticos e
sistema eleitoral, mas também abrangem questões ligadas aos direitos
humanos, liberdade de imprensa, transparência, entre outros
indicadores.
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
  Filmes  
2 / 3
˨ Material Complementar
https://bit.ly/3pHHvUp
Downton Abbey  
A série britânica Downton Abbey (2010-2015), ambientada na Inglaterra
do começo do século XX, mostra as mudanças sociais e culturais que
ocorriam na Europa daquela época, que passava pelo fim das
monarquias e aristocracias para o advento das demoracias
representativas e uma classe burguesa urbana. 
The War Room  
O documentário The War Room (1992) dos diretores D.A. Pennebaker e
Chris Hegedus acompanharam a campanha eleitoral de Bill Clinton que
parecia um tiro no escuro para a indicação democrata, e mais ainda
para a presidência, mas as câmeras dos cineastas estavam lá para cada
passo de sua jornada para a Casa Branca.
DOWNTON ABBEY | O�cial Trailer | In Theaters September 20
https://www.youtube.com/watch?v=tu3mP0c51hE
  Leitura  
Social Science 
ACKERMAN, E. Mass Party Formation: land, civil society, and party in
postrevolutionary Mexico. Social Science, v. 44, n. 2, 2020. 
O artigo indicado discute a formação do partido de massa no México
pós-Revolucionário, procurando compreender o porquê que a formação
foi possível em algumas regiões do país e em outras não, relacionando a
questão às estruturas econômicas regionais.
The War Room Trailer
https://www.youtube.com/watch?v=pgo-qwfCFYU
BRAGA, M. S. S. A Agenda dos Estudos sobre Partidos Políticos e Sistemas Partidários no Brasil.
Revista de Discentes de Ciência Política da UFSCAR, v. 1, n. 1, 2013.
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member districts. Electoral Studies, v. 26, n. 2, 2007.
CUMMINGS, M. Political Ads Have Little Persuasive Power. Yale News, 2020. Disponível em:
. Acesso em:
08/08/2021.
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v. 4, n. 1, 2015.
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3 / 3
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