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Web Aula 1- Estética. História da beleza

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Web Aula 1 
Unidade I: Senso e percepção da beleza 
Título: Fonte da Juventude; Um olhar sobre a beleza no 
século XXI / Espelho, espelho meu, existe alguém mais 
belo do que eu? 
Sejam bem-vindos! 
O meu nome é Luciane Barbosa, sou bacharel em Marketing, 
Especialista em Moda e Cultura, e Especialista em Planejamento e 
Gerenciamento Estratégico. 
Espero que o conteúdo seja proveitoso e que todos vocês saiam 
fortalecidos teoricamente para suas carreiras profissionais. 
Por que a beleza, o culto ao corpo e a imagem pessoal têm tomado 
cada vez mais espaço entre as preocupações dos indivíduos na 
cultura contemporânea? 
Essa disciplina busca responder a esse questionamento e capacitar o 
aluno a usar a imagem pessoal como uma ferramenta, possibilitando 
assim oportunidades tangíveis para ingressar no mercado de 
trabalho. Espero, com este conteúdo, poder ajudar vocês a 
entenderem melhor os aspectos dos indivíduos que priorizam mais a 
estética que a própria saúde. 
É importante a leitura e estudo atento de todo o material da 
disciplina; webs, teleaulas, fórum, atividades e portfólios. Desejo a 
todos um ótimo estudo! 
1. Uma visão da beleza e da estética através da arte 
Faremos um percurso histórico com um breve olhar para diferentes 
concepções de beleza até o século XXI, tendo como referência a 
História da Arte. 
Os registros mais antigos vêm da Pré-história, há 25.000 anos. Esses 
registros foram preservados na arte primitiva por meio de pinturas, 
esculturas e outras manifestações culturais. 
Já nessa época, havia uma consciência sobre a estética entre os seres 
da mesma espécie. Nos desenhos, além dos animais e atividades 
diárias como a caça, observamos a figura da mulher, já cultuada 
como reprodutora, as mulheres gordas e fortes eram convencionadas 
como belas. 
Pré-história: 
 
 
Outro registro antigo é o da cultura egípcia. As esculturas e pinturas 
dos faraós encontradas em monumentos e túmulos revelam o ideal 
egípcio de beleza da época. Suas representações de arte não 
buscavam retratar só o presente, mas a eternidade, eles acreditavam 
que era uma forma de transportar sua beldade egípcia para o mundo 
espiritual. 
Arte Egípcia: 
 
Na Grécia antiga, entre 1300 e 1600, foi que surgiram os estudos no 
campo da arte, literatura e ciências. Aqui o belo foi estudado e 
representado em esculturas clássicas e na arquitetura dos teatros e 
complexos esportivos. Ainda com uma influência mitológica forte. 
Arte Grega: 
 
 
Já na Renascença, as musas retratadas nas telas de muitos artistas 
dessa época, tinham formas arredondadas, eram “rechonchudas” e 
pálidas esses eram indicadores de vitalidade e de nobreza, só as 
camponesas eram queimadas do sol e magras pelo trabalho do 
campo. Uma estética contrastante com o padrão de beleza do século 
XXI. Entre os principais pintores dessa época destacamos 
Michelângelo, Rafael e Leonardo da Vinci, autor de obras como a 
Monalisa. 
Arte Renascentista: 
 
Vindo para os tempos modernos, final do século XIX, o movimento 
impressionista merece um destaque. O movimento se desenvolveu 
junto com a industrialização da sociedade. Sua principal característica 
foi o realismo, a técnica e o olhar subjetivo da forma. O 
perfeccionismo representado pelas estatuetas gregas e romanas é 
tomado como padrão estético, esse estilo de arte clássica 
disseminou-se em toda Europa até o final do século. 
Arte Realista: 
 
A grande quebra de paradigmas na arte ocorreu em meados de 1910, 
período em que houve uma rejeição dos padrões clássicos, 
impressionistas de beleza. 
Tal movimento foi batizado como Modernismo, uma tentativa de ser 
“moderno”, um movimento que buscava abandonar os valores 
estéticos antigos. Seu novo olhar não estava mais preso à forma ou à 
técnica, o foco agora estava em representar a “sensação”, o 
sentimento do artista. 
No Brasil fomos bem representados na Semana da Arte Moderna, em 
1922, por diversos artistas e intelectuais como Anita Malfatti e o 
escritor Oswald de Andrade, entre outros, com um destaque especial 
ao pintor Di Cavalcanti e suas modernas mulatas. 
Modernismo (Brasil), Di Calvalcanti: 
 
 
Os movimentos artísticos do século XX foram classificados como arte 
contemporânea. Entre os mais reconhecidos o Cubismo de Pablo 
Picasso, no qual as formas cilíndricas e simétricas se misturam com 
uma visão distorcida da realidade. O Dadaísmo de Marcel Duchamp, um 
exímio visionário que convencionou que tudo pode ser arte, até uma 
latrina e o Surrealismo enigmático de Salvador Dali e Pollock que 
disseminaram o conceito de que a arte não nasceu para ser 
entendida. 
Cubismo: 
 
Dadaísmo: 
 
Surrealismo: 
 
Já em meados da década de 60 e 80, Andy Warhol marca época com 
sua POP ART. Aqui começamos a entrar na esfera que pretendo 
discorrer – reflexão sobre a estética e a beleza no século XXI. Nessa 
época, ficou clara a influência da mídia e da indústria cultural na 
sociedade. Andy Warhol interpretou ícones da mídia, retratou grandes 
artistas da época como Elvis Presley e Marilyn Monroe, também 
produtos como garrafas de Coca-Cola, Sopas Campbel, entre outros 
itens de consumo. Trouxe uma concepção da produção mecânica da 
arte, como a técnica da serigrafia e disseminou a arte na moda, 
cinema e mídias de massa. 
Pop Art: 
 
 
Pesquise sobre uma das épocas abordadas (ou um artista). Discorra 
sobre os padrões de beleza convencionados. Vá ao fórum e dê sua 
contribuição. 
2. A beleza, a mídia e a busca do corpo perfeito. 
Tema interessante, não acham? Será que os padrões estéticos de 
hoje são ditados pela indústria da beleza? Quais são os motivos da 
busca do corpo perfeito? 
A segunda década do século XX foi crucial para a formação de um 
novo ideal físico. No cenário de pós-guerra, as mulheres 
conquistaram seu espaço no mercado de trabalho, tendo também a 
imagem cinematográfica interferindo na construção dessa nova 
imagem. Sob o impacto combinado das indústrias do cosmético, da 
moda, da publicidade e Hollywood, elas incorporam o uso de 
maquiagem e passam a valorizar o corpo esbelto. A combinação 
dessas quatro indústrias foi fundamental para a vitória do corpo 
magro sobre o corpo gordo no século XX. 
A filosofia fordista incentivando o consumo e a crescente exploração 
da mídia de massa impulsionou diversos mercados entre eles um 
muito forte: “o mercado do corpo”. São cosméticos, produtos de 
higiene, clínicas de estética, moda, nutrição, equipamentos, 
medicamentos, uma verdadeira “indústria corporal”, que agora 
cercam o indivíduo e formatam o padrão estético na mídia. A 
sensualidade e a sexualidade também são exploradas e associadas a 
diversos bens de consumo. 
Basta abrir uma revista, ou ligar a TV, para ver corpos esbeltos, 
magros e torneados representando uma marca, um item de consumo 
ou a promessa de uma beleza jovem, esbelta e definida. A ideologia 
que é imposta na sociedade é de que, para se obter sucesso e 
felicidade o caminho é através da beleza estética. Os corpos que se 
veem fora dessas medidas se sentem rejeitados e insatisfeitos. 
Quanto mais perto o corpo estiver da juventude, da beleza e da boa 
forma, mais alto é seu valor de troca (Featherstone, 1991). Uma 
pesquisa recente feita com estudantes universitários revela: 30% 
deles acham que a cirurgia cosmética pode melhorar as perspectivas 
profissionais de uma pessoa. (MARIE CLAIRE, edição 176 – Nov. 
2005) 
Estamos inseridos em uma cultura na qual a aparência jovem é 
extremamente valorizada. E como diz Becker (1999), esta imagem 
corporal negativapode determinar o aparecimento de baixa 
autoestima e depressão, ou seja, sofrimento. 
A busca deste corpo perfeito está gerando excessos e preocupando 
profissionais da área de saúde. Talvez por isso, nossa geração vive 
batendo recordes em cirurgias de rejuvenescimento e no consumo de 
medicamentos para emagrecer, talvez por isso, jovens consumam 
anabolizantes e complexos vitamínicos de animais. Com isto, 
investigações epidemiológicas vêm mostrando nos últimos anos um 
aumento considerável no número de pessoas acometidas por 
Transtornos Dismórficos Corporal em que a insatisfação corporal é 
crescente (Ballone, 2004). 
3. A beleza do século XXI 
Aquecimento global, sustentabilidade, internet, AIDS, smartphones, 
tablets, redes sociais e velocidade são sinônimos do século XXI. O 
entendimento do mundo agora é de uma Aldeia Global. 
O conceito de Aldeia Global se encaixa neste contexto, pois está 
relacionado com a criação de uma rede de conexões, que deixam as 
distâncias cada vez mais curtas, facilitando as relações culturais e 
econômicas de forma rápida e eficiente. 
Com os avanços tecnológicos, simplesmente inimagináveis há bem 
pouco tempo, permitiu-se uma extensão dos limites humanos. A 
popularização da internet no meio civil interligou o globo terrestre. O 
movimento de organização estrutural agora é em rede e não mais em 
forma de pirâmide. 
As barreiras geográficas foram quebradas e as aldeias 
homogeneizadas. Antes as aldeias (até nações inteiras), 
permaneciam longos períodos em isolamento cultural, devido ao seu 
posicionamento geográfico ou política governamental. Hoje a Aldeia 
Global, permite o compartilhamento e o acesso a diferentes tipos de 
culturas de todo o mundo. 
O movimento desse século é de miscigenação cultural. E na área da 
beleza também é assim. Na moda as coleções que são lançadas no 
Brasil estão cada vez mais alinhadas com a moda europeia ou dos 
EUA. O cinema americano, indiano, europeu, oriental, a novela 
brasileira, fornecem referencias de estilo, cabelo e beleza via satélite 
para as residências do mundo. A música, os artistas, a mídia, a 
indústria cultural são globalizadas. 
Recentemente, uma matéria publicada na Revista Marie Claire trouxe a 
chamada de capa: “Nada nessas mulheres é real.” Abaixo uma foto com 
três chinesas jovens em um concurso de beleza. 
Na China, cirurgias plásticas viraram febre entre as mulheres. As 
chinesas agora querem narizes e olhos nos moldes ocidentais: “O 
cirurgião plástico Fushun Ma, que trabalha em uma clínica particular 
de Pequim, diz que os médicos mal conseguem acompanhar a 
demanda. Olhos arredondados e narizes salientes são necessidades 
básicas para as jovens que valorizam a beleza”, Fushun acredita.” 
(MARIE CLAIRE, edição 176 – Nov. 2005). 
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- 
Esse é um indício claro da influência da cultura ocidental no mundo 
oriental. É uma tentativa de fazer parte desse novo nicho social, de 
ser inserido em um meio social, através do padrão estético de beleza. 
Não é só na China que isso acontece, aqui no Brasil as próteses de 
silicone e as cirurgias estéticas estão em alta. De acordo com dados 
da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), no Brasil, são 
realizadas, a cada ano, 100.000 cirurgias de implante mamário de 
silicone. 
A Revista Veja publicou, no dia 23 de Dezembro de 2011, uma 
matéria sobre as próteses mamárias da empresa Francesa PIP – 
acusada de causar câncer em oito mulheres e danos em milhares de 
pacientes com o rompimento de próteses que continham silicone de 
qualidade inferior, não recomendadas para procedimentos cirúrgicos. 
Só no Brasil, mais de 25.000 pacientes possuíam próteses mamárias 
da marca Francesa PIP. 
A consultora Faith Popcorn fez uma lista de previsões sobre tendências 
de consumo, estilo e comportamento do século XXI. A 
americana Faith Popcorn exerce uma profissão moderníssima: ela 
detecta tendências de consumo e vende essas informações a 
indústrias que irão vender a todos nós as coisas queFaith previu. Não 
é a única a fazer isso, mas é a figura mais respeitada do ramo e a 
que ganha mais dinheiro. 
Destaquei aqui duas das tendências anunciadas no Livro O relatório 
Popcorn (1991), retiradas da edição daVeja On-line, Edição 1738, de 13 
de fevereiro de 2002. 
Popcorn aposta nas necessidades de consumo de um contingente 
cada vez maior de profissionais bem pagos e muito estressados. Esse 
consumidor está afoito por pequenos mimos que sirvam como 
gratificação para a pressão do dia-a-dia. Também quer comida 
melhor e aparência jovem. Não é à toa que os spas urbanos, com 
massagens de todos os tipos, banhos de óleos e tratamentos de 
beleza, estão se multiplicando mundo afora e faturando alto. Com 
base nesse fenômeno, Popcorn prevê os cruzeiros marítimos para 
pequenas cirurgias plásticas reparadoras. Aplicações de Botox e 
liftings poderão ser feitos a bordo de um cenário deslumbrante. „No 
momento em que você voltar, as manchas escuras terão ido embora 
e as pessoas vão pensar que sua pele está linda e você está 
realmente bastante descansada‟, diz. Uma coisa não vai mudar: as 
mulheres continuarão a ser o motor do consumo. De acordo com as 
pesquisas, a opinião feminina é decisiva em 80% das compras 
efetuadas pela humanidade. 
Chegamos ao fim da nossa unidade com um olhar contextualizado 
sobre a instituição da beleza na sociedade. Observamos como a 
imagem é valorizada e mercantilizada, e o impacto dos padrões 
estéticos nos indivíduos. Deixo para vocês o conhecimento sobre o 
senso e a percepção da beleza como diferencial para ser usado no 
mercado de trabalho. 
Na próxima Web aula estudaremos o tema “A busca pela Identidade”. 
Cada vez mais, no mundo contemporâneo, a roupa assume o papel 
de segunda pele, tendendo a valorizar o corpo, que assume a função 
de expressar, antes das roupas e adornos, um estilo, uma identidade. 
Vejo vocês na Web. 
Até lá. 
Prof.ª Luciane Barbosa. 
Web Aula 2 
Unidade I - Senso e percepção da beleza 
A igreja diz: O corpo é uma culpa; 
A ciência diz: o corpo é uma máquina; 
A publicidade diz: o corpo é um negócio; 
O corpo diz: eu sou uma festa. 
(Stanley Kelerman) 
Espelho, espelho meu, existe alguém mais belo do que eu? 
Olá pessoal, tudo bem? Vimos na Web Aula 1 que a beleza do corpo 
está muito valorizada nos dias atuais. Observamos através da 
História da arte que ela está sempre associada aos valores de uma 
sociedade e que esses valores podem mudar ao longo do tempo. 
Vimos que a beleza não é universal e nem estática, que é uma 
característica comum dos homens e que apreciar a beleza é uma 
necessidade humana. 
Nancy Etcoff (1999), autora da obra A lei do mais belo, nos lembra que 
a preocupação com a beleza não é uma invenção moderna. Por 
exemplo, a maquiagem como forma de embelezar o corpo, era uma 
arte bastante desenvolvida pelos antigos egípcios “[...] no Museu 
Britânico há uma caixa de cosméticos para mulheres, também do 
Egito, de aproximadamente 1400 a.C. 
A obesidade durante muito tempo foi associada à beleza e poder; ser 
belo era ter formas arredondadas, como mostram as “rechonchudas” 
telas Renascentistas. A abundância foi um marco no século XIX, 
abundância do corpo e de comida relacionados ao poder social. 
Obesidade era sinônimo de bem estar. 
No início do século XX, esta associação sofreu forte mudança, na 
verdade houve uma inversão desta associação anteriormente 
positiva. O século passado foi marcado por uma grande mudança nos 
padrões de beleza. O emagrecimento passou a ser apreciado e 
buscadocomo meta. 
Segundo Coutinho (2001), na sociedade contemporânea atual existe 
uma excessiva preocupação com o corpo. A estética e sua relação 
com a imagem corporal tornou-se alvo de inúmeros estudos na área 
da psicologia durante os últimos anos. Os resultados da grande 
maioria destes estudos apontam para a existência de uma visão 
positiva e negativa sobre a estética e a relação interpessoal. Em 
linhas gerais, pode-se dizer que as pessoas insatisfeitas com a sua 
imagem corporal apresentam maiores dificuldades de interação social 
do que aquelas plenamente satisfeitas com os seus corpos. Isto 
implica em dificuldades de socialização e tendência ao isolamento, o 
que pode ocasionar, futuramente, o aparecimento de 
comportamentos depressivos. 
A musculação em excesso, cirurgias plásticas, uso de anabolizantes e 
os distúrbios na alimentação são alguns dos problemas sociais 
desencadeados pela busca da imagem perfeita. Que preço as pessoas 
estão dispostas a pagar por uma boa imagem? 
Desejo a todos uma boa leitura e espero contribuir com a formação 
social do futuro profissional de estética, com a abordagem destes 
temas. 
1. Obesidade 
A obesidade nos dias de hoje não é vista com bons olhos, é tida como 
prejudicial à saúde física e mental das pessoas. Mas como chegamos 
a esta conclusão? Porque ela não faz parte dos nossos padrões 
estéticos? Hoje, até um pequeno excesso de peso já é encarado com 
preocupação. Formas de combatê-la já viraram um grande mercado, 
não precisa procurar muito para achar inúmeras receitas, regimes, 
dietas, medicamentos, equipamentos, roupas e soluções milagrosas 
que te prometem um emagrecimento cada vez menos sofrido. 
A magreza passou a ser sinônimo de beleza e a obesidade passou a 
ser vista de forma negativa. Portanto a obesidade e magreza são 
conceitos, que, apesar das suas transições, sempre estiveram de 
alguma forma associados ao que chamamos de belo ou de feio. 
A hostilidade com relação à obesidade foi causada por diversos 
fatores, como; o sacrifício religioso como símbolo de pureza, a 
disseminação das atividades físicas, a indústria da moda, a mídia, a 
medicina, até a política, com o tema chegando à esfera da 
Organização Mundial de Saúde (OMS). 
Segundo o jornal O Globo, do dia 30 de Janeiro de 2005, o Ministério 
da Saúde está preparando uma campanha de mobilização contra a 
obesidade, querendo ter como garoto-propaganda o presidente Luiz 
Inácio Lula da Silva, que também luta contra o peso. 
Durante a Primeira Guerra Mundial, disseminou-se um conceito de 
que o combate ao peso era dever dos cidadãos americanos. A 
ideologia sobre o obeso se propaga nos pequenos meios, nas piadas, 
nas conversas, nos cartoons que ridicularizam as figuras públicas, 
entre outras formas semióticas. 
Até meados de 1900, o enfoque da medicina estava no controle das 
epidemias. Mas, a partir de 1920, o enfoque foi em torno da nutrição. 
A medicina (acredita-se que estimulada pelo movimento da moda e 
da publicidade, no pós-guerra) agravou o sentimento de hostilidade 
ao obeso, quando atribuiu ao paciente a única responsabilidade do 
emagrecimento. O mesmo passou a ser considerado culpado pelo 
fracasso, falta de esforço, de competência, de caráter ou pela 
preguiça, que são rótulos atribuídos aos obesos. 
A vitimação do obeso como doente também foi acompanhada de um 
discurso de vitimação social; enfoque este ainda dominante em 
diversos estudos, onde a exclusão é o tema de maior interesse. O 
exemplo disso: as universidades brasileiras vem abrindo cada vez 
mais espaço neste campo, e a Psicologia vêm adquirindo destaque 
nesta área. 
Mas, precisamos reconhecer que a gordura pode virar doença, sim. 
Se for classificada como Obesidade Mórbida, que é quando ela atinge 
níveis considerados graves. 
Sobre esse assunto, quero ressaltar um procedimento que tem 
ganhado muita popularidade, a cirurgia de redução de estômago. 
Esta concedida de forma gratuita, para quem atinge alguns critérios 
de classificação de obesidade mórbida e não tem acesso a um plano 
de saúde particular. 
O objetivo do procedimento cirúrgico é garantir melhor qualidade de 
vida para o obeso, seus benefícios são funcionais e psicológicos. Ela 
busca solucionar problemas como locomoção, articulações, atividades 
sociais, sexuais, de trabalho, etc. 
Mas junto com a disseminação vem a banalização. Muitas pessoas 
têm buscado essa solução como uma fórmula mágica para benefícios 
estéticos, chegando até a ganhar peso para entrar nessa classificação 
mórbida. Além de ser um procedimento radical com riscos de 
complicações pós-operatórias, a operação também tem implicações 
na parte mental e exige controle de compulsividade e uma vida 
regrada, de consumo limitado. 
Contudo, a reflexão que fica é sobre o preconceito e a exclusão a que 
estão sujeitas as pessoas acima do peso. Essa ideologia é tão 
contemporânea e necessária de avaliação, quanto o racismo ou a 
homofobia. 
Será que quem não está dentro do padrão de beleza imposto pela 
mídia está confinado à exclusão social? 
Como exercício recomendo a leitura do livro: Obesidade e o Peso 
da Exclusão, da autora Lúcia Marques Stenzel, em sua segunda 
edição, pela editora EDIPUCRS. Capítulo 1, da página 21 até a 
27. Vá ao fórum e dê sua contribuição. 
2. Anorexia: 
Segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, Anorexia quer 
dizer: “Perda ou diminuição acentuada de apetite. [Medicina] anorexia 
nervosa: distúrbio mental que se manifesta na recusa de 
alimentação.” 
A anorexia é um distúrbio alimentar, com causas familiares, sociais 
ou culturais. Acomete mais mulheres jovens, que se veem obesas 
quando na verdade estão magras. 
Segundo o artigo: Hábitos e comportamentos alimentares de 
adolescentes com sintomas de anorexia nervosa (Rev. Nutr. vol.16. No.1. 
Campinas. Jan./Mar. 2003): 
A incidência de transtornos alimentares praticamente dobrou nestes últimos 20 
anos. Especificamente em relação à anorexia, o número de casos novos por 
ano teve um aumento constante entre 1955 e 1984 em adolescentes de 10 a 
19 anos. A prevalência de anorexia nervosa (AN) varia de 2% a 5% em 
mulheres adolescentes e adultas. Nos Estados Unidos é a terceira doença 
crônica mais comum entre adolescentes, só perdendo para a obesidade e a 
asma (Fischer et al., 1995) 
O aumento da anorexia coincide com a ênfase na magreza feminina 
como uma expressão de atração sexual. Atualmente a sociedade 
valoriza a atratividade e a magreza em particular, fazendo da 
obesidade uma condição altamente estigmatizada e rejeitada. A 
associação da beleza, sucesso e felicidade com um corpo magro tem 
levado as pessoas à prática de dietas abusivas e de outras formas 
não saudáveis de regular o peso (Killen et al., 1993). 
Oliviero Toscani, um fotógrafo que ficou famoso por suas campanhas 
da Benetton, registrou temas polêmicos, que não tinha nada a ver 
com os padrões estéticos da moda, como racismo, guerra, AIDS, 
pena de morte. 
 
 
Toscani resolveu chocar o mundo, fotografando para a Nolita, outra 
grande marca italiana, com uma campanha contra a anorexia. Sua 
foto de uma modelo famosa nua, esquelética, pesando apenas 31 
quilos, que sofre há mais de 15 anos deste mal, é de chocar. (Veja a 
foto da campanha e outras mais no site 
dele http://www.olivierotoscanistudio.com) 
 
 
Esse tipo de corrente negra é importante para causar uma reflexão 
nas pessoas, principalmente nas mais próximas do mundo da moda. 
Por mais que os estilistas, os agenciadores e até os modelos afirmem 
na mídia que são contra a bulimia e a anorexia, a ideologia já está 
enraizada na moda. 
A ditadurada beleza na moda é cruel, as modelos são alertadas o 
tempo todo para fecharem a boca, e qualquer imperfeição já é motivo 
para críticas. Os assuntos principais sempre são perder peso e 
cirurgias plásticas, porque poucas estão satisfeitas com seus corpos. 
O medo de engordar leva essas pessoas a buscarem estratégias para 
perder peso, como o uso de laxantes e diuréticos, jejuns, vômitos 
induzidos, dietas mirabolantes e exercícios físicos intensos. 
Várias são as causas do aparecimento da anorexia, que pode ocorrer 
por fatores culturais, familiares, biológicos e psicológicos. As pessoas 
que apresentam a anorexia raramente assumem que estão doentes, 
ficando a cargo dos familiares e amigos procurarem ajuda profissional 
e se não tratadas podem ir a óbito. 
3. Vigorexia e o uso de anabolizantes 
A vigorexia é um transtorno em que a pessoa realiza exercícios físicos 
de forma contínua, sem se importar com eventuais consequências. A 
Vigorexia é mais comum em homens, porque se caracteriza por uma 
preocupação excessiva em ficar forte a todo custo. Apesar dos 
portadores desses transtornos serem bastante musculosos, passam 
horas na academia malhando e ainda assim se consideram fracos, 
magros e até esqueléticos. Uma das observações psicológicas desses 
pacientes é que têm vergonha do próprio corpo, recorrendo assim 
aos exercícios excessivos e a fórmulas mágicas para acelerar o 
fortalecimento, como, por exemplo, os esteroides anabolizantes. 
 
Os anabolizantes são substâncias sintéticas similares aos hormônios 
sexuais masculinos e promovem, portanto, um aumento da massa 
muscular (efeito anabolizante) e o desenvolvimento de caracteres 
masculinizantes. A massa corporal aumenta porque eles aumentam a 
capacidade do corpo de absorver proteína, além de reter líquido 
provocando o inchaço dos músculos. 
A busca de corpos esculpidos à base de remédio está levando jovens 
de aparência saudável a um vício muitas vezes sem volta. Apesar de 
não haver estatísticas, sabe-se que vem crescendo o número de 
consumidores de anabolizantes. E não são apenas os “atletas”, em 
busca de mais força, velocidade e resistência dos músculos, os únicos 
a usá-los. Homens, jovens e mulheres que querem apenas ganhar 
massa corporal em pouco tempo também se deixam seduzir pelos 
efeitos da droga. O abuso desse medicamento não é novidade e já 
está presente nas academias convencionais. 
O efeito de um corpo saudável com os anabolizantes é apenas 
aparente. Está provado que seu uso só gera danos à saúde. Os 
efeitos colaterais das superdosagens são muitos. A pessoa pode 
desenvolver problemas no fígado, inclusive câncer, redução da função 
sexual, derrame cerebral, alterações de comportamento com 
aumento da agressividade e nervosismo, aparecimento de acne. Ao 
todo, sessenta e nove efeitos colaterais já foram documentados. 
Em garotos e homens existe a diminuição da produção de esperma, 
retração dos testículos, impotência sexual, dificuldade ou dor ao 
urinar, calvície, desenvolvimento irreversível de mamas. 
Em adolescentes, de ambos os sexos, também pode ocorrer parada 
prematura do crescimento, tornado-os mais baixos que outros, não 
usuários de anabolizantes. 
A parada brusca do uso de anabolizantes também pode produzir 
sintomas como depressão, fadiga, insônia, diminuição da libido, dores 
de cabeça, dores musculares e desejo de tomar mais anabolizantes. 
O uso compartilhado de esteroides por seringas e agulhas não 
esterilizadas é comum e pode expor o indivíduo a doenças como 
AIDS, hepatites B e C e endocardite bacteriana. 
A busca pelo corpo ideal é tão neurótica que vemos casos e mais 
casos de praticantes de musculação consumindo esteroides de uso 
veterinário. A revista VEJA (ed. 1661, 2000) trouxe um alerta sobre 
os malefícios dessa prática: 
O abuso dessa droga tem efeitos devastadores sobre o organismo. Ela provoca 
disfunção hepática, queda de pêlos, atrofia dos testículos e impotência. Nos 
casos extremos, o hábito pode levar ao desenvolvimento de câncer no fígado. 
Os aminoácidos fazem parte do outro grupo de produtos bastante consumidos 
nas academias. São substâncias sintetizadas que aumentam o rendimento dos 
atletas durante o esforço físico. Estão disponíveis nas prateleiras de magazines 
especializados na venda de suplementos alimentares e nas lojas veterinárias. 
Nesse caso, a fórmula é feita sob medida para reforçar a alimentação de 
bípedes e quadrúpedes. Lutadores de jiu-jítsu desenvolveram a crença de que 
o aminoácido animal surte mais efeito, por isso consomem o produto. Exageros 
na dose podem sobrecarregar a função renal. 
O que aconteceu com o Lutador Jean, que cursava o último ano de 
administração de empresas, era casado com Camila, de 20 anos, e 
tinha um filho, Gabriel, de apenas 11 meses. 
 
5. Conclusão 
Podemos ver através desses exemplos que um corpo bonito nem 
sempre é um corpo saudável, que a busca pela imagem ideal, pode 
acarretar em transtornos psicológicos sérios e distúrbios de 
alimentação. Podemos ver que além do risco à saúde, a convenção da 
beleza pode resultar na exclusão social dos indivíduos que não 
alcançam o modelo aceito. 
A exclusão social pressupõe também uma ausência de direitos. É 
preciso entender as diferenças entre as pessoas, distinguir as 
doenças e os preconceitos embutidos na estética e na beleza. 
Carinhosamente, 
Prof.ª Luciane Barbosa. 
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