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OAB Ensino Jurídico- formação jurídica e inserção profissional

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OAB Ensino Jurídico
Formação Jurídica 
e
Inserção Profissional
D IR E T O R IA
R u b e n s A p p r o b a t e M a c h a d o ; Presidente 
R o b e r to A n to n io B usato : Vice-Prt’sidtiiUe 
G ilb e r to G om es: Secretnrio-Ceral 
Serg io Ferraz : Secretârio-Gernl Adjunto 
E sd ras D a n ta s d e Souza: Diretor Tesoureiro
C O N S E L H E IR O S F E D E R A IS
AC: M a rce lo L avoca t G a lv ão , R obe rto Rosas, Serg io Ferraz; AL: A d i ls o n C a v a lc a n te de 
S ouza , A n to n io N a b o r A re ia s Bulhões , M a rc o s B e rn a rd o s d e M ello ; A M : Eloi P in to d e 
A n d ra d e , José A lf re d o F erre i ra de A n d ra d e , O rna ra O liveira d e G u s m ã o ; AP: G u a ra c y da 
Silva F re ita s , Sebas tião C r is to v a m Fortes M a g a lh ã e s , W a s h in g to n d o s S an to s Costa ; BA: 
G ilb e r to G o m e s , Jose li to B arre to d e A b reu , M a rce lo C in t r a Zarif; CE: José F elic iano de 
C a rv a lh o Jú n io r , M a rco s A n to n io P aiva C olares , Rosa Jú lia Piá C oe lho ; DF: E sd ra s D a n ta s 
d e S ouza , F rancisco L acerda N eto , M arce lo H e n r iq u e s R ibeiro d e O live ira ; ES: A n to n io 
José F erre ira A b ika ir , ím e ro D ev en s . L u iz A n ton io d e S o u za Basllio; G O : A n a M a ria M orais , 
E lád io A u g u s to A m o r im M e sq u i ta , José Porfírio Teles; M A : C a r lo s Sebas tião Silva N ina , 
José Brito d e S ouza , José C a r lo s S ousa Silva; M G : João H e n r iq u e Café d e S ousa N ovais , 
José M u r i lo P ro c ó p io d e C a rv a lh o , P au lo R oberto d e G o u v ê a M e d in a ; M S : Afcife M o h a m a d 
Hajj, E v a n d ro P a e s Barbosa, José Sebastião E spíndola; M T: H e n r iq u e A u g u s to Vieira, Renato 
C e sa r V ian n a G o m e s , R o b e r to D ias d e C a m p o s ; PA: C lov is C u n h a d a G a m a M a lch e r Filho, 
José R o n a ld o D ias C a m p o s , M aria A velina Im bir iba H esk e th ; PB: D e lo s m a r D o m in g o s de 
M e n d o n ç a J u n io r , Jo s é A r a ú jo A g ra , Jo s é E d is io S im õ e s S o u to ; PE: A lu í s io Jo sé d e 
V asconcelos Xavier , Jú lio A lcino d e O liveira N eto , M au ríc io R a n d s C o e lh o Barros; PI: F ides 
A ngé lica d e C a s t ro V e l lo so M e n d e s O m m a l i , João P e d r o A y r im o ra e s S o a res , R o b e r to 
G o n ça lv es d e F re i ta s Filho; PR: A lber to d e Pau la M a c h a d o , E d g a rd L uiz C a v a lcan t i de 
A lb u q u e rq u e , R obe rto A n to n io Busato; RJ: A lfredo B u m achar, O rq u in éz io d e O liveira , O scar 
A rgollo ; R N : A n a M aria d e Farias, H er ib e r to Escolástico Bezerra , P a u lo L opo Sara iva; RO: 
José J o ã o S o a re s B a rb o s a , N e y L u iz d e F re i ta s Leal, O d a i r M a r t in i ; RR: E d n a ld o d o 
N a s c im e n to Silva, H e ld e r F ig u e ire d o P ereira , Jo rge d a Silva Fraxe; RS: Ja y m e P az da Silva, 
N e r e u L im a , R e g in a ld D e lm a r H i n t z F e lk e r ; SC : F e r d i n a n d o D a m o , J e f f e r s o n L uis 
K ravchychyn , M a rc u s A n to n io Lu iz d a Silva; SE: E d so n Ulisses de M elo , João C arlos O liveira 
C os ta , R a im u n d o C e z a r Britto A ragao ; SP: A n to n io C arlos d e Pau la C a m p o s , M ichel Elias 
Z am ari , R o s a n a C h iav a ssa ; T O : Ercilio B ezerra d e C a s tro Filho , Iva ir M a r t in s d o s San tos 
D in iz , S ad y A n to n io Boessio P igatto .
CO M ISSÃ O DE ENSIN O JU R ÍD IC O - 2001/2004
Presiden te : P a u lo R oberto d e G o u v ê a M ed ina ; V ice-Presidente: F rancisco O ta v io d e M ira n d a 
Bezerra ; Secre tário : M il to n P a u lo d e C a rv a lh o ; M e m b ro s e fe t ivos: D o u r im a r N u n e s de 
M o u ra , M a rco s B e rn a rd e s d e M ello , M arilia M uricy ; M e m b ro s co nsu l to res : A d e m a r Pereira , 
Ignacio P o v e d a Velasco, R o b e r tó n io San tos Pessoa,
Ordem dos Advogados do Brasil 
Conselho Federal
OAB Ensino Jurídico
Formação Jurídica 
e
Inserção Profissional
Brasília, DF - 2003
CONSELHO FEDERAL
©Ordem dos Advogados do Brasil 
Conselho Federal, 2003
Editoração e distribuidor:
Gerência de Documentação e Informação
Setor de Autarquias Sul - Q. 5 - Lote 1 - Bl. M - T andar
Brasília - DF 
CEP 70070-939
Fones: (061) 316-9631 e 316-9605 
Fax: (061)316-9632
e-mail: gdi@oab.or.br
Tiragem: 3.500 exemplares 
Organização: Luiz Carlos Maroclo 
Capa: Susele Bezerra Miranda 
Diagramação: Rodrigo Pereira 
Revisão: Tereza Maria de Aguiar
FICHA CATALOGRÁFICA
OAB Ensino Juríd ico : formação jurídica e inserção profissional. 
0 65 Brasília, D F : OAB, Conselho Federal, 2003.
272 p.
ISBN 85-87260-32-4
1- Ensino jurídico - Brasil. 2. Direito - Brasil. I. Ordem dos 
Advogados do Brasil (OAB). Conselho Federal. Comissão de 
Ensino Jurídico.
CDD: 341.41507 
CDU: 34:378(81)
GDI/CF- OAB/Luiz Carlos Maroclo
SUMÁRIO
A presentação..................................................................................... 11
Rubens Approbnto Machado
À guisa de p re fác io ..........................................................................13
Paulo Roberto de Gouvêa Medina
Parte I - VI Seminário de Ensino Jurídico Formação Jurídica 
e Inserção Profissional - "Ensino do Direito e Acesso 
às Profissões Jurídicas: um a Conexão N ecessária" ................ 15
Discurso do Presidente do Conselho Federal da OAB,
Rubens Approbato M achado, sobre o tema; “Exigências 
Práticas no Exercício Profissional e Limitações da 
Formação Ju ríd ica " ..........................................................................17
Discurso proferido pelo Presidente da Comissão de Ensino 
Jurídico do Conselho Federal da OAB, Paulo Roberto de 
Gouvêa M e d in a ................................................................................29
Carta de Juiz de F o r a ...................................................................... 35
P rogram ação ..................................................................................... 37
C onclusões......................................................................................... 39
Exposições
Educação continuada: o papel das instituições de ensino 
superior e o papel das escolas superiores de advocacia,
da m agistratura e do Ministério Público.................................... 43
Adilson Gurgel de Castro
Exame de O rdem e inserção profissional................................. 79
Antônio Maria Iserhard
Educação continuada para a advocacia - O papel
das escolas superiores..................................................................... 85
Fides Angélica Ommati
O ensino jurídico e o perfil dos concursos p ú b lico s ................95
Paulo Nader
Parte II - VII Seminário de Ensino Jurídico -
Formação Jurídica e Inserção Profissional
'T o r uma Revisão do Curso de D ire ito" ................................. 101
Discurso do Presidente do Conselho Federal da OAB,
Rubens A pprobate M achado ..................................................... 103
Discurso do Presidente da Comissão de Ensino
Jurídico do Conselho Federal da OAB, Paulo Roberto
de Gouvêa M ed in a ........................................................................ 113
Carta de São P a u lo ........................................................................ 121
P rogram ação ................................................................................. 123
Exposições
Visão crítica da legislação sobre o Ensino Jurídico............... 127
Nina Beatriz StoccoRanieri
Vocação e seleção para o estudo do D ire ito .......................... 141
Renan Lotufo
Vocação e seleção para o estudo do D ire ito .......................... 153
Regina Toledo Damião
O bacharel que se pretende formar: adequação
do curso aos objetivos p rofissionais ......................................... 159
Milton Paulo de Carvalho
Um curso em dois ciclos - Repensando
o ensino do D ire ito ........................................................................ 167
Sergio Ferraz
Um curso em dois ciclos - Repensando o ensino do Direito.... 171 
Ademar Pereira
As universidades e a Ordem dos Advogados: uma 
cooperação desejada no modelo de formação dos
advogados em P ortugal.............................................................. 185
Fernando Sousa Magalhães
Parte III - Trabalhos d iv erso s ..................................................... 195
Subsídios para um a revisão da política nacional
de avaliação da educação su p er io r............................................197
Paulo Roberto de Gouvêa Medina
O trabalho do ad vogado ...............................................................209
Milton Paulo de Carvalho
O ensino jurídico fundamental e as práticas de
seleção para o mercado profissional......................................... 231
Marãia Muricy
Diretrizes curriculares e redefinição do perfil
dos concursos p úb licos .................................................................243
Robertônio Santos Pessoa
"Um ensino superior de qualidade" - Avaliação, 
revisão e consolidação da legislação do ensino superior:
docum ento de orien tação .............................................................253
Pedro Lynce de Faria
n
APRESENTAÇÃO
É com enorm e honra que apresento à com unidade jurídica e à socieda­
d e brasileira esta obra "OAB ENSINO JURÍDICO - Formação Jurídica e 
Inserção Profíssional", resultante de trabalhos da Com issão de Ensino 
Jurídico d o C onselho Federal da OAB - OAB-CEJU; dos VI e VII Sem iná­
rios d e Ensino Jurídico p o r ela prom ovidos; d e exposições e d e traba­
lhos diversos dos m ais expressivos m estres ligados ao ensino jurídico.
A O rd em do s A d v o g ad o s d o Brasil, ao longo de su a h istórica traje­
tória, sem pre se posicionou pelo desenvolv im ento educacional do povo 
brasile iro . A educação é o alicerce de u m a nação civilizada. A OAB, ao 
reverso d o q u e e rrad am en te se apregoa, n u n ca foi con tra o ensino e, 
m enos a inda, con tra o ensino jurídico. A OAB é con tra o m a u ensino; o 
ensino q u e não ensina; o ensino que frauda , q u e engana , q u e co rrom ­
pe. Por essas sintéticas razões é q u e a OAB, a través d a CEJU, se m ostra 
r igorosa não só na apreciação d e p ed id o s de ab e rtu ra de novos C ursos 
de Direito, com o nos processos de seu reconhecim ento , b em assim no 
q u e concerne ao au m en to d e vagas nos cursos existentes. Esclareça-se 
que o parece r da CEJU não tem , contudo , efeito v incu lan te , m otivo 
pelo qual a adm in is tração pública federal com peten te , no caso o MEC, 
não fica cond ic ionada a esse parecer e, in ú m eras vezes, tem au to riza ­
d o o u reconhecido cursos em total afronta aos pareceres fu n d a m e n ta ­
do s da CEJU. Essa situação acaba gerando u m geom étrico e crescente 
au m en to de cursos juríd icos, m uitos do s quais sem q u a lq u e r su b s tân ­
cia, c riando u m a legião de bacharéis d esp rep arad o s , em p re ju ízo não 
só de si p róp rio s , com o da cole tiv idade e da im ag em d o s o p eradores 
d o d ireito , especialm ente dos advogados.
12
É p o r essas razões qu e a OAB vem m an ten d o um a lu ta in tensa con­
tra a p ro life ração desp ro p o rc io n ad a dos cursos juríd icos, ao m esm o 
tem po em q u e se bate pelo aperfe içoam ento do s cursos existentes e a 
qualificação do s corpos docentes e discentes. E u m do s p o n to s para o 
d esenvo lv im en to desse traba lho q u e se cristaliza n a realização perió ­
dica d e C ongressos, Sem inários, Conferências, Exposições, Trabalhos, 
cu idando-se não só da form ação jurídica, com o tam b ém d a inserção 
profissional.
N os VI e VII Sem inários, os tem as enfocados fo ram am p lam en te 
d iscu tidos, re su ltan d o em conclusões que m erecem a a tenção não só 
dos advog ad o s , m as d e todos aqueles que se in te re ssam pelo desen ­
v o lv im ento educacional d este País. M erecem ap lausos n ão só a d e d i ­
cação e a inteligência daque les que partic ip a ram desses eventos, m as 
tam bém as idéias, p ro p o stas e conclusões d as exposições e do s traba ­
lhos o fertados e aqu i rep rod u z id o s . Em especial, p a ra se fazer justiça a 
q u em rea lm en te m erece, n ão posso deixar de consignar o m etódico, 
e f ic ien te e d e d ic a d o t ra b a lh o d e se n v o lv id o p e lo P ro fe sso r P au lo 
R oberto de G ouvêa M edina, Conselheiro Federal d a OAB rep resen ­
tando a Seccional de M inas Gerais, e P residente da C om issão de Ensi­
no Juríd ico - CEJU, que m ercê de sua notável inteligência e dedicação 
vem co n d u z in d o esse sensível p o n to da OAB com m uita p rob idade , 
c r ia tiv idade e p ro d u tiv id ad e , com decisões justas e fu n d a m e n tad as 
nas apreciações da im ensidão de p ed id o s que se p rocessam peran te 
aquela Com issão.
Brasília, 10 de n o v em b ro d e 2003
Rubens Approbate Machado
Presidente Nacional da O A B
13
À GUISA DE PREFÁCIO
C o rre sp o n d e o p resen te vo lum e ao sexto d a série OAB ENSINO 
JURÍDICO. C om ele, a C om issão de Ensino Juríd ico d o C onselho Fe­
dera l da O rd e m do s A dvogados do Brasil-CEJU, d á seqüência ao tra ­
balho ed ito ria l que vem desenvo lvendo , com o escopo d e contribuir, 
p o r m eio de artigos e exposições, para o deba te do s p ro b lem as d a e d u ­
cação superio r, no seu cam po de atuação. A série trad u z , em boa p a r ­
te, u m a visão d a CEJU acerca d o ensino juríd ico n o país, de tal m odo 
que o conjunto da obra tende a exprim ir u m a d o u tr in a q u e se vai for­
m an d o em to rno do s critérios que devem orien ta r a criação d e novos 
cursos, as condições exigidas p ara o b om func ionam en to d as institu i­
ções de ensino juríd ico , o perfil d o bacharel q u e se p re te n d e form ar, as 
perspec tivas q u e se oferecem ao recém -form ado p a ra o exercício p ro ­
fissional - a lém de vários ou tros aspectos d a tem ática em questão.
Este vo lu m e está vo ltado , especialm ente, p a ra o objetivo p o r ú lti­
m o destacado . O sub títu lo Formação Jurídica e Inserção Profissional cla­
ram en te o indica. Foi esse o tem a central do s do is Sem inários d e Ensi­
n o Ju r íd ic o p ro m o v id o s d u r a n te a g e s tão d o P re s id e n te R u b en s 
A p p ro b a to M achado. O VI Sem inário, realizado em Juiz de Fora, de 10 
a 12 de abril d e 2002, teve com o tem a específico Ensino do direito e aces­
so às profissões jurídicas: uma conexão necessária. O VII Sem inário , ocorri­
do em São Paulo , no p eríodo de 28 a 30 de m aio de 2003, cen trou-se no 
lem a Por uma Revisão do Curso de Direito.
As d u as p rim eiras partes deste vo lum e estão d ed icad as aos referi­
d o s Sem inários, do s quais constituem registros q uase com pletos, a tí­
tu lo de anais. A P arte III abre espaço a contribu ições d e ilustres pro-
14
fessores de D ireito , que, assim , enriquecem considerave lm en te a obra, 
a lém d e conter o texto ap resen tado pela P residência d a CEJU em re ­
cente aud iência pública convocada pela Secretaria de EnsinoS uperior 
do MEC.
D ificu ldades com preensíveis im p e d ira m q u e os reg is tros a que, 
acima, se a lu d iu fossem m ais abrangentes, de m o d o a p o d e rem re p re ­
sen tar, n o rigor d o term o, o p ap e l d e v e rd ad e iro s anais d aq u e les even ­
tos. N em todas as exposições foram feitas p o r m eio d e textos escritos e 
não se consegu iu obter a rep ro d u ção de a lg u m as delas, a fim de com ­
p o r u m p aine l m ais am plo do que foram aqueles Sem inários.
Da le itu ra d este vo lum e há de ressair o sen tido de co n tin u id ad e 
q u e a atua l com posição da CEJU p ro cu ro u d a r aos seus trabalhos, sen ­
d o a realização d o s d o is even tos referidos e a p ró p r ia ed ição d este 
n ú m ero exem plos eloqüen tes disso.
Resta-nos ag radecer o concurso d e quan tos, com a sua partic ipação 
naqueles Sem inários e os textos redigidos, possib ilitaram a edição deste 
volum e.
Paulo Roberto de G ouvêa M edina
Presidente da Comissão de Ensino Jurídico 
do Conselho Federal da O A B
PARTE I
VI SEMINÁRIO DE ENSINO JURÍDICO
FORMAÇÃO JURÍDICA 
E INSERÇÃO PROFISSIONAL 
“Ensino do direito e acesso às profissões 
jurídicas: uma conexão necessária”
37
D IS C U R S O DE A BERTU RA D O PR E SID E N T E D O C O N S E L H O 
FEDERAL D A O R D E M D O S A D V O G A D O S D O BRASIL, RUBENS 
A P PR O B A T O M A C H A D O , TEM A: "E X IG ÊN CIA S PR Á T IC A S N O 
EXERCÍCIO PR O FISSIO N A L E LIM ITA ÇÕ ES D A FO R M A Ç Ã O JU ­
R ÍD IC A ", JU IZ D E FORA, M IN A S G ER A IS, 10-04-2002
SENHORAS E SENHORES ADVOGADOS
H á, na escala de eventos da OAB, aqueles q u e têm relação direta 
com o p an o ram a institucional e político do país, aqueles q u e d izem 
respeito ao co tid iano do ad vogado e ou tros que p ro cu ram descortinar 
horizon tes de am anhã.
Este Encontro se insere nesta últim a escala. A ssum e im portância cen­
tral p a ra o fu tu ro da advocacia, porque mexe com a ferram enta básica 
d o ad vogado - a ferram enta do saber, a ferram enta d o conhecimento.
O saber é o m aior recurso q u e u m ad v o g a d o p o d e d isp o r para 
en fren tar u m m u n d o cada vez m ais com plexo. Já se fo ram os tem pos 
em q u e o conhecim ento consistia em co m p reen d er u n id ad e s isoladas, 
fechadas, com partim en ta lizadas. N ovos desafios se im põem , desta fei­
ta, defin idos pelo fenôm eno da globalização, q u e n ão ap en as prom ove 
a in tegração das econom ias internacionais, a aproxim ação en tre as fron­
teiras geopolíticas e econôm icas, m as p ropic ia a in te rd ep en d ên c ia de 
sistem as conceituais e novas significações, a p o n to de se constatar, hoje, 
que a s im ples aquisição, fusão ou incorporação de u m em preend im en to 
im plicam questões regula tórias, contra tuais, financeiras, p rev idenciá- 
rias, envo lvendo , d esta form a, u m leque apreciável de posições que se 
entre laçam com os d iversos e sem pre crescentes cam pos do Direito.
A p ro p ó s i to , m e re c e d e s ta q u e o im p o r ta n te R e la tó r io p a ra a 
UNESCO, feito pe la C om issão In ternacional sobre educação p a ra o 
século XXI, q u e se to rn o u conhecido com o o R elatório Delors, q u e d is ­
corre sobre as condições en tre educação e m u n d o d o traba lho e as exi­
gências d e n ovas form as d e certificação q u e levem em conta as com pe­
18
tências ad q u ir id a s no desenvo lv im ento d a educação ao longo d e toda 
u m a vida.
N este m u n d o em perm anen te transform ação, não há m ais lugar para 
o im prov iso , p a ra os desavisados, os ociosos, os ignoran tes, os acom o ­
dados, enfim , p a ra os profissionais que n ão q u e iram re sp ira r o novo 
e s p í r i t o d o t e m p o , u m e s p í r i t o e m b a s a d o p e lo s v a lo r e s d a 
com petitiv id ad e acirrada, da alta especialização, d a v isão abrangen te 
dos problem as.
A o ad v o g ad o , em função de suas exigências de n a tu reza profissio ­
nal e d as características in telectuais d e sua ativ idade , u rg e u m a a tua li­
zação perm an en te . Afinal d e contas, avo lum am -se os conhecim entos e 
as d em a n d as p o r p a r te do s novos n ichos d o m ercado , en tre os quais, 
as áreas d o Biodireito, d o Direito do C onsum idor, d o D ireito Eleitoral, 
d o D ireito Esportivo, d o Direito In terbancário , do D ireito Penal dos 
N egócios e tan tos o u tros ram os d a frondosa árvore d o d ireito , sem pre 
se ex p an d in d o , a m o stra r que o d ireito é v ida p erm anen te .
D iante desses novos nichos e an te os desafios im postos pelas novas 
realidades socioeconômicas e políticas, o advogado não p o d e e não deve 
estar se sen tindo defasado. Cair no poço do desconhecim ento e d o obs­
curantism o significa a opção pela reclusão, pelo distanciam ento do m er­
cado, pela condenação à perm anência nas m argens d o progresso cu ltu ­
ral, educacional e científico. H á, inegavelm ente, u m g rande desafio ao 
meio jurídico, que é o de, alicerçado em sólidos conhecim entos, hauri- 
dos no estudo bem dirigido e em u m ensino jurídico em m oldes m od er­
n o s , a tu a n te s , fa z e r g e ra r co n h e c im en to s a v a n ç a d o s , m o d e rn o s , 
estru turados. O desafio só po d e ser en fren tado com talento, conheci­
m entos e, essencialm ente, estudos. M uitos estudos. Bons estudos.
É certo que m uitos têm saudades do tem po dos bacharéis, pelo fato de 
que eles tiveram influência decisiva na condução política e adm inistrati­
va d o Brasil, com presença m arcante no Legislativo e no Executivo.
O fato é que m u ita coisa m u d o u , en tre os dias d e hoje e o 11 de 
agosto de 1827, q u a n d o a lei sancionada p o r D. P edro I e d e insp iração 
do V isconde d e São L eopoldo criou os dois prim eiros cursos d e ciênci-
19
as juríd icas e sociais do Brasil, em O linda e em São P au lo , q u e p assa ­
ram p o r re fo rm as em 1891, qu an d o , efetivam ente, os cursos d e d ireito 
em nosso p a ís g a n h a ra m em ancipação , l ib e rtan d o -se d a in fluência 
p o rtu g u esa , m ais especificam ente da U n iv ers id ad e d e C oim bra.
A d isp a ra d a dos cursos de Direito, no Brasil, sem se levar em conta 
as reais d em a n d as e especializações do m ercado, ab riu um im enso fosso 
en tre a base d e excelência técnica e a m assificação do ensino.
De 1827 pa ra 1980, o n ú m ero de cursos d e D ireito cresceu de 2 para 
130; chegou a 153, em 1989, segu n d o con tab ilidade d o prof. José Carlos 
A zevedo , e a 235, em 1995; a 362, em 1999; a 442, em 2000. Esse m esm o 
professor, ao d en u n c ia r o m on u m en ta l au m en to do n ú m e ro de cursos 
de D ireito no a tua l G overno, com visível q u ed a na q u a lid ad e d o ensi­
no, ilustra seu artigo com u m a péro la colecionada p o r u m d ip lom ata 
brasileiro , colecionador d e preciosidades. U m decre to q u e reg u lam en ­
tava a concessão de d iárias a serv idores públicos casados, d iz ia (sic): 
"p a ra efeitos d este decreto , en tende-se p o r cônjuge d o serv id o r o m a ­
rido o u a m u lh er dele". Esse é o nível a que chegam os. T am bém p u d e ­
ra, com u m m ercado su p ersa tu rad o , m alfo rm ado , só coisas com o essa 
p o d er iam acontecer.
N o ano passado , os 273 cursos juríd icos q u e p a r tic ip a ram do Exa­
m e N acional de C ursos, o Provão, lançaram no m ercado 50.933 bacha­
réis de Direito. T rata-se de u m n ú m ero seis vezes a q u a n tid a d e de 
m édicos, sen d o o n ú m ero q u eestá n o topo d a s carre iras do ensino 
superio r.
Só po d em o s ter sau d ad es dos bacharéis, do tem po em que os textos 
constitucionais e legais p ro d u z id o s não tinham as seqüelas - com todo o 
respeito q u e tem os para com ou tras profissões - não tinham , repito, as 
seqüelas e vieses p o r textos elaborados e assinados p o r econom istas, 
arquitetos, sociólogos e outros que, vestindo o m an to dos profissionais 
de Direito, se ju lgam capazes de palp itar em áreas q u e não dom inam .
N ão podem os, po rém , deixar d e en fa tizar q u e o ensino d e Direito, 
em nosso país, pad ece de u m a visão m ercantilista , q u e corrói as bases 
d e qualidade .
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É im p o rtan te deixar esclarecido que n in g u ém é contra o ensino; n in ­
gu ém é contra a m assificação do ensino. A educação é a base e s tru tu ­
ral de u m po v o q u e p o d e ser tido com o civilizado. M as, tem os que ser 
rigorosam ente con tra o m a u ensino. O ensino q u e não educa, m as en ­
gana . O ensino q u e co rro m p e , q u e m a ta esperanças . O en s in o que 
m ercantiliza, que vê no a luno u m objeto e não u m ser h u m a n o que 
qu er se enriquecer de conhecim entos.
Vale, nesse passo , reg istra r q u e dos inú m ero s cursos d e D ireito a tu ­
alm ente existentes, têm sido m ín im os aqueles que, p a ra sua criação, 
ob têm parece r favorável da OAB, ev idenciando u m q u ad ro de de te ri­
oração que tem m otivado , até, o M inistério da Educação a iniciar p ro ­
ced im entos n o sen tido d e fechar a lguns desses cursos. L em bram os, a 
p ropósito , q u e o E statu to da A dvocacia e da O rd e m d o s A dvogados 
d o Brasil (Lei 8.906/94) confere à OAB pap e l de re levo n o cam po do 
ensino jurídico.
E o decreto m ais recente, de 3.860, d e 9 d e ju lho de 2001, que 
d ispõe sobre a organização do ensino superior, estabelece que "a cria­
ção e 0 reconhecimento de cursos jurídicos em instituições de ensino superior, 
inclusive em universidades e centros universitários, deverão ser submetidos à 
manifestação do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil". Essa 
atribu ição é exercida pelo Conselho, p o r sua C om issão d e Ensino Jurí­
dico, criada em 1991, e hoje sob o com peten te co m an d o d o prof. Paulo 
Roberto de G ouvêa M edina. M encione-se que o Parecer d a OAB, ap e ­
sar d a exigência legal, não é v inculativo. A A dm in is tração Pública, 
a través de ó rgãos d o MEC, aceita o u n ão aceita o parecer, e decide. São 
incontáveis os C ursos criados e au to rizados pelo MEC, com parecer 
técnico, substanciosam ente fu ndam en tado , d a OAB.
Desses C ursos, 203 situam -se em U nivers idades ou C entros U ni­
versitários, o u seja, em instituições que p o ssu em au to n o m ia constitu ­
cional. Estas instituições, com base nessa au tonom ia , q u e m ais parece 
soberania, p o d e m au m en ta r o n ú m ero de vagas, sem necessidade de 
observar os lim ites im postos pelo p o d e r público. E, p a ra a v e rdadeira 
explosão de vagas nos cursos de Direito, um a recente p o rta r ia do MEC
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au to riza cursos juríd icos de faculdades in teg rad as e iso ladas a au m en ­
tar as vagas, m ed id a que recebeu u m co n tu n d en te p ro testo da OAB, 
que levou o p ro b lem a à apreciação d o Judiciário , im p e tran d o M an d a ­
d o de S egurança contra o ato m inisterial, sen d o certo que o STJ, por 
despacho lim inar, negou v a lidade a essa liberação, sem a p rév ia m an i­
festação da OAB.
Se form os buscar as causas m ais p ro fu n d as d a s ituação de descré­
d ito n a Justiça com o instituição, se form os analisar a im agem de d e s ­
crédito em que são colocados os profissionais do Direito, chegarem os 
à inegável m o ld u ra calam itosa em que se encon tra o ensino jurídico.
N ão há d ú v id a de que o ensino jurídico no Brasil a travessa um a 
crise, q u e atinge a p ró p ria id en tid ad e e leg itim idade do s operadores 
d o Direito. É inegável a situação v e rd ad e iram en te calam itosa em que 
se encon tra o ensino juríd ico , causa prim eira e e lem entar, d en tre o u ­
tras, d o descréd ito d a Justiça com o instituição, e d o d esap reço social 
em q u e são tidos os profissionais d o Direito.
C o n v ém consignar que a lu ta da ORDEM DOS A D V OGADOS, no 
q u e tange ao estado atua l dos C ursos Jurídicos, n ad a tem d e co rpora ­
tiva. É ind iscu tível que a nobreza da advocacia e levou-a em nível cons­
titucional. O artigo 133 da C onstitu ição Federal estabelece, com todas 
as letras, q u e a "advocacia é essencial à administração da Justiça". N ão se 
tra ta de u m a a tiv idade tida com o sim ples apênd ice d o P o der Judiciá ­
rio, e nem restr ita ao seu m inistério p rivado . A advocacia é essencial à 
p ró p r ia Justiça, que é o alicerce de u m Estado de D ireito D emocrático. 
Sem Justiça não há L iberdade; sem L iberdade n ão há respeito ao Di­
reito; sem respeito ao Direito não há Dem ocracia. A acefalia dos C u r ­
sos Jurídicos, b an a lizan d o a profissão do ad v o g ad o , re tirando-lhe a 
sua essencial característica de a tiv idade in telec tua lizada, traz p o r con­
seqüência, a desestabilização d as relações p rocessuais e colabora, tra ­
g icam ente, com o caos social, ao invés de a ten d e r a justiça social.
Sem u m a d v o g a d o b e m p r e p a r a d o , r e s ta im p o s s ív e l d a r - s e 
concretização aos d ireitos fundam en ta is e às garan tias ind iv idua is es­
tam p ad a s e descritas n o texto constitucional, com o cláusu las pétreas.
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Esses d ire itos e essas garan tias só se to rn am concretas, se tiverem a d ­
vogados b em ape trechados de conhecim entos e in te lec tua lm ente ca­
pazes de tran sfo rm arem o ideal em real. Vê-se, p o rtan to , q u e a luta 
pelo b om ensino e, em especial, pelo bom ensino juríd ico , se volta, 
fu n d am en ta lm en te ao cidadão , ao ju risd ic ionado e não ao exclusiva­
m en te advogado . N ad a tem , em verdade , d e corporativa , a lu ta pelo 
b om ensino jurídico.
Saliente-se, a in d a , q u e o m au ensino juríd ico é u m ca lde irão de 
desequilíb rios n a v ida social. N ão é p o r acaso que vem os a esteira de 
p rob lem as se a rras ta r na m o ros idade dos processos, n a tendência de 
se su b tra ir d o Estado o m onopólio da jurisdição, p o r m eio do s tribu ­
nais de arb itragem , dos juizes p rivados, que se m ultip licam em todos 
os espaços d o país, do s órgãos de conciliação.
D etectam os a deterio ração deste ensino, p o r m eio do s concursos 
periód icos q u e realizam os, os conhecidos Exam es d e O rd e m e nos con­
cursos públicos d e cargos e funções a tribu ídas aos o p e rad o re s do d i­
reito. O nível d e aprovação em tais exam es e concursos, em face do 
n ú m ero do s bacharé is q u e a eles se subm etem , é rid icu lam en te m íni­
mo. Revela u m estado de degradação e de engodo. M ilhares de bach a ­
réis que conclu íram seus cursos, com m uitos sacrifícios pessoais, g as ­
tos, tem p o e inú m ero s ou tros problem as, têm u m d ip lo m a que n ad a 
vale. N ão conseguem ser ap ro v ad o s n o exam e de o rd e m (exam e de 
sim ples suficiência); não conseguem ser ap ro v ad o s no s concursos p ú ­
blicos p a ra a m ag is tra tu ra , p a ra o m inistério público , p a ra o u tras car­
reiras jurídicas. N ão se to rn am advogados, juizes, p rom oto res, defen ­
sores, p ro cu rad o res , delegados...nada!...
Essas lim itações im p o s ta s p o r m au s cursos se co n s titu em em óbi­
ces in tran sp o n ív e is p a ra o exercício d e q u a lq u e r u m a d a s p ro fissões 
ju ríd icas.
C om o se p o d e constatar, v ivem os u m a crise d e p roporções ab ran ­
gentes, a q u e os especialistas em educação cos tum am d esd o b ra r em 
crise funcional, co m p o rtan d o a crise d o m ercado de traba lho e a crise 
d e id en tid ad e - com o já nos referim os - do s op erad o res d o Direito; a
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crise operacional, que abriga a crise curricular e a crise adm inistrativa; e, 
perm eando essas crises, a crise estrutural, que é a p rópria crise p o r que 
passa a sociedade, aí situando-se a crise das estru turas públicas, que, frá­
geis e deterioradas, devem passar po r p rofundas transformações.
A p rem issa q u e alicerça o conjunto de soluções é esta: a superação 
da crise p assa pela com preensão da na tu reza d o Direito. O Direito p re ­
cisa ser u m horizon te d e libertação d e es tru tu ra s tradic ionais. O ensi­
no ju ríd ico n ão p o d e e n ão deve ser u m m eio d e rep ro d u ção , m as de 
construção. O que se observa, hoje, é u m am o n to ad o de inform ações 
q u e se passa p a ra o aluno , que não serve p a ra nad a , que n ão tem m u i­
to a v e r com a v ida real e com as perspectivas novas q u e se abrem .
O ensino juríd ico d eve con tribu ir para a libertação, e não p ara a 
m anu tenção d e sistem as tradicionais a gosto do sta tus quo.
Q u e p o d em o s fazer p ara m elhorar o q u ad ro , aperfe içoar o ensino 
de Direito?
Esta é a p e rg u n ta recorren te que estam os ten tan d o responder.
Prim eiro , trab a lh ar pa ra ser m elho rada a q u a lid ad e de ensino d en ­
tro d a s p ró p r ia s u n idades. É preciso esclarecer q u e o traba lho da OAB 
não se restr inge à a tiv idade exercida na apreciação do s processos de 
criação e reconhecim ento de cursos jurídicos. A O rd e m tem p ro cu ra ­
d o a tu a r pari passu com as instituições de ensino superio r, trab a lh an d o 
pela constan te m eta de aperfeiçoam ento d o ensino. A O rd e m vem cum ­
p r in d o sev eram en te seu dever de velar pelo aperfe içoam ento do s cu r­
sos juríd icos, não apenas sug erin d o provisões legislativas, resu ltan tes 
d e acu rad o s e in tensos estudos, com o, no te rreno prático , ap o n tan d o , 
tam b ém d ep o is d e rigorosos exam es e eq u ilib rad as apreciações, os 
cursos vencedores d e c réd ito p a ra a ju v en tu d e in tere ssada na v e rd a ­
de ira form ação ético-jurídica.
A OAB coloca à d isposição a publicação "A OAB reco m en d a", cujos 
efeitos benéficos já se fazem perceber em todo o país.
A OAB, a través d e suas Seccionais, vem , p eriod icam en te , d iv u l­
g an d o os resu ltados dos Exames de ordem , pub lic izando os percentuais 
de aprovação do s bacharéis, escola p o r escola.
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A s idéias que a C om issão de Ensino Juríd ico ap resen ta e p rocura 
d ifund ir, a esse respeito , encontram -se consubstanc iadas no s vo lum es 
d a coleção "O A B-Ensino Jurídico."
Vim os m an ten d o in tercâm bio com os C ursos jurídicos, po r m eio 
dos sem inários p ro m o v id o s anualm ente.
N ão d am o s trégua , nem fazem os concessões ao m ercan tilism o que 
d evasta o m ercado de trabalho. Fazem os questão de ag ir de m aneira 
c o n tu n d en te contra aqueles que se ap roveitam de lacunas ou generali­
zações da lei p a ra expand ir cursos fora d a sede un ivers itá r ia e, m es ­
m o, contra au to rid a d es governam en ta is que p erm item o au m en to do 
n ú m ero de vagas nos referidos cursos. P rova disso são os resu ltados 
judiciais que já conseguim os. Prova disso é o esforço q u e aqui se reali­
za, com este Sem inário, p a ra o qual, a exem plo d o s an teriores, q u ere ­
m os recolher sugestões, idéias e reform ulações que sejam acolhidas 
pelas au to ridades.
U m do s braços d ireitos, u sados na estra tég ia de aperfe içoam ento , 
está nos m eios p ró p r io s q u e criam os p a ra a finalidade de qualificação 
do ensino de Direito.
Em face d o d esp rep a ro e em razão de, m esm o assim , h av e r u m in­
gresso cada vez m aio r d e bacharé is que, passan d o pelo exam e de sufi­
ciência, que é o Exam e de O rdem , se revelam d esp ro v id o s do necessá­
rio arsenal ju ríd ico p a ra u m a n o rm al a tiv idade profissional, a OAB, 
a ssu m in d o a sua re sp onsab ilidade p o r esses advog ad o s , tem p ro cu ra ­
do, a fim de su p rir essa falta de conhecim entos técnicos e especializados, 
oferecer cursos de curta , m édia e longa duração n as Escolas S uperio ­
res d e Advocacia. Elas foram criadas para oferecer a base que o a d v o ­
gad o precisa p a ra o exercício de seu m unus. Têm elas um a re levante 
im portância d im en sio n ad a pela defasagem do s cursos d e Direito, pela 
necessidade de atualização dos quadros, pelo desafio de abrir novos 
horizon tes no p an o ram a de crescentes d em an d as sociais p o r aplicação 
da Justiça. U m ad v o g a d o p re p a ra d o é sinôn im o d e Justiça m elhor. 
Q u a n d o o o p e rad o r d o Direito dom ina com eficiência o cam po das 
postu lações e d em an d as , o resu ltado p o d e se verificar a té no quesito
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d a ag ilidade da Justiça, na m ed id a em que as causas b em am paradas, 
d iscu tidas e defen d id as facilitam seguram en te o ju lgam en to d o m a­
g is trado , e co laboram p a ra a p az social.
A ORDEM DOS ADVOGADOS D O BRASIL lu ta pela qua lidade do 
ensino, d esde o fundam ental até o de terceiro grau; pela qualificação 
profissional dos professores; pela restrição à abusiva e descriteriosa cri­
ação de novos cursos jurídicos e de aum ento ind iscrim inado de vagas, 
inclusive através da cham ada "extensão do cam pus universitário”.
A OAB q u e r fazer p ropostas e discuti-las, com o objetivo d e sair­
m os da crise d iagnosticada.
Cabe, desse m odo , senhoras e senhores, an te o q u a d ro descrito, 
p o n tu a rm o s a respeito de nossa p roposta central: re fo rm ulação no en ­
sino jurídico.
Cabe aqu i o uv ir as sábias pa lav ras da P rofessora A d a Pellegrini 
G rinover, que conhece p ro fu n d am en te o tem a. Ressalta a Professora 
A da q u e falta às Escolas d e Direito "u m pro jeto educaciona l que defi­
na o tipo d e profissional que se p ro p õ em fo rm ar e a que co m u n id ad e 
ele vai serv ir" {in: Jornal do A dvogado - O A B /S P , ano XXVII, n° 257, 
m arço d e 2002, p .18).
A nossa p rop o sta , com tais ensinam entos, tra ta , na ve rd ad e , de um a 
te n ta t iv a d e a d a p ta ç ã o d o q u e se co nhece co m o "D ec la raç ã o da 
S orbonne", pela qual os países da U nião E uropéia assen ta ram a h a r ­
m onização da es tru tu ra dos sistem as de ensino superior.
Essa p ro p o sta consiste em se m an te r u m p rim eiro n ível seg u id o de 
u m seg u n d o nível com o objetivo d e p rop ic ia r form ação cu ltu ra l e p ro ­
fissional co rresp o n d en te a u m a especialização.
N a nossa p roposta , a que subm etem os à d iscussão , te rem os u m p ri ­
m eiro ciclo de 5 anos, que é o per íodo p rev isto pe las d ire tr izes cu rricu ­
lares, fo rm an d o o bachare l em direito. F indo esse p rim eiro ciclo, o 
p o rtad o r d o d ip lom a p o d erá utilizá-lo para seu currícu lo profissional, 
funcional, social, ou m esm o em a tiv idade paralega l q u e p o d e rá e d e ­
verá ser criada p o r Lei. Porém , só com o títu lo d e b achare l n ão poderá 
exercer a p ro fis sã o d e ad v o g ad o e nem exercer q u a lq u e r funçãop ú b li ­
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ca d as carre iras juríd icas (m agistrados, p rom o to res d e justiça, defen ­
sores públicos, p rocu radores , delegados de polícia).
Para se to rn ar u m profissional de q u a lq u e r u m a d as carre iras ju rí­
dicas, necessário será fazer o segu n d o ciclo (do qual o p rim eiro é pré- 
requ isito obrigatório) de, no m ínim o, 2 anos. Este seg u n d o ciclo d esti­
n ad o à form ação profissional de m agis trados, p ro m o to re s d e justiça, 
ad v o g ad o s e d em ais carre iras jurídicas, d eve ser rea lizado em u n iv e r ­
s id ad es o u centros un iversitários oficialm ente reconhecidos (quando 
confo rm ados aos respectivos requisitos legais), com a obrigató ria su ­
perv isão , fiscalização e partic ipação na elaboração e fiscalização da 
g rad e curricular, d a qualificação d o corpo docente, a defin ição d o p e r ­
fil d o profissional, a través d a s Escolas Superiores de A dvocacia; das 
Escolas d a M agistra tu ra , d as Escolas d o M inistério Público e da s Esco­
las o u A cadem ias re lacionadas com a form ação profissional d o s d e ­
m ais op erad o res do direito.
T rata-se, dessa form a, d e criarm os u m a es tru tu ra cond izen te com 
as reais d em a n d as d a sociedade brasileira, e q u e tem sido objeto de 
constan tes e segu idas m anifestações d e organizações pro fissionais da 
advocacia , d o m inistério público e d a m agis tra tu ra .
A g ra n d e reclam ação é a de que persiste u m a descolagem en tre o 
g ra u retórico e abstra to ineren te à form ação acadêm ica pe las caracte­
rísticas do s cursos juríd icos e as exigências prá ticas d o exercício p ro ­
fissional. O vazio se m anifesta na ráp id a defasagem , na inabilidade, 
na p e rd a de confiança epistem ológica e na d isfunção social, fatores 
q u e res tr ingem o desem p en h o do s op erad o res d o Direito.
D epois desses dois ciclos, o a luno a p ro v ad o terá condições d e p re s ­
tar concursos públicos, p a ra a M agistra tu ra , o M inistério Público, e 
dem ais profissões q u e exigem conhecim entos juríd icos, b em assim de 
p re s ta r o Exam e d e O rd em peran te a OAB. C ertam en te os re su ltados 
serão a ltam en te positivos. O s q u e cursarem essa seg u n d a e tapa já es­
tarão , efetivam ente, engajados n as abo rdagens especializan tes e espe­
cializadas, o u seja, serão am p a rad o s pelas co rresponden tes profissões, 
com o explicitado, nas Escolas Superiores de A dvocacia, d o M inistério
27
Público e da M agistra tu ra , d as A cadem ias de Polícia, que oferecerão 
os currícu los especializados. P eriodicam ente, esses C ursos passarão 
p o r a v a l ia ç õ e s e a tu a l i z a ç õ e s . E x ig e -se , a s s im , u m c o m p le to 
en tro sam en to en tre as u n id ad es dos p rim eiro e seg u n d o ciclos, a fim 
de p o d e r p re se rv a r a idéia de u m desenvolv im ento con tinuado . N ão 
h averá com partim enta lização , fragm entação de p ro p o s ta s conceituais 
e curriculares.
Em resum o, querem os form ar o ad vogado que um m u n d o em trans­
form ação exige.
Q uerem os inserir o ad v o g ad o na nova sociedade, u m a sociedade 
m ais so lidária , m ais partic ipa tiva e p lural.
N ão q u erem o s u m a escola dessin ton izada da rea lid ad e social, cu l­
tu ra l e política.
Q uerem os u m ad v o g a d o com visão sistêm ica e generalis ta , capaz 
de in te rag ir com o m u n d o em transform ação , e, ao m esm o tem po, o 
a d v o g a d o com p ro fu n d o s conhecim entos em suas á reas específicas, 
q u e seja capaz de d o m in ar o objeto a que se p ro p õ e o u o agente de 
cujos d ire itos será um defensor.
A ap ren d izag em d a advocacia há de p ro p o rc io n ar au tonom ia , d e s ­
p e r ta r a consciência d a C idadan ia , para o país g an h a r n ão ap en as p ro ­
fissionais capacitados, m as c idadãos conscientes d e seu pap e l e de sua 
m issão transform adora .
O co m p o rtam en to ind iv idua l do ad v o g ad o há d e se refletir n a im a­
gem coletiva. O que u m ad vogado v ier a rep resen ta r, com o conceito 
d e id en tid ad e , acaba se im p reg n an d o no espectro social m ais am plo. 
Eis p o rq u e o ad v o g ad o deve m an te r o elo da so lid a ried a d e ética que 
o b r ig a a c a d a u m a exercer com d ig n id a d e , com efic iência , com 
destem or, com com petência , o seu dever profissional e a sua re sp o n sa ­
b ilidade social.
Q u e este Sem inário seja m ais u m m arco p ara ser m elh o rad o e q u a ­
lificado o ensino jurídico. Q ue d aq u i sejam ex tra ídos corpos conceitu ­
ais e d o u tr in á r io s que balizem os cam inhos do s nossos d irigen tes e 
dos p ro fessores un iversitários, a fim de que eles, p o r sua vez, possam
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transfo rm ar os conhecim entos e sugestões encam inhadas em ferram en ­
tas p a ra o aperfe içoam ento dos o p eradores d o Direito.
Q u e este Sem inário possa servir d e inspiração a tan tos quan to s lu ­
tam pelo ideal de engrandec im en to da nossa profissão, q u e é a m ais 
h u m a n a d as ciências hum anas.
Q ue este Sem inário tenha o brilho daque la luz, que, u m dia, ilum i­
n o u A rqu im edes, ao descobrir o p rincíp io d a alavanca, ex p ressando a 
m áxim a, q u e se to rn o u célebre, e que ora elejo com o a m otivação a 
m obilizar os nossos espíritos nesse Encontro: "dê-rne um ponto de apoio 
e movo a te rm ”.
M UITO OBRIGADO!
RUBENS A P PR O B A T O M A C H A D O
Presidente Nacional da O A B
29
D IS C U R SO PR O FE R ID O PELO PRESID EN TE D A C O M IS S Ã O DE 
E N S IN O JU R ÍD IC O D O C O N SE L H O FEDERAL D A O A B, PAULO 
R O B ERT O D E G O U V Ê A M E D IN A , N A SESSÃ O IN A U G U R A L D O 
V I S E M IN Á R IO D E E N S IN O JU R ÍD IC O , R E A L IZ A D A N O D IA 10 
DE ABRIL DE 2002, N O A N FITEA TRO D O ICB, N O C A M PU S D A 
U N IV E R SID A D E FEDERAL DE JU IZ DE FO RA
A C om issão de Ensino Jurídico do C onselho Federal da O rd em dos 
A d v o g ad o s do Brasil saú d a os partic ipan tes d o VI SEM INÁRIO DE 
EN SIN O JURÍDICO. E o seu Presidente dá-lhes as b o as-v indas a Juiz 
d e Fora, cuja U n ivers idade Federal os acolhe, jubilosa, n o seio de sua 
F acu ldade de D ireito , pa ra três d ias de reflexões e d eb a tes em to rno d a 
vocação profissionalizan te dos cursos jurídicos.
V enho recebê-los, n u m dos anfiteatros d o cam p u s un ivers itá rio , ao 
lado d a M agnífica Reitora, Profa. M aria M argarida M artin s Salomão, 
e d o D ire to r da Facu ldade de Direito, Prof. Igor V aneli de O liveira, 
p e d in d o licença a am bos p a ra que, ao falar em n o m e d a C om issão de 
Ensino Jurídico, o faça tam bém na qualid ad e de P rofessor daque la tra ­
dicional u n id a d e u n ivers itá ria e decano de sua C ongregação. Tais tí­
tulos, de que m uito m e orgulho, perm item -m e assegurar-lhes que, aqui, 
nesta institu ição d e ensino superio r, encon trarão os ilustres colegas 
u m a m b ien te cu ltu ra l p ro p íc io ao trab a lh o q u e irão d ese n v o lv e r , 
sed im en tad o ao longo de um a existência profícua, m ercê de toda um a 
história de in iciativas qu e d eram d im ensão nacional a a lguns do s p ro ­
jetos da UFJF, n o tad am en te aqueles nasc idos n o âm bito d e sua Facul­
d a d e de Direito. Esta casa d e ensino cam inha pa ra a com em oração , em 
2004, d e seus se ten ta anos de a tiv id ad es in in te rru p ta s , e n q u a n to a 
U n ivers idade , a q u e d e u origem , em 1960, in teg rad a no conjunto de 
cinco an tigasEscolas, já com pletou q u aren ta e u m anos d e fundação. 
Ao longo dessas q u a tro décadas, a UFJF sed iou m ais de u m evento 
nacional, n as d iferen tes áreas d e ensino q u e m an tém , sen d o d ig n o de 
no ta q u e aqu i se realizou, em agosto de 1971, o I E ncontro Brasileiro
30
de F acu ldades de Direito. A o reun ir , novam ente , sob o seu teto, p ro ­
fessores e d irigen tes de instituições de ensino juríd ico d o país, bem 
com o rep resen tan tes d a O rd em dos A dvo g ad o s do Brasil, a U niversi­
d a d e Federal de Juiz d e Fora, p o d e concitá-los, pois, a recolher o eco 
d a s pa lav ras aqu i p ro feridas, trin ta anos atrás, p o r m u ito s do s nossos 
p redecessores, q u e v iveram e sen tiram , an tes d e nós, a g ra v id a d e dos 
p rob lem as q u e nos p ro p o m o s discutir. O idea lizador d aq u e le Encon­
tro - e en tão D ire tor da Facu ldade de D ireito - Prof. A lm ir d e O liveira, 
aqu i se encon tra , aliás, com o expositor de u m do s p a iné is deste Sem i­
n ário e serv indo , assim , de elo en tre os professores q u e subscreveram 
a C arta d e Juiz d e Fora - de tanta repercussão , na época - e aqueles que 
com eçam a com por, a p a rtir de agora, os anais d o VI SEM INÁRIO DE 
EN SIN O JURÍDICO.
As dificuldades com que hoje nos defrontam os são ou tras é as p reo ­
cupações que nos d o m in am serão, certam ente, m ais in tensas e angusti­
antes que as v ividas, em 1971, pelos autores daquele docum ento . As 
atenções desses estavam dirigidas, fundam entalm ente, p ara o currícu­
lo, e a C arta de Juiz de Fora contribuiu, de m odo significativo, para a 
sua substituição, n o ano seguinte, com o registram A lberto Venâncio Fi­
lho em "D as A rcadas ao Bacharelismo" e A urélio W ander Bastos em "O 
Ensino Jurídico n o Brasil". N ossas vistas voltam -se, hoje, ao revés, para 
o profissional egresso dos cursos jurídicos, levando-nos a considerar se 
estes os têm p rep arad o adequadam ente , seja p ara a militância n a ad v o ­
cacia, seja p a ra o exercício das funções inerentes às carreiras jurídicas. 
Ao m esm o tem po, som os cham ados a o lhar m ais longe, ten tando vis­
lum brar o papel reservado às instituições de ensino superio r e às en ti­
dades corporativas n o setor de cada um a daquelas ativ idades, p o r meio 
da educação co n tin u ad a - e em inen tem ente pro fissionalizan te - dos 
g rad u ad o s em Direito. Tal é a essência d o tem ário deste VI SEM INÁ­
RIO, que se exprim e no título "Ensino d o direito e acesso às profissões 
jurídicas", inserindo-se n u m objetivo m aior, que é o de d a r desenvolvi­
m ento a esse estudo , nos Sem inários subseqüentes d a atua l gestão, na 
linha da tem ática "Form ação Jurídica e Inserção Profissional".
31
O m ote pa ra esta p rog ram ação nos foi d a d o pelo em inen te bntonnier 
Dr. R ubens A p p ro b a te M achado, que, em seu d iscu rso d e posse na 
P residência d o C onselho Federal d a O rd em do s A d v o g a d o s d o Brasil, 
lançou-nos u m desafio no sen tido d e q u e buscássem os um a no v a fór­
m u la p a ra os cursos jurídicos, de m o d o q u e eles m elho r se ajustassem 
às exigências d a form ação d o s profissionais q u e d ev em p rep a ra r . Sua 
Excelência, p re s tig ian d o com a sua presença este evento , vem trazer- 
nos, d e v iva voz, a exposição de seu pen sam en to a esse respeito , na 
conferência d e ab e rtu ra do Sem inário, v e rsan d o o tem a "Exigências 
prá ticas d o exercício profissional e lim itações d a form ação jurídica".
Ao sa u d a r o g ran d e líder d a classe do s advog ad o s , nesta o p o rtu n i­
d ade , cum p re -m e d izer-lhe que esperam os nós, m em b ro s da C om is­
são d e Ensino Juríd ico d o C onselho Federal e d e suas congêneres no 
âm bito d a s Seccionais d a O rdem , bem com o p rofessores de direito . 
D ire tores de F acu ldades e C entros, C oord en ad o res d e cursos. Chefes 
d e D epartam en tos , q u e partic ipam deste Sem inário , p o d e r con tribu ir 
p a ra a descoberta de respostas condizentes com a m a g n itu d e d e seu 
desafio , a p a r tir d as reun iões que, aqui, farem os.
Este VI SEM INÁRIO DE ENSIN O JURÍDICO, p ro m o v id o pelo C on ­
selho Federal d a O rd em dos A dvogados d o Brasil, p o r in term éd io de 
sua C om issão d e Ensino Jurídico, conta com o co-patrocínio d a U n i­
v e rs id ad e Federal d e Juiz d e Fora e do C onselho Seccional de M inas 
G erais d a OAB. Som os g ra tos ao apoio e à aco lh ida da UFJF, a cuja 
Reitora, P rof a. M arg arid a Salomão, desejam os expressar o nosso reco­
nhecim ento . V em os, p o r o u tro lado, na partic ipação d a O rd e m de M i­
n as Gerais, m ais u m a p ro v a d e que a nossa gloriosa Seccional sem pre 
se tem m o strad o in teg rad a no esp írito federativo d a e n tid ad e dos a d ­
vogados e acha-se p len am en te afinada com o m eritó rio traba lho que, à 
sua frente, v em rea lizando o P residente R ubens A p p ro b a to M achado. 
E-me gra to verificar, adem ais, que a Seccional do nosso Estado prestigia, 
dessa form a, u m do s represen tan tes dos ad v o g ad o s m ineiros no C o n ­
selho Federal d a O rd em , que tem , hoje, a ingen te tarefa d e p res id ir a 
C om issão d e Ensino Jurídico. P o r tu d o isso, q u ero m an ife s ta r ao valo ­
32
roso líder d a classe em M inas Gerais, o ilustre P residen te M arcelo Leo­
n ardo , em m eu no m e pessoal e no da C om issão q u e dirijo, os m elhores 
agradecim entos. O p re ito da nossa estim a, com o m u ito q u e lhe fica­
m os gratos, deve ser m anifestado tam bém ao C onselheiro Federal por 
M inas G erais e D iretor-Jurídico d o Banco do Brasil, Dr. João O táv io de 
N oronha , pela sua intercessão jun to àquela conceituada institu ição com 
vistas ao valioso apoio em p res tad o à realização d este evento.
R eunim o-nos n u m m o m en to p articu la rm en te g rave p a ra o ensino 
juríd ico brasileiro. O C onselho Federal da O rd em assum iu , com o a d ­
vento do novo Estatuto d a Advocacia, pesadas responsabilidades, neste 
setor. A o m iim is q u e exercem os, cercado de d ificu ldades e incom pre- 
ensões, n em sem pre tem co rrespond ido ao re su ltado esperado . L u ta ­
m os pe la elevação do nível d o ensino, do p o n to de v ista cu ltu ra l e 
ético. C onsid e ram o s danosa ao país a proliferação ind iscrim inada de 
cursos jurídicos, cujo n ú m ero global já a ting iu a som a de 442 e am eaça 
crescer, n u m a p rogressão geom étrica, a ju lgar pe la m éd ia d e novos 
processos d e criação de cursos subm etidos ao C onselho Federal em
2001, que ro n d o u a casa do s 10, p o r mês! N ão encon tram os justificati­
va razoável para a facilidade com que se perm itiu , recentem ente , v e r ­
d a d e ira ex p lo são d e vagas em F acu ld ad es iso ladas , a u to r iz a d a s a 
aum en tá -las em até 50 % (cinqüenta p o r cento) do q u ad ro atual. P reo ­
cupa-nos o sen tido em inen tem ente m ercantilista q u e do m in a a ex p an ­
são e o d esd o b ram en to d e certos cursos, nos quais o objetivo de ensi­
n a r e o ideal da form ação juríd ica parecem re legados a p lan o secu n d á ­
rio. Ficam os, freqüen tem ente , estarrecidos e perp lexos com o estilo da 
p ro p a g an d a d e institu ições de ensino que anunc iam d ispon ib ilidade 
de vagas com o se apregoassem m ercadorias. E n ten d em o s q u e a inici­
ativa p r iv ad a é im p o rtan te e benéfica ao ensino juríd ico , tan to m ais 
p o rq u e o E stado dá sinais ev iden tes de nãoreconhecer a re levância do 
p ap e l d a s institu ições oficiais, ao restringir, cada vez m ais, os recursos 
destinados às U nivers idades Federais. O in teresse no lucro é, certa ­
m ente, ind ispensáve l aos em preen d im en to s p riv ad o s , em to d as as á re ­
as, inclusive na d o ensino. R esultados concretos, razoável proporcio -
33
n a lid ad e na relação custo /benefíc io , d ev em ser exibidos, ao final de 
cada ano, tam b ém pelas instituições oficiais de ensino. M as o escopo 
de lucro não p o d e ser a m otivação do ensino particu lar, assim com o a 
obsessão pelos d ad o s estatísticos não deve serv ir d e n o rte à s açÕes do 
Estado no d esenvo lv im en to da política educacional.
É ao influxo d e tais p reocupações que insta lam os, hoje, nesta cida­
d e au reo lad a p o r tan tas tradições no cam po industria l, na v ida cu ltu ­
ral, no setor educacional, o VI SEM INÁRIO DE EN SIN O JURÍDICO. 
A lm ejam os p o r m eio dele consolidar os laços q u e nos u n em às insti­
tuições d e ensino juríd ico d o país, na esperança d e que, estre itado o 
nosso intercâm bio, possam os conhecer-nos e com preender-nos m elhor, 
p ara cam in h ar pari passti em busca dos ideais que nos an im am .
A história de lutas do Conselho Federal da O rd em dos A dvogados 
do Brasil, a contribuição inequívoca dessa en tidade p ara a causa da d e ­
m ocracia neste país, o nível de credibilidade que alcançou com o um a 
das instituições mais representativas da sociedade civil, constituem o 
m elhor p en h o r d o trabalho que, hoje, em preende no cam po do ensino 
jurídico. Só os arrivistas e os desinform ados p o d em lobrigar nessa a tu a ­
ção da OAB visos d e corporativismo. A dm itindo-se, ad argumentandum, 
que de corporativ ism o se trate, será, p o r certo, o m ais nobre dos senti­
m entos de classe - u m corporativ ism o que u n e as forças da categoria 
profissional em prol d e relevante interesse da nacionalidade.
35
CARTA DE JUIZ DE FORA
P ara três jo rn ad as de reflexões e debates, reu n iram -se em Juiz de 
Fora, no s d ias 10, 11 e 12 d e abril de 2002, p rofessores, es tudan tes , 
d irigentes e m an tenedores , partic ipan tes d o VI Sem inário d e Ensino 
Jurídico, p ro m o v id o pela C om issão de Ensino Juríd ico d o C onselho 
Federal da O rd e m dos A dvogados do Brasil.
C om a hosp ita le ira acolhida da U n iv ers id ad e Federal d e Juiz de 
Fora, o apo io ativo d o C onselho Seccional d a OAB d e M inas G erais e a 
presença so lidária d e destacadas expressões d a v ida ju ríd ica e intelec­
tual da c idade e do País, o Sem inário instalou-se, pois, n u m am biente 
p ropício , e s tim u lad o pela atm osfera d e u m im p o rtan te an teceden te 
h istórico q u e ensejou, nesta m esm a Juiz de Fora, a realização d o I En­
con tro Brasileiro d e F acu ldades de Direito.
Sob o influxo, assim , d e tais fortes m otivações, o VI Sem inário de 
Ensino Juríd ico p erm itiu d a r con tinu idade ao en fren tam en to d e p reo ­
cupações q u e dem arca ram a atenção dos eventos an teriores, ensejando, 
nessa con tinu idade , conso lidar os laços q u e vêm u n in d o os se u s p a r ti ­
c ipan tes no rico in tercâm bio p ro m o to r de consensos o rien tadores para 
a a tua lização d e ações nesse cam po.
Em sua sexta edição, o Sem inário d e Ensino Juríd ico ab o rd o u com o 
eixo p rinc ipa l u m tem a novo q u e in terpe la a reflexão atua l sobre o 
ensino jurídico: a form ação ju ríd ica e a inserção p rofissional, buscan ­
do identificar a conexão necessária en tre o ensino do d ire ito e o acesso 
às p ro fissões jurídicas.
P rossegu indo em sua m etodo log ia de am pla p artic ipação p o r m eio 
de painé is , g ru p o s d e traba lho e de apresentação de experiências exem-
36
piares, fo ram a d en sad o s conceitos e estabeleceram -se consensos acer­
ca dos tem as que galvan izaram as discussões.
A s conclusões lidas na Sessão P lenária de encerram en to d o Se­
m inário p assam a in tegra r o acervo acu m u lad o dessas reflexões, tra ­
zem esclarecim entos para as questões p ro p o stas e re sp o n d em a um a 
indagação central, relativa às exigências prá ticas d o exercício profissi­
onal d ian te d as lim itações a inda existentes na form ação jurídica.
N a sua essencia lidade , essas conclusões t ra d u z e m , e n q u a n to 
partilha so lidária de preocupações in terpe lan tes, o com prom isso d a 
O rd e m do s A d v o g ad o s d o Brasil, da sua C om issão d e Ensino Juríd ico 
e do s partic ip an tes do VI Sem inário com a preservação do s valores 
que no rte iam a sua causa com um : a realização d as institu ições d em o ­
cráticas e o aperfe içoam ento d o ensino d e d ire ito em nosso País.
37
VI SEMINÁRIO DE ENSINO JURÍDICO
F o rm ação Ju ríd ica e In se rção P ro fiss ional
Ensino do direito e acesso às profissões jurídicas: 
uma conexão necessária
P R O G R A M A Ç Ã O :
10/04/2002 (quarta-feira)
20K30 - Sessão Solene de A bertu ra - Local: A nfiteatro d o ICB - UFJF
Conferência: "Exigências prá ticas d o exercício profissional e limitações 
da form ação ju ríd ica" , pelo Dr. R ubens A p p ro b a to M achado , Presi­
d en te N acional da O rd em do s A dvo g ad o s d o Brasil.
D iscu rso d o C o n se lh e iro Federal d a OAB, Prof. P au lo R oberto de 
G ouvêa M edina, P residen te d a C om issão d e Ensino Jurídico. S auda ­
ção aos partic ipantes.
11/04/2002 (qu in ta-fe ira )
08h30 -1 " painel
Diretrizes curriculares e redefinição do perfil dos concursos públicos 
Expositores: Prof. Sérgio Ferraz 
Prof. P aulo N a d e r 
C oordenação: Prof. Robertônio Santos Pessoa
36
10h30-r paine l
Advocacia: Expectativas de ingresso e exam e d e o rdem 
Expositores: Prof. A ntônio M aria Iserhard 
Prof. P aulo Luiz N etto Lôbo 
C oordenação: Prof. M ilton P aulo de C arvalho
14h30 - G ru p o s d e trabalho
17 ho ras - Experiências exem plares
Reunião da Com issão de Ensino Jurídico do Conselho Federal com os 
Presidentes das Comissões de Ensino Jurídico dos Conselhos Seccionais
12/04/2002 (sexta-feira)
08h30 - 3** paine l
E ducação con tinuada: o pap e l d as Instituições d e E nsino S uperio r e o 
papel d as Escolas Superiores d e A dvocacia, M ag is tra tu ra e M inistério 
Público
Expositores: Prof. A dilson G urgel de Castro
Prof a. F ides Angélica d e C.V.M. O m m ati 
Prof. A lm ir d e Oliveira 
C oordenação; Prof. Francisco O távio d e M iranda Bezerra
11 ho ras - Sessão p lenária de encerram ento
39
VI SEMINÁRIO DE ENSINO JURÍDICO
ENSINO D O DIREITO E ACESSO ÀS PROFISSÕES 
JURÍDICAS: UM A CONEXÃO NECESSÁRIA
C O N C L U SÕ E S D O P R IM E IR O G R U P O DE T R A B A L H O
DIRETRIZES CURRICULARES E REDEFINIÇÃO DO PERFIL DOS 
CONCURSOS PÚBLICOS
A s d ire tr izes curriculares, tal e com o defin idas n a P o rta ria MEC n" 
1.886/94, co rresp o n d em ad eq u ad am en te ao perfil d o ju ris ta a que a 
co m u n id ad e acadêm ica aspira.
Existe u m descom passo ev iden te en tre o perfil d a s d ire tr izes curri­
cu lares e as exigências do s d iversos concursos púb licos p a ra inserção 
n as carre iras juríd icas, particu la rm en te no tocante à não-inc lusão de 
questões re la tivas a d iscip linas fu ndam en ta is constan tes d o currículo 
m ín im o do s concursos juríd icos (herm enêutica , teoria geral, sociolo­
gia ju ríd ica etc.) e à insistência em questões que p riv ileg iam a repeti­
ção m ecânica d e co n teúdos em d etrim en to de reflexão juríd ica, inclu ­
sive com a proibição,em alguns casos, d a utilização d o s textos legais, 
m esm o os n ão com entados.
Faz-se necessário u m esforço d e aprox im ação com as d iversas cate­
gorias profissionais, para q u e os concursos púb licos se p a u te m ou te ­
n h am com o referência efetiva as d iretrizes cu rricu lares estabelecidas 
pelo P o d er Público, após longa reflexão e d iálogo en tre o m eio acadê ­
m ico e a C om issão d e Ensino Jurídico d a O A B /C F.
40
N esse sentido, pareceria ser a ltam ente desejável qu e a OAB "desse 
o exem plo" e adequasse o seu p ró p rio Exam e de O rd em ao con teúdo 
dessas d iretrizes.
C O N C L U SÕ E S D O S E G U N D O G R U PO D E TR A B A LH O
ADVOCACIA: EXPECTATIVAS DE INGRESSO 
E EXAME DE ORDEM
CONEXÃO ENTRE A PORTARIA MEC nM .886/94 E 0 EXAME DE ORDEM
1.1 N ecessidade d e que o Exam e de O rd em reflita o co n teú d o das 
nov as d ire tr izes curriculares, no que d iz respeito aos co n teú d o s fim- 
dam enta is, à aferição d a s hab ilidades e com petências d o bachare l e ao 
perfil profissional desejado.
N ecessidade de revisão d o P rov im ento n “ 8 1 /9 6 d a OAB-CF, no 
tocante aos co n teúdos que d ev am ser aferidos, en tre ou tros aspectos.
N ecess id ad e d e u m traba lho conjunto d a s C om issões d e Ensino 
Jurídico da OAB e da s C om issões d o Exam e de O rd em , tan to n a esfera 
federal q u an to n as Seccionais.
EXAME NACIONAL DE CURSOS E EXAME DE ORDEM: UMA 
INTERAÇÃO NECESSÁRIA
2.1 T endo em vista, en tre ou tros aspectos, q u e o Exam e N acional de 
C ursos co n tem pla as d ire tivas da Portaria M inisterial, e em função da 
sem elhança desse com a p rova objetiva do Exam e d e O rd em (! ' fase), 
p ropõe-se a d isp en sa do s cand ida tos que obtiverem d e te rm in ad o re n ­
d im en to no Exam e N acional de C ursos d a p rim eira fase d o Exam e de 
O rd em , sendo ind ispensável, po rém , a subm issão à seg u n d a fase do 
Exam e de O rd em . N a concretização dessa idéia, faz-se necessário u m 
traba lho conjunto d a OAB e do IN E P/M E C , de form a q u e nos objeti­
vos d a avaliação tam b ém estejam con tem pladas as d ire tr izes do Exa-
41
m e d e O rdem , inclusive com represen tan tes da OAB p a r tic ip an d o do 
processo d e elaboração d a avaliação.
A p ro p o s ta não acarreta em p erd a de au tonom ia d a OAB no recru ­
tam en to do s seus fu tu ros in tegrantes, eis que o Exam e de O rd em será 
finalizado com a realização da seg u n d a e tapa do exam e de ordem . 
Deste m odo , a OAB terá condições d e e labo rar p ro v as d e adm issão 
m ais criteriosas, assim com o IN E P /M E C e as Institu ições d e Ensino 
Superior con ta rão com a lunos m ais in teressados n o seu desem p en h o 
no Exam e N acional de C ursos (Provão).
Estabelecer p ro v a un ificada nacional p a ra a p rim eira fase do Exa­
m e de O rd em , em d a ta s tam bém unificadas, e lab o rad a p o r com issão 
d e ad v ogados com notória experiência na docência d o ensino jurídico, 
ind icados pelo C onselho Federal da OAB, p e rm an ecen d o a segunda 
fase (prova prática) sob a organização d as Seccionais da OAB.
ÉTICA
3.1 N ecessidade de ev itar q u e o Exam e d e O rd e m se transform e 
n u m exped ien te d e reserva de m ercado.
N ecess id ad e d e to m ar p ro v id ên c ias n o sen tid o de im p e d ir q u e os 
p ro fesso res q u e in teg ra m os cursos p re p a ra tó r io s p a ra o Exam e de 
O r d e m p a r t i c ip e m d a s b a n c a s e x a m in a d o r a s e d a s in s tâ n c ia s 
recursa is .
CLAREZA DE CRITÉRIOS
4.1 O Exam e de O rd em d eve a ten d er a critérios p rév ia e c laram ente 
estabelecidos, co n tan d o com exam inadores p rep a rad o s , com po stu ra 
transparen te , assim com o garan tir am pla p o ssib ilidade de recurso.
APROXIMAÇÃO OAB E INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
5.1 As C om issões do Exam e d e O rd em d ev em en cam in h ar para as 
Institu ições de Ensino S uperio r u m relatório d e d e se m p en h o dos seus 
alunos, p a ra q u e as m esm as reflitam sobre as deficiências e po tencia li­
d ad e s d o ensino m inistrado .
42
5.2 D evem ser estabelecidos intercâm bios en tre os C onselhos Secci­
onais e as Institu ições de Ensino Superior, p e r tinen tes à qualificação 
do ensino juríd ico , aos critérios d e recom endação do s cursos e incenti­
vo aos convênios d e estágio, bem com o a OAB, p o r m eio d a s C om is­
sões de Ensino Jurídico, d eve a tu a r com o órgão consultivo d as Insti­
tu ições de E nsino S uperio r n o que se refere às inovações n o cu rso d e 
Direito.
C O N C L U S Õ E S D O TERCEIRO G R U P O DE TR A B A LH O
EDUCAÇÃO CONTINUADA: O PAPEL D A S 
INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR E O PAPEL 
DA S ESCOLAS SUPERIORES DE ADVOCACIA, 
MAGISTRATURA E MINISTÉRIO PÚBLICO
As Escolas d ev em con tinuar a tu an d o n as suas áreas de co m p e tên ­
cia, sem interferência nas atribuições ineren tes às institu ições d e ensi­
n o superior.
N ão existe u m perfil defin ido para as Escolas Superiores.
E p re m a tu ro o es tu d o de um a m aio r au tonom ia instituc ional para 
as Escolas Superiores, em razão da carência d o d e lineam en to do seu 
perfil.
As Escolas Superiores d ev em buscar a form ação profissional conti­
n u a d a d o s seu s filiados, d e aco rdo com a re a l id a d e em q u e estão 
inseridas.
D eve ser estabelecido d iálogo en tre as Escolas S uperiores, v isando 
à troca d e experiência e colaboração m ú tu a , com in teração d as Insti­
tu ições de Ensino Superior.
43
EDUCAÇÃO CONTINUADA: 0 PAPEL DAS INSTITUIÇÕES 
DE ENSINO SUPERIOR E 0 PAPEL DAS ESCOLAS 
SUPERIORES DE ADVOCACIA, DA MAGISTRATURA 
E DO MINISTÉRIO PÚBLICO
A dilso n G u rg e l de Castro*
SUMÁRIO: I In trodução . II O Ensino d o D ireito e a Educação 
C on tinuada . III A s Escolas Superiores Profissionais. IV A lgum as 
C onsiderações N ecessárias. V O s M estrados Profissionalizantes. 
VI A títu lo d e conclusão.
RESUMO: N este artigo d iscu tim os a educação co n tin u ad a em 
Direito e qual o pap e l que tem a desem penhar na form ação e aper­
fe içoam ento do s profissionais d as d iversas carre iras jurídicas. 
Enfocamos de m aneira m ais deta lhada o su rg im en to e o papel 
das Escolas Superiores de Advocacia, da M agistra tu ra e do M i­
nistério Público, abo rdando tam bém algum as idéias a im p lem en ­
tar sua m elhoria. Colocam os a lgum as opiniões favoráveis e con­
trárias ao M estrado Profissionalizante na área d o Direito. Encer­
ram os com u m balanço d as ativ idades até agora exercidas pela 
educação continuada em Direito, com u m retrospecto rela tivam en­
te positivo e perspectivas d e m elhoras no futuro. 
PA LAVRAS-CHAVE: Educação continuada. Direito. Escolas Su­
p erio res Profissionais. M estrado A cadêm ico e M es trad o Profis­
sionalizante.
' Mestre em Direito (UFSC), Doutorando em Educação (UFRN). Professor dos Cursos de Direito da UFRN e da 
Universidade Potiguar. Presidente da Associação Brasileira de Ensino do Direito - ABEDi.
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I. INTRODUÇÃO
Eu sustento que a única finalidade da ciência está em aliviar a misé­
ria da existência humana.
Bertold Brecht
Talvez a p io r p e rg u n ta q u e u m p esq u isad o r p o d e receber d e u m 
m em bro d o aud itó rio particu lar para o qual ele acabou d e falar é: "Você 
poderia m e d ize r q ual é exa tam ente o seu p ro b lem a o u q u e assun to 
quis abordar?"
P ara ev itar tão em baraçoso questionam ento , com eçam os logo d i ­zen d o q u e vam o s p ro cu ra r resp o n d er q ual é o pap e l da ed ucação con­
tin u ad a em Direito. Para tanto , seguirem os exa tam ente o ro te iro su g e ­
rido , ou seja: m o s tran d o o papel d as instituições d e ensino superio r 
(lES) e o p ap e l d a s escolas superio res de cada p rofissão jurídica.
A ntes, gostaríam os de p ed ir que déssem os u m a o lhada p a ra trás. 
Fazem os crer q u e p o d em o s constatar qu e m u ita coisa (m as, m u ita coi­
sa m esm o) aconteceu com o ensino juríd ico d esd e a conquis ta da Por­
taria n “ 1.886/94-M EC. M uita coisa aconteceu tam bém em term os n u ­
m éricos - que hoje são quase astronôm icos. C om efeito, já som os pelo 
m enos 500 cursos juríd icos (há estatísticas ind icando 482, até o finai do 
ano 2000 e fo ram iniciados m uitos novos cursos em 2001 e 2002). A lém 
disso , os cursos já têm algo em to rno de 14 m il p rofessores, conform e 
d ad o s do IN EP (quase todos com pelo m enos u m curso d e p ó s -g ra d u ­
ação em sen tido lato, sendo que m ais d e 4.500 já p o ssu em o títu lo de 
m estre o u dou tor); além disso, os cursos de D ireito con tam hoje com 
n ad a m enos q u e ap ro x im ad am en te 400 m il es tudan tes . Sim, pois em
2002, cerca d e 61 m il bachare landos fizeram o Provâo. Isto significa 
que estam os fo rm an d o 61 m il novos bacharéis p o r ano. Por enquanto!
C o n v ém lem brar q u e os cursos d e Direito possuem , in d iv id u a lm en ­
te, a m ais e levada oferta d e vagas anua is n o ensino superio r. Ela varia 
d e u m m ín im o de 80 vagas, nos cursos m enores, a té 1000 vagas ou 
mais, naque les de m aior tam anho.
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Se fo rm os pa ra o lado profissional, já tem os m ais d e 500 m il ad v o ­
gados inscritos e apenas 14 m il juizes. Infelizm ente, não d ispom os de 
d ad o s q u an to ao n ú m ero de m em bros d o M inistério Público Federal, 
E stadual e d o Trabalho , sendo pouco os in tegran tes d o m inistério p ú ­
blico especial jun to aos Tribunais de Contas. C om o a exigência d o cu r ­
so de D ireito p a ra os D elegados de Polícia d a ta de pouco tem po, fica 
difícil p recisar o n ú m ero exato de bacharéis nessa profissão.
D espeito d a s constan tes avaliações e fiscalizações a que são su b m e ­
tidos, não são todos os cursos que conseguem oferecer ensino d e q u a ­
lidade. Pode-se ap o n ta r a massificação d o ensino d o D ireito com o um a 
das razões p a ra essa q u ed a nessa qualidade . Talvez p o r isso, as pro fis ­
sões juríd icas sen tiram a necessidade de m elho r p re p a ra r aqueles que 
nelas ingressam . D aí as cham ad as Escolas Profissionalizantes.
Ao lado de tu d o isso, verifica-se que jovens recém -form ados estão, 
cada vez m ais, en tra n d o n a s ca rre iras específicas d o Jud ic iário , do 
M inistério Público, d a s P rocu radorias e do s D elegados de Polícia. A 
crítica q u e as facu ldades de Direito recebem é que, m esm o assim , esse 
pessoal estaria m u ito despreparado ... e v ilipend iam m u ito a form ação 
universitária .
M as, será q u e isso significa u m a certa falência do s cursos jurídicos?
N ão fazem os coro aos que resp o n d em afirm ativam en te a essa in d a ­
gação, em bora en ten d em o s q u e m uitos deles p recisam m elh o ra r b a s ­
tante. N o en tan to , a situação desses cursos p ro v o co u u m a reação das 
várias pro fissões jurídicas. Reação essa que foi in iciada pe la p ró p ria 
OAB, com a criação da sua escola superio r de advocacia.
N o p re sen te trabalho , verem os algo a respeito d o ensino d o Direito 
e d as razões q u e levam à necessidade de se co n tin u a r a educação de 
cada u m do s o p erad o re s d o Direito. Fazem os, in icialm ente, crer que 
tal ocorre n ã o só p e lo m u n d o com petitivo que se apresen ta , com o tam ­
bém pela n ecessidade que existe de serm os e de te rm os sem p re m elho ­
res profissionais.
A p a r tir daí, abo rd arem o s tam bém o papel d as IBS nesse segm ento , 
b em com o as razões d o aparec im ento d as escolas p rofissionais superi-
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ores e o pap e l de cada u m a delas. A o final tecem os a lg u m as breves 
considerações a respeito dos m estrados profissionalizantes.
P ara elaboração d este trabalho , tivem os o p o r tu n id a d e n ão só de 
levar em consideração a nossa experiência pessoa l com o professor, 
ava liado r e ad m in is trad o r, no ensino d o Direito, ju n to com aque la de 
D ire tor da Escola S uperio r da A dvocacia - ESA, da O A B /R N , m as tam ­
bém p ro cu ram o s en trev is ta r pessoalm ente o u ler en trev is tas concedi­
das pelos d irigen tes a tua is da m esm a E S A /R N , d a Escola S u perio r da 
M a g is tra tu ra /R N - ESM ARN e da F undação Escola S u perio r d o M i­
n istério P ú b lic o /R N - FESMP, a lém d a co o rd en ad o ra científica da 
ESMARN.*
A bib liografia d ispon ível sobre o assun to n ão é m u ito longa, pelo 
m enos na área ju ríd ica - pelo contrário . Por isso, vam o s fazer tam bém 
a lg u m as considerações e questionam entos. Ao lado disso , p ro cu ram o s 
d a r a lguns posic ionam entos; m u ito m ais p ara p ro v o car o d eb a te e a 
m editação d o q u e p ara pontificar soluções. N o final d o trabalho , ap re ­
sen tam os a lg u m as considerações em frente do que foi pesqu isado .
A ntes d e ad en tra rm o s m ais n o assunto , gostaríam os de ressa lta r a 
im portância do m esm o e o p o rq u ê d e ter constado de u m even to com o 
o VI Sem inário da C om issão d e Ensino Juríd ico d o C onselho Federal 
d a OAB (realizado em Juiz de Fora, n o p eríodo de 10 a 12 d e abril de 
2002) e de m ais este livro da CEJ/OAB: a educação co n tin u ad a é do 
m aio r in teresse de todos os cursos juríd icos do Brasil! A lém , obvia­
m ente, d e todas as escolas superio res (ou profissionais) d o Direito.
II. 0 ENSINO DO DIREITO E A EDUCAÇÃO CONTINUADA
Existe u m a afirm ação a tribu ída a HEGEL seg u n d o a qual: o q u e é 
d a d o p o r sab ido , exa tam ente p o rq u e é d a d o p o r sab ido , não é efetiva­
m en te conhecido. M uito p rovavelm en te estam os sendo in sp irad o s por 
essa colocação pa ra constatar q u e não pod em o s no s aq u ie ta r q u a n d o o 
assun to é o saber. C om isso a convicção d e to d o s q u an to ao fato d e que
' Respectivamente os Profs. JOSONIEL FONSECA, VIRGÍLIO FERNANDES JR, lADYA GAMA MAIO e MARIA 
DOS REMÉDIOS FONTES SILVA.
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o ensino e o ap ren d iza d o d o Direito não se esgota com o recebim ento 
do d ip lo m a de Bacharel em Direito.
Aliás, parece até que estam os pra ticando u m verdad e iro "estelionato 
cu ltu ra l" com os nossos a lunos do s cursos d e Bacharel em Direito. Sim, 
pois, em princíp io , o d ip lom a que fornecem os aos n ossos alunos, por 
si só, n ão os habilita d ire tam en te ao exercício de q u a lq u e r profissão 
juríd ica. C o m o o em inen te P rofessor ÁLVA RO M ELO FILH O bem 
colocou n o seu Inovações no ensino jurídico e no Exame de Ordem (p. 243)^, 
p a ra exercer q u a lq u e r carreira jurídica, o c idadão tem q u e enfren tar 
u m a v e rd ad e ira "g u erra" , com várias batalhas:
a) p rim eiro ele vai enfren tar u m d o s vestibu lares m ais d isp u ta ­
do s do ensino su p er io r (despeito d a g ra n d e q u a n tid a d e de v a ­
gas hoje oferecidas);
b) d u ra n te o curso ele tem qu e ser ap ro v ad o n o estág io d e p rá ti ­
ca ju ríd ica que faz p arte d o currículo do curso;
c) depo is vem o exam e nacional de curso (este

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