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OAB Ensino Jurídico- balanço de uma experiência

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OAB En sin o Jurídico
B a l a n ç o d e u m a 
E x p e r iê n c ia
D i r e t o r i a ;
R e g i n a l d o O s c a r d e C a s t r o 
U r b a n o V i t a l i n o d e M e l o F i lh o 
M a r c e l o G u i m a r ã e s d a R o c h a e S i lv a 
C a r l o s A u g u s t o T o r k d e O l i v e i r a 
R o b e r t o A n t o n i o B u s a t o
P r e s i d e n t e 
V i c e - P r e s i d e n t e 
S e c r e t á r i o - C e r a l 
S e c r e t á r i o - G e r a l A d j u n t o 
D i r e t o r T e s o u r e i r o
M e m b r o s H o n o r á r i o s V i t a l í c i o s ;
A l b e r t o B a r r e t o d c M e l o , L a u d o d e A l m e i d a C a m a r g o , J o s ^ C a v a l c a n t i N e v e s , C a i o M i r i o d a S i lv a 
Pe re i ra , R a y m u n d o F a o r o , E d u a r d o S e a b r a F a g u n d e s , } . B e r n a r d o C a b r a l , M á r i o S é r g io D u a r t e G a r c i a , 
H e r m a n n Assis B a e t a , M á r c i o T h o m a z B a s to s , O p h i r F i lg u e i r a s C a v a l c a n t e , M a r c e l l o L a v e n c r e M a c h a d o , 
J o s é R o b e r t o B a t o c h io , E r n a n d o U c h ò a L i m a .
C o n s e l h e i r o s F e d e r a i s ;
A C : M a r c e l o L a v o c a t G a i v ã o , R o b e r t o R o sa s , S é r g io F e r ra z ; A L ; A n t ô n i o N a b o r A re ia s B u l h õ e s . M a r c o s 
B e r í i a rd e s d e M e l l o , M a r i a d o S o c o r r o V a z T o r re s ; A M ; E z e l a i d e V ic g a s d a C o s t a A l m e i d a , j o s é P a iva d e 
S o u z a F i l h o , M a r i a D o m i n g a s G o m e s L a r a n je i r a ; A P ; C a r l o s A u g u s t o T o r k cie O l i v e i r a , G u a r a c y d a 
S i lv a F re i ta s , P a u l o J o sé d a S ilva R a m o s ; B A : P e d r o M i l t o n d e B r i to , S a u l V e n ã n c i o d e Q u a d r o s F i lh o , 
Y on Yves C o e l h o C a m p i n h o ; CF.: M a r c e l o V i n í c i u s G o u v e i a M a r t i n s , M a r c o s A n t ô n i o Pa iva C o l a r e s , 
R a i m u n d o B e z e r ra Fa lcão ; D F ; E s d r a s D a n t a s d e S o u z a , L u i z F i l i p e R i b e i r o C o e l h o . M a r c e l o H e n r i q u e s 
R i b e i r o d e O l i v e i r a : ES: A n t ô n i o A u g u s t o G c n c l h u J ú n i o r , A n t ô n i o J o s é F e r re i ra A b ik a ir , L u iz A n t ô n i o 
d e S o u z a Basí lio ; G O : E d m a r L á z a ro B o rg e s , J o s é P o r f í r io Te les , W a n d e r l e y d e M e d e i r o s ; M A : C a r lo s 
S e b a s t i ã o S ilva N m a , J o s é B r i t o cie S o u z a , J o s é C a r l o s S o u s a Si lva; M G ; J o ã o O t á v i o d e N o r o n h a , J o sé 
M u r i l o P r o c ó p i o d e C a r v a l h o , R a i m u n d o C â n d i d o J ú n i o r ; M S ; E l id e R i g o n , J o s é W a n d e r l e y Beze r ra 
Alves , L e o n a r d o N u n e s d a C u n h a ; M T ; Iv an S z e l ig o w s k i R am o s< R e n a t o C é s a r V i a n n a G o m e s , R o b e r t o 
D i a s d c C a m p o s ; PA; C l ó v i s C u n h a d a G a m a M a l c h e r F i lh o , E u d i r a c y A lv es d a S i lva , S é r g io A l b e r t o 
F r a z á o d o C o u t o ; PB; J o sé A r a ú j o A g r a , L e i d s o n M e l r a Fa r ia s , N a d j a D i ó g e n e s P a l i t o t y P a l i t o t ; P E ; J o ã o 
H u m b e r t o d e F a r ia s M a r t o r e l l i , J o s é J o a q u i m d e A l m e i d a N e t o , U r b a n o V i c a l i n o d e M e l o F i lh o ; P L 
F id e s A n g é l ic a d e C a s t r o V. M . O m m a t i , J o ã o P e d r o A y r i m o r a e s S o a r e s , R o b e r t o G . d e F re i t a s F i lho ; 
P R ; A l b e r t o d c P a u l a M a c h a d o , A l f t e d o d e Assis G o n ç a l v e s N e t o , R o b e i t o A n t ô n i o B u s a t o ; R j : A l f r e d o 
J o s é B u m a c h a r F i lh o , J o s é C a r lo s S a n t o s C a t a l d i , E s t e r K o s o v s k i ; R N : A d i l s o n G u r g e l d e C a s t r o , H é l i o 
X a v i e r d c V a s c o n c e lo s , P a u l o L o p o S a ra iv a ; R O : F r a n c i s c o A q u i l a i i d e P a u la , H e i t o r M a g a l h ã e s L o p e s , 
O d a i r M a r t i n i ; R R : A n t o n i e t a M a g a l h ã e s A g u i a r , E l e n a N a t c h F o r te s , H e l d e r F i g u e i r e d o P e re i r a ; RS: 
| a i r B a ld e z M o r a l e s , J o r g e L u i z G a r c i a d e S o u z a , N e r c u L i m a ; S C ; A n g e l i t o l o sé B a r b ie r i , J o s é G e r a l d o 
R a m o s V i r m o n d , O s w a l d o J o s é P e d r e i r a H o r n ; S E : E d s o n U l i s s e s d e M e l o , J o r g e A u r é l i o S i lva , J o sé 
A l v i n o S a n t o s F i lh o ; S P ; C l e m e n t e C a v a s a n a , M a r c e l o G u i m a r ã e s d a R o c h a e S i lva , P a u l o N i m e r ; T O ; 
E rc í l io B e z e r ra d e C a s t r o F i lh o , Iv a i r M a r t i n s d o s S a n t o s D i n i z , S a d y A n t ô n i o B o e s s io P ig a t to .
C o m i s s ã o d e E n s i n o J u r í d i c o - 1 9 9 8 / 2 0 0 1
A d i l s o n G u r g e l d e C a s t r o ( P r e s i d e n t e ) , J o s é G e r a l d o d e S o u z a J ú n i o r ( V i c e - P r e s i d e n t e ) ; M e m b r o s 
efe t ivos ; M a r í l i a M u r i c y , A n t o n i o J o s é F e r r e i r a A b i k a i r , P a u l o R o b e r t o d e G o u v ê a M e d i n a ; M e m b r o s 
c o n s u l t o r e s ; J o s é M a u r í c i o L e i t ã o A d e o d a t o , Á l v a r o M e l o F i l h o , J o s é A d r i a n o P i n t o . P a u l o L u iz N c t t o 
L ô b o .
R e v i s o r ; J o ã o M a u r í c i o L e i t ã o A d e o d a t o
A p o i o t é c n i c o e a d m i n i s t r a t i v o :
A n n i b a l D i a s d e F i g u e i r e d o N e t o 
B i s t r a S t e f a n o v a A p o s t o l o v a 
C a r l o s A u g u s t o P e re i r a L o p e s 
In és d a F o n s e c a P o r to 
M a r a n a C o s t a B e b e r S t e fa n e lo
O r d e m d o s A d v o g a d o s d o B r a s il 
C o n s e l h o F e d e r a l
O A B E n s in o Ju r íd ic o
B a l a n ç o d e u m a 
E x p e r iê n c ia
Brasília, DF 
2000
© O rd e m dos Advogados d o Brasil 
C onselho Federal, 2000
E d i t o r a ç ã o e d is t r ib u içã o :
G e rê n c ia d c D o c u m c n t a ç ã o e In f o rm a ç ã o
S e to r d e A u ta rq u ia s Sul - Q . 5 - L o te 2 - Bl. N - Sobre lo ja 
Brasília , D F - C E P 7 0 0 7 0 - 0 0 0
Fones: (61 ) 3 1 6 - 9 6 3 1 e 3 1 6 - 9 6 0 5 
Fax: (61) 3 1 6 - 9 6 3 2
c-m ai l : w e b m a s t e r @ o a b .o r g .b r
T i r a g e m ; 3 . 5 0 0 ex em p la re s 
C o o r d e n a ç ã o : L u iz C a r lo s M a r o c lo 
C a p a : F o r u m P ro p a g a n d a
FICHA CATALOGRÁFICA
OAB Ensino Jurídico : balanço dc um a cxpcricncia Brasília, D F :
0 6 5 OAB, Conselho Federal, 2000.
245 p.
ISBN 85-87260-10-3
I. Ensino jurídico - Brasil. 2. Direito - Brasil. I. O rdem dos
Advogados do Brasil (OAB). Conselho Federal. Comissão de Ensino
Jurídico.
C D D : 3 4 ! .4 1 5 0 7
C D U : 34:378(81)
G D I / C F - O A B / L u i z C a r l o s M a r o c l o
SUMÁRIO
Apresentação...................................................................................................... 7
Reginald© O sca r de C astro
Pela melhoria dos cursos ju r íd ic o s ............................................................. 9
A dilson Giirgel de C astro
Juspedagogia: ensinar direito o D i re i to .....................................................37
ÁJvaro M elo Filho
Reflexões pedagógicas sobre a Portaria M E C n" 1 .8 8 6 /9 4 .................. 51
A n to n io José Ferreira Abikair
Formação jurídica docente: conhecim ento , atitudes,
operacionalização.............................................................................................. 67
João M auríc io A deodato
A utonom ia universitária, sentim entos sociais e confrontos
dc quaÜdadc do ensino ju r íd ico .................................................................. 89
José A driano P in to
Critérios e dou trina para aprovação c rejeição dc p ro je tos ................. 117
José G eraldo de Sousa Ju n io r
A crise da universidade pública e o ensino ju r íd ic o ................................ 139
M arília M uricy
Ensino jurídico: realidade e perspectivas.................................................... 147
Paulo Luiz N e tto Lobo
O ensino jurídico na literatura: testem unhos e cr íticas......................... 163
Paulo R oberto de G ouvêa M ed ina
Monografia final: exigência de graduação em curso dc D ire i to 173
N elson N e ry C osta
A N E X O S
1) Programação e conclusõcs do I Seminário “O Ensino Jurídico 
no Limiar do Scculo XXI - C o n s tru in d o o Projeto Didático
pedagógico”, Natal, R N ........................................................................ 213
2) Programação e conclusões do II Seminário “O Ensino Jurídico 
no Limiar do Século XXI - A prender a Aprender Dire ito”,
Cuiabá, M T .............................................................................................. 219
3) Programação e conclusões do III Seminário “O Ensino Jurídico 
no Limiar do Século XXI - Diálogo entre a Teoria e a Prática”,
Belém, P A .................................................................................................. 227
4) Programação e conclusões do IV Seminário “O Ensino Jurídico
no Limiar do Scculo XXI - Aprender a Educar”, Vitória, E S 233
5) Programação do V Seminário “O Ensino Jurídico no Limiar 
do Século XXI - Diretrizes Curriculares: Balanço de um a 
Experiência”, Florianópolis, S C ......................................................... 243
APRESENTAÇÃO
O lan ç am en to d o q u in to vo lu m e da coleção O A B E nsino 
Jurídico, sob o titulo de O AB Ensino Jurídico: Balanço de Uma Experiência, 
traz novamente à colação o tem a da qualidade do ensino jurídico no País.
O que mais se evidencia em lançam entos com o este, p rom ovido 
pelo Conselho Federal da OAB, com o valioso concurso de sua Comissão 
de Ensino Jurídico, é u m a característica singular, n u n ca ausente das 
campanhas empreendidas pela entidade. Nestas, o diagnóstico e a denúncia, 
por mais severos e incôm odos que se m ostrem , acabam, invariavelmente, 
sobrepujados pela pertinência e pela qualidade das terapias que a OAB 
não se om ite de propor.
Nossa histórica cam p an h a pela reform a d o Poder Judiciário 
cu lm inou com a entrega oficial ao Presidente da Comissão Especial da 
Câmara dos Deputados dc um a proposta de emenda constitucional visando 
à referida reforma. É ocioso dizer que tal p roposta acabou sendo, em boa 
parte, incorporada ao projeto aprovado na C âm ara dos D eputados, ora 
em votação no Senado Federal.
E o que, tam bém , acontece re la tivam ente à c a m p an h a pela 
atualização e qualificação acadêmica dos cursos jurídicos. Ela deu ensejo à 
elaboração de algumas propostas de elevado teor técnico-científico, 
formuladas po r integrantes da Comissão de Ensino Jurídico do Conselho 
Federal da OAB.
Tais estudos com põem a coleção O A B Ensino Jurídico, e foram 
publicados sob os títulos de Diagnóstico, Perspectivas e Propostas (1992); 
Parâmetros para Elevação de Qualidade e Avaliação (1993); Novas Diretrizes 
Curriculares (1996) e Ensino Jurídico OAB, 170^ Anos de Cursos Jurídicos 
no B ra s il{ \^ ^7 ).
Todos eles lograram intensa repercussão no meio acadêmico e 
p rofissional. T odos t iveram suas edições ra p id a m e n te esgotadas e 
impuseram a necessidade de sucessivas reimpressões.
Todavia, o im pacto mais visível p roduz ido por tais estudos fez-se 
sentir na Portaria M E C n° 1.886/94, que instituiu as diretrizes curriculares 
e o con teúdo m ín im o dos cursos jurídicos no País.
7
C um pre noiar, en tre tanto , não ser próprio da OAB contentar-se 
com resultados apenas parciais de suas campanhas.
A cartografia dos pontos críticos que com prom etem o ensino 
jurídico brasileiro e os subsídios visando à implantação de um sistema 
consistcntc dc avaliação e de classificação desses cursos não representam o 
esgotamento das contribuições da dou ta Comissão dc Ensino Jurídico do 
Conselho Federal da OAB.
M estres consagrados do D ire ito e especialistas de renom e, 
nacionalmente reconhecidos, seus integrantes trazem agora a lum e esta 
nova publicação. Nela, o tema do ensino jurídico é revisitado com refinado 
apuro.
Novas conclusões e perspectivas são aduzidas. Busca-se projetar o 
profissional do direito que deverá atuar na Sociedade do século XXL 
Q uercm -no “qualificado, ctico e com peten te”. C onfiguram -no, ainda, 
hábil no manejo dc material jurídico em constante m udança, segundo 
preconiza Paulo Luiz N etto Lobo.
Daí, a preocupação com a formação e qualificação do magistério 
jurídico, para a qual novos instrum entos são ofertados.
Em suma, analisando-se as reflexões propostas em O A B Ensino 
Jurídico: Balanço de Uma Experiência, colhe-se a impressão de que seus 
ilustrados autores cam inham a passos seguros para a formulação de um a 
''juspedagogia" que seria, noutras palavras, a arte c a ciência dc '^ensinar 
direito o Direito \ segundo apropriada expressão de Adriano Pinto.
Antevejo, para esta publicação, a m esm a c esplêndida acolhida 
que tiveram os lançamentos anteriores.
Reginaldo O scar de C astro
Presidente do Conselho Federal da OAB
8
PELA MELHORIA DOS CURSOS JURÍDICOS
A dilson G urge l de C astro
IN T R O D U Ç Ã O
Depois de um período onde não houve qualquer tipo de avaliação, 
os cursos jurídicos o lham em volta e se vêem ccrcados po r um grande 
núm ero de instrum entos para verificar com o estão se saindo. O cardápio 
parece não terminar; Exame de O rdem ; comissões verificadoras; auto- 
avaliação; “provão”; Comissão de Especialistas no Ensino do Direito , da 
SESu/M EC; Comissão de Ensino Jurídico, da OAB; pedido de autorização 
para abertura de novos cursos; pedido dc reconhecimento de curso; projeto 
OAB/Recom enda.
Realmente, o cerco parece ter sido feito aos cursos jurídicos, Mas, 
é de se perguntar: por que tal procedimento? Por que não deixar que cada 
universidade, cada centro universitário, cada faculdade isolada cuide de 
sua própria vida? Por que não deixar que a própria concorrência seja o 
te rm ôm etro a decidir quais os cursos que podem preparar os bacharéis 
cm Direito para o seu m únus profissional?
Q u a n to mais a gente se pergunta , mais vai chegar ao pon to em 
que se verifica que a avaliação faz parte de qualquer planejamento. Primeiro, 
a realidade é sonhada e se prepara um projeto de com o será o m eu curso 
de Direito. Depois, todo u m processo de solicitação de autorização para 
funcionam ento , envolvendo o Conselho Federal da OAB e o Conselho 
Nacional de Educação.
S u p e r a d a essa p r i m e i r a “a v a l i a ç ã o ” - q u e é m a is u m 
“acrcditam ento”, - começa a segunda fase do que estava planejado: a 
execução do que foi pensado e autorizado. O vestibular é feito e as turmas 
com eçam a funcionar e os alunos em breve vão estar se graduando. N o 
entanto, para que o d ip lom a tenha validade, necessário o reconhecimento 
do cu rso . E v em u m a p r im e i r a g r a n d e ava liação ; o p e d id o de
9
rcconhedm ento. Aqui vai se verificar se aquele voto de confiança dado ao 
projeto (que chamamos de “acreditamento”) está sendo correspondido na 
realidade fática. Examina-se a execução do projeto didático-pedagógico, 
o corpo docente, as instalações físicas, a biblioteca, o laboratório de 
informática, o núclco de prática jurídica e tudo mais que foi p rom etido 
realizar c cumprir.
Depois do reconhecimento, dado po r um certo núm ero de anos 
(que náo ultrapassa cinco), o curso forma suas turmas e os bacharelandos, 
antes mesmo de receberem o diploma, são submetidos ao Exame Nacional 
de Cursos, mais conhecido pelo apelido; Provão.
Superada a fase universitária e assim que recebem seus diplomas 
em Direito , os bacharéis verificam (alguns até com surpresa) que o 
docum ento de conclusão do curso não os habilita imediatam ente a coisa 
alguma... E logo são submetidos a Exame de O rdem e a concursos públicos 
dc provas e de límlos, para poderem exercer u m a profissão jurídica. Tudo 
isso significando novas avaliações do curso, mesmo indiretas.
Doravante, vai ser sempre assim; os cursos de Direito vão estar 
sendo constantemente avaliados, quer direta, quer indiretamente!
O quadro que se apresenta nos faz pensar e refletir: qual o sentido 
dc tu d o isso? Mais ainda; qual o sentido de se ter um curso jurídico? Para 
responder, recordamos um a h istorinha (em quadrinho , mesmo) na qual 
um aluno, indagado se tinha alguma pergunta a fazer, fulm ina a sua 
professora com sua g rande dúvida; “qual o sen tido da vida?” E a 
surpreendida mestra se desculpa dizendo que queria saber se havia alguma 
questão sobre o que acabava de ser explicado “em sala de aula”. E a historinha 
termina, no últim o quadrinho , com o o m enino cabisbaixo a lamentar; 
‘‘Q u e pena! Eu queria tanto saber o sentido da vida para poder saber onde 
gastar minhas outras energias”.
Podemos tirar duas lições dessa estória; primeiro, a faculdade de 
Dire ito não é só para se aprender o que está nos livros e sim o que está na 
vida, tam bém ; segundo, se não soubermos o sentido da nossa vida e do 
nosso curso, desperdiçaremos nossas energias em vão ou a esmo.
E por isso que firmamos nossa crença de que, para se saber qual o 
sentido de se ter (ou dc se fazer) um curso jurídico, deve-se buscar a resposta 
necessariamente no sentido que pre tendem os dar a nossa vida. Para que
10
ela possa ser mais bem vivida po r todos, necessário que se lute por um a 
melhor sociedade, com justiça para todos. E as Faculdades de direito, talvez 
mais do que qualquer ou tro curso superior, têm todas as condições de 
fazer realizar esse desiderate; cornar o m u n d o m elhor e mais justo.
Pedimos licença a quem pensa em contrário, mas é inadmissível se 
dizer que a educação é “um negócio” como outro qualquer. Afinal, estamos 
lidando com a formação integral e ctica do ser hum ano e com suas próprias 
vidas.
Neste artigo, p re tendem os colocar algumas idéias a respeito do 
assunto. Para tanto, vamos iniciar com um breve histórico dos cursos 
jurídicos no Brasil e, em seguida, falarmos da participação da O A B e de 
outras instituições no processo, p rocu rando m ostrar o porquê de assim 
agirem. C on tinuarem os com en tando a respeito das avaliações que são 
feitas dos cursos e dos seus bacharéis em Direito (pela própria sociedade e 
p o r rodas as instituições envolvidas). Depois, m ostram os qual o perfil e 
quais as habilidades que devem ser observadas na formação dos bacharéis 
em D ire ito (desde logo, c h a m a n d o a a tenção para o fato de que, 
infelizmente, poucos professores sabem que a habilidade mais exigida por 
todos é um a que não se exige de maneira algum a do bacharel em Direito: 
m em orizar as coisas). A partir daí, en tram os na busca da qualidade no 
ensino jurídico e fazemos algumas considerações finais.
Em tudo isso, guiou-nos o desejo profundo de dar um a parcela de 
contribuição para os estudos e as práticas em prol da m elhoria do ensino 
jurídico. Jamais tivemos a pretensão de pontificar a respeito. Sim, pois 
temos plena consciência que, nesta área, cada dia aprendem os algo de 
novo.
H I S T Ó R I C O D O S C U R S O S J U R Í D I C O S
As faculdades de D ire ito foram criadas n o Brasil há mais de 170 
anos, através da Lei de 11 de agosto de 1827, decretada pela Assembléia 
Geral e sancionada pelo Im perador D . Pedro I. Inicialmente, tivemos os 
cursos de O linda (PE) e São Paulo (SP). O objetivo imediato seria a 
formação de bacharéis em Direito para suprir as necessidades do Império,
11
evitando assim que os nossos jovens tivessem que atravessar o Occano 
Atlântico para buscar, na Europa, um a educação universitária.
Daqueles “embriões” iniciais, chegamos hoje a um número superior 
aos 400 (quatrocentos) cursos, com aproximadamente 300.000 (trezentos 
mil) estudantes. D en tre eles e de u m lado, temos cursos com vestibular 
para apenas 80 (oitenta) alunos por ano; enquan to de ou tro lado, alguns 
que ousam abrir 1.000 (mil) vagas (ou mais), em cada um desses concursos. 
Se volvermos os olhos para os Estados Unidos, com praticam ente um a 
centena de milhão de habitantes a mais do que o Brasil c apenas 190 
(cento c noventa) cursos de Direito , passamos (no m ínim o) a m editar 
sobre a necessidade ou não de novos cursos po r aqui.
N o âm bito profissional, a OAB já registra em seus quadros mais 
de 500.000 (quinhentos mil) advogados inscritos e os estagiários já devem 
superar a marca dos 50.000 (c inqüenta mil) bacharelandos.
Vale ressaltar que houve u m a exacerbada e acirrada corrida pela 
a b e r tu r a de n ovos cursos ju r íd ic o s , nos ú l t im o s an o s . C h a m a 
significativamente a atenção o fato de que se levou quase 170 (cento e 
setenta) anos para se chegar aos 190 (cento e noventa) cursos - niimero 
equivalente ao quadro atual dos Estados Unidos. C on tu d o , somente nos 
últimos 5 (cinco) anos, quase 200 (duzentos) novos cursos foram abertos.
Para se ter um a idéia do quadro atual, é im portan te observar que 
apenas 229 (duzentos e vinte e nove) cursos de Direito foram submetidos 
ao Exame Nacional de Cursos - Provão, neste ano 2 .000. Isso significa 
que duas centenas de novos cursos ainda não formaram sua primeira turma!
M esm o assim, não se pode desconhecer algumas realidades.
Primeira - a grande contribuição c|ue, ao longo de todos esses 
anos, os cursos de Direito vem dando para a formação dos nossos jovens;
Segunda - na faixa etária dos 18 aos 25 anos, é m u ito baixo o 
índice de jovens brasileiros que se encon tram cursando o terceiro grau; o 
que implica na necessidade de se trabalhar para que m uitos mais deles 
cheguem até o ensino universitário (e que o terminem);
Jerceira - o curso de Direito se constitui no único curst ' - iperior 
que prepara, com exclusividade, os recursos hum anos que com poem um 
dos Poderes da República: o Judiciário; além disso, preparam tam bém
12
todas os outros profissionais envolvidos com a administração da Justiça: 
Advogados (piibíicos c privados), P rom otores de Justiça e Delegados de 
Polícia.
Tudo isso aum enta mais a responsabilidade dos cursos jurídicos e 
exige que todos pugnem , incansavelmente e cada vez mais, po r apresentar 
melhores índices de qualidade. Afinal, pode-se dizer que deles depende, 
em boa parte, a melhoria da própria sociedade em que vivemos.
N ão é sem razão, portanro , que essas situações e esses fatos todos 
despertaram a OAB para cham ar a si a responsabilidade por participar 
tam bém do processo de melhoria da qualidade do ensino jurídico, com o 
veremos m elhor na parte següinre deste artigo.
Reflexo primeiro desse envolvim ento da O A B pode ser retirado 
da luta que teve com o im portan te conseqüência a elaboração da Portaria 
n" 1.886 /94 doM E C (obrigatória a partir do período letivo 97.1), cujo 
principal objetivo é a elevação da qualidade dos cursos de Direito. A bem 
da verdade, impõe-se ressaltar que a conquista desse d ip lom a legal não foi 
m érito exclusivo da OAB. D e m aneira alguma. Pode-se dizer que essa 
reforma do ensino jurídico contou com o m aior consenso já havido, no 
Brasil, em torno de um a norm a jurídica. Todos os parceiros envolvidos 
foram consultados, tendo fornecido suas idéias, sugestões e contribuições, 
que foram acatadas. Inúm eros encontros, seminários, palestras e oficinas 
de trabalhos foram realizados até se chegar à forma final, com todas as 
novidades (boas) que foram trazidas aos cursos jurídicos: novas diretrizes 
curriculares, monografia de final de curso, niicleo de prática jurídica, 
a t iv idades c o m p le m e n ta re s , in te rd isc ip l in a r id a d e , lab o ra tó r io de 
informática jurídica, m elhoria das bibliotecas e outras.
C o m satisfação, colhemos depo im en tos de faculdades que já 
formaram turm as nos moldes da nova portaria, as quais atestam que a 
diferença é notável na qualidade do “novo” Bacharel em Direito. Mas, 
convém sempre se ressaltar que a portaria, po r si só, não tem o condão de 
melhorar tudo com o n u m passe de mágica. Im p o rtan te se afirm ar que o 
em penho do fator hum ano , representado principalm ente pelos dirigentes 
e pelos professores de Direito , é imprescindível para as conquistas que se 
im põem .
13
A P A R T IC IP A Ç Ã O D A OAB: P O R Q U E A IN T E R V E N Ç Ã O ?
Em bora a sensação seja aquela de u m a compreensão (ou apoio) 
quase unânime a essa participação da OAB no processo indutor de melhoria 
da qualidade do ensino jurídico e das faculdades de Direito, às vezes somos 
questionados: por que a intervenção?
Além do que já tivemos oportunidade de aqui conversar, queremos 
ressaltar mais alguns pontos que precisam ficar esclarecidos. E, ao fazer 
esse exame, lembramo-nos do que u m a vez escreveu B E R N A R D SHAW, 
ao se surpreender com a atitude de alguns hom ens que vêem as coisas 
com o elas são e simplesmente perguntam: “Por quê?” Pelo que ele afirmou 
o seu credo: “Eu sonho com as coisas que ainda não aconteceram e 
pergunto: ‘Por que não?”’.
O sonho im aginado pela O A B foi aquele de transform ar as 
fliculdades de Direito. Cremos que algo com o o pensam ento de SH A W 
inspirou a OAB a assim sonhar e perguntar: “po r que não?"
A resposta veio com buscar transform ar a u topia cm realidade, o 
que com eçou com a criação da Comissão de Ensino Jurídico da OAB, 
em 1992. Ela é com posta po r Conselheiros Federais (sendo a Presidência 
escolhida entre um deles) e por advogados de todo o país e que sejam 
também professores de Direito, sempre com conhecimentos reconhecidos 
nessa área específica.
Desde então, a Com issão to m o u consciência da tarefa a ser 
desenvolvida e partiu para se reunir não só com o M E C , mas com todas 
as faculdades de D ire ito do Brasil. D os m uitos debates, seminários, 
congressos e oficinas de trabalho veio à baila a Portaria n° 1.886/94, 
reform ando totalm ente o anterior currículo dos cursos c pugnando por 
transformar as antigas “faculdades de leis” em verdadeiras Faculdades de 
Direito!
Antes de continuar, é m u ito im portan te ressaltar um detalhe 
fundamental: a OAB não entrou no processo de avaliação com o objetivo 
de fechar os cursos de Direito. Absolutamente! O grande objetivo da 
OAB é lutar pela melhoria desses cursos, é ser um ins trum ento indu tor 
de qualidade. Por isso, vai continuar sendo sempre intransigente com quem 
não se preocupa em fazer bem feito, com quem procura iludir seus alunos.
14
com quem não apresenta interesse em melhorar. Mas, de ou tra parte, vai 
con tinuar tam bém intransigentem ente defendendo e ajudando todos 
aqueles que querem dar o m elhor aos seus alunos, que querem um a 
sociedade mais jusca e democrática, que querem lutar pelo Dire ito com o 
instrum ento de obtenção da paz social.
Feita a ressalva, e imperioso cham ar a atenção para o fato de não 
haver sombra de dúvida que a nova Constituição Federal elevou a advocacia 
a um m únus social, to rnando o Advogado indispensável à realização da 
Ju s t iç a (art . 133). E m c o n s e q ü ê n c ia dessa m esm a C o n s t i tu iç ã o 
democrática, houve o despertar da cidadania e um m aior conhecim ento 
dos direitos de rodos, fazendo o Poder Judiciário passar a ser m uito mais 
acionado, exigindo Magistrados cada vez mais com petentes no seu ofício. 
Acrescente-se que, consti tucionalm ente falando, tam bém o Ministério 
Público ganhou muitas outras atribuições para a proteção dos direitos 
difusos, além do seu papel de fiscal da lei. N ão se pode olvidar, tam bém , 
a exigência da sociedade com o maior cuidado que os entes piiblicos devem 
ter na defesa judicial do Estado e da adm inistração pública, através dos 
seus Procuradores, e o anseio de que os instrumentos repressores do mesmo 
Estado sejam comandados po r Delegados de Polícia com conhecimentos 
e formação específica em Direito.
T udo isso é razão mais do que suficiente a provocar, com o 
provocou, a OAB a se preocupar com a qualidade do Bacharel em Direito. 
Afinal, até m esm o por disposição legal, a O A B tem a tarefa de m anter o 
Estado D em ocrático de Dire ito e tam bém possui o im portan te papel de 
defesa da cidadania. Daí a exigência legal para que ela se pronuncie a respeito 
de rodos os cursos de Direito: tan to no pedido de abertura quan to no seu 
reconhecimento.
N o en tan to , deve ser ressaltado que a luta da O A B não surgiu 
som ente com o advento do novo Estatu to da Advocacia e da O rd e m dos 
Advogados do Brasil (Lei n° 8 .906 /94 ) . Fazendo-se u m retrospecto 
histórico, verifica-se que o tem a do ensino juríd ico perpassa todas as 
Conferências Nacionais dos Advogados, desde aquela primeira de 1958, 
no Rio de Janeiro.
Antes m esm o de existir essa exigência legal (havida justam ente 
com 0 novo Estatuto), a O A B criou a Comissão de Ensino Jurídico -
15
CEJ. Hoje, ela é encarregada de, em nom e do Conselho Federal, emitir o 
parecer prévio sobre a criação de um novo curso jurídico, bem como 
sobre o reconhecimento (ou a renovação desse reconhecimento) dos cursos 
já existentes e em funcionamento. E m bora referidos pareceres não tenham 
caráter vincuiativo, eles são emitidos com a m áxim a responsabilidade, 
bascando-se não só nos requisitos c exigências legais para a formulação do 
projeto de criação de um novo curso, mas tam bém se exam inando o 
pre tendido pelas instituições interessadas e em dados coletados jun to ao 
Poder Judiciário, às estatísticas locais e às Secionais e Subsecionais da OAB 
(as quais podem sc p ronunciar a respeito).
Para os reconhecimentos de cursos existentes, além dos dados 
acima, a OAB envia um a Comissão Verificadora que, através de critérios 
objetivos, examina o func ionam ento do curso - in loco, - bem com o o 
atend im ento às exigências que qualificam c perm item o funcionam ento 
de um curso de Direito. A inda assim, norm alm ente são feitas novas 
diligências pela C EJ/O A B para que, u m a vez cumpridas, possa ser dado o 
parecer favorável ao reconhecimento.
Alem disso, essa Comissão procura dialogar com o Ministério da 
Educação (especialmente com as entidades que trataremos no item a seguir), 
bem com o com os envolvidos com os cursos de Dire ito brasileiros, 
objetivando sempre m elhorar a qualidade do ensino jurídico.
Conscien te do seu papel in d u to r de qualidade, a O A B tem 
realizado, através da CEJ, u m a serie de seminários sobre ensino jurídico. 
Nesta administração (1998 /2001), cinco deles estão sendo realizados, 
sempre com grande participação de professores,mantenedores, dirigentes, 
consultores e alunos de Direito, além da marcante presença de educadores 
que se interessam pelo assunto e que têm dado valiosa contribuição para a 
melhoria dos nossos cursos jurídicos.
N u m outro ângulo, pode-se dizer que o Exame de O rd e m sc 
constitui tam bém n u m eficiente in s trum ento de aferição da qualidade 
dos cursos jurídicos. C o m efeito, as estatísticas estão com provando que 
determinados cursos estão sempre ob tendo elevados índices de aprovação 
dos seus egressos no exame da O A B para a entrada dos novos bacharéis 
nos seus quadros de advogados, o que lhes atesta a qualidade. E nquan to 
que outros cursos apresentam sem pre resultados m u ito sofríveis.
16
Fazemos crer que o Exame dc O rd e m serve não só com o um 
instrum ento de aferição dos bacharéis, para a O AB, mas igualmente para 
que ela possa conhecer m elhor os cursos de Dire ito . Além disso, os 
resultados tam bém servem com o u m a espécie de alerta para os vários 
cursos que não têm apresentado bons resultados, os quais precisam 
melhorar para um a maior aprovação dos seus bacharéis.
Aqueles que partic ipam do processo com o u m rodo (pareceres, 
discussões, reuniões, palestras, sem inários, comissões verificadoras, 
elaboração de livros e artigos, organização e realização de palestras, 
seminários e oficinas de trabalho) sentimos que o trabalho pode ter falhas 
(eis que feito por seres hum anos), mas os resultados estão sendo m uito 
promissores. Prova inequívoca disso é a existência, hoje, de um maior 
interesse no diálogo, de u m m aior interesse em se fazer mais e melhor. 
E, para cum prir esse objetivo, a O A B está sempre p ron ta a ajudar e a ser a 
que mais trabalha nesse sentido.
A P A R T IC IP A Ç Ã O D E O U T R A S I N S T IT U IÇ Õ E S
Além da OAB, outras instituições tam b ém se p reocupam com a 
qualidade dos cursos jurídicos no Brasil. Vamos tratar de todas elas nesta 
parte do artigo.
C O L É G I O B R A S IL E IR O D E F A C U L D A D E S D E D I R E I T O -
D en tre as várias entidades vinculadas ao ensino jurídico, talvez a mais 
antiga seja o Colégio Brasileiro de Faculdades de Direito. Por mais de três 
décadas, o Colégio vem se reun indo em todas as regiões do país, sempre 
procurando integrar todas as faculdades e congregá-las nas discussões sobre 
a maneira com o é possível formar melhores bacharéis. Essa entidade é 
um a das únicas com caráter privado, por isso não tem as funções legais de 
intervenção, com o acontece com as entidades públicas. C o n tu d o , por 
ocasião das discussões que levaram à Portaria n° 1.886 /94-M E C , o Colégio 
tam bém deu sua im portante contribuição, partic ipando dos debates e das 
discussões sobre o novo currículo dos cursos de Direito . H o je em dia, ele
17
continua realizando o seu congresso anual e pugnando sempre pela melhoria 
do ensino jurídico e das faculdades de Direito.
C O M IS S Ã O D E ESPEC IA LISTA S D O M E C - Paralelamente à 
criação da Comissão de Ensino Juríd ico , da OAB, o M inistério da 
Educação criou a sua Comissão de Especialistas no Ensino do Direito, 
diretam ente ligada à Secretaria de Educação Superior - SESu. A escolha 
dos seus membros {sempre professores de Direito) é efetuada a partir de 
um edital publicado no Diário Oficial da União (D O U ) , solicitando às 
Instituições de Ensino Superior (lES) que indiquem dois doutores de seu 
corpo docente para fazer parte da Comissão. A partir desses nomes, a 
escolha e feita diretam ente pelo M E C . E interessante fazer um registro 
histórico: de início essa Comissão con tou com alguns m em bros que 
pertenciam tam bém à C E J/O A B . Essa feliz coincidência inicial em 
m uito facilitou os trabalhos que conduziram à promulgação da Portaria 
n" 1.886/94 e à sua implementação.
Por sua vez, as im portantes atribuições legais da C E E D /SE Su são 
aquelas de opinar sobre os processos de autorização para o funcionamento, 
de reconhecimento e de renovação do reconhecim ento dos cursos de 
Direito. O instrum ento utilizado pela SESu é cham ado “Condições de 
Oferta”. Ele foi desenvolvido há algum tem po e é usado tam bém pela 
OAB. Além disso, essa Comissão pode orientar e fazer sugestões quan to 
à política do M E C para as faculdades de Direito.
Rcccntcmente, a C E E D /S E S u estabeleceu um a sistemática de 
“audiências públicas”, através das quais as lES poderão se pronunciar sobre 
vários temas de seu interesse, bem com o sobre os seus processos em trâmite.
Mas, quem realmente decide sobre a abertura ou não de um novo 
curso de Direito ou sobre o seu reconhecim ento é o Conselho Nacional 
de Educação. E é fora de questão que este se constitu i n u m forte 
instrum ento de avaliação dos cursos, apreciando-os tan to no seu estágio 
inicial quanto naquele determ inante do seu reconhecimento.
I N S T I T U T O N A C I O N A L D E E S T U D O S E P E S Q U I S A S 
E D U C A C IO N A IS - A partir de 1996, um outro órgão do M E C , o 
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP, começou
a realizar o Exame N acional de Cursos, apelidado s im plesm ente de 
“Provão”. Este se to rnou talvez no mais Forte in s trum ento de avaliação 
não só dos cursos de Direitos, mas de todos os cursos superiores que 
examina. Inicialmente, o Provão foi m u ito com ba tido e até teve um 
elevado percentual de boicote por parte dos bacharelandos. N o entanto, 
faz-se crer que, completado o primeiro ciclo de cinco anos e cinco exames, 
ele está praticam ente consolidado e deve se to rnar irreversível.
Os dados do Provão são m uito relevantes para todos os que 
estudam os cursos jurídicos no Brasil, não só pelos resultados das provas 
em si, como também pelas respostas que são dadas pelos próprios estudantes 
a um questionário socioeconômico que lhes é enviado para preenchimento 
antes do dia da prova. Nele os estudantes tam bém em item suas opiniões 
sobre o curso que freqüentaram.
A U TO -A VA LIA ÇÂ O — Alem de todas essas instituições, a maioria dos 
cursos de Direito possui aquilo que podem os denom inar de “um controle 
interno de qualidade”. C o m efeito, talvez inspirados pela m etodologia 
do Programa de Avaliação Interna das Universidades Brasileiras - PAIUB, 
vários cursos possuem um rígido acom panham ento de professores, alunos 
e egressos, objetivando implantar uma cultura de melhoria da sua qualidade, 
com reflexos extrem am ente positivos.
Nesse sentido, procuram os cursos realizar congressos, seminários 
e palestras não só para a m elhoria do desem penho dos seus alunos, mas 
também para que os seus professores tenham condições de conhecer melhor 
o ensino jurídico e de aprender as mais m odernas técnicas pedagógicas 
aplicadas ao Direito. Tudo isso sem descuidar de que os docentes possam 
atualizar e m elhorar os conhecim entos específicos nas disciplinas que 
lecionam. Aí está incluído tam bém o estímulo dado a que façam cursos 
de pós-graduação. (M uito em bora já tenham os tido oportun idade de 
lamentar que, em alguns casos, entidades particulares ainda não entenderam
o alcance de ter seus docentes m elhor qualificados. C o m isso, apenas lhes 
dão um a licença não-rem unerada, q u an d o eles se afastam para cursar a 
pós-graduação fora da sede de sua faculdade. Felizmente, não são m uitos 
os que assim ainda procedem... em prejuízo de sua própria qualidade).
19
Essas, portanto , as entidades públicas e privadas que tratam da 
matéria pertinente à melhor qualificação dos cursos jurídicos. Entretanto, 
não poderíam os deixar de registrar, com satisfação, que mais duas 
institu ições se ju n ta ra m recen tem en te a essa luta: o In s t i tu to dos 
Advogados Brasileiros - lAB e a Associação Brasileira de M antenedores 
de Ensino Superior- ABM ES. Ambas já realizaram encontros com as 
Faculdades de Direito para discutir o ensino jurídico, com resultados 
m uito proveitosos que estão encam inhando ao M E C e à OAB.
AS A V A L IA Ç Õ E S : S O C I E D A D E , C O M I S S Õ E S , P R O V Ã O , 
O A B /R E C O M E N D A
Passemos agora a exam inar as diversas avaliações a que são 
submetidos os cursos jurídicos, conform e acima mencionados.
S O C IE D A D E - Alguns anos atrás, antes m esm o da promulgação da 
Portaria 1.88 6 /9 4 -M E C , um empresário m ineiro vociferou bravamente 
contra os cursos jurídicos e a m á preparação dos bacharéis, escrevendo um 
artigo publicado na última página da revista Veja, ao qual deu o título de 
“N ão sou cobaia de rábula!” .
Recentemente, no dia 31 de agosto de 2000, um editorial do 
jornal O Globo elogiou as faculdades de Direito pelo trabalho prestado às 
comunidades carentes, através dos núcleos de prática jurídica. C om o título 
de ' O que dá certo", o jornal tece o seguinte comentário: “D e norte a sul, 
faculdades de direito estão ajudando a suprir as insuficiências das defensorias 
públicas, com a instalação de escritórios-modclo de advocacia. Já existem 
mais de 300. D e um lado, beneficiam estudantes com um a experiência 
im portante para a vida profissional; de outro, socorrem pessoas pobres, 
que não podem pagar advogado.”
C o m o visto, as opiniões emitidas pela sociedade vá o da crítica 
exacerbada ao registro positivo e em apoio ao trabalho dos cursos de Direito. 
As exigências da sociedade atual aumentam a cada dia. O campo de trabalho, 
a cada dia mais acirrado, cria a dem anda para profissionais do Direito cada
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vez melhor qualificados. Os desafios sociais são muitos e os cursos jurídicos 
não escapam a esse concrole social.
Verifica-sc que em cidades g randes e co m vários cursos, o 
ju lgam ento social se reflete na d isputa por vagas naquela instituição 
específica, m elhor conceituada. E m cidades m enores, especialmente 
naquelas em que existe apenas um curso, ele pode ser fonte de orgulho 
para sua população. Tudo vai depender da seriedade e da com petência 
com que os cursos sejam conduzidos.
Um fato interessante dessa cobrança tem surgido dos questionários 
respondidos pelos bacharelandos em Direito que se submeteram ao Provão. 
Por incrível que possa parecer, em to rno de 6 0 % {sessenta por cento) 
daqueles que fizeram o exame em 1999 disseram que os seus cursos 
poderiam ter exigido mais ou m uito mais do seu corpo docente. Pelo 
visto, a opinião dos estudantes parece refletir aquela crítica feita antigamente 
de que term inar o curso de Direito era um a mera questão biológica...
C O M IS S Õ E S V E R IF IC A D O R A S - Para dar u m a satisfação a essa 
sociedade e para conhecer a verdade dc cada curso, tanto a OAB quanto o 
M E C utilizam-se dc comissões verificadoras. Elas visitam cada um dos 
cursos e em item relatórios circunstanciados da situação encontrada. 
Referidas análises servem não só para instruir os pareceres dados pela OAB 
e pelo M E C , com o tam bém para que as faculdades de Direito possam 
fazer suas “correções de percurso”, m elhorando seus desempenhos.
O s relatórios dessas comissões são d iv id idos em três partes 
fundam entais : instalações físicas, corpo docen te e pro je to didático- 
pedagógico (sobre o que conversaremos mais adiante). N ão resta dúvida 
de que todos os três itens são im portantes e relevantes, mas os dois últimos 
possuem um percentil maior na determinação do conceito a ser atribuído 
ao curso.
P R O V Ã O - C om o já foi m encionado antes, o Provão constitui mais um 
in s t ru m e n to de avaliação. C o o rd e n a d o pelo I N E P / M E C , os seus 
resultados são aqueles que possuem m aior repercussão nos órgãos de 
imprensa e, por isso, são os mais divulgados. E m conseqüência, para o
21
gran d e púb lico o P rovão se co n s t i tu i ho je na p r inc ipa l fo n te de 
conhecim ento da situação dos cursos.
C on tudo , as instituições de ensino superior mantenedoras dos 
cursos jurídicos têm algumas críticas ao Provão, as quais já foram discutidas 
por duas vezes nos seminários nacionais prom ovidos pela C EJ/O A B. 
A principal reclamação vem a ser aquela de que o curso não é diretamente 
avaliado e sim os seus estudantes. Justamente estes que não teriam qualquer 
com prom isso com o exame, a não ser comparecer ao local designado e 
apor a assinatura. Entre tanto , nas várias projeções já feitas pelo IN E P 
(inclusive excluindo-se os piores resultados de cada curso e/ou os melhores 
resultados), o quadro não difere dos valores absolutos.
A esse respeito, vale a pena com parar os resultados obtidos pelos 
bacharelandos no Provão (onde se afirma que o estudante não tem 
com prom isso ) e pelos Bacharéis no E xam e de O rd e m (q u an d o o 
compromisso e total, pois só a aprovação permite a inscrição nos quadros 
da advocacia brasileira). O que se constata é que a semelhança de resultados, 
por curso, é m u ito grande. Ao m esm o tem po, verifica-se a existência de 
Estados onde os cursos de per si possuem resultados do Exame de O rd em 
um pouco melhores do que os obtidos no Provão. Paralelamente, em 
outros estados ocorre o inverso: os seus resultados no Exame de O rd e m 
são piores do que no Provão. D o n d e se conclui que, ao invés de pura e 
simplesmente procurar desqualificar os resultados (quer do Provão, quer 
do Exame de O rdem ), os cursos devem tê-los com o um bom term ôm etro 
aferidor de seu desem penho didático, de sua qualidade, enfim.
O A B /R E C O M E N D A - M esm o existindo esses instrum entos todos, o 
Conselho Federal da OAB se m ostrou ainda preocupado com o andamento 
da qualidade dos cursos jurídicos. C onhecedor da realidade existente em 
todo o Brasil e ouvidas as críticas que se apresentaram a cada avaliação, o 
Conselho deliberou autorizar a sua Comissão de Ensino Jurídico a proceder 
aos trabalhos de um novo tipo de avaliação, que está sendo conhecido 
com o o projeto “O A B /R ecom enda”.
Fruto de inúmeras discussões havidas ao longo de vários meses, 
entre os integrantes da p rópr ia C EJ, bem com o com professores e
22
m antenedores dc cursos jurídicos em todo o Brasil, o projeto pre tende 
coletar dados dos vários in s t ru m en to s dc avaliação existentes, para 
computá-los e reuni-los n u m d o cu m en to único onde se vai m ostrar à 
sociedade (e na medida do possível), a verdadeira situação de cada curso.
Dessa forma, estão sendo compilados dados fornecidos sobre os 
resultados dos Exames de O rd e m , em todas as Secionais da OAB, bem 
com o toda a enorm e quan tidade de informações contidas nos relatórios 
finais do Pro vão. Além disso, todo acervo de relatórios das comissões 
verificadoras vão ser examinados, bem com o as condições de oferta dos 
cursos.
Em sua edição de ju lho de 2000, o jornal O A B N acional, do 
C onselho Federal, publicou am pla reportagem sobre esse projeto, que é 
m uito mais de verificação do b o m func ionam ento dos cursos jurídicos. 
Ali foi estampada u m a lista con tendo os itens a serem considerados na 
avaliação:
- C o m portam en to dos egressos do curso no Exame de O rdem , 
da OAB;
- Resultado no Exame N acional de Cursos;
- Exame das condições dc oferra do curso;
- Projeto didático-pedagógico;
- Q ualidade da biblioteca;
- Realização de pesquisas;
- Existência e desem penho de núcleo de prática jurídica;
- Instalações físicas de salas de aulas e de administração;
- Q ualidade do corpo docente;
- Existência de publicações próprias;
- N ú m ero m édio de alunos em sala de aula;
- Publicações do corpo docente e do corpo discente:
- Existência de atividades com plem entares e com o são feitas;
- Existência de projetos de extensãouniversitária;
- Programa de auto-avaliação institucional.
O atend im ento a esses requisitos vai perm itir à O A B atribuir um 
conceito de recomendação ao curso, que já está sendo conhecido com o
23
"selo dc qualidade”. Mas, o principal objetivo da OAB é m ostrar à 
sociedade quem está fazendo bem feito.
C o m todos esses instrum entos dc avaliação ao seu inteiro dispor, 
os cursos jurídicos no Brasil podem se considerar privilegiados. Sim, pois 
essa gama total de informações, vinda de vários pontos, permite aos cursos 
fazer uma análise completa e sempre atualizada do seu desempenho. D entro 
da honestidade científica e acadêmica que deve orientar tanto avaliadores 
quan to avaliados, temos u m quadro altam ente favorável a que os cursos 
possam estar constantem ente m elhorando o seu desempenho, basta a 
vontade de fazer bem e partir para assim o fazer.
C O M O D E V E SER F O R M A D O O B A C H A R E L
Para ter realmente qualidade, o curso de Direito precisa saber 
exatamente qual o tipo dc bacharel que pretende formar. Infelizmente, 
são pouco freqüentes as perguntas que são encam inhadas à C E J/O A B 
objetivando saber com o deve ser essa formação.
No entanto, é bom a gente se perguntar: qual o perfil do Bacharel 
formado por m eu curso? Q uais são as habilidades que estou ensinando 
aos meus alunos com o sendo aquelas necessárias ao exercício de qualquer 
profissão no cam po jurídico? Mais: com o anda o projeto didático- 
pedagógico do meu curso?
Ao responderm os tais perguntas, podem os chegar a um a triste 
constatação de que a maioria (mais do que absoluta) dos nossos docentes 
desconhecem quais são as habilidades exigidas para seu estudante vir a ser 
um bom bacharel em Direito. N u m a certa ocasião arriscamos dizer que 
talvez 80% (oitenta por cento) dos professores de Dire ito não conhecem 
qual o perfil, nem quais as habilidades do bacharel em Direito. Para nossa 
surpresa, alguns professores e diretores de curso, participantes do encontro, 
acharam que tínham os sido m u ito complacentes em nossa estatística.
M as, aquelas pergun tas postas são m u i to im p o rtan te s para 
sabermos avaliar a quantas anda o m eu curso e com o vão os demais cursos 
jurídicos no Brasil. Calcados em vários docum entos e estudos que saíram
24
a respeito do assunto, bem como nas suas normas disciplinadoras, podemos 
traçar algumas linhas gerais sobre a matéria e o fazemos de forma didática 
c resumida, deixando a cada professor os com entários a respeito de cada 
item. Vejamos o que podem os dizer a respeito:
I. D O PE R F IL D E S E JA D O D O F O R M A N D O
Pelas exigências feitas pelas comissões examinadoras e, em especial, 
pelo próprio Exame Nacional de Cursos, podem os formular nada menos 
que oito itens que com põem o perfil desejado do formando e que deveriam 
ser explorados e incentivados du ran te todo o C urso de Direito:
1 °) permanente formação humanística, tecnico-jurídica e prática,
indispensável à adequada com preensão interdisciplinar do 
fenôm eno jurídico e das transformações sociais;
2°) c o n d u t a é t ic a a s so c ia d a à r e s p o n s a b i l id a d e soc ia l e
profissional;
3®) capacidade de apreensão, transmissão crítica e produção
criativa do Direito a partir da constante pesquisa e investigação;
4") capacidade para equacionar problemas e buscar soluções
harmônicas com as dem andas individuais e sociais;
5°) capacidade de desenvolver formas judiciais e extrajudiciais
de prevenção e solução de conflitos individuais e coletivos;
6°) capacidade de atuação individual, associada e coletiva no
processo comunicativo próprio ao seu exercício profissional;
7°) dom ín io da gênese, dos fundam entos , da evolução e do
con teúdo do o rd en am en to jurídico vigente; e
8°) consciência dos problemas de seu tem po e de seu espaço.
C u id an d o de se estudar esses itens e p rocu rando colocá-los em 
prática nas aulas e nas provas aplicadas aos alunos, o curso de Direito, 
com certeza, vai formar melhores bacharéis.
25
II. DAS H A B IL ID A D E S D ESEJAD A S D O F O R M A N D O
As habilidades constituem as qualidades indispensáveis para que o 
Bacharel cm Direito possa bem exercer o seu m únus profissional. Elas 
tam bém são fruto das preocupações e das obsei-vaçoes feitas po r todas as 
entidades envolvidas com ensino jurídico, bem com o pela metodologia 
utilizada nos Exames Nacionais de Cursos, e estão assim enumeradas:
1 leitura, com preensão e elaboração de textos e documentos;
2^) interpretação e apHcação do Direito;
3‘‘) pesquisa e utilização da legislação, da jurisprudência, da
dou trina e de outras fontes do Direito;
4-‘) correta utilização da linguagem - com clareza, precisão e 
propriedade fluência verbal e escrita, com riqueza de 
vocabulário;
5-’) utilização de raciocínio ju ríd ico , de a rgum entação , de 
persuasão e de reflexão crítica;
6'0 julgam ento e tom ada de decisões;
7-') d o m ín io de tecn o lo g ias e m é to d o s p a ra p e rm a n e n te
compreensão e atualização do Direito.
Vale ressaltar que essas habilidades são verificadas especialmente 
pelo Exame Nacional de Cursos, que faz a apuração dos resultados finais, 
por curso de Direito, individualmente. Por sua vez, os coordenadores de 
curso e diretores de faculdade recebem sempre o resultado obtido por 
seus bacharelandos, com as explicações respectivas das habilidades que 
foram solicitadas em cada pergunta. A partir do exame cuidadoso desse 
poderoso instrum ento , a direção do corpo docente vai ter condições de 
verificar onde seu alunado está mais fraco ou mais forte, para poder 
determ inar a m aior ênfase c as correções a serem feitas nos estudos 
ministrados.
III . D O P R O JE T O D I D Á T I C O P E D A G Ó G I C O
Cuidados devem ser tomados quando se elabora o projeto didático- 
pedagógico do curso. A sugestão que está sendo feita pelos diversos órgãos
26
envolvidos com o assunto Foi resumida recentem ente pela Comissão 
a d hoc, nom eada pelo M E C , no começo do ano 2000 , para rever as 
diretrizes curriculares dos cursos jurídicos. Eis aqui as recomendações 
propostas para o projeto:
l'i) objetivos gerais do curso, contextualizados em relação às 
inserções institucional, geográfica e social;
2=) condições objetivas de oferta (perfil, titulação e nom inata 
do corpo docente, infra-estrutura) e vocação do curso;
3^) m odos de desenvolvimento das habilidades de seus alunos 
para alcance do perfil de fo rm ando desejado;
4 ‘*) currículo pleno;
5^) cargas horárias da atividades didáticas e da integralização do 
curso;
6^) formas de realização da interdisciplinaridadc;
7-’) m odos de integração entre teoria e prática das atividades 
didáticas;
8^) formas de avaliação do ensino e da aprendizagem;
9' )^ m odos de integração entre graduação e pós-graduação, 
q uando houver;
10'0 m o d o s d e i n c e n t iv o à p e s q u is a , c o m o n e c e s sá r io 
prolongamento da atividade de ensino e com o instrumento 
da realização de iniciação científica;
11"') concepção e composição das atividades do estágio de prática 
jurídica;
12‘*) formas de avaliação in terna perm anen te do curso;
13^) concepção e composição do p rogram a de extensão;
14-*) concepção e composição das atividades complementarcs;
15^) regulam ento da monografia de final de curso;
16^) sistema de acom panham en to de egressos;
17^) formações diferenciadas, em áreas de concentração, quando 
necessárias ou recomendadas;
18^) oferta de cursos seqüenciais, q u an d o for o caso.
Ao lado de tudo isso, faz-se necessário lembrar que o corpo docente 
é fundam ental na formação do Bacharel. O s professores são aqueles que
27
transm item o Direito ao aluno. Eles precisam estar conscientes detudo 
isso que aqui foi dito nesce item. Eles precisam ter consciência de qual é o 
objetivo do seu curso, que bacharel sc deseja formar.
Em relação ao corpo docente, deve-se insistir que m uito mais que 
professores, eles sejam educadores. E m seus livros (especialmente no 
“Conversas com quem gosta de ensinar”), R ubem Alves faz m uito bem a 
distinção entre um e outro, entre aquele que é m eram ente um profissional 
do ensino e aqueloutro que se preocupa com a formação do alunado; 
entre aquele que meramente “bate o ponto” e aqueloutro que, preocupado 
com a form ação integral d o bacharel, não contabiliza horas e sim 
crcscimcnto c vitórias dos seus alunos. O autor ainda compara o educador 
a um a árvore velha, que tem u m a história. Aproveitamos o seu exemplo 
e o parafraseamos para dizer que a diferença entre um profissional do 
ensino e um educador pode ser com parada à diferença entre dois tipos de 
pinheiro: a araucária brasileira e o pinus eliotis. A araucária possui um a 
história tal que se to rnou símbolo de um dos estados brasileiros (o Paraná), 
enquanto o pinus m eram ente é p lantado para ser rapidamente derrubado 
e utilizado para fins industriais (principalmente para o papel).
Assim, cabe a cada um de nós, docentes, fazer a opção entre sermos 
meros “repassadores de conhecimentos” (e, às vezes, até pior: meros leitores 
do que está escrito na lei) ou sermos verdadeiros educadores, preocupados 
com a formação integral dos bacharéis em Direito. Logicamente, a liderança 
de um bom diretor faz com que todos se engajem nessa luta.
C o m to d as essas co n s id e raçõ e s , faz-se c rer q u e , e m b o ra 
aparentemente difícil, a luta por um bom curso de Direito é hum anamente 
possível. Fazer bem feito só depende de cada um de nós.
A B USCA D A Q U A L ID A D E
F in a lm en te , a busca da q u a l id ad e p o d e ser o b t id a co m a 
observância dos seguintes itens (alguns dos quais já aqui abordados):
IN ST A L A Ç Õ E S FÍSICAS — Para o func ionam ento de um curso de 
Direito, é recomendável que a faculdade tenha suas instalações próprias.
28
Isso faz com que não seja aconselhável o que alguns cursos fazem, ao 
funcionar por som ente um período em espaço físico que perrence a um 
colégio dc segundo grau. Pode-se até adm itir que o curso assim comece, 
mas não c m u ito recomendável que esta seja a situação perm anente.
As instalações físicas completas de u m curso de Dire ito implicam 
não somente na existência de sala de aulas suficientes para todas as turmas, 
mas tam bém salas suficientes para o func ionam ento da administração do 
curso e para que os professores possam ter condições de estudar, pesquisar, 
preparar aulas e artigos, bem com o fazer orientação de alunos, na própria 
faculdade. Além disso, local p róprio para func ionam ento do núclco de 
prática jurídica, do laboratório de informática jurídica, da biblioteca.
Embora não seja um a exigência legal, a maioria dos cursos jurídicos, 
em m uito boa hora, está providenciando espaço para o funcionam ento 
de Juizados Especiais Cíveis e Criminais em suas próprias instalações. Isso 
não só auxilia na preparação do seu alunado, com o ajuda a Justiça a chegar 
mais perto dos ju risd ic ionados (com o já tivem os o p o r tu n id a d e de 
com entar acima, com o editorial de um jornal). Para atingir esse louvável 
objetivo, os cursos de Dire ito tem con tado com a grande com preensão e 
contribuição do Poder Judiciário.
C O R P O D O C E N T E - A exigência m aior é feita q u an to a preparação 
acadêmica do corpo docente. Assim, a cada dia cresce a dem anda por mais 
mestres e doutores nos cursos jurídicos. Legalmente falando, os cursos 
deverão ter, pelo menos, um terço de seus professores com título de pós- 
graduação, em sentido estrito.
As vantagens são inquestionáveis e os benefícios para o curso 
incalculáveis. Os estudos em nível de pós-graduação têm o condão dc dar 
um a melhor preparação e u m a m elhor visão do Direito para o docente, o 
que se reflete na m elhor preparação do Bacharel.
P R O JE T O D ID Á T I C O - P E D A G Ó G I C O - A esse respeito, já tivemos 
oportun idade de conversar na parte anterior deste trabalho. Ressalvamos 
apenas a necessidade de cada curso ter seu próprio projeto didático- 
pedagógico, de acordo com suas peculiaridades. U m projeto que seja “a
29
&ua cara” e que possa d istinguir aquele curso dos demais. É sempre 
convcnicntc lembrar que se deve evitar turm as m uito grandes. Elas não 
perm item ao professor ter controle sobre os alunos, nem saber com o eles 
estão progredindo no conhecim ento da matéria. Deve-se evitar que o 
professor tenha que realizar “comícios” ao invés de dar aulas.
Q uan to ao projeto didático-pedagógico, um a das perguntas feitas 
com m uita freqüência é a respeito da possibilidade ou não de o curso 
promover um a espécie de ‘especialização”, ao seu final. Inicialmente, há 
de se ponderar que a “especialização” em si é tarefa para a pós-graduação, 
em sentido largo. Aos cursos de graduação é admissível fazer um a espécie 
de “concentração” em alguma determinada área do Direito, especialmente 
se a direção do curso observar que há u m a dem anda social específica. 
Veja-se a esse respeito que as conclusões da Comissão a d hoc, nomeada 
para verificar a possibilidade de m udanças nas diretrizes curriculares de 
Direito, op inou favoravelmente a essa concentração, q u ando fala em 
^'formações diferenciadas, em áreas de concentração, quando necessárias ou 
recomendadas'' - Vide a 6^ parte desse trabalho.
P R Á T IC A J U R ÍD I C A - U m a grande m udança que tivemos com o 
advento do novo currículo de Direito foi justamente a exigência da prática 
jurídica, em substituição às antigas práticas forenses, que serviam apenas 
para o Bacharel ser dispensado do Exame de O rd em . Assim, os núcleos 
vão se preocupar em preparar o bacharelando não só para ser advogado, 
mas tam bém para o exercício de qualquer profissão na área jurídica. 
A exigência da prática jurídica é curricular e é imprescindível para a obtenção 
do diploma.
A prática jurídica deve ser feita tan to simulada quan to real.
N ão podemos esquecer que os cursos poderão sim ter um a prática 
dedicada especia lm ente à advocacia. Ela é feita através do estágio 
profissionalizante. Esse estágio é extracurricular e só pode ser feito em 
convênio com a OAB.
M O N O G R A F IA D E F IN A L D E C U R S O - E m palestra realizada em 
Santa Catarina, tivemos oportun idade de ouvir o Prof. CÉSA R L U IZ 
PASO LD (autor, dentre outros, do livro “Prática da Pesquisa Jurídica”)
30
dizer tcxtuaimcnte “bendita monografui”. Realmente, concordamos com 
essa posição. A monografia de final de curso permite ao bacharelando ter 
condições de saber com o elaborar um trabalho de cu n h o científico.
C o n tu d o , não sc deve exacerbar a im portância da monografia. 
Professores orientadores, temos um im portante papel a desempenhar, pois 
o estresse dos bacharelandos é fruto justam ente da superestimação do 
trabalho de sc elaborar a monografia. A esse respeito, costumamos mosrrar 
aos alunos que eles devem d im inu ir a dificuldade do trabalho e aum entar 
o reconhecim ento de sua própria capacidade, pois eles têm perfeitas 
condições de elaborar o trabalho. Afinal, em term os bem simples, a 
“tradução” da palavra m onografia e “escrever sobre u m assunto”. N ada 
mais.
A T IV ID A D E S C O M P L E M E N T A R E S - As atividades complementares 
foram criadas para permitir um a formação mais completa do bacharelando. 
Assim, os cursos poderão p rom over eventos que serão aproveitados pelo 
aluno, em forma de créditos, para compicmentação do seu currículo. C om 
isso, a freqüência a seminários, palestras, simpósiose congressos permite 
que o aluno possa diversificar e am pliar seus conhecim entos jurídicos. 
C ada curso vai ter seu próprio regulam ento para decidir quais atividades 
poderão ser com putadas com o de finalidade didática. A coordenação do 
curso fica encarregada de contro lar e registrar as atividades que são 
desenvolvidas ou assistidas po r cada um de seus alunos.
E S T Á G IO P R O F IS S IO N A L D E A D V O C A C IA - C o m o ressaltado 
acima, este tem o papel de preparar o bacharelando para o exercício 
profissional da advocacia e deve ser feito a partir de convênio com a OAB. 
Ele possui previsão legal no Estatuto da Advocacia e da OAB, possuindo 
caráter extracurricular (podendo inclusive ser oferecido a pessoas já 
graduadas). Ressalte-se que a orientação d idática desse estágio é da 
faculdade de Direito.
Ele deve ser leito com atividades práticas típicas de advogado e 
dedicar tem po tam bém para o estudo do Estatuto da Advocacia e da 
OAB, bem com o do Código de Ética e Disciplina.
3 !
REVISTA D O C U R S O - Para que o curso possa tornar público aquilo 
que está sendo feito por seus docentes e discentes, é im portan te que o 
curso dc Direito publique unia revista própria. U m a boa parte dos cursos 
estão assim agindo e temos notícia até de curso onde os alunos tam bém 
tem sua própria revista, às vezes se utilizando até da In ternet, para um a 
revista virtual (como está acontecendo na U FR N ). D e qualquer forma, as 
letras jurídicas brasileiras só têm a ganhar com essas revistas, que permitem 
a todos conhecer o que se está es tudando e o que se está fazendo em 
termos de Direito, no Brasil.
A T IV ID A D E S D E E X T E N S Ã O - N ão pode o curso de Direito se 
esquecer que possui um a forte inserção social. Ele representa não só um 
grande avanço sociocultural para o local onde esteja sediado, como também 
tem grandes condições dc até modificar a realidade na qual está inserido. 
Isso tudo pode e há de ser feito com atividades dc extensão. Nos seminários 
p ro m o v id o s pela C E J /O A B , cem-se verif icado experiênc ias (que 
denom inam os dc “exemplares” co m a finalidade não de exaltar, mas de 
servir efetivamente de “exemplo” para que outros cursos possam assim 
tam bém agir), as quais bem dem onstram o esforço de vários cursos para 
tornar m elhor a vida das pessoas que vivem na com un idade onde eles se 
inserem.
Um dos melhores exemplos dessas atividades está não só nos 
serviços jurídicos cm sentido escrito, mas tam bém nas chamadas “caravanas 
da cidadania”, onde professores e alunos são envolvidos para d ifundir os 
direitos que cada pessoa possui. Dessa forma, orientam a todos quan to 
aos docum entos legais que devem ter (e ajudando-os a obtê-los), além de 
m ostrar os direitos inerentes a cada cidadão - tanto políticos, com o 
trabalhistas, com o previdenciários, com o de proteção ao meio ambiente, 
entre outros.
P E SQ U ISA J U R ÍD IC A - Para que o curso cresça. Para que seus alunos 
e professores cresçam. Para que o curso possa ter a merecida reputação de 
qualidade. Para tudo isso, é imprescindível a pesquisa jurídica. N ão é com 
a mera repetição do que foi dito po r outros que se vai fazer crescer a 
ciência jurídica. Assim, ela fica estagnada.
32
Por tais motivos, é imprescindível que a pesquisa jurídica seja 
estimulada nos cursos de Direito. Ela vai perm itir u m a m aior facilidade 
para os alunos elaborarem suas monografias de final de curso, vai permitir 
descobrir novos cam inhos para o direito das pessoas, vai consolidar os 
conhecimentos havidos no curso, vai perm itir a melhoria da faculdade de 
Direito , em si. R econhecendo essas qualidades, procura-se estimular os 
cursos particulares a que ded iquem parte do seu fa turam ento (2% , que 
seja) à pesquisa jurídica. O s depo im entos recebidos daqueles que assim 
procederam são os mais animadores, pois o crescimento foi m uito grande.
C o m essas observações, fazemos crer que o curso vai ter condições 
não só de alcançar a desejada qualidade, mas sim ultrapassá-la a cada dia. 
Tudo é um a questão de querer fazer e, então, realizar a u topia pretendida.
C O N S ID E R A Ç Õ E S FINAIS
D e tudo que acabamos de escrever, podem os chegar a algumas 
considerações finais, além de todas aquelas que apresentamos ao longo de 
todo este artigo:
1°) Deve ser objetivo de todo curso a tentativa de formar aquilo 
que podem os d en o m in a r com o “bacharel integrai”. Nele 
está contida não só a capacidade técnica para exercer o múnus 
em q u a l q u e r p ro f is s ã o j u r íd i c a , c o m o t a m b é m os 
co n h e c im en to s éticos e da realidade c i rc u n d a n te que 
perm itam ao Bacharel ser alguém útil à sociedade que o 
recebe.
2°) D ep o is de m u i to desp rezad a cm to d o s os setores da 
sociedade, é hora de os cursos jurídicos darem ênfase à ética. 
Causou-nos im pacto m uito positivo a lição do P ro f JO Ã O 
L U IZ D U B O C P IN A U D de que, sem pre que o advogado 
escrever u m a petição, sempre que o P ro m o to r em itir um 
parecer, sempre que o Juiz lavrar um a sentença, sempre que 
um acadêmico de Direito a tender a um excluído, devemos 
sempre nos lembrar que estamos fazendo história. Q uan tas
33
vezes o “profissionalismo” nos im pediu de ver no cliente, 
na parte, não um a pessoa hum ana, mas sim mais um “caso” 
a ser resolvido?
D o poeta G ABRIEL G ARCIA M A RQUES, colhemos 
a lição ética da hum ildade, q u ando diz: “Aprendi que o ser 
h u m an o só pode olhar ou tro de cima para baixo quando 
lhe estender o braço para ajudá-lo a se levantar.” Além 
disso, ele nos lem bra que “todos querem estar no topo da 
m on tanha , sc esquecendo que toda a beleza está no escalar 
a encosta".
Q u e isso nos sirva de lição e que possamos meditar 
sobre o nosso co m portam en to ético e sobre o ensino da 
ética pessoal e profissional aos bacharelandos em Direito.
3°) Por falar nisso, tem o s no tíc ias de que um g ru p o de 
professores está es tudando e elaborando um “Código de 
Ética das Faculdades dc D ireito”. A idéia é m uito boa e virá 
a judara todos os cursos de Direito a cuidarem melhor desse 
segmento, o que redundará, tam bém , em egressos mais 
éticos. Pode parecer desnecessário dizer, mas a idéia já 
encontra apoio na C EJ/O AB e em todos os cursos de Direito 
que querem fazer bem feito.
4 “) Por ultim o, gostaríamos de expressar nossa esperança nos 
frutos a serem colhidos em v irtude do pro je to “O A B / 
R ecom enda '. Fazemos crer que ele vai se constituir num 
forte indutor de qualidade. Para isso, é importante que todos 
os segmentos envolvidos com os cursos de Dire ito possam 
estar unidos, sem deixar qualquer pessoa ou qualquer curso 
ser queim ado pela fogueira de vaidades. O trabalho é sério e 
precisa ser feito em conjunto e com a contribuição de todos.
C O N C L U S Ã O O U C O M E Ç O ?
Seria tentar nos enganar dizer que aqui concluímos este artigo 
sobre a melhoria da qualidade dos cursos de Direito. ImpÕe-se começar
34
essa luta agora ç recomcçá-la a cada dia. C o m b a te r o b o m combate. 
De nossa parte, temos esperança c acreditam os que este m u n d o vai ser 
bem m elhor a partir do m o m en to cm que aprenderm os a com partilhar 
os dons e os bens que nos foram dados g ra tu itam ente pelo Pai Celeste.
Possuidor de um a tridimensionalidadc que o diferencia das demais 
criaturas da natureza, o ser h u m a n o possui u m aspecto físico, um 
psicológico e um espiritual. Infelizmente, até agora, a ênflise maior tem 
sido dada ao aspecto físico e, p o r ta n to , m ater ia l , em d e t r im e n to 
especialmente dos sentim entos hum anos . E essa m á influência atinge 
tam bém nossos cursos jurídicos.
A conseqüênciaé aquela que estamos acostumados a ver: o triunfo 
de um a cultura de guerra, com a vitória do egoísmo, da individualidade, 
da competição desenfreada, da pobreza, da miséria, da exclusão social, da 
violência, das guerras, do terrorismo...
Por isso, torna-se necessário u m a m u d an ça de ótica que há de ser 
iniciada pela educação, dando a todos u m a visão mais altruísta, coletiva, 
solidária, pacífica, de bem-estar, de partilha, de paz e de amor. Necessário 
u m a m udança de ótica que leve o ser h u m an o a prom over u m a cultura 
de paz. A se reconhecer vivendo n u m m u n d o que é único, que não é 
infinito, que possui recursos limitados. Q u e a sua destruição significa a 
destruição de toda a hum anidade.
Será que já esquecemos a afirmação de V O N IH E R I N G de 
que “a paz é o objetivo do Direito”? O u aquela de R E C A SE N SIC H E S, 
ao recomendar ao aplicador do Direito utilizá-lo de maneira a provocar a 
ordem e não a desordem da sociedade?
Se essa educação para se im plantar um a cultura de paz ainda não 
foi iniciada, urge tom arm os a iniciativa. E com eçarm os pelas faculdades 
de Direito! Por que não?
Por que o ensino jurídico tem que insistir em apenas estudar as 
leis, o direito positivado?
Por que não m ostrar a todos que o Dire ito é mais, m uito mais do 
que a letra fria e m orta da lei? Será que esquecemos tam bém a lição de São 
Paulo: a letra m ata e o espírito vivifica?
P o rq u e não ensinar que o D ire ito possui sua estética, sua beleza? 
Por que não m ostrar a inigualável lição do mestre M A R IO M O A C Y R
35
P O R T O de que o Direito não pode nem deve ser interpretado tal qual 
um pianista que apenas “datilografa” as notas da partitura, mas sim com o 
aquele outro que interpreta a mesma partitura com o sentim ento de alma 
que distingue o ser h u m an o do ser bru to , sem expressão. Por que não 
transformar nossas faculdades de leis em faculdades dc Direito, com o 
pretende o P ro f R O B E R T O AGUIAR?
Seria isso um sonho? U m a utopia?
Não p o d em o s jamais olvidar que tudo hoje existente foi fruto 
primeiro de um sonho, o qual se to rnou realidade graças ao necessário 
esforço hum ano.
Assim os nossos cursos jurídicos. O passado é passado e não pode 
ser modificado. Mas, o futuro, este sim, pode ser modificado para melhor! 
Para isso, o que podemos fazer é começar agora. Para isso, vamos construir 
verdadeiras faculdades de Direito, de Ética, de Paz! Só assim teremos um a 
melhor sociedade. Aquela em que é m u ito mais d igno de se viver!
36
JUSPEDAGOGIA: ENSINAR DIREITO O DIREITO
Álvaro M elo Filho
O m u n d o vive u m a constante e in term iten te “revolução sem 
arm as” em todos os cam pos, so b re tu d o em face da aceleração da 
globalização e dos avanços na in fo rm á tic a , nos tran sp o r te s e nas 
comunicações im pondo novos paradigmas. E o Direito não poderia ficar, 
com o não ficou, alheio e marginalizado dessas m udanças impactantes, 
daí porque não se desfuncionalizou face a um a realidade em perm anen te 
“estado de devir” . D e o u tra parte , o ens ino ju r íd ico que envolve, 
fundam entalm ente, o currículo {o que ensinar) e a m etodo log ia didática 
(o com o ensinar), ganhou novas diretrizes e conteúdos “anatôm icos” 
(currículo) exsurgidos da Portaria M E C n° 1 .886/94, enquan to suas 
dimensões “fisiológicas” (metodologia) perm aneceram imobilizadas em 
desoiadora estagnação didática.
C onvém recordar que entre os professores de Dire ito pouco se 
fala sobre m étodo de ensino “cada um guardando suas reflexões para si 
mesmo. Escrúpulo de criticar-se, de parecer querer criticar a outros, respeito 
a tradição herdada dos mestres, m uitos fatores - e a simples ignorância 
em que cada um se encontra a respeito do ensino dispensado pelos colegas 
- se conjugam para conduzir ao silêncio.” - Jean Rivero.
Ao revisitar a didática jurídica percebe-se o agravamento de seus 
problemas, fruto da abertura massiva de novos cursos jurídicos e da 
ampliação irresponsável de vagas de vestibular nos cursos autorizados ou 
reconhecidos, perfazendo hoje um total de 380 cursos de Direito , onde 
estão matriculados 250 .000 alunos, atendidos por 9 .500 professores que, 
anualmente, “despejam” no mercado de trabalho 37 .000 novos bacharéis, 
a maioria com notórias deficiências técnico-profissionais.
Apesar do a u m e n to significativo de docentes titu lados com 
mestrado e doutorado em Direito, da visível melhoria das instalações físicas, 
especialmente bibliotecas, e de um a novel organização didático-pedagógica 
envolvendo atividades complementares, práticas profissionais indissociáveis
37
da formação jurídica e defesa de monografia jurídica ao final do curso, 
todo o esforço qualitativo esbarra na porta da sala de aula de Direito. 
C om efeito, os ntimcros do Provão/99 atestam que os 229 cursos jurídicos 
e os 41.963 graduandos obtiveram, n u m a escala de 0 a 10, um a nota 
4 ,24 com o média, isto é, bem distante de um patam ar desejável. Por 
oportuno , cabe registrar que em 1996 a média toi de 5,62, em 1997, de 
4,10 e em 1998, de 3,59.
A rigor, essa média geral baixa persistente e reiterada nos quatro 
anos de Provão (de 96 a 99) não pode scr debitada ao empenho, assiduidade 
c pontualidade dos professores, nem às qualidades dos currículos e 
bibliotecas.
A adoção das aulas expositivas pela grande maioria dos professores, 
com o m étodo quase exclusivo do ensino do Direito , parece scr a razão 
primeira do sofrível c insuficiente desempenho desses cursos c graduandos 
no Provão. Aliás, urge destacar que a utilização excessiva da nom inada 
aula-conferência ou aula m onoiogada com o técnica p reponderante de 
ensino jurídico é conseqüência e reflexo direto de dois obstáculos de 
natureza institucional:
a) a carga horária reduzida dos professores, dado que apenas 21% 
têm regime de trabalho igual o u superior a 40 horas semanais;
b) o gigantismo do núm ero de alunos em sala de aula, conquanto 
nada m enos que 6 8 % das tu rm as co n tam com mais de 
50 alunos.
Agrcgam-sc a esses palpáveis óbices institucionais outros entraves 
jungidos, visceralmente, à m etodologia do ensino jurídico:
a) 63% dos docentes fazem uso da aula expositiva com o técnica 
iinica ou modus operandi didático exclusivo em sala de aula;
b) 67% dos alunos restringem o seu escudo, cm cada disciplina, 
a um só livro-texto ou m anual “ado tado” pelo professor;
c) 58% das disciplinas juríd icas estão mal d im ensionadas , 
o u seja, co m m uito co n teú d o e pouco tem po para o seu 
desenvolvimento;
38
d) 9 0 % da avaliação co n tem p la tão-som ente provas escritas 
discursivas onde não se m ensuram as qualidades de refutar as 
teses contrárias e de refletir criticam ente sobre o Direito;
c) 72% dos professores dos cursos jurídicos miniscram um a só 
disciplina duas ou três vezes por semana, não realiza trabalhos 
de pesqu isa , n ão o r ie n ta os a lu n o s in d iv id u a lm e n te e 
extraclasse, não é portador de habilitação didática específica, 
não partic ipa de outras atividades acadêmicas fora de sala de 
aula, exerce um a outra ocupação paralela que é a principal, e, a 
remuneração que percebe com o docente é inexpressiva para a 
sua renda mensal.
Infere-se desta “radiografia" e da conjugação dos obstáculos - 
institucionais e m etodológicos - que os maiores estorvos e as mais 
renitentes barreiras para m udanças qualitativas no ensino do Direito 
assentam-se n u m a “fossilizada” e estereotipada postura juspedagógica.
N esse c o n te x to , as d is s in to n ia s m e to d o ló g ic a s re su lta m , 
essencialmente, do “Direito que se Ensina Errado”, impedindo que o esforço 
qualitativo penetre e produza efeitos

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