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OAB Ensino Jurídico Formação Jurídica e Inserção Profissional D IR E T O R IA R u b e n s A p p r o b a t e M a c h a d o ; Presidente R o b e r to A n to n io B usato : Vice-Prt’sidtiiUe G ilb e r to G om es: Secretnrio-Ceral Serg io Ferraz : Secretârio-Gernl Adjunto E sd ras D a n ta s d e Souza: Diretor Tesoureiro C O N S E L H E IR O S F E D E R A IS AC: M a rce lo L avoca t G a lv ão , R obe rto Rosas, Serg io Ferraz; AL: A d i ls o n C a v a lc a n te de S ouza , A n to n io N a b o r A re ia s Bulhões , M a rc o s B e rn a rd o s d e M ello ; A M : Eloi P in to d e A n d ra d e , José A lf re d o F erre i ra de A n d ra d e , O rna ra O liveira d e G u s m ã o ; AP: G u a ra c y da Silva F re ita s , Sebas tião C r is to v a m Fortes M a g a lh ã e s , W a s h in g to n d o s S an to s Costa ; BA: G ilb e r to G o m e s , Jose li to B arre to d e A b reu , M a rce lo C in t r a Zarif; CE: José F elic iano de C a rv a lh o Jú n io r , M a rco s A n to n io P aiva C olares , Rosa Jú lia Piá C oe lho ; DF: E sd ra s D a n ta s d e S ouza , F rancisco L acerda N eto , M arce lo H e n r iq u e s R ibeiro d e O live ira ; ES: A n to n io José F erre ira A b ika ir , ím e ro D ev en s . L u iz A n ton io d e S o u za Basllio; G O : A n a M a ria M orais , E lád io A u g u s to A m o r im M e sq u i ta , José Porfírio Teles; M A : C a r lo s Sebas tião Silva N ina , José Brito d e S ouza , José C a r lo s S ousa Silva; M G : João H e n r iq u e Café d e S ousa N ovais , José M u r i lo P ro c ó p io d e C a rv a lh o , P au lo R oberto d e G o u v ê a M e d in a ; M S : Afcife M o h a m a d Hajj, E v a n d ro P a e s Barbosa, José Sebastião E spíndola; M T: H e n r iq u e A u g u s to Vieira, Renato C e sa r V ian n a G o m e s , R o b e r to D ias d e C a m p o s ; PA: C lov is C u n h a d a G a m a M a lch e r Filho, José R o n a ld o D ias C a m p o s , M aria A velina Im bir iba H esk e th ; PB: D e lo s m a r D o m in g o s de M e n d o n ç a J u n io r , Jo s é A r a ú jo A g ra , Jo s é E d is io S im õ e s S o u to ; PE: A lu í s io Jo sé d e V asconcelos Xavier , Jú lio A lcino d e O liveira N eto , M au ríc io R a n d s C o e lh o Barros; PI: F ides A ngé lica d e C a s t ro V e l lo so M e n d e s O m m a l i , João P e d r o A y r im o ra e s S o a res , R o b e r to G o n ça lv es d e F re i ta s Filho; PR: A lber to d e Pau la M a c h a d o , E d g a rd L uiz C a v a lcan t i de A lb u q u e rq u e , R obe rto A n to n io Busato; RJ: A lfredo B u m achar, O rq u in éz io d e O liveira , O scar A rgollo ; R N : A n a M aria d e Farias, H er ib e r to Escolástico Bezerra , P a u lo L opo Sara iva; RO: José J o ã o S o a re s B a rb o s a , N e y L u iz d e F re i ta s Leal, O d a i r M a r t in i ; RR: E d n a ld o d o N a s c im e n to Silva, H e ld e r F ig u e ire d o P ereira , Jo rge d a Silva Fraxe; RS: Ja y m e P az da Silva, N e r e u L im a , R e g in a ld D e lm a r H i n t z F e lk e r ; SC : F e r d i n a n d o D a m o , J e f f e r s o n L uis K ravchychyn , M a rc u s A n to n io Lu iz d a Silva; SE: E d so n Ulisses de M elo , João C arlos O liveira C os ta , R a im u n d o C e z a r Britto A ragao ; SP: A n to n io C arlos d e Pau la C a m p o s , M ichel Elias Z am ari , R o s a n a C h iav a ssa ; T O : Ercilio B ezerra d e C a s tro Filho , Iva ir M a r t in s d o s San tos D in iz , S ad y A n to n io Boessio P igatto . CO M ISSÃ O DE ENSIN O JU R ÍD IC O - 2001/2004 Presiden te : P a u lo R oberto d e G o u v ê a M ed ina ; V ice-Presidente: F rancisco O ta v io d e M ira n d a Bezerra ; Secre tário : M il to n P a u lo d e C a rv a lh o ; M e m b ro s e fe t ivos: D o u r im a r N u n e s de M o u ra , M a rco s B e rn a rd e s d e M ello , M arilia M uricy ; M e m b ro s co nsu l to res : A d e m a r Pereira , Ignacio P o v e d a Velasco, R o b e r tó n io San tos Pessoa, Ordem dos Advogados do Brasil Conselho Federal OAB Ensino Jurídico Formação Jurídica e Inserção Profissional Brasília, DF - 2003 CONSELHO FEDERAL ©Ordem dos Advogados do Brasil Conselho Federal, 2003 Editoração e distribuidor: Gerência de Documentação e Informação Setor de Autarquias Sul - Q. 5 - Lote 1 - Bl. M - T andar Brasília - DF CEP 70070-939 Fones: (061) 316-9631 e 316-9605 Fax: (061)316-9632 e-mail: gdi@oab.or.br Tiragem: 3.500 exemplares Organização: Luiz Carlos Maroclo Capa: Susele Bezerra Miranda Diagramação: Rodrigo Pereira Revisão: Tereza Maria de Aguiar FICHA CATALOGRÁFICA OAB Ensino Juríd ico : formação jurídica e inserção profissional. 0 65 Brasília, D F : OAB, Conselho Federal, 2003. 272 p. ISBN 85-87260-32-4 1- Ensino jurídico - Brasil. 2. Direito - Brasil. I. Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Conselho Federal. Comissão de Ensino Jurídico. CDD: 341.41507 CDU: 34:378(81) GDI/CF- OAB/Luiz Carlos Maroclo SUMÁRIO A presentação..................................................................................... 11 Rubens Approbnto Machado À guisa de p re fác io ..........................................................................13 Paulo Roberto de Gouvêa Medina Parte I - VI Seminário de Ensino Jurídico Formação Jurídica e Inserção Profissional - "Ensino do Direito e Acesso às Profissões Jurídicas: um a Conexão N ecessária" ................ 15 Discurso do Presidente do Conselho Federal da OAB, Rubens Approbato M achado, sobre o tema; “Exigências Práticas no Exercício Profissional e Limitações da Formação Ju ríd ica " ..........................................................................17 Discurso proferido pelo Presidente da Comissão de Ensino Jurídico do Conselho Federal da OAB, Paulo Roberto de Gouvêa M e d in a ................................................................................29 Carta de Juiz de F o r a ...................................................................... 35 P rogram ação ..................................................................................... 37 C onclusões......................................................................................... 39 Exposições Educação continuada: o papel das instituições de ensino superior e o papel das escolas superiores de advocacia, da m agistratura e do Ministério Público.................................... 43 Adilson Gurgel de Castro Exame de O rdem e inserção profissional................................. 79 Antônio Maria Iserhard Educação continuada para a advocacia - O papel das escolas superiores..................................................................... 85 Fides Angélica Ommati O ensino jurídico e o perfil dos concursos p ú b lico s ................95 Paulo Nader Parte II - VII Seminário de Ensino Jurídico - Formação Jurídica e Inserção Profissional 'T o r uma Revisão do Curso de D ire ito" ................................. 101 Discurso do Presidente do Conselho Federal da OAB, Rubens A pprobate M achado ..................................................... 103 Discurso do Presidente da Comissão de Ensino Jurídico do Conselho Federal da OAB, Paulo Roberto de Gouvêa M ed in a ........................................................................ 113 Carta de São P a u lo ........................................................................ 121 P rogram ação ................................................................................. 123 Exposições Visão crítica da legislação sobre o Ensino Jurídico............... 127 Nina Beatriz StoccoRanieri Vocação e seleção para o estudo do D ire ito .......................... 141 Renan Lotufo Vocação e seleção para o estudo do D ire ito .......................... 153 Regina Toledo Damião O bacharel que se pretende formar: adequação do curso aos objetivos p rofissionais ......................................... 159 Milton Paulo de Carvalho Um curso em dois ciclos - Repensando o ensino do D ire ito ........................................................................ 167 Sergio Ferraz Um curso em dois ciclos - Repensando o ensino do Direito.... 171 Ademar Pereira As universidades e a Ordem dos Advogados: uma cooperação desejada no modelo de formação dos advogados em P ortugal.............................................................. 185 Fernando Sousa Magalhães Parte III - Trabalhos d iv erso s ..................................................... 195 Subsídios para um a revisão da política nacional de avaliação da educação su p er io r............................................197 Paulo Roberto de Gouvêa Medina O trabalho do ad vogado ...............................................................209 Milton Paulo de Carvalho O ensino jurídico fundamental e as práticas de seleção para o mercado profissional......................................... 231 Marãia Muricy Diretrizes curriculares e redefinição do perfil dos concursos p úb licos .................................................................243 Robertônio Santos Pessoa "Um ensino superior de qualidade" - Avaliação, revisão e consolidação da legislação do ensino superior: docum ento de orien tação .............................................................253 Pedro Lynce de Faria n APRESENTAÇÃO É com enorm e honra que apresento à com unidade jurídica e à socieda d e brasileira esta obra "OAB ENSINO JURÍDICO - Formação Jurídica e Inserção Profíssional", resultante de trabalhos da Com issão de Ensino Jurídico d o C onselho Federal da OAB - OAB-CEJU; dos VI e VII Sem iná rios d e Ensino Jurídico p o r ela prom ovidos; d e exposições e d e traba lhos diversos dos m ais expressivos m estres ligados ao ensino jurídico. A O rd em do s A d v o g ad o s d o Brasil, ao longo de su a h istórica traje tória, sem pre se posicionou pelo desenvolv im ento educacional do povo brasile iro . A educação é o alicerce de u m a nação civilizada. A OAB, ao reverso d o q u e e rrad am en te se apregoa, n u n ca foi con tra o ensino e, m enos a inda, con tra o ensino jurídico. A OAB é con tra o m a u ensino; o ensino q u e não ensina; o ensino que frauda , q u e engana , q u e co rrom pe. Por essas sintéticas razões é q u e a OAB, a través d a CEJU, se m ostra r igorosa não só na apreciação d e p ed id o s de ab e rtu ra de novos C ursos de Direito, com o nos processos de seu reconhecim ento , b em assim no q u e concerne ao au m en to d e vagas nos cursos existentes. Esclareça-se que o parece r da CEJU não tem , contudo , efeito v incu lan te , m otivo pelo qual a adm in is tração pública federal com peten te , no caso o MEC, não fica cond ic ionada a esse parecer e, in ú m eras vezes, tem au to riza d o o u reconhecido cursos em total afronta aos pareceres fu n d a m e n ta do s da CEJU. Essa situação acaba gerando u m geom étrico e crescente au m en to de cursos juríd icos, m uitos do s quais sem q u a lq u e r su b s tân cia, c riando u m a legião de bacharéis d esp rep arad o s , em p re ju ízo não só de si p róp rio s , com o da cole tiv idade e da im ag em d o s o p eradores d o d ireito , especialm ente dos advogados. 12 É p o r essas razões qu e a OAB vem m an ten d o um a lu ta in tensa con tra a p ro life ração desp ro p o rc io n ad a dos cursos juríd icos, ao m esm o tem po em q u e se bate pelo aperfe içoam ento do s cursos existentes e a qualificação do s corpos docentes e discentes. E u m do s p o n to s para o d esenvo lv im en to desse traba lho q u e se cristaliza n a realização perió dica d e C ongressos, Sem inários, Conferências, Exposições, Trabalhos, cu idando-se não só da form ação jurídica, com o tam b ém d a inserção profissional. N os VI e VII Sem inários, os tem as enfocados fo ram am p lam en te d iscu tidos, re su ltan d o em conclusões que m erecem a a tenção não só dos advog ad o s , m as d e todos aqueles que se in te re ssam pelo desen v o lv im ento educacional d este País. M erecem ap lausos n ão só a d e d i cação e a inteligência daque les que partic ip a ram desses eventos, m as tam bém as idéias, p ro p o stas e conclusões d as exposições e do s traba lhos o fertados e aqu i rep rod u z id o s . Em especial, p a ra se fazer justiça a q u em rea lm en te m erece, n ão posso deixar de consignar o m etódico, e f ic ien te e d e d ic a d o t ra b a lh o d e se n v o lv id o p e lo P ro fe sso r P au lo R oberto de G ouvêa M edina, Conselheiro Federal d a OAB rep resen tando a Seccional de M inas Gerais, e P residente da C om issão de Ensi no Juríd ico - CEJU, que m ercê de sua notável inteligência e dedicação vem co n d u z in d o esse sensível p o n to da OAB com m uita p rob idade , c r ia tiv idade e p ro d u tiv id ad e , com decisões justas e fu n d a m e n tad as nas apreciações da im ensidão de p ed id o s que se p rocessam peran te aquela Com issão. Brasília, 10 de n o v em b ro d e 2003 Rubens Approbate Machado Presidente Nacional da O A B 13 À GUISA DE PREFÁCIO C o rre sp o n d e o p resen te vo lum e ao sexto d a série OAB ENSINO JURÍDICO. C om ele, a C om issão de Ensino Juríd ico d o C onselho Fe dera l da O rd e m do s A dvogados do Brasil-CEJU, d á seqüência ao tra balho ed ito ria l que vem desenvo lvendo , com o escopo d e contribuir, p o r m eio de artigos e exposições, para o deba te do s p ro b lem as d a e d u cação superio r, no seu cam po de atuação. A série trad u z , em boa p a r te, u m a visão d a CEJU acerca d o ensino juríd ico n o país, de tal m odo que o conjunto da obra tende a exprim ir u m a d o u tr in a q u e se vai for m an d o em to rno do s critérios que devem orien ta r a criação d e novos cursos, as condições exigidas p ara o b om func ionam en to d as institu i ções de ensino juríd ico , o perfil d o bacharel q u e se p re te n d e form ar, as perspec tivas q u e se oferecem ao recém -form ado p a ra o exercício p ro fissional - a lém de vários ou tros aspectos d a tem ática em questão. Este vo lu m e está vo ltado , especialm ente, p a ra o objetivo p o r ú lti m o destacado . O sub títu lo Formação Jurídica e Inserção Profissional cla ram en te o indica. Foi esse o tem a central do s do is Sem inários d e Ensi n o Ju r íd ic o p ro m o v id o s d u r a n te a g e s tão d o P re s id e n te R u b en s A p p ro b a to M achado. O VI Sem inário, realizado em Juiz de Fora, de 10 a 12 de abril d e 2002, teve com o tem a específico Ensino do direito e aces so às profissões jurídicas: uma conexão necessária. O VII Sem inário , ocorri do em São Paulo , no p eríodo de 28 a 30 de m aio de 2003, cen trou-se no lem a Por uma Revisão do Curso de Direito. As d u as p rim eiras partes deste vo lum e estão d ed icad as aos referi d o s Sem inários, do s quais constituem registros q uase com pletos, a tí tu lo de anais. A P arte III abre espaço a contribu ições d e ilustres pro- 14 fessores de D ireito , que, assim , enriquecem considerave lm en te a obra, a lém d e conter o texto ap resen tado pela P residência d a CEJU em re cente aud iência pública convocada pela Secretaria de EnsinoS uperior do MEC. D ificu ldades com preensíveis im p e d ira m q u e os reg is tros a que, acima, se a lu d iu fossem m ais abrangentes, de m o d o a p o d e rem re p re sen tar, n o rigor d o term o, o p ap e l d e v e rd ad e iro s anais d aq u e les even tos. N em todas as exposições foram feitas p o r m eio d e textos escritos e não se consegu iu obter a rep ro d u ção de a lg u m as delas, a fim de com p o r u m p aine l m ais am plo do que foram aqueles Sem inários. Da le itu ra d este vo lum e há de ressair o sen tido de co n tin u id ad e q u e a atua l com posição da CEJU p ro cu ro u d a r aos seus trabalhos, sen d o a realização d o s d o is even tos referidos e a p ró p r ia ed ição d este n ú m ero exem plos eloqüen tes disso. Resta-nos ag radecer o concurso d e quan tos, com a sua partic ipação naqueles Sem inários e os textos redigidos, possib ilitaram a edição deste volum e. Paulo Roberto de G ouvêa M edina Presidente da Comissão de Ensino Jurídico do Conselho Federal da O A B PARTE I VI SEMINÁRIO DE ENSINO JURÍDICO FORMAÇÃO JURÍDICA E INSERÇÃO PROFISSIONAL “Ensino do direito e acesso às profissões jurídicas: uma conexão necessária” 37 D IS C U R S O DE A BERTU RA D O PR E SID E N T E D O C O N S E L H O FEDERAL D A O R D E M D O S A D V O G A D O S D O BRASIL, RUBENS A P PR O B A T O M A C H A D O , TEM A: "E X IG ÊN CIA S PR Á T IC A S N O EXERCÍCIO PR O FISSIO N A L E LIM ITA ÇÕ ES D A FO R M A Ç Ã O JU R ÍD IC A ", JU IZ D E FORA, M IN A S G ER A IS, 10-04-2002 SENHORAS E SENHORES ADVOGADOS H á, na escala de eventos da OAB, aqueles q u e têm relação direta com o p an o ram a institucional e político do país, aqueles q u e d izem respeito ao co tid iano do ad vogado e ou tros que p ro cu ram descortinar horizon tes de am anhã. Este Encontro se insere nesta últim a escala. A ssum e im portância cen tral p a ra o fu tu ro da advocacia, porque mexe com a ferram enta básica d o ad vogado - a ferram enta do saber, a ferram enta d o conhecimento. O saber é o m aior recurso q u e u m ad v o g a d o p o d e d isp o r para en fren tar u m m u n d o cada vez m ais com plexo. Já se fo ram os tem pos em q u e o conhecim ento consistia em co m p reen d er u n id ad e s isoladas, fechadas, com partim en ta lizadas. N ovos desafios se im põem , desta fei ta, defin idos pelo fenôm eno da globalização, q u e n ão ap en as prom ove a in tegração das econom ias internacionais, a aproxim ação en tre as fron teiras geopolíticas e econôm icas, m as p ropic ia a in te rd ep en d ên c ia de sistem as conceituais e novas significações, a p o n to de se constatar, hoje, que a s im ples aquisição, fusão ou incorporação de u m em preend im en to im plicam questões regula tórias, contra tuais, financeiras, p rev idenciá- rias, envo lvendo , d esta form a, u m leque apreciável de posições que se entre laçam com os d iversos e sem pre crescentes cam pos do Direito. A p ro p ó s i to , m e re c e d e s ta q u e o im p o r ta n te R e la tó r io p a ra a UNESCO, feito pe la C om issão In ternacional sobre educação p a ra o século XXI, q u e se to rn o u conhecido com o o R elatório Delors, q u e d is corre sobre as condições en tre educação e m u n d o d o traba lho e as exi gências d e n ovas form as d e certificação q u e levem em conta as com pe 18 tências ad q u ir id a s no desenvo lv im ento d a educação ao longo d e toda u m a vida. N este m u n d o em perm anen te transform ação, não há m ais lugar para o im prov iso , p a ra os desavisados, os ociosos, os ignoran tes, os acom o dados, enfim , p a ra os profissionais que n ão q u e iram re sp ira r o novo e s p í r i t o d o t e m p o , u m e s p í r i t o e m b a s a d o p e lo s v a lo r e s d a com petitiv id ad e acirrada, da alta especialização, d a v isão abrangen te dos problem as. A o ad v o g ad o , em função de suas exigências de n a tu reza profissio nal e d as características in telectuais d e sua ativ idade , u rg e u m a a tua li zação perm an en te . Afinal d e contas, avo lum am -se os conhecim entos e as d em a n d as p o r p a r te do s novos n ichos d o m ercado , en tre os quais, as áreas d o Biodireito, d o Direito do C onsum idor, d o D ireito Eleitoral, d o D ireito Esportivo, d o Direito In terbancário , do D ireito Penal dos N egócios e tan tos o u tros ram os d a frondosa árvore d o d ireito , sem pre se ex p an d in d o , a m o stra r que o d ireito é v ida p erm anen te . D iante desses novos nichos e an te os desafios im postos pelas novas realidades socioeconômicas e políticas, o advogado não p o d e e não deve estar se sen tindo defasado. Cair no poço do desconhecim ento e d o obs curantism o significa a opção pela reclusão, pelo distanciam ento do m er cado, pela condenação à perm anência nas m argens d o progresso cu ltu ral, educacional e científico. H á, inegavelm ente, u m g rande desafio ao meio jurídico, que é o de, alicerçado em sólidos conhecim entos, hauri- dos no estudo bem dirigido e em u m ensino jurídico em m oldes m od er n o s , a tu a n te s , fa z e r g e ra r co n h e c im en to s a v a n ç a d o s , m o d e rn o s , estru turados. O desafio só po d e ser en fren tado com talento, conheci m entos e, essencialm ente, estudos. M uitos estudos. Bons estudos. É certo que m uitos têm saudades do tem po dos bacharéis, pelo fato de que eles tiveram influência decisiva na condução política e adm inistrati va d o Brasil, com presença m arcante no Legislativo e no Executivo. O fato é que m u ita coisa m u d o u , en tre os dias d e hoje e o 11 de agosto de 1827, q u a n d o a lei sancionada p o r D. P edro I e d e insp iração do V isconde d e São L eopoldo criou os dois prim eiros cursos d e ciênci- 19 as juríd icas e sociais do Brasil, em O linda e em São P au lo , q u e p assa ram p o r re fo rm as em 1891, qu an d o , efetivam ente, os cursos d e d ireito em nosso p a ís g a n h a ra m em ancipação , l ib e rtan d o -se d a in fluência p o rtu g u esa , m ais especificam ente da U n iv ers id ad e d e C oim bra. A d isp a ra d a dos cursos de Direito, no Brasil, sem se levar em conta as reais d em a n d as e especializações do m ercado, ab riu um im enso fosso en tre a base d e excelência técnica e a m assificação do ensino. De 1827 pa ra 1980, o n ú m ero de cursos d e D ireito cresceu de 2 para 130; chegou a 153, em 1989, segu n d o con tab ilidade d o prof. José Carlos A zevedo , e a 235, em 1995; a 362, em 1999; a 442, em 2000. Esse m esm o professor, ao d en u n c ia r o m on u m en ta l au m en to do n ú m e ro de cursos de D ireito no a tua l G overno, com visível q u ed a na q u a lid ad e d o ensi no, ilustra seu artigo com u m a péro la colecionada p o r u m d ip lom ata brasileiro , colecionador d e preciosidades. U m decre to q u e reg u lam en tava a concessão de d iárias a serv idores públicos casados, d iz ia (sic): "p a ra efeitos d este decreto , en tende-se p o r cônjuge d o serv id o r o m a rido o u a m u lh er dele". Esse é o nível a que chegam os. T am bém p u d e ra, com u m m ercado su p ersa tu rad o , m alfo rm ado , só coisas com o essa p o d er iam acontecer. N o ano passado , os 273 cursos juríd icos q u e p a r tic ip a ram do Exa m e N acional de C ursos, o Provão, lançaram no m ercado 50.933 bacha réis de Direito. T rata-se de u m n ú m ero seis vezes a q u a n tid a d e de m édicos, sen d o o n ú m ero q u eestá n o topo d a s carre iras do ensino superio r. Só po d em o s ter sau d ad es dos bacharéis, do tem po em que os textos constitucionais e legais p ro d u z id o s não tinham as seqüelas - com todo o respeito q u e tem os para com ou tras profissões - não tinham , repito, as seqüelas e vieses p o r textos elaborados e assinados p o r econom istas, arquitetos, sociólogos e outros que, vestindo o m an to dos profissionais de Direito, se ju lgam capazes de palp itar em áreas q u e não dom inam . N ão podem os, po rém , deixar d e en fa tizar q u e o ensino d e Direito, em nosso país, pad ece de u m a visão m ercantilista , q u e corrói as bases d e qualidade . 20 É im p o rtan te deixar esclarecido que n in g u ém é contra o ensino; n in gu ém é contra a m assificação do ensino. A educação é a base e s tru tu ral de u m po v o q u e p o d e ser tido com o civilizado. M as, tem os que ser rigorosam ente con tra o m a u ensino. O ensino q u e não educa, m as en gana . O ensino q u e co rro m p e , q u e m a ta esperanças . O en s in o que m ercantiliza, que vê no a luno u m objeto e não u m ser h u m a n o que qu er se enriquecer de conhecim entos. Vale, nesse passo , reg istra r q u e dos inú m ero s cursos d e D ireito a tu alm ente existentes, têm sido m ín im os aqueles que, p a ra sua criação, ob têm parece r favorável da OAB, ev idenciando u m q u ad ro de de te ri oração que tem m otivado , até, o M inistério da Educação a iniciar p ro ced im entos n o sen tido d e fechar a lguns desses cursos. L em bram os, a p ropósito , q u e o E statu to da A dvocacia e da O rd e m d o s A dvogados d o Brasil (Lei 8.906/94) confere à OAB pap e l de re levo n o cam po do ensino jurídico. E o decreto m ais recente, de 3.860, d e 9 d e ju lho de 2001, que d ispõe sobre a organização do ensino superior, estabelece que "a cria ção e 0 reconhecimento de cursos jurídicos em instituições de ensino superior, inclusive em universidades e centros universitários, deverão ser submetidos à manifestação do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil". Essa atribu ição é exercida pelo Conselho, p o r sua C om issão d e Ensino Jurí dico, criada em 1991, e hoje sob o com peten te co m an d o d o prof. Paulo Roberto de G ouvêa M edina. M encione-se que o Parecer d a OAB, ap e sar d a exigência legal, não é v inculativo. A A dm in is tração Pública, a través de ó rgãos d o MEC, aceita o u n ão aceita o parecer, e decide. São incontáveis os C ursos criados e au to rizados pelo MEC, com parecer técnico, substanciosam ente fu ndam en tado , d a OAB. Desses C ursos, 203 situam -se em U nivers idades ou C entros U ni versitários, o u seja, em instituições que p o ssu em au to n o m ia constitu cional. Estas instituições, com base nessa au tonom ia , q u e m ais parece soberania, p o d e m au m en ta r o n ú m ero de vagas, sem necessidade de observar os lim ites im postos pelo p o d e r público. E, p a ra a v e rdadeira explosão de vagas nos cursos de Direito, um a recente p o rta r ia do MEC 21 au to riza cursos juríd icos de faculdades in teg rad as e iso ladas a au m en tar as vagas, m ed id a que recebeu u m co n tu n d en te p ro testo da OAB, que levou o p ro b lem a à apreciação d o Judiciário , im p e tran d o M an d a d o de S egurança contra o ato m inisterial, sen d o certo que o STJ, por despacho lim inar, negou v a lidade a essa liberação, sem a p rév ia m an i festação da OAB. Se form os buscar as causas m ais p ro fu n d as d a s ituação de descré d ito n a Justiça com o instituição, se form os analisar a im agem de d e s crédito em que são colocados os profissionais do Direito, chegarem os à inegável m o ld u ra calam itosa em que se encon tra o ensino jurídico. N ão há d ú v id a de que o ensino jurídico no Brasil a travessa um a crise, q u e atinge a p ró p ria id en tid ad e e leg itim idade do s operadores d o Direito. É inegável a situação v e rd ad e iram en te calam itosa em que se encon tra o ensino juríd ico , causa prim eira e e lem entar, d en tre o u tras, d o descréd ito d a Justiça com o instituição, e d o d esap reço social em q u e são tidos os profissionais d o Direito. C o n v ém consignar que a lu ta da ORDEM DOS A D V OGADOS, no q u e tange ao estado atua l dos C ursos Jurídicos, n ad a tem d e co rpora tiva. É ind iscu tível que a nobreza da advocacia e levou-a em nível cons titucional. O artigo 133 da C onstitu ição Federal estabelece, com todas as letras, q u e a "advocacia é essencial à administração da Justiça". N ão se tra ta de u m a a tiv idade tida com o sim ples apênd ice d o P o der Judiciá rio, e nem restr ita ao seu m inistério p rivado . A advocacia é essencial à p ró p r ia Justiça, que é o alicerce de u m Estado de D ireito D emocrático. Sem Justiça não há L iberdade; sem L iberdade n ão há respeito ao Di reito; sem respeito ao Direito não há Dem ocracia. A acefalia dos C u r sos Jurídicos, b an a lizan d o a profissão do ad v o g ad o , re tirando-lhe a sua essencial característica de a tiv idade in telec tua lizada, traz p o r con seqüência, a desestabilização d as relações p rocessuais e colabora, tra g icam ente, com o caos social, ao invés de a ten d e r a justiça social. Sem u m a d v o g a d o b e m p r e p a r a d o , r e s ta im p o s s ív e l d a r - s e concretização aos d ireitos fundam en ta is e às garan tias ind iv idua is es tam p ad a s e descritas n o texto constitucional, com o cláusu las pétreas. 22 Esses d ire itos e essas garan tias só se to rn am concretas, se tiverem a d vogados b em ape trechados de conhecim entos e in te lec tua lm ente ca pazes de tran sfo rm arem o ideal em real. Vê-se, p o rtan to , q u e a luta pelo b om ensino e, em especial, pelo bom ensino juríd ico , se volta, fu n d am en ta lm en te ao cidadão , ao ju risd ic ionado e não ao exclusiva m en te advogado . N ad a tem , em verdade , d e corporativa , a lu ta pelo b om ensino jurídico. Saliente-se, a in d a , q u e o m au ensino juríd ico é u m ca lde irão de desequilíb rios n a v ida social. N ão é p o r acaso que vem os a esteira de p rob lem as se a rras ta r na m o ros idade dos processos, n a tendência de se su b tra ir d o Estado o m onopólio da jurisdição, p o r m eio do s tribu nais de arb itragem , dos juizes p rivados, que se m ultip licam em todos os espaços d o país, do s órgãos de conciliação. D etectam os a deterio ração deste ensino, p o r m eio do s concursos periód icos q u e realizam os, os conhecidos Exam es d e O rd e m e nos con cursos públicos d e cargos e funções a tribu ídas aos o p e rad o re s do d i reito. O nível d e aprovação em tais exam es e concursos, em face do n ú m ero do s bacharé is q u e a eles se subm etem , é rid icu lam en te m íni mo. Revela u m estado de degradação e de engodo. M ilhares de bach a réis que conclu íram seus cursos, com m uitos sacrifícios pessoais, g as tos, tem p o e inú m ero s ou tros problem as, têm u m d ip lo m a que n ad a vale. N ão conseguem ser ap ro v ad o s n o exam e de o rd e m (exam e de sim ples suficiência); não conseguem ser ap ro v ad o s no s concursos p ú blicos p a ra a m ag is tra tu ra , p a ra o m inistério público , p a ra o u tras car reiras jurídicas. N ão se to rn am advogados, juizes, p rom oto res, defen sores, p ro cu rad o res , delegados...nada!... Essas lim itações im p o s ta s p o r m au s cursos se co n s titu em em óbi ces in tran sp o n ív e is p a ra o exercício d e q u a lq u e r u m a d a s p ro fissões ju ríd icas. C om o se p o d e constatar, v ivem os u m a crise d e p roporções ab ran gentes, a q u e os especialistas em educação cos tum am d esd o b ra r em crise funcional, co m p o rtan d o a crise d o m ercado de traba lho e a crise d e id en tid ad e - com o já nos referim os - do s op erad o res d o Direito; a 23 crise operacional, que abriga a crise curricular e a crise adm inistrativa; e, perm eando essas crises, a crise estrutural, que é a p rópria crise p o r que passa a sociedade, aí situando-se a crise das estru turas públicas, que, frá geis e deterioradas, devem passar po r p rofundas transformações. A p rem issa q u e alicerça o conjunto de soluções é esta: a superação da crise p assa pela com preensão da na tu reza d o Direito. O Direito p re cisa ser u m horizon te d e libertação d e es tru tu ra s tradic ionais. O ensi no ju ríd ico n ão p o d e e n ão deve ser u m m eio d e rep ro d u ção , m as de construção. O que se observa, hoje, é u m am o n to ad o de inform ações q u e se passa p a ra o aluno , que não serve p a ra nad a , que n ão tem m u i to a v e r com a v ida real e com as perspectivas novas q u e se abrem . O ensino juríd ico d eve con tribu ir para a libertação, e não p ara a m anu tenção d e sistem as tradicionais a gosto do sta tus quo. Q u e p o d em o s fazer p ara m elhorar o q u ad ro , aperfe içoar o ensino de Direito? Esta é a p e rg u n ta recorren te que estam os ten tan d o responder. Prim eiro , trab a lh ar pa ra ser m elho rada a q u a lid ad e de ensino d en tro d a s p ró p r ia s u n idades. É preciso esclarecer q u e o traba lho da OAB não se restr inge à a tiv idade exercida na apreciação do s processos de criação e reconhecim ento de cursos jurídicos. A O rd e m tem p ro cu ra d o a tu a r pari passu com as instituições de ensino superio r, trab a lh an d o pela constan te m eta de aperfeiçoam ento d o ensino. A O rd e m vem cum p r in d o sev eram en te seu dever de velar pelo aperfe içoam ento do s cu r sos juríd icos, não apenas sug erin d o provisões legislativas, resu ltan tes d e acu rad o s e in tensos estudos, com o, no te rreno prático , ap o n tan d o , tam b ém d ep o is d e rigorosos exam es e eq u ilib rad as apreciações, os cursos vencedores d e c réd ito p a ra a ju v en tu d e in tere ssada na v e rd a de ira form ação ético-jurídica. A OAB coloca à d isposição a publicação "A OAB reco m en d a", cujos efeitos benéficos já se fazem perceber em todo o país. A OAB, a través d e suas Seccionais, vem , p eriod icam en te , d iv u l g an d o os resu ltados dos Exames de ordem , pub lic izando os percentuais de aprovação do s bacharéis, escola p o r escola. 24 A s idéias que a C om issão de Ensino Juríd ico ap resen ta e p rocura d ifund ir, a esse respeito , encontram -se consubstanc iadas no s vo lum es d a coleção "O A B-Ensino Jurídico." Vim os m an ten d o in tercâm bio com os C ursos jurídicos, po r m eio dos sem inários p ro m o v id o s anualm ente. N ão d am o s trégua , nem fazem os concessões ao m ercan tilism o que d evasta o m ercado de trabalho. Fazem os questão de ag ir de m aneira c o n tu n d en te contra aqueles que se ap roveitam de lacunas ou generali zações da lei p a ra expand ir cursos fora d a sede un ivers itá r ia e, m es m o, contra au to rid a d es governam en ta is que p erm item o au m en to do n ú m ero de vagas nos referidos cursos. P rova disso são os resu ltados judiciais que já conseguim os. Prova disso é o esforço q u e aqui se reali za, com este Sem inário, p a ra o qual, a exem plo d o s an teriores, q u ere m os recolher sugestões, idéias e reform ulações que sejam acolhidas pelas au to ridades. U m do s braços d ireitos, u sados na estra tég ia de aperfe içoam ento , está nos m eios p ró p r io s q u e criam os p a ra a finalidade de qualificação do ensino de Direito. Em face d o d esp rep a ro e em razão de, m esm o assim , h av e r u m in gresso cada vez m aio r d e bacharé is que, passan d o pelo exam e de sufi ciência, que é o Exam e de O rdem , se revelam d esp ro v id o s do necessá rio arsenal ju ríd ico p a ra u m a n o rm al a tiv idade profissional, a OAB, a ssu m in d o a sua re sp onsab ilidade p o r esses advog ad o s , tem p ro cu ra do, a fim de su p rir essa falta de conhecim entos técnicos e especializados, oferecer cursos de curta , m édia e longa duração n as Escolas S uperio res d e Advocacia. Elas foram criadas para oferecer a base que o a d v o gad o precisa p a ra o exercício de seu m unus. Têm elas um a re levante im portância d im en sio n ad a pela defasagem do s cursos d e Direito, pela necessidade de atualização dos quadros, pelo desafio de abrir novos horizon tes no p an o ram a de crescentes d em an d as sociais p o r aplicação da Justiça. U m ad v o g a d o p re p a ra d o é sinôn im o d e Justiça m elhor. Q u a n d o o o p e rad o r d o Direito dom ina com eficiência o cam po das postu lações e d em an d as , o resu ltado p o d e se verificar a té no quesito 25 d a ag ilidade da Justiça, na m ed id a em que as causas b em am paradas, d iscu tidas e defen d id as facilitam seguram en te o ju lgam en to d o m a g is trado , e co laboram p a ra a p az social. A ORDEM DOS ADVOGADOS D O BRASIL lu ta pela qua lidade do ensino, d esde o fundam ental até o de terceiro grau; pela qualificação profissional dos professores; pela restrição à abusiva e descriteriosa cri ação de novos cursos jurídicos e de aum ento ind iscrim inado de vagas, inclusive através da cham ada "extensão do cam pus universitário”. A OAB q u e r fazer p ropostas e discuti-las, com o objetivo d e sair m os da crise d iagnosticada. Cabe, desse m odo , senhoras e senhores, an te o q u a d ro descrito, p o n tu a rm o s a respeito de nossa p roposta central: re fo rm ulação no en sino jurídico. Cabe aqu i o uv ir as sábias pa lav ras da P rofessora A d a Pellegrini G rinover, que conhece p ro fu n d am en te o tem a. Ressalta a Professora A da q u e falta às Escolas d e Direito "u m pro jeto educaciona l que defi na o tipo d e profissional que se p ro p õ em fo rm ar e a que co m u n id ad e ele vai serv ir" {in: Jornal do A dvogado - O A B /S P , ano XXVII, n° 257, m arço d e 2002, p .18). A nossa p rop o sta , com tais ensinam entos, tra ta , na ve rd ad e , de um a te n ta t iv a d e a d a p ta ç ã o d o q u e se co nhece co m o "D ec la raç ã o da S orbonne", pela qual os países da U nião E uropéia assen ta ram a h a r m onização da es tru tu ra dos sistem as de ensino superior. Essa p ro p o sta consiste em se m an te r u m p rim eiro n ível seg u id o de u m seg u n d o nível com o objetivo d e p rop ic ia r form ação cu ltu ra l e p ro fissional co rresp o n d en te a u m a especialização. N a nossa p roposta , a que subm etem os à d iscussão , te rem os u m p ri m eiro ciclo de 5 anos, que é o per íodo p rev isto pe las d ire tr izes cu rricu lares, fo rm an d o o bachare l em direito. F indo esse p rim eiro ciclo, o p o rtad o r d o d ip lom a p o d erá utilizá-lo para seu currícu lo profissional, funcional, social, ou m esm o em a tiv idade paralega l q u e p o d e rá e d e verá ser criada p o r Lei. Porém , só com o títu lo d e b achare l n ão poderá exercer a p ro fis sã o d e ad v o g ad o e nem exercer q u a lq u e r funçãop ú b li 26 ca d as carre iras juríd icas (m agistrados, p rom o to res d e justiça, defen sores públicos, p rocu radores , delegados de polícia). Para se to rn ar u m profissional de q u a lq u e r u m a d as carre iras ju rí dicas, necessário será fazer o segu n d o ciclo (do qual o p rim eiro é pré- requ isito obrigatório) de, no m ínim o, 2 anos. Este seg u n d o ciclo d esti n ad o à form ação profissional de m agis trados, p ro m o to re s d e justiça, ad v o g ad o s e d em ais carre iras jurídicas, d eve ser rea lizado em u n iv e r s id ad es o u centros un iversitários oficialm ente reconhecidos (quando confo rm ados aos respectivos requisitos legais), com a obrigató ria su perv isão , fiscalização e partic ipação na elaboração e fiscalização da g rad e curricular, d a qualificação d o corpo docente, a defin ição d o p e r fil d o profissional, a través d a s Escolas Superiores de A dvocacia; das Escolas d a M agistra tu ra , d as Escolas d o M inistério Público e da s Esco las o u A cadem ias re lacionadas com a form ação profissional d o s d e m ais op erad o res do direito. T rata-se, dessa form a, d e criarm os u m a es tru tu ra cond izen te com as reais d em a n d as d a sociedade brasileira, e q u e tem sido objeto de constan tes e segu idas m anifestações d e organizações pro fissionais da advocacia , d o m inistério público e d a m agis tra tu ra . A g ra n d e reclam ação é a de que persiste u m a descolagem en tre o g ra u retórico e abstra to ineren te à form ação acadêm ica pe las caracte rísticas do s cursos juríd icos e as exigências prá ticas d o exercício p ro fissional. O vazio se m anifesta na ráp id a defasagem , na inabilidade, na p e rd a de confiança epistem ológica e na d isfunção social, fatores q u e res tr ingem o desem p en h o do s op erad o res d o Direito. D epois desses dois ciclos, o a luno a p ro v ad o terá condições d e p re s tar concursos públicos, p a ra a M agistra tu ra , o M inistério Público, e dem ais profissões q u e exigem conhecim entos juríd icos, b em assim de p re s ta r o Exam e d e O rd em peran te a OAB. C ertam en te os re su ltados serão a ltam en te positivos. O s q u e cursarem essa seg u n d a e tapa já es tarão , efetivam ente, engajados n as abo rdagens especializan tes e espe cializadas, o u seja, serão am p a rad o s pelas co rresponden tes profissões, com o explicitado, nas Escolas Superiores de A dvocacia, d o M inistério 27 Público e da M agistra tu ra , d as A cadem ias de Polícia, que oferecerão os currícu los especializados. P eriodicam ente, esses C ursos passarão p o r a v a l ia ç õ e s e a tu a l i z a ç õ e s . E x ig e -se , a s s im , u m c o m p le to en tro sam en to en tre as u n id ad es dos p rim eiro e seg u n d o ciclos, a fim de p o d e r p re se rv a r a idéia de u m desenvolv im ento con tinuado . N ão h averá com partim enta lização , fragm entação de p ro p o s ta s conceituais e curriculares. Em resum o, querem os form ar o ad vogado que um m u n d o em trans form ação exige. Q uerem os inserir o ad v o g ad o na nova sociedade, u m a sociedade m ais so lidária , m ais partic ipa tiva e p lural. N ão q u erem o s u m a escola dessin ton izada da rea lid ad e social, cu l tu ra l e política. Q uerem os u m ad v o g a d o com visão sistêm ica e generalis ta , capaz de in te rag ir com o m u n d o em transform ação , e, ao m esm o tem po, o a d v o g a d o com p ro fu n d o s conhecim entos em suas á reas específicas, q u e seja capaz de d o m in ar o objeto a que se p ro p õ e o u o agente de cujos d ire itos será um defensor. A ap ren d izag em d a advocacia há de p ro p o rc io n ar au tonom ia , d e s p e r ta r a consciência d a C idadan ia , para o país g an h a r n ão ap en as p ro fissionais capacitados, m as c idadãos conscientes d e seu pap e l e de sua m issão transform adora . O co m p o rtam en to ind iv idua l do ad v o g ad o há d e se refletir n a im a gem coletiva. O que u m ad vogado v ier a rep resen ta r, com o conceito d e id en tid ad e , acaba se im p reg n an d o no espectro social m ais am plo. Eis p o rq u e o ad v o g ad o deve m an te r o elo da so lid a ried a d e ética que o b r ig a a c a d a u m a exercer com d ig n id a d e , com efic iência , com destem or, com com petência , o seu dever profissional e a sua re sp o n sa b ilidade social. Q u e este Sem inário seja m ais u m m arco p ara ser m elh o rad o e q u a lificado o ensino jurídico. Q ue d aq u i sejam ex tra ídos corpos conceitu ais e d o u tr in á r io s que balizem os cam inhos do s nossos d irigen tes e dos p ro fessores un iversitários, a fim de que eles, p o r sua vez, possam 28 transfo rm ar os conhecim entos e sugestões encam inhadas em ferram en tas p a ra o aperfe içoam ento dos o p eradores d o Direito. Q u e este Sem inário possa servir d e inspiração a tan tos quan to s lu tam pelo ideal de engrandec im en to da nossa profissão, q u e é a m ais h u m a n a d as ciências hum anas. Q ue este Sem inário tenha o brilho daque la luz, que, u m dia, ilum i n o u A rqu im edes, ao descobrir o p rincíp io d a alavanca, ex p ressando a m áxim a, q u e se to rn o u célebre, e que ora elejo com o a m otivação a m obilizar os nossos espíritos nesse Encontro: "dê-rne um ponto de apoio e movo a te rm ”. M UITO OBRIGADO! RUBENS A P PR O B A T O M A C H A D O Presidente Nacional da O A B 29 D IS C U R SO PR O FE R ID O PELO PRESID EN TE D A C O M IS S Ã O DE E N S IN O JU R ÍD IC O D O C O N SE L H O FEDERAL D A O A B, PAULO R O B ERT O D E G O U V Ê A M E D IN A , N A SESSÃ O IN A U G U R A L D O V I S E M IN Á R IO D E E N S IN O JU R ÍD IC O , R E A L IZ A D A N O D IA 10 DE ABRIL DE 2002, N O A N FITEA TRO D O ICB, N O C A M PU S D A U N IV E R SID A D E FEDERAL DE JU IZ DE FO RA A C om issão de Ensino Jurídico do C onselho Federal da O rd em dos A d v o g ad o s do Brasil saú d a os partic ipan tes d o VI SEM INÁRIO DE EN SIN O JURÍDICO. E o seu Presidente dá-lhes as b o as-v indas a Juiz d e Fora, cuja U n ivers idade Federal os acolhe, jubilosa, n o seio de sua F acu ldade de D ireito , pa ra três d ias de reflexões e d eb a tes em to rno d a vocação profissionalizan te dos cursos jurídicos. V enho recebê-los, n u m dos anfiteatros d o cam p u s un ivers itá rio , ao lado d a M agnífica Reitora, Profa. M aria M argarida M artin s Salomão, e d o D ire to r da Facu ldade de Direito, Prof. Igor V aneli de O liveira, p e d in d o licença a am bos p a ra que, ao falar em n o m e d a C om issão de Ensino Jurídico, o faça tam bém na qualid ad e de P rofessor daque la tra dicional u n id a d e u n ivers itá ria e decano de sua C ongregação. Tais tí tulos, de que m uito m e orgulho, perm item -m e assegurar-lhes que, aqui, nesta institu ição d e ensino superio r, encon trarão os ilustres colegas u m a m b ien te cu ltu ra l p ro p íc io ao trab a lh o q u e irão d ese n v o lv e r , sed im en tad o ao longo de um a existência profícua, m ercê de toda um a história de in iciativas qu e d eram d im ensão nacional a a lguns do s p ro jetos da UFJF, n o tad am en te aqueles nasc idos n o âm bito d e sua Facul d a d e de Direito. Esta casa d e ensino cam inha pa ra a com em oração , em 2004, d e seus se ten ta anos de a tiv id ad es in in te rru p ta s , e n q u a n to a U n ivers idade , a q u e d e u origem , em 1960, in teg rad a no conjunto de cinco an tigasEscolas, já com pletou q u aren ta e u m anos d e fundação. Ao longo dessas q u a tro décadas, a UFJF sed iou m ais de u m evento nacional, n as d iferen tes áreas d e ensino q u e m an tém , sen d o d ig n o de no ta q u e aqu i se realizou, em agosto de 1971, o I E ncontro Brasileiro 30 de F acu ldades de Direito. A o reun ir , novam ente , sob o seu teto, p ro fessores e d irigen tes de instituições de ensino juríd ico d o país, bem com o rep resen tan tes d a O rd em dos A dvo g ad o s do Brasil, a U niversi d a d e Federal de Juiz d e Fora, p o d e concitá-los, pois, a recolher o eco d a s pa lav ras aqu i p ro feridas, trin ta anos atrás, p o r m u ito s do s nossos p redecessores, q u e v iveram e sen tiram , an tes d e nós, a g ra v id a d e dos p rob lem as q u e nos p ro p o m o s discutir. O idea lizador d aq u e le Encon tro - e en tão D ire tor da Facu ldade de D ireito - Prof. A lm ir d e O liveira, aqu i se encon tra , aliás, com o expositor de u m do s p a iné is deste Sem i n ário e serv indo , assim , de elo en tre os professores q u e subscreveram a C arta d e Juiz d e Fora - de tanta repercussão , na época - e aqueles que com eçam a com por, a p a rtir de agora, os anais d o VI SEM INÁRIO DE EN SIN O JURÍDICO. As dificuldades com que hoje nos defrontam os são ou tras é as p reo cupações que nos d o m in am serão, certam ente, m ais in tensas e angusti antes que as v ividas, em 1971, pelos autores daquele docum ento . As atenções desses estavam dirigidas, fundam entalm ente, p ara o currícu lo, e a C arta de Juiz de Fora contribuiu, de m odo significativo, para a sua substituição, n o ano seguinte, com o registram A lberto Venâncio Fi lho em "D as A rcadas ao Bacharelismo" e A urélio W ander Bastos em "O Ensino Jurídico n o Brasil". N ossas vistas voltam -se, hoje, ao revés, para o profissional egresso dos cursos jurídicos, levando-nos a considerar se estes os têm p rep arad o adequadam ente , seja p ara a militância n a ad v o cacia, seja p a ra o exercício das funções inerentes às carreiras jurídicas. Ao m esm o tem po, som os cham ados a o lhar m ais longe, ten tando vis lum brar o papel reservado às instituições de ensino superio r e às en ti dades corporativas n o setor de cada um a daquelas ativ idades, p o r meio da educação co n tin u ad a - e em inen tem ente pro fissionalizan te - dos g rad u ad o s em Direito. Tal é a essência d o tem ário deste VI SEM INÁ RIO, que se exprim e no título "Ensino d o direito e acesso às profissões jurídicas", inserindo-se n u m objetivo m aior, que é o de d a r desenvolvi m ento a esse estudo , nos Sem inários subseqüentes d a atua l gestão, na linha da tem ática "Form ação Jurídica e Inserção Profissional". 31 O m ote pa ra esta p rog ram ação nos foi d a d o pelo em inen te bntonnier Dr. R ubens A p p ro b a te M achado, que, em seu d iscu rso d e posse na P residência d o C onselho Federal d a O rd em do s A d v o g a d o s d o Brasil, lançou-nos u m desafio no sen tido d e q u e buscássem os um a no v a fór m u la p a ra os cursos jurídicos, de m o d o q u e eles m elho r se ajustassem às exigências d a form ação d o s profissionais q u e d ev em p rep a ra r . Sua Excelência, p re s tig ian d o com a sua presença este evento , vem trazer- nos, d e v iva voz, a exposição de seu pen sam en to a esse respeito , na conferência d e ab e rtu ra do Sem inário, v e rsan d o o tem a "Exigências prá ticas d o exercício profissional e lim itações d a form ação jurídica". Ao sa u d a r o g ran d e líder d a classe do s advog ad o s , nesta o p o rtu n i d ade , cum p re -m e d izer-lhe que esperam os nós, m em b ro s da C om is são d e Ensino Juríd ico d o C onselho Federal e d e suas congêneres no âm bito d a s Seccionais d a O rdem , bem com o p rofessores de direito . D ire tores de F acu ldades e C entros, C oord en ad o res d e cursos. Chefes d e D epartam en tos , q u e partic ipam deste Sem inário , p o d e r con tribu ir p a ra a descoberta de respostas condizentes com a m a g n itu d e d e seu desafio , a p a r tir d as reun iões que, aqui, farem os. Este VI SEM INÁRIO DE ENSIN O JURÍDICO, p ro m o v id o pelo C on selho Federal d a O rd em dos A dvogados d o Brasil, p o r in term éd io de sua C om issão d e Ensino Jurídico, conta com o co-patrocínio d a U n i v e rs id ad e Federal d e Juiz d e Fora e do C onselho Seccional de M inas G erais d a OAB. Som os g ra tos ao apoio e à aco lh ida da UFJF, a cuja Reitora, P rof a. M arg arid a Salomão, desejam os expressar o nosso reco nhecim ento . V em os, p o r o u tro lado, na partic ipação d a O rd e m de M i n as Gerais, m ais u m a p ro v a d e que a nossa gloriosa Seccional sem pre se tem m o strad o in teg rad a no esp írito federativo d a e n tid ad e dos a d vogados e acha-se p len am en te afinada com o m eritó rio traba lho que, à sua frente, v em rea lizando o P residente R ubens A p p ro b a to M achado. E-me gra to verificar, adem ais, que a Seccional do nosso Estado prestigia, dessa form a, u m do s represen tan tes dos ad v o g ad o s m ineiros no C o n selho Federal d a O rd em , que tem , hoje, a ingen te tarefa d e p res id ir a C om issão d e Ensino Jurídico. P o r tu d o isso, q u ero m an ife s ta r ao valo 32 roso líder d a classe em M inas Gerais, o ilustre P residen te M arcelo Leo n ardo , em m eu no m e pessoal e no da C om issão q u e dirijo, os m elhores agradecim entos. O p re ito da nossa estim a, com o m u ito q u e lhe fica m os gratos, deve ser m anifestado tam bém ao C onselheiro Federal por M inas G erais e D iretor-Jurídico d o Banco do Brasil, Dr. João O táv io de N oronha , pela sua intercessão jun to àquela conceituada institu ição com vistas ao valioso apoio em p res tad o à realização d este evento. R eunim o-nos n u m m o m en to p articu la rm en te g rave p a ra o ensino juríd ico brasileiro. O C onselho Federal da O rd em assum iu , com o a d vento do novo Estatuto d a Advocacia, pesadas responsabilidades, neste setor. A o m iim is q u e exercem os, cercado de d ificu ldades e incom pre- ensões, n em sem pre tem co rrespond ido ao re su ltado esperado . L u ta m os pe la elevação do nível d o ensino, do p o n to de v ista cu ltu ra l e ético. C onsid e ram o s danosa ao país a proliferação ind iscrim inada de cursos jurídicos, cujo n ú m ero global já a ting iu a som a de 442 e am eaça crescer, n u m a p rogressão geom étrica, a ju lgar pe la m éd ia d e novos processos d e criação de cursos subm etidos ao C onselho Federal em 2001, que ro n d o u a casa do s 10, p o r mês! N ão encon tram os justificati va razoável para a facilidade com que se perm itiu , recentem ente , v e r d a d e ira ex p lo são d e vagas em F acu ld ad es iso ladas , a u to r iz a d a s a aum en tá -las em até 50 % (cinqüenta p o r cento) do q u ad ro atual. P reo cupa-nos o sen tido em inen tem ente m ercantilista q u e do m in a a ex p an são e o d esd o b ram en to d e certos cursos, nos quais o objetivo de ensi n a r e o ideal da form ação juríd ica parecem re legados a p lan o secu n d á rio. Ficam os, freqüen tem ente , estarrecidos e perp lexos com o estilo da p ro p a g an d a d e institu ições de ensino que anunc iam d ispon ib ilidade de vagas com o se apregoassem m ercadorias. E n ten d em o s q u e a inici ativa p r iv ad a é im p o rtan te e benéfica ao ensino juríd ico , tan to m ais p o rq u e o E stado dá sinais ev iden tes de nãoreconhecer a re levância do p ap e l d a s institu ições oficiais, ao restringir, cada vez m ais, os recursos destinados às U nivers idades Federais. O in teresse no lucro é, certa m ente, ind ispensáve l aos em preen d im en to s p riv ad o s , em to d as as á re as, inclusive na d o ensino. R esultados concretos, razoável proporcio - 33 n a lid ad e na relação custo /benefíc io , d ev em ser exibidos, ao final de cada ano, tam b ém pelas instituições oficiais de ensino. M as o escopo de lucro não p o d e ser a m otivação do ensino particu lar, assim com o a obsessão pelos d ad o s estatísticos não deve serv ir d e n o rte à s açÕes do Estado no d esenvo lv im en to da política educacional. É ao influxo d e tais p reocupações que insta lam os, hoje, nesta cida d e au reo lad a p o r tan tas tradições no cam po industria l, na v ida cu ltu ral, no setor educacional, o VI SEM INÁRIO DE EN SIN O JURÍDICO. A lm ejam os p o r m eio dele consolidar os laços q u e nos u n em às insti tuições d e ensino juríd ico d o país, na esperança d e que, estre itado o nosso intercâm bio, possam os conhecer-nos e com preender-nos m elhor, p ara cam in h ar pari passti em busca dos ideais que nos an im am . A história de lutas do Conselho Federal da O rd em dos A dvogados do Brasil, a contribuição inequívoca dessa en tidade p ara a causa da d e m ocracia neste país, o nível de credibilidade que alcançou com o um a das instituições mais representativas da sociedade civil, constituem o m elhor p en h o r d o trabalho que, hoje, em preende no cam po do ensino jurídico. Só os arrivistas e os desinform ados p o d em lobrigar nessa a tu a ção da OAB visos d e corporativismo. A dm itindo-se, ad argumentandum, que de corporativ ism o se trate, será, p o r certo, o m ais nobre dos senti m entos de classe - u m corporativ ism o que u n e as forças da categoria profissional em prol d e relevante interesse da nacionalidade. 35 CARTA DE JUIZ DE FORA P ara três jo rn ad as de reflexões e debates, reu n iram -se em Juiz de Fora, no s d ias 10, 11 e 12 d e abril de 2002, p rofessores, es tudan tes , d irigentes e m an tenedores , partic ipan tes d o VI Sem inário d e Ensino Jurídico, p ro m o v id o pela C om issão de Ensino Juríd ico d o C onselho Federal da O rd e m dos A dvogados do Brasil. C om a hosp ita le ira acolhida da U n iv ers id ad e Federal d e Juiz de Fora, o apo io ativo d o C onselho Seccional d a OAB d e M inas G erais e a presença so lidária d e destacadas expressões d a v ida ju ríd ica e intelec tual da c idade e do País, o Sem inário instalou-se, pois, n u m am biente p ropício , e s tim u lad o pela atm osfera d e u m im p o rtan te an teceden te h istórico q u e ensejou, nesta m esm a Juiz de Fora, a realização d o I En con tro Brasileiro d e F acu ldades de Direito. Sob o influxo, assim , d e tais fortes m otivações, o VI Sem inário de Ensino Juríd ico p erm itiu d a r con tinu idade ao en fren tam en to d e p reo cupações q u e dem arca ram a atenção dos eventos an teriores, ensejando, nessa con tinu idade , conso lidar os laços q u e vêm u n in d o os se u s p a r ti c ipan tes no rico in tercâm bio p ro m o to r de consensos o rien tadores para a a tua lização d e ações nesse cam po. Em sua sexta edição, o Sem inário d e Ensino Juríd ico ab o rd o u com o eixo p rinc ipa l u m tem a novo q u e in terpe la a reflexão atua l sobre o ensino jurídico: a form ação ju ríd ica e a inserção p rofissional, buscan do identificar a conexão necessária en tre o ensino do d ire ito e o acesso às p ro fissões jurídicas. P rossegu indo em sua m etodo log ia de am pla p artic ipação p o r m eio de painé is , g ru p o s d e traba lho e de apresentação de experiências exem- 36 piares, fo ram a d en sad o s conceitos e estabeleceram -se consensos acer ca dos tem as que galvan izaram as discussões. A s conclusões lidas na Sessão P lenária de encerram en to d o Se m inário p assam a in tegra r o acervo acu m u lad o dessas reflexões, tra zem esclarecim entos para as questões p ro p o stas e re sp o n d em a um a indagação central, relativa às exigências prá ticas d o exercício profissi onal d ian te d as lim itações a inda existentes na form ação jurídica. N a sua essencia lidade , essas conclusões t ra d u z e m , e n q u a n to partilha so lidária de preocupações in terpe lan tes, o com prom isso d a O rd e m do s A d v o g ad o s d o Brasil, da sua C om issão d e Ensino Juríd ico e do s partic ip an tes do VI Sem inário com a preservação do s valores que no rte iam a sua causa com um : a realização d as institu ições d em o cráticas e o aperfe içoam ento d o ensino d e d ire ito em nosso País. 37 VI SEMINÁRIO DE ENSINO JURÍDICO F o rm ação Ju ríd ica e In se rção P ro fiss ional Ensino do direito e acesso às profissões jurídicas: uma conexão necessária P R O G R A M A Ç Ã O : 10/04/2002 (quarta-feira) 20K30 - Sessão Solene de A bertu ra - Local: A nfiteatro d o ICB - UFJF Conferência: "Exigências prá ticas d o exercício profissional e limitações da form ação ju ríd ica" , pelo Dr. R ubens A p p ro b a to M achado , Presi d en te N acional da O rd em do s A dvo g ad o s d o Brasil. D iscu rso d o C o n se lh e iro Federal d a OAB, Prof. P au lo R oberto de G ouvêa M edina, P residen te d a C om issão d e Ensino Jurídico. S auda ção aos partic ipantes. 11/04/2002 (qu in ta-fe ira ) 08h30 -1 " painel Diretrizes curriculares e redefinição do perfil dos concursos públicos Expositores: Prof. Sérgio Ferraz Prof. P aulo N a d e r C oordenação: Prof. Robertônio Santos Pessoa 36 10h30-r paine l Advocacia: Expectativas de ingresso e exam e d e o rdem Expositores: Prof. A ntônio M aria Iserhard Prof. P aulo Luiz N etto Lôbo C oordenação: Prof. M ilton P aulo de C arvalho 14h30 - G ru p o s d e trabalho 17 ho ras - Experiências exem plares Reunião da Com issão de Ensino Jurídico do Conselho Federal com os Presidentes das Comissões de Ensino Jurídico dos Conselhos Seccionais 12/04/2002 (sexta-feira) 08h30 - 3** paine l E ducação con tinuada: o pap e l d as Instituições d e E nsino S uperio r e o papel d as Escolas Superiores d e A dvocacia, M ag is tra tu ra e M inistério Público Expositores: Prof. A dilson G urgel de Castro Prof a. F ides Angélica d e C.V.M. O m m ati Prof. A lm ir d e Oliveira C oordenação; Prof. Francisco O távio d e M iranda Bezerra 11 ho ras - Sessão p lenária de encerram ento 39 VI SEMINÁRIO DE ENSINO JURÍDICO ENSINO D O DIREITO E ACESSO ÀS PROFISSÕES JURÍDICAS: UM A CONEXÃO NECESSÁRIA C O N C L U SÕ E S D O P R IM E IR O G R U P O DE T R A B A L H O DIRETRIZES CURRICULARES E REDEFINIÇÃO DO PERFIL DOS CONCURSOS PÚBLICOS A s d ire tr izes curriculares, tal e com o defin idas n a P o rta ria MEC n" 1.886/94, co rresp o n d em ad eq u ad am en te ao perfil d o ju ris ta a que a co m u n id ad e acadêm ica aspira. Existe u m descom passo ev iden te en tre o perfil d a s d ire tr izes curri cu lares e as exigências do s d iversos concursos púb licos p a ra inserção n as carre iras juríd icas, particu la rm en te no tocante à não-inc lusão de questões re la tivas a d iscip linas fu ndam en ta is constan tes d o currículo m ín im o do s concursos juríd icos (herm enêutica , teoria geral, sociolo gia ju ríd ica etc.) e à insistência em questões que p riv ileg iam a repeti ção m ecânica d e co n teúdos em d etrim en to de reflexão juríd ica, inclu sive com a proibição,em alguns casos, d a utilização d o s textos legais, m esm o os n ão com entados. Faz-se necessário u m esforço d e aprox im ação com as d iversas cate gorias profissionais, para q u e os concursos púb licos se p a u te m ou te n h am com o referência efetiva as d iretrizes cu rricu lares estabelecidas pelo P o d er Público, após longa reflexão e d iálogo en tre o m eio acadê m ico e a C om issão d e Ensino Jurídico d a O A B /C F. 40 N esse sentido, pareceria ser a ltam ente desejável qu e a OAB "desse o exem plo" e adequasse o seu p ró p rio Exam e de O rd em ao con teúdo dessas d iretrizes. C O N C L U SÕ E S D O S E G U N D O G R U PO D E TR A B A LH O ADVOCACIA: EXPECTATIVAS DE INGRESSO E EXAME DE ORDEM CONEXÃO ENTRE A PORTARIA MEC nM .886/94 E 0 EXAME DE ORDEM 1.1 N ecessidade d e que o Exam e de O rd em reflita o co n teú d o das nov as d ire tr izes curriculares, no que d iz respeito aos co n teú d o s fim- dam enta is, à aferição d a s hab ilidades e com petências d o bachare l e ao perfil profissional desejado. N ecessidade de revisão d o P rov im ento n “ 8 1 /9 6 d a OAB-CF, no tocante aos co n teúdos que d ev am ser aferidos, en tre ou tros aspectos. N ecess id ad e d e u m traba lho conjunto d a s C om issões d e Ensino Jurídico da OAB e da s C om issões d o Exam e de O rd em , tan to n a esfera federal q u an to n as Seccionais. EXAME NACIONAL DE CURSOS E EXAME DE ORDEM: UMA INTERAÇÃO NECESSÁRIA 2.1 T endo em vista, en tre ou tros aspectos, q u e o Exam e N acional de C ursos co n tem pla as d ire tivas da Portaria M inisterial, e em função da sem elhança desse com a p rova objetiva do Exam e d e O rd em (! ' fase), p ropõe-se a d isp en sa do s cand ida tos que obtiverem d e te rm in ad o re n d im en to no Exam e N acional de C ursos d a p rim eira fase d o Exam e de O rd em , sendo ind ispensável, po rém , a subm issão à seg u n d a fase do Exam e de O rd em . N a concretização dessa idéia, faz-se necessário u m traba lho conjunto d a OAB e do IN E P/M E C , de form a q u e nos objeti vos d a avaliação tam b ém estejam con tem pladas as d ire tr izes do Exa- 41 m e d e O rdem , inclusive com represen tan tes da OAB p a r tic ip an d o do processo d e elaboração d a avaliação. A p ro p o s ta não acarreta em p erd a de au tonom ia d a OAB no recru tam en to do s seus fu tu ros in tegrantes, eis que o Exam e de O rd em será finalizado com a realização da seg u n d a e tapa do exam e de ordem . Deste m odo , a OAB terá condições d e e labo rar p ro v as d e adm issão m ais criteriosas, assim com o IN E P /M E C e as Institu ições d e Ensino Superior con ta rão com a lunos m ais in teressados n o seu desem p en h o no Exam e N acional de C ursos (Provão). Estabelecer p ro v a un ificada nacional p a ra a p rim eira fase do Exa m e de O rd em , em d a ta s tam bém unificadas, e lab o rad a p o r com issão d e ad v ogados com notória experiência na docência d o ensino jurídico, ind icados pelo C onselho Federal da OAB, p e rm an ecen d o a segunda fase (prova prática) sob a organização d as Seccionais da OAB. ÉTICA 3.1 N ecessidade de ev itar q u e o Exam e d e O rd e m se transform e n u m exped ien te d e reserva de m ercado. N ecess id ad e d e to m ar p ro v id ên c ias n o sen tid o de im p e d ir q u e os p ro fesso res q u e in teg ra m os cursos p re p a ra tó r io s p a ra o Exam e de O r d e m p a r t i c ip e m d a s b a n c a s e x a m in a d o r a s e d a s in s tâ n c ia s recursa is . CLAREZA DE CRITÉRIOS 4.1 O Exam e de O rd em d eve a ten d er a critérios p rév ia e c laram ente estabelecidos, co n tan d o com exam inadores p rep a rad o s , com po stu ra transparen te , assim com o garan tir am pla p o ssib ilidade de recurso. APROXIMAÇÃO OAB E INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR 5.1 As C om issões do Exam e d e O rd em d ev em en cam in h ar para as Institu ições de Ensino S uperio r u m relatório d e d e se m p en h o dos seus alunos, p a ra q u e as m esm as reflitam sobre as deficiências e po tencia li d ad e s d o ensino m inistrado . 42 5.2 D evem ser estabelecidos intercâm bios en tre os C onselhos Secci onais e as Institu ições de Ensino Superior, p e r tinen tes à qualificação do ensino juríd ico , aos critérios d e recom endação do s cursos e incenti vo aos convênios d e estágio, bem com o a OAB, p o r m eio d a s C om is sões de Ensino Jurídico, d eve a tu a r com o órgão consultivo d as Insti tu ições de E nsino S uperio r n o que se refere às inovações n o cu rso d e Direito. C O N C L U S Õ E S D O TERCEIRO G R U P O DE TR A B A LH O EDUCAÇÃO CONTINUADA: O PAPEL D A S INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR E O PAPEL DA S ESCOLAS SUPERIORES DE ADVOCACIA, MAGISTRATURA E MINISTÉRIO PÚBLICO As Escolas d ev em con tinuar a tu an d o n as suas áreas de co m p e tên cia, sem interferência nas atribuições ineren tes às institu ições d e ensi n o superior. N ão existe u m perfil defin ido para as Escolas Superiores. E p re m a tu ro o es tu d o de um a m aio r au tonom ia instituc ional para as Escolas Superiores, em razão da carência d o d e lineam en to do seu perfil. As Escolas Superiores d ev em buscar a form ação profissional conti n u a d a d o s seu s filiados, d e aco rdo com a re a l id a d e em q u e estão inseridas. D eve ser estabelecido d iálogo en tre as Escolas S uperiores, v isando à troca d e experiência e colaboração m ú tu a , com in teração d as Insti tu ições de Ensino Superior. 43 EDUCAÇÃO CONTINUADA: 0 PAPEL DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR E 0 PAPEL DAS ESCOLAS SUPERIORES DE ADVOCACIA, DA MAGISTRATURA E DO MINISTÉRIO PÚBLICO A dilso n G u rg e l de Castro* SUMÁRIO: I In trodução . II O Ensino d o D ireito e a Educação C on tinuada . III A s Escolas Superiores Profissionais. IV A lgum as C onsiderações N ecessárias. V O s M estrados Profissionalizantes. VI A títu lo d e conclusão. RESUMO: N este artigo d iscu tim os a educação co n tin u ad a em Direito e qual o pap e l que tem a desem penhar na form ação e aper fe içoam ento do s profissionais d as d iversas carre iras jurídicas. Enfocamos de m aneira m ais deta lhada o su rg im en to e o papel das Escolas Superiores de Advocacia, da M agistra tu ra e do M i nistério Público, abo rdando tam bém algum as idéias a im p lem en tar sua m elhoria. Colocam os a lgum as opiniões favoráveis e con trárias ao M estrado Profissionalizante na área d o Direito. Encer ram os com u m balanço d as ativ idades até agora exercidas pela educação continuada em Direito, com u m retrospecto rela tivam en te positivo e perspectivas d e m elhoras no futuro. PA LAVRAS-CHAVE: Educação continuada. Direito. Escolas Su p erio res Profissionais. M estrado A cadêm ico e M es trad o Profis sionalizante. ' Mestre em Direito (UFSC), Doutorando em Educação (UFRN). Professor dos Cursos de Direito da UFRN e da Universidade Potiguar. Presidente da Associação Brasileira de Ensino do Direito - ABEDi. 44 I. INTRODUÇÃO Eu sustento que a única finalidade da ciência está em aliviar a misé ria da existência humana. Bertold Brecht Talvez a p io r p e rg u n ta q u e u m p esq u isad o r p o d e receber d e u m m em bro d o aud itó rio particu lar para o qual ele acabou d e falar é: "Você poderia m e d ize r q ual é exa tam ente o seu p ro b lem a o u q u e assun to quis abordar?" P ara ev itar tão em baraçoso questionam ento , com eçam os logo d i zen d o q u e vam o s p ro cu ra r resp o n d er q ual é o pap e l da ed ucação con tin u ad a em Direito. Para tanto , seguirem os exa tam ente o ro te iro su g e rido , ou seja: m o s tran d o o papel d as instituições d e ensino superio r (lES) e o p ap e l d a s escolas superio res de cada p rofissão jurídica. A ntes, gostaríam os de p ed ir que déssem os u m a o lhada p a ra trás. Fazem os crer q u e p o d em o s constatar qu e m u ita coisa (m as, m u ita coi sa m esm o) aconteceu com o ensino juríd ico d esd e a conquis ta da Por taria n “ 1.886/94-M EC. M uita coisa aconteceu tam bém em term os n u m éricos - que hoje são quase astronôm icos. C om efeito, já som os pelo m enos 500 cursos juríd icos (há estatísticas ind icando 482, até o finai do ano 2000 e fo ram iniciados m uitos novos cursos em 2001 e 2002). A lém disso , os cursos já têm algo em to rno de 14 m il p rofessores, conform e d ad o s do IN EP (quase todos com pelo m enos u m curso d e p ó s -g ra d u ação em sen tido lato, sendo que m ais d e 4.500 já p o ssu em o títu lo de m estre o u dou tor); além disso, os cursos de D ireito con tam hoje com n ad a m enos q u e ap ro x im ad am en te 400 m il es tudan tes . Sim, pois em 2002, cerca d e 61 m il bachare landos fizeram o Provâo. Isto significa que estam os fo rm an d o 61 m il novos bacharéis p o r ano. Por enquanto! C o n v ém lem brar q u e os cursos d e Direito possuem , in d iv id u a lm en te, a m ais e levada oferta d e vagas anua is n o ensino superio r. Ela varia d e u m m ín im o de 80 vagas, nos cursos m enores, a té 1000 vagas ou mais, naque les de m aior tam anho. 45 Se fo rm os pa ra o lado profissional, já tem os m ais d e 500 m il ad v o gados inscritos e apenas 14 m il juizes. Infelizm ente, não d ispom os de d ad o s q u an to ao n ú m ero de m em bros d o M inistério Público Federal, E stadual e d o Trabalho , sendo pouco os in tegran tes d o m inistério p ú blico especial jun to aos Tribunais de Contas. C om o a exigência d o cu r so de D ireito p a ra os D elegados de Polícia d a ta de pouco tem po, fica difícil p recisar o n ú m ero exato de bacharéis nessa profissão. D espeito d a s constan tes avaliações e fiscalizações a que são su b m e tidos, não são todos os cursos que conseguem oferecer ensino d e q u a lidade. Pode-se ap o n ta r a massificação d o ensino d o D ireito com o um a das razões p a ra essa q u ed a nessa qualidade . Talvez p o r isso, as pro fis sões juríd icas sen tiram a necessidade de m elho r p re p a ra r aqueles que nelas ingressam . D aí as cham ad as Escolas Profissionalizantes. Ao lado de tu d o isso, verifica-se que jovens recém -form ados estão, cada vez m ais, en tra n d o n a s ca rre iras específicas d o Jud ic iário , do M inistério Público, d a s P rocu radorias e do s D elegados de Polícia. A crítica q u e as facu ldades de Direito recebem é que, m esm o assim , esse pessoal estaria m u ito despreparado ... e v ilipend iam m u ito a form ação universitária . M as, será q u e isso significa u m a certa falência do s cursos jurídicos? N ão fazem os coro aos que resp o n d em afirm ativam en te a essa in d a gação, em bora en ten d em o s q u e m uitos deles p recisam m elh o ra r b a s tante. N o en tan to , a situação desses cursos p ro v o co u u m a reação das várias pro fissões jurídicas. Reação essa que foi in iciada pe la p ró p ria OAB, com a criação da sua escola superio r de advocacia. N o p re sen te trabalho , verem os algo a respeito d o ensino d o Direito e d as razões q u e levam à necessidade de se co n tin u a r a educação de cada u m do s o p erad o re s d o Direito. Fazem os, in icialm ente, crer que tal ocorre n ã o só p e lo m u n d o com petitivo que se apresen ta , com o tam bém pela n ecessidade que existe de serm os e de te rm os sem p re m elho res profissionais. A p a r tir daí, abo rd arem o s tam bém o papel d as IBS nesse segm ento , b em com o as razões d o aparec im ento d as escolas p rofissionais superi- 46 ores e o pap e l de cada u m a delas. A o final tecem os a lg u m as breves considerações a respeito dos m estrados profissionalizantes. P ara elaboração d este trabalho , tivem os o p o r tu n id a d e n ão só de levar em consideração a nossa experiência pessoa l com o professor, ava liado r e ad m in is trad o r, no ensino d o Direito, ju n to com aque la de D ire tor da Escola S uperio r da A dvocacia - ESA, da O A B /R N , m as tam bém p ro cu ram o s en trev is ta r pessoalm ente o u ler en trev is tas concedi das pelos d irigen tes a tua is da m esm a E S A /R N , d a Escola S u perio r da M a g is tra tu ra /R N - ESM ARN e da F undação Escola S u perio r d o M i n istério P ú b lic o /R N - FESMP, a lém d a co o rd en ad o ra científica da ESMARN.* A bib liografia d ispon ível sobre o assun to n ão é m u ito longa, pelo m enos na área ju ríd ica - pelo contrário . Por isso, vam o s fazer tam bém a lg u m as considerações e questionam entos. Ao lado disso , p ro cu ram o s d a r a lguns posic ionam entos; m u ito m ais p ara p ro v o car o d eb a te e a m editação d o q u e p ara pontificar soluções. N o final d o trabalho , ap re sen tam os a lg u m as considerações em frente do que foi pesqu isado . A ntes d e ad en tra rm o s m ais n o assunto , gostaríam os de ressa lta r a im portância do m esm o e o p o rq u ê d e ter constado de u m even to com o o VI Sem inário da C om issão d e Ensino Juríd ico d o C onselho Federal d a OAB (realizado em Juiz de Fora, n o p eríodo de 10 a 12 d e abril de 2002) e de m ais este livro da CEJ/OAB: a educação co n tin u ad a é do m aio r in teresse de todos os cursos juríd icos do Brasil! A lém , obvia m ente, d e todas as escolas superio res (ou profissionais) d o Direito. II. 0 ENSINO DO DIREITO E A EDUCAÇÃO CONTINUADA Existe u m a afirm ação a tribu ída a HEGEL seg u n d o a qual: o q u e é d a d o p o r sab ido , exa tam ente p o rq u e é d a d o p o r sab ido , não é efetiva m en te conhecido. M uito p rovavelm en te estam os sendo in sp irad o s por essa colocação pa ra constatar q u e não pod em o s no s aq u ie ta r q u a n d o o assun to é o saber. C om isso a convicção d e to d o s q u an to ao fato d e que ' Respectivamente os Profs. JOSONIEL FONSECA, VIRGÍLIO FERNANDES JR, lADYA GAMA MAIO e MARIA DOS REMÉDIOS FONTES SILVA. 47 o ensino e o ap ren d iza d o d o Direito não se esgota com o recebim ento do d ip lo m a de Bacharel em Direito. Aliás, parece até que estam os pra ticando u m verdad e iro "estelionato cu ltu ra l" com os nossos a lunos do s cursos d e Bacharel em Direito. Sim, pois, em princíp io , o d ip lom a que fornecem os aos n ossos alunos, por si só, n ão os habilita d ire tam en te ao exercício de q u a lq u e r profissão juríd ica. C o m o o em inen te P rofessor ÁLVA RO M ELO FILH O bem colocou n o seu Inovações no ensino jurídico e no Exame de Ordem (p. 243)^, p a ra exercer q u a lq u e r carreira jurídica, o c idadão tem q u e enfren tar u m a v e rd ad e ira "g u erra" , com várias batalhas: a) p rim eiro ele vai enfren tar u m d o s vestibu lares m ais d isp u ta do s do ensino su p er io r (despeito d a g ra n d e q u a n tid a d e de v a gas hoje oferecidas); b) d u ra n te o curso ele tem qu e ser ap ro v ad o n o estág io d e p rá ti ca ju ríd ica que faz p arte d o currículo do curso; c) depo is vem o exam e nacional de curso (este
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