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FUNDAMENTOS DE CÁLCULO Autor – Dr. Alessandro Ferreira Alves Universidade Anhembi Morumbi Janes Fidelis Tomelin Diretor de EaD Fabiano Prado Marques Diretor Acadêmico – Escola de Engenharia e Tecnologia Francisco Carlos Damante Revisor Técnico Universidade Potiguar Barney Vilela Coordenador Geral do Núcleo de Coordenação a Distância Catarina de Sena Pinheiro Diretora da Escola de Engenharia e Ciências Exatas Raimundo Cícero Araújo Montenegro Revisor Técnico Universidade Salvador Adriano Lima Barbosa Miranda Diretor de Educação Corporativa e Novos Projetos Rafael Gonçalves Bezerra de Araújo Diretor da Escola de Engenharia e TI Alex Soares Caldas Revisor Técnico Rede Laureate Internacional de Universidades Daniella Loureiro Koncz Coordenadora de Novos Negócios André Torres Gregório Designer Instrucional FabriCO Projeto educacional Projeto gráfico Autoria do conteúdo Revisão ortográfica e gramatical SUMÁRIO CARTA AO ALUNO ............................................................................................................... 6 AULA 1 - CÁLCULOS ALGÉBRICOS ........................................................................................ 7 Introdução .............................................................................................................. 7 Objetivos ................................................................................................................ 8 1.1 Conjuntos numéricos ................................................................................... 8 1.2 Razão ........................................................................................................ 10 1.3 Proporção .................................................................................................. 11 1.4 Propriedades básicas da Álgebra .............................................................. 15 1.5 Potenciação com expoentes inteiros ........................................................ 17 1.6 Notação científica ..................................................................................... 19 1.7 Radiciação ................................................................................................. 20 1.8 Racionalização de denominadores ........................................................... 22 1.9 Potência de expoente racional ................................................................. 23 1.10 Técnicas de fatoração e polinômios ....................................................... 24 1.11 Fatoração ................................................................................................ 24 1.12 Simplificação de expressões fracionárias ............................................... 26 1.13 Regras operacionais ................................................................................ 27 1.14 Equações ................................................................................................. 29 1.15 Equações do segundo grau ..................................................................... 32 1.16.1 Inequação do primeiro grau, ou inequação linear em x ..................... 36 Conclusão ............................................................................................................. 37 AULA 2 - INTRODUÇÃO À TEORIA DAS FUNÇÕES ............................................................... 39 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 39 Objetivos .............................................................................................................. 40 2.1 Noção intuitiva de função ......................................................................... 40 2.2 Teoria dos conjuntos ................................................................................. 41 2.3 Intervalos: subconjuntos especiais do conjunto dos números reais ........ 49 2.4 Funções ..................................................................................................... 49 2.4.1 Par ordenado ......................................................................................... 50 2.5 Domínio, contradomínio e conjunto imagem ........................................... 62 Conclusão ............................................................................................................. 72 AULA 3 - FUNÇÕES DO PRIMEIRO GRAU E APLICAÇÕES ................................................... 73 Introdução ............................................................................................................ 73 OBJETIVOS ............................................................................................................. 74 3.1 Função polinomial ..................................................................................... 74 3.2 Função identidade .................................................................................... 75 3.3 Função linear ............................................................................................ 76 3.4 Função afim .............................................................................................. 76 3.5 Como resolver um sistema de duas equações lineares ........................... 80 3.6 Coeficientes da função afim e equação fundamental da reta ................. 85 3.7 Equação fundamental da reta ................................................................... 87 3.8 Crescimento e decrescimento ................................................................... 89 Conclusão ............................................................................................................. 93 AULA 4 - FUNÇÕES DO SEGUNDO GRAU E APLICAÇÕES ................................................... 95 Introdução ............................................................................................................ 95 OBJETIVOS ............................................................................................................. 96 4.1 História envolvendo a função quadrática ................................................. 96 4.2 Função quadrática ..................................................................................... 98 4.3 Função quadrática – aplicações ................................................................ 98 4.4 Discriminante da função quadrática – fórmula de Bhaskara .................... 99 4.5 Valor da função quadrática em um ponto .............................................. 100 4.6 Zeros da função quadrática .................................................................... 101 4.7 Forma canônica da função quadrática .................................................... 104 4.8 Gráfico da função quadrática .................................................................. 107 4.9 Propriedade relevante da parábola ........................................................ 113 4.10 Outras aplicações envolvendo as funções quadráticas ........................ 115 4.11 Inequação do segundo grau ................................................................. 117 Conclusão ........................................................................................................... 120 AULA 5 - COMPOSIÇÃO, INVERSÃO DE FUNÇÕES E FUNÇÃO MODULAR ......................... 121 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 121 OBJETIVOS ........................................................................................................... 122 5.1 Paridade de funções ............................................................................... 122 5.2 Álgebra das funções ............................................................................... 126 5.3 Função composta .................................................................................... 128 5.4 A função inversa de f(x)......................................................................... 133 5.5 Como reconhecer a tipologia de funções através de gráficos ............... 141 5.6 A função modular ................................................................................... 143 5.7 Propriedades envolvendo o valor absoluto ........................................... 146 5.8 Equações modulares .............................................................................. 146 5.9 Inequações modulares ........................................................................... 147 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 149 AULA 6 - FUNÇÃO EXPONENCIAL E APLICAÇÕES, LOGARITMO E FUNÇÃO LOGARÍTMICA .. 151 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 151 OBJETIVOS ........................................................................................................... 152 6.1 Equações exponenciais ........................................................................... 152 6.2 A função exponencial ............................................................................. 155 6.3 Inequações exponenciais ....................................................................... 161 6.4 Definição formal de logaritmo e propriedades imediatas ..................... 163 6.5 Função logarítmica ................................................................................. 168 6.6. Equações logarítmicas............................................................................ 173 6.7 Inequações logarítmicas ......................................................................... 174 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 175 AULA 7 - FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS E APLICAÇÕES .................................................... 177 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 177 OBJETIVOS ........................................................................................................... 178 7.1 Aspectos introdutórios da trigonometria ................................................ 178 7.2 O ciclo trigonométrico e o quadrante geométrico ................................. 178 7.3 As funções trigonométricas seno, cosseno e tangente .......................... 180 7.3.2 A função cosseno de x ........................................................................ 181 7.3.3 A função tangente de x ....................................................................... 183 7.4 Funções trigonométricas inversas .......................................................... 186 AULA 8 - ÁREAS E VOLUMES ........................................................................................... 197 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 197 OBJETIVOS ........................................................................................................... 198 8.1 Noções, Proposições Primitivas e Conceitos Fundamentais ................... 198 8.2 Triângulos ................................................................................................ 200 8.3 Polígonos ................................................................................................ 204 8.4 Quadriláteros Notáveis ........................................................................... 207 8.5 Cálculo de Áreas – Polígonos Regulares ................................................. 209 8.6 Poliedros e Volumes ............................................................................... 215 8.6.3 Cilindros ............................................................................................... 218 8.6.4 Cones.................................................................................................... 219 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 221 Atividades de fixação .................................................................................... 221 Atividades de avaliação ................................................................................ 224 CONCLUSÃO DA DISCIPLINA ............................................................................................ 225 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 227 6 FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 6 CARTA AO ALUNO Prof.ª Esp. Ana Karolina Rodrigues Aires Seja bem-vindo! A partir de agora, vamos estudar uma das disciplinas que compõem o seu curso de graduação em Engenharia: Fundamentos de Cálculo. Podemos pensá-la como um aparato teórico sobre pontos da Matemática Elementar, área do conhecimento indispensável para um futuro engenheiro. Algumas perguntas costumam surgir com relação ao aprendizado desta matéria, questionando, principalmente, a utilidade prática do conteúdo estudado (entre elas, as recorrentes “para que servem tantas fórmulas, regras e expressões complicadas? Tenho mesmo de aprender tudo isso?”) Primeiro, podemos responder que a matemática é produto da cultura humana e faz parte do nosso cotidiano. É uma ciência exata, cuja produção envolve o pensar crítico e criativo. Atualmente, ela está presente em todas as áreas do conhecimento, participando de forma significativa no desenvolvimento de novas teorias e resolvendo diversas situações, principalmente no contexto da Engenharia. Em outras palavras, um engenheiro com sólida formação deve dominar os conceitos e as técnicas da Matemática. Como disse Platão, “os números governam o mundo”, e citando Laisant, “zero, esse nada que é tudo”. Falando um pouco mais de forma específica sobre a disciplina, vamos trabalhar desde a parte relacionada aos conjuntos numéricos, às funções, às funções do primeiro e segundo graus até a Geometria Plana e Espacial. Vale destacar, porém, que é de fundamental importância que você acesse, busque e pesquise os livros apresentados nas referências bibliográficas de cada aula, para complementar seus estudos. A verdade é que ninguém aprende Matemática ouvindo e/ou assistindo ao professor em sala de aula (virtual ou presencial), por mais organizadas e claras que sejam as suas explicações teóricas, por mais que se entenda tudo o que ele explica. Isso é muito importante, no entanto, é necessário estudar por conta própria, logo após as aulas, os conteúdos disponibilizados. Portanto, você, aluno, não vai aprender Matemática somente porque assiste às aulas e lê o material apresentado, mas porque estuda e resolve mais exercícios relacionados. Mãos à obra e bom estudo! AULA 1 Cálculos algébricos Dr. Alessandro Ferreira Alves INTRODUÇÃO Sabemos que a necessidade de apresentar modelos que permitam explicar e compreender o mundo físico tem sido uma das grandes motivações para o desenvolvimento da Matemática. Podemos dizer que números foram criados para contar e medir, ao passo que desigualdades foram introduzidas para comparar grandezas e as funções matemáticas foram inventadas para expressar dependência ou relação entre coisas. É evidente que muitos problemas importantes e significativos da Engenharia, por mais complexos que sejam e formulados em termos matemáticos, exigem quase sempre procedimentos e cálculos que passam por operações e propriedades básicas. De outra forma, frequentemente desejamos descrever ou modelar o comportamento de algum sistema ou fenômeno em termos matemáticos. Estes são apenas alguns FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 8 exemplos de situações envolvendo um modelo matemático que, certamente, aparecerão na sua vida acadêmica e/ou profissional em Engenharia. Nossa primeira aula temcomo objetivo apresentar alguns conceitos, regras e resultados básicos da Matemática elementar, desde a explicação simples sobre razões e proporções até a resolução de equações e inequações do primeiro grau. Sem dúvida, estes aspectos teóricos contribuirão para a sua sólida formação como Engenheiro, podendo ser aplicados, por exemplo, nos problemas da Física. OBJETIVOS Os objetivos de aprendizagem desta aula são: » Conhecer os principais produtos notáveis. » Entender problemas simulados envolvendo as equações do primeiro grau. » Entender problemas simulados envolvendo as equações do segundo grau. » Compreender os principais métodos para fatoração envolvendo polinômios. » Compreender e aplicar os conceitos e as propriedades envolvendo razões e proporções. » Interpretar e resolver sistemas de equações do primeiro grau. » Entender problemas simulados envolvendo as inequações do primeiro grau. 1.1 CONJUNTOS NUMÉRICOS Os conjuntos numéricos são muito importantes para os nossos propósitos e possuem uma denotação universalmente aceita. Qualquer número que resulte de uma contagem de unidades é chamado de número natural. Indicamos por IN o conjunto dos números naturais. Veja a seguir: IN = {0, 1, 2, 3, 4,...} Como a operação da subtração nem sempre é possível em IN, foi criado o conjunto dos números inteiros. Neste conjunto, a diferença 3 - 5 é representada por -2. Além disso, denotamos por Z o conjunto dos números inteiros e por Z* o conjunto dos inteiros não nulos. Acompanhe: Z = {..., -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3,...} Z* = {..., -3, -2, -1, 1, 2, 3,...} Saiba que, de outro modo, a divisão nem sempre é possível em Z. Por exemplo, não existe número inteiro que represente o quociente -3 ÷ 2. Desta forma, nasceu o conjunto dos números racionais. Aqui o quociente é indicado 3 2 − ou -1,5. Denota-se o conjunto dos números racionais por Q e por Q* o conjunto dos racionais não nulos. AULA 1 – CÁLCULOS ALGÉBRICOS 9 1.1.1 Conjunto dos números racionais Chamamos de número racional todo número que pode ser escrito na forma q p em que p e q são números inteiros, com q ≠ 0, ou seja, Q = {x / x = q p ; p ∈ Z, q ∈ Z e q ≠ 0} (PAIVA, 1999). Segundo Paiva (1999), um número racional é aquele que você pode escrever na forma de fração. Nessa definição, encaixam-se todos os números naturais, inteiros, decimais e também as dízimas periódicas. Exemplos de números racionais: 1) 0,7222222222... 2) 3 1 = 0,3333333... 3) 0,584444444... 1.1.2 Dízima periódica Paiva (1999, p. 1) afirma que “dízimas periódicas são números racionais cuja representação decimal é infinita. São originadas da divisão entre 2 números inteiros, sendo que a fração que a caracteriza é a fração geratriz.” Entre os números decimais existem as dízimas não periódicas, que são números com infinitas casas decimais e não periódicos. Esses números são chamados de irracionais, e o conjunto formado por eles é representado por I. Os dois números irracionais mais importantes são π = 3,14... e e = 2,71... (constante de Euler). Por fim, qualquer número racional ou irracional é chamado de número real. Indica-se por ℜ o conjunto dos reais. Desta maneira, temos a relação de inclusão entre os conjuntos numéricos citados. Veja na figura a seguir. IN IRZ Q Figura 1 - Relação de inclusão entre os principais conjuntos numéricos. Fonte: PAIVA, 1999. FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 10 Note que todo número natural é um número inteiro, que, por sua vez, é um número racional. Observe que não temos um número que seja racional e irracional ao mesmo tempo. Quando unimos o conjunto dos racionais com o conjunto dos irracionais encontramos o conjunto dos números reais. 1.2 RAZÃO Para que você entenda inicialmente o conceito de razão entre dois números, vamos considerar a seguinte situação: imagine que o preço de determinado produto tivesse um aumento de R$ 1,00. Esse aumento foi baixo ou elevado? Qual é a sua interpretação? Para responder, precisamos de mais informações. Um dado importante é o preço do produto antes do referido aumento, mas como relacionar o aumento e o preço inicial? Uma forma possível é dividir um pelo outro. Vamos admitir, como exemplo, duas possibilidades. 1a possibilidade: o preço inicial era de R$ 20,00. Assim, temos: 1 1 20 20 aumento real preço reais = = 2a possibilidade: o preço inicial era de R$ 2,00. Assim, temos: 1 1 2 2 aumento real preço reais = = Perceba que responder se o aumento foi baixo ou elevado é uma questão que envolve subjetividade, porém podemos afirmar que na 1a possibilidade houve um aumento relativo menor do que na 2a possibi- lidade, pois podemos escrever: 1 1 20 2 < Essa forma de relacionar números é o que chamamos de razão. Então, o que é razão? Chamamos de razão de um número a para um número b, com b ≠ 0, ao quociente de a para b, ao qual indicamos por a b . AULA 1 – CÁLCULOS ALGÉBRICOS 11 Veja alguns exemplos: 1) Em uma competição esportiva participam 500 atletas, dos quais há 100 moças e 400 rapazes. Assim: a) A razão do número de moças para o número de rapazes é 100 1 400 4 = = 0,25. b) A razão do número de rapazes para o número de moças é 400 4 100 1 = = 0,25. 2) A razão do número 1 2 para o número 5 6 é: 1 1 5 1 6 32 5 2 6 2 5 5 6 = ÷ = × = Observe que aqui usamos a regra básica que diz: na divisão entre duas frações conservamos a primeira (no caso 1 2 ) e multiplicamos pelo inverso da segunda (no caso 6 5 ). 1.2.1 Razão entre duas grandezas A razão de duas grandezas, dadas em certa ordem, é a razão entre a medida da primeira grandeza e a medida da segunda. Se as grandezas são da mesma espécie, suas medidas devem ser expressas na mesma unidade. Neste caso, a razão é um número puro. Contrariamente, se as grandezas não são da mesma espécie, a razão é um número cuja unidade depende das unidades das grandezas a partir das quais se determina a razão. Exemplo: Um automóvel percorre 160 km em 2 horas. A razão entre a distância percorrida e o tempo gasto no percurso é: 160 160 2 2 km km h h = = 80 km/h 1.3 PROPORÇÃO O conceito de proporção tem uma importância muito grande, não apenas na matemática, como também no nosso cotidiano. Empregamos proporções no dia a dia, embora sem utilizar símbolos matemáticos. Por exemplo, quando falamos que uma estátua tem a cabeça muito grande, não estamos nos referindo à medida absoluta da cabeça. Em uma estátua, a cabeça pode ser muito grande mesmo que meça a metade, um quarto ou um décimo da cabeça verdadeira. Ou seja, ela é muito grande proporcionalmente ao conjunto da própria estátua. Dados quatro números (15, 3, 20 e 4), como a razão entre os dois primeiros números (15 e 3) é igual à razão entre os dois números (20 e 4), isto é: FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 12 15 5 3 = e 20 5 4 = , dizemos que os números 15, 3, 20 e 4, nesta ordem, formam uma proporção, que expressamos mediante a igualdade das duas razões: 15 20 3 4 = Então, o que é proporção? Em geral, dados em certa ordem quatro números (a, b, c e d) diferentes de zero, falamos que eles formam uma proporção quando a razão entre os dois primeiros (a e b) é igual à razão entre os dois últimos (c e d). Ou seja, uma proporção nada mais é que a igualdade entre duas razões. Simbolicamente, representamos uma proporção por: a c b d = Em que: a, b, c e d: termos da proporção a e c: antecedentes b e d: consequentes a e d: extremos b e c: meios Em toda proporção o produto dos extremos é igual ao produto dos meios. Esta é uma propriedade fundamental das proporções. 1.3.1 Grandezas proporcionais É interessante ressaltar que a maioria dos problemas que se apresentam em nosso dia a dia ligam duas grandezas relacionadas de tal forma que quandouma delas varia, como consequência, varia também a outra. Assim, a quantidade de combustível gasto por um automóvel depende do número de quilômetros percorridos. O tempo gasto numa construção depende do número de operários empregados. A relação entre duas grandezas variáveis estabelece a lei de variação dos valores de uma delas em relação à outra. Segundo esta lei, as grandezas relacionadas podem ser direta ou indiretamente proporcionais. AULA 1 – CÁLCULOS ALGÉBRICOS 13 Diretamente Proporcionais Indiretamente Proporcionais Grandezas Figura 2 - Tipos de grandezas. Fonte: FERREIRA, 2013. 1.3.2 Grandezas diretamente proporcionais Veja o seguinte exemplo: uma barra de alumínio de 100 cm3 de volume pesa 270 g. Nas mesmas condições, uma barra de 200 cm3 pesará 450 g e uma de 300 cm3, 810 g. Podemos então escrever o quadro 1 da seguinte forma: VOLUME (CM3) 100 200 300 500 MASSA (G) 270 540 810 1.350 Quadro 1 - Grandezas diretamente proporcionais. Fonte: FERREIRA, 2013. Ao examinar este quadro, podemos perceber claramente que a grandeza massa depende da grandeza volume, pois aumentando uma (volume) a outra (massa) também aumenta. Além disso, notamos que: 270 540 810 1350 100 200 300 500 = = = = 2,7 FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 14 Curiosidade! O valor 2,7 corresponde à massa específica do Alumínio, expressa em g/cm3. Chamando de x a grandeza volume e y a grandeza massa, temos: y x = 2,7 Ou y = 2,7 · x Dizemos, neste caso, que as sequências de números 100, 200, 300, 500 e 270, 540, 810, 1350 são diretamente proporcionais ou, então, que as grandezas x e y são diretamente proporcionais e 2,7 é a razão ou o coeficiente de proporcionalidade. 1.3.3 Grandezas diretamente proporcionais Duas grandezas variáveis são diretamente proporcionais quando os valores correspondentes x e y são expressos por uma lei do tipo y = k · x, em que k é um número real constante, diferente de zero. Dadas duas grandezas diretamente proporcionais, a razão entre dois valores de uma delas é igual à razão entre os dois valores correspon- dentes da outra. 1.3.4 Grandezas inversamente proporcionais Vejamos este exemplo: uma distância de 1.200 km pode ser percorrida por um avião a uma velocidade de 100 km/h, em 12 horas; a uma velocidade de 200 km/h, em 6 horas; e a uma velocidade de 300 km/h, em 4 horas. Podemos então escrever o quadro 2 da seguinte maneira: AULA 1 – CÁLCULOS ALGÉBRICOS 15 VELOCIDADE (KM/H) 100 200 300 400 TEMPO (H) 12 6 4 3 Quadro 2 - Grandezas inversamente proporcionais. Fonte: FERREIRA, 2013. Perceba que a grandeza tempo depende da grandeza velocidade, já que, aumentando a velocidade, o tempo diminui. Porém, agora temos: 12 × 100 = 6 × 200 = 4 × 300 = 3 × 400 = 1.200 Ou: 12 6 4 3 1 1 1 1 100 200 300 400 = = = = 1.200 Chamando de x a grandeza velocidade e de y a grandeza tempo, temos: y · x = 1.200 Ou y = 1.200 · 1 x Dizemos, neste caso, que as sequências de números (100, 200, 300, 400) e (12, 6, 4, 3) são inversamente proporcionais ou, então, que as grandezas x e y são inversamente proporcionais e 1.200 é o fator ou coeficiente de proporcionalidade. Então, o que são grandezas inversamente proporcionais? Duas grandezas variáveis são inversamente proporcionais quando os valores correspondentes x e y são expressos por uma lei do tipo y = k · 1 x , em que k é um número real constante, diferente de zero. Pergunta: O comprimento de uma barra de ferro e seu preço são grandezas diretamente proporcionais? Por quê? Resposta: Sim, porque, se multiplicarmos o comprimento da barra por um número diferente de zero, o preço fica multiplicado por esse número. 1.4 PROPRIEDADES BÁSICAS DA ÁLGEBRA Sabemos que a Álgebra é a parte da matemática que envolve o uso de letras e outros símbolos para representar números reais. Segundo Demana e Kennedy (2009, p. 7), uma variável é uma letra ou um símbolo (por exemplo, x, y, z, t, φ, θ) que representa um número real não específico. Além disso, uma constante é uma letra ou um símbolo (por exemplo, -2, 0, 3 , π) que representa FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 16 um número específico, e uma expressão algébrica é a combinação de variáveis e constantes envolvendo adição, subtração, multiplicação, divisão, potências e raízes. Álgebra Constante VariávelExpressão Algébrica Figura 3 - Tipos de grandezas. Fonte: FERREIRA, 2013. Antes de trabalhar com potenciação e radiciação, vamos fazer uma breve revisão com relação a algumas das propriedades das operações aritméticas básicas: adição, subtração, multiplicação e divisão, representadas pelos símbolos +, -, × (ou ·) e (÷ ou /), respectivamente. Adição Subtração Multiplicação Divisão Figura 4 - Operações aritméticas fundamentais. Fonte: FERREIRA, 2013. Desta forma, definimos: » a - b = a + (-b), em que (-b) é o inverso aditivo de b. » b a = a · b 1 , b ≠ 0, b 1 é o inverso multiplicativo de b. Assim, temos as seguintes propriedades associadas: AULA 1 – CÁLCULOS ALGÉBRICOS 17 P1) Propriedade comutativa: Adição: u + v = v + u (a ordem dos fatores não altera a soma) Multiplicação: u · v = v · u (a ordem dos fatores não altera o produto) P2) Propriedade associativa: Adição: (u + v) + w = u + (v + w) Multiplicação: (u · v) · w = u · (v · w) P3) Propriedade do elemento neutro: Adição: u + 0 = u Multiplicação: u · 1 = u P4) Propriedade do elemento inverso: Adição: u + (-u) = 0 Multiplicação: u · u 1 = 1, com u ≠ 0 P5) Propriedade distributiva: Multiplicação com relação à adição: +=+ +=+ wvwuwvu wuvuwvu ..).( ..).( Multiplicação com relação à subtração: −=− −=− wvwuwvu wuvuwvu ..).( ..).( Veja a seguir alguns exemplos que ilustram a aplicação destas propriedades: a) 2 + 3 = 3 + 2 = 5 b) 4 · 5 = 5 · 4 = 20 c) (4 + 3) + 2 = 4 + (3 + 2) = 9 d) (2 · 3) · 4 = 2 · (3 · 4) = 24 e) 8 + 0 = 8 = 0 + 8 f) 3 · 1 = 1 · 3 = 3 g) 2 · 2 1 = 1 1.5 POTENCIAÇÃO COM EXPOENTES INTEIROS Em diversas situações envolvendo cálculos algébricos, percebemos a repetição de alguns fatores. Assim, a notação com expoentes é muito útil para diminuir a escrita destes. Por exemplo, se considerarmos: (-4) · (-4) · (-4) · (-4) · (-4) · (-4) = (-4)6 e (3 · x - 5) · (3 · x - 5) · (3 · x - 5) = (3 · x - 5)3 FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 18 1.5.1 Enésima potência de a Considere a um número real, uma variável ou uma expressão algébrica e n um inteiro positivo. Então: an = vezesn aaaaaa ....... Em que n é o expoente, a é a base e an é a enésima potência de a (lemos: “a elevado a n”) (DEMANA; KENNEDY, 2009, p. 9). Veja estes exemplos. 1) (-5)4, a base é -5. 2) -74, a base é 7, já que -74 = (-1) · 74. 3) 32, a base é 3 e o expoente é 2. 1.5.2 Propriedades da potenciação Sendo a e b números reais, m e n inteiros, temos: P1) am · an = am+n P2) m n a a = am-n P3) a0 = 1 P4) a-n = 1 na P5) (a · b)m = am · bm P6) (am)n = am · n P7) m m m a a b b = Exemplos 1) 83 · 84 = 83 + 4 = 87 2) 10 4 x x = x10 - 4 = x6 3) 50 = 1 (qualquer número não nulo elevado a zero é igual a 1) 4) y-3 = 3 1 y 5) (2 · x)5 = 25 · x5 = 32 · x5 6) (x2)3 = x2 · 3 = x6 AULA 1 – CÁLCULOS ALGÉBRICOS 19 7) 7 7 7 x x y y = . 8) 2 2 1 3 2 .3 2 .3 − − = 2 1 2 3 2 .2 3 .3 = 3 5 2 3 = 8 243 1.6 NOTAÇÃO CIENTÍFICA Em diversas situações do cotidiano do engenheiro, aparecem números muito grandes ou demasiado pequenos. Desta maneira, a notação científica auxilia na escrita destes números por meio do uso de potências de 10. Saiba que todo número A, não nulo, pode ser representado em uma das seguintes formas: A= c · 10m ou A = -c · 10m com 1 ≤ c < 10 e m um inteiro, conforme A seja positivo ou negativo. Essa forma de escrever um número é chamada de notação científica. Exemplo: a distância entre a Terra e o Sol é de, aproximadamente, 149.597.870,691 quilômetros. Em notação científica, esta distância pode ser escrita como 149.597.870,691 km ≅ 1,5 · 108 km. Para escrever um número em notação científica, devemos observar as seguintes regras: R1) Multiplicar um número por 10p, p > 0, é o mesmo que deslocar a vírgula para a direita de p ”casas” decimais. Se p é negativo, desloca-se para a esquerda. 0,00037 · 104 = 3,7 2.500 · 10-3 = 2,5 R2) O valor de um número não se altera ao ser multiplicado por 10p · 10-p. Notação cientí�ca Padronização de escrita de números Reescrever números muito grandes Potências de 10 Reescrever números muito pequenos Figura 5 - A importância da notação científica. Fonte: FERREIRA, 2013. FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 20 Exercício Vamos simplificar a seguinte expressão: . Solução: Neste caso, temos: = = = 9,25 × 1010 = 92.500.000.000 1.7 RADICIAÇÃO Considere o seguinte problema: qual é a medida do lado de um quadrado com 5 cm2 de área? Para resolver, vamos supor que a medida do lado do quadrado seja x (x > 0). x x Figura 6 - O quadrado de lado x e área 5 cm2. Fonte: FERREIRA, 2013. Sabemos que a área deste quadrado é dada por x2, e pelo enunciado devemos ter: x2 = 5 Nessas condições, o problema estará resolvido somente quando determinarmos o valor positivo de x que torne verdadeira a sentença x2 = 5. O número x, não negativo, cujo quadrado é igual a 5, será indicado por 2 5 , que devemos ler “raiz quadrada de cinco”. Portanto, o lado do quadrado mede x = 2 5 cm. 1.7.1 Raiz enésima de a Vamos supor a sentença xn = a, em que n é um natural não nulo e a ≥ 0. O valor não negativo que satisfaz esta igualdade será indicado por n a , e devemos ler “raiz enésima de a”. As nomenclaturas utilizadas para esta simbologia são dadas por: n a : radical n: índice do radical AULA 1 – CÁLCULOS ALGÉBRICOS 21 a: radicando Veja no quadro a seguir algumas nomenclaturas da raiz enésima. LEITURA RADICAL ÍNDICE RADICANDO 5 4 Raiz quinta de 4 5 4 5 4 3 8 Raiz cúbica de 8 3 8 3 8 2 9 Raiz quadrada de 9 2 9 2 9 Quadro 3 - Algumas nomenclaturas da raiz enésima. Fonte: FERREIRA, 2013. Devido à raiz quadrada de um número não negativo a, isto é, 2 a ser muito utilizada, padronizou-se escrever apenas a . Exercício Vamos calcular a medida da aresta de um cubo de volume 64 cm3, sendo x a medida da aresta do cubo, conforme figura a seguir: Figura 7 - O cubo de aresta x. Fonte: FERREIRA, 2013. Então, sabemos que o volume de um cubo de aresta x é dado por: x3 = 64 e x > 0 Pela definição de raiz, temos que: x = 3 64 FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 22 x = 4, pois 43 = 64 e 4 ≥ 0. Solução: a aresta do cubo mede 4 cm. Existem dois valores de x que tornam verdadeira a sentença x2 = 25: 5 ou -5. O valor positivo 5 é indicado por 25 , e o valor negativo -5 é indicado por - 25 . Assim: x2 = 25 ⇒ x = ± 5 1.7.2 Propriedades dos radicais Sendo a e b números reais não negativos, e os índices números naturais não nulos, temos: P1) . .n n na b a b= P2) n n n a a bb = P3) np mp n ma a= P4) ( )m n mn a a= P5) n m nma a= Exemplos 1) 1 3 3 3 32. 5 2.5 10 P = = 2) 2 5 55 5 8 8 2 44 P = = 3) 3 27 9 27 9 9 9 35 5 P a÷ ÷= = 4) 4 3 3 3 312 12 12 3 43( 2) 2 2 2 P P ÷ ÷ = = = 5) 5 3 3.44 122 2 2 P = = 1.8 RACIONALIZAÇÃO DE DENOMINADORES Em alguns casos, podemos evitar a divisão por números irracionais, minimizando os possíveis erros propagados pelos cálculos em questão. Segundo Demana e Kennedy (2009), racionalização é o processo de reescrever frações contendo radicais, de modo que o denominador fique sem esses radicais. Exemplos: AULA 1 – CÁLCULOS ALGÉBRICOS 23 1) 3 6 3 3. 3 2 3 2 3 2 === 2) x x x x x x xx 4 3 4 4 4 3 4 3 4 3 44 .11 === (| x | é o módulo de x que aprenderemos mais adiante). 3) y yx y yx y y y x y x y x 5 22 5 5 5 22 5 2 5 2 5 3 5 2 5 3 5 2 5 3 2 .. . ==== 1.9 POTÊNCIA DE EXPOENTE RACIONAL Já sabemos calcular potências do tipo 2 6 25 ,8 , 4− , isto é, potências que envolvem expoentes inteiros. Mas como podemos trabalhar com expoentes racionais (frações), ou seja, como interpretar, por exemplo, a potência 3 57 ? Bem, vamos chamar a potência de x, logo: x = 3 57 Elevando à quinta potência ambos os membros da igualdade, temos que: 3 5 55(7 )x = Daí, 5 37x = E pela definição de raiz, segue que: x = 5 37 Isso nos sugere a definição relacionada à potenciação envolvendo números racionais ou fracionários, como segue. 1.9.1 Expoentes racionais Considere um número real a > 0, m e n inteiros com n > 0. Neste caso, definimos m n mna a= . Note que para a = 0 deve ter m > 0. Exemplos 1) 2 3 235 5= 2) 1 0,5 29 9 9= = 3) 1 0,1 10 1106 6 6 − − − = = FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 24 1.10 TÉCNICAS DE FATORAÇÃO E POLINÔMIOS Quando trabalhamos com cálculos algébricos, percebemos que o desenvolvimento de um produto requer apenas mão de obra e, portanto, não nos cria grandes dificuldades. O que pode causar problemas é a passagem no sentido contrário. Como fatorar? Isto é, como passar da forma desenvolvida para a forma fatorada? Neste sentido, vamos trabalhar com algumas identidades fundamentais (produtos notáveis) que são ferramentas indispensáveis para as técnicas de fatoração associadas aos polinômios. Polinômios Um polinômio em x é qualquer expressão que pode ser escrita na forma: an · x n + an-1 · x n-1 + an-2 · x n-2 + ... + a1 · x + a0 em que n é um inteiro não negativo e an ≠ 0. Os números an-1, ..., a1, a0 são todos reais conhecidos como coeficientes. De outro modo, o grau do polinômio é n e o coeficiente principal é o número an. Veja que polinômios com um, dois e três termos são ditos monômios, binômios e trinômios, respectivamente. Um polinômio escrito com as potências de x na ordem decrescente está na forma padrão. Além disso, para somarmos ou subtrairmos polinômios, nós somamos ou subtraímos termos semelhantes usando a propriedade da distributiva (DEMANA; KENNEDY, 2009). 1.10.1 Adição e subtração de polinômios Veja alguns exemplos: 1) (3x + 4) + (7x - 10) = (3x + 7x) + (4 - 10) = 10x - 6 2) (2x + 5) - (3x - 1) = (2x - 3x) + (5 - (-1)) = -x + 6 3) (2x3 - 3) + (5x3 + x2 + x - 2) = (2x3 + 5x3) + x2 + x + (-3 - 2) = 7x3 + x2 + x - 5 1.10.2 Produtos notáveis Segundo Demana e Kennedy (2009), os polinômios que aparecem frequentemente e com certa regularidade nos cálculos algébricos são chamados de produtos notáveis. 1.11 FATORAÇÃO Fatorar uma expressão algébrica é transformá-la numa outra equivalente que esteja na forma de produto. Por exemplo: 2 2 6 8 2 .(3 4) 9 ( 3).( 3) fatorando fatorando x x x x x x x + → + − → + − Primeiro caso de fatoração: fator comum em evidência AULA 1 – CÁLCULOS ALGÉBRICOS 25 Quando existe um fator que é comum a todas as parcelas, então este fator comum deve ser colocado em evidência. Exemplo: 1) 4 6 2.(2 3)x x+ = + 2) 28 4 4 .(2 1)x x x x− = − Segundo caso de fatoração: agrupamento É uma aplicação repetida do primeiro caso. Exemplos: 1) 3 2 2 22 2 4 .( 2) 2.( 2) ( 2).( 2)x x x x x x x x+ + + = + + + = + + 2) 1 1 .( 1) 1.(1 ) .( 1) 1.( 1) ( 1).( 1)xy x y xy x y x y y x y y y x+ − − = − + − = − + − = − − − = − − Terceiro caso de fatoração: diferença de dois quadrados 2 2 ( ).( )a b a b a b− = − + Exemplos: 1)2 2 24. 9 (2 ) 3x x− = − (As bases são 2x e 3). 24. 9 (2 3).(2 3)x x x− = + − 2) 2 2 21 1x x− = − (As bases são x e 1). 2 1 ( 1)( 1)x x x− = − + Quarto caso de fatoração: trinômio quadrado perfeito 2 2 22 ( )a ab b a b+ + = + Exemplos: 1) 2 22 1 ( 1)x x x+ + = + 2) 2 26 9 ( 3)x x x− + = − Quinto caso de fatoração: soma de cubos 3 3 2 2( ).( )a b a b a ab b+ = + − + Exemplos: 1) 3 3 38 2x x+ = + (as bases são x e 2). 3 28 ( 2).( 2 4)x x x x+ = + − + 2) 3 3 31 1x x+ = + (as bases são x e 1). 3 21 ( 1).( 1)x x x x+ = + − + Sexto caso de fatoração: diferença de cubos 3 3 2 2( ).( )a b a b a ab b− = − + + Exemplos: 1) 3 3 364 4x x− = − (as bases são x e 4). FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 26 3 264 ( 4).( 4 16)x x x x− = − + + 2) 3 3 31 1x x− = − (as bases são x e 1). 3 21 ( 1).( 1)x x x x− = − + + Sétimo caso de fatoração: cubo perfeito 3 2 2 3 3 3 2 2 3 3 3. . 3. . ( ) 3. . 3. . ( ) a a b a b b a b a a b a b b a b + + + = + − + − = − Exemplos: 1) 3 2 38 36 54 27 (2 3)a a a a+ + + = + 2) 3 2 33. 3 1 ( 1)x x x x− + + = − 1.12 SIMPLIFICAÇÃO DE EXPRESSÕES FRACIONÁRIAS Neste ponto, vamos trabalhar com a simplificação envolvendo as expressões fracionárias e nos familiarizar com as expressões racionais. 1.12.1 Expressão fracionária Denominamos expressão fracionária um quociente envolvendo duas expressões algébricas (DEMANA; KENNEDY, 2009). Exemplos: 1) x x 1+ 2) 1 12 2 2 + ++ x xx 3) x yx +2 . 2 4) 32 2 + − x x 1.12.2 Expressão racional Denominamos expressão racional um quociente envolvendo dois polinômios (DEMANA; KENNEDY, 2009). Exemplos: 1) 32 27 + − x x 2) 4+x x AULA 1 – CÁLCULOS ALGÉBRICOS 27 3) 32 13 2 +− + xx x 4) 45 12 3 2 +− ++ xx xx 5) 35 12 2 23 −− +− xx xx Figura 8 - Expressão fracionária e expressão racional. Fonte: FERREIRA, 2013 1.13 REGRAS OPERACIONAIS A seguir, listamos as principais regras operacionais envolvendo frações. Para isso, considere u, v, w e z como números reais quaisquer, variáveis ou expressões algébricas. Todos os denominadores são considerados como não nulos, isto é, diferentes de zero. Veja a seguir: R1) v w v u + = v wu + R2) z w v u + = zv wvzu . .. + R3) z w v u . = zv wu . . R4) z w v u ÷ = z w v u = w z v u . (conservamos a primeira fração e multiplicamos pelo inverso da segunda) R5) Para subtração, substituímos “+” por “-” em (1) e (2). FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 28 1.13.1 Multiplicação e divisão de expressões racionais 1) = )1( )4(. )4).(4( )1).(1( + + −+ −+ x x xx xx = )1( )4(. )4).(4( )1).(1( + + −+ −+ x x xx xx = 4 1 − − x x , sendo que devemos ter x ≠ -4, x ≠ -1 e x ≠ 4. 2) = )2( )5).(5(. )5( )2).(2( − −+ + −+ x xx x xx = 5 2 − + x x , sendo que devemos ter x ≠ -5 e x ≠ 2 . 3) = )7).(2( )42).(2(. )42.( )7).(32( 2 2 +− ++− ++ +− xx xxx xxx xx = x x 32 − , sendo que devemos ter x ≠ 2, x ≠ -7 e x ≠ 0. 4) 2 21 xx ÷ = 2 2 1 x x = 2 .1 2x x = 2 x , sendo que devemos ter x ≠ 0. 5) 4 3 2 )1( x x x x + ÷ + = 4 3 2 1 x x x x + + = )2( . )1( 43 x x x x ++ = )2).(1( 7 xx x ++ , sendo que nesta situação devemos ter x ≠ -1 e x ≠ -2. 1.13.2 Simplificação de frações compostas Segundo Demana e Kennedy (2009), uma fração composta ou fração complexa é uma fração na qual os numeradores e denominadores podem eles mesmos conter frações. Vamos simplificar as frações compostas a seguir? a) x x x 1 12 + − = x x x x 1 12 + + = x x 12 + · 1+x x = 1 12 + + x x , com x ≠ -1. b) 3 11 2 73 − − + − x x = 3 1)3( 2 7)2.(3 − −− + −+ x x x x = 3 4 2 13 − − + − x x x x = , em que devemos ter x ≠ 3, x ≠ -2 e x ≠ 4. AULA 1 – CÁLCULOS ALGÉBRICOS 29 c) ba ba 11 11 22 − − = ba ab ba ab . . 22 22 − − = 22 22 .ba ab − · )( . ab ba − = 2).( )).(( ba abab +− · )( . ab ba − = ba ab . + , em que devemos ter a ≠ 0, b ≠ 0 e a ≠ b. 1.14 EQUAÇÕES Agora vamos estudar as equações de 1o grau e de 2o grau com uma variável e as equações que se reduzem a elas. Comumente chamamos as variáveis de incógnitas e os valores que satisfazem as equações de raízes. Além disso, resolver uma equação significa determinar o seu conjunto verdade, isto é, o conjunto de suas raízes. Segundo Demana e Kennedy (2009), quando queremos encontrar uma solução de uma equação em x queremos encontrar todos os valores de x para os quais a equação é verdadeira ou, ainda, todas as soluções da equação. O nosso ambiente de estudo para a resolução das equações será o conjunto dos números reais. Cabe ressaltar que a resolução de equações é um aparato amplamente utilizado para a interpretação de modelagens dentro da Engenharia. 1.14.1 Equações do primeiro grau ou equação linear em x Segundo Demana e Kennedy (2009), uma equação linear em x pode ser escrita na forma: ax + b = 0 com a e b números reais e a ≠ 0. Exemplos: 1) x + 2 = 0 2) 3x - 4 = 0 3) 7x - 3 4 = 0 4) 2z - 6 = 0 (equação linear na variável z) Uma equação linear em uma variável tem exatamente uma solução. Por exemplo, 2x - 8 = 0 tem como solução x = 4, ou seja, o seu con- junto solução é S = {4}. FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 30 1.14.1.1 Equações equivalentes Duas ou mais equações são ditas equivalentes quando elas apresentam o mesmo conjunto solução, isto é, se têm as mesmas soluções. Para obter equações equivalentes, devemos utilizar algumas operações que podem: » combinar termos semelhantes; » simplificar frações; » remover símbolos por meio de agrupamento; » aplicar a mesma operação em ambos os lados da equação. Exercícios 1) Vamos resolver a equação: 3x - 2 = 4x + 9 Solução: Neste caso, temos: 3x - 2 = 4x + 9 3x - 4x = 9 + 2 -x = 11 Multiplicando por (-1) ambos os membros da igualdade anterior, vem: x = -11 portanto, a solução da equação linear anterior é x = -11 ou o seu conjunto solução é S = {-11}. 2) Vamos resolver a equação: 2 · (3x - 3) + 3 · (x - 1) = 5x + 3 Solução: Neste caso, temos: 2 · (3x - 3) + 3 · (x - 1) = 5x + 3 6x - 6 + 3x - 3 = 5x + 3 9x - 9 = 5x + 3 9x - 5x = 3 + 9 4x = 12 x = 3 Portanto, a solução da equação linear anterior é x = 3 ou, ainda, o seu conjunto solução é S = {3}. Você pode averiguar se os cálculos estão corretos substituindo o valor x = 3 e encontrando uma identidade, como segue: 2 · (3(3) - 3) + 3 · ((3) - 1) = 5(3) + 3 2 · (9 - 3) + 3 · (3 - 1) = 15 + 3 2 · (6) + 3 · (2) = 18 12 + 6 = 18 AULA 1 – CÁLCULOS ALGÉBRICOS 31 18 = 18 (Verdadeiro) Agora este: 5 2 2 8 4 x x− = + . Solução: Quando estivermos diante de equações lineares com frações, devemos tomar um cuidado maior com os cálculos, já que são comuns alguns enganos, principalmente na caracterização do mínimo múltiplo comum envolvendo os denominadores. Inicialmente, note que os denominadores são 8, 1 e 4 e o mínimo múltiplo comum é 8. 5 2 2 8 4 x x− = + Assim, vamos multiplicar os membros da igualdade anterior por 8, resultando em: 5 28. 8. 2 8 4 x x− = + Ou seja, 5 28. 8.2 8. 8 4 x x− = + Ou 5x - 2 = 16 + 2x 5x - 2x = 16 + 2 3x = 18 x = 6 Portanto, x = 6 é a solução da equação lineardo exemplo ou S = {6}. Sejam a e b dois números reais, se a.b = 0 então a = 0 ou b = 0. 4) Se uma empresa comercializa um produto em que a cada venda sobram R$ 2,50, quantos produtos deverá vender para juntar uma sobra de R$ 6.250,00? Solução: Neste caso, podemos escrever: 2,5 · x = 6.250 FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 32 Ou seja x = 5,2 6250 x = 2500 A empresa deverá vender 2.500 unidades do referido produto. 5) Uma empresa é composta por três departamentos: o primeiro faturou R$ 80.000,00 e o segundo faturou três quintos do primeiro. Quanto deverá faturar o terceiro, se o faturamento total precisa ser o dobro dos dois primeiros departamentos? Solução: Vamos denotar o faturamento do terceiro departamento de x, assim, de acordo com o enunciado, podemos escrever: totalofaturament x + .(80000) 5 3 + 80000 = 2 · (80000 + 5 3 · 80000) 80.000 + 48.000 + x = 160.000 + 96.000 x = 256.000 - 12.8000 x = 128.000 Portanto, o investimento do terceiro departamento deve ser igual a 128.000. 1.15 EQUAÇÕES DO SEGUNDO GRAU Já vimos as equações do primeiro grau, não é mesmo? Então podemos dar um passo mais adiante, trabalhando agora com as equações do segundo grau, ou equações quadráticas, nas quais aparece o quadrado da incógnita, como, por exemplo, 22. 5 2 0x x− + = . As raízes dessas equações nem sempre são obtidas de maneira tão cômoda quanto nas equações do 1o grau. Chamamos de equação do segundo grau aquela que pode ser escrita na forma: 2a . 0x bx c+ + = Em que a, b e c são números reais com a ≠ 0. Os números a, b e c são os coeficientes. Exercício Qual a soma dos coeficientes da equação 25 2 5 0x x+ − = ? Solução: Neste caso, temos a = 5, b = 2 e c = -5, logo a soma a + b + c é dada por 5 + 2 + (-5) = 2. 1.15.2 Raiz de uma equação do 2o grau Um número r será chamado de raiz, ou solução da equação 2a . 0x bx c+ + = , se, e somente se, a igualdade 2a .r 0br c+ + = for uma sentença verdadeira. Exercício: Verifique se o número r = 2 é uma raiz da equação quadrática 22 5 2 0x x− + = ? AULA 1 – CÁLCULOS ALGÉBRICOS 33 Solução: Substituindo x por 2, temos: 22.(2) 5.(2) 2 8 10 2 0− + = − + = . 1.15.3 Conjunto solução de uma equação do 2o grau Resolver a equação do 2o grau 2a . 0x bx c+ + = no conjunto universo dos números reais significa obter o conjunto de todas as raízes reais dessa equação. O conjunto das raízes é chamado de conjunto solução, ou conjunto verdade da equação quadrática em questão. Exemplo: Considerando o conjunto universo como o conjunto dos números reais, o conjunto solução da equação 2 4x = é S = {2, -2}. O matemático indiano Bhaskara (séc. XII) foi um dos primeiros que estudou a equação do 2o grau de modo geral, isto é, incluindo casos em que as raízes são números irracionais. Já os gregos e babilônios, ao contrário, não consideravam a existência desse tipo de números. Fórmula resolutiva (Fórmula de Bhaskara): Tendo como universo o conjunto ℜ dos números reais, podemos provar que a equação 2a . 0x bx c+ + = (a ≠ 0) com 2 4. . 0b a c− ≥ possui duas raízes, que indicaremos por 1x e 2x . Estas podem ser obtidas pelas fórmulas: 1x = a b .2 ∆+− e 2x = 2. b a − − ∆ A expressão 2 4. .b a c− , normalmente indicada pela letra grega ∆ (delta maiúscula), é chamada de discriminante da equação. Importante: além disso, com relação ao discriminante ∆ podemos ter três situações distintas, que são: 1) Delta maior que zero ( ∆ > 0): duas raízes reais e distintas ( 1x ≠ 2x ). 2) Delta igual a zero ( ∆ = 0): duas raízes reais e iguais ( 1x = 2x ). 3) Delta menor que zero ( ∆ < 0): não existem raízes reais. FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 34 Figura 9 - Quadro-resumo para as situações envolvendo o discriminante de uma equação do segundo grau. Fonte: FERREIRA, 2013. Tendo como universo o conjunto ℜ dos números reais, podemos pro- var que a equação 2a . 0x bx c+ + = (a ≠ 0) com 2 4. . 0b a c− ≥ possui duas raízes, que indicaremos por 1x e 2x . Exercício (Fórmula de Bhaskara): Vamos resolver as seguintes equações do segundo grau, considerando o conjunto universo ℜ . a) x2 + 3x + 2 = 0 b) -x2 + 6x - 9 = 0 c) x2 + 4x + 9 = 0 Solução: Neste caso, temos: a) Aqui, a = 1, b = 3 e c = 2, desta forma: ∆ = b2 - 4 · a · c ∆ = 32 - 4 · (1) · (2) ∆ = 9 - 8 ∆ = 1 Logo, as raízes são: 1x = a b .2 ∆+− = )1.(2 13 +− = 2 2− = -1 2x = a b .2 ∆−− = )1.(2 13−− = 2 4− = -2 AULA 1 – CÁLCULOS ALGÉBRICOS 35 Note que se substituirmos os valores de x encontrados, obviamente a equação nos levará a 0 = 0. b) Aqui, temos a = -1, b = 6 e c = -9, desta forma: ∆ = b2 - 4 · a · c ∆ = 62 - 4 · (-1) · (-9) ∆ = 36 - 36 ∆ = 0 Logo, as raízes são: 1x = a b .2 ∆+− = )1.(2 06 − +− = 2 6 − − = 3 2x = a b .2 ∆−− = )1.(2 06 − +− = 2 6 − − = 3 c) Aqui, temos a = 1, b = 4 e c = 9, desta forma: ∆ = b2 - 4 · a · c ∆ = 42 - 4 · (1) · (9) ∆ = 16 - 36 ∆ = -20 Logo, como não podemos extrair a raiz de -20, ou seja, não existem raízes reais, isso significa que não existe um único número real que substituindo x na equação a torne igual a zero. Nas aulas subsequentes sobre funções, vamos discutir mais uma vez aspectos teóricos relacionados às equações de 1o e 2o graus. 1.16 INEQUAÇÕES Bem, já trabalhamos com as equações, que, como vimos, tratam-se da igualdade entre expressões. Agora vamos estudar as inequações, que representam desigualdades entre expressões matemáticas. Elas também são do 1o grau e do 2o grau. Preste atenção aos sinais a seguir, pois eles separam dois membros de uma inequação: > Maior ≥ Maior ou Igual < Menor FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 36 ≤ Menor ou Igual Diferentemente do que ocorre com as equações, quando queremos resolver uma determinada inequação não estamos buscando um valor que a satisfaça, mas um conjunto de valores ou intervalo que a atenda. 1.16.1 INEQUAÇÃO DO PRIMEIRO GRAU, OU INEQUAÇÃO LINEAR EM X É uma inequação que pode ser escrita na forma: ax + b < 0 ou ax + b > 0 ou ax + b ≥ 0 ou ax + b ≤ 0 com a e b números reais e a ≠ 0. Exercício: Vamos resolver a inequação do 1o grau: 2x + 4 > 0. Solução: Precisamos isolar x, como fizemos com as equações. Para tal: 2x + 4 > 0 2x > -4 x > 2 4− Portanto, temos: x > -2 Se tomarmos qualquer valor real maior que -2 e o colocarmos no lugar de x, encontraremos um resultado maior que 0. Ao resolvemos inequações, é importante tomar cuidado quando o coeficiente que multiplica x for negativo. Neste caso, devemos multi- plicar os dois membros por -1, o que nos obriga a inverter o sinal de desigualdade. Exemplo -x ≥ 4 Multiplicando por (-1), segue que: -x · (-1) ≥ 4 · (-1) AULA 1 – CÁLCULOS ALGÉBRICOS 37 Ou seja, x ≤ -4 Exercício Numa indústria de tênis, cada funcionário produz em média 200 tênis por dia. Considerando que há 5.000 tênis prontos em estoque, quantos funcionários deverão trabalhar para que, ao final de 10 dias, possam ser entregues mais de 20.000 tênis? Solução: Note que, de acordo com o enunciado, podemos escrever: Produção média por funcionário/dia = 200 Estoque Atual = 5.000 Dias disponíveis = 10 Meta a ser atingida > 20.000 Ou, ainda, podemos visualizar a situação da seguinte forma: Ou seja, em símbolos, temos: 10.200 · x + 5.000 > 20.000 2.000x + 5.000 > 20.000 2.000x > 20.000 - 5.000 x > 15.000 ÷ 2.000 x > 7,5 Portanto, é necessário pelo menos oito funcionários trabalhando para que ao final de 10 dias haja mais de 20.000 tênis em estoque. CONCLUSÃO Nesta primeira aula trabalhamos com a descrição dos conjuntos numéricos e visualizamos como conjunto universo, para os nossos propósitos,o conjunto dos números reais. Na sequência, vimos os aspectos relacionados às proporções, grandezas proporcionais, potenciação e radiciação, fatoração, polinômios e produtos notáveis, assim como a parte relacionada às equações e inequações. Na próxima aula vamos estudar toda a teoria acerca das funções, tais como domínio, contradomínio, conjunto imagem, crescimento e decrescimento. AULA 2 Introdução à teoria das funções Dr. Alessandro Ferreira Alves INTRODUÇÃO A noção de função surge quando procuramos entender fenômenos e fatos do nosso mundo nos mais diversos campos do conhecimento. Quantas vezes criamos ou procuramos relacionar as coisas entre si? Por exemplo, ao estudar a relação do lucro com a quantidade vendida de determinado produto, indiretamente estamos utilizando a noção de função de uma variável real, que será a base do nosso estudo nesta aula. Segundo Demana e Kenneddy (2009), ao observarmos fenômenos da nossa realidade, podemos caracterizar dois conjuntos e alguma lei que associa os elementos de um dos conjuntos aos elementos do outro. Uma análise destas três coisas – os dois conjuntos e a lei – podem esclarecer detalhes sobre a interdependência dos elementos destes conjuntos e descrever o fenômeno em observação. FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 40 Neste sentido, nossa segunda aula tem como objetivos apresentar alguns conceitos, regras e resultados básicos da Teoria dos Conjuntos e definir e aplicar o conceito formal de função – além, é claro, de discutir as principais propriedades associadas. Saiba, ainda, que este conceito de função é um dos mais importantes da matemática aplicável no contexto da Engenharia. Por isso, antes de começar a estudar todo o aparato teórico sobre funções, vamos fazer uma breve revisão sobre conjuntos. OBJETIVOS Os objetivos de aprendizagem desta aula são: » Compreender as propriedades e operações básicas envolvendo os conjuntos imagem e numéricos. » Compreender as principais formas de representação de conjuntos. » Diferenciar relação de função. » Entender e aplicar os conceitos básicos de funções em problemas simulados. » Compreender a importância do estudo de funções no contexto da engenharia. » Caracterizar algebricamente o domínio, contradomínio e conjunto imagem de funções. » Caracterizar geometricamente o domínio, contradomínio e conjunto imagem de funções. » Representar geometricamente funções elementares. 2.1 NOÇÃO INTUITIVA DE FUNÇÃO Conjuntos Funções Lei Figura 10 - Teoria de conjuntos é a base para o estudo das funções. Fonte: FERREIRA, 2013. AULA 2 – INTRODUÇÃO À TEORIA DAS FUNÇÕES 41 Vamos considerar a seguinte situação: seja T um conjunto de pessoas num dado instante e seja IN o conjunto dos números naturais. Ao associarmos a cada elemento de T a sua idade (que é um número natural), fica estabelecida uma função de T em IN. Repare que é possível, talvez até muito provável, que haja em T várias pessoas com a mesma idade, mas existem, pelo menos, dois aspectos matemáticos importantes, que são: » a todo elemento de T corresponde um elemento de IN, já que toda pessoa tem uma idade; » nenhuma pessoa tem duas ou mais idades. Resumindo, para cada elemento x de T, corresponde um único elemento y de IN. 2.2 TEORIA DOS CONJUNTOS Agora vamos revisar as principais noções da teoria dos conjuntos, fundamentais para a criação de toda teoria envolvendo as funções. “Conjunto é uma estrutura que agrupa objetos e constitui uma base para a construção de estruturas mais complexas” (IEZZI; MURAKAMI, 1993, p. 18). 2.2.1 Conjuntos e elementos de um conjunto Segundo Iezzi e Murakami (1993), o ponto de partida deste tópico é construído pelas seguintes noções não definidas, aceitas como conceitos primitivos: de igualdade, conjunto, elemento e a de elemento de um conjunto. De uma forma geral, para indicar que x é um elemento do conjunto A, escrevemos x∈A, em que lemos “x pertence a A”. Contrariamente, se y não for elemento de A, escrevemos y∉B. Veja na figura a seguir. A y x Figura 11 - Diagrama de Venn. Fonte: FERREIRA, 2013. 2.2.2 Representações de conjuntos Um conjunto pode ser representado por três formas distintas, como você pode ver a seguir. FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 42 1) Por representação gráfica, chamada de Diagrama de Venn (conforme figura anterior). 2) Por enumeração de seus elementos. » {a, e, i, o, u} conjunto das vogais. » {0, 1, 2, 3, 4, ..., 1989, ...} conjunto dos números naturais (IN). » {..., -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, ...} conjunto dos inteiros (Z). 3) Ao descrever os elementos do conjunto por uma propriedade exclusiva: IN = {x | x é um número natural}. Os Diagramas de Venn, criados pelo matemático inglês John Venn (1834–1923), são conhecidos no mundo inteiro e largamente usados nos estudos da Teoria dos Conjuntos. Eles usam figuras geométricas, em geral representadas no plano, para expressar as estruturas da Teoria dos Conjuntos. 2.2.3 Conjunto universo Ao escrever, por exemplo, A = {x∈Z | x > -1}, consideramos Z como o conjunto universo, isto é, os elementos a considerar devem ser pertencentes a Z. Observamos, então, que 1 2 não é elemento do conjunto A = {x∈Z | x > -1}, pois não é um número inteiro. Geralmente, representamos o conjunto universo por U. U B A .3 .4 .5 .7 .9 Figura 12 - Representação geométrica do conjunto universo. Fonte: Ferreira, 2013. AULA 2 – INTRODUÇÃO À TEORIA DAS FUNÇÕES 43 2.2.4 Conjunto vazio Uma ferramenta teórica que se revelará muito útil no decorrer da disciplina é o conceito do conjunto sem elementos. Este conjunto é chamado de vazio e é representado por ∅ ou { }. Exemplos: 1) {x∈Z | 2x - 1 = 6}, pois não existe x inteiro tal que 2x - 1 = 6. 2) {x∈ IN | x ≠ x}, pois não existe natural que seja diferente dele mesmo. 2.2.5 Igualdade de conjuntos Dois conjuntos são ditos iguais se ambos tiverem os mesmos elementos ou forem conjuntos vazios. Exemplo: Os conjuntos {1, 2} = {2, 1} = {1, 2, 2, 2, 1, 1, 2} são iguais, já que possuem os mesmos elementos, que neste caso são os números 1 e 2. 2.2.6 Subconjuntos de um conjunto Considere os conjuntos A = {1, 2, 3, 4, 5, 6} e B = {1, 3, 5, 7}. Observe que, se x é um elemento qualquer de B, então x é um elemento de A, isto é, todo elemento de B é também um elemento de A. “Dizemos que B é um subconjunto de A e indicamos isso por B ⊂ A, somente se todo elemento de B for também elemento de A. Esta relação entre conjuntos é conhecida como relação de inclusão.” (IEZZI; MURAKAMI, 1993, p. 25). Assim: 1) O conjunto A = {1, 2} é um subconjunto de B = {0, 1, 2, 3, 4}, já que todo elemento de A é um elemento de B. 2) O conjunto dos naturais IN é um subconjunto dos inteiros Z. 3) O conjunto dos inteiros Z é um subconjunto dos racionais Q. O conjunto vazio é considerado um subconjunto de qualquer conjunto, já que não possui elementos. FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 44 Ao invés de falar que B é um subconjunto de A, é comum dizer que B está contido em A, o que não deve ser confundido com a expressão “pertence a A”. Podemos afirmar que B ⊄ A (B não está contido) se, e somente se, existir pelo menos um elemento de B que não seja elemento de A, em resumo: B ⊄ A ⇔ existe x, x∈B e x∉ . Quando tratamos da relação entre conjuntos, temos a Relação de Inclusão. De outra forma, quan- do falamos da relação entre elemento e conjunto, temos a Relação de Pertinência. Em outras palavras, é importante não confundirmos o uso dos símbolos ∈ ou ⊂ . O primeiro serve para indicar que um objeto é elemento de um conjunto. O segundo serve para indicar que um conjunto está contido em outro conjunto. Figura 13 - Relação pertinência e inclusão. Fonte: FERREIRA, 2013. 2.2.7 Conjunto das partes de um conjunto Consideremos um conjunto A. O conjunto das partes de A, ou conjunto potência de A, denotadopor: P(A) ou 2A É definido da seguinte forma, segundo Iezzi e Murakami (1993, p. 26): P(A) = {X | X ⊆ A} Exemplo: sejam A = {a}, B = {a, b} e C = {a, b, c}. Então: P(∅ ) = ∅ P(A) = {∅ , {a}} P(B) = {∅ , {a}, {b}, {c}, {a,b}} AULA 2 – INTRODUÇÃO À TEORIA DAS FUNÇÕES 45 P(C) = {∅ , {a}, {b}, {c}, {a, b}, {a, c}, {b, c}, {a, b, c}} 2.2.8 Operações com conjuntos Sendo A e B conjuntos quaisquer, definimos as seguintes operações com A e B, que frequentemente retratam situações tanto na teoria quanto na prática: » intersecção; » união; » diferença; » complementar de um conjunto. Dados os conjuntos A e B, chamamos de interseção de A e B ao conjunto A ∩ B formado pelos elementos que são comuns aos dois conjuntos. Em símbolos, podemos escrever: A ∩ B = {x | x∈A e x∈B} A B Figura 14 - Interseção entre conjuntos. Fonte: IEZZI; MURAKAMI, 1993. Exemplos 1) Sejam A = {1, 2, 3, 4} e B = {3, 4, 5}, neste caso temos que A ∩ B = {3, 4}. 2) Dados A = {1, 2, 3, 4} e B = {2, 4, 6}, os elementos comuns a A e B são 2 e 4, ou seja, temos que o conjunto intersecção de A e B é dado por A ∩ B = {2, 4}. 3) Conjuntos disjuntos: suponha os conjuntos A = {x∈ IN | x > 2} e B = {x∈ IN | x2 = x}. Então, A ∩ B = ∅ . Desta maneira, falamos que os conjuntos A e B são conjuntos disjuntos quando a interseção entre eles resultar no conjunto vazio. 2.2.9 União de conjuntos Dados os conjuntos A e B, chamamos de união de A e B ao conjunto A ∪ B formado pelos elementos que pertencem a A ou a B ou a ambos. Em símbolos, podemos escrever: A ∪ B = {x | x∈A ou x∈B} FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 46 A B Figura 15 - União entre conjuntos. Fonte: IEZZI; MURAKAMI, 1993. Exemplos: 1) Sejam A = {1, 2, 3, 4} e B = {3, 4, 5}, neste caso temos que A ∪ B = {1, 2, 3, 4, 5}. 2) Considerando A = {1, 2, 3, 4} e B = {2, 4, 6}, o conjunto união de A com B é dado por A ∪ B = {1, 2, 3, 4, 6}. 3) Sejam A = {x∈ IN | x > 2} e B = {x∈ IN | x2 = x}. Então, A ∪ B = {0, 1, 3, 4, 5, 6, ...}. 2.2.10 Diferença de conjuntos Dados os conjuntos A e B, chamamos de diferença A - B ao conjunto dos elementos que pertencem a A (ao primeiro) e não pertencem a B (ao segundo) (IEZZI; MURAKAMI, 1993). Em símbolos, podemos escrever: A - B = {x | x∈A e x∉B} Exemplos: 1) Consideremos A = {1, 2, 3, 4, 5} e B = {2, 5}, então A - B = {1, 3, 4}. 2) Consideremos agora os conjuntos A = {x∈ IN | x > 2} e B = {x∈ IN | x2 = x}. Então: A - B = {3, 4, 5, 6, ...} e B - A = {0, 1}. 3) Consideremos os conjuntos ℜ (reais), Q (racionais) e I (irracionais). Então: ℜ - Q = I ℜ - I = Q Q - I = Q 2.2.11 Complemento de um conjunto Consideremos o conjunto universo U. O complemento de um conjunto A ⊆ U, denotado por A’ ou ~A é o conjunto dos elementos que estão em U e não pertencem a A (IEZZI; MURAKAMI, 1993). Ou seja, em símbolos escrevemos: ~A = {x∈U | x∉A} AULA 2 – INTRODUÇÃO À TEORIA DAS FUNÇÕES 47 Exemplos: 1) Suponhamos o conjunto universo IN. Seja A = {0, 1, 2}. Então: ~A = {x∈ IN | x > 2} 2) Para qualquer conjunto universo U, são válidas as seguintes relações: ~ ∅ = U ~U = ∅ 3) Suponhamos o conjunto ℜ (reais) como conjunto universo. Então: ~Q = I ~I = Q 4) Complemento, união e intersecção: suponhamos que U seja o conjunto universo. Então, para qualquer conjunto A ⊆ U, são válidas: A ∪ ~A = U A ∩ ~A = ∅ Exercícios 1) De uma prova constituída por dois problemas, 300 alunos acertaram somente um dos problemas, 260 acertaram o segundo, 100 alunos acertaram os dois e 210 erraram o primeiro. Quantos alunos fizeram a prova? Solução: Vamos resolver o exercício utilizando o Diagrama de Venn. Então, considere os conjuntos: A = {alunos que acertaram o primeiro problema} B = {alunos que acertaram o segundo problema} Sempre devemos começar pela interseção entre os conjuntos envolvi- dos na questão. FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 48 Figura 16 - Diagrama de Venn do exemplo. Fonte: FERREIRA, 2013. Desta forma, temos: Primeiro passo: colocar o valor 100 (A ∩ B). Segundo passo: colocar o valor 160 (260 - 100). Terceiro passo: colocar o valor 210 (210 = número de alunos que erraram o primeiro problema). Quarto passo: colocar o valor 140 (140 = 300 - 160). Portanto, o total de alunos que fizeram a prova é: 140 + 100 + 160 + 50 = 450 alunos 2) Classificar em verdadeira (V) ou falsa (F) as seguintes afirmações: a) 9 4 ∈Q (Verdadeiro) b) 3 2 ∈ I (Falso) c) 7 2 ∉Q (Falso) d) 3 2 ∈ ℜ (Verdadeiro) e) 7 2 ∉ ℜ (Falso) f) e∈ ℜ (Verdadeiro) g) π∈ ℜ (Verdadeiro) AULA 2 – INTRODUÇÃO À TEORIA DAS FUNÇÕES 49 h) 7 2 ∉ ℜ (Falso) i) 7 2 ∉ ℜ (Falso) j) 0∉ ℜ (Falso) k) 0∉ I (Verdadeiro) l) 1∉ I (Verdadeiro) 2.3 INTERVALOS: SUBCONJUNTOS ESPECIAIS DO CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS Acabamos de ver que o conjunto dos números irracionais é, portanto, o complementar do conjunto Q (dos números racionais) em relação ao conjunto ℜ dos números reais. Desta maneira, definimos alguns subconjuntos dos números reais que são muito importantes, entre eles os intervalos. Todavia, antes de definir os intervalos, definimos: − ℜ = {x ℜ∈ | x ≤ 0} * − ℜ = {x ℜ∈ | x < 0} +ℜ = {x ℜ∈ | x ≥ 0} * +ℜ = {x ℜ∈ | x > 0} Similarmente, podemos definir os associados a IN, Z e Q. Além disso, se considerarmos a e b dois números reais, com a < b, consideraremos, na nossa disciplina e ao longo do curso, os seguintes subconjuntos de ℜ chamados de intervalos, definidos como segue: [a, b] = {x ℜ∈ | a ≤ x ≤ b} (intervalo fechado com extremos a e b) ]a, b[ = {x ℜ∈ | a < x < b} (intervalo aberto com extremos a e b) [a, b[ = {x ℜ∈ | a ≤ x < b} ]a, b] = {x ℜ∈ | a < x ≤ b} [a, ∞ [ = {x ℜ∈ | x ≥ a} ]a, ∞ [ = {x ℜ∈ | x > a} ]- ∞ , a] = {x ℜ∈ | x ≤ a} ]- ∞ , a[ = {x ℜ∈ | x < a} 2.4 FUNÇÕES Agora você conhecerá os conceitos referentes às funções, mas para isso terá de aprender alguns conceitos preliminares, tais como: par ordenado, produto cartesiano e relação entre conjuntos. FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 50 2.4.1 PAR ORDENADO Vimos que dois conjuntos não vazios são iguais se somente tiverem os mesmos elementos. Desta forma, temos em particular, que: {x, y} = {y, x} Porém, muitas vezes teremos de considerar também a ordem de disposição dos elementos. Surge, assim, o conceito de par ordenado. Segundo Iezzi e Murakami (1993), a cada par de elementos x e y podemos associar o par ordenado (x; y), de tal modo que: (x1, y1) = (x2, y2) se, e somente se, x1 = x2 e y1 = y2. Abscissa (primeira coordenada do par) Ordenada (segunda coordenada do par) Par Ordenado Figura 17 - Interpretação das coordenadas do par ordenado. Fonte: FERREIRA, 2013. Se x ℜ∈ e y ℜ∈ , representamos o par ordenado (x; y) pelo ponto P do plano cartesiano que possui abscissa x e a ordenada y. Além disso, o eixo horizontal é chamado de eixo das abscissas e o eixo vertical é denominado de eixo das ordenadas. AULA 2 – INTRODUÇÃO À TEORIA DAS FUNÇÕES 51 Figura 18 - Plano cartesiano xOy. Fonte: FERREIRA, 2013. Exercício Localize os pontos a seguir no plano cartesiano xOy. a) (2, 0) b) (0, -3) c) (2, 5) d) (-3, 4) e) (-7, -3) f) (4, -5) g) ( 2 5 , 2 9− ) h) ( 2 5− , 2 9− ) Solução: A seguir, veja a representação de cada um destes pontos no plano cartesiano. Note que cada “pequeno quadrado” da figura a seguir representa uma unidade de comprimento. FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 52 Figura 19 - Representação dos pares ordenados do exemplo em questão. Fonte: FERREIRA, 2013. 2.4.2 Produto cartesiano Sejam A e B dois conjuntos não vazios, denominamos produto cartesiano de A por B o conjunto A × B cujos elementos são todos pares ordenados (x; y), em que o primeiro elemento pertence a A e o segundo pertence a B (IEZZI;MURAKAMI, 1993). A × B = {(x; y) | x∈A e y∈B} 1) Em geral, A × B é diferente de B × A. 2) A × B = ∅ se e somente se A = ∅ ou B = ∅ . Exercício Sendo A = {1, 2} e B = {3, 4, 5}, determine A × B e B × A. Solução Neste caso, de acordo com a definição de produto cartesiano, temos: A × B = {(1, 3), (1, 4), (1, 5), (2, 3), (2, 4), (2, 5)} e AULA 2 – INTRODUÇÃO À TEORIA DAS FUNÇÕES 53 B × A = {(3, 1), (3, 2), (4, 1), (4, 2), (5, 1), (5, 2)} Claramente percebemos que A × B é diferente de B × A, já que não possuem os mesmos elementos ou pares ordenados. Exemplo: Vamos considerar os seguintes conjuntos: A = {1, 2, 3} e B = {1, 2} Temos: A × B = {(1, 1), (1, 2), (2, 1), (2, 2), (3, 1), (3, 2)} e B × A = {(1, 1), (1, 2), (1, 3), (2, 1), (2, 2), (2, 3)} Cujas representações no plano cartesiano são mostradas na figura a seguir. Figura 20 - Representações no plano cartesiano de A × B e B × A. Fonte: FERREIRA, 2013. Exemplo: Considere agora A = {x ℜ∈ | 1 ≤ x < 3} e B = {2}, então temos: A × B = {(x, 2) | x∈A} A representação gráfica de A × B dá como resultado o conjunto de pontos do segmento paralelo ao eixo dos x da figura a seguir. FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 54 Figura 21 - Representação de A × B. Fonte: FERREIRA, 2013. Note que neste caso A × B é o conjunto dos pares ordenados (x, 2), pois x pertence ao conjunto A, ou seja, está no intervalo {x ℜ∈ | 1 ≤ x < 3}. O produto cartesiano não possui a propriedade comutativa, isto é, nem sempre os produtos A × B e B × A são iguais. 2.4.3 Relação de A em B Dados os conjuntos A e B, chamamos de relação de A em B a qualquer subconjunto do produto cartesiano A × B. Em outras palavras, uma relação de A em B é qualquer conjunto de pares ordenados (x; y), com x∈A e y∈B ou o conjunto vazio. Às vezes a relação de A em B é também denominada de relação binária de A em B (IEZZI; MURAKAMI, 1993). AULA 2 – INTRODUÇÃO À TEORIA DAS FUNÇÕES 55 Produto Cartesiano Relação Figura 22 - Relação é qualquer subconjunto do produto cartesiano. Fonte: FERREIRA, 2013. Exemplo: Considere os conjuntos A = ℜ e B = ℜ . Temos que o conjunto {(x; y) ∈ A × B | y = x2} é uma relação de A em B, como podemos visualizar na figura a seguir. Figura 23 - Representação gráfica da relação R do exemplo. Fonte: FERREIRA, 2013. Exercício Se A = {1, 2, 3, 4, 5} e B = {1, 2, 3, 4, 5, 6}, quais são os elementos da relação binária R de A em A definida da seguinte forma? x R y ⇔ y = x + 2 FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 56 Solução: Perceba que fazem parte da relação todos os pares ordenados (x, y), tais que x∈A, y∈B e y = x + 2. Veja a representação gráfica da relação R do exemplo na figura a seguir. Figura 24 - Representação gráfica da relação R do exemplo. Fonte: FERREIRA, 2013. Exercício: Considere o conjunto A = {-1, 0, 1, 2}. Quais são os elementos da relação R = {(x, y)∈A × A | x2 = y2}? Solução: Notamos, neste caso, que: R = {(0, 0), (1, 1), (1, -1), (-1, -1), (-1, 1), (2, 2)} A representação gráfica da relação R do exemplo está na figura a seguir. Figura 25 - Representação gráfica da relação R do exemplo. Fonte: FERREIRA, 2013. 2.4.4 Função de A em B Sendo A e B dois conjuntos, diremos que uma relação de A em B é uma função somente se, nesta relação, para cada x, x∈A, tivermos um único y, y∈B. Genericamente, esta definição pode ser vista na figura a seguir. AULA 2 – INTRODUÇÃO À TEORIA DAS FUNÇÕES 57 A B Figura 26 - Representação gráfica da definição de função. Fonte: FERREIRA, 2013. Note que toda função é uma relação, mas nem toda relação é uma função. Na função, um elemento x do conjunto partida só pode se associar a um único elemento y do conjunto chegada. Função Relação Figura 27 - Toda função é uma relação. Fonte: FERREIRA, 2013. Exemplos: 1) Sejam A o conjunto dos alunos de um colégio e Z o conjunto dos números inteiros: se associarmos a cada aluno a sua idade, estabeleceremos uma função de A em Z, pois desta maneira relacionamos a cada elemento de A um único elemento de Z. FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 58 2) Considere os conjuntos A = { / 1 2x Z x∈ − ≤ ≤ } e B = { / 0 4y Z y∈ ≤ ≤ }. Associando a cada elemento de A o seu quadrado em B, estabelecemos uma função de A em B. Indicando genericamente um elemento de A por x e o seu quadrado em B por y, temos então y = x2 é uma função de A em B. 1 0 1 0 4 3 Figura 28 - Exemplo da função y = x2. Fonte: FERREIRA, 2013. 2.4.5 Outra notação de função Consideremos a função f definida de ℜ em ℜ , tal que y = 2 · x +3. Assim temos, por exemplo, x = 2 ⇒ y = 7. Dizemos que 7 é a imagem de 2 pela função f e escrevemos f(2) = 7. Analogamente, temos f(0) = 3, f(-1) = 1, e assim por diante. Inicialmente, em vez de escrevermos y = 2 · x + 3, podemos escrever f(x) = 2 · x + 3; e, para indicar que a função foi definida de ℜ em ℜ ,escrevemos f: ℜ→ℜ . Função y = f(x) Também chamada de aplicação f(x) = 2.x + 3 f(2) = 7 Figura 29 - Diretrizes diversas sobre função. Fonte: FERREIRA, 2013. AULA 2 – INTRODUÇÃO À TEORIA DAS FUNÇÕES 59 2.4.6 Gráfico de uma função Agora vamos conhecer a definição formal de gráfico de uma função e interpretar geometricamente funções através deste gráfico. Muitas vezes, ao longo da Engenharia, encontraremos funções que envolvem apenas números reais, e na maioria destes casos será vantajoso usarmos uma representação gráfica da uma função em estudo. Gráfico de uma função Sejam A e B dois subconjuntos não vazios de ℜ , e considerando f uma função definida de A em B, isto é, f: A → B, chamamos de gráfico da função f ao conjunto de todos os pontos P(x; y) do plano cartesiano, tal que x∈A, y∈B e y = f(x) (IEZZI; MURAKAMI, 1993). Exemplo: 1) Considere a função f: ℜ → ℜ | f(x) = x. O gráfico desta função é apresentado na figura a seguir. Vale destacar que o gráfico característico da função f(x) = x, que é uma reta, recebe o nome de bissetriz dos quadrantes ímpares. Figura 30 - Representação da função f: ℜ → ℜ | f(x) = x. Fonte: FERREIRA, 2013. 2) Considere a função f: ℜ → ℜ | f(x) = x2 + 1. Veja o gráfico desta função na figura a seguir. Note que o seu gráfico característico é uma parábola, como veremos com mais detalhes ao estudarmos as funções quadráticas. Figura 31 - Representação da função f: ℜ → ℜ | f(x) = x2 + 1. Fonte: FERREIRA, 2013. FUNDAMENTOS DE CÁLCULO 60 Exercícios 1) Sendo f(x) = 1 1.2 2 + − x x , pede-se: a) f(7) b) f(2) + f(5) Solução: Neste caso, devemos encontrar a imagem de cada um dos valores solicitados, via lei de formação da função f(x) = 1 1.2 2 + − x x ou, ainda, substituindo o valor de x por cada valor pedido. Logo: a) f(7) = = = b) Aqui, devemos encontrar f(2) e f(5) e depois efetuar a soma entre esses dois valores, logo: f(2) = = 14 14 + − = 5 3 f(5) = = = E, portanto, f(2) + f(5) = 5 3 + = 130 123 2) Obtenha o valor de m, sabendo que f(x) = x2 + x + m e f(-3) = 0. Solução: Neste caso, na lei de formação da função f(x), vamos substituir x por (-3) e f(x) por 0 (zero), ou seja: f(-3) = 0 (-3)2 + (-3) + m = 0 9 - 3 + m = 0 Ou seja, m = -6 3) Considere a função f: ℜ→ℜ , f(x) = 2 · x + 3, cujo gráfico é representado a seguir. AULA 2 – INTRODUÇÃO À TEORIA DAS FUNÇÕES 61 Figura 32 - Gráfico da função f(x) = 2 · x + 3. Fonte: FERREIRA, 2013. Agora, obtenha: a) f(0) + f(1) + f(2) b) f(0 + 1 + 2) c) x tal que f(x) = 0 Solução: Neste caso: a) Devemos encontrar os valores de f(0), f(1) e f(2) e depois somá-los. Daí: f(0) = 2 · (0) + 3 = 0 + 3 = 3 f(1) = 2 · (1) + 3 = 2 + 3 = 5 f(2) = 2 · (2) + 3
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