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Web Aula 1 Unidade I: Senso e percepção da beleza Título: Fonte da Juventude; Um olhar sobre a beleza no século XXI / Espelho, espelho meu, existe alguém mais belo do que eu? Sejam bem-vindos! O meu nome é Luciane Barbosa, sou bacharel em Marketing, Especialista em Moda e Cultura, e Especialista em Planejamento e Gerenciamento Estratégico. Espero que o conteúdo seja proveitoso e que todos vocês saiam fortalecidos teoricamente para suas carreiras profissionais. Por que a beleza, o culto ao corpo e a imagem pessoal têm tomado cada vez mais espaço entre as preocupações dos indivíduos na cultura contemporânea? Essa disciplina busca responder a esse questionamento e capacitar o aluno a usar a imagem pessoal como uma ferramenta, possibilitando assim oportunidades tangíveis para ingressar no mercado de trabalho. Espero, com este conteúdo, poder ajudar vocês a entenderem melhor os aspectos dos indivíduos que priorizam mais a estética que a própria saúde. É importante a leitura e estudo atento de todo o material da disciplina; webs, teleaulas, fórum, atividades e portfólios. Desejo a todos um ótimo estudo! 1. Uma visão da beleza e da estética através da arte Faremos um percurso histórico com um breve olhar para diferentes concepções de beleza até o século XXI, tendo como referência a História da Arte. Os registros mais antigos vêm da Pré-história, há 25.000 anos. Esses registros foram preservados na arte primitiva por meio de pinturas, esculturas e outras manifestações culturais. Já nessa época, havia uma consciência sobre a estética entre os seres da mesma espécie. Nos desenhos, além dos animais e atividades diárias como a caça, observamos a figura da mulher, já cultuada como reprodutora, as mulheres gordas e fortes eram convencionadas como belas. Pré-história: Outro registro antigo é o da cultura egípcia. As esculturas e pinturas dos faraós encontradas em monumentos e túmulos revelam o ideal egípcio de beleza da época. Suas representações de arte não buscavam retratar só o presente, mas a eternidade, eles acreditavam que era uma forma de transportar sua beldade egípcia para o mundo espiritual. Arte Egípcia: Na Grécia antiga, entre 1300 e 1600, foi que surgiram os estudos no campo da arte, literatura e ciências. Aqui o belo foi estudado e representado em esculturas clássicas e na arquitetura dos teatros e complexos esportivos. Ainda com uma influência mitológica forte. Arte Grega: Já na Renascença, as musas retratadas nas telas de muitos artistas dessa época, tinham formas arredondadas, eram “rechonchudas” e pálidas esses eram indicadores de vitalidade e de nobreza, só as camponesas eram queimadas do sol e magras pelo trabalho do campo. Uma estética contrastante com o padrão de beleza do século XXI. Entre os principais pintores dessa época destacamos Michelângelo, Rafael e Leonardo da Vinci, autor de obras como a Monalisa. Arte Renascentista: Vindo para os tempos modernos, final do século XIX, o movimento impressionista merece um destaque. O movimento se desenvolveu junto com a industrialização da sociedade. Sua principal característica foi o realismo, a técnica e o olhar subjetivo da forma. O perfeccionismo representado pelas estatuetas gregas e romanas é tomado como padrão estético, esse estilo de arte clássica disseminou-se em toda Europa até o final do século. Arte Realista: A grande quebra de paradigmas na arte ocorreu em meados de 1910, período em que houve uma rejeição dos padrões clássicos, impressionistas de beleza. Tal movimento foi batizado como Modernismo, uma tentativa de ser “moderno”, um movimento que buscava abandonar os valores estéticos antigos. Seu novo olhar não estava mais preso à forma ou à técnica, o foco agora estava em representar a “sensação”, o sentimento do artista. No Brasil fomos bem representados na Semana da Arte Moderna, em 1922, por diversos artistas e intelectuais como Anita Malfatti e o escritor Oswald de Andrade, entre outros, com um destaque especial ao pintor Di Cavalcanti e suas modernas mulatas. Modernismo (Brasil), Di Calvalcanti: Os movimentos artísticos do século XX foram classificados como arte contemporânea. Entre os mais reconhecidos o Cubismo de Pablo Picasso, no qual as formas cilíndricas e simétricas se misturam com uma visão distorcida da realidade. O Dadaísmo de Marcel Duchamp, um exímio visionário que convencionou que tudo pode ser arte, até uma latrina e o Surrealismo enigmático de Salvador Dali e Pollock que disseminaram o conceito de que a arte não nasceu para ser entendida. Cubismo: Dadaísmo: Surrealismo: Já em meados da década de 60 e 80, Andy Warhol marca época com sua POP ART. Aqui começamos a entrar na esfera que pretendo discorrer – reflexão sobre a estética e a beleza no século XXI. Nessa época, ficou clara a influência da mídia e da indústria cultural na sociedade. Andy Warhol interpretou ícones da mídia, retratou grandes artistas da época como Elvis Presley e Marilyn Monroe, também produtos como garrafas de Coca-Cola, Sopas Campbel, entre outros itens de consumo. Trouxe uma concepção da produção mecânica da arte, como a técnica da serigrafia e disseminou a arte na moda, cinema e mídias de massa. Pop Art: Pesquise sobre uma das épocas abordadas (ou um artista). Discorra sobre os padrões de beleza convencionados. Vá ao fórum e dê sua contribuição. 2. A beleza, a mídia e a busca do corpo perfeito. Tema interessante, não acham? Será que os padrões estéticos de hoje são ditados pela indústria da beleza? Quais são os motivos da busca do corpo perfeito? A segunda década do século XX foi crucial para a formação de um novo ideal físico. No cenário de pós-guerra, as mulheres conquistaram seu espaço no mercado de trabalho, tendo também a imagem cinematográfica interferindo na construção dessa nova imagem. Sob o impacto combinado das indústrias do cosmético, da moda, da publicidade e Hollywood, elas incorporam o uso de maquiagem e passam a valorizar o corpo esbelto. A combinação dessas quatro indústrias foi fundamental para a vitória do corpo magro sobre o corpo gordo no século XX. A filosofia fordista incentivando o consumo e a crescente exploração da mídia de massa impulsionou diversos mercados entre eles um muito forte: “o mercado do corpo”. São cosméticos, produtos de higiene, clínicas de estética, moda, nutrição, equipamentos, medicamentos, uma verdadeira “indústria corporal”, que agora cercam o indivíduo e formatam o padrão estético na mídia. A sensualidade e a sexualidade também são exploradas e associadas a diversos bens de consumo. Basta abrir uma revista, ou ligar a TV, para ver corpos esbeltos, magros e torneados representando uma marca, um item de consumo ou a promessa de uma beleza jovem, esbelta e definida. A ideologia que é imposta na sociedade é de que, para se obter sucesso e felicidade o caminho é através da beleza estética. Os corpos que se veem fora dessas medidas se sentem rejeitados e insatisfeitos. Quanto mais perto o corpo estiver da juventude, da beleza e da boa forma, mais alto é seu valor de troca (Featherstone, 1991). Uma pesquisa recente feita com estudantes universitários revela: 30% deles acham que a cirurgia cosmética pode melhorar as perspectivas profissionais de uma pessoa. (MARIE CLAIRE, edição 176 – Nov. 2005) Estamos inseridos em uma cultura na qual a aparência jovem é extremamente valorizada. E como diz Becker (1999), esta imagem corporal negativapode determinar o aparecimento de baixa autoestima e depressão, ou seja, sofrimento. A busca deste corpo perfeito está gerando excessos e preocupando profissionais da área de saúde. Talvez por isso, nossa geração vive batendo recordes em cirurgias de rejuvenescimento e no consumo de medicamentos para emagrecer, talvez por isso, jovens consumam anabolizantes e complexos vitamínicos de animais. Com isto, investigações epidemiológicas vêm mostrando nos últimos anos um aumento considerável no número de pessoas acometidas por Transtornos Dismórficos Corporal em que a insatisfação corporal é crescente (Ballone, 2004). 3. A beleza do século XXI Aquecimento global, sustentabilidade, internet, AIDS, smartphones, tablets, redes sociais e velocidade são sinônimos do século XXI. O entendimento do mundo agora é de uma Aldeia Global. O conceito de Aldeia Global se encaixa neste contexto, pois está relacionado com a criação de uma rede de conexões, que deixam as distâncias cada vez mais curtas, facilitando as relações culturais e econômicas de forma rápida e eficiente. Com os avanços tecnológicos, simplesmente inimagináveis há bem pouco tempo, permitiu-se uma extensão dos limites humanos. A popularização da internet no meio civil interligou o globo terrestre. O movimento de organização estrutural agora é em rede e não mais em forma de pirâmide. As barreiras geográficas foram quebradas e as aldeias homogeneizadas. Antes as aldeias (até nações inteiras), permaneciam longos períodos em isolamento cultural, devido ao seu posicionamento geográfico ou política governamental. Hoje a Aldeia Global, permite o compartilhamento e o acesso a diferentes tipos de culturas de todo o mundo. O movimento desse século é de miscigenação cultural. E na área da beleza também é assim. Na moda as coleções que são lançadas no Brasil estão cada vez mais alinhadas com a moda europeia ou dos EUA. O cinema americano, indiano, europeu, oriental, a novela brasileira, fornecem referencias de estilo, cabelo e beleza via satélite para as residências do mundo. A música, os artistas, a mídia, a indústria cultural são globalizadas. Recentemente, uma matéria publicada na Revista Marie Claire trouxe a chamada de capa: “Nada nessas mulheres é real.” Abaixo uma foto com três chinesas jovens em um concurso de beleza. Na China, cirurgias plásticas viraram febre entre as mulheres. As chinesas agora querem narizes e olhos nos moldes ocidentais: “O cirurgião plástico Fushun Ma, que trabalha em uma clínica particular de Pequim, diz que os médicos mal conseguem acompanhar a demanda. Olhos arredondados e narizes salientes são necessidades básicas para as jovens que valorizam a beleza”, Fushun acredita.” (MARIE CLAIRE, edição 176 – Nov. 2005). ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- - Esse é um indício claro da influência da cultura ocidental no mundo oriental. É uma tentativa de fazer parte desse novo nicho social, de ser inserido em um meio social, através do padrão estético de beleza. Não é só na China que isso acontece, aqui no Brasil as próteses de silicone e as cirurgias estéticas estão em alta. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), no Brasil, são realizadas, a cada ano, 100.000 cirurgias de implante mamário de silicone. A Revista Veja publicou, no dia 23 de Dezembro de 2011, uma matéria sobre as próteses mamárias da empresa Francesa PIP – acusada de causar câncer em oito mulheres e danos em milhares de pacientes com o rompimento de próteses que continham silicone de qualidade inferior, não recomendadas para procedimentos cirúrgicos. Só no Brasil, mais de 25.000 pacientes possuíam próteses mamárias da marca Francesa PIP. A consultora Faith Popcorn fez uma lista de previsões sobre tendências de consumo, estilo e comportamento do século XXI. A americana Faith Popcorn exerce uma profissão moderníssima: ela detecta tendências de consumo e vende essas informações a indústrias que irão vender a todos nós as coisas queFaith previu. Não é a única a fazer isso, mas é a figura mais respeitada do ramo e a que ganha mais dinheiro. Destaquei aqui duas das tendências anunciadas no Livro O relatório Popcorn (1991), retiradas da edição daVeja On-line, Edição 1738, de 13 de fevereiro de 2002. Popcorn aposta nas necessidades de consumo de um contingente cada vez maior de profissionais bem pagos e muito estressados. Esse consumidor está afoito por pequenos mimos que sirvam como gratificação para a pressão do dia-a-dia. Também quer comida melhor e aparência jovem. Não é à toa que os spas urbanos, com massagens de todos os tipos, banhos de óleos e tratamentos de beleza, estão se multiplicando mundo afora e faturando alto. Com base nesse fenômeno, Popcorn prevê os cruzeiros marítimos para pequenas cirurgias plásticas reparadoras. Aplicações de Botox e liftings poderão ser feitos a bordo de um cenário deslumbrante. „No momento em que você voltar, as manchas escuras terão ido embora e as pessoas vão pensar que sua pele está linda e você está realmente bastante descansada‟, diz. Uma coisa não vai mudar: as mulheres continuarão a ser o motor do consumo. De acordo com as pesquisas, a opinião feminina é decisiva em 80% das compras efetuadas pela humanidade. Chegamos ao fim da nossa unidade com um olhar contextualizado sobre a instituição da beleza na sociedade. Observamos como a imagem é valorizada e mercantilizada, e o impacto dos padrões estéticos nos indivíduos. Deixo para vocês o conhecimento sobre o senso e a percepção da beleza como diferencial para ser usado no mercado de trabalho. Na próxima Web aula estudaremos o tema “A busca pela Identidade”. Cada vez mais, no mundo contemporâneo, a roupa assume o papel de segunda pele, tendendo a valorizar o corpo, que assume a função de expressar, antes das roupas e adornos, um estilo, uma identidade. Vejo vocês na Web. Até lá. Prof.ª Luciane Barbosa. Web Aula 2 Unidade I - Senso e percepção da beleza A igreja diz: O corpo é uma culpa; A ciência diz: o corpo é uma máquina; A publicidade diz: o corpo é um negócio; O corpo diz: eu sou uma festa. (Stanley Kelerman) Espelho, espelho meu, existe alguém mais belo do que eu? Olá pessoal, tudo bem? Vimos na Web Aula 1 que a beleza do corpo está muito valorizada nos dias atuais. Observamos através da História da arte que ela está sempre associada aos valores de uma sociedade e que esses valores podem mudar ao longo do tempo. Vimos que a beleza não é universal e nem estática, que é uma característica comum dos homens e que apreciar a beleza é uma necessidade humana. Nancy Etcoff (1999), autora da obra A lei do mais belo, nos lembra que a preocupação com a beleza não é uma invenção moderna. Por exemplo, a maquiagem como forma de embelezar o corpo, era uma arte bastante desenvolvida pelos antigos egípcios “[...] no Museu Britânico há uma caixa de cosméticos para mulheres, também do Egito, de aproximadamente 1400 a.C. A obesidade durante muito tempo foi associada à beleza e poder; ser belo era ter formas arredondadas, como mostram as “rechonchudas” telas Renascentistas. A abundância foi um marco no século XIX, abundância do corpo e de comida relacionados ao poder social. Obesidade era sinônimo de bem estar. No início do século XX, esta associação sofreu forte mudança, na verdade houve uma inversão desta associação anteriormente positiva. O século passado foi marcado por uma grande mudança nos padrões de beleza. O emagrecimento passou a ser apreciado e buscadocomo meta. Segundo Coutinho (2001), na sociedade contemporânea atual existe uma excessiva preocupação com o corpo. A estética e sua relação com a imagem corporal tornou-se alvo de inúmeros estudos na área da psicologia durante os últimos anos. Os resultados da grande maioria destes estudos apontam para a existência de uma visão positiva e negativa sobre a estética e a relação interpessoal. Em linhas gerais, pode-se dizer que as pessoas insatisfeitas com a sua imagem corporal apresentam maiores dificuldades de interação social do que aquelas plenamente satisfeitas com os seus corpos. Isto implica em dificuldades de socialização e tendência ao isolamento, o que pode ocasionar, futuramente, o aparecimento de comportamentos depressivos. A musculação em excesso, cirurgias plásticas, uso de anabolizantes e os distúrbios na alimentação são alguns dos problemas sociais desencadeados pela busca da imagem perfeita. Que preço as pessoas estão dispostas a pagar por uma boa imagem? Desejo a todos uma boa leitura e espero contribuir com a formação social do futuro profissional de estética, com a abordagem destes temas. 1. Obesidade A obesidade nos dias de hoje não é vista com bons olhos, é tida como prejudicial à saúde física e mental das pessoas. Mas como chegamos a esta conclusão? Porque ela não faz parte dos nossos padrões estéticos? Hoje, até um pequeno excesso de peso já é encarado com preocupação. Formas de combatê-la já viraram um grande mercado, não precisa procurar muito para achar inúmeras receitas, regimes, dietas, medicamentos, equipamentos, roupas e soluções milagrosas que te prometem um emagrecimento cada vez menos sofrido. A magreza passou a ser sinônimo de beleza e a obesidade passou a ser vista de forma negativa. Portanto a obesidade e magreza são conceitos, que, apesar das suas transições, sempre estiveram de alguma forma associados ao que chamamos de belo ou de feio. A hostilidade com relação à obesidade foi causada por diversos fatores, como; o sacrifício religioso como símbolo de pureza, a disseminação das atividades físicas, a indústria da moda, a mídia, a medicina, até a política, com o tema chegando à esfera da Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo o jornal O Globo, do dia 30 de Janeiro de 2005, o Ministério da Saúde está preparando uma campanha de mobilização contra a obesidade, querendo ter como garoto-propaganda o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que também luta contra o peso. Durante a Primeira Guerra Mundial, disseminou-se um conceito de que o combate ao peso era dever dos cidadãos americanos. A ideologia sobre o obeso se propaga nos pequenos meios, nas piadas, nas conversas, nos cartoons que ridicularizam as figuras públicas, entre outras formas semióticas. Até meados de 1900, o enfoque da medicina estava no controle das epidemias. Mas, a partir de 1920, o enfoque foi em torno da nutrição. A medicina (acredita-se que estimulada pelo movimento da moda e da publicidade, no pós-guerra) agravou o sentimento de hostilidade ao obeso, quando atribuiu ao paciente a única responsabilidade do emagrecimento. O mesmo passou a ser considerado culpado pelo fracasso, falta de esforço, de competência, de caráter ou pela preguiça, que são rótulos atribuídos aos obesos. A vitimação do obeso como doente também foi acompanhada de um discurso de vitimação social; enfoque este ainda dominante em diversos estudos, onde a exclusão é o tema de maior interesse. O exemplo disso: as universidades brasileiras vem abrindo cada vez mais espaço neste campo, e a Psicologia vêm adquirindo destaque nesta área. Mas, precisamos reconhecer que a gordura pode virar doença, sim. Se for classificada como Obesidade Mórbida, que é quando ela atinge níveis considerados graves. Sobre esse assunto, quero ressaltar um procedimento que tem ganhado muita popularidade, a cirurgia de redução de estômago. Esta concedida de forma gratuita, para quem atinge alguns critérios de classificação de obesidade mórbida e não tem acesso a um plano de saúde particular. O objetivo do procedimento cirúrgico é garantir melhor qualidade de vida para o obeso, seus benefícios são funcionais e psicológicos. Ela busca solucionar problemas como locomoção, articulações, atividades sociais, sexuais, de trabalho, etc. Mas junto com a disseminação vem a banalização. Muitas pessoas têm buscado essa solução como uma fórmula mágica para benefícios estéticos, chegando até a ganhar peso para entrar nessa classificação mórbida. Além de ser um procedimento radical com riscos de complicações pós-operatórias, a operação também tem implicações na parte mental e exige controle de compulsividade e uma vida regrada, de consumo limitado. Contudo, a reflexão que fica é sobre o preconceito e a exclusão a que estão sujeitas as pessoas acima do peso. Essa ideologia é tão contemporânea e necessária de avaliação, quanto o racismo ou a homofobia. Será que quem não está dentro do padrão de beleza imposto pela mídia está confinado à exclusão social? Como exercício recomendo a leitura do livro: Obesidade e o Peso da Exclusão, da autora Lúcia Marques Stenzel, em sua segunda edição, pela editora EDIPUCRS. Capítulo 1, da página 21 até a 27. Vá ao fórum e dê sua contribuição. 2. Anorexia: Segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, Anorexia quer dizer: “Perda ou diminuição acentuada de apetite. [Medicina] anorexia nervosa: distúrbio mental que se manifesta na recusa de alimentação.” A anorexia é um distúrbio alimentar, com causas familiares, sociais ou culturais. Acomete mais mulheres jovens, que se veem obesas quando na verdade estão magras. Segundo o artigo: Hábitos e comportamentos alimentares de adolescentes com sintomas de anorexia nervosa (Rev. Nutr. vol.16. No.1. Campinas. Jan./Mar. 2003): A incidência de transtornos alimentares praticamente dobrou nestes últimos 20 anos. Especificamente em relação à anorexia, o número de casos novos por ano teve um aumento constante entre 1955 e 1984 em adolescentes de 10 a 19 anos. A prevalência de anorexia nervosa (AN) varia de 2% a 5% em mulheres adolescentes e adultas. Nos Estados Unidos é a terceira doença crônica mais comum entre adolescentes, só perdendo para a obesidade e a asma (Fischer et al., 1995) O aumento da anorexia coincide com a ênfase na magreza feminina como uma expressão de atração sexual. Atualmente a sociedade valoriza a atratividade e a magreza em particular, fazendo da obesidade uma condição altamente estigmatizada e rejeitada. A associação da beleza, sucesso e felicidade com um corpo magro tem levado as pessoas à prática de dietas abusivas e de outras formas não saudáveis de regular o peso (Killen et al., 1993). Oliviero Toscani, um fotógrafo que ficou famoso por suas campanhas da Benetton, registrou temas polêmicos, que não tinha nada a ver com os padrões estéticos da moda, como racismo, guerra, AIDS, pena de morte. Toscani resolveu chocar o mundo, fotografando para a Nolita, outra grande marca italiana, com uma campanha contra a anorexia. Sua foto de uma modelo famosa nua, esquelética, pesando apenas 31 quilos, que sofre há mais de 15 anos deste mal, é de chocar. (Veja a foto da campanha e outras mais no site dele http://www.olivierotoscanistudio.com) Esse tipo de corrente negra é importante para causar uma reflexão nas pessoas, principalmente nas mais próximas do mundo da moda. Por mais que os estilistas, os agenciadores e até os modelos afirmem na mídia que são contra a bulimia e a anorexia, a ideologia já está enraizada na moda. A ditadurada beleza na moda é cruel, as modelos são alertadas o tempo todo para fecharem a boca, e qualquer imperfeição já é motivo para críticas. Os assuntos principais sempre são perder peso e cirurgias plásticas, porque poucas estão satisfeitas com seus corpos. O medo de engordar leva essas pessoas a buscarem estratégias para perder peso, como o uso de laxantes e diuréticos, jejuns, vômitos induzidos, dietas mirabolantes e exercícios físicos intensos. Várias são as causas do aparecimento da anorexia, que pode ocorrer por fatores culturais, familiares, biológicos e psicológicos. As pessoas que apresentam a anorexia raramente assumem que estão doentes, ficando a cargo dos familiares e amigos procurarem ajuda profissional e se não tratadas podem ir a óbito. 3. Vigorexia e o uso de anabolizantes A vigorexia é um transtorno em que a pessoa realiza exercícios físicos de forma contínua, sem se importar com eventuais consequências. A Vigorexia é mais comum em homens, porque se caracteriza por uma preocupação excessiva em ficar forte a todo custo. Apesar dos portadores desses transtornos serem bastante musculosos, passam horas na academia malhando e ainda assim se consideram fracos, magros e até esqueléticos. Uma das observações psicológicas desses pacientes é que têm vergonha do próprio corpo, recorrendo assim aos exercícios excessivos e a fórmulas mágicas para acelerar o fortalecimento, como, por exemplo, os esteroides anabolizantes. Os anabolizantes são substâncias sintéticas similares aos hormônios sexuais masculinos e promovem, portanto, um aumento da massa muscular (efeito anabolizante) e o desenvolvimento de caracteres masculinizantes. A massa corporal aumenta porque eles aumentam a capacidade do corpo de absorver proteína, além de reter líquido provocando o inchaço dos músculos. A busca de corpos esculpidos à base de remédio está levando jovens de aparência saudável a um vício muitas vezes sem volta. Apesar de não haver estatísticas, sabe-se que vem crescendo o número de consumidores de anabolizantes. E não são apenas os “atletas”, em busca de mais força, velocidade e resistência dos músculos, os únicos a usá-los. Homens, jovens e mulheres que querem apenas ganhar massa corporal em pouco tempo também se deixam seduzir pelos efeitos da droga. O abuso desse medicamento não é novidade e já está presente nas academias convencionais. O efeito de um corpo saudável com os anabolizantes é apenas aparente. Está provado que seu uso só gera danos à saúde. Os efeitos colaterais das superdosagens são muitos. A pessoa pode desenvolver problemas no fígado, inclusive câncer, redução da função sexual, derrame cerebral, alterações de comportamento com aumento da agressividade e nervosismo, aparecimento de acne. Ao todo, sessenta e nove efeitos colaterais já foram documentados. Em garotos e homens existe a diminuição da produção de esperma, retração dos testículos, impotência sexual, dificuldade ou dor ao urinar, calvície, desenvolvimento irreversível de mamas. Em adolescentes, de ambos os sexos, também pode ocorrer parada prematura do crescimento, tornado-os mais baixos que outros, não usuários de anabolizantes. A parada brusca do uso de anabolizantes também pode produzir sintomas como depressão, fadiga, insônia, diminuição da libido, dores de cabeça, dores musculares e desejo de tomar mais anabolizantes. O uso compartilhado de esteroides por seringas e agulhas não esterilizadas é comum e pode expor o indivíduo a doenças como AIDS, hepatites B e C e endocardite bacteriana. A busca pelo corpo ideal é tão neurótica que vemos casos e mais casos de praticantes de musculação consumindo esteroides de uso veterinário. A revista VEJA (ed. 1661, 2000) trouxe um alerta sobre os malefícios dessa prática: O abuso dessa droga tem efeitos devastadores sobre o organismo. Ela provoca disfunção hepática, queda de pêlos, atrofia dos testículos e impotência. Nos casos extremos, o hábito pode levar ao desenvolvimento de câncer no fígado. Os aminoácidos fazem parte do outro grupo de produtos bastante consumidos nas academias. São substâncias sintetizadas que aumentam o rendimento dos atletas durante o esforço físico. Estão disponíveis nas prateleiras de magazines especializados na venda de suplementos alimentares e nas lojas veterinárias. Nesse caso, a fórmula é feita sob medida para reforçar a alimentação de bípedes e quadrúpedes. Lutadores de jiu-jítsu desenvolveram a crença de que o aminoácido animal surte mais efeito, por isso consomem o produto. Exageros na dose podem sobrecarregar a função renal. O que aconteceu com o Lutador Jean, que cursava o último ano de administração de empresas, era casado com Camila, de 20 anos, e tinha um filho, Gabriel, de apenas 11 meses. 5. Conclusão Podemos ver através desses exemplos que um corpo bonito nem sempre é um corpo saudável, que a busca pela imagem ideal, pode acarretar em transtornos psicológicos sérios e distúrbios de alimentação. Podemos ver que além do risco à saúde, a convenção da beleza pode resultar na exclusão social dos indivíduos que não alcançam o modelo aceito. A exclusão social pressupõe também uma ausência de direitos. É preciso entender as diferenças entre as pessoas, distinguir as doenças e os preconceitos embutidos na estética e na beleza. Carinhosamente, Prof.ª Luciane Barbosa. Página
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