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Saúde da Mulher Profº Dr. Thiago Domingos Anticoncepcionais e Metodos Contraceptivos Será que você sabe qual é o modelo de camisinha ideal pra você? 1. Preservativo feminino Embora a camisinha feminina seja um modelo que existe há muito tempo - e é distribuída gratuitamente pelo SUS -, muitas mulheres nunca a usaram. Ela não tem uma aparência muito discreta, mas é super segura. 2. Camisinha com gel retardante Tem homem que sofre com ejaculação precoce. Quando esse é um problema recorrente, é indicado procurar ajuda médica. Mas esse tipo de preservativo pode ser um aliado. O gel retardante reduz a sensibilidade do pênis e da glande, o que faz com que o homem demore mais tempo para atingir o orgasmo. 3. Preservativo látex-free Alguns componentes da camisinha podem causar alergias, como o látex. E isso não é desculpa para não usar o preservativo, hein? Existem modelos que não possuem látex em sua formulação. 4. Camisinha extra grande A camisinha é super elástica, mas, ainda assim, alguns homens reclamam que ela fica muito justa, o que gera dores e desconforto. Para isso, existem as camisinhas extragrandes. Enquanto os modelos comuns variam entre 52 e 53 milímetros, há aquelas que medem entre 56 e 58 mm. 5. Camisinha com espermicida A camisinha que contém espermicida na superfície serve para reforçar a contracepção. Esse gel mata os espermatozoides, especialmente em caso de ruptura do preservativo. 6. Camisinha extrafina Para quem acha que a camisinha tira o prazer da relação, vale tentar a camisinha extrafina. Elas não tiram a sensibilidade e são super seguras e resistentes. 7. Camisinha com sabores Essa é uma opção para casais que gostam de acrescentar elementos na relação. Há diversos sabores disponíveis no mercado, como frutas, chocolate, menta, entre tantos outros. 8. Camisinha texturizada Esse tipo de camisinha é bem parecida com a camisinha masculina tradicional, mas que é desenvolvida de uma forma que confira um pouco mais de prazer às mulheres. Ela conta com leves relevos e reentrâncias, que geram mais contato e fricção em certas partes do interior do canal vaginal. 9. Preservativo hot e ice Essas camisinhas contam com produtos que aquecem ou esfriam as áreas nas quais há contato, conforme os parceiros realizam a fricção ao fazer os movimentos de penetração. Contracepção A contracepção é um direito das mulheres e das famílias. Para ser, de fato, uma escolha consciente, é importante que todos tenham acesso a informações confiáveis e acesso aos métodos contraceptivos disponíveis. Garantir o acesso à contracepção é vital para a realização dos direitos sexuais e reprodutivos, promovendo a autonomia e a liberdade sem qualquer forma de ameaça ou discriminação. As políticas públicas visam garantir à população a autonomia sobre o exercício da sua sexualidade e de seus processos reprodutivos, decidindo livremente se querem ou não ter filhos, como e quando tê-los. Na atenção primária à saúde e nos serviços secundários, os seguintes métodos contraceptivos estão disponíveis: DIU de cobre Anticoncepcional oral combinado Anticoncepcional injetável combinado (aplicado mensalmente) Anticoncepcional injetável de progestágeno (aplicado trimestralmente) Pílula de progestágeno isolado Contracepção oral de emergência (popularmente conhecida como pílula do dia seguinte); Preservativos internos e externos; O implante subdérmico. Também são oferecidos os procedimentos cirúrgicos de laqueadura tubária e vasectomia. Segundo a Lei 14.443/2022, são critérios para acessar os métodos cirúrgicos ter mais de 21 anos ou pelo menos dois filhos vivos. Destaca-se que não é mais necessária a autorização do cônjuge ou parceiro para realizar a laqueadura ou vasectomia. A pessoa deve ser informada sobre todos os métodos contraceptivos disponíveis durante uma atividade/consulta individual de planejamento reprodutivo na atenção primária à saúde, que pode ser oferecida individualmente ou em grupos educativos. Se a pessoa escolher a cirurgia e atender aos critérios legais, deverá assinar um termo de consentimento e ser encaminhada ao serviço especializado. Entre a manifestação da vontade e a realização da laqueadura ou vasectomia, é necessário um prazo mínimo de 60 dias, para possibilitar a reflexão e reduzir possíveis arrependimentos sobre o procedimento definitivo. Anticoncepcionais As pílulas anticoncepcionais são compostas por um estrogênio e uma progesterona. O estrogênio, na maioria das vezes, é o mesmo, o etinilestradiol (EE). O que vai diferir uma pílula de outra é a concentração do estrogênio e qual a progesterona. A pílula anticoncepcional é efetiva para evitar a gestação em 97 a 98% das vezes. Seu mecanismo de ação principal se dá pela inibição da ovulação. A pílula anticoncepcional deve ser tomada a partir do primeiro dia de menstruação. A partir de então, deve ser tomada todos os dias no mesmo horário. Caso seja uma pílula que tenha pausa deve ser tomada os 21 dias, feito a pausa de 7 dias e iniciada nova cartela após a pausa. Não se deve esperar o término da menstruação para iniciar uma nova cartela. Geralmente a mulher sangra no período de pausa entre as cartelas, embora não seja regra. Existem pílulas de 24 dias com pausa de 4 dias e pílulas para serem tomadas de forma contínua em que a mulher não menstrua e isso não traz prejuízos para ela. Nesses casos, não há formação de menstruação, nem menstruação retida, como algumas pacientes pensam. Mulheres que estejam amamentando podem fazer uso dos anticoncepcionais que contenham apenas progesterona. Pílula isolada ou combinada? As pílulas mais utilizadas são compostas por dois tipos de hormônio: o estrogênio e a progesterona. A progesterona tem o papel fundamental de evitar a gravidez através da inibição da ovulação. O estrogênio controla o ciclo menstrual, ou seja, garante uma boa previsibilidade da menstruação. O que muda entre as pílulas combinadas são a quantidade e os tipos de hormônio. Por isso, a escolha deve ser sempre individualizada. É importante lembrar que algumas mulheres têm contraindicação ao uso do estrogênio, como, por exemplo, as com histórico de tromboembolismo e problemas cardiovasculares. Anticoncepcional injetável (Injeção anticoncepcional) A injeção anticoncepcional age de maneira semelhante às pílulas anticoncepcionais, tendo como principal mecanismo de ação o bloqueio da ovulação. Tem a facilidade de ter sua administração a cada 30 dias ou a cada 90 dias e o desconforto de ser uma injeção. Deve ser aplicada na região glútea e a área da injeção não deve ser massageada. Hoje, no Brasil, dispomos das seguintes injeções anticoncepcionais: Mensais: Mesigyna, Noregyna, Perlutan, Cyclofemina; Trimestrais: Depoprovera. A injeção anticoncepcional pode ser um combinado de estrogênio e progesterona (todas as mensais) ou ser só de progesterona (trimestral – depoprovera). O estrogênio utilizado nos injetáveis mensais é natural e, portanto, mais fisiológico do que os utilizados nas pílulas anticoncepcionais combinadas contendo etinilestradiol. Assim, o tipo e intensidade dos efeitos colaterais nas injeções tendem a ser diferentes. De fato, estudos têm mostrado que as injeções anticoncepcionais têm um menor efeito sobre a pressão arterial, hemostasia e coagulação, metabolismo lipídico e função hepática em comparação com as pílulas orais. Vantagens da injeção anticoncepcional Não exige ação diária É discreto Seu uso pode ser interrompido a qualquer momento A fertilidade retorna em curto espaço de tempo Não interfere no prazer sexual Efeitos colaterais da injeção anticoncepcional Alteração do padrão da menstruação Menor intensidade ou menos dias de menstruação Menstruação irregular Ausência de menstruação Ganho de peso Pílula do dia seguinte A pílula do dia seguinte deve ser usada em situação de excessão quando a mulher tem uma relação sexual desprotegida e não deseja correr o risco de engravidar. Vale lembrar que a mulher não deve usar a pílula do dia seguinte habitualmente. A mulher deve tomar 1,5 mg de levonorgestrel em doseúnica e em até 72 horas após a relação sexual desprotegida. Quanto antes for administrado o medicamento, menor o risco de gravidez. Por isso, assim que tiver a relação desprotegida, a mulher deve logo tomar a pílula do dia seguinte. Dispositivo Intra Uterino (DIU) O Dispositivo Intra Uterino (DIU) tem sido o método contraceptivo de escolha de um número crescente de mulheres. Sua alta eficácia semelhante a da laqueadura tubárea, sua longa duração de 5-10 anos a depender do tipo de DIU e rápido retorno à fertilidade após término do uso são algumas das vantagens desse método. Vamos detalhar cada um dos tipos de DIU disponíveis no nosso meio: DIU Mirena O DIU é um objeto em formato de “T” que mede 32mm especialmente desenhado para se alojar no interior do útero. Ele é revestido com levonorgestrel, um tipo de progesterona, que vai sendo liberada em doses constantes (inicialmente 20 microgramas, decaindo nos anos subsequentes) ao longo dos seus 5 anos de ação. A ação contraceptiva do DIU Mirena se dá por vários mecanismos: pelo espessamento do muco do colo do útero, dificultando a entrada do espermatozóide no útero; ação da progesterona sobre o endométrio, camada interna do útero, que, dessa forma, não consegue se preparar para receber o bebê. A inserção do DIU pode ser feita no consultório e pode ser desconfortável para algumas mulheres. Porém, as cólicas costumam passar em menos de 24 horas. É um método extremamente seguro e com eficácia semelhante a da laqueadura tubárea. Caso a paciente deseje engravidar, basta retirar o DIU no consultório e em um mês ela já deve ter ciclo menstrual ovulatório com possibilidade de gravidez. DIU de Cobre O DIU de cobre é indicado para mulheres que desejam fazer uso do DIU e não desejam fazer uso de nenhum tipo de hormônio, ou que desejam um método, eficaz, duradouro, discreto e que não interfira na pratica sexual. Após a inserção, pode ser mantido por até 10 anos. Seu mecanismo de ação se dá pelo efeito do cobre causando alterações no ambiente intrauterino e tornando-o hostil para a implantação de um embrião, além de alterar o muco do colo do útero dificultando a ascenção de esperma e tendo efeito espermicida. Um dos possíveis efeitos indesejados é o aumento do fluxo menstrual e a cólica, que acontece apenas em algumas mulheres. Assim como com o DIU Mirena existem os riscos relacionados à inserção do DIU de cobre, que são a infecção uterina e a expulsão do DIU pelo útero que tem maiores chances de ocorrer no primeiro ano de uso do método. Outros meios anticonceptivos Vasectomia A vasectomia é um procedimento cirúrgico que consiste na interrupção do “caminho” percorrido pelos espermatozoides. É um procedimento seguro e que pode, em alguns casos, ser revertido. No entanto, é importante salientar que o homem não sai do centro cirúrgico 100% apto a não fazer filhos. Assim, o uso de outros métodos é recomendado por, pelo menos, 60 dias após o procedimento. Diafragma Outro método de barreira é o diafragma, que é um pequeno anel de plástico. Sua função é impedir a passagem dos espermatozoides, evitando que eles cheguem ao seu destino após a relação sexual. Ele deve ser inserido no canal vaginal alguns minutos antes da penetração e retirado apenas cerca de 12 horas após a relação. Adesivo O adesivo é um método contraceptivo simples de ser usado, que não exige que a mulher se lembre de tomar algum remédio todos os dias, no mesmo horário. Como o nome já diz, ele consiste em colar um adesivo na pele e trocá-lo com a frequência indicada pelo fabricante, que normalmente é a cada semana. Adesivo anticoncepcional é um método contraceptivo para evitar a gravidez pois contém norelgestromina e etinilestradiol, que são liberados diariamente em pequenas doses de forma contínua na pele. Esse adesivo cutâneo pode ser encontrado em farmácias ou drogarias com o nome comercial Evra, devendo se ter alguns cuidados para o uso correto, principalmente evitar que se descole e não colocá-lo duas vezes seguidas no mesmo local. Laqueadura Por fim, temos a laqueadura. Esse é o equivalente feminino da vasectomia, sendo um procedimento cirúrgico que impede a fecundação por meio da interrupção da comunicação entre o útero e os ovários. Ela também pode ser revertida. Laqueadura é uma cirurgia de esterilização feminina em que é feito um corte, amarração ou colocação de um anel nas trompas de Falópio, interrompendo a comunicação entre o ovário e o útero, o que impede que o esperma chegue até o óvulo e ocorra fecundação, prevenindo permanentemente a gravidez. A Lei 14.443/2022, que dispensa o consentimento do cônjuge para autorizar a laqueadura, em mulheres, e vasectomia, em homens, já está em vigor. Para o coordenador da Comissão Nacional de Saúde da Mulher do Conselho Federal de Enfermagem, a nova lei é um avanço na garantia de direitos sexuais e reprodutivos. “A nova legislação assegura o direito de escolha, que passa a prescindir da vontade do cônjuge. É fundamental, porém, que as mulheres tenham acesso a informação para tomar a melhor decisão, e que sejam ofertados também métodos reversíveis, como o Dispositivo Intrauterino (DIU)”, afirma. Confira as principais mudanças, que passaram a vigorar: Idade mínima – A lei reduz para 21 anos a idade mínima para a realização dos procedimentos no país. Antes, era 25 anos. Quem tem dois ou mais filhos vivos poderá realizar a cirurgia a partir dos 18 anos. Parto – A gestante pode solicitar a laqueadura durante o período do parto, o que não era permitido na legislação anterior, de 1996. É necessário manifestar a vontade com 60 dias de antecedência da data prevista para o nascimento. image1.png image2.png image3.png image4.png image5.png image6.png image7.png image8.png